Apontamentos de Anatomofisiologia Apontamentos Anatomofisiologia I Sistema Tegumentar Fronteira entre o corpo e o meio exterior, mas q permite a interacção c\ este. Tem cm principais funções: Protecção Sensação (receptores sensoriais) Regulação de temperatura (pelo controlo do fluxo de sangue e pela actividade das glândulas sudoríparas) Produção de vitamina D (qnd exposta á luz UV) Podemos dividir o sistema tegumentar em três camadas: Epiderme Derme Hipoderme Hipoderme (também designado por tecido celular subcutâneo) Local onde a pele assenta, faz a união aos ossos e músculos subjacentes que fornece vasos sanguíneos e nervos. Composto por tecido conjuntivo laxo, c\ fibras de colagénio e de elastina Tem cm principais células: fibroblastos, células adiposas (contem cerca de metade da gordura armazenada) e os macrófagos. Tem a função de acolchoar e isolar. Pele Derme Camada de tecido conjuntivo (com fibroblastos, algumas células adiposas e macrófagos) que está unida á hipoderme Atribui resistência estrutural á pele A principal fibra é o colagénio, mas também tem fibras de elastina e fibras reticulares Poucas células adiposas e vasos sanguíneos Encontram-se terminações nervosas, folículos pilosos, músculo liso, glândulas e vasos linfáticos. Terminações Nervosas Livres: sensação de dor, prurido, cócegas e temperatura. Receptores do Folículo Piloso: tacto superficial Corpúsculos de Pacini: tacto profundo Corpúsculos de Meissner: capacidade de detectar estimulação simultânea em dois pontos distintos da pele (sensibilidade discriminativa). 2 Apontamentos Anatomofisiologia I Órgãos Terminais de Ruffini: tacto ou pressão mantidas Podemos dividir a derme em duas camadas: Camada Reticular: Tecido conjuntivo denso e irregular Contínua com a hipoderme Forma um tapete de fibras dispostas irregularmente que são resistentes á distensão em muitas direcções As fibras de colagénio e de elastina encontram-se orientadas numa determinada direcção e provocam a linha de clivagem, linhas de tensão da pele Quando a pele é estirada, a derme pode romper, formando linhas visíveis pela epiderme, denominadoras de estrias Camada Papilar Tem prolongamentos denominados de papilas que se estendem em direcção á epiderme. Tem mais células e menos fibras Mais vasos sanguíneos, que fornecem nutrientes á epiderme suprajacente, removem produtos de excreção, e regulam a temperatura do corpo. Epiderme Constituída por epitélio pavimentoso estratificado Separado da camada papilar da derme por uma membrana basal Não tem vasos sanguíneos, alimentado por difusão a partir dos capilares da camada papilar A maior parte das células designam-se de queratinócitos, pois produzem uma proteína denominada queratina Tem também melanócitos, que contribuem para a cor da pele e por células de Langerhaus que fazem parte do sistema imunitário e as células de Merkel, que são células epidérmicas especializadas associados a terminações nervosas. São produzidas nas camadas mais profundas da epiderme por mitose, conforme são produzidas vão empurrando as células mais velhas que quando chegam á superfície descamam. Conforme as camadas epidérmicas mais profundas se deslocam para a superfície, as células mudam de forma e composição química denomina-se este processo por queratinização. 3 Apontamentos Anatomofisiologia I Pelas diferentes fases que a célula passa, podemos distinguir cinco camadas (da mais profunda para a mais superficial): camada basal, camada espinhosa, camada granulosa, camada translúcida e camada córnea. Camada Basal: Mais profunda Uma única fiada de células cúbicas ou cilíndricas Força estrutural é-lhe conferida pelos hemidesmossomas (que fixam a epiderme á membrana basal) e pelos desmossomas que mantêm os queratinócitos unidos. Camada Espinhosa Composta por 8 a 10 camadas de células poligonais ou multifacetadas Conforme vão sendo empurradas vão-se achatando Muitas vezes esta camada e a camada basal são consideradas como uma única camada designada de camada germinativa. Camada granulosa Composta por 2 a 5 camadas de células aplanadas Nas camadas mais superficiais, o núcleo e outros organelos degeneram e as células morrem Camada Translúcida Constituída por várias camadas de células mortas Camada Córnea Composta por 25 ou mais fiadas de células escamosas mortas, unidas por desmossomas A pele pode ser classificada com base na estrutura da epiderme: Pele Espessa Possui 5 camadas epiteliais, tem a camada córnea com numerosas camadas das células. Encontram-se em áreas sujeitas a pressão ou fricção Pele Fina Cobre o resto do corpo e é mais flexível do q a pele espessa. Os pêlos só se encontram em pele fina. Cor da Pele É determinada pelos pigmentos presentes na pele. Melanina é o termo utilizado para descrever um grupo de pigmentos responsáveis pela cor da pele, dos pêlos e dos olhos. 4 Apontamentos Anatomofisiologia I Protecção contra a luz solar ultravioleta Melanina produzida pelos melanócitos, que saem do complexo de Golgi por vesículas designadas de melanossomas A produção de melanina é determinada por factores genéticos, hormonas e exposição á luz. Anexos da Pele Pêlo delicado e não pigmentado que se desenvolve no quinto ou sexto mês de desenvolvimento fetal denomina-se por lanugo, perto do nascimento o lanugo, no couro cabeludo, sobrancelhas e pálpebras é substituído por pêlo definitivo. Do resto do corpo é substituído por penugem. Estrutura do Pêlo Divide-se em haste e raiz: Haste projecta-se para fora da pele Raiz encontra-se por dentro da raiz Na base da raiz há uma expansão, (toma a forma de uma gota) que se designa de bulbo piloso. A raiz é composta por três camadas de colunas de células epiteliais queratinizadas mortas: medula, córtex e cutícula. O folículo piloso é composto por (de dentro para fora): Bainha radicular interna, Bainha radicular externa e Bainha radicular dérmica. No interior do bulbo piloso encontra-se uma zona de células indiferenciadas, a matriz, que produz o pêlo e a bainha reticular epitelial interior. Crescimento do Pêlo É produzido em ciclos: uma fase de crescimento e uma fase de repouso Numa fase de crescimento, o pêlo forma-se a partir de células da matriz que se vão diferenciando, se tornam queratinizadas e morrem. Segue-se uma fase de repouso em que o folículo piloso se retrai e segura o pêlo. Quando se inicia um novo ciclo o novo pêlo começa a crescer e empurra o antigo, fazendo com que este caia. As fases de crescimento e de repouso variam segundo a localização do pêlo 5 Apontamentos Anatomofisiologia I Músculos da pele Em cada folículo sebáceo existem células de tecido muscular liso, designado de músculo erector do pêlo. Este músculo estende desde a bainha radicular dérmica do pêlo até á camada papilar da derme Glândulas As principais glândulas são as: glândulas sebáceas e as glândulas sudoríparas Glândulas Sebáceas estão localizadas na derme, são glândulas alveolares simples ou compostas, que produzem sebo. A maior parte das glândulas sebáceas está unida, através de um canal á parte superior dos folículos pilosos, a partir da qual o sebo engordura o pêlo e a superfície da pele. Evita a desidratação Protege contra algumas bactérias Nem todas as glândulas sebáceas estão associadas a pêlos Glândulas Sudoríparas Há dois tipos de glândulas sudoríparas: Glândulas sudoríparas merócrinas (abrem-se na superfície da pele) Quando a temperatura do corpo começa a elevar-se acima dos níveis normais, as glândulas sudoríparas produzem suor, que se evapora e arrefece o corpo Glândulas sudoríparas apócrinas (abrem-se no folículo piloso acima das aberturas das glândulas sebáceas) Tornam-se activas na puberdade As secreções que produzem possuem ácido 3-metil-2-hexanóico, que inicialmente não tem qualquer odor, mas depois de metabolizado por bactérias originam o que vulgarmente é conhecido como odor corporal Outras Glândulas Temos as glândulas mamárias e as glândulas ceruminosas Glândulas ceruminosas São glândulas sudoríparas merócrinas modificadas Localizam-se no canal auditivo externo Produz cera (cerúmen), uma combinação de secreções das glândulas ceruminosas e das glândulas sebáceas Glândulas Mamárias 6 Apontamentos Anatomofisiologia I São glândulas sudoríparas apócrinas modificadas Localizam-se nas mamas Produzem leite Unhas Protegem as extremidades dos dedos, auxiliam a manipulação e a preensão dos objectos pequenos e são usadas para coçar Unha é composta pela raiz da unha (zona proximal) e o corpo da unha (zona distal) A raiz da unha e as partes laterais encontram-se coberta por pele, que são denominadas de prega ungueal e os bordos são mantidos no local pelo bordo ungueal. Funções do Sistema Tegumentar Protecção Protege as estruturas subjacentes contra a abrasão Impede a entrada de microorganismos e de outras substâncias estranhas no corpo Absorve a radiação UV protegendo as estruturas subjacentes dos seus efeitos nocivos Isolador térmico Diferentes pêlos podem proteger do suor, proteger os olhos, sinal de maturidade sexual Sensação O sistema tegumentar possui receptores sensoriais em todas as suas camadas que permite detectar sensações como a dor, calor, frio, etc. Regulação da Temperatura A Homeostasia (na regulação de temperatura) é mantida pela perda do excesso do calor Vasos sanguíneos dilatam-se e permitem um aumento do fluxo sanguíneo, transferindo assim o calor das camadas mais profundas para a superfície. Se a temperatura diminui há uma contracção dos vasos sanguíneos mantendo assim o calor Produção de Vitamina D Funciona como uma hormona que estimula a captação de cálcio e fosfato nos intestinos 7 Apontamentos Anatomofisiologia I Músculos Músculos esqueléticos estendem-se de um osso a outro e cruza pelo menos uma articulação Inserem-se nos ossos e noutros tecidos conjuntivos pelos tendões Um tendão muito largo chama-se de aponevrose A origem, designado de cabeça, é normalmente a extremidade do músculo ligado ao mais fixo dos dois ossos e a inserção terminal é a extremidade do músculo inserida no osso que sofre mais sofrimento. E a maior porção do músculo, entre a origem e a inserção, é o corpo ou ventre. Alguns músculos têm várias inserções de origem e uma única de inserção terminal diz-se que têm múltiplas cabeças. O músculo que provoca a acção quando se contrai designa-se de agonista Os músculos que trabalham em oposição a outros músculos designam-se de antagonistas O músculo que desempenha uma acção conjunta para executar um movimento designase de sinergistas. Em que neste grupo existe um que desempenha um papel principal designa-se este de músculo principal. Outros são chamados de fixadores porque podem estabilizar uma ou mais articulações cruzadas pelo principal. Formas dos Músculos Podem agrupar-se em quatro tipos: peniforme, paralelo, convergente e circular O peniforme tem os feixes dispostos como barbas de uma pena ao longo do tendão comum: dependendo da quantidade de lados que os feixes de dispõem podemos dizer que são: unipeniforme, bipeniforme ou multipeniforme. Os Paralelos dispõem-se paralelamente ao maior eixo do músculo – encurtam-se mais, mas contraem-se com menos força Os convergentes a base é mais larga dos que a inserção distal, dando ao musculo uma forma triangular. Contraem-se com mais força. Circulares têm feixes dispostos em círculo em torno de uma