Instituto Superior de Teologia Aplicada Faculdade de Medicina Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral – LACMS 2 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral LACMS Professores Orientadores: Francisco Olon Leite Júnior Geison Vasconcelos Lira Joaquim David Carneiro Neto Tárcilla Pinto Passos Bezerra Membros Fundadores: Anna Hellen Rodrigues e Silva – Diretora de Extensão Carlos Eduardo Barros Moraes – Diretor de Comunicação e Marketing Fernanda Susy Bessa Menezes Cavalcante – Diretora Científica Joaquim Alves Carvalho Júnior – Secretário Geral Lara Martins Rodrigues - Presidente Laysla Bomfim de Araújo Rodrigues – Diretora de Ambulatório Melissa Melo Magalhães – Diretora Financeira Raissa Reginaldo Pinheiro – Vice Presidente Manual LACMS 3 4 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Juramento de Hipócrates "Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Higeia e Panaceia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça." Hipócrates Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Índice Manual LACMS 5 6 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Introdução APOSTOLADO DE MEDICINA "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe cora à porta que procure outro, - esse não é médico, é negociante da medicina, que trabalha para receber capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vais-e-vens da vida". Dr. Afolfo Bezerra de Menezes Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Cronograma do Semestre 2015.2: Semana 1 Segunda 07/09 Terça 08/09 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração Manhã LACMS Quarta Quinta 10/09 09/09 Sexta 11/09 Sábado 12/09 Domingo 13/09 Sexta 18/09 Sábado 19/09 Domingo 20/09 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde 18h – Reunião de Aprimoramento LACMS Noite Semana 2 Manhã Segunda 14/09 Terça 15/09 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração LACMS Quarta Quinta 17/09 16/09 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Noite 18h – Apresentação da LACMS e do manual; Manual LACMS 7 8 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Semana 3 Segunda 21/09 Terça 22/09 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração Manhã LACMS Quarta Quinta 24/09 23/09 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Sexta 25/09 Sábado 26/09 Domingo 27/09 Sexta 02/10 Sábado 03/10 Domingo 04/10 Tarde 18h – Seminário 1: Calazar; GD 1: Calazar; Ligantes: Anna Hellen e Raissa Pinheiro; Professor: Olon Júnior Noite Semana 4 Manhã Segunda 28/09 Terça 29/09 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração LACMS Quarta Quinta 01/10 30/09 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Noite 18h – Discussão de Trabalhos Científicos; Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Semana Segunda 5 05/10 Terça 06/10 LACMS Quarta Quinta 08/10 07/10 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração Manhã Sexta Sábado Domingo 09/10 10/10 11/10 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Sistema Musculoesquelético 18h – Seminário 2: Lúpus Eritematoso Sistêmico; GD 2: Lúpus; Ligantes: Carlos Eduardo e Fernanda Susy; Professor: Geison Lira Noite Semana 6 Manhã Segunda 12/10 Terça 13/10 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração LACMS Quarta Quinta 15/10 14/10 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Semana Acadêmica Noite Manual LACMS Sexta 16/10 Sábado 17/10 Domingo 18/10 9 10 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Semana 7 Segunda 19/10 Terça 20/10 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração Manhã LACMS Quarta Quinta 22/10 21/10 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Sexta 23/10 Sábado 24/10 Domingo 25/10 Sexta 30/10 Sábado 31/10 Domingo 01/11 Tarde Sistema Respiratório 18h – Seminário 3: Pneumonia; GD 3: DPOC; Ligantes: Anna Hellen e Raissa Pinheiro; Professor: Olon Júnior Noite Semana 8 Manhã Segunda 26/10 Terça 27/10 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração LACMS Quarta Quinta 29/10 28/10 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Noite Sistema Cardiovascular 18h – Seminário 4: ICC; GD 4: ICC; Ligantes: Lara Martins e Melissa Melo; Professor: David Carneiro Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Semana 9 Segunda 02/11 Terça 03/11 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração Manhã LACMS