AVALIAÇÃO DE SUBSTRATOS PARA MUDAS DE PUPUNHEIRA (Bactris gasipaes H. B. K.) EM TUBETES Edson Lopes Reis1; George Andrade Sodré1; Maria das Graças Parada Costa Silva1; Manoel Aboboreira Neto2 1 Pesquisadores Ceplac/Cepec. Caixa Postal 07 45.600-970 Itabuna, Bahia. [email protected]; [email protected]; [email protected] 2Eng. Agr. Gerente Agrícola da Inaceres Uruçuca, BA. [email protected] INTRODUÇÃO A região sul do estado da Bahia vem despontando como pólo produtor de pupunheira para industrialização do palmito, com mais de 5000 ha, em 2007. Por se tratar de espécie de rápido crescimento têm ocorrido problemas no preparo das mudas com a qualidade das mesmas, os quais estão diretamente relacionados com o uso de substratos, tipos de fertilizantes e nutrição mineral das plantas. De acordo com Bovi et al. (1993) é de extrema importância selecionar substratos que favoreçam a produção de número razoável de lançamentos para otimização da produção de palmito. O uso de substratos em tubetes contribui para melhorar a qualidade das mudas de diferentes espécies vegetais. Trabalhos com tubetes para produção de mudas de seringueira realizados por Reis (1991) recomenda misturar 80% de serragem e 20% de solo para obtenção de melhor desenvolvimento de plântulas. A serragem armazenada por longo período ao ar livre pode ser usada como substrato para plantas sem necessidade de compostagem. No entanto, Burés (1997) recomenda a prévia compostagem da serragem de madeira recém processada a fim de eliminar compostos de fitotoxicidade reconhecida, como é o caso do tanino e resinas. Por outro lado Sodré et al. (2005), trabalhando com serragem e determinando a condutividade elétrica CE em soluções lixiviadas em volumes de 100 mL, verificaram que os valores de CE estiveram sempre abaixo de 0,6 dS m-1. Esses autores recomendaram preparo de substrato nas proporções serragem e areia de 4:1 e 2:1 para produção de mudas de cacau. O esterco de curral e a casca de café são fontes de matéria orgânica recomendados para formação de mudas de pupunha (Bovi, 1998). Por outro lado, a fibra de pupunha (FP) é um resíduo que após compostado constitui-se em excelente fonte de matéria orgânica que pode ser usada como substrato e desta maneira se reduz o custo de produção das mudas. A fibra de coco (FC) possui características de retenção de água e porosidade que a classificam como importante material para compor substratos para plantas. Até pouco tempo, materiais com altos valores de condutividade elétrica (CE), como a FC, tiveram os seus usos limitados devido aos elevados níveis de salinidade. No entanto, hoje o problema já se resolve com uso de fibra oriunda de regiões não costeiras e/ou com processo de lavagem antes do uso como substrato. Este trabalho teve com objetivo avaliar a influência de diferentes substratos sobre o desenvolvimento de plântulas de pupunha em tubetes. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido em viveiro da INACERES, município de Uruçuca Bahia. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com sete tratamentos, quatro repetições e 20 plantas úteis de um total de 54 plantas por parcela. Os tratamentos consistiram de substratos para desenvolvimento das mudas de pupunha apresentados na Tabela 1. As plântulas foram selecionadas no germinador quando iniciaram a germinação (emissão do epicótilo). As que não apresentarem qualidade de desenvolvimento foram descartadas. As plântulas foram transplantadas em tubetes com 20 cm de altura e 6 cm de diâmetro com capacidade para 288 cm3 e mantidas em viveiro. Tabela 1. Composição de substratos, utilizadas para avaliação do desenvolvimento de mudas de pupunha. Tratamento Fibra Coco Fibra pupunha Plantmax Serragem Fibra pupunha (FC) compostada (FPC) (Pmax) madeira (SER) seca (FPS) .....................................................%....................................................... 01 FC 100 02 FC+FPC 80 20 03 FC+Pmax 80 20 04 SER 100 05 SER+FPC 20 80 06 SER+Pmax 20 80 07 FC+FPS 80 20 Cada mistura foi preparada em betoneiras com 80 litros, suficiente para 216 tubetes para cada tratamento. Os substratos receberam adubação antes do plantio na forma e na quantidade de 300 g de superfosfato triplo e 300 g de osmocote para cada 80 litros da mistura em todos os tratamentos. Após a repicagem, aos 45 dias efetuou adubação nitrogenada quinzenal, por meio de pulverização na razão de 50 g de uréia para 10 litros de água, a partir dos 105 dias até aos 180 dias realizou quinzenalmente adubação nitrogenada e potássica, por meio de pulverização de 70 g de uréia e 40 g de cloreto de potássio para 10 litros de água. A aplicação de 10 litros de solução foi suficiente para cada tratamento. Para avaliação de resultados foram registradas aos quatro e seis meses, as seguintes variáveis de respostas: altura da planta, diâmetro do coleto e numero de folhas. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste SNK a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados apresentados na Tabela 2 mostram efeito significativo para os tratamentos observando-se que o substrato 3 (80% FC + 20% de Pmax) proporcionou maior altura, diâmetro do coleto e número de folhas das mudas de pupunha aos seis meses de idade, embora não tenha diferido estatisticamente do substrato 2 (80% FC + 20% FPC) para o diâmetro do coleto, o substrato 3 também foi superior demais. A FC não apresentou boa resposta quando usada pura ou misturada a FPS, resultado que pode ser atribuído à salinidade natural da FC ou a fermentação da FPS durante o período de crescimento das mudas. Tabela 2- Influencia de substratos no desenvolvimento da altura da planta e diâmetro do coleto e numero de folhas de mudas de pupunha aos quatro e seis meses de idade. Altura Diâmetro Nº Folhas Tratamentos 1 - 100%FC 4 meses 6 meses 4 meses 6 meses 4 meses 6 meses ..............cm........... .............cm........... .............un........... 5,29b 0,54b 3,36c 6,71b 0,54c 3,67b 2 - 80%FC+20%FPC 7,89ab 8,44b 0,74ab 0,81ab 3,83ab 3,85b 3 - 80%FC+20PMax 8,66a 10,30a 0,83a 0,92a 3,94a 4,45a 4 - 100%SER 6,06b 7,41b 0,71ab 0,65bc 3,48c 3,77b 5 - 80%SER+20%FPC 5,48b 6,94b 0,56b 0,58c 3,20c 3,50b 6 - 80%SER+20%PMax 6,42b 7,33b 0,63ab 0,66bc 3,59bc 3,75b 7 – 80%FC+20%FPS 5,58b 7,18b 0,56b 0,61bc 3,37c 3,71b CV % 12 12 11 11 4 4 FC: Fibra de coco; FPC: fibra de pupunha compostada; Pmax (substrato comercial Plantmax); SER: Serragem; FPS: fibra de pupunha seca. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste SNK a 5%. Os resultados indicam que a mistura de substratos tende a ser melhor para o crescimento de mudas de pupunha em comparação com os materiais usados de forma simples. Uma possível explicação para a melhor desempenho da mistura é devido a melhor distribuição de poros, conseqüência das diferentes granulometrias, em comparação com materiais simples. Esse resultado é corroborado por Silva et al. (2006) que observaram em substratos com proporções iguais de solo (Latosolo roxo), areia e esterco e o Plantmax em hortaliças o crescimento inicial mais vigoroso para plântulas de pupunha. Por outro lado, Martins et al. 2005, utilizando substrato de solo homogeneizado misturado a esterco ovino, obtiveram os melhores resultados quanto à relação entre o número de lançamentos foliares e a altura das mudas, porém apresentou resultados negativos com a presença de antracnose. Reis et al. 2010 concluíram que o substrato composto de 80% de solo argiloso mais 20% de fibra de pupunha compostada propiciaram melhor desenvolvimento das mudas de pupunha em sacos de polietileno. Desta maneira conclui-se que o substrato composto de 80% de fibra de coco mais 20% de plantmax propiciou um melhor desenvolvimento das mudas de pupunha em tubetes aos seis meses de idade. REFERÊNCIAS BOVI, M.L.A. et al. Seleção precoce em pupunheira (Bactris gasipaes H.B.K.) para produção de palmito. In CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE BIOLOGIA, AGRONOMIA E INDUSTRIALIZACION DEL PIJUAYO. 4. , 1991, Iquitos, San José: Editorial de la Universidad de costa Rica, p. 177- 185, 1993. BOVI, M.L.A. Palmito Pupunha: Informações Básicas para Cultivo. Campinas (SP) I.A.C. (Boletim Técnico) p. 173, 1998. BURÉS, S. Sustratos. Agrotécnicas, Madri 342p, 1997. MARTINS, S.S., et al. Alternativas de substratos para produção de mudas de pupunheira. Colombo (PR) Comunicado Técnico. 2005. REIS, E.L. et al. Influência de substratos e adubação sobre o crescimento de plântulas de pupunheira enviveiradas. Agrotrópíca Itabuna, BA, v. 22 n. 2: p. 61- 66, 2010. REIS, E.L. Processo de obtenção de mudas de seringueira em tubetes. I. Influência de diferentes substratos e adubações. Agrotrópica Itabuna, BA, v. 3, n. 2; p. 81- 86, 1991. SODRÉ, G.A. et al. Características químicas de substratos utilizados na produção de mudas de cacaueiros. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, SP, v. 27 n. 3, p. 514-516, 2005. SODRÉ, G.A.; CORÁ, J.E.; SOUZA JÚNIOR, J.O. Caracterização física de substratos à base de serragem e recipientes para crescimento de mudas de cacaueiro. Revista Brasileira de Fruticultura, n. 29 n. 2, p. 339-344, 2007.