ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. 39 p. (Coleção Primeiros Passos, 124) Moisés Marcione Veloso Pereira Everardo Pereira Guimarães Rocha é doutor em Antropologia Social pela UFRJ, professor da PUC-RJ e colaborador do Instituto CAPPEAD de Administração. Neste livro, dividido didaticamente em 5 partes, o autor mostra os diversos pensamentos que influenciaram na criação de uma ciência voltada para o estudo das diferenças entre os seres humanos, a Antropologia Social. Esta ciência estuda as diferenças que tornam os seres humanos únicos, peculiares, mas que levam, muitas vezes, a atitudes etnocêntricas, isto é, a posturas que colocam o próprio grupo como centro de tudo e todos e os outros são pensados e sentidos através de seus valores. Dentre esses pensamentos, apresentados no livro, um procura explicar essas diferenças baseando-se na ideia das evoluções que cada sociedade sofreu em sua história, mostrando que suas transformações são um retrato do passado. Entretanto, a escolha e a definição dos critérios que auferiam o estágio de “avanço" de cada sociedade era etnocêntrico, pois a partir das concepções da sua cultura os evolucionistas teciam uma análise das outras culturas, sem um contato direto que “testasse” o conceito. O autor, todavia, apresenta o pensamento de alguns antropólogos, dentre os quais, Radcliffe-Brown, que discordam do pensamento dos evolucionistas, por compreenderem que existem diversos aspectos que influenciam uma sociedade no decorrer de sua história e que não são os mesmos em todas as culturas, porque o contexto, as pessoas, as cosmovisões são diferentes, além disso a preocupação com a história é típica da sociedade do "eu”. Rocha mostra que, com o funcionalismo abriu-se espaço, mesmo que pequeno, para o "outro" se mostrar e ser percebido em sua particularidade, tal como é. Sobre estes aspectos o autor foi superficial em sua abordagem a ponto de pedir desculpas ao teórico do funcionalismo, Émile Durkheim. Outro pensamento antagônico ao evolucionismo mostrado por Everardo Rocha é o de Malinowski, que apresentou o trabalho de campo como maior instrumento de relativização, Acadêmico do segundo período matutino do curso de Direito, do Instituto de Ciências Jurídicas da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da professora Ms. Cristiane Roque de Almeida, na disciplina Antropologia Jurídica, no semestre letivo 2010/2. ou seja, é preciso analisar o “outro" partindo-se de suas próprias peculiaridades. Esse importante instrumento levou a uma maior autonomia da Antropologia frente à história. Além disso, Rocha mostra uma das primeiras teorias sobre a relativização elaborada pela escola de pensamento americana, cujo principal nome era o do alemão Franz Boas, que percebeu a importância de estudar as culturas humanas nas suas particularidades. A partir de então passou-se ao entendimento de que cada grupo produzia, partindo de pressupostos históricos, climáticos, linguísticos, uma determinada cultura que se caracterizava por ser única, logo, deveria ser analisada de forma a não levar a uma atitude etnocêntrica. Contudo, relativizar, no dia a dia, ainda é complicado, pois leva a abrir mão de "certezas" etnocêntricas, em nome de dúvidas que aparecerão sempre no contato com o "outro", que é único, peculiar. Mas é necessário insistir, pois caso contrário o “outro" será considerado uma ameaça a ser destruída e não como alternativa a ser preservada.