Processo Seletivo 2011/1 UFSJ Cursos de Filosofia e Pedagogia 01 - Neste caderno, você vai encontrar 12 questões de múltipla escolha para cada uma das seguintes disciplinas: Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Filosofia e História. 02 - Leia com atenção cada questão da prova. Na última folha do caderno, você vai encontrar o rascunho do Cartão de Respostas. 03 - Verifique se há falha de impressão no caderno de prova. Havendo, solicite sua troca antes de iniciar a prova. 04 - Ao receber o Cartão de Respostas (cor vermelha), verifique: a) se estão corretos o seu nome, o seu código (que é o número de sua inscrição) e o nome do curso de sua opção; b) se ele corresponde ao tipo de prova que você está fazendo (Tipo I ou Tipo II). 05 - Para preenchimento do Cartão de Respostas, use somente caneta esferográfica preta. 06 - Não deixe nenhuma questão sem resposta. 07 - O Cartão de Respostas não deve ser dobrado, amassado ou rasurado. Não lhe será fornecido outro. 08 - O tempo de duração total da prova é de quatro horas. 09 -Após o período de sigilo (16 h), você poderá levar este caderno. TIPO I INSTRUÇÕES (Leia atentamente antes de iniciar as provas) CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 12/12 SÓ ABRA QUANDO AUTORIZADO Boa va! o r p UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I LÍNGUA PORTUGUESA - TIPO I Leia o texto atentamente: A urna e a escola 1 5 10 15 20 25 30 35 O Tribunal Superior Eleitoral divulgou na semana passada o tamanho e o perfil do eleitorado brasileiro. Quanto ao grau de instrução, dos 135,8 milhões de eleitores, 5,9% são analfabetos, 14,6% dizem saber ler e escrever, mas não frequentaram a escola, e 33% frequentaram a escola mas não chegaram a concluir o 1º grau. Na soma das três categorias, 53,5% do eleitorado, na melhor das hipóteses, resvalou pela escola. Antes de mais nada, esses porcentuais são de desmontar o delírio de Brasil Grande que assola o país, a começar pela mente desavisada do presidente de turno. Não há país que tenha passado a desenvolvido ostentando tão pobres índices de nível educacional. Outro lado da questão é a ameaça à qualidade da democracia brasileira, representada por um eleitorado tão mal equipado para se informar, entender o processo e julgar os candidatos. Essa afirmação merece um desconto. Não é que a outra parte do eleitorado ─ os 46,5% que têm pelo menos o 1º grau completo ─ seja uma garantia de voto consciente. Sob a Constituição de 1946, os analfabetos estavam impedidos de votar. Nem por isso o período deixou de ser dominado pelos demagogos e pelos coronéis e de abrigar na vida pública corruptos tão notórios quanto os da cena atual. Mas saber ler e interpretar um texto será sempre um instrumento precioso para quem se dispõe a distinguir uma tendência política de outra e a melhor identificar os próprios interesses. A parte menos informada do eleitorado é em tese a mais sujeita à manipulação. Isso é um problema para a democracia porque, segundo escreveu o cientista político Leonardo Barreto na Folha de São Paulo, “ela é um sistema interminável que funciona na base de tentativa e erro: punindo os políticos ruins e premiando os bons”. O melhor da frase de Barreto é a classificação da democracia como um “sistema interminável”. Ela não fecha. Quem fecha, e afirma-se como ponto final das possibilidades de boa condução das sociedades, é a ditadura. Por sua própria natureza, a democracia convida a um perpétuo exercício de reavaliação. Isso quer dizer que, para bem funcionar, exige crítica. Ora, mais apto a exercer a crítica é, em tese ─ sempre em tese ─ quem passou pela escola. Como resolver o problema do precário nível educacional do eleitorado? Solução fácil e cirúrgica seria extirpar suas camadas iletradas. Cassem-se os direitos políticos dos analfabetos e semianalfabetos e pronto: cortou-se o mal pela raiz. Além do mais, a solução está em consonância com a prática dos nossos maiores. A história eleitoral do Brasil é um desfile de cassações a parcelas da população. No período colonial, só podiam eleger e ser eleitos os “homens bons”, curiosa e maliciosa expressão que transpõe um conceito moral ─ o de “bom” ─ para uma posição social. “Homens bons” eram os que não tinham o “sangue infecto” ─ não eram judeus, mouros, negros, índios ─ não Cursos de Filosofia e Pedagogia 3 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I 40 exerciam “ofício mecânico” ─ não eram camponeses, artesãos nem viviam de alguma outra atividade manual. Sobravam os nobres representantes da classe dos proprietários e pouco mais. No período imperial, o critério era a renda; só votava quem a usufruísse a partir de certo mínimo. As mulheres só ganharam direito a voto em 1932. Os analfabetos, em 1985. Sim, cassar parte do eleitorado 45 se encaixaria na tradição brasileira. Mas, ao mesmo tempo ─ que pena ─, atentaria contra a democracia. Esta será tão mais efetiva quanto menos restrições contiver à participação popular. Quanto