MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina Campus São José – Área de Telecomunicações Curso Superior Tecnológico em Sistemas de Telecomunicações SISTEMAS ÓPTICOS Prof. Marcio Henrique Doniak [email protected] www.sj.ifsc.edu.br/~mdoniak [email protected] http://groups.google.com/group/ifsc_sistemas_opticos 1 HISTÓRICO • A 1ª forma de comunicação por luz, é a comunicação através de gestos; • 1870: o físico inglês John Tyndall demonstrou o princípio do guiamento da luz: 2 HISTÓRICO • 1880: Alexander Graham Bell patenteou o fotofone, sistema que possibilitou a 1ª transmissão de voz, através da luz não guiada. Apesar do bom funcionamento, não teve sucesso comercial; • 1893: no Brasil o padre Landell de Moura inventou o telefone sem fio, baseado na emissão de luz branca, originada de um arco voltaico, que era modulada pela voz do locutor; • 1966: proposta a utilização da fibra de vidro (fibras ópticas) para transmissão da luz do laser. Nesta época as fibras apresentavam uma atenuação da ordem de 1000 dB/km; • 1970: a empresa Corning Glass apresentou uma fibra óptica com perdas realmente baixas para a época, da ordem de 17 dB/km. A partir de então, os sistemas ópticos tornaram-se uma realidade prática. 3 HISTÓRICO • 1978: são fabricadas fibras ópticas com perdas menores do que 1,5 dB/km, para as mais diversas aplicações; • 1988: o 1º cabo submarino de fibras ópticas mergulhou no oceano e deu início a superestrada da informação; • 2001: a fibra óptica já movimenta cerca de 30 bilhões de dólares anuais; • Atualmente: projetar um enlace óptico com alcance de 200km para uma taxa de transmissão óptica de 2,5 Gbps é um fato corriqueiro. 4 NATUREZA DA LUZ • A luz pode em alguns casos apresentar características de partículas (corpos dotados de massa) e, em outros, de ondas (energia) ou ainda, em alguns casos, aparecer como fótons, que aparece um raio ou partículas eletromagnéticas que se movem em alta velocidade. Esta velocidade é tão extraordinariamente alta que sua massa se apresenta nula. Por isso, é melhor tratá-los como pacotes de energia que podem ser observados e medidos; • Pela teoria da luz como partícula, podemos descrever o que ocorre com a partícula quando ela é transmitida – o efeito fotoelétrico: descrevendo a luz ao atingir a superfície de determinados sólidos causa a emissão de elétrons (fótons). • É importante ter em mente que os feixes de luz passam uns pelos outros sem causar distúrbios entre si. 5 por André Gonçalves Campos, em “Fibras Ópticas – uma realidade reconhecida e aprovada”. NATUREZA DA LUZ • Velocidade da luz no vácuo: c = 3 × 108 m / s • Frequência da luz para um determinado comprimento de onda: onde N é o índice de refração do meio • Frequências do espectro magnético: 6 f = c N λ NATUREZA DA LUZ • Capacidade de transporte de informação de uma fibra óptica: Considerando que a capacidade de transporte de um sinal é, em 1ª instância, proporcional à sua freqüência, constata-se que a capacidade de transporte da luz é enorme, isto é, cerca de 100 mil vezes maior que a de um sinal microondas. Exemplo: Considere a capacidade de transporte de um sinal de frequência fc seja igual a 1% fc. Calcule a quantidade de canais de voz que podem ser transmitidos simultaneamente por um sinal luminoso, com comprimento de onda de 1,3µm. Solução: c 3 × 108 12 fc = = = 230 , 77 × 10 Hz = 230THz −6 λ c 1,3 × 10 A capacidade de transporte é: fT = 1% × f c = 0,01× 230,77 × 1012 = 2,3THz 7 NATUREZA DA LUZ Considerando um canal de voz de 64 kHz, a quantidade de canais de voz que podem ser transmitidos é igual a: N canais fT 2,3 × 1012 6 = = = 36 × 10 = 36milhões 3 BWcanal 64 × 10 Este simples exemplo mostrou o potencial de um único feixe luminoso. Mas do ponto de vista prático, ainda se esta bem longe desses valores teóricos obtidos. Porém, os sistemas ópticos de comunicação mostram-se muito superiores a outros sistemas comumente usados, tais como: cabos coaxiais, sem fio etc. 8 ESTRUTURA BÁSICA • Fibra Óptica: É o meio onde a potência luminosa, injetada pelo emissor de luz, é guiada e transmitida até o fotodetector. Ela é formada por um núcleo de material dielétrico (em geral vidro) e por uma casca de material dielétrico (plástico ou vidro). Esta estrutura é encapsulada por plásticos de proteção mecânica e ambiental; 9 ESTRUTURA BÁSICA • Conector Óptico: Responsável pela conexão do emissor óptico à fibra óptica, e da fibra óptica ao detector óptico; • Transmissor: É formado por um dispositivo emissor de luz e um circuito eletrônico. O dispositivo emissor de luz realiza a conversão eletro-óptica dos sinais, sendo em geral um diodo laser ou um diodo eletroluminescente (LED). O Driver é um circuito eletrônico responsável pelo controle da polarização elétrica e da potência luminosa transmitida pelo dispositivo emissor; • Receptor: Formado por um dispositivo fotodetector e um estágio de interface com a saída. O dispositivo fotodetector tem a função de detecção e conversão do sinal luminoso em sinal elétrico. O estágio de interface com a saída é um circuito eletrônico que tem a função básica de filtrar e amplificar o sinal convertido. 10 ESTRUTURA BÁSICA Em comunicações ópticas, assim como nos sistemas eletromagnéticos, existem dois tipos de modulação: • Modulação Analógica: Onde a intensidade do feixe de luz portador varia continuamente; • Modulação Digital: A variação da portadora luminosa é discreta, na forma de pulsos luminosos. 11 VANTAGENS • Baixas perdas: chega a ser inferior a 0,3 dB/km; As atenuações típicas em diferentes meios de comunicação: 12 VANTAGENS • Largura de banda: Teoricamente, a fibra óptica permite uma capacidade de transmissão dez mil vezes maior que os sistemas de microondas. O aumento da banda passante implica em um maior número de canais de voz e/ou de dados em um mesmo circuito. A maior banda passante da fibra óptica ocorre devido a sua faixa de frequência de transmissão ser muito mais elevada do que as dos demais sistemas; • Pequenas Dimensões: Comparados com os cabos em pares trançados ou com os cabos coaxiais, os cabos ópticos possuem dimensões reduzidas, para a mesma capacidade de transmissão; 13 VANTAGENS • Baixo peso: A fibra óptica pesa aproximadamente 30 g/km, e se comparar com um cabo coaxial, o cabo óptico é dez vezes mais leve. Um dos cabos disponíveis comercialmente tem uma fibra com 125 µm de diâmetro, envolta por uma capa plástica com diâmetro externo de 2,5 mm. O peso deste cabo é de 6 kg/km e sua perda é de 5 dB/km. O cabo coaxial RG-19/U tem uma atenuação de 22,6 dB/km quando transporta um sinal de 100 MHz. Seu diâmetro externo é de 28,4 mm e seu peso é de 1.110 kg/km; • Imunidade à interferência eletromagnética: Por serem compostas de material dielétrico, ao contrário dos suportes de transmissão metálicos, as fibras ópticas não sofrem interferências eletromagnéticas. Além disso, o excelente confinamento dos sinais dentro das fibras impede a interferência óptica entre cabos próximos, eliminando os ruídos oriundos da diafonia; 14 VANTAGENS • Isolação elétrica: O material dielétrico da fibra óptica é responsável pelo excelente isolamento elétrico entre os receptores e transmissores. Assim, não existem problemas de aterramento e interface entre componentes do sistema, mesmo quando instalados em prédios diferentes. Também pode ser utilizada em áreas cuja atmosfera é explosiva, pois as fibras ópticas não produzem faísca; • Resistência física e flexibilidade: As fibras ópticas são surpreendentemente fortes e flexíveis. Algumas fibras são tão finas que são enroladas ao redor de curvas de apenas alguns centímetros de diâmetro. A flexibilidade da fibra é atraente para instalações contendo muitas voltas ao longo do caminho de transmissão. Quando há raios de grande curvatura, as fibras guiam a luz com perdas desprezíveis. Há, entretanto, alguma perda no tocante a raios de curvatura muito pequena. 15 VANTAGENS • Maior segurança da informação: Como praticamente não existe irradiação da luz propagada e a realização de derivações do sinal luminoso é de fácil detecção, os sistemas ópticos apresentam maior segurança quanto à detecção de “intrusos” no sistema. Ou seja, devido à impossibilidade de colocar e retirar sinais ópticos ao longo da fibra óptica sem prejudicar o sistema, torna este sistema altamente sigiloso e seguro; • Alta resistência a agentes químicos e a variações de temperatura: Corrosões provocadas por água ou agentes químicos são menos severas para o vidro do que para o cobre. Entretanto, a água pode penetrar no vidro. As fibras ópticas podem suportar temperaturas muito elevadas antes de deteriorarem. Temperaturas próximas a 800ºC não afetam a fibra de vidro. O plástico de revestimento do cabo, entretanto, pode derreter, distorcendo-a, provocando perdas. 16 DESVANTAGENS • Fragilidade das fibras ópticas sem encapsulamento; • Dificuldade de conexão das fibras ópticas devido às pequenas dimensões; • Acopladores do tipo T (derivação) com perdas muito altas; • Impossibilidade de alimentação remota dos repetidores; • Alto custo para implementação; • Falta de padronização dos conectores (mas já está sendo padronizado!); • Dificuldade de permissões de uso do solo, de posteação, torres e outras estrutura de suporte; • Dificuldade de alimentação até o assinante, no caso de voz, requerendo soluções alternativas adicionais de no-breaks e baterias, que encarecem a instalação e a manutenção interna. 17 APLICAÇÕES • COMUNICAÇÃO À LONGA DISTÂNCIA: Atenuação inferior a 0,3 dB/km; Velocidade de transmissão supera 1 Gbps; Usada para interligar países e continentes; Utiliza-se regeneradores eletrônicos (ou amplificadores ópticos); Utiliza-se laser como transmissores; Comprimento de onda de 1,31 µm ou 1,55 µm; Fibra do tipo monomodo, de silica. 18 APLICAÇÕES • COMUNICAÇÃO À LONGA DISTÂNCIA: 19 APLICAÇÕES • COMUNICAÇÃO À CURTA DISTÂNCIA: O uso de fibras nas comunicações à curta distância se justifica nas seguintes situações: Quando a velocidade de transmissão é muito elevada; Quando a quantidade de ruído é alta, impedindo o uso de cabos metálicos; Quando a atenuação nos cabos metálicos obriga a utilização de regeneradores. Em redes de telefonia celular é utilizado quando a distância entre estações rádiobase é superior a 1500m, o que obriga, no caso dos cabos PCM metálico usarem regeneradores. 20 APLICAÇÕES • COMUNICAÇÃO À CURTA DISTÂNCIA: 21 APLICAÇÕES • REDES INDUSTRIAIS: Esta é uma outra aplicação das fibras ópticas em curta distância. Nesse caso, pode ser utilizada uma fibra óptica de plástico, de grande diâmetro (1mm), e com propagação multímodo. Esse tipo de fibra oferece a vantagem de ser mais econômica que a fibra de sílica já que se conecta aos transmissores e receptores ópticos com maior facilidade. Sua velocidade de transmissão é comparável à dos cabos metálicos. A grande vantagem da fibra é a imunidade a perturbações em ambientes hostis ou poluídos de interferência como usinas, subestações e usinas elétricas, industriais siderúrgicas, laboratórios etc, que afetariam outros meios de interligação. 22 ONDA ELETROMAGNÉTICA • Sempre que houver um campo magnético variando no tempo, surgirá um campo elétrico induzido, de acordo com a lei de Faraday. Simetricamente, quando em uma região existir um campo elétrico variando no tempo, surgirá um campo magnético induzido, indicando que, no caso dinâmico, os campos elétrico e magnético são grandezas indissociáveis, constituindo o chamado campo eletromagnético. • Esta idéia foi proposta inicialmente por Maxwell em 1864, e comprovada pouco tempo depois. O resultado é uma sucessão de campos elétrico e magnético que se induzem mutuamente e se afastam da origem, constituindo uma onda eletromagnética. O seu deslocamento é conhecido como propagação e garante a transferência da energia eletromagnética de um ponto para outro ponto do meio. 23 ONDA ELETROMAGNÉTICA • Orientações do campo eletromagnético: 24 COMPRIMENTO DE ONDA • Por definição, o comprimento de onda λ é a distância necessária para introduzir uma variação de fase de 2π radianos em uma onda senoidal propagando no meio especificado. Como o fator de fase β representa a modificação de fase por unidade de deslocamento, tem-se: 2π β λ = 2π ∴ λ = β Multiplicando e dividindo a expressão anterior pela frequência f, aparecerá no numerador a frequência angular νp. A relação entre a frequência angular e o fator de fase é a velocidade de fase na direção de propagação, assim pode-se redefinir o comprimento de onda como: λ = ν p f 25 COMPRIMENTO DE ONDA • As expressões mostradas, possuem fatores que dependem das características do material: o fator de fase e a velocidade de fase. Logo, uma onda eletromagnética com frequência fixa altera seu comprimento de onda ao passar de um material para outro. Quanto maior for a velocidade de propagação, maior será o seu comprimento de onda. • A velocidade de fase máxima, quando medida na direção de propagação, coincide com a velocidade da luz no vácuo, o cálculo com este valor levará ao comprimento de onda máximo medido nessa direção. 26 ÍNDICE DE REFRAÇÃO • A velocidade de propagação da onda eletromagnética em outros meios ilimitados é menor do que o valor no vácuo. A maior parte dos materiais tem características magnéticas semelhantes ou muito próximas à do vácuo. Nesses casos, a velocidade de propagação fica na dependência das propriedades dielétricas do meio. Este parâmetro é variável com a frequência, principalmente quando se refere aos valores muito elevados, como na faixa de microondas, de ondas milimétricas e nas faixas ópticas. O número que relaciona a velocidade no vácuo com a velocidade em outro meio qualquer é conhecido como índice de refração (N): N= c ν p 27 REFLEXÃO E REFRAÇÃO • A velocidade de propagação da onda eletromagnética em outros meios ilimitados é menor do que o valor no vácuo. A maior parte dos materiais tem características magnéticas semelhantes ou muito próximas à do vácuo. Nesses casos, a velocidade de propagação fica na dependência das propriedades dielétricas do meio. Este parâmetro é variável com a frequência, principalmente quando se refere aos valores muito elevados, como na faixa de microondas, de ondas milimétricas e nas faixas ópticas. O número que relaciona a velocidade no vácuo com a velocidade em outro meio qualquer é conhecido como índice de refração (N): N= c ν p 28 REFLEXÃO E REFRAÇÃO • As equações de Maxwell mostram que um campo eletromagnético, ao incidir na fronteira entre dois meios, faz surgir duas outras ondas. Parte da energia retorna ao primeiro meio, formando a onda refletida, e a outra parte é transferida ao segundo meio, constituindo a onda refratada ou transmitida. 29 REFLEXÃO E REFRAÇÃO • A primeira lei da reflexão diz que os vetores que representam as direções de propagação das ondas incidente e refletida estão contidos em um mesmo plano, denominado plano de incidência, normal ao plano de separação entre os dois meios. • A segunda lei da reflexão estabelece que o ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência: θi = θr 30 REFLEXÃO E REFRAÇÃO • A lei de Snell ou lei da refração mostra que o ângulo da onda refratada faz com a normal à superfície de separação está relacionado com o ângulo de incidência dado por: senθ i N 2 = senθ t N1 31 REFLEXÃO E REFRAÇÃO • Exemplo 1: Um determinado feixe óptico vindo do ar (N1 = 1,00029) incide sobre uma região formada por quartzo fundido (N2 = 1,46). O ângulo que o feixe óptico no ar faz com a normal é de 58º. Calcule o ângulo de refração na região de maior densidade óptica. Solução: Pela lei de Snell, Logo, senθ i N 2 sen(58° ) 1,46 = ∴ = senθ t N1 senθ t 1,00029 senθ t = 0,5810 ∴ θ t = 35,5° Conclusão: Nota-se que o ângulo de refração ficou menor do que o ângulo de incidência, aproximando-se da normal. Isso ocorreu devido o segundo meio ser mais denso do que o primeiro. 32 REFLEXÃO E REFRAÇÃO • Exemplo 2: Uma onda eletromagnética presente em um meio com índice de refração igual a 1,33, incide em outro meio, o ar. O ângulo de incidência em relação a normal é de 45º. Calcule o ângulo com o qual a onda eletromagnética emerge do meio incidente para o ar. Solução: Pela lei de Snell, senθ i senθ t = N2 N1 ∴ sen( 45° ) 1,00029 = ∴ senθ t × 1,00029 = sen45° × 1,33 senθ t 1,33 senθ t = 0,9402 ∴ θ t = 70,1° Conclusão: Quando uma onda incide em um meio com menor densidade o ângulo com a normal será maior do que o de incidência, fazendo com que a direção de propagação da onda refratada, aproxime-se da superfície de separação dos meios. 33 REFLEXÃO E REFRAÇÃO • Conforme foi visto nos dois exemplos, o ângulo de refração cresce à medida que o ângulo de incidência aumenta. E, quando o meio 1 for mais denso que o meio 2 (N1 > N2), o ângulo de refração aumenta. Assim, existirá um valor para o qual o ângulo de refração resulta em 90º. Neste caso, o campo eletromagnético no segundo meio tende a se propagar paralelamente a essa superfície. Logo, não haverá mais transmissão de energia para dentro do segundo meio e a onda será totalmente refletida ao primeiro meio. O ângulo de incidência que satisfaz esta condição é denominado ângulo crítico (θc). Para determinar o ângulo crítico, deve-se atribuir 90º ao ângulo de refração, logo: N2 senθ c = N1 34 REFLEXÃO E REFRAÇÃO Para ocorrer a reflexão total devem, obrigatoriamente, existir 2 situações: • O raio incidente deve ir do meio mais denso para o menos denso; • O ângulo de incidência deve ser maior que o ângulo crítico. 35 REFLEXÃO E REFRAÇÃO • Outra observação importante, quando o raio incidente for perpendicular a superfície de separação dos meios, o mesmo não sofre mudança de direção. 36