cultura do arroz irrigado por inundação

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CULTURA DO ARROZ IRRIGADO 1. INTRODUÇÃO O arroz é uma gramínea anual adaptada ao ambiente aquático. Esta adaptação é devida à presença de aerênquimas no colmo e nas raízes da planta, que possibilitam a passagem de oxigênio do ar para a camada da rizosfera.
De acordo com os dados do IBGE (2004), a produtividade média de arroz no Brasil é de 3.556 kg/
ha. Um dos fatores responsáveis pela baixa produtividade é a inclusão das baixas produtividades obtidas pelo arroz de sequeiro. Somam­se a isso problemas de fertilidade natural dos solos, a insuficiente ou desequilibrada adubação do solo, plantas daninhas, pragas, doenças e as condições climáticas inadequadas.
Quadro 1. Produção, área cultivada e produtividade de arroz no Brasil, de acordo com as regiões brasileiras. Região
Produção (t)
Área (ha)
(kg/ha)
% da produção
Norte
608.766
1.439.274
2.364
16,31
Nordeste
766.745
1.174.559
1.531
20,52
Sudeste
137.054
343.178
2.503
3,67
Sul
1.263.023
7.531.817
5.963
33,84
Centro Oeste
957.558
2.788.013
2.911
25,66
BRASIL
3.733.146
13.276.841
3.556
100,00
Quadro 2: Produção, área cultivada, produtividade e percentagem da produção nacional de arroz, de acordo com alguns Estados brasileiros. IBGE (2004):
Estado
Produção (t)
Área (ha)
(kg/ha)
% da produção
Rio Grande do Sul
1.044.124
6.338.139
6.070
27,97
Mato Grosso
738.165
2.177.125
2.949
19,77
Maranhão
516.740
733.484
1.419
13,84
Pará
297.065
636.645
2.143
7,96
Goiás
165.427
369.513
2.233
4,43
Tocantins
161.655
417.139
2.580
4,33
Santa Catarina
150.852
1.011.592
6.705
4,03
Piauí
150.279
169.485
1.127
4,03
Minas Gerais
93.964
214.192
2.279
2,52
Rondônia
83.047
186.214
2.242
2,22
Paraná
68.047
182.086
2.675
1,82
Mato Grosso do Sul
53.866
241.177
4.477
1,44
Ceará
38.263
86.311
2.255
1,02
São Paulo
35.780
106.120
2.965
0,96
BRASIL
3.733.146
13.276.841
3.556
100,00
2. CLIMA Para a expressão do seu potencial produtivo, a cultura requer temperaturas ao redor de 24 a 300C e radiação solar elevada, uma vez que a disponibilidade hídrica não é um fator limitante (no caso do arroz irrigado).
A ocorrência de baixas temperaturas (abaixo de 17 oC de 15 dias antes a 5 dias após o início da floração) e a pouca disponibilidade de radiação solar (cerca de 21 dias antes a 21 dias após o florescimento) são dois elementos climáticos intimamente relacionados com a diminuição nos níveis de produtividade.
3. FASES DE DESENVOLVIMENTO O ciclo total da cultura do arroz está compreendido entre 90 a 210 dias, dependendo da cultivar e da época da semeadura. No entanto, a maioria das cultivares recomendadas nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina estão entre 100 a 140 dias. O técnico e o produtor devem saber identificar as fases de desenvolvimento da cultura para fazer as práticas culturais no momento certo. O ciclo da cultura é dividido nas seguintes fases:
a) Fase Vegetativa
b) Fase reprodutiva
c) Fase de maturação
0 – Germinação
4 – Ponto de algodão
7 – Grão leitoso
1 – Plântula
5 –Embarrigamento
8 – Grão pastoso
2 – Perfilhamento
6 – Floração
9 – Grão maduro
3 – Elongação do caule
a) Fase vegetativa
A fase de germinação compreende desde a colocação da semente na água até o aparecimento da primeira folha, que ocorre em dois a quatro dias após a semeadura. A germinação é tanto mais rápida quanto maior for a temperatura da água e do ar.
A fase de plântula compreende desde o aparecimento da primeira folha até a formação do primeiro afilho, que ocorre cerca de 18 a 20 dias após a semeadura. Algumas considerações desta fase:
­ a água profunda provoca o crescimento de plântulas altas, fracas, com poucas raízes;
­ a falta de água provoca crescimento irregular e retardado, porém com poucas raízes;
­ as plântulas se desenvolvem melhor com temperaturas altas;
­ as baixas temperaturas podem provocar amarelecimento das folhas, morte de plântulas e retardamento do crescimento das mesmas.
Após três a quatro semanas da emergência, a planta começa a emitir os perfilhos, que surgem dos nós do colmo, de forma alternada. A duração desta fase vai até o aparecimento do quarto nó, que varia de 3 a 4 semanas, dependendo da cultivar. O perfilhamento do arroz irrigado é favorecido pelo maior espaçamento de plantio (com menor densidade, há maior formação de perfilhos), pela adequada disponibilidade de nitrogênio no solo e pela altura da lâmina de água de irrigação (a água profunda diminui o perfilhamento). Além disso, outros fatores exercem influência sobre o perfilhamento, como o tipo de cultivar e a temperatura do solo. O início do perfilhamento é considerado a época ideal para a primeira aplicação de nitrogênio em cobertura.
A fase de elongação do caule inicia no momento em que o quarto nó começa a ser notado, até o ponto de algodão. Em cultivares de ciclo curto as etapas de elongação do caule e o ponto de algodão acontecem quase ao mesmo tempo. b) Fase reprodutiva A fase reprodutiva varia de 3 a 5 semanas. Este é um período crítico no desenvolvimento da planta, uma vez que estará sendo formado o número potencial de óvulos em cada panícula. É importante que durante este período a planta não sofra nenhum estresse, principalmente de temperatura baixa (inferiores a 17oC) e de deficiência de nitrogênio. Desta maneira, é importante a adequação da época de semeadura de tal forma que este período de desenvolvimento coincida com o mês que tenha pouca probabilidade de ocorrência de baixas temperaturas.
Na fase de “Ponto de algodão” forma­se a pluma de algodão sobre o quarto nó da planta. A partir desta fase até oito a dez dias após a floração plena, manter a lâmina de água permanente.
O período que antecipa a floração é denominado de embarrigamento. Em clima adverso (excesso de umidade do ar, aliado a altas temperaturas) o excesso de nitrogênio pode provocar a brusone na panícula.
A fase de floração começa com a emissão da panícula e termina quando ocorre a fertilização da flor. A floração demora de quatro a sete dias em condições normais. As baixas temperaturas, o excesso de chuvas e o desequilíbrio nutricional podem prejudicar a fertilização das flores. Por ocasião do florescimento, a planta do arroz atinge sua máxima área foliar. Durante o período de 20 dias antes e 20 dias depois do florescimento, condições de plena radiação solar fazem com que a planta utilize mais eficientemente o nitrogênio disponível no solo e, conseqüentemente, produza maior rendimento de grãos. Nesta fase, as baixas temperaturas, o excesso de chuvas e o desequilíbrio nutricional podem prejudicar a fertilização das flores.
c) Fase de maturação 2
A duração da fase de maturação varia de 30 a 40 dias e vai do florescimento à maturação fisiológica fase de grão leitoso inicia no momento em que a flor é fertilizada, indo até o ponto em que a panícula se curva formando um ângulo de 90°, devido ao peso dos grãos do terço superior da panícula, caracterizando­se pelo conteúdo leitoso do grão.
O período de grão pastoso vai desde o momento em que a panícula forma um ângulo de 90° até formar um ângulo de 180°. Compreende a fase final de grão leitoso até a fase final de enchimento do grão, caracterizando um grão firme e amorfo.
A fase de grão maduro ou cristalino ocorre quando a umidade dos grãos está em torno de 22 a 26%. Neste momento deve ser iniciada a colheita.
A deficiência nutricional ou a ocorrência de pragas e/ou moléstias durante o período de formação e enchimento de grãos reflete­se em menor peso de grãos. Condições de temperatura do ar elevada e umidade do ar baixo, associado à ocorrência de ventos, aceleram o processo de perda de umidade dos grãos. Após a maturação fisiológica (quando o grão atingiu o máximo de desenvolvimento) a planta pode demorar de uma a duas semanas até atingir condições de ser colhida mecanicamente.
4. CULTIVARES RECOMENDADAS E DENSIDADE DE SEMEADURA Na escolha da cultivar a ser semeada, devem ser considerados vários aspectos, entre eles citamos: qualidade dos grãos, a produtividade, a resistência às doenças, ao acamamento e à toxidez de ferro.
Quanto a precocidade, a classificação é a seguinte:
a) precoces: ciclo total menor do que 120 dias;
b) médios: ciclo total compreendido entre 121 a 135 dias;
c) semitardio: ciclo total compreendido entre 136 a 150 dias;
d) tardio: ciclo total superior a 150 dias.
No Quadro 3, a seguir, estão descritas as principais cultivares recomendadas e algumas características referentes a elas.
Quadro 3. Características agronômicas das principais cultivares recomendadas para SC. Fonte: EPAGRI, 2006
Grau de resistência
Cultivar
Ciclo
Acamamento
Brusone
Toxidez por ferro
BR IRGA 410
Médio
R
MR
S
EPAGRI 106
Precoce
MR
MR
MR
EPAGRI 108
Semitardio
R
MS
R
EPAGRI 109
Semitardio
R
MR
R
SCS BRS ­ 111
Semitardio
MR
R
R
SCS ­ 112
Tardio
R
MR
MS
SCS 114 Andosan
Tardio
R
MR
MR
SCS BRS Tio Taka
Tardio
R
MR
MS
Legenda: R (Resistente); MR (Moderadamente resistente); MS (Moderadamente suscetível; S (suscetível)
A densidade de semeadura recomendada é de 400 a 500 plântulas por metro quadrado. É preciso ressaltar que no quadro anterior está indicada a resistência ao acamamento em condições de densidade de plantas recomendada pela pesquisa. Se a densidade de semeadura for muito alta, normalmente há um maior índice de acamamento, inclusive nas cultivares classificadas como resistentes.
Recomenda­se a semeadura de 120 kg de sementes por hectare para as cultivares com alta capacidade de perfilhamento. Para cultivares de média capacidade de perfilhamento recomenda­se a semeadura de 150 kg de sementes/ha.
Antes de se fazer a semeadura devemos observar algumas características desejáveis de uma boa semente, a saber:
• pureza varietal → sem mistura de cultivares e ausência de arroz daninho (vermelho e preto);
• pureza física → a semente deve estar limpa, sem restos culturais ou sementes de inços;
• teor de umidade → deve ser de 13%, para melhor conservação da semente;
• sanidade → a semente deve ser sã, sem doenças e pragas transmissíveis por semente;
3
• germinação → a semente deve apresentar no mínimo 80% de germinação;
• vigor → as sementes devem apresentar alto vigor. Evitar o plantio de sementes trincadas.
As sementes são classificadas nos seguintes tipos:
a) semente registrada: são isentas de arroz vermelho e arroz preto.
b) semente certificada: é produzida a partir de sementes básica (alta pureza varietal) ou registrada. São isentas de arroz vermelho e preto.
c) semente fiscalizada: é produzida a partir das sementes certificada, básica ou registrada. É permitida uma semente de arroz vermelho ou preto/500 g. A análise de pureza varietal é feita com amostras de 500 gramas de sementes, em laboratórios oficiais.
5. SOLOS 5.1. TIPOS DE SOLOS E SISTEMATIZAÇÃO DA LAVOURA Os solos próprios para o cultivo do arroz irrigado caracterizam­se pela topografia plana, geralmente hidromórficos. A presença de camadas subsuperficiais argilosas torna o cultivo de arroz adequado, facilitando a manutenção de uma lâmina de água sobre a superfície do solo e dificultando a lixiviação de nutrientes. Para o cultivo do arroz não são recomendados solos arenosos e muito profundos.
Para o aproveitamento eficiente e racional destes solos há a necessidade de condicioná­los anteriormente ao plantio, através do processo denominado de sistematização do terreno, que consiste na criação de um sistema funcional de manejo que vai desde a remoção de detritos vegetais, abertura de canais de drenagem e irrigação, construção de estradas internas, regularização da superfície do terreno, em nível ou desnível e entaipamento.
Há duas modalidades de sistematização para as lavouras do arroz:
a) Sistematização do solo em desnível: Este sistema é feito normalmente com taipas em curvas de nível, muito utilizado no Rio Grande do Sul. Visa uniformizar o solo transferindo das partes mais elevadas para as depressões do terreno. No caso do arroz, a água de irrigação é retida sobre a superfície do solo através de taipas em curvas de nível. A diferença de cotas de uma taipa para outra depende da declividade do terreno e do sistema de plantio.
Este sistema possui como vantagens o menor movimento de terra, menor custo inicial e melhor drenagem superficial. As desvantagens são o maior consumo de água, lâmina desuniforme causando maiores dificuldades no controle de plantas daninhas e manejo de insumos agrícolas.
b) Sistematização do solo em nível: Neste sistema a área é dividida em quadros, muito utilizado em Santa Catarina. O terreno compreendido em cada quadro é nivelado, utilizando­se o solo das cotas mais elevadas para aterrar os de cotas inferiores. É aconselhável que os mesmos possuam áreas compatíveis com o tamanho das máquinas e que apresentem uma adequada relação entre comprimento e largura. Recomenda­se uma largura entre 20 e 50 m e um comprimento não superior a 200 m. Os quadros devem ser cercados por taipas com altura mínima de 20 cm.
As vantagens deste sistema são: distribuição mais adequada da água, permitindo irrigação mais uniforme e melhor controle de plantas daninhas; com maior uniformidade da lavoura, possibilita maior eficiência nos tratos culturais e na colheita; há um melhor aproveitamento do solo com a redução da área ocupada com taipas. Como desvantagens, na maioria dos casos, a alternância de cultivos com outras culturas na entressafra é dificultada pela deficiente drenagem superficial, originada pelo nivelamento do terreno. Ao mesmo tempo, o custo inicial da sistematização de quadros em nível é normalmente mais elevado do que a sistematização em desnível.
5.2. PREPARO DO SOLO, SISTEMAS DE CULTIVO E SEMEADURA O solo necessita ser muito bem preparado para receber as sementes.
Um bom preparo do solo proporciona condições ideais para o desenvolvimento das raízes da planta, ao controle de pragas, ao controle de doenças e ao manejo da água de irrigação.
Segundo as informações de pesquisas disponíveis, 80% das raízes da planta do arroz encontram­se nos primeiros 20 cm do solo. Devido a este motivo devemos ter uma grande preocupação com esta camada. A profundidade de preparo do solo não deve ser superior a 15 cm. Não 4
se recomenda a subsolagem ou a lavração profunda. Essas práticas tendem a provocar maior consumo de água, perda de nutrientes e o atolamento de máquinas.
O preparo não é uma prática que se aplica de forma igual para todas as propriedades. A seguir há exemplos de alguns sistemas utilizados pelos orizicultores.
5.2.1. Sistema Convencional No Rio Grande do Sul a maior parte da área cultivada com arroz utiliza este sistema. Em Santa Catarina não chega a 5%.
As etapas de preparo do solo e semeadura neste Sistema são basicamente os seguintes:
1) Preparo primário do solo → normalmente é realizado com arados e visa principalmente o rompimento de camadas compactadas e a eliminação e/ou o enterrio da cobertura vegetal. Esta prática é normalmente feito a seco cerca de 2 meses antes do plantio.
2) Preparo secundário → as operações são mais superficiais, utilizando­se grades ou plainas para nivelar, destorroar, destruir crostas superficiais, incorporar agroquímicos e eliminar plantas daninhas no início de seu desenvolvimento. O preparo secundário é realizado logo antes do plantio;
3) Em seguida providencia­se a semeadura, que é realizada a lanço ou em linha. Recomenda­se uma densidade de 400 a 500 sementes aptas/m 2 para a semeadura em linhas e de 500 sementes aptas/m2 para a semeadura a lanço. O objetivo é garantir uma população inicial de 200 a 300 plantas/
m2, uniformemente distribuídas. O espaçamento entre linhas varia de 13 a 20 cm. Espaçamentos menores são mais adequados a semeaduras tardias de cultivares precoces. Espaçamentos maiores, ao mesmo tempo em que favorecem um melhor perfilhamento, podem acarretar em desuniformidade na floração.
4) Realiza­se a aplicação de herbicidas de pré­emergência, que é normalmente aplicada
5) Cerca de 20 a 25 dias após a semeadura faz­se a inundação do terreno. A altura da lâmina de água desejável deve permanecer entre 10 a 15 cm sobre o solo.
5.2.2. Plantio Direto É o sistema de semeadura no qual a semente é colocada diretamente no solo não revolvido. O plantio direto do arroz irrigado na várzea está mais relacionado ao controle do arroz vermelho e à redução dos custos de produção, do que à conservação do solo.
As etapas de implantação deste Sistema são:
1) aplicação de herbicidas visando a eliminação de plantas daninhas presentes no terreno;
2) semeadura em plantio direto (sobre os vegetais dessecados), realizadas geralmente por plantadeiras de tração mecanizada. Recomenda­se uma densidade de 400 a 500 sementes aptas/m2 para a semeadura em linhas. O espaçamento entre linhas recomendado é de 20 cm. Necessita­se uma quantidade de 3,5 sacos por hectare, a uma profundidade de semeadura média de 3 cm;
3) cerca de 20 a 25 dias após a semeadura faz­se a inundação do terreno. A altura da lâmina de água desejável deve permanecer entre 10 a 15 cm sobre o solo.
5.2.3. Sistema Pré­Germinado Em Santa Catarina, cerca de 95% do arroz irrigado é cultivado neste sistema. No Rio Grande do Sul a percentagem ainda é muito pequena.
Caracteriza­se pela semeadura de sementes pré­germinadas em solo previamente inundado. Entre as vantagens deste sistema pode­se citar o eficiente controle do arroz vermelho. As etapas para a implantação deste Sistema são as seguintes:
1) para o êxito do sistema, é importante que o preparo do solo seja iniciado com antecedência de 1 a 2 meses da época prevista para a semeadura. Geralmente o preparo é iniciado com gradagens no início da primavera, e o solo é mantido em condições de umidade (não saturado) adequada para a germinação das sementes de plantas daninhas existentes no solo. As plantas emergidas podem ser controladas com novas gradagens, pois em cada operação mais sementes serão expostas para germinação. 2) cerca de 15 a 20 dias antes da semeadura a área deve ser inundada e mantida nesta condição.
3) preparo do solo para receber as sementes. Torna­se necessário a formação da lama, além do nivelamento e alisamento, práticas também realizadas no plantio convencional. Nesta fase realiza­se, 5
também, a adubação do terreno com fósforo e potássio. Uma alternativa para a formação da lama é a utilização da roda de ferro tipo “gaiola”, que oferece maior sustentação e deixa menos rastro das rodas do trator. A segunda fase compreende o renivelamento e o alisamento, após a formação da lama, utilizando­se pranchões de madeira, com o intuito de deixar a superfície lisa e nivelada, própria para receber a semente;
4) realiza­se a pré­germinação das sementes. Deixa­se as sementes imersas em água por aproximadamente 36 horas. Igual tempo é dispendido para a incubação (descanso) das sementes à sombra. Em dias quentes, hidratar as sementes por 24 horas;
5) semear as sementes pré­germinadas na quadra totalmente inundada com uma lâmina de água de aproximadamente 5 cm. A densidade de semeadura deve ser de 500 sementes aptas/m2. Manter o solo nestas condições por um período compreendido entre 3 a 5 dias;
6) retirar a lâmina de água e manter a quadra seca por um período de 3 a 5 dias, objetivando­se impedir o “afogamento” da plântula e proporcionar um melhor crescimento inicial das mesmas;
7) elevar gradativamente a lâmina de água sobre o terreno, à medida que ocorre o crescimento das plantas, mantendo­a a uma altura de 10 a 15 cm. Neste sistema, o processo de semeadura em solo inundado consiste basicamente na distribuição da semente a lanço, de maneira uniforme, das sementes pré­germinadas. A grande infestação com arroz vermelho nas lavouras e a necessidade de redução de custos criam uma perspectiva de uma utilização crescente deste Sistema.
5.2.4. Transplante de mudas O transplante das mudas é feito quando as mudas alcançam 10 a 12 cm de altura (12 a 18 dias após a semeadura). No momento do transplante as caixas de mudas devem estar com umidade adequada, para facilitar o desempenho da transplantadeira. Esta operação deve ser feita com a área previamente drenada. São necessárias de 110 a 130 caixas de mudas/ha.
A inundação permanente do solo deve ser evitada por uns 2 a 3 dias até o pegamento das mudas. O preparo do solo, o manejo da água, o controle de plantas daninhas, de pragas e de doenças é idêntico ao recomendado para o sistema pré­germinado. Como vantagens deste sistema podemos citar o excelente controle do arroz vermelho e um melhor perfilhamento das plantas.
6. ADUBAÇÃO E CALAGEM Os principais nutrientes minerais extraídos pelo arroz irrigado são: Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).
6.1. Calagem Em solos ácidos, cultivados sob condições de sequeiro, o crescimento das plantas é limitado devido aos baixos valores de pH, à presença de alumínio e manganês trocáveis em níveis tóxicos, à baixa atividade microbiana, diminuindo a taxa de mineralização da matéria orgânica e, como conseqüência de tudo isso, à baixa disponibilidade e ao menor aproveitamento de alguns nutrientes essenciais, dentre eles, o nitrogênio, o fósforo, o enxofre e o molibdênio. Recomendações de calagem:
a) Em Sistema Pré­germinado → Devido ao contínuo alagamento, há a ocorrência da auto­
calagem, não necessitando­se a aplicação de calcário dolomítico para elevar o pH do solo.
OBS: Torna­se conveniente o uso de calagem (1 ton/ha) somente para elevar níveis de Ca + Mg, quando estes encontram­se abaixo de 5,0 cmolc/L, de acordo com a análise do solo.
b) No Sistema Convencional → Elevar o pH do solo para 5,5. Isto é realizado através da aplicação de calcário dolomítico, cerca de 3 a 6 meses antes da semeadura. Esta prática torna­se necessária porque a auto­calagem só é atingida a partir de 30 dias após a semeadura.
6.2. Adubação A adubação do solo deve ser baseada na análise prévia do solo. Abaixo seguem as recomendações de adubação válidas para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
6
a) Fósforo:
Kg de P2O5/ha
Sistema pré­germinado
Semeadura em solo seco
Interpretação de P no solo
≤ 3,0
3,0 – 6,0
6,1 – 12,0
> 12,0
40
30
20
< 20
60
40
20
< 20
Quando aplicar:
No cultivo de arroz com pré­inundação do solo, algumas formas de fosfatos do solo (fosfatos de alumínio, ferro e cálcio) liberam P mesmo antes da semeadura. Isto não acontece tão rapidamente no sistema tradicional de semeadura em solo seco. Por este motivo, a recomendação máxima de 40 kg de P2O5/ha para o sistema pré­germinado é inferior àquela para sistemas com semeadura em solo seco (60 kg de P2O5/ha). Para solos com baixos teores de fósforo (< 3 mg/dm 3) recomenda­se dar preferência ao uso de fontes de fósforo solúveis. Para solos com teores maiores que 3 mg/dm3 é viável a utilização de outros fosfatos, isoladamente ou em misturas.
A aplicação de fósforo é recomendada logo antes da semeadura, no período de formação do lodo.
b) Potássio:
Interpretação de K no solo
Kg de K2O/ha
Sistema pré­germinado
Semeadura em solo seco
80
60
60
40
40
20
< 40
< 20
Baixo
Médio
Alto
Muito Alto
Quando aplicar:
No sistema pré­germinado, os adubos potássicos podem ser aplicados e incorporados com enxada rotativa ou com grade por ocasião da formação da lama ou após o nivelamento da área, antes da semeadura. No sistema de semeadura em solo seco, os fertilizantes devem ser aplicados e incorporados por ocasião da semeadura.
c) Nitrogênio
M.O do solo
Sistema pré­
germinado
< 2,5
2,6 – 5,5
> 5,5
90­120
60­90
≤ 60
Kg de N/ha
Semeadura em solo seco (p/ tipo de cultivar)
Porte Baixo
Porte médio
90
60
80
≤ 70
45
≤ 30
Quando aplicar:
Em sistema de semeadura em solo seco (inclui o sistema convencional, cultivo mínimo e plantio direto) recomenda­se aplicar 10 kg de N/ha na semeadura e o restante em cobertura, dependendo do teor de matéria orgânica do solo e do tipo de cultivar. Eventualmente, ao ser constatado um desenvolvimento vegetativo acima do esperado, pode­se reduzir ou até evitar aplicações adicionais de nitrogênio, face aos riscos de acamamento e de problemas associados ao excesso de nitrogênio. Quando a dose a aplicar em cobertura for inferior a 50 kg N/ha, pode­se proceder a aplicação única no início da diferenciação da panícula (ponto de algodão). Para os demais casos é mais eficiente aplicar 50% da dose de cobertura no início do perfilhamento (a partir da emissão quarta folha, que ocorre em torno de 20­30 dias após a emergência das plântulas) e o restante no início da diferenciação da panícula.
No sistema pré­germinado, a adubação com N na base não é recomendada face os riscos de perdas por desnitrificação decorrentes da drenagem do solo posterior à semeadura. Para as cultivares de ciclo curto (< 120 dias) e médio (< 135 dias) recomenda­se aplicar 50% do N no início do perfilhamento (25­30 dias após a semeadura) e o restante no início da diferenciação da panícula (50­65 e 60­65 dias após a semeadura para cultivares de ciclo curto e médio, respectivamente). Para cultivares 7
de ciclo longo (> 135 dias), a cobertura pode ser fracionada em 3 aplicações: 1/3 no início do perfilhamento (25­30 dias após a semeadura), 1/3 no perfilhamento pleno (50­60 dias após a semeadura) e, se necessário, completada com 1/3 no início da diferenciação da panícula (75­80 dias após a semeadura).
6.3. FUNÇÕES DOS PRINCIPAIS NUTRIENTES: 6.3.1. Nitrogênio (N)
Na planta, o nitrogênio estimula o crescimento das raízes, caule e folhas, o crescimento vegetativo, aumentando o número de perfilhos, o tamanho da panícula, o número e o peso dos grãos.
O excesso de N causa desequilíbrio na nutrição da planta e prejudica seu desenvolvimento. Nesta situação causa o aborto de flores, falhas na panícula, acamamento de plantas e maior suscetibilidade a doenças, diminuindo a produtividade da lavoura.
6.3.2. Fósforo (P)
Na planta, estimula o desenvolvimento das raízes, aumenta o perfilhamento e melhora o valor nutritivo dos grãos. O eventual excesso de adubação fosfatada não prejudica a planta, pois ela absorve somente a quantidade de P necessária ao seu desenvolvimento.
6.3.3. Potássio (K)
É um elemento de grande responsabilidade pelo espessamento do colmo, conferindo maior resistência da planta ao acamamento e resistência contra pragas e doenças. 6.3.4. Cálcio (Ca)
Faz parte da parede celular das plantas. É um elemento essencial para o crescimento das raízes. Tem influência na floração, polinização, fertilização e na formação de grãos.
6.3.5. Magnésio (Mg)
É um elemento participante da clorofila, responsável pela fotossíntese. Auxilia na absorção de fósforo pelas plantas. O calcário dolomítico é uma fonte rica e barata em Ca e Mg.
OBS: Em algumas lavouras pode ocorrer a toxidez de ferro. Trata­se de um elemento freqüente no solo, mas que em teores muito altos impede a absorção de outros nutrientes pela planta de arroz. Dependendo da intensidade do problema, pode acarretar em efeitos negativos na produção da lavoura.
Este efeito é notado nas lavouras com os seguintes sintomas:
­ As folhas ficam com suas pontas avermelhadas;
­ As raízes adquirem cor de ferrugem.
A correção deste problema pode ser feita pelas seguintes práticas: aplicação antecipada de uréia, aplicação de calcário (caso não tenha sido feita) e uso de variedades tolerantes.
7. PLANTAS DANINHAS DO ARROZ As plantas daninhas são denominadas como as espécies vegetais que nascem e se desenvolvem em local não desejado, vindo a competir por luz, água e nutrientes com a planta cultivada. Podem ser, ainda, hospedeiras de pragas e doenças e desvalorizam o produto para consumo e para semente, além de aumentar o custo de produção e de beneficiamento. Há plantas daninhas especializadas em se desenvolver em solo seco, outras em solo úmido, outras na água.
Na cultura do arroz irrigado temos essas três condições. Por este motivo, no arroz irrigado há uma grande quantidade de plantas invasoras e que precisam ser controladas.
7.1. CLASSIFICAÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS 7.1.1. FOLHAS LARGAS: São plantas com folhas normalmente com nervuras não paralelas (em forma de espinha de peixe) e caule cheio, não oco.
Dentre elas destacamos o aguapé, angiquinho, chapéu­de­couro, corda de viola (corriola), calipinho, erva­de­bicho, trapoeraba, entre outras.
7.1.2. FOLHAS ESTREITAS: São plantas que possuem folhas com nervuras longitudinais nas folhas. O caule possui nó e entre­nó e é normalmente oco. As raízes são do tipo cabeleira.
Dentre elas podemos destacar o capim­arroz (canevão), arroz vermