A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR EM CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO. Méssia Pádua Almeida Bandeira – Orientadora – NOVAFAPI Raquel Martins Maia - NOVAFAPI Thayse Cardoso de Melo - NOVAFAPI INTRODUÇÃO O câncer, nas últimas décadas, tem sido considerado uma das doenças mais imprevisíveis e temidas, em detrimento das condições e das camadas sociais. É uma neoplasia maligna a qual, se não tratada em tempo, pode comprometer estruturas adjacentes ou evoluir com metástase para regiões e órgãos. O tipo de câncer em cabeça e pescoço mais freqüentemente encontrado é o carcinoma epidermóide e sua etiologia está relacionada geralmente ao consumo de álcool e tabaco, exposições ambientais e casos de câncer na família. (NEMR e LEHN, 2004). A área de cabeça e pescoço tem se destacado na fonoaudiologia pela importância das alterações na comunicação decorrentes dos tratamentos oncológicos. Em câncer de cabeça e pescoço, o fonoaudiólogo depara-se com alterações anatomofisiológicas que podem trazer como conseqüência dificuldades nas funções vitais (respiração, deglutição, mastigação e fonação), como também nas secundárias (salivação, gustação, aparência facial e corporal). A fonação fica comprometida pela falta da laringe, onde se encontrava a prega vocal, principal estrutura responsável pela sonorização do ar expelido pelos pulmões. A perda da voz laríngea é o maior impacto sofrido, pois é o principal meio de comunicação do indivíduo. A voz representa a identidade do indivíduo e a sua retirada compromete o indivíduo biologicamente, emocionalmente e socialmente. (BEHLAU et. al, 2005). Portanto, neste trabalho citaremos, teoricamente, aspectos relacionados ao câncer de cabeça e pescoço, como: etiologia, incidência, sintomas, prevenção e tratamento e a relação de multidisciplinaridade dos profissionais envolvidos. Vale ressaltar que, o trabalho fonoaudiológico em conjunto com outros profissionais é necessário devido às seqüelas que estas cirurgias acarretam. O trabalho multidisciplinar envolve profissionais de diversas áreas como cirurgiões de cabeça e pescoço, enfermeiros, dentistas buco-maxilofaciais, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos, radioterapeutas, e otorrinolaringologistas (NEMR, 2005). A reabilitação fonoaudiológica desses pacientes visa proporcionar uma nova forma de comunicação alternativa, reintegração social e familiar através de uma comunicação oral satisfatória, apesar do impacto da cirurgia interferir evidentemente na qualidade de vida desses pacientes. Portanto, a perda da comunicação e a modificação do processo alimentar envolvem uma reorganização da visão do indivíduo sobre si mesmo, das suas relações e do mundo. O histórico da atuação fonoaudiológica junto aos pacientes oncológicos é “anônimo” frente ao quadro de profissionais oficiais nas instituições hospitalares. Portanto, é necessário mostrar aos profissionais que compõem a equipe de cirurgia de 2 cabeça e pescoço sobre a importância do encaminhamento fonoaudiológico, que poderá contribuir de uma forma bastante eficaz na melhora da qualidade de vida dos pacientes com câncer. OBJETIVO GERAL Conhecer a percepção da equipe multidisciplinar a respeito da ação do fonoaudiólogo junto a pacientes com câncer de cabeça e pescoço em hospital especializado. METODOLOGIA O trabalho de investigação bibliográfico e de campo dá oportunidade ao estudante em explorar determinado tema ou problema, levando-o a um estudo com maior ou menor profundidade e/ou extensão. Possibilita ao estudante o desenvolvimento de sua capacidade de coletar, organizar e relatar informações obtidas e de analisar e interpretar os dados de maneira lógica, a fim de apresentar conclusões. O cientista, em sua tarefa de descobrir e criar necessita num primeiro momento questionar (DEMO, 1991). Esse questionamento nos permite ultrapassar a simples descoberta para, através da criatividade, produzir conhecimento. A pesquisa utilizou a aplicação de questionário escrito padronizado, autoaplicável composto de 11 perguntas de múltipla escolha, durante entrevista previamente agendada, nos diversos setores do Hospital São Marcos (HSM) na cidade de Teresina, no período de agosto a outubro de 2006. Fez parte do estudo uma amostra de 30 profissionais que compõem a equipe multidisciplinar do HSM, de ambos os sexos, faixa etária variável e de diversas especialidades (cirurgiões de cabeça e pescoço, enfermeiros, dentistas buçomaxilofaciais, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, radioterapeutas, otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos). As respostas aos questionários serão concedidas após prévia autorização dos sujeitos da entrevista na forma de um consentimento livre e esclarecido (anexo 1), na qual será explicado os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes, segundo resolução nº 196/196 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Após o consentimento livre e esclarecido, ser assinado iremos fazer a aplicação do questionário (anexo 2). Em cada entrevista a pesquisadora participará passivamente esclarecendo o termo de consentimento e o questionário. Em seguida, realizaremos a consolidação dos dados obtidos a partir das respostas ao questionário aplicado, inferindo os participantes sobre a importância da atuação fonoaudiológica dentro da equipe multidisciplinar, sendo analisado através de descrição gráfica. Como procedimento ético metodológico, o projeto foi conduzido ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade NOVAFAPI e do Hospital São Marcos – HSM recebendo aprovação da NOVAFAPI em 23 de Agosto de 2006 (Apêndice), processo CAAE nº 0011.0.043.000-06 e do HSM em 10 de Outubro de 2006. CONCLUSÃO Os resultados parciais ainda serão submetidos a análise. 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEHLAU, Mara et al. Laringectomizado – Informações Básicas. Rio de Janeiro: Revinter, 2003. _______. Disfonias por Câncer de Cabeça e Pescoço. In: BEHLAU, Mara. Voz: O Livro do Especialista. Vol II. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. p. 213 – 273. _______; GONÇALVES, Maria I. Reabilitação Fonoaudiológica nas Laringectomias Parciais. 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