Quem nunca ouviu falar em Sócrates?

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Quem nunca ouviu falar em Sócrates? Tantos anos e os clássicos pensamentos
“conheça-te a ti mesmo” e “sei que nada sei” ainda permanecem vivo no pensamento
da humanidade.
Costumam atribuir a Sócrates – erroneamente – a fundação da filosofia. Não foi, mas
sem dúvidas foi um marco da Filosofia. Até então, no período pré-socrático esta havia
se voltado para a origem do Universo e as causas das transformações da Natureza.
Já no período socrático, esta se volta fundamentalmente para as questões humanas, a
ética, a política, o conhecimento, etc. Elementos favorecidos pela democracia que
criou condições para que os homens que quisessem fazer política deveriam saber falar
em público e defender suas idéias.
Como hoje, aquela democracia não era para todos. Mas o Lula, por exemplo, não teria
chance naquela época, pois a política exigia níveis superiores de conhecimento em
relação a maioria da população grega. Daí o surgimento da necessidade da educação e
da técnica da persuação, tão cultuada entre os gregos na época da polis.
Mas quem foi Sócrates e o que ele fez? – Bem, o Sócrates seria hoje um cara perito em
chatice, mas seu pensamento tem importância fundamental para o pensamento do
Homem. Vale ressaltar que esse filósofo não deixou nenhum escrito, o que sabemos
dele é por meio de seus discípulos, principalmente Platão e Aristóteles.
O retrato que Platão nos passa é que Sócrates costumava ficar nas praças e andar
pelas ruas de Atenas questionando as pessoas. – “Por que você acha que sua opinião é
correta?”; “Você sabe o que é isso… aquilo?”. Questionava principalmente sobre os
valores e as idéias: você sabe o que é coragem? justiça? amizade? ética? beleza?…etc.
Certamente que o clima ficava embaraçado. Os gregos não sabiam responder tais
perguntas, como hoje também ficaríamos embaraçado, pois tais questionamentos não
são conceitos fechados.
Sócrates também não sabia responder suas perguntas. Daí o seu clássico “sei que nada
sei“. O outro pensamento clássico, “conheça-te a ti mesmo” é uma contraposição aos
educadores da época (sofistas) que segundo Sócrates, não tinham amor pela
sabedoria, mas sim, utilizavam-a enquanto técnica para obter vantagens. Para
Sócrates, o conhecimento só era possível quando o homem tivesse um
autoconhecimento, pois só assim, conseguiria obter conhecimento sobre si e as
relações do Universo.
Nesse contexto, Sócrates causou impacto sobre o pensamento grego uma vez que
estimulava o pensamento e o questionamento, o que não era nada favorável aos
“poderosos” da época. Decorre daí, uma das importâncias do seu pensamento.
O poder sempre é mais forte se todo mundo aceita as coisas como são passadas, sem
questionamentos. Ainda hoje, na sociedade capitalista pós-moderna, esse elemento se
faz tão presente.
Nesse sentido, Sócrates era um vilão para o pensamento da juventude e da sociedade
grega. Fato este que o levou a ser acusado de corromper os jovens, desrespeitar os
deuses e violar as leis. Conseqüentemente foi levado em Assembléia para ser julgado.
No entanto, Sócrates recusou o seu direito de defesa: “Se eu me defender, estarei
aceitando as acusações, e eu não as aceito. Se eu me defender, o que os juízes vão
exigir de mim? Que eu pare de filosofar. Mas eu prefiro a morte a ter que renunciar à
Filosofia.”
Assim sendo, foi condenado à morte, sendo obrigado a tomar veneno: a famosa cicuta.
* Pintura de David (1787) – “A morte de Sócrates”
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