Quarta Quinta 05/11 04/11 Sexta 06/11 Sábado 07/11 Domingo 08/11 Sábado 14/11 Domingo 15/11 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Sistema Cardiovascular 18h – Conferência: Síndromes Coronarianas Agudas; Professor: David Carneiro Noite Semana 10 Manhã Segunda 09/11 Terça 10/11 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração LACMS Quarta Quinta 12/11 11/11 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Noite 18h – Discussão de Trabalhos Científicos; Manual LACMS Sexta 13/11 11 12 Semana 11 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Segunda 16/11 Terça 17/11 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração Manhã LACMS Quarta Quinta 19/11 18/11 Sexta 20/11 Sábado 21/11 Domingo 22/11 Sexta 27/11 Sábado 28/11 Domingo 29/11 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Sistema Digestório 18h – Seminário 5: Doença Inflamatória Intestinal; GD 5: Doença Inflamatória Intestinal; Ligantes: Joaquim Júnior e Laysla Bomfim; Professor: Olon Leite Noite Semana 12 Manhã Segunda 23/11 Terça 24/11 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração LACMS Quarta Quinta 26/11 25/11 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Noite Sistema Nervoso 18h – Conferência: Doença Isquêmica; GD: AVC; Professor: Espártaco Ribeiro Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Semana 13 Segunda 30/11 Terça 01/12 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração Manhã LACMS Quarta Quinta 03/12 02/12 Sexta 04/12 Sábado 05/12 Domingo 06/12 Sexta 11/12 Sábado 13/12 Domingo 14/12 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Sistema Urinário 18h – Seminário 6: Infecção Urinária; GD 6: Infecção Urinária; Ligantes: Lara Martins e Melissa Melo; Professor: Olon Júnior Noite Semana 14 Manhã Segunda 07/12 Terça 08/12 Ambulatório: Prof. David Carneiro Local: Hospital do Coração LACMS Quarta Quinta 10/12 09/12 Ambulatório: Prof. Geison Lira Local: Centro de Reabilitação Tarde Noite 18h – Encerramento do Semestre Manual LACMS 13 14 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Equipes Anna Hellen Rodrigues e Silva e Raissa Reginaldo Pinheiro Carlos Eduardo Barros Moraes e Fernanda Susy Bessa Menezes Cavalcante Joaquim Alves Carvalho Júnior e Laysla Bomfim de Araújo Rodrigues Lara Martins Rodrigues e Melissa Melo Magalhães Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Casos Clínicos Caso 1 – Leshimaniose Visceral (Calazar): ID: KAS, masculino, 03 anos, negro, natural e procedente de Cariré-CE. Informante, o pai. QP: “Febre há 1 mês” HDA: Pai relata que há 1 mês criança iniciou quadro de febre, aferida (38,1C - 39,0C), intermitente. Apresentou astenia, hiporexia e taquidispnéia esporádica associados ao início da febre. Relata diurese concentrada, com odor normal e coloração alaranjada, não evacua há 3 dias. Há 15 dias, apresentou abdômen dilatado, queda do estado geral, perdas ponderais e petéquias. Nega tosse, náusea, vômitos e qualquer outro sinal e/ou sintoma associados ao quadro atual. Como não houve remissão espontânea do quadro, o pai procurou atendimento no PS mais próximo, onde foi feito 2 doses de Keflin e prontamente encaminhado para a SC para melhor condução diagnóstica. H.F: Nascido de parto normal, prematuro de 32 semanas, peso 2750g, sem complicações no período neonatal. Mãe faleceu no parto e fez pré-natal com 8 consultas. H.P.P: Teve varicela aos 5 anos. Relata 1 internação por diarréia+vômitos há 18 meses. Nega cirurgia prévia. Nega hemotransfusão e refere imunizações em dia. H.F: Pai saudável, etilista social. Mãe com HAS. Nega história de Asma e DM na família. H.Psicossocial: Reside em sítio, casa de alvenaria, com fossa séptica, energia elétrica e água encanada. Nega ter animais domésticos. Hábitos: pratica futebol 2x por semana Exame físico: hipocorado, hidratado, acianótico, anictérico, orientado, letárgico, eupneico e afebril. MV+, sem RA, FR: 18rpm PA 110 x 80 mmHg Ritmo cardíaco regular, 2Tempos, BulhasNormofoneticas, sem sopros, FC: 122bpm espaço de Traube ocupado Figado e baço palpável Anemia Trompocitopenia Neutropenia e Hipergamaglobulinemia Manual LACMS 15 16 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral PERGUNTAS: Quais os diagnósticos diferenciais ? Qual etiologia ? Quais as complicações possíveis? Qual a fisiopatologia dessas complicações? Caso 2 – Lúpus Eritematoso Sistêmico: RELATO DO CASO Uma mulher branca de 24 anos de idade foi admitida no hospital com insuficiência respiratória aguda. Visão dupla, alteração da fala e dificuldade para deglutir estavam presentes nos dois meses que precederam a admissão. Quatro anos antes desta internação, foi feito diagnóstico de lupus eritematoso sistêmico através da detecção de lesões discóides cutâneas , fotossensibilidade, anticorpo antinuclear positivo com título de 1:640 e padrão homogêneo, proteinúria não seletiva de 0,72g/L/24h e uma preparação positiva para pesquisa de célula LE. Ela vinha sendo tratada com cloroquina e glicocorticosteróides tópicos mas utilizava as medicações de maneira irregular. A paciente negava o uso de álcool ou drogas recreacionais. Um exame oftalmológico recente não revelou anormalidades da córnea ou retina. O exame físico de admissão evidenciou ptose palpebral bilateral, face miastênica e fraqueza muscular afetando os músculos proximais das cinturas escapular e pélvica. Hipersensibilidade muscular à palpação, sinal de Gottron e heliotropo não foram observados. A glândula tireóide não era palpável. Reflexos profundos e sensibilidade periférica eram normais. Murmúrio vesicular reduzido e estertores crepitantes no terço inferior do hemitórax direito foram as únicas anormalidades adicionais observadas neste mesmo exame físico. Na admissão, as dosagens séricas de eletrólitos e complementos foram normais. A prova do látex, Waler Rose, proteina C reativa e VDRL foram todos negativos. Uma gasometria arterial evidenciou hipoxemia, hipercapnia e gradiente alvéolo-arterial de oxigênio normal corroborando o diagnóstico de hipoventilação pulmonar. As dosagens de creatinofosfoquinase, aldolase, aspartato aminotransferase, tiroxina, triiodotironina e hormônio tireostimulante foram normais. Telerradiografias do tórax evidenciaram atelectasia basal do pulmão direito. O teste com neostigmine foi claramente positivo. A eletroneuromiografia demonstrou padrão miastênico e o nível sérico de anticorpos antirreceptor da acetil colina foi 1,90 nmols/L (normal: < 0,80 nmol/L ). Uma tomografia computadorizada não demonstrou anormalidades no mediastino anterior. Baseados nesses dados, fizemos diagnóstico de miastenia gravis, estágio III da classificação de Osserman e Oosterhuis. Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Após administração de piridostigmina e glicocorticosteróides a paciente apresentou melhora progressiva e recebeu alta hospitalar em uso das referidas medicações. Dois meses mais tarde, foi readmitida em crise miastênica. Nesta ocasião, a paciente foi submetida a sessões de plasmaferese, recebeu azatioprina e foi submetida a timectomia. O exame patológico do timo demonstrou hiperplasia dos centros germinais do órgão. Após a cirurgia, a paciente foi mantida num regime terapêutico que incluiu piridostigmina, glicocorticosteróides e azatioprina. Em função do tempo mínimo necessário para eficácia da cirurgia, não foram feitas modificações das doses (máximas) destes medicamentos. Recebeu alta do Centro de Tratamento Intensivo após desmame prolongado do suporte ventilatório. RESUMO Os autores descrevem o caso de uma mulher branca de 24 anos de idade admitida com lupus eritematoso sistêmico (com 4 anos de evolução de doença) e início recente de miastenia gravis. São discutidos os principais diagnósticos diferenciais para a fraqueza muscular e a fadiga apresentadas por esta paciente. Uma revisão de literatura abordando a associação de miastenia gravis e lupus eritematoso é feita, com ênfase às características clínicas desses pacientes e ao papel do timoma e timectomia no desenvolvimento de lupus eritematoso em pacientes previamente miastênicos. PALAVRAS-CHAVE: lupus eritematoso sistêmico, miastenia gravis. DISCUSSÃO Existem muitas causas de fraqueza muscular e fadiga em pacientes com lupus eritematoso sistêmico. As principais são as associações com polimiosite, dermatomiosite, mistenia gravis ou doenças da tireoide, uso de glicocorticosteróides, miopatia por cloroquina e o próprio LES . Na nossa paciente, entretanto, após avaliação clínica, apenas a miopatia por cloroquina e a MG permaneceram como possíveis diagnósticos definitivos. A cloroquina é um antimalárico frequentemente prescrito para lupus cutâneo-articular. Uma síndrome miopática similar a miastenia gravis secundária ao uso deste medicamento pode