abertura e actuam como esfíncter, encerrando essa abertura. Movimentos efectuados pelos Músculos Alavancas de classe I: o fulcro localiza-se entre a força e a resistência que se lhe opõe (exemplo o baloiço das crianças, ou a cabeça) Alavanca de classe II: a resistência localiza-se entre a força e o fulcro (exemplo um carrinho de mão ou o pé) 8 Apontamentos Anatomofisiologia I Alavanca de classe III: a potência localiza-se entre o fulcro e a resistência (exemplo uma pessoa a levantar uma pá ou um braço a levantar um peso (é a classe mais comum do corpo humano)) Músculos dos Membros Superiores Movimentos da Cintura Escapular Músculos que fixam a omoplata ao tórax: Trapézio (posterior) Angular da omoplata (lateral) Rombóides Grande e Rombóides Pequeno (posterior) Grande dentado (anterior) Pequeno Peitoral (anterior) Estes músculos movem a omoplata permitindo um vasto leque de movimentos dos membros superiores ou actuam como fixadores que mantêm a omoplata firmemente em posição quando se contrai os músculos do braço. Movimentos do Braço Músculos que fixam o braço ao tórax: Grande Peitoral (anterior) Grande Dorsal (posterior) Deltóide (lateral) Grande redondo (posterior) Músculos da manga ou coifa dos rotadores são os músculos que sustentam a cabeça úmero na fossa glenoideia. Infra-espinhoso Infra-escapular Supra-espinhoso Pequeno redondo Resumo das Acções dos Músculos no Ombro e no Braço Flexão Extensão Abdução Adução Rotação Interna Rotação Externa Deltóide Deltóide Deltóide Grande Peitoral Grande Peitoral Deltóide Grande Peitoral Grande Supra- Grande Dorsal Grande Redondo Infra-espinhoso Redondo espinhoso Pequeno Grande Grande Dorsal Pequeno Redondo Redondo Redondo Bicípite Grande Pequeno Braquial Peitoral Redondo Coracobranquial 9 Deltóide Apontamentos Anatomofisiologia I Tricípete Tricípete Braquial Braquial Infra-escapular Coracobranquial Movimento do Antebraço Músculos que actuam sobre o Antebraço Extensão Flexão Supinação Braquial Curto (braço) Anterior (braço) (antebraço) Ancónio (Antebraço) Bicípite Braquial Bicípite (braço) (braço) Tricípete Braquial Pronação Supinador Quadrado Pronador (antebraço) Braquial Redondo Pronador (antebraço) Longo Supinador (antebraço) Movimentos do punho, mão e dedos da mão A maior parte dos músculos posteriores do antebraço faz a extensão do punho e dedos A maior parte dos músculos anteriores do antebraço faz a flexão do punho e dedos Músculos Extrínsecos da Mão Têm origem no antebraço, mas têm tendões que se inserem na mão Músculos do Antebraço Anterior Músculos do Antebraço Posterior Grande Palmar Longo Abdutor do Polegar Cubital Anterior Curto Radial (2º Radial ext) Flexor Comum Profundo dos Dedos Longo Radial (1º Radial int) Flexor Comum Superficial dos Dedos Cubital Posterior Pequeno Palmar Extensor Próprio do Dedo Mínimo Longo Flexor do Polegar Extensor Comum dos Dedos Extensor Próprio do Indicador Curto Extensor do Polegar Longo Extensor do Polegar Músculos Intrínseco da Mão Estão inteiramente na mão Divide-se em três grupos: 10 Apontamentos Anatomofisiologia I Músculos Palmares Médios Músculos Thenares Músculos Hipothenares Interósseos Dorsais Curto Abdutor do Polegar Abdutor do Dedo Mínimo Interósseos Palmares Adutor do Polegar Curto Flexor do Dedo Mínimo Interósseos Lombricóides Curto Flexor do Polegar Oponente do Dedo Mínimo Oponente do Polegar Músculos do Membro Inferior Movimento da Coxa Anteriores Posteriores e Laterais Rotadores Profundos da Coxa Ilíaco Grande Glúteo Gémeos Pélvicos Inf e Sup Psoas Ilíaco Médio Glúteo Obturadores Ext e Int Grande Psoas Pequeno Glúteo Piriforme Pequeno Psoas Tensor da Fascia Lata Quadrado Crural Flexão Extensão Abdução Psoas Ilíaco Grande Glúteo Grande Glúteo Tensor da Semitendinoso Médio Glúteo Fascia Lata Recto Semimembranoso Pequeno Glúteo Anterior Costureiro Bicípete Crural Tensor da Adução Grande Rotação Rotação Externa Interna Grande Tensor da Adutor Glúteo Fascia Lata Longo Obturador Médio Glúteo Adutor Interno Curto Obturador Pequeno Adutor Externo Glúteo Pectíneo Gémeo Fascia Lata Pélvico Sup e Inf Longo Adutor Grande Adutor Curto Adutor Obturador Recto Quadrado Interno Interno Crural Gémeos Pélvicos Piriforme Sup e Inf Pectíneo Piriforme Grande, Longo e Curto Adutor Músculos da Coxa Compartimento Anterior Compartimento Interno Compartimento Posterior Quadricipete Crural Curto Adutor Bicípete Crural Costureiro Longo Adutor Semimembranoso 11 Apontamentos Anatomofisiologia I Grande Adutor Semitendinoso Recto Interno Pectíneo Movimento da Perna Os músculos anteriores da coxa são o quadricípete crural e o costureiro O quadricípete crural (femoral), consiste de facto em quatro músculos: recto anterior, vasto externo, vasto interno e o crural O ligamento rotuliano é o ponto em que se bate com um martelo de borracha para testar o reflexo chamado precisamente rotuliano durante o exame objectivo O costureiro é o músculo mais comprido do corpo humano, cruzando do lado externo da anca para o interno do joelho. Quando se contrai faz a flexão da coxa e da perna e a rotação externa da coxa. Os músculos posteriores da coxa designam-se colectivamente por isquitibiais e são o bicípete crural, o semimembranoso e o semitendinoso. Os tendões podem facilmente ser observado e palpados nas porções internas e externa da face posterior de um joelho ligeiramente flectido. Organização Funcional do Tecido Nervoso Funções do Sistema Nervoso Informação Sensorial Monitorizam numerosos estímulos externos e internos Integração Encéfalo e medula espinhal são os principais órgãos processadores da informação sensorial e iniciam a resposta. A informação pode ser processada, armazenada ou ignorada Homeostase As actividades reguladoras e coordenadoras do sistema nervoso são necessárias para manter a homeostase Actividade Mental É o centro da consciência, pensamento, memória e emoções Controlo de Músculos e Glândulas Os músculos só se contraem quando estimulados pelo sistema nervoso Mesmo os músculos que não necessitam de estimulação externa, como o músculo liso ou cardíaco porque têm autorrítmia, o sistema nervoso pode aumentar ou diminuir o seu ritmo quando for necessário. 12 Apontamentos Anatomofisiologia I Controla as secreções das glândulas. Divisão do Sistema Nervoso Sistema Nervoso Central (SNC): que é constituído por encéfalo e medula espinhal. O encéfalo localiza-se na caixa craniana A medula espinhal aloja-se no interior do canal raquidiano, formado pelas vértebras Sistema Nervoso Periférico (SNP) É exterior ao Sistema Nervoso Central (SNC) É composto por receptores sensoriais, nervos, plexos e gânglios Receptores sensoriais são terminações de células nervosas, ou células isoladas, especializadas na detecção de estímulos (temperatura, dor, tacto, pressão, etc.) Localizam-se na pele, músculos, articulações, órgãos internos e órgãos sensoriais especializados como os olhos ou ouvidos. Nervos são feixes de axónios, que ligam o SNC aos receptores sensoriais, músculos e glândulas. 12 pares de nervos cranianos têm origem no encéfalo 31 pares de nervos raquidianos têm origem na medula espinhal. Gânglios são aglomerações de corpos celulares localizadas no exterior do SNC Plexos são extensas redes de axónios e, em alguns casos, também de corpos celulares neuronais, localizadas no exterior do SNC. Compreende duas subdivisões: divisão aferente ou sensorial e divisão eferente ou motora. Divisão sensorial transmite sinais eléctricos, chamados de potenciais de acção ao SNC Divisão motora transmite potenciais de acção do SNC aos órgãos eferentes, como músculos ou glândulas. Esta divide-se em sistema nervoso somático e sistema nervoso autónomo (SNA) O sistema nervoso somático motor transmite potenciais de acção do SNC aos músculos esqueléticos Os corpos celulares dos neurónios somáticos motores localizam-se dentro do SNC e os axónios estendem-se através dos nervos até formarem sinapses com as células musculares esqueléticas. 13 Apontamentos Anatomofisiologia I O sistema nervoso autónomo transmite potenciais de acção do SNC ao músculo liso, músculo cardíaco e a certas glândulas. O movimento involuntário destes músculos e glândulas dependem deste sistema Este divide-se em simpático e parassimpático e em sistema nervoso entérico O simpático quando activado prepara o corpo para acção O parassimpático quando activado prepara o corpo para o repouso ou as funções vegetativas O sistema nervoso entérico consiste em plexos localizados na espessura da parede do tubo digestivo O sistema simpático e parassimpático contribuem para a constituição destes plexos Células do Sistema Nervoso Neurónio Recebem estímulos e transmitem potenciais de acção para outros neurónios ou para os órgãos efetores Formam redes complexas Cada neurónio é composto por corpo celular e dois tipos de prolongamentos: as dendrites, tem uma disposição ramificada e são mais pequenas e o axónio também designados de fibras nervosas são mais compridos. Corpo Celular Tem um núcleo único Dendrites São extensões citoplasmáticas, geralmente curtas As pontas das dendrites apresentam muitas vezes pequenas extensões, chamadas de espinhas dendríticas. Que formam sinapses com o axónio de outros neurónios São o local de entrada de informação (input) Axónios A maioria dos neurónios tem um único axónio Emerge de uma área no corpo celular designada de cone de implantação, o começo do axónio chama-se de segmento inicial e 14 Apontamentos Anatomofisiologia I terminam através de ramificações curtas, uma unidade, chamadas de terminais pré-sinápticos. Pode manter-se como única ou ramificar formando neurónios colaterais. Liberta neurotransmissores Que são substâncias químicas libertadas do terminal présináptico, atravessam a sinapse para estimular ou inibir a célula pós-sináptica. Citoplasma do axónio designa-se de axoplasma e a membrana celular de axolema. Tipos de Neurónios Neurónios aferentes ou sensoriais conduzem os potenciais de acção para o SNC Neurónios eferentes ou motores conduzem os potenciais de acção do SNC para os órgãos eferentes, músculos e glândulas Neurónios de associação ou interneuronais conduzem os potenciais de acção de um neurónio para outro, dentro do SNC Pela classificação estrutural (dependendo do número de prolongamentos que saem do corpo celular) Neurónios multipolares têm numerosas dendrites e um único axónio (maioria no SNC e neurónios motores) Neurónios bipolares têm apenas dois prolongamentos, um axónio e uma dendrite. A dendrite especializa-se em receber os estímulos e o axónio envia esse potencial de acção para o SNC (localizados em alguns órgãos sensoriais) Neurónios unipolares ou pseudounipolares têm um prolongamento, este divide-se em dois ramos, um axonal, em que um dirige-se ao SNC e outro para a periferia. Nevróglia do Sistema Nervoso Central É o conjunto mais importante de células de suporte do SNC: Têm como função: Participar na formação da barreira hemato-encefálica; Fagocitar substâncias estranhas; Produzir líquido cefalorraquidiano Formar bainhas de mielina em torno dos axónios 15 Apontamentos Anatomofisiologia I Astrócitos São células glias que devem a sua forma de estrela aos prolongamentos celulares que se estendem para fora do seu corpo. Cobrem a superfície dos vasos sanguíneos, neurónios e a piamáter. Têm um citoesqueleto de microfilamentos muito desenvolvido, que os capacita de formar uma estrutura de suporte aos vasos sanguíneos e neurónios. Tem um papel na regulação da composição do liquido extracelular do encéfalo, produzem ligações entre as células, designadas de tight juction que formam a barreira hemato-encefálica, que determina quais as substâncias que podem passar do sangue para o tecido nervoso do encéfalo e da medula espinhal. Ainda ajudam a regular a composição do líquido intersticial, pois regulam a concentração de iões e gases e absorvem e reciclam neurotransmissores. Células Ependimárias Pavimentam os ventrículos do encéfalo e o canal central da medula espinhal Quando associadas a vasos sanguíneos formam o plexo coroideus, que segregam o LCR Tem muitas vezes zonas providas de cílios, que auxiliam o movimento do LCR através das cavidades ventriculares. Micróglia É um conjunto de pequenas células, macrófagos especializados do SNC Podem tornar-se móveis e fagocitárias em resposta a infecções Oligodendrócitos Têm prolongamentos do citoplasma que podem envolver os axónios Se enrolarem muitas vezes em torno dos axónios, formam as bainhas de mielina, em que um único oligodendrócito pode formar bainha de mielina em torno de vários axónios. Nevróglia do Sistema Nervoso Periférico Temos as células de Schwann e as células satélites As Células de Schwann são células glias do SNP que se enrolam em torno do axónios (semelhante aos oligodendrócito), quando se enrolam muitas vezes formam as bainhas de mielina. Mas diferem dos oligodendrócito, porque 16 Apontamentos Anatomofisiologia I cada célula de Schwann forma bainha de mielina em torno de uma porção de um único axónio. As células satélite, são neurilemócitos especializados, rodeiam os corpos celulares neuronais nos gânglios, proporcionam suporte e podem proporcionar nutrientes aos corpos celulares neuronais. Axónios Mielinizados e Não Mielinizados Os prolongamentos citoplasmáticos dos oligodendrócito (SNC) e das células de Schwann (SNP) rodeiam os axónios formando axónios mielinizados ou axónios não mielinizados. Mielina protege e isola electricamente os axónios uns dos outros Os axónios mielinizados os potenciais de acção propagam-se com mais rapidez do que ao longo dos axónios não mielinizados. Axónios Mielinizados Os prolongamentos de oligodendrócito ou células de Schwann enrolam-se várias vezes em torno de um segmento de axónio. Formam um conjunto de membranas dispostas em camadas muito apertadas, ricas em fosfolipidos, com pequenas quantidades de citoplasma intercaladas entre as camadas de membrana. As interrupções na bainha de mielina chama-se nódulos de Ranvier e as áreas de mielina entre os nódulos designam-se de internódulos. Axónios Não Mielinizados Apoiam-se em invaginações dos oligodendrócito ou das células de Schwann A membrana celular envolve cada axónio, mas não se enrola várias vezes em torno deste. Organização do Tecido Nervoso Substância branca composta por feixes de axónios paralelos e as suas bainhas mielina que são esbranquiçadas. Substância Cinzenta composta por um conjunto de corpos celulares neuronais e axónios não mielinizados e apresentam uma cor mais acinzentada. A substância cinzenta do SNC desempenha funções de integração ou actua como área de retransmissão, onde os axónios formam sinapses com os corpos celulares neuronais A área central da medula espinhal é composta por substância cinzenta 17 Apontamentos Anatomofisiologia I A superfície exterior do encéfalo consiste em substância cinzenta designada de córtex A maioria dos nervos são constituídos por neurónios mielinizados, mas alguns são compostos por neurónios não mielinizados Sinais Eléctricos Sinais eléctricos produzidos pelas células designam-se de potenciais de acção A capacidade de ter percepção do meio que nos rodeia, de desempenhar actividades mentais complexas e de agir, depende dos potenciais de acção. O conhecimento básico das propriedades eléctricas das células é necessário á compreensão das funções normais do organismo e de muitas patologias. Estas propriedades resultam das diferentes concentrações iónicas através da membrana celular e das características de permeabilidade da membrana celular As diferenças das concentrações iónicas intracelulares e extracelulares resultam principalmente: Bomba de Sódio e Potássio Características de permeabilidade da membrana celular Sinapses Podem ser eléctricas ou químicas Sinapses eléctricas são junções comunicantes que permitem a o fluxo de uma corrente local entre células adjacentes. Encontram-se sinapses eléctricas no músculo cardíaco e em muitos músculos lisos Sinapses químicas são o terminal pré-sináptico, sinapse e terminal pós-sináptico. Em que há passagem de neurotransmissores. Neurotransmissores Nas sinapses químicas, os potenciais de acção no terminal pré-sinaptico provocam a libertação de neurotransmissores, a partir do seu terminal. Os principais organitos citoplasmáticos nos terminais pré-sinápticos são as mitocôndrias e numerosas vesículas sinápticas providas de uma membrana, que contam neurotransmissores (por exemplo, a aceticolina) Como resposta a um potencial de acção, há uma abertura dos canais dos iões cálcio, em que estes de difundem no terminal pré-sináptico, desencadeando a fusão das vesículas sinápticas com a membrana pré-sináptica e a libertação do seu neurotransmissores, por exocitose, para o interior da fenda sináptica. 18 Apontamentos Anatomofisiologia I Remoção dos Neurotransmissores Os neurotransmissores têm efeitos a curto prazo nas membranas pós-sinápticas, porque são rapidamente destruídos ou removidos da fenda sináptica (por exemplo, a aceticolina é decomposta por uma enzima chamada de acetilcolinesterase, em que a colina é de seguida transportada de volta para o terminal pré-sináptico para voltar a sintetizar acetilcolina) Moléculas Receptoras nas Sinapses As moléculas receptoras nas sinapses constituem receptores ligados á membrana, activados por ligando com locais receptores de elevado grau de especificidade. Nenhuma célula tem todos os receptores possíveis. Para alguns neurotransmissores existe mais de um tipo de moléculas receptoras Embora a concentração de receptores de neurotransmissores seja maior nas membranas pós-sinápticas, alguns deles existem também na membrana présináptica. Quando se ligam á membrana pré-sináptica isso provoca uma diminuição da libertação de mais vesículas sinápticas. Neurotransmissores e Neuromoduladores Alguns neurónios são capazes de segregar mais do que um tipo de neurotransmissores Os neuromoduladores são substâncias libertadas pelos neurónios que podem, a nível pré-sináptico ou a nível pós-sináptico, influenciar a probabilidade de um potencial de acção no terminal pré-sináptico resultar na produção de um potencial de acção na célula pós-sináptica. Potenciais Pós-Sinápticos Excitatórios e Inibitórios Quando se dá uma despolarização, a resposta é estimulatória e a despolarização local é um potencial excitatório pós-sináptico (PEPS). Os neurónios que libertam substâncias causadoras de PEPS são neurónios excitatórios. Quando se dá uma hiperpolarização da membrana pós-sináptica a resposta é inibitória e a hiperpolarização local é um potencial inibitório pós-sináptico (PIPS) Os neurónios que libertam substâncias causadoras de PIPS são neurónios inibitórios. 19 Apontamentos Anatomofisiologia I Pode existir uma inibição ou uma facilitação pré-sináptica, ou seja, na inibição présináptica existe uma diminuição dos neurotransmissores libertados (dor), na facilitação pré-sináptica existe um aumento dos neurotransmissores libertados Quando há mais do que um neurónio ligado a mais do que um neurónio podemos falar de somação espacial e somação temporal: Os potenciais locais combinam-se num processo chamado somação no cone de implantação do neurónio pós-sináptico, que é a localização normal de geração de potenciais de acção na maioria dos neurónios. Somação espacial dá-se quando dois potenciais de acção chegam simultaneamente a dois terminais pré-sináptico diferente que fazem sinapse com o mesmo neurónio pós-sináptico. Somação temporal verifica-se quando dois ou mais potenciais de acção chegam em sucessão muito próxima a um único terminal pré-sináptico. Vias e Circuitos Neuronais O axónio de um neurónio pode ramificar-se, formando sinapses com muitos outros neurónios e centenas ou mesmo milhares de axónios podem fazer sinapses com o corpo celular e dendritos de um único neurónio. Pode reconhecer-se três tipos de padrões básicos: Vias divergentes, muitos neurónios convergem e fazem sinapses com um número mais pequeno de neurónios Vias convergentes, um número mais pequeno de neurónios pré-sinápticos faz sinapse com um maior número de neurónios pós-sináptico, para permitir que a informação transmitida numa única via neuronal possa divergir em duas ou mais vias Circuitos oscilatórios apresentam os neurónios dispostos de uma maneira circular, possibilitando a entrada dos potenciais de acção no circuito de modo a permitir a um neurónio mais adiantado no circuito produzir um potencial de acção mais do que uma vez. O seu efeito consiste em prolongar a resposta a um estímulo. (por exemplo, a respiração pode ser controlada por dois circuitos oscilatórios, um para a expiração e outro para a inspiração) Uma vez estimulado um circuito oscilantes, ele continua em descargas até que as sinapses envolvidas entrem em fadiga ou até serem inibidas. 20 Apontamentos Anatomofisiologia I Medula Espinhal e Nervos Raquidianos Na sua estrutura geral, estende-se do buraco occipital até ao nível da segunda vértebra lombar Compõem-se de segmento de cervical, torácico, lombar e sagrado, designados de acordo com a área da coluna vertebral pela qual os seus nervos saem. 31 pares de nervos raquidianos originam-se na medula espinhal e saem para fora desta pelos buracos de conjugação das vértebras Há uma diminuição do diâmetro ao longo da medula espinhal, havendo dois alargamentos, que corresponde aos locais em que saem os nervos que servem os membros Dilatação Cervical que corresponde ao local em que saem os nervos que servem os membros superiores Dilatação Lombar que é o sitio em que saem os nervos que servem os membros inferiores Logo abaixo da dilatação lombar a medula afunila formando o cone medular, em que a ponta vai até á segunda vértebra lombar Um filamento de tecido conjuntivo, designado de filamento terminal, estende-se inferiormente desde o ápex do cone medular até ao cóccix, onde a medula espinhal é fixada. O cone medular e os numerosos nervos que se estendem abaixo dele assemelham-se a uma cauda de cavalo, designada de cauda equina Meninges da Medula Espinal As meninges são três camadas de tecido conjuntivo que envolve e protege o encéfalo e a medula espinhal Duramáter é a camada mais superficial e mais espessa. Está na continuidade do epinervo do nervo raquidiano e está separada do periósteo do canal vertebral pelo espaço epidural Aracnóideia muito fina e delgada (assemelha-se com uma teia de aranha), o espaço que separa esta camada da duramáter designa-se de espaço subdural que contem uma pequena quantidade de líquido seroso Piamáter liga-se muito estreitamente ao encéfalo e medula espinhal, entre esta e a camada anterior existe o espaço subaracnóideu que contem fios emaranhados como teias de aranha, vasos sanguíneos e LCR 21 Apontamentos Anatomofisiologia I Secção Transversal da Medula Espinhal Uma secção transversal revela que esta é constituida por uma porção cinzenta e por uma porção branca A substância branca consiste em axónios mielinizados, formando feixes nervosos. Está organizada em cordões: cordão anterior, cordão lateral e cordão posterior Subdivide-se em feixes nervosos ou vias A substância cinzenta consiste em corpos celulares neuronais, dendrites e axónios Está organizado em cornos: corno posterior, corno anterior e corno lateral Está associado ao sistema nervoso autónomo É dividida parcialmente em duas metades pelos sulcos: sulco mediano anterior e sulco mediano posterior As duas metades estão ligadas pelas comissuras cinzentas e comissuras brancas O canal central está no centro da comissura cinzenta Os nervos raquidianos provêm de numerosos radicelos ao longo das superfícies posterior e anterior da medula espinhal. Cerca de 6 a 8 destes radicelos combinam-se para formar raiz anterior e outros 6 a 8 formam a raiz posterior Juntam-se logo ao lado da medula espinhal e formam os nervos raquidianos. Cada raiz posterior tem um gânglio que se designa de raiz de gânglio da raiz posterior, gânglio raquidiano ou gânglio espinhal. Organização dos Neurónios na Medula Espinhal e nos Nervos Raquidianos A raiz posterior contém neurónios sensoriais A raiz anterior contém neurónios motores e os nervos raquidianos têm axónios sensoriais e axónios motores Reflexos O arco reflexo é a unidade funcional básica do sistema nervoso e a sua porção mais pequena e mais simples capaz de produzir uma resposta. 