EVOLUÇÃO CLÍNICA E FUNCIONAL DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HIPERAGUDO TRATADOS OU NÃO COM TERAPIA TROMBOLÍTICA Lilian Ayako Henriques, Larissa Audi Teixeira da Silva, Octávio Marques Pontes-Neto, João Pereira Leite, André Schmidt Departamento de Clínica Médica – FMRP-USP 1 – Introdução e Objetivos Acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de morte no Brasil e a principal causa de invalidez no mundo.1 O tratamento trombolítico visa promover a recanalização arterial e reperfusão cerebral minimizando o dano causado no sistema nervoso central.2 Os objetivos do estudo são identificar os fatores determinantes para inclusão ou exclusão do uso da terapia trombolítica em pacientes com AVC isquêmico hiperagudo, admitidos dentro de um período de até 6 horas após o início do evento na Unidade de Emergência do HCFMRP-USP, bem como avaliar a evolução clínica e funcional destes pacientes, através da utilização de escalas padronizadas de déficits (NIHSS) e incapacidade (Barthel e Rankin), após 3 meses do ictus. 2- Material e métodos Todos os pacientes com AVCi agudo admitidos dentro de 6 horas a partir do início do evento foram selecionados. Todos eles foram submetidos à avaliação clínica, radiológica e laboratorial já protocolada pela equipe de Neurologia do HCFMRP-USP. Estes foram separados em dois grupos: o que recebeu tratamento com terapia trombolítica (Grupo T) e o grupo que recebeu outros tipos de tratamento exceto trombolítico (Grupo NT). Para acompanhamento de sua evolução foram utilizadas escalas clínicas de déficit neurológico na fase aguda e subaguda (Escala de coma de Glasgow, NIHSS) já aplicadas de rotina pela equipe de Neurologia do HCFMRP-USP e escalas de incapacidade e déficits na fase subaguda e crônica (NIHSS, Barthel e Rankin) registradas após 3 meses de seguimento ambulatorial. Simultaneamente à coleta, foi realizada a revisão dos prontuários dos pacientes para coleta de dados pessoais, antecedentes clínicos, comorbidades prévias além de evolução e eventos ocorridos durante a internação hospitalar. 2 - Resultados: Foram incluídos 89 pacientes dos quais 21 receberam terapia trombolítica. O tempo decorrido entre o início dos sintomas e a admissão foi o principal critério de exclusão para trombólise (73,3%). A idade média dos grupos T e NT, foi, respectivamente 66,9±12,7 e 65±15,2 (p=0,61), com predominância do sexo masculino (T:57,1% e NT: 50,7%; p=0,606). Observamos uma tendência a uma maior pontuação na escala do NIHSS à admissão no Grupo T (19 x 10; p=0,1535), que não atingiu significância estatística. Somente o intervalo de tempo entre o início dos sintomas e a admissão obteve diferença estatística entre os grupos, sendo menor no Grupo T (1,95 x 3,7; p=0,0006). A evolução durante a internação foi melhor para o grupo T, dos quais 81% apresentaram melhora após trombólise, e baixando a mediana do NIHSS em 5 pontos, ao passo que o grupo NT aumentou 1 ponto, além de apresentarem tendência a uma menor taxa de infecção que o grupo NT (28,6% x 36,8%; p=0,714). Após 3 meses, a taxa de mortalidade (Rankin 6) após 3 meses foi maior no grupo NT (44,1% x 14,3%; p=0,013). 4 - Conclusão: Uma pequena parcela dos pacientes chegou em tempo hábil para receber tratamento trombolítico, o qual proporcionou uma melhor evolução clínica e funcional após 3 meses em comparação aos que não receberam o tratamento, com menor risco de complicações e mortalidade. 5 – Referências Bibliográficas 1. World Health Organization. In: The World Health Report: shaping the future, World Health Organization, Geneva (2003), p. 2003. 2. Fisher M, Garcia JH. Evolving stroke and the ischemic penumbra. Neurology 1996;47:884-888.