mais restrições, mais restritiva será ela própria. Outra solução, menos brutal, e por isso mesmo advogada, esta, sim, 50 amplamente, é a conversão do voto obrigatório em voluntário. A suposição é que as camadas menos educadas são as mais desinteressadas das eleições. Portanto, seriam as primeiras a desertar. O raciocínio é discutível. Por um lado, o ambiente em que se pode ou não votar pode revelar-se muito mais favorável à arregimentação de eleitores em troca de favores, ou a forçá-los a comparecer às 55 urnas mediante ameaça. Por outro, a atração da praia, do clube ou da viagem, se a eleição cai num dia de sol, pode revelar-se irresistível a ponto de sacrificar o voto mesmo entre os mais bem informados. A conclusão é que o problema não está no eleitorado. Não é nele que se deve mexer. Tê-lo numeroso e abrangente é uma conquista da democracia brasileira. O problema está na outra ponta ─ a 60 da escola. Não tê-la, ou tê-la e precária condição, eis o entrave dos entraves, o que expõe o Brasil ao atraso e ao vexame. Fonte: TOLEDO, Roberto Pompeu de. A urna e a escola. Revista Veja, São Paulo, ano 43, n 30, p. 162, jul. 2010. QUESTÃO 01 As asserções abaixo podem ser confirmadas no texto em questão, EXCETO a da alternativa: A) Excluir os iletrados não colaboraria na resolução do problema do nível de educação dos eleitores. B) Se todos os eleitores fossem escolarizados, o problema da qualidade da democracia brasileira seria resolvido. C) Se o voto se tornasse voluntário, fatores contextuais poderiam colaborar para que letrados e iletrados não comparecessem às urnas. D) O nível educacional do eleitorado pode influenciar sua escolha. 4 Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 02 Com relação ao título do texto "A urna e a escola”, é CORRETO afirmar que ele A) B) C) D) foi construído ironicamente. indica diretamente os temas discutidos. foi construído metonimicamente. evidencia oposição entre duas noções. QUESTÃO 03 De acordo com o texto, assinale a alternativa cuja relação entre os dois termos citados processa-se por causa e consequência, respectivamente. A) Condições precárias da escola / Brasil atrasado e vexatório. B) A parte sujeita à manipulação / Eleitorado menos informado. C) Cassação dos direitos políticos dos analfabetos / Solução do problema educacional do eleitorado. D) Qualidade da democracia brasileira / Eleitorado mal informado. QUESTÃO 04 No texto apresentado, a expressão “Brasil Grande” (linha 7) quer dizer que o Brasil A) B) C) D) possui uma enorme extensão territorial. vem sendo considerado um país de boas perspectivas. está se igualando aos países de primeiro mundo. é um país de importantes políticos. QUESTÃO 05 Nos trechos do texto indicados abaixo, o autor manifesta-se metaforicamente, EXCETO no da alternativa: A) B) C) D) “solução fácil e cirúrgica” (linha 32). “cortou-se o mal pela raiz” (linhas 33-34). “o entrave dos entraves” (linha 60). “desfile de cassações” (linha 35). QUESTÃO 06 Nas alternativas abaixo, o autor do texto utilizou as aspas com o mesmo objetivo, EXCETO em A) B) C) D) “[...] sangue infecto” (linha 39). “[...] homens bons” (linha 37). “[...] ofício mecânico” (linha 40). “[...] premiando os bons” (linha 24). Cursos de Filosofia e Pedagogia 5 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 07 No segundo parágrafo do texto, a expressão “Outro lado da questão” (linha 10) instaura A) B) C) D) uma finalidade arguta da demografia brasileira. um contraste em relação ao conteúdo subsequente. uma suposição vazia imaginada pelo autor. uma relação de simetria em relação ao primeiro parágrafo. QUESTÃO 08 No segundo parágrafo, em “Mas saber ler e interpretar um texto [...] próprios interesses” (linhas 17-19), Observa-se uma A) argumentação em favor da leitura no que tange a questões objetivas e subjetivas ligadas ao cidadão. B) crítica ao ensino de leitura e interpretação de textos no contexto educacional mundial. C) articulação linguística perniciosa ao ensino de leitura no contexto brasileiro. D) valorização da educação brasileira em sua relação matemática com o desenvolvimento do Brasil no contexto atual. QUESTÃO 09 De acordo com o terceiro parágrafo do texto, “democracia” deve ser compreendida como A) B) C) D) processo. concessão. meio. tempo. QUESTÃO 10 Em “Sobravam os nobres representantes da classe dos proprietários e pouco mais.” (linhas 41-42), “sobravam” acarreta A) B) C) D) 6 uma causa abalizada dos problemas brasileiros iniciados na atualidade. uma consequência irônica da argumentação imediatamente anterior. uma confirmação dos argumentos subsequentes. um contra-argumento histórico em favor da diversidade brasileira, conforme se apresenta hoje. Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 11 O trecho “Sim, cassar parte do eleitorado [...] será ela própria” (linhas 44-48) foi construído a partir A) B) C) D) do uso de comparação e proporcionalidade. da assimetria conjuntural da estrutura brasileira. da concessão indicada nas orações. do emprego de estruturas causativas. QUESTÃO 12 Assinale a alternativa em que a estrutura foi construída motivada pelo mesmo efeito de sentido produzido pelo uso do “se”. A) "Sim, cassar parte do eleitorado se encaixaria na tradição brasileira" (linha 4445) / "se a eleição cai num dia de sol, pode revelar-se irresistível" (linha 56). B) "Cassem-se os direitos políticos dos analfabetos" (linhas 32-33) / "Cortou-se o mal pela raiz" (linhas 33-34). C) "e afirma-se como ponto final das possibilidades de boa condução das sociedades" (linhas 25-26) / "pode revelar-se irresistível a ponto de sacrificar o voto mesmo entre os mais bem informados" (linhas 56-57). D) "para quem se dispõe a distinguir uma tendência política de outra" (linhas 18-19) / "para se informar, entender o processo e julgar os candidatos" (linhas 11-12). Cursos de Filosofia e Pedagogia 7 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I LITERATURA - TIPO I QUESTÃO 13 No conto “Janela”, de Lygia Fagundes Telles, o personagem central fica diante de uma janela, que desencadeia suas emoções, as quais permitem a ele, de forma metafórica A) B) C) D) alegrar a alma cansada. encontrar a solução de seus problemas. relembrar o passado triste. entrever a esperança para o futuro. QUESTÃO 14 No conto “O menino”, de Lygia Fagundes Teles, a infância do garoto é abalada profundamente devido ao fato de A) B) C) D) ele sentir a solidão pela falta de amigos. ele perder o carinho dos pais. os pais haverem se separado. ele ter presenciado a mãe traindo o próprio pai. QUESTÃO 15 O aspecto de estranhamento presente no conto “A caçada”, de Lygia Fagundes Teles, se revela de forma mais evidente no A) meio da narrativa, quando o personagem tem certeza de ser o artesão que teceu o tapete. B) final do conto, quando o personagem entra na cena da caçada de forma surreal, sabe que pertence ao cenário da tapeçaria e sente a dor da flechada. C) início do conto, quando o personagem tenta comprar a tapeçaria que já foi de sua família. D) diálogo que o personagem trava com a lojista, buscando convencê-la de que a peça não valia o preço pedido por estar deteriorada. 8 Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 16 Um recurso narrativo muito claro no conto “Os sonetos negros”, de Paulo Henriques Britto, é o uso A) da biografia da escritora, objeto de pesquisa da narradora, a fim de reforçar a ideia de que só isso é suficiente para desvendar o mistério dos sonetos. B) de uma linguagem técnica, utilizada pela narradora/pesquisadora, a fim de, didaticamente, ensinar como se faz uma tese. C) da descrição detalhada dos espaços e do alongamento do tempo narrativo como forma de distanciamento crítico do tema explorado. D) da investigação da linguagem textual da autora dos sonetos, para identificar o processo de escrita e autoria da obra de arte. QUESTÃO 17 A ambiguidade entre o título “Um criminoso”, de Paulo Henriques Britto, e o texto desenvolvido ocorre porque A) não há nenhum criminoso, exceto nos enredos imaginários, montados pelo narrador, os quais não se concretizam. B) todas as pessoas presentes à festa, no sétimo andar, estão envolvidas em situação suspeita, deixando dúvida com relação aos supostos criminosos presentes. C) não há apenas um criminoso, mas várias pessoas podem ser culpadas pela violência no apartamento vizinho ao do narrador. D) o rapaz drogado, que toca a campainha do apartamento do narrador, dá aos leitores a certeza de que mais uma suspeita se confirma. QUESTÃO 18 A escrita em forma de diário, no conto “Os sonetos negros”, de Paulo Henriques Britto, busca conferir A) ao projeto de pesquisa, um caráter mais impessoal entre a narradora e o núcleo que financia a viagem. B) distanciamento entre a narradora e o objeto pesquisado. C) uma possibilidade maior de a narradora se eximir de cumplicidade com a autora dos sonetos. D) proximidade entre o narrado e o vivido pela narradora. Cursos de Filosofia e Pedagogia 9 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 19 Leia o trecho a seguir do livro Solombra, de Cecília Meirelles. Pelos mundos do vento, em meus cílios guardadas vão as medidas que separam os abraços. Eu sou essa pessoa a quem o vento ensina: “Agora és livre, se ainda recordas”. (2005, p. 16) Marque a opção que melhor expressa o papel da memória para o eu lírico. A) B) C) D) Lembrança e liberdade. Esquecimento e ensinamento. Lembrança e fuga. Esquecimento e sonho. QUESTÃO 20 Assinale a opção que explica o sentido das palavras “olhos” e “pálpebras”, recorrentes no poema Solombra, de Cecília Meireles. A) B) C) D) A possibilidade de ver e ocultar os fatos que tocam a alma e a vida. A necessidade de dar testemunho. O recurso poético da estabilidade. A certeza da morte de tudo e de todos. QUESTÃO 21 Leia o trecho de Solombra, de Cecília Meireles. Esse rosto na sombra, esse olhar na memória, o tempo do silêncio, os braços da esperança, uma rosa indefesa ─ e esse vento inimigo. [...] ─ Ah, deixarei meu nome entre as antigas mortes. Só nessas mortes pode estar meu nome escrito. Nome: pequena lágrima atenta. (2005, p. 22) No trecho acima, o eu lírico revela que a superação da morte ocorre A) B) C) D) 10 porque não há mais necessidade do nome nem do poeta nem de poesia. pela sobrevivência da poesia e do poeta nas memórias através dos tempos. porque, com o passar do tempo, todos são esquecidos. porque, uma vez que o poeta morre, o poema morre com ele. Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 22 Assinale a alternativa que melhor expressa a temática desenvolvida pelo narrador no conto “A doida”, de Carlos Drummond de Andrade. A) Para as crianças, não há limites entre as regras e o descumprimento delas mesmo quando a vida tem algo mais profundo para ensinar. B) A caridade humana só ocorre quando se sabe que a recompensa e a glória virão em seguida ao gesto solidário. C) O medo, o preconceito e o desconhecimento da loucura são os maiores perigos para o enfermo. D) A desconfiança dos adultos passa para os jovens, reproduzindo gerações de pessoas insensíveis mesmo diante da morte. QUESTÃO 23 No conto “Presépio”, de Carlos Drummond de Andrade, a criação severa das moças faz com que Dasdores aprenda a desenvolver uma forma secreta de amar, que é descrita na A) combinação das tarefas exteriores com os sentimentos interiores. B) divisão do trabalho com as amigas para sair escondida e ver seu amor. C) união entre os irmãos menores para apressarem a arrumação do presépio e ajudar Dasdores a ir à missa. D) pressa e desorganização com que monta o presépio, para que a mãe mande outra pessoa fazer o trabalho e ela possa sair. QUESTÃO 24 Marque a alternativa que melhor explica as características dos famosos “causos” do interior, os quais estão presentes no conto “Flor, telefone e moça”, de Carlos Drummond de Andrade. A) Apenas os participantes podem dar testemunho verdadeiro, nunca vale a palavra do narrador. B) O uso da oralidade para conferir veracidade ao caso acaba por desacreditar o narrador. C) A crença de que o respeito aos mortos é uma invenção humana faz com que o sobrenatural não seja assustador. D) Um gesto simples leva às mais diversas interpretações sobrenaturais devido ao efeito misterioso dado pela interpretação do narrador. Cursos de Filosofia e Pedagogia 11 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I FILOSOFIA - TIPO I QUESTÃO 25 A ideia do “martelo” de Nietzsche é entendida como A) argumento construído com a clara intenção de fomentar o debate e a defesa privilegiada dos valores e da moral cristã. B) instrumento metafórico de destruição de todos os ídolos, de todas as crenças estabelecidas, de todas as convenções e valores transcendentais fundamentados na moral e na religião cristã, bem como na filosofia metafísica socrático-platônica. C) uma normalização para todo e qualquer embate moral e sistemático no âmbito das relações do Homem com o mundo no qual ele está inserido. D) uma afirmação da derrogação do universo racional e religioso no qual estava mergulhada a natureza humana do século XVIII. QUESTÃO 26 Nietzsche estampa a sua inconformidade e indignação quanto ao homem que se deixa levar pelos valores morais e religiosos instituídos. Assinale a alternativa que CORRETAMENTE corrobora essa afirmação. A) “Hoje não desejamos o gado moral nem a ventura gorda da consciência.” B) “O verme se retrai quando é pisado. Isso indica sabedoria. Dessa forma ele reduz a chance de ser pisado de novo. Na linguagem da moral: a humildade.” C) “À força de querer buscar as origens nos tornamos caranguejos. O historiador olha para trás e acaba crendo para trás.” D) “Há um ódio contra a mentira e a dissimulação que procede duma sensível noção de honra; há outro ódio semelhante por covardia, já que a mentira é interdita pela lei divina. Ser covarde demais para mentir...” QUESTÃO 27 Assinale a alternativa que CORRETAMENTE revela “a história de um erro” para Nietzsche. A) “A satisfação nos protege até mesmo de resfriados. Uma mulher que sabe bem vestida se resfria alguma vez? Presumo até que possa dar-se o caso de que esteja pouco vestida.” B) “O mundo-verdade acabou abolido, que mundo nos ficou? O mundo das aparências? Mas não; com o mundo-verdade abolimos o mundo das aparências!” C) “Aquele que não sabe dispor sua vontade nas coisas quer ao menos atribuir-lhes um sentido: o que faz acreditar que já existe uma vontade nelas (princípio ad 'fé')”. D) “Desconfio de todas as pessoas com sistemas e as evito. A vontade de sistema constitui uma falta de lealdade.” 