22 Apontamentos Anatomofisiologia I A resposta produzida pelo arco reflexo chama-se de reflexo e é uma resposta automática a um estímulo, que ocorre sem pensamento consciente. Os reflexos são, em geral, homeostáticos Os reflexos variam na sua complexidade: Reflexo de Extensão O músculo contrai em resposta a uma força de estiramento que lhe é aplicada, faz uma resistência á extensão do músculo. Reflexo dos Órgãos Tendinosos de Golgi Evita a produção de excessiva tensão no tendão de um músculo em contracção. Os órgãos tendinosos de golgi são terminações nervosas encapsuladas que têm nas extremidades numerosos ramos terminais com pequenas dilatações que se associam a feixes de fibras de colagénio dos tendões e localizam-se perto da junção músculo-tendinosa Reflexo de Retirada Consiste em afastar um membro ou outra parte do corpo de um estímulo doloroso Aqui também se insere: Inervação Recíproca e Reflexo Extensor Contralateral Vias Espinhais Os reflexos não operam de forma isolada, há a existência de vias divergentes e vias convergentes. Ramos divergente dos neurónios sensoriais ou de associação de um arco reflexo enviam potenciais de acção ao longo das vias nervosas ascendentes para o encéfalo, que será esta via que irá causar uma sensação de dor. Estrutura dos Nervos Periféricos Os nervos periféricos consistem em feixes de axónios, células de Schwann e tecidos conjuntivos. Envolvidos por uma delicada camada de tecido conjuntivo, o endonervo. Grupos de axónios são rodeados por uma camada mais consistente de tecido conjuntivo, o perinervo, que forma os fascículos nervosos ou feixes nervosos. Uma terceira camada de tecido conjuntivo denso, o epinervo que reveste exteriormente para formar o nervo. Nervos Raquidianos Todos os 31 pares de nervos raquidianos, excepto o primeiro par e os sagrados, saem da coluna vertebral através dos buracos de conjugação. 23 Apontamentos Anatomofisiologia I O primeiro par de nervos raquidianos sai entre a caixa craniana e a primeira vértebra cervical Os nervos do sacro saem deste osso único através dos buracos sagrados 8 Pares de nervos raquidianos saem da coluna vertebral na zona cervical 12 Pares de nervos raquidianos saem da coluna vertebral na zona torácica 5 Pares de nervos raquidianos saem da coluna vertebral na zona lombar 5 Pares de nervos raquidianos saem da coluna vertebral na zona sagrada Um par de nervos raquidianos sai da coluna vertebral na zona cóccigea Cada um dos nervos raquidianos é designado por uma letra e um número (que corresponde á zona em que saem) Cada um dos nervos raquidianos á excepção do C1, tem uma distribuição sensitiva cutânea especifica, que descreve um mapa dos dermátomos para a distribuição sensitiva cutânea dos nervos raquidianos Um dermátomo é a área de pele com inervação sensitiva por um par de nervos raquidianos. Cada nervo raquidiano tem um ramo posterior e anterior Existem ramos adicionais designados de ramos comunicantes, que saem das regiões medulares torácica e lombar superior e que transportam axónios ligados ao sistema nervoso simpático. Ramos posteriores inervam a maior parte dos músculos profundos dorsais do tronco que são responsáveis pelo movimento da coluna vertebral e transmite a sensibilidade do tecido conjuntivo e pele perto da linha média do dorso. Ramos anteriores distribuem-se de duas maneiras: Na região torácica, os ramos anteriores formam os nervos intercostais, que inervam as costelas e os músculos intercostais e a pele que recobre o tórax. Os restantes nervos raquidianos formam cinco plexos. Plexos Os ramos anteriores de diferentes nervos raquidianos, designam-se de raízes do plexo, juntam-se uns com os outros para formar um plexo. Plexo Cervical É um plexo relativamente pequeno com origem nos nervos raquidianos C1 e C4 Inerva a pele do pescoço e da porção posterior da cabeça Um dos ramos mais importantes designa-se de nervo frénico, que tem origem nos nervos raquidianos C3 a C5. Os nervos frénicos descem ao longo de cada lado do pescoço e entram no tórax, 24 Apontamentos Anatomofisiologia I continuam a descer ao longo de cada lado do mediastino até alcançar o diafragma. Plexo Braquial Tem origem nos nervos raquidianos de C5 a T1 Os cinco nervos que emergem do plexo braquial para o membro superior são: Nervo Circunflexo, inerva parte do ombro Nervo Radial, inerva as regiões posteriores de todo o membro superior Nervo Músculo-Cutâneo, inerva a parte anterior do braço Nervo Cubital, inerva a parte anterior do antebraço e da mão Nervo Mediano, inerva a parte anterior do antebraço e da mão O plexo braquial ainda origina outros nervos que inervam o ombro e os músculos peitorais Plexo Lombar e Sagrado O plexo lombar tem origem nos ramos anteriores dos nervos raquidianos L1 a L4 e o plexo sagrado tem origem de L4 a S4 Os dois plexos são muitas vezes considerados como um só, designado de plexo lombar-sagrado Dois importantes nervos emergem do plexo lombar e entram nos membros inferiores Nervo Obturador, inerva a porção mediana da coxa Nervo Crural, inerva a porção anterior da coxa Do plexo sagrado emergem dois grossos troncos que irão dar origem ao nervo grande ciático: Ramo Ciático Popliteu Interno, inerva a face postero-interna da coxa, a perna e o pé. Ramo Ciático Popliteu Externo, inerva a face posteroexterna da coxa, anterior e externa da perna e o pé. Outros nervos lombares e sagrados inervam a parte inferior do dorso, a anca e o abdómen inferior. Plexo Coccígeo É um plexo muito pequeno formado por ramos anteriores dos nervos raquidianos S4, S5 e nervo coccígeo. Faz a inervação motora dos músculos do pavimento pélvico 25 Apontamentos Anatomofisiologia I Inervação sensitiva cutânea da pele que recobre o cóccix Os ramos posteriores dos nervos coccígeos inervam a pele que recobre o cóccix. Encéfalo e Nervos Cranianos Tronco Cerebral Faz conexão com a medula espinhal com o resto do encéfalo Responsável por muitas funções essenciais, já que os reflexos essenciais á sobrevivência são integrados no tronco cerebral É constituído por: Bulbo Raquidiano, Ponte ou Protuberância e o Mesencéfalo. Bulbo Raquidiano É a parte mais inferior do tronco cerebral e continua inferiormente com a medula espinhal Contem os núcleos dos nervos cranianos Encontra-se aglomerações no de bulbo, que substâncias não se encontra cinzentas na compostas medula, núcleos principalmente dispersos, por corpos celulares, com funções específicas, enquanto na medula a substância cinzenta estende-se como uma massa contínua e central. Regula o ritmo cardíaco, diâmetro dos vasos sanguíneos, respiração, deglutição, vómito, tosse e espirro. Estrutura: Na superfície anterior, há duas proeminências alargadas designadas de pirâmides, que são feixes nervosos descendentes, envolvidos no controlo consciente dos músculos esquelético. Perto das suas extremidades inferiores, a maior parte dos axónios destes feixes nervosos descendentes cruza para o lado oposto, ou seja, decussa. Duas estruturas ovais designadas de olivas, fazem protusão na face anterior do bulbo, externamente ás margens superiores das pirâmides Envolvidas em funções como equilíbrio, coordenação e modulação dos impulsos associados aos estímulos sonoros provenientes do ouvido interno Os núcleos dos nervos cranianos IX (glossofaríngeo), X (vago), XI (espinal) e XII (grande hipoglosso) e parte do V (trigémeo), também se localizam no bulbo raquidiano. 26 Apontamentos Anatomofisiologia I Ponte ou Protuberância Localiza-se acima do bulbo raquidiano Contem feixes nervosos ascendentes e descendentes e diversos núcleos Os núcleos pônticos, localizados na porção anterior, retransmitem informação do cérebro para o cerebelo. Os núcleos dos nervos cranianos V (trigémeos), VI (oculomotor), VII (facial), VIII (Vestíbulo-Coclear) e IX (glossofaríngeo), estão contidos na porção posterior. Mesencéfalo É a mais pequena região do tronco cerebral Contem os núcleos dos nervos cranianos III (oculomotor comum), IV (patético) e V (trigémeos) Estrutura: O tecto ou lâmina quadrigémea consiste em quatro núcleos, que são colectivamente designados de tubérculos quadrigémeos. Em que cada saliência pode também se designada de colículo. As duas saliências superiores chamam-se tubérculos quadrigémeos superiores, que estão envolvidos nos reflexos visuais e recebem estímulos dos olhos. As duas saliências inferiores chamam-se tubérculos quadrigémeos inferiores, que estão envolvidos na audição e são partes integrantes das vias auditivas no SNC. E estimula pele e cérebro. Tegmento que é o pé dos pedúnculos cerebral, é constituído por feixes ascendentes, que vêm da medula espinhal para o cérebro, como as vias da sensibilidade e profunda consciente O tegmento contém também os núcleos rubros, que colaboram com a regulação e coordenação inconsciente das actividades motoras A calote dos pedúnculos cerebrais compreende a porção do mesencéfalo antero-inferior do pé, constituem uma das principais vias motoras do SNC. A substância nigra encontra-se entre o tegmento e os pedúnculos cerebrais, contendo glândulas de melanina no citoplasma dos seus corpos neuronais que lhe dão uma cor cinzenta escura ou negra. Está implicada na manutenção do tono muscular e na coordenação dos movimentos. Cerebelo Significa “cérebro pequeno” Liga-se ao tronco cerebral pela protuberância 27 Apontamentos Anatomofisiologia I Comunica com outras regiões do SNC através de três grandes feixes nervosos: Pedúnculos cerebelosos superior que se liga ao mesencéfalo Pedúnculo cerebelosos médios que se liga protuberância Pedúnculo cerebelosos inferior que se liga ao bulbo raquidiano Tem córtex