originar padrão decremental de contração muscular e induzir a produção de anticorpos antirreceptor de acetilcolina. Estes achados são considerados virtualmente diagnósticos de MG. No mais, a cloroquina pode produzir um efeito pré-sináptico similar àquele observado com alguns anestésicos, um efeito musculoesquelético similar ao do curare, neuropatia periférica e uma miopatia vacuolar associados ou não com a síndrome miopática similar a miastenia gravis. A histopatologia típica da miopatia por cloroquina mostra vacuolização, autofagia e corpos mielóides e curvilineares no interior de fibras musculares. A miosite é rara, mas fendas subneurais atróficas podem ser encontradas. Entretanto, um teste claramente positivo com anticolinesterásicos não é observado e a interrupção da administração da cloroquina leva a regressão completa do problema. Além do mais, a hiperplasia tímica não é vista no contexto da miopatia por cloroquina. Nós enfatizamos que, após suspensão da cloroquina, nossa paciente não melhorou. Uma biópsia muscular, embora contemplada, não foi realizada por esta razão. Manual LACMS 17 18 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Nossa revisão evidenciou 28 casos de associação de LES com MG. A literatura médica publicada em outras línguas que não o Inglês ou Francês, revela outros 5 casos nos últimos 10 anos, os quais não abordaremos pela acessibilidade e por não modificarem nossas conclusões sobre o assunto. O LES precedeu o diagnóstico de MG em metade dos pacientes. Descreveram 42 pacientes com a associação LES/MG. Entretanto, quando reclassificados de acordo com os critérios propostos pela Associação Americana de Reumatologia para o diagnóstico de LES (1992), critérios estes aceitos mundialmente e responsáveis pela padronização do diagnóstico da doença, muitos desses pacientes não apresentavam os pré-requisitos necessários para o diagnóstico de lupus. Ressaltamos que a Associação Americana de Reumatologia determinou que para diagnóstico de lupus eritematoso sistêmico deveriam estar presentes pelo menos quatro dos doze critérios clínicos e laboratoriais propostos pela entidade. Existe muita controvérsia a respeito da prevalência exata da associação LES/MG. Foi relatado que 2,2 a 8,3% dos pacientes com MG desenvolveram LES. A prevalência de MG em pacientes com LES não é conhecida. Uma predominância de pacientes do sexo feminino (26/28) e pico de incidência na segunda e terceira décadas de vida foram observados. Os sinais e sintomas de LES ou MG não foram diferentes daqueles observados em pacientes com formas puras das duas doenças. Todavia, pacientes com MG usualmente apresentaram formas mais severas de doença. A literatura sugere que alguns pacientes, principalmente os idosos, com a associação LES/ MG, têm incidência elevada de timoma. A baixa expectativa de vida e a idade média elevada dos pacientes com timoma não permite uma conclusão final pois não há tempo suficiente para determinar se ele irão desenvolver ou não LES no futuro Concluindo, a associação de LES e MG é rara. Este caso deve lembrar os profissionais atuantes na área da saúde que pacientes com LES, fraqueza muscular e fadiga devem ser sempre investigados a fim de que se confirme ou exclua a coexistência de MG. QUESTÕES DE RESIDÊNCIA 1- Paciente com diagnóstico de Lupus Eritomatoso Sistêmico, manifestado por poliartrite, febre, rash malar e pleurite sem derrame pleural deve ser tratado com: A) B) C) D) E) Metilprednisilona Prednisona Antiflamatório não-hormonal Ciclofosfamida Azatioprina GABARITO: C Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral 2- Das seguintes alterações fetais, qual a mais provável em uma gestante com lúpus eritematoso sistêmico? A) Bloqueio cardíaco congênito. B) Meningomielocele. C) Hidrocefalia. D) Atresia de esôfago. E) Onfalocele. GABARITO: A O Lúpus Eritematoso Sistêmico/Neonatal (LEN) é uma doença imunológica rara, resultante da passagem para o feto de auto-anticorpos maternos anti-SSA/Ro e/ou anti-SSB/La. O LEN pode manifestar-se clinicamente por alterações cutâneas, cardíacas, hematológicas ou hepáticas. A manifestação clínica mais frequente e mais grave é o bloqueio aurículo-ventricular (BAV) completo congénito, que, geralmente, é considerado permanente. As manifestações não cardíacas são transitórias e desaparecem até aos seis ou oito meses de vida, simultaneamente