12 Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 28 A razão, para Hume, é: A) “a descoberta da verdade ou da falsidade. A verdade e a falsidade consistem no acordo e desacordo seja quanto à relação real de ideias, seja quanto à existência e aos fatos reais.” B) “nossas propensões naturais e distinções morais implicam, necessariamente, uma razão inata.” C) “os concomitantes da ação induzem a uma concepção notória daquilo que se pode determinar como universo da razão.” D) “em sentido estrito e filosófico, a razão nos informa sobre os critérios e conexões entre as paixões e desafetos humanos.” QUESTÃO 29 Sobre a origem da justiça, Hume afirma que: A) “O senso de justiça é derivado da virtude, que por sua vez move toda e qualquer mudança na esfera do comportamento humano.” B) “A justiça tira sua origem exclusivamente do egoísmo e da generosidade restrita aos Homens em conjunto com a escassez das provisões que a natureza ofereceu para suas necessidades.” C) “As impressões dão origem ao senso de justiça e são naturais à mente humana.” D) “A justiça tem sua origem nas regras naturais e buscam seu fim em interesses gerados pelas paixões mais profundas dos homens.” QUESTÃO 30 “Os homens são frequentemente governados por seus deveres, abstendo-se de determinadas ações porque as julgam injustas, sendo impelidos a outras porque julgam tratar-se de uma obrigação”. Com esse argumento, Hume quer demonstrar que A) as regras morais são, por conseguinte, conclusões da razão humana. B) a moral, porque deriva-se da razão, tem influência direta sobre as ações e os fatos. C) a moral é uma filosofia prática e supõe-se que influencie paixões e ações humanas e vai além dos juízos calmos e impassíveis do entendimento. D) há, nos homens, uma necessidade e uma emergência que os impele ao exercício prático da razão. Cursos de Filosofia e Pedagogia 13 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 31 Sartre define o entendimento de que a existência precede a essência como: A) “a compreensão de que o inferno são os outros e de que, assim, o Homem que se alcança diretamente pelo cogito descobre também todos os outros homens”. B) “a compreensão dos conceitos de angústia, descompasso, má fé e desespero”. C) “que na verdade, para o existencialista, não existe amor essencial, senão aquele que se constrói na perspectiva da escolástica”. D) “o significado de que o Homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define”. QUESTÃO 32 Para Sartre, “o Homem é livre, o Homem é liberdade”. Com relação a tal princípio, é CORRETO afirmar que o homem é: A) “a expressão de que tudo é permitido por meio da liberdade e que provém da existência de Deus”. B) “um animal político no sentido aristotélico e por isso necessita viver a liberdade política em comunidade”. C) “um ser que depende da liberdade divina e necessita que o futuro esteja inscrito no céu”. D) “condenado a ser livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo que faz”. QUESTÃO 33 No debate do problema acerca do significado de transcendência, é CORRETO afirmar que, para Sartre, ela: A) B) C) D) “é um elemento constitutivo do Homem que se dá no sentido de superação”. “ocorre no campo da estética e da faculdade do juízo”. “é compreendida no âmbito do sentido em que Deus é transcendente”. “permite aos homens se aproximarem dos aspectos teológicos e teologais inerentes à existência humana”. QUESTÃO 34 Sobre a ideia de soberania concebida por Hobbes, é CORRETO afirmar que a soberania: A) B) C) D) “se dá por meio do sufrágio universal, seja na república ou na monarquia”. “é a manifestação da virtù como condição indispensável no governo do príncipe”. “reside em um homem ou em uma assembleia de mais de um”. “é a realização plena da paz perpétua entre as nações”. 14 Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 35 Com relação às diversas espécies de governos admitidos por Hobbes, assinale a alternativa que expressa três delas. A) B) C) D) Aristocracia, república e governo fascista. Monarquia, república e governo totalitário. Monarquia, democracia e aristocracia. República, aristocracia e governo constitucional. QUESTÃO 36 Existe um domínio do Estado que, para Hobbes, pode ser um Estado por aquisição. Com relação a tal Estado, é CORRETO afirmar que ele é aquele: A) “que foi adquirido pela força dos poderes executivo, legislativo e judiciário.” B) “herdado por um movimento revolucionário.” C) “assumido por herança quando o costume é que o parente mais próximo seja o sucessor absoluto.” D) “em que o poder soberano foi adquirido pela força.” Cursos de Filosofia e Pedagogia 15 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I HISTÓRIA - TIPO I QUESTÃO 37 “Nós, pintores, queremos, pelos movimentos do corpo, mostrar os movimentos da alma [...]