cerebeloso e núcleos separados por substância branca O córtex cerebeloso dispõe-se em pregas chamadas de folhas A substância branca do cerebelo assemelha-se a uma árvore ramificada chamada de arbor vitae (árvore da vida) Os núcleos do cerebelo localizam-se na profundidade do centro inferior da substância branca O cerebelo é constituído por três partes: Lobo Floculonodular, uma pequena parte anterior, que está envolvida no equilíbrio e nos movimentos oculares Vermis, central e estreito, em conjunto com a porção mediana dos hemisférios laterais estão envolvidos no controlo da postura, na locomoção e na coordenação motora fina Dois grandes hemisférios laterais, está envolvido, com o córtex cerebral do lobo frontal, que está envolvido com o planeamento, prática e aprendizagem de movimentos complexos. Diencéfalo Está entre o tronco cerebral e o cérebro hemisférico É constituído por: tálamo, subtalámo, hipotálamo e epitálamo Tálamo É a maior porção do diencéfalo Ligado no centro pela massa intermédia, em que o espaço em torno desta massa constitui o terceiro ventrículo A maior parte dos estímulos sensoriais atingem o tálamo Corpo geniculado interno faz sinapse com os neurónios que sinapse com os neurónios que transportam informação auditiva Corpo geniculado externo faz transportam informação visual Núcleos ventromedial posteriores fazem sinapse com outros neurónios que transportam outros impulsos sensoriais O tálamo influencia o humor e os movimentos globais do corpo associados com emoções fortes 28 Apontamentos Anatomofisiologia I Núcleo ventral anterior está implicado com as funções motoras Núcleo anterior e mediano está em conexão com o sistema límbico com o córtex pré-frontal Núcleo dorso-externo está em conexão com outros núcleos talâmicos e com o córtex cerebral e está implicado na regulação das emoções. Núcleo externo posterior está envolvido na integração sensorial. Subtálamo É uma pequena área imediatamente inferior ao tálamo Contém diversos feixes nervosos ascendentes e descendentes e os núcleos subtalâmicos Uma pequena porção dos núcleos rubros e da substância nigra do mesencéfalo estende-se para esta área. Está envolvido no controlo das funções motoras Epitálamo É uma pequena área postero-superior ao tálamo Os núcleos da habénula são estimulados pelo olfacto e envolvidos nas respostas emocionais e viscerais aos odores A epífise que parece desempenhar funções no controlo do aparecimento da puberdade Hipotálamo É a porção mais inferior do diencéfalo Contém diversos pequenos núcleos e feixes nervosos Em que os núcleos mais evidentes são: corpos mamilares que estão envolvidos nos reflexos olfactivos e nas respostas emocionais aos odores; infundíbulo, liga o hipotálamo á hipófise posterior tem um papel importante no controlo do sistema endócrino, porque regula a secreção hormonal da hipófise, que influencia funções tão diversas como o metabolismo, a reprodução, as respostas aos estímulos agressivos e a produção de urina. É muito importante em numerosas funções relacionadas com as emoções e o humor, a sensação de prazer sexual, sentir-se relaxado e “bem” depois após uma refeição, a raiva e o medo estão relacionados com o funcionamento do hipotálamo. Cérebro É a maior parte do encéfalo O cérebro é dividido em hemisférios dto e esq pela fenda inter-hemisférica 29 Apontamentos Tem na Anatomofisiologia I superfície pregas chamadas de circunvoluções, que aumentam consideravelmente a superfície do córtex As fendas entre circunvoluções designam-se de sulcos Os sulcos mais profundos designam-se de regos Também se encontra dividido em lobos: Lobo Frontal: é importante na função motora voluntária, motivação, agressão, sentido do olfacto e humor Lobo Parietal é o principal centro de recepção e avaliação de informação sensorial, excepto do olfacto, ouvido e visão. Estes dois lobos encontram-se divididos pelo rego central ou rego de Rolando Lobo Occipital actua na recepção e integração dos estímulos visuais e não está claramente separado dos outros lobos Lobo Temporal recebe e avalia os estímulos olfactivos e auditivos e desempenham um papel importante na memória O lobo temporal está separado dos restantes lobos pelo rego de Sylvius. É na profundidade deste rego que se encontra ínsula, muitas vezes considerada como um quinto lobo. A substância cinzenta situa-se na superfície exterior do cérebro é o córtex e, na profundidade do cérebro, constitui os núcleos da base. A substância branca, entre o córtex e núcleos centrais, designa-se de centro oval. Centro oval consiste em feixes nervosos que ligam diferentes parte do córtex cerebral e este a outras regiões do SNC, distinguindo-se três tipos de fibras: Fibras de associação que põe em comunicação áreas do córtex dentro do mesmo hemisfério Fibras Comissurais que põe em comunicação um hemisfério cerebral com o outro Fibras de Projecção que estão entre o cérebro e outras parte do encéfalo e medula espinhal Núcleos de Base Localizados bilateralmente na porção inferior do cérebro hemisférico, diencéfalo e mesencéfalo e estão funcionalmente relacionados Estão envolvidos no controle das funções motoras. Para além do núcleo subtalâmico e da substância nigra do mesencéfalo, temos o corpo estriado, composto por núcleo lenticular, mais central e núcleo caudado que faz lembrar uma cauda Sistema Límbico 30 Apontamentos Anatomofisiologia I Composto por parte do cérebro hemisférico e do diencéfalo Associado aos instintos de sobrevivência básica, como a memória, a reprodução e a nutrição, tal como também está envolvido nas emoções. Meninges e Liquido Cefalorraquidiano Meninges São três membranas de tecido conjuntivo, que envolvem e protegem o encéfalo e a medula espinhal Duramáter, mais espessa e mais superficial Três foices durais, a foice do cérebro, a tenda do cerebelo e a foice do cerebelo, que formam septos que se estendem pelas maiores fendas encefálicas A foice do cérebro localiza-se entre os dois hemisférios centrais Tenda do cerebelo localiza-se entre cerebelo e cérebro Foice do cerebelo localiza-se entre os dois hemisférios cerebelosos. A duramáter envolve o encéfalo, é contínua ao periósteo da caixa craniana. A duramáter em conjunto com as pregas durais, mantém o encéfalo no sítio, evitando que este se desloque muito A duramáter, em vário locais, desdobra-se formando os seios venosos durais, que recebem a maior parte do sangue venoso e que drena posteriormente para as veias que saem da caixa craniana. Também recebem o LCR. Aracnóideia que é muito fina e delgada O espaço entre esta camada e a camada da duramáter designa-se de espaço subdural, que apenas contém uma pequena quantidade de líquido seroso Piamáter, que se liga muito estreitamente á superfície do encéfalo e medula espinhal Entre esta camada e a camada da aracnóideia existe um espaço designado de espaço subaracnóideu, que contem um emaranhado como teias de aranha e vasos sanguíneos. Está preenchido por LCR Ventrículos O SNC forma-se a partir de um tubo oco 31 Apontamentos Anatomofisiologia I O interior desse tubo é forrado por células ependimárias Existe 4 ventrículos: Cada hemisfério lateral contém um ventrículo, designado ventrículo lateral. Estão separados um do outro por finos septos que se dispõem na linha média logo abaixo do corpo caloso, quando fundidos constituem o septo pelúcido O terceiro ventrículo é uma cavidade mediana mais pequena, localizada no centro do diencéfalo entre os dois tálamos. Os dois ventrículos laterais comunicam com o terceiro ventrículo por dois buracos interventriculares O quarto ventrículo está na parte inferior da protuberância e superior do bulbo, na base do cerebelo. O terceiro ventrículo comunica com o quarto ventrículo através de um estreito canal designado de aqueduto de Silvius. O quarto ventrículo é contínuo com o canal central da medula espinhal (canal do epêndimo) Líquido Cefalorraquidiano Banha o encéfalo e a medula espinhal e constitui uma almofada protectora em torno do SNC, a que também fornece alguns nutrientes. 80 A 90% do LCR é produzido por células ependimárias especializadas nos ventrículos laterais, sendo o restante produzido por células semelhantes no terceiro e quarto ventrículo O conjunto destas células ependimárias especializadas, com o seu tecido de suporte e vasos sanguíneos associados, designa-se por plexos coroideus. As células endoteliais dos vasos sanguíneos nos plexos coroideus, unidas por junções de coesão, formando uma barreira hemato-encefálica. Trajecto do LCR Tem origem dos plexos coroideus Passa dos ventrículos laterais para o terceiro ventrículo pelos buracos interventriculares Passa do terceiro ventrículo para o quarto ventrículo pelo aqueduto de Silvius Só pode deixar o interior do encéfalo pela parede do quarto ventrículo. No quarto ventrículo existe um buraco de Magendie (mediano) que se encontra no tecto e dois buracos de Lushka (laterais), permitem que o LCR passe para o espaço subaracnóideu. 32 Apontamentos Existe Anatomofisiologia I no tecido aracnoideu granulações designadas de granulações de Pacchioni ou granulações aracnoideias, que penetram no seio longitudinal superior, localizado no bordo superior da foice do cérebro, o que faz com o LCR passe dessas granulações para os seios durais. Estes seios encontram-se cheios de sangue venoso que irá drenar nas veias esse sangue em conjunto com o LCR. Irrigação Sanguínea do Encéfalo Necessita de uma enorme quantidade de sangue para manter as funções normais Recebe aproximadamente 15 a 20% do sangue bombeado pelo coração. O sangue chega ao encéfalo pelas artérias carótidas internas que entram pelos canais carotídeos, que ascendem á cabeça pela parte lateral anterior do pescoço, e pelas artérias vertebrais que entram pelo buraco occipital, que chegam pela parte posterior do pescoço, através dos buracos transversários das vértebras cervicais Desenvolvimento do SNC Desenvolve-se a partir de uma placa de tecido achatado, chamado de placa neural As faces laterais da placa neural elevam-se como ondas, que se designam por pregas neurais, sendo a crista de cada prega designada por crista neural e o centro da placa neural torna-se a goteira neural. As pregas neurais inclinam-se uma para a outra na linha média, e as cristas fundem-se de modo a criar um tubo neural. A porção encefálica torna-se do tubo neural torna-se no encéfalo e a porção caudal dá origem á medula espinhal Na parte anterior do tubo neural desenvolve-se uma série de bolsas. As paredes das bolsas transformam-se nas diferentes partes do encéfalo adulto e as cavidades vêm a ser os ventrículos. No embrião precoce, podem ser identificadas três regiões encefálicas: O encéfalo anterior ou prosencéfalo em que durante o desenvolvimento divide-se no telencéfalo, que dá origem ao cérebro hemisférico e diencéfalo. O encéfalo médio ou mesencéfalo que mantém-se como uma estrutura única. O encéfalo posterior ou rombencéfalo que durante o desenvolvimento dividese em metencéfalo, onde têm origem a ponte e o cerebelo E o mielencéfalo que se transforma no bulbo raquidiano Nervos Cranianos 33 Apontamentos Anatomofisiologia I Os 12 pares de nervos cranianos designam-se, convencionalmente, em numeração romana (I a XII), do mais anterior para o mais posterior. Podem ter uma ou mais de três funções