com o desaparecimento dos anticorpos da circulação. Caso 3 – DPOC: História Homem de 58 anos procura o médico em razão de falta de ar: apresentando dispneia leve aos esforços há alguns anos, recentemente notou piora, pois sente falta de ar aos mínimos esforços e dispneia em repouso. Tem dificuldade em deitar-se e, como resultado, passa anoite sentado em uma cadeira tentando dormir. Relata tosse com escarro marrom-amarelado todas as manhãs ao longo do ano. Nega dor torácica, febre, calafrios e edema de membros inferiores. Fuma cerca de dois maços de cigarro por dia desde os 15 anos de idade, mas não bebe álcool. Há poucos meses, o paciente foi a uma clínica de pronto-atendimento para a avaliação de seus sintomas, recebendo prescrição de alguns inalatórios, cujos nomes não se lembra; também lhe disseram para procurar um médico para posterior avaliação. Durante o exame físico, a pressão arterial é de 135/85 mmHg, a frequência cardíaca é de 96 bpm, a frequência respiratória é de 28mpm, e a temperatura é de 36,4 °C. O paciente está sentado em uma cadeira, inclinado para frente, com os braços apoiados nos joelhos. Parece desconfortável, com respiração difícil e lábios cianóticos. Ele está usando a musculatura acessória, e o exame do tórax revela sibilos e roncos bilateralmente, mas sem crepitantes. O diâmetro anteroposterior do tórax parece aumentado e há movimentação dos arcos costais inferiores para dentro durante a inspiração. Manual LACMS 19 20 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral O exame cardiovascular mostra bulhas rítmicas e hipofonéticas, enquanto a pressão venosa jugular está normal. Não há cianose edema de extremidades nem baqueteamento digital. Resumo: Fumante de 58 anos notou piora da dispneia aos mínimos esforços e aparecimento do mesmo sintoma em repouso, com dificuldade para deitar-se. Relata tosse produtiva com escarro marromamarelado todas as manhãs ao longo do ano. Está sentado caracteristicamente inclinado para a frente e com os braços apoiados nos joelhos para facilitar o uso da musculatura respiratória acessória. Ele parece ter obstrução das vias aéreas, com sofrimento respiratório, retração da porção inferior do tórax, além de sibilos e ronco bilaterais. A cianose perioral sugere Hipoxemia. O diâmetro anteroposterior do tórax parece aumentado, sugerindo hiperinsuflação. O exame cardiovascular mostra bulhas hipofonéticas, mas não há sinais de doença cardíaca significativa. Diagnóstico mais provável: Doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC Próximo passo diagnóstico: Gasometria arterial para avaliar oxigenação e equilíbrio ácidobase. Melhor tratamento inicial: Oxigênio por cânula nasal e, logo a seguir, broncodilatadores e esteroides para o componente inflamatório. ANÁLISE Esse homem de 58 anos, que é fumante há muito tempo, provavelmente de DPOC. Ele está agora em sofrimento respiratório e tem cianose e sibilância. A questão urgente é o estado respiratório atual. A avaliação clínica rápida é fundamental no caso de o paciente evoluir para insuficiência respiratória, talvez necessitando de intubação e ventilação mecânica. Uma gasometria arterial rapidamente fornecerá informações sobre o estado atual da oxigenação (PaO2) e da ventilação (PaCO2). ABORDAGEM CLÍNICA A etiologia mais comum da DPOC é lesão por inalação, especificamente fumo de cigarro. Outra coisa importante é a deficiência de alfa1-antitripsina, que é hereditária. A doença pode tornarse evidente em torno dos 40 anos e geralmente ocorre sem tosse ou sem história de tabagismo. Está disponível o tratamento com reposição da enzima alafa1-antitripsina. Com frequência, os paciente com DPOC têm piora progressiva da dispneia (primeiro aos esforços, depois com as atividades normais e depois em repouso). O aspecto dos pacientes varia de “congesto azulado”, ou blue bloater, (bronquite crônica, peso acima do normal, edema, cianose), a “soprador róseo, ou pink puffer, (enfisema, magreza, bochechas coradas). Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral A gasometria arterial (GA) frequentemente é normal na fase inicial da doença; no entanto, em casos avançados, há evidência de hipoxemia e de hipercapnia, muitas vezes, acompanhada de acidose respiratória crônica compensada em consequência de retenção de CO2. Tais pacientes crônicos estáveis podem ter uma PaO2 próxima de 50mmHg e uma PaCo2 próxima de 50 mmHg, mas com o pH próximo do normal. Durante exacerbações agudas, o aparecimento de hipoxemia ou hipercapnia mais graves, ou de acidose respiratória na GA, pode ter um indício de insuficiência respiratória iminente e necessidade de suporte ventilatório. A espirometria é o exame de função respiratória mais básico, barato e extremamente valioso para diagnóstico das doenças pulmonares (Figura 34.2). Os traçados espirométricos da expiração forçada (Figura 34.2) e as alças de fluxo-volume (Figura 34.3) ajudam a identificar o tipo de doença pulmonar, se obstrutiva ou restritiva, além do potencial de reversibilidade da obstrução ao fluxo de ar. As doenças pulmonares restritivas tendem a apresentar volumes pulmonares menores (diminuição de CPT e CV [capacidade vital]), enquanto as doenças obstrutivas têm volumes pulmonares maiores (CPT normal ou aumentada), com diminuição das taxas de fluxo expiratório (redução de VEF1 para <80% do esperado e VEF1/CVF <0,7) Parâmetros específicos ajudam a classificar o tipo e o grau de disfunção pulmonar (Quadro 34.1). A redução de VEF1/CVF com mínima resposta aos broncodilatadores é a principal característica da DPOC. O manejo das exacerbações graves da DPOC focaliza-se simultaneamente no alívio da obstrução das vias aéreas e na correção das anormalidades das trocas gasosas que ameaçam a vida. Os broncodilatadores (beta-agonista e anticolinérgicos) são administrados via nebulizadores portáteis; os glicocorticoides sistêmicos em altas doses aceleram o ritmo da melhora da função pulmonar nesses pacientes, e os antibióticos devem ser usados se houver suspeita de infecção respiratória. A administração controlada de oxigênio com cânula nasal em baixos fluxos ou de oxigênio com máscara de Venturi corrige a hipoxemia sem causar hipercapnia intensa. Deve-se tomar cuidado com os pacientes com insuficiência respiratória crônica cujo drive respiratório é dependente de “hipoxemia relativa”, pois esses indivíduos podem ter apneia se for administrado oxigênio e excesso. A ventilação não invasiva com pressão positiva, assim como a pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) ou a pressão positiva bifásica nas vias aéreas (BiPAP), é uma alternativa à intubação e à ventilação mecânica no tratamento de pacientes cooperativos na exacerbação aguda de DPOC e na hipercapnia grave. Os sinais de insuficiência respiratória aguda incluem taquipneia (frequência respiratória > 40 mpm), incapacidade para falar – por causa da dispneia –, uso de musculatura acessória, confusão, inquietude, agitação, letargia, aumento de nível de PaCO2 e extrema hipoxemia. A insuficiência respiratória aguda geralmente é tratada com intubação endotraqueal e suporte ventilatório para corrigir as trocas gasosas. As complicações da ventilação mecânica incluem dificuldade na extubação, pneumonia associada a ventilação mecânica invasiva, pneumotórax e síndrome do desconforto respiratório agudo. Manual LACMS 21 22 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral A hipoxemia da DPOC pode, a longo prazo, causar complicações como hipertensão pulmonar, eritrocitose secundária, limitação de atividades físicas e comprometimento da função mental. Para alterar a evolução natural da doença e fornecer alguma redução na mortalidade em paciente com DPOC que estejam estáveis, as únicas medidas que em estudos demostraram benefícios são a cessação do tabagismo, a terapia com oxigênio suplementar para pacientes com hipoxemia crônica e a cirurgia de redução de volume pulmonar em pacientes selecionados. Os pacientes com hipoxemia em repouso (PaO2 <55 mmHg ou SaO2 < 88%) geralmente se beneficiam da oxigenoterapia domiciliar, aqual deve ser utilizada por pelo menos 18 horas/dia. Outras terapias, como broncodilatadores inalatórios (beta-agonistas e /ou anticolinérgicos) ou glicocorticoides inalatórios são usados para alívio sintomático e para tentar reduzir a frequência das exacerbações. Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral QUESTÕES DE RESIDÊNCIA 1- Qual dos seguintes é o achado físico mais provável em pacientes com enfisema? a) Sibilos respiratórios difusos b) Baqueteamento digitas c) Estertores inspiratórios bibasais com aumento da pressão venosa jugular (PVJ) d) Estridor inspiratório e) Terceira bulha cardíaca Manual LACMS 23 24 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral 2- Qual das seguintes alterações um homem de 80 anos com cifoescoliose intensa provavelmente tem? a) Aumento da capacidade pulmonar total (CPT) b) Diminuição de VEF1/CVF c) Diminuição da capacidade vital (CV) d) Aumento da capacidade vital (CV) e) Gasometria arterial com pH de 7,48 e PaCO2 de 32 mmHg 3- Mulher de 56 anos relata histporia de tabagismo de 60 maços-ano. Ela se queixa de fadiga e dispneia aos mínimos esforços, além de uma tosse produtiva pela manhã. Qual dos seguintes é o achado mais provável nessa paciente? a) Capacidade normal de difusão pulmonar de monóxido de carbono (DLCO) b) Volume residual (VR) diminuído c) VEF1 normal ou levemente aumentado d) VEF1/CVF diminuída e) CVF diminuída 4- Qual das seguintes terapias tem mais chance de beneficiar um paciente com enfisema crônico estável e saturação de oxigênio em repouso de 86%? a) Tiotrópio inalatório diariamente b) Albuterol inalado conforme a necessidade c) Prednisona oral diariamente d) Oxigênio suplementar usado à noite e) Oxigênio suplementar usado diariamente RESPOSTAS 1) Item A. A DPOC caracteriza-se por obstrução crônica das vias aéreas, com a maior resistência ao fluxo de ar correndo nas vias aéreas de menor calibre do trato respiratório inferior, produzindo sibilância expiratória. O estridor inspiratório ocorreria em obstrução das vias aéreas superiores, geralmente extratorácica. O baqueteamento digital não costuma ser uma característica da DPOC e deve levará investigação de outras doenças, como carcinoma brônquico. Creptantes, PVJ elevada e terceira bulha cardíaca são sinais de insuficiência cardíaca. 2) Item C. As deformidades da parede torácica podem levar à hipoventilação crônica com elevação dos níveis de PaCO2, bem como a infecções pulmonares recorrentes. O padrão dos testes de função pulmonar geralmente é aquele restritivo, com diminuição dos volumes pulmonares totais e da capacidade vital, porém VEF1/CVF normal. 3) Item D. Essa paciente provavelmente tem DPOC, com base na história do tabagismo e nos sintomas. Uma diminuição da relação VEF1/CVF é marco de obstrução de vias aéreas. O VEF1 diminui nas doenças pulmonares obstrutivas e restritivas. A capacidade de difusão é normalmente reduzida na DPOC e na doença pulmonar restritiva intrínseca. O DLCo indica a adequação da Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral membrana alveolocapilar; o VR é o volume de ar que permanece nos pulmões depois de esforço expiratório máximo e costuma estar aumentado na DPOC por alçaponamento de ar. 4) Item E. Para pacientes com hipoxemia crônica, o oxigênio suplementar tem impacto significativo na diminuição do risco de morte, sendo o benefício maior com o uso contínuo em vez de intermitente ou apenas noturno. Broncodilatadores como tiotrópio e albuterol melhoram os sintomas e o VEF1, mas não têm benefício em relação a mortalidade. O uso crônico de corticosteroides orais deve ser evitado porque gera efeitos colaterais desfavoráveis, como osteoporose, intolerância à glicose e efeitos colaterais gastrintestinais. Caso 4 – ICC: DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Feminina, 78 anos, branca, aposentada, casada, natural de Rio Grande, procedente de Porto Alegre. QUEIXA PRINCIPAL: Dispnéia e edema de MsIs. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: Paciente portadora de Hipertensão Arterial Sistêmica de longa data, com diagnóstico de miocardiopatia dilatada. Há 5 dias procurou o Serviço de Emergência por apresenta piora da dispnéia. Hoje apresentando ortopnéia, dispnéia paroxística noturna e edema de MsIs. Vem em uso de digoxina ½ cp/dia, furosemida 40 mg 1 cp/dia, captopril 25 mg 3 cp/dia e warfarin ½ comprimido ao dia. Há 7 dias iniciou com carvedilol. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA: - Dislipedemia tipo IV - Diabete melito tipo II - Hipotireoidismo secundário ao uso de amiodarona - Infecção urinária de repetição HISTÓRIA FAMILIAR: Nada consta no prontuário HISTÓRIA PSICOSOCIAL: Professora aposentada. EXAME FÍSICO: Regular estado geral, lúcida, orientada, mucosas úmidas e coradas Dispnéica, acianótica, anictérica Temperatura: 37,2ºc, FR 20 mrpm, FC 80 bpm, TA 160x80 mmHg Bulhas normofonéticas, ritmo irregular, sem bulhas acessórias, com sopro holo-sistólico em área mitral, ++/4+, com irradiação para axila Pulmões com estertores sub-crepitantes em bases Fígado 3 cm abaixo do RCD, indolor Edema de MsIs +++/4+ EXAMES COMPLEMENTARES: Glicose: 80 mg/dl, potássio 3,6 mEq/l Creatinina: 1,5 mg/dl, tempo de protrombina 19%, RNI 4.13 ECG: Fibrilação atrial, SVE Manual LACMS 25 26 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral Rx de tórax: Aumento de volume cardíaco Diversão cranial da circulação pulmonar Derrame pleural bilateral Caso 5 – Doença Inflamatória Intestinal: Caso 6 – Infecção Urinária: Identificação W.C.V Sexo masculino Branco 2 anos e 10 meses Natural e procedente do Gama – DF Informante: o pai Queixa Principal: Febre e dor ao urinar História da doença atual: Há 3 dias o menor iniciou quadro de febre de 38-39º C associado a dor em baixo ventre de forte intensidade. Refere disúria e estrangúria. Relata no período 2 episódios de vômitos. Nega sintomas respiratórios. Aceita parcialmente a dieta. Diurese presente. Fezes presentes e sem alterações. Antecedentes Pessoais Mãe G2P2A0, gestação a termo, parto vaginal; fez pré-natal; sem intercorrências; chorou ao nascer; PN : 3185 Vacinação completa Nega alergia medicamentosa Internação em julho de 2007 por quadro de ITU- 11 dias internado. (nega quadros anteriores de ITU) Fazendo uso de Cefalexina: 5ml -1x/dia História Familiar Mãe (25 a): dona de casa, tem um “problema na tireóide” que não sabe informar. Pai (39 a): pedreiro, hipertenso, etilista social. Nega tabagismo. Irmã (5 a): saudável. História Social Reside em casa de alvenaria (7 cômodos) com mais 3 pessoas. Saneamento básico presente. Sem animais domésticos. Exame físico Eupneico, corado, hidratado, afebril Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral SNC: Ativo e reativo; sem sinais de irritação meníngea Orofaringe e Otoscopia: NDN AR: pulmões limpos ACV: RCR em 2T, BNF, sem sopros Abdôme: flácido, doloroso á palpação profunda em andar inferior. Extremidades: boa perfusão; sem edema. Exames Complementares (da admissão- 08.09.07) Hemograma: 11.000 leu (74 seg; 03 bast; 18 linf); hg 11,3; ht 33; plaquetas 208.000. VHS: 49 mm Bioquímica: uréia 41; creat. 0,5; Ca 10,7; Na 131; K 4,5; Cl 99 EAS: dens. 1,020; ph 5; prot. +; acetona ++; hemoglobina +++; CED 6 p/campo; leucócitos numerosos; hemácias 10 p/campo; flora bacteriana +++; muco +; nitrito positivo Trouxe exames US de rins e vias urinárias (19.07.07): Bexiga com parede fina e conteúdo anecoico, discreta dilatação do ureter D. Rins com morfologia, ecogenicidade e dimensões normais. Espessamento do uro- epitélio na pelve renal D (4 mm) podendo decorrer de pielite ou refluxo. Urografia miccional (05.09.07) Acentuado refluxo vésico- ureteral à D com dilatação e tortuosidade ureteral discreta com abaulamento calicial associado à retenção do meio de contraste ipsilateral. Conclusão: Refluxo Vésico- ureteral grau V à direita. Aguardando marcação da Cintilografia com DMSA Hipótese diagnóstica ITU – Pielonefrite Refluxo Vésico –Ureteral Grau V Conduta Ceftriaxona 700mg EV 12/12 h Sintomáticos Avaliação da Cirurgia Pediátrica Evolução na enfermaria Evoluiu com febre até 48h após início da antibioticoterapia Foi colhida urocultura com 48h de antibioticoterapia – resultado negativo Completou 7 dias de TTO e recebeu alta assintomático Encaminhado ao ambulatório da Cir. Pediátrica Manual LACMS 27 28 Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral LACMS na Comunidade: LACMS na Comunidade é uma ação social executada pela Liga Acadêmica de Clínica Médica ds Sobral, vinculada às Faculdades Inta, e propõe contribuir para o crescimento social e a promoção da saúde na comunidade através da realização de campanhas de conscientização, palestras educativas, ações de caridade e acompanhamento médico assistencial em bairros e distritos do município de Sobral. Manual LACMS Liga Acadêmica de Clínica Médica de Sobral “Não sei... Não sei... se a vida é curta ou longa demais para nós Mas sei que nada do que vivemos teria sentido, Se não tocássemos o coração das pessoas Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe, Braço que envolve, Palavra que conforta Silêncio que respeita Alegria que contagia Lágrima que corre Olhar que acaricia Desejo que sacia Amor que promove E isso não é coisa de outro mundo, É o que dá sentido à vida É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais Mas que seja intensa, verdadeira, pura... enquanto durar” Cora Coralina Manual LACMS 29