. Convém, portanto, que os pintores tenham um conhecimento perfeito dos movimentos do corpo e o aprendam da Natureza, para imitar, por mais difícil que sejam, os múltiplos movimentos da alma.” TENENTI, A. A Florença na época dos Médici. São Paulo: Perspectiva, 1973. Essa citação é uma referência A) B) C) D) ao pensamento Iluminista. à Reforma Protestante. ao Renascimento Cultural. à Contra-Reforma católica. QUESTÃO 38 O pacto colonial foi um princípio da relação entre as metrópoles europeias e as colônias americanas nos séculos XVI, XVII e XVIII. Sobre a aplicação desse princípio, é CORRETO afirmar que ele A) estabelecia o monopólio das atividades econômicas e comerciais nas colônias pelos colonizadores nascidos na América, criollos na América espanhola e mazombos na América portuguesa, e garantia aos reinóis, nascidos nos reinos europeus, o controle político por meio das câmaras municipais, na América portuguesa, e nos cabildos, na América espanhola. B) proibia as atividades econômicas dos colonizadores nascidos na América, criollos na América espanhola e mazombos na América portuguesa, ou seja, só os europeus podiam ter fazendas ou minas de metais preciosos, e proibia a participação dos nascidos na Europa nos cargos administrativos mais altos nas colônias. C) estabelecia o monopólio ou o exclusivo comercial, ou seja, os colonos só podiam negociar com os comerciantes da sua metrópole, mas foi relativizado pela liberdade comercial concedida pelos ingleses aos norte-americanos até meados do século XVIII e abolido por D. João VI na América portuguesa em 1808. D) proibia o monopólio ou o exclusivo comercial pretendido pelos comerciantes metropolitanos e as atividades econômicas privadas nas colônias, ou seja, garantia o controle do comércio pelas coroas europeias por meio da ação das companhias de comércio oficiais e a exploração estatal de fazendas e minas de metais preciosos. 16 Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 39 “O governo arbitrário de um príncipe justo [...] e esclarecido é sempre mau. Suas virtudes constituem a mais perigosa das seduções: habituam o povo a amar, respeitar e servir ao seu sucessor, qualquer que seja ele. Retira do povo o direito de deliberar, de querer ou de não querer, de se opor à vontade do príncipe [...]. O direito de oposição, mesmo insensato, é sagrado”. DIDEROT, Denis. Filósofo e enciclopedista francês. Refutação de Helvétius. 1774. A crítica de Diderot caminhava no sentido da A) B) C) D) justificativa do poder absoluto dos monarcas pelo Direito Divino. limitação dos poderes dos monarcas que caracterizaria o Liberalismo. educação ilustrada dos monarcas que caracterizava o Despotismo Esclarecido. inutilidade dos poderes dos monarcas que exigiria a implantação da República. QUESTÃO 40 Assinale a alternativa que faz relação CORRETA entre a Inconfidência Mineira de 1789, a transferência da Corte portuguesa para o Brasil em 1808 e a Independência do Brasil em 1822. A) A Inconfidência mineira de 1789, liderada por Tiradentes, foi um movimento de protoindependência, estabelecendo as bases da nação brasileira e servindo de base para o movimento de Independência em 1822; essa linha evolutiva possibilitou que a Independência tivesse um caráter conciliatório e a reabilitação da monarquia após o reconhecimento por D. João VI e seu filho D. Pedro da injustiça cometida contra o Tiradentes. B) A Inconfidência Mineira de 1789, liderada por Tiradentes, foi um movimento de cunho popular que pretendeu a independência e a republicanização da América portuguesa, assim como a abolição da escravidão no novo país, por isso ele foi duramente reprimido e a Coroa portuguesa implementou um projeto de independência gradual e sem influência das ideias liberais, iniciado com a vinda da Corte e finalizado com D. Pedro I. C) A Inconfidência Mineira de 1789 foi um movimento de caráter aristocrático e circunscrito à lógica do Antigo Regime absolutista, reivindicando apenas a mercê do Rei de suspensão da cobrança do quinto por meio da câmara municipal de Vila Rica; portanto, foi usada como exemplo de patriotismo na Corte de D. João VI no Rio de Janeiro e serviu de inspiração para uma independência na forma monárquica e absolutista. D) A Inconfidência Mineira de 1789 foi um movimento regionalizado e limitado por práticas aristocráticas e de circulação restrita das novas ideias da maioria de suas lideranças, não existindo uma continuidade daquele movimento com a Independência em 1822, que foi marcada pela difusão do ideário liberal mas também pelo fortalecimento da concepção monárquica e dinástica devido à vinda do Rei para o Brasil. Cursos de Filosofia e Pedagogia 17 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 41 Observe as imagens a seguir. Fonte: www. Klickeducacao.com.br Ao relacionar as duas imagens sobre a Revolução Industrial, é CORRETO afirmar que esta A) valorizou o trabalho artesanal e a melhor qualidade da produção, permitindo a incorporação de mulheres e jovens aprendizes em lugar de homens brutos. B) valorizou o trabalho da mulher e fomentou a emancipação feminina, retirando-a do trabalho doméstico e possibilitando-lhe a independência financeira. C) caracterizou-se pela especialização dos trabalhadores no manuseio de máquinas complexas, permitindo o trabalho de jovens estudantes de ambos os sexos. D) caracterizou-se pela divisão técnica do trabalho e pelo aperfeiçoamento constante da maquinaria, permitindo o uso de mão de obra mais frágil e barata. 