Sensoriais ou sensitivas: as funções sensoriais incluem os sentidos especializados como a visão e as sensitivas, os mais gerais como o tacto e a dor Motoras: referem-se ao controlo dos músculos esqueléticos, através dos neurónios motores Parassimpáticas: consiste na regulação das glândulas, músculos lisos as vísceras e músculo cardíaco. Estes consistem parte do sistema nervoso autónomo A propriocepção informa o encéfalo da posição das diferentes partes do corpo, incluindo articulações e músculos. No entanto, como a propriocepção é a única função sensitiva de diversos nervos cranianos que são predominantemente motores, ela é habitualmente ignorada, convencionando-se designar estes nervos apenas como nervos motores. Nervo Tipo Funções Nervo Olfactivo (I) Sensitivo Sentido especial do olfacto Nervo Óptico (II) Nervo Oculomotor ou Motor Sentido especial da visão Sensitivo Ocular Comum (III) Músculos dos olhos: Recto superior, interno e inferior e Obliquo inferior, pálpebras, esfíncter da pupila e músculo ciliar do cristalino Nervo Patético (IV) Motora e Parassimpática Músculos dos olhos: Obliquo superior Nervo Trigémeo (V) Ramo Olfactivo (V1) Sensorial Parte Superior do rosto Ramo Maxilar (V2) Sensitiva Parte Central do rosto Ramo Mandibular (V3) Sensorial e Motora Parte Inferior do Rosto Oculomotor Externo (VI) Motora Músculo dos olhos: Recto externo Nervo Facial (VII) Nervo Estato-acústico ou Sensorial, motora e Lingua, ouvido, expressão facial parassimpática glândulas do rosto Sensorial Sentidos especiais do ouvido e Vestíbulo-coclear (VIII) Nervo Glossofaríngeo (IX) Nervo Vago (X) equilíbrio Sensorial, motora e Paladar, língua, ouvido; parassimpática glândulas; músculo da faringe Sensorial, motora e Parte posterior da língua, parassimpática tronco, palato, laringe e 34 Apontamentos Anatomofisiologia I vísceras torácicas e abdominais Nervo Espinhal (XI) Motora Palato mole, faringe, esternocleído-mastoideu e trapézio Nervo Grande Hipoglosso (XII) Motora Lingua e garganta Integração das Funções do Sistema Nervoso Sentidos são os meios pelos quais o encéfalo recebe informações sobre o meio ambiente e sobre o corpo. Sentidos Gerais Sentidos Especiais Sentidos Somático Sentidos Viscerais Tacto Dor Olfacto Pressão Pressão Paladar Temperatura Visão Propriocepção Audição Dor Equilíbrio Sensação, ou percepção, é o conhecimento consciente dos estímulos recebidos pelos receptores sensoriais. Estas surgem quando os potenciais de acção atingem o córtex. Receptores Sensoriais Os diferentes sentidos dependem dos receptores especializados Mecanoreceptores: respondem a estímulos mecânicos Quimioreceptores: respondem a estímulos químicos que se ligam aos receptores na sua membrana Termoreceptores: respondem a variações de temperatura no local em que o receptor se encontra Fotoreceptores: respondem a estímulos da luz que atinge as células receptoras Nocireceptores ou receptores de dor: respondem a estímulos dolorosos, sejam eles mecânicos, químicos ou térmicos. As terminações nervosas sensoriais classificam-se, com base na sua localização, em três grupos: Exteroreceptores: são receptores cutâneos e encontram-se associados á pele Visceroreceptores: são receptores que se associam às vísceras ou órgãos internos 35 Apontamentos Anatomofisiologia I Proprioreceptores: associam-se às articulações, tendões e outros tecidos conjuntivos As mais simples e mais comuns são as terminações nervosas livres, que são ramificações neuronais relativamente não especializadas semelhantes a dendritos e que se distribuem por quase todas as partes do corpo. As terminações nervosas livres responsáveis pela detenção de temperatura reagem a três tipos de sensações: Receptores do frio Receptores do calor Receptores da dor Discos de Merkel ou tácteis Consistem em ramificações axonais que terminam em expansões achatadas Associada a uma célula epitelial especializada Distribuem-se pelas camadas basais da epiderme logo á superfície da membrana basal Implicados nas sensações do tacto ligeiro e pressão superficiais Receptores do Folículo Piloso Respondem a inclinações muito ligeiras do pêlo e estão envolvidos no tacto superficial Corpúsculos de Pacini ou Lamelados Terminações nervosas muito complexas que se assemelham a uma cebola Um único dendrito estende-se para o centro de cada corpúsculo Localizam-se na profundidade da derme ou da hipoderme. São responsáveis pelas sensações de pressão e vibração cutânea profundas, ás articulações ajudam na transmissão de informação proprioceptiva Corpúsculos de Meissner ou tácteis Distribuem-se pelas papilas da derme Faz a discriminação de dois pontos São numerosos e próximos uns dos outros na língua e nas extremidades dos dedos, mas menos numerosos e mais esparsos em outras áreas, como o dorso. Órgãos Terminais de Ruffini Localizam-se na derme, principalmente nos dedos das mãos Respondem á pressão na pele Fuso Musculares Consistem em 3 a 10 fibras musculares esqueléticas especializadas e fornecem informação acerca do comprimento do músculo São importantes para a regulação e tónus musculares posturais 36 Apontamentos Anatomofisiologia I Órgãos Tendinosos de Golgi Terminações nervosas proprioceptivas associadas ás fibras de um tendão na junção músculo-tendinosa. Vias Nervosas Sensoriais A medula espinhal e o tronco cerebral contêm um certo número de vias sensoriais que transmitem potências de acção da periferia para as várias partes do encéfalo. Os neurónios que constituem cada via estão associados a tipos específicos de receptores sensoriais. As vias ascendentes começam pelo sufixo espino indicando a sua origem na medula espinhal. As principais vias ou feixes ascendentes envolvidos na percepção consciente dos estímulos externos são: Sistema espino – talâmico É o menos capaz de localizar a fonte do estímulo (pouco discriminativo) Divide-se em feixes espino – talâmicos laterais e anteriores Feixes espino – talâmicos anteriores transportam sensações de tacto superficial, pressão, cócegas e prurido. Feixes espino – talâmicos laterais transportam sensações dolorosas e temperatura Na via que vai do receptor periférico para o córtex cerebral estão envolvidos três neurónios em sequência: Primeiro neurónio do espino – talâmico encontra-se no gânglio da raiz posterior do nervo raquidiano Transferem o estímulo sensorial da periferia para o corno posterior da medula espinhal, onde fazem sinapse com os neurónios de associação, estes fazem sinapse com os segundos neurónios Os segundos neurónios cruzam para o lado oposto da medula espinhal através da porção anterior das comissuras brancas e cinzentas e integram o feixe espino – talâmico, através do qual sobem até ao tálamo e fazem sinapse com copos celulares dos terceiros neurónios Os terceiros neurónios do tálamo projectam-se para o córtex somático sensorial. 37 Apontamentos Anatomofisiologia I Sistema cordonal posterior / lemniscal medial As principais vias ou feixes ascendentes envolvidos no transporte de sensações de que tomamos conhecimento consciente são: Feixes espino – cerebolosos Espino – Olivares Espino – tectais Espino – reticulares A sensibilidade táctil para dois pontos (discriminativo), a propriocepção, a pressão e a vibração são transportados por este sistema Localiza-se no cordão posterior da medula espinhal e no lemnisco medial que dá continuidade ao cordão posterior do tronco cerebral O transporte da informação é feito da seguinte forma: Os primeiros neurónios do sistema cordonal posterior / lemniscal medial localizam-se nos gânglios da raiz posterior, os axónios destes neurónios penetram na medula espinhal, ascendem ao longo da medula, sem cruzarem para os lados opostos e fazem sinapse com os segundos neurónios localizados no bulbo raquidiano O sistema cordonal posterior / lemniscal medial subdivide-se em dois feixes separados: Fascículo Gracilis provenientes das que transporta terminações sensações nervosas abaixo nervosas do nível torácico médio termina ao fazer sinapse com os segundos neurónios do núcleo gracilis e com fibras dos feixes espino – cerebolosos posteriores Fascículo Cuneatus provenientes das que transporta terminações sensações nervosas acima nervosas do nível torácico médio e termina ao fazer sinapse com os segundos neurónios do núcleo cuneatus Ambos os núcleos localizam-se no bulbo raquidiano Os segundos neurónios cruzam-se para os lados opostos do bulbo raquidiano e ascendem ao lemniscal medial para se terminarem no tálamo onde se encontram os terceiros neurónios com os quais vão fazer sinapse Os terceiros neurónios projectam-se do tálamo para o córtex somático sensorial. Temos ainda: Feixe trigémeo – talâmico: transporta o mesmo tipo de informação sensorial que os feixes espino – talâmico e que o sistema cordonal posterior /lemniscal 38 Apontamentos Anatomofisiologia I medial, mas provêm da face, da cavidade nasal e da cavidade oral, incluindo os dentes Sistema espino – cerebolosos em que existem dois feixes espino – cerebolosos: Feixe espino – cereboloso posterior. Feixe espino – cereboloso anterior Feixe espino – Olivares: contribuem para a coordenação de movimentos associada primariamente com o equilíbrio Feixe espino – tectais: envolvidos na rotação reflexa da cabeça e dos olhos para um ponto de estimulação cutânea Feixe espino – reticulares: envolvidos no despertar da consciência no sistema de activação reticular através da estimulação cutânea. Área Sensoriais do Córtex Cerebral A maior parte das circunvoluções pós-central é designada por córtex somático sensorial primário ou área sensorial geral Na parte posterior desta área é onde se localiza: Área sómato – sensorial associativa Área sensorial da fala Córtex visual primário Área visual associativa Área do gosto Área auditiva associativa Córtex auditivo primário Áreas Motoras do Córtex Cerebral A circunvolução pré-central é também chamada de córtex motor primário ou área motora primária Na parte anterior desta área é onde se localiza: Área pré-motora Área pré-frontal Área motora da fala Vias Nervosas Motoras São vias descendentes que contêm axónios que transportam potenciais de acção provenientes de várias regiões do encéfalo para o tronco cerebral ou para a medula espinhal 39 Apontamentos Anatomofisiologia I As fibras descendentes motoras dividem-se em dois grupos: vias directas ou vias indirectas As vias directas também chamadas de sistema piramidal, estão implicadas na manutenção do tónus muscular e no controlo da velocidade e precisão dos movimentos finos, principalmente aqueles que têm a ver com a destreza. A sua designação deve-se ao facto de os seus primeiros neurónios motores, cujo corpo se encontra no córtex cerebral e cujos os axónios formam estas vias, fazerem sinapse directamente com os segundo neurónios motores do tronco cerebral ou na medula espinhal. As suas fibras passam através das pirâmides bulbares É composta por fibras nervosas dispostas em dois feixes: feixe córtico – espinhal e feixe córtico-bulbar. Os feixes córtico – espinhal são formados por axónios provenientes dos corpos celulares dos primeiros neurónios motores, descem pelas cápsulas internas e pelos pedúnculos cerebrais do mesencéfalo, passando depois para a ponte e pelas pirâmides bulbares Daqui 75 a 85% das fibras córtico – espinhal das fibras córtico – espinhal cruzam para os lados opostos através da decussação das pirâmides, as fibras cruzadas constituem os feixes córtico – espinhal lateral da medula espinhal As restantes 15 a 25% descem sem cruzar e formam o feixe córtico – espinhal anterior para posteriormente decussar perto do nível medular em que farão sinapse com os segundos neurónios. Os feixes córtico – bulbares são análogos aos feixes córtico – espinhais. Têm origem no mesmo local, mas ocupam uma posição mais lateral e inferior. Até atingir o nível do tronco cerebral percorre o mesmo percurso Neste nível a maior parte dos feixes córtico bulbares termina na formação reticular do tronco cerebral, perto dos núcleos dos nervos cranianos. Os neurónios substância de reticular associação provenientes penetram, em seguida, da nos núcleos dos nervos cranianos, onde fazem sinapse com os segundos neurónios motores 40 Apontamentos Anatomofisiologia I As vias indirectas também chamadas de sistema extra-piramidal, estão envolvidas no controlo menos preciso das funções motora, especialmente as associadas á coordenação geral do corpo e às funções cerebelosas como a postura. Tem origem nos primeiros neurónios motores do cérebro e do cerebelo, cujos axónios fazem sinapse em alguns núcleos intermédios, em vez de o fazer directamente com os segundos neurónios motores Os feixes mais importantes são: rubro – espinhal, vestíbulo espinhal, retículo – espinhal O feixe rubro – espinhal Os primeiros neurónios motores iniciam-se nos núcleos rubros O feixe decussa no mesencéfalo e desce depois no cordão lateral da medula espinhal Termina na porção lateral da substância cinzenta da medula espinhal, juntamente com o feixe córtico – espinhal Feixe vestíbulo – espinhais Têm origem no núcleo vestibular, descem pelo cordão anterior e fazem sinapse com os segundos neurónios motores na porção ventro – medial da substância cinzenta da medula espinhal. Feixe retículo – espinhal Encontram-se na formação reticular da protuberância e do bulbo raquidiano Os seus axónios descem ao longo da porção anterior do cordão lateral da medula espinhal Fazem sinapse com os segundos neurónios motores na porção ventro – medial da substância cinzenta da medula espinhal Funções do Tronco Cerebral Recebe informação sensorial dos ramos colaterais das vias descendentes medulares e dos axónios dos seguintes pares cranianos: II visão V sensibilidade táctil da face, cavidade nasal e cavidade oral VII gosto VIII audição e equilíbrio 41 Apontamentos Anatomofisiologia I IX paladar, sensibilidade táctil da faringe X paladar, sensibilidade táctil da laringe, sensibilidade das vísceras do tórax e abdómen Pode desencadear o reflexo do vómito Pode desencadear o reflexo da tosse Muitas funções críticas como a frequência cardíaca, respiração, pressão arterial, dilatação das pupilas, sono, deglutição e espirro. Outras Funções do Encéfalo O encéfalo humano é capaz de mais funções do que informação sensorial e controlo dos músculos. É responsável também pela linguagem, as capacidades matemáticas e artísticas, o sono, a memória, as emoções e o julgamento. Os Sentidos Especiais Olfacto Resposta a odores que estimulam os receptores sensoriais localizados na região mais superior da cavidade nasal, designados por recesso olfactivo. O epitélio especializado nasal do recesso olfactivo chama-se de epitélio olfactivo que é pouco especializado. Epitélio e Bulbo Olfactivo Existem muitos neurónios olfactivos no epitélio olfactivos Os axónios destes neurónios bipolares projectam-se através dos pequenos buracos da lâmina crivada para os bulbos olfactivos e as vias olfactivas projectam-se dos bulbos para o córtex cerebral. Os dendritos dos neurónios olfactivos estendem-se para a superfície epitelial da cavidade nasal e as suas terminações estão transformadas em expansões bulbosas chamadas de vesículas olfactivas. Estas vesículas têm cílios chamados pêlos olfactivos, dispostos por uma fina camada de muco na superfície epitelial. Vias Neuronais do Olfacto 42 Apontamentos Anatomofisiologia I Os axónios dos neurónios olfactivos entram no bulbo olfactivo onde fazem sinapse com as células mitrais, estas transmitem a informação olfactiva ao cérebro através das vias auditivas e fazem sinapse com os neurónios de associação no bulbo olfactivo. Os neurónios de associação podem modificar a informação olfactiva antes de ela abandonar o bulbo olfactivo O olfacto é a única grande sensação que é directamente transmitida ao córtex cerebral, sem ir primeiro ao tálamo. Cada via olfactiva termina numa área do encéfalo chamado de córtex olfactivo, que se localiza junto do rego se Silvius do cérebro, esta área pode dividir-se em três regiões: Área olfactiva externa que está envolvida na percepção consciente do cheiro Área olfactiva interna que esta envolvida nas reacções emocionais e viscerais a odores e tem conexões com o sistema límbico, através do qual se liga ao hipotálamo Área olfactiva intermédia estendem-se ao longo das vias olfactivas, para o bulbo fazem sinapse com neurónios de associação, sendo a informação modulada pelo bulbo olfactivo. Paladar Botões gustativos são estruturas sensoriais que detectam estímulos gustativos Estão associados a zonas especializadas na língua designadas de papilas Há quatro tipos principais de papilas: Papilas Caliciformes ou Papilas Circunvaladas, são as maiores mas em menor número. 8 a 10 destas papilas localizam-se em V entre os 2/3 anteriores e 1/3 posterior da língua Papilas Fungiforme, localizam-se irregularmente em toda a superfície posterior da língua, surgindo como pequenas manchas vermelhas dispersas entre as papilas filiformes. Papilas Foliadas, distribuem-se sobre os lados da língua e contêm os mais sensíveis dos botões gustativos Papilas Filiformes, são as mais numerosas Vias Neuronais para o Paladar Os nervos VII, IX, X e corda do tímpano transportam a informação gustativa Estes estendem-se dos botões gustativos para o núcleo do feixe solitário no bulbo As fibras destes núcleos decussam e estendem-se até ao tálamo 43 Apontamentos Anatomofisiologia I Do tálamo projectam-se para a área do paladar no córtex, localizada no extremo inferior das circunvoluções pós-central. Sistema Visual Inclui os olhos, estruturas acessórias e nervos, feixes e vias ópticas. Respondem á luz e iniciam sinais aferentes, que são transmitidas dos olhos para o encéfalo pelos nervos e vias ópticas Estruturas Acessórias Sobrancelhas Pálpebras O espaço entre as pálpebras designa-se de fenda palpebral e onde as pálpebras se juntam designa-se de cantos O canto interno possui uma pequena elevação rosa-avermelhada chamada de carúncula lacrimal, também contém algumas glândulas sebáceas e sudoríparas modificadas. A pálpebra é constituida por cinco camadas (da superfície para a profundidade): Delgada camada tegumentar na superfície anterior Uma fina camada de tecido conjuntivo de tecido conjuntivo areolar Uma camada de músculo esquelético constituído pelo músculo do orbicular dos olhos e pelo levantador da pálpebra superior Uma camada em forma de crescente conjuntivo denso chamado tarso, que ajuda a manter a forma da pálpebra A conjuntiva palpebral que forra a superfície posterior da pálpebra, e a conjuntiva bulbar que forra a porção anterior do globo ocular Aparelho lacrimal Tem uma glândula lacrimal, que produz lágrimas que a abandonam por diversos ductos e passam sobre a superfície anterior do globo ocular. Se houver excesso de lágrimas este é recolhido no canto interno do olho por canais ou ductos lacrimais. A abertura do canal lacrimal designa-se de ponto lacrimal e existe um em cada uma das pálpebras. 44 Apontamentos Anatomofisiologia I Cada ponto lacrimal localiza-se numa pequena protuberância chamada papila lacrimal Anatomia do Olho O olho é composto por três camadas: Camada externa ou túnica fibrosa: é composta por esclerótica que é a parte mais externa do olho, a parte branca. Ajuda a manter a forma do olho, protege as suas estruturas internas e ainda constitui um ponto de inserção dos músculos que movem os olhos. Tem na parte mais anterior a córnea que é uma estrutura não vasculada e transparente que permite a entrada da luz nos olhos. Faz parte do sistema de focagem dos olhos Camada média ou túnica coroideia ou túnica músculo-vascular: onde se encontra a maior parte dos vasos sanguíneos. A porção da túnica que se relaciona com a esclerótica é designada de coroideia. O corpo ou zona ciliar é contínuo da coroideia e a íris insere-se pela sua grande circunferência, no corpo ciliar. O corpo ciliar consiste numa coroa ciliar, mais exterior e num grupo de processos ciliares, mais interiores que estão ligados ao cristalino pelos ligamentos suspensores do cristalino. Os músculos ciliares funcionam como esfíncter e a sua contracção modifica a forma do cristalino. A íris é a parte colorida do olho, rodeia uma abertura que se designa de pupila. Regula a entrada de luz, controlando o tamanho da pupila. Tem dói grupos de músculos: um grupo circular, chamado esfíncter pupilar e um grupo radial chamado dilatador da pupila. Camada interna ou túnica nervosa, composta pela retina. Tem uma retina mais externa designada de retina pigmentada e a retina sensorial mais interna. A retina sensorial tem células fotoreceptoras chamadas de bastonetes em grande número e cones em menos número mais ainda assim muito abundantes. Perto do centro da retina posterior está uma pequena mancha amarela designada de mácula lútea. No centro da mácula lútea está uma pequena depressão chamada de fóvea central que é o ponto em que a luz é focada, é esta a zona com maior capacidade para imagens finas porque as células fotoreceptoras são mais abundantes nesta zona do que noutra zona da retina. 45 Apontamentos Anatomofisiologia I Um pouco mais para dentro na mácula lútea tem uma mancha branca chamada de papila óptica por onde os vasos sanguíneos passam, esta mancha não contém células fotoreceptoras é por isso chamada de ponto cego do olho. Compartimentos do Olho Há dois compartimentos principais: Um compartimento posterior ao cristalino que está cheio de humor vítreo Um compartimento anterior ao cristalino, este subdivide-se em duas câmaras, que estão cheias de humor aquoso: Uma câmara anterior que fica entre a córnea e a íris Uma câmara posterior que fica entre a íris e o cristalino O humor aquoso ajuda a manter a pressão intra-ocular, faz refracção da luz e fornece nutrientes às estruturas das câmaras anteriores, como a córnea. É produzido pelos processos ciliares, como um filtrado do sangue, e regressa á circulação através de um anel venoso na base da córnea chamado canal de Schlemm ou seio venoso escleral. O humor vítreo não é produzido tão rapidamente como o humor aquoso e a sua renovação é extremamente lenta. Vias Neuronais da Visão O II nervo raquidiano deixa o olho e sai da orbita pelo buraco óptico, entrando na caixa craniana Os nervos ópticos entram em conexão um com o outro no quiasma óptico Os axónios das células ganglionares da porção interna da retina cruzam o quiasma óptico e projectam-se para o lado oposto do encéfalo Os axónios das células ganglionares da porção externa da retina atravessam os nervos ópticos e projectam-se para o encéfalo do mesmo lado do corpo, sem cruzar. Os axónios passado o quiasma óptico formam as fitas ópticas que terminam no núcleo geniculado externo do tálamo. Os que não terminam no tálamo separam-se das vias ópticas terminando do tubérculo quadrigémio superior, que é o centro dos reflexos iniciados pelos estímulos visuais Os neurónios dos núcleos geniculado externos formam fibras das radiações ópticas, que se projectam para o córtex visual no lobo occipital. Audição e Equilíbrio 46 Apontamentos Anatomofisiologia I Composto por ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno: Ouvido externo é composto por: pavilhão auricular que contribui para a recolha do som, canal auditivo externo que está pavimentado por pêlos e glândulas ceruminosas que produzem cerúmen, termina na membrana do tímpano que é uma membrana semitransparente as ondas que atravessa o canal auditivo externo ao atingir a membrana faz com que esta vibre. Ouvido médio é uma cavidade cheia de ar, que contêm duas aberturas que são passagem ao ar para dentro do ouvido médio, duas janelas que o separam do ouvido interno e dos ossinhos do ouvido, martelo, bigorna e estribo. Duas aberturas que dão passagem ao ar para o ouvido médio são: células mastoideias e a trompa de Eustáquio; As duas janelas que separam o ouvido médio do ouvido interno são: janela oval e janela redonda Os ossinhos do ouvido martelo, bigorna e estribo passam a vibração que vem do ouvido externo para o ouvido interno. O cabo do martelo está ligado á superfície interior da membrana do tímpano e a vibração do tímpano provoca uma vibração concomitante do martelo. A cabeça do martelo está ligada, por uma articulação sinovial muito pequena, á bigorna. A bigorna está ligada ao estribo por uma articulação sinovial também muito pequena. A base do estribo está encaixada na janela oval e é mantida no lugar por um ligamento anular. Ouvido interno em que os canais ósseos no interior do osso temporal chamam-se de labirinto ósseo que é forrado por periósteo. No interior do labirinto ósseo, encontra-se um conjunto de túneis e câmaras com a mesma forma mas mais pequenos, conhecido por labirinto membranoso, este está preenchido por endolinfa, enquanto o espaço entre os labirintos membranoso e o periósteo está preenchido por perilinfa. O labirinto ósseo pode dividir-se em três partes: cóclea, vestíbulo e canais semicirculares. Em que estes últimos estão mas relacionados com o equilíbrio e a cóclea com a audição. O labirinto membranoso divide-se em três partes: rampa vestibular, rampa timpânica e o canal coclear. 47 Apontamentos Anatomofisiologia I A janela oval comunica com o vestíbulo que por sua vez comunica com uma câmara coclear, a rampa vestibular que se estende da janela oval até ao helicotrema que fica no ápex da cóclea. A rampa timpânica estende-se do helicotrema até á janela redonda, paralelamente á rampa vestibular A rampa vestibular e a rampa timpânica são os espaços preenchidos por perilinfa entre as paredes do labirinto ósseo e membranoso As paredes ósseas de cada uma destes canais estão cobertas por uma camada de epitélio pavimentoso simples que se liga ao periósteo do osso. A parede do labirinto membranoso que se liga á rampa vestibular chama-se de membrana vestibular A parede do labirinto membranoso que se liga á rampa timpânica chama-se de membrana basilar O espaço entre a membrana vestibular e a membrana basilar situase no interior do labirinto membranoso chama-se canal coclear e está preenchido de endolinfa. As células no interior do canal coclear são altamente modificadas, de modo a formar uma estrutura chamada de órgão Corti. O órgão de Corti contém células de suporte e células sensoriais especializadas chamadas de células pilosas, que têm projecções especializadas os pêlos acústicos. As células pilosas dispõem-se em quatro longas filas que se estendem, a todo o comprimento do canal coclear. As pontas dos pêlos estão embebidas numa estrutura gelatinosa chamada de membrana tectoria Existem dois pequenos músculos esqueléticos ligados aos ossinhos auditivos que amortecem reflexamente os sons altamente altos O músculo tensor do tímpano que está ligado ao martelo O músculo estapédio que está ligado ao estribo Funções Auditivas Volume é a função da amplitude ou altura da onda medida em decibéis. Tonalidade é a função da frequência das ondas medida em hertz Timbre é a qualidade de ressonância ou das tonalidades superiores do som Vias Neuronais para a Audição 48 Apontamentos Anatomofisiologia I Os axónios sensoriais do gânglio coclear terminam no núcleo coclear no tronco cerebral Os axónios dos neurónios no núcleo coclear projectam-se para o núcleo olivar superior ou para o tubérculo quadrigémio inferior Os axónios do tubérculo quadrigémio inferior projectam-se para o núcleo geniculado interno do tálamo Os neurónios talâmicos projectam-se para o córtex auditivo Os neurónios do núcleo olivar superior enviam axónios para o tubérculo quadrigémio inferior, de volta para o ouvido interno, ou para os núcleos motores do tronco cerebral, que enviam fibras eferentes para os músculos do ouvido médio. Equilíbrio Os órgãos do equilíbrio pode dividem-se em dois labirintos: labirinto estático e labirinto cinético: Labirinto estático é constituído por Utrículo e pelo Sáculo do vestíbulo, está envolvido na avaliação da posição da cabeça em relação com a gravidade O utrículo e o sáculo contêm, cada um deles, uma mancha de epitélio especializado chamado de mácula. A mácula do utrículo orienta-se paralelamente á base do crânio e a mácula do sáculo orienta-se perpendicular á base do crânio As máculas, assemelham-se ao órgão espiral e consistem em células cilíndricas de suporte e células pilosas. Os pêlos das células pilosas são constituídos por inúmeras microvilosidades chamadas de estereocílios e por um único cílio chamado de cinocílio. Estas microvilosidades estão implantadas numa massa gelatinosa, com otolitos. A massa gelatinosa move-se em resposta á gravidade o que faz com que as microvilosidades também se movam, a avaliação é feita pelo movimento relativo dos estereocílios com o cinocílio. Labirinto cinético que está associado aos canais semicirculares e está implicado na avaliação do movimento da cabeça. É constituído pelos canais semicirculares, colocados quase em ângulos rectos uns em relação aos outros. Aproximando-se um do plano transversal, outro do plano frontal e outro do plano sagital A base de cada canal expande-se numa ampola, em que dentro de cada ampola temos epitélio especializado formando a crista ampular. 49 Apontamentos Anatomofisiologia I Cada crista ampular é constituída por uma prega de epitélio com uma massa gelatinosa por cima designada de cúpula, esta não contem otolitos logo não responde á gravidade, mas sim pelo movimento dos líquidos dos canais Vias Neuronais do Equilíbrio Os axónios sensoriais do gânglio vestibular passam através do nervo vestibular para o núcleo vestibular, que também recebe estímulos de diversas outras fontes, como a propriocepção dos membros inferiores. Os neurónios vestibulares enviam projecções para o cerebelo que controla os músculos posturais, e para os músculos motores que controlam os músculos extrínsecos do olho. Os neurónios vestibulares também se projectam para o núcleo ventral posterior do tálamo. Os neurónios talâmicos projectam-se para a área vestibular do córtex. Sistema Nervoso Autónomo Tem dois neurónios que se estendem entre o SNC e os órgãos inervados. Os primeiros neurónios de cada série designam-se de neurónios préganglionares em que os seus corpos celulares localizam-se no tronco cerebral ou na medula espinhal e os seus axónios constituem os nervos para os gânglios autonómicos localizados no exterior do SNC. Os segundos neurónios designam-se de neurónios autonómicos que se designam por neurónios pós-ganglionares. Os neurónios pré-ganglionares fazem sinapse com os neurónios pósganglionares no gânglio autonómico. Anatomia do Sistema Nervoso Autónomo O SNA divide-se em sistema simpático, sistema parassimpático e sistema entérico O sistema nervoso entérico é uma rede complexa de corpos celulares neuronais e axónios na parede do tubo digestivo. As divisões simpáticas e parassimpáticas diferem: na localização dos corpos celulares dos neurónios pré-ganglionares no SNC e na localização dos gânglios autonómicos. Sistema Simpático 50 Apontamentos Anatomofisiologia I Os corpos celulares dos neurónios pré-ganglionares encontram-se na substância cinzenta dos cornos laterais da medula espinhal. Os axónios simpáticos saem da cadeia ganglionar simpática por quatro vias: Nervos raquidianos Nervos simpáticos Nervos esplâncnicos Inervação da glândula supra-renal Cerca de 80% das células contêm adrenalina e 20% das células contém noradrenalina Na estimulação destas células pelos axónios pré-ganglionares provoca a libertação de grandes quantidades de adrenalina e de alguma noradrenalina. Estas substâncias circulam no sangue e afectam todos os tecidos que tenham receptores a que se possam ligar A resposta geral á adrenalina e noradrenalina libertada da medula supra-renal é a preparação do individuo para a actividade física. Sistema Parassimpático Os neurónios pré-ganglionares parassimpáticos localizam-se superior e inferiormente ás regiões torácicas e lombar da medula espinhal, onde se localizam os neurónios pré-ganglionares do simpático. Os gânglios terminais estão perto ou já dentro da parede dos órgãos inervados pelos neurónios do parassimpático. Muitos dos gânglios parassimpáticos têm dimensões reduzidas, mas alguns, como é o caso dos que se encontram na parede do tubo digestivo, são grandes. Distribuição das Fibras Nervosas Autonómicas As principais formas de os axónios simpáticos atingirem os órgãos são as seguintes: Nervos raquidianos Plexos da cabeça e pescoço Plexos nervosos torácicos Plexos nervosos abdómino – pélvico As principais formas de os axónios parassimpáticos atingirem os órgãos são as seguintes: Nervos cranianos na cabeça e pescoço Nervo vago e plexos nervosos torácicos Plexos nervosos abdominais Nervos pélvicos e plexos nervosos pélvicos 51 Apontamentos Anatomofisiologia I Fisiologia do Sistema Nervoso Autónomo Neurotransmissores Se o neurónio segregar acetilcolina, trata-se de um neurónio colinérgico Se o neurónio segregar noradrenalina trata-se de um neurónio adrenérgico Receptores Receptores Colinérgicos são receptores que se ligam a acetilcolina. Pode ter duas formas: receptores nicotínicos e receptores muscarínicos Receptores Adrenérgicos são receptores que se ligam a noradrenalina. Pode dividirse em duas categorias estruturais: receptores alfa e receptores beta Grande parte da regulação das estruturas pelo SNA ocorre através dos reflexos autonómicos, mas a estimulação provenientes do cérebro, hipotálamo e outras áreas do encéfalo permite que pensamentos e acções conscientes, emoções e outras actividades do SNC influenciam as funções autónomas. Sem a actividade reguladora do SNA, o indivíduo fica com reduzida capacidade para manter a homeostase e sucumbe prontamente a alterações súbitas das condições ambientais. Generalizações Funcionais sobre o Sistema Nervoso Autónomo Efeitos Estimulatórios Vs Efeitos inibitórios Inervação dupla Efeitos opostos Efeitos de cooperação Efeitos Gerais Vs Efeitos Localizados Funcionamento em Repouso Vs Actividade 52