18 Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 42 “Há sujeitos que estão de posse de 20, 30 e 40 léguas de terra*, muito injustamente possuídas, quando os demais Cidadãos naturais, que têm igual direito ou ainda maior sobre os terrenos, por serem do sangue dos Caboclos, não possuem uma pequena porção em que levantem sua cabana ou cavem sepultura”. *Uma légua corresponde a aproximadamente 6.600 metros. BARATA, Cipriano. Jornal Sentinela da Liberdade, outubro de 1831. Citado por Marco Morel. Cipriano Barata na Sentinela da Liberdade. Salvador: Academia de Letras da Bahia; Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, 2001. O baiano Cipriano Barata foi um revolucionário atuante de 1798 até sua morte em 1838. Durante esse período, esteve preso por aproximadamente onze anos. A crítica feita por ele reproduzida acima era radical porque questionava a A) capacidade de um trabalho produtivo na terra por cidadãos brasileiros devido à inferioridade racial dos mestiços no Brasil Império. B) concentração fundiária e insinuava uma reforma agrária voltada para setores populares e mestiços no Brasil Império. C) ineficiência da pequena lavoura predominante na economia da época e propunha o sistema de plantation no Brasil Império. D) escravidão e sugeria a sua abolição imediata e a distribuição das terras entre os negros libertos do Brasil Império. QUESTÃO 43 “A diferença que se manifesta desse modo entre a estrutura da sociedade burguesa e da sociedade aristocrática de corte é instrutiva. Na vida das pessoas da corte, a convivência social implica um espaço e um tempo completamente diferentes daqueles da vida dos profissionais burgueses. O número de pessoas que um cortesão pode ou deve receber em casa é maior, enquanto o número de pessoas com quem o profissional burguês pode ou deve conviver socialmente ou seja, particularmente é mais reduzido. Aquele gasta um tempo muito maior com a convivência social do que o segundo”. ELIAS, N. A sociedade de corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. Com relação à oposição de ordens sociais estabelecida no trecho do historiador alemão Norbert Elias, é CORRETO afirmar que a sociedade de corte é a do A) B) C) D) Feudalismo e a sociedade burguesa é a do Mercantilismo. Sistema de Castas e a sociedade burguesa é a do Igualitarismo. Antigo Regime e a sociedade burguesa é a do Capitalismo. Capitalismo e a sociedade burguesa é a do Antigo Regime. Cursos de Filosofia e Pedagogia 19 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 44 Observe as fotografias abaixo. As fotografias de Christiano Jr., feitas na década de 1860, são criticadas por serem encenadas. Com relação às duas fotografias acima, é CORRETO afirmar que representam A) negros livres, pois aos escravos não eram permitidos serviços além dos braçais, na lavoura e na limpeza urbana. B) negros livres, pois aos escravos não era permitido juntar dinheiro, necessário para esse cuidado nas vestimentas. C) escravos, pois todos os indivíduos de cor negra eram cativos, ainda que bem cuidados por seus senhores. D) escravos, pois, apesar da boa apresentação das vestimentas, estão descalços, e isso não era permitido aos cativos. 20 Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 45 “Chegou o momento em que percebi que a escravatura devia morrer para que a Nação pudesse viver”. Essa frase de Abraham Lincoln foi pronunciada em 22 de julho de 1863 e se refere A) B) C) D) à Guerra da Secessão entre o Norte capitalista e o Sul escravista. à Independência das Treze Colônias da América do Norte. ao movimento dos direitos civis e contra a segregação racial. ao processo de colonização da América do Norte pelos ingleses. QUESTÃO 46 Leia o texto a seguir. “[Para] Rui Barbosa, [a] reação contra a vacina era justa, dizia, mas fora deturpada, resultando em 'bodas adulterinas da arruaça com o pronunciamento'. O verdadeiro povo ter-se-ia recolhido ao interior dos lares, pois ele é resignado, submisso e fatalista. As massas incultas é que teriam deixado levar à mazorca. Esta é ainda a versão de Olavo Bilac. A revolta, segundo ele, fora obra da 'matula desenfreada' e dos ignorantes explorados pelos astutos. A diferença com Rui é que, para Bilac, os ignorantes definiam-se pela alfabetização e, portanto, constituíam a grande massa da população, uma 'turba-multa irresponsável de analfabetos'. José Vieira é um pouco mais preciso. Fala em garotos vendedores de jornais, garotos de cortiço, operários desocupados, capangas de políticos e vagabundos da Saúde, todos promovidos a povo pelos conspiradores. No início, diz ter havido também a participação de 'vagabundos de gravata', que se aproveitavam da situação para atirar sua pedra e dar seu tiro de revólver.” CARVALHO. José Murilo de. Os bestializados. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. O texto acima é uma referência à chamada República Velha (1889-1930). Esse texto revela a A) preocupação de intelectuais do período com os livros subversivos e a organização das massas populares em partidos socialistas e anarquistas. B) infantilidade das massas populares do período, incapazes de compreender as transformações sociais republicanas e manipuladas por políticos. C) maneira ordeira e legalista dos setores populares na capital da República, fruto de políticas educacionais promovidas pela nova forma de governo. D) concepção elitista e preconceituosa de homens letrados da época em relação às massas populares, negando a legitimidade de seus movimentos. Cursos de Filosofia e Pedagogia 21 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 47 “Que nos importa que Hitler não queira, na sua terra, o sangue negro? Isso mostra unicamente que a Alemanha Nova se orgulha da sua raça. Nós também, nós, brasileiros, temos raça. Não queremos saber de ariano. Queremos o brasileiro negro e mestiço, que nunca traiu nem trairá a nação. Nós somos contra a importação do sangue estrangeiro que vem somente atrapalhar a vida do Brasil, a unidade da nossa pátria [...]. Hitler afirma a raça alemã. Nós afirmamos a Raça Brasileira, sobretudo no seu elemento mais forte: o negro brasileiro” O trecho do jornal A Voz da Raça, órgão da Frente Negra Brasileira, em 1933. Citado em Demétrio Magnoli. Uma gota de sangue: história do pensamento racial. São Paulo: Contexto, 2009. A referência a raças e à pátria, citada no documento acima, sofreu influências da A) consolidação do bolchevismo soviético na Europa, com a afirmação da superioridade eslava e do populismo russo, e também da ação revolucionária com tons raciais e xenófobos do Partido Comunista Brasileiro. B) solidez do liberalismo na Europa, com o progresso econômico contínuo e pacífico apoiado no livre mercado, e também da liderança dos partidos de orientação liberal brasileiros, sobretudo o Partido Liberal. C) ascensão do nazifascismo na Europa, com a afirmação da superioridade ariana e da herança da Roma antiga, e também do pensamento autoritário brasileiro com tons nacionalistas, como no Integralismo. D) dominação do nazifascismo na Europa, com a difusão da superioridade ariana e europeia na América Latina, e também do mimetismo da cultura europeia branca, defendido pelos modernistas brasileiros. 22 Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I QUESTÃO 48 “Embora algumas pessoas possam se mostrar chocadas e incrédulas ante o fato de que padres estivessem envolvidos em atividades terroristas, essa descoberta não foi surpresa para observadores políticos de São Paulo. O consulado geral tinha recebido numerosas informações de que esse fenômeno estava ocorrendo [...]. A explicação básica do envolvimento dos padres é a convicção, proclamada em declarações de militares, de que existe um estado de guerra e, portanto, a violência é necessária. Embora essa justificativa seja simplista e infeliz, ela parece suficiente para aqueles que acreditam estar vivendo sob uma ditadura brutal”. Telegrama do consulado geral dos Estados Unidos em São Paulo ao Departamento de Estado, de 6 de novembro de 1969. Citado por GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. Com relação ao período citado, de implantação e recrudescimento da ditadura civilmilitar de 1964, é CORRETO afirmar que A) as agremiações e grupos liberais cassados e reprimidos durante o governo socialista de João Goulart partiram para a revanche no novo regime. B) as esquerdas unificadas em torno do Partido Comunista Brasileiro optaram pela luta armada, obrigando o Estado a reagir de forma violenta. C) as cassações, a repressão policial e os interrogatórios com o auxílio de tortura só atingiram indivíduos que participavam da luta armada. D) as cassações, a repressão policial e a tortura por militares e policiais atingiram indivíduos de diversas origens e posições ideológicas. Cursos de Filosofia e Pedagogia 23 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 Rascunho do Cartão de Respostas Ao terminar a Prova de Conhecimentos Específicos, transfira suas marcações para o Cartão de Respostas (cor vermelha) obedecendo às instruções de preenchimento nele contidas. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 24 A A A A A A A A A A A A A A B B B B B B B B B B B B B B C C C C C C C C C C C C C C D D D D D D D D D D D D D D 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 A A A A A A A A A A A A A A B B B B B B B B B B B B B B C C C C C C C C C C C C C C D D D D D D D D D D D D D D 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 A A A A A A A A A A A A A A B B B B B B B B B B B B B B C C C C C C C C C C C C C C D D D D D D D D D D D D D D 43 44 45 46 47 48 A A A A A A B B B B B B C C C C C C D D D D D D Cursos de Filosofia e Pedagogia UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 Cursos de Filosofia e Pedagogia PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I 25 UFSJ - PROCESSO SELETIVO 2011/1 26 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - TIPO I Cursos de Filosofia e Pedagogia INFORMAÇÕES Tel.: (32) 3379-2505, 3379-2328 Internet: www.ufsj.edu.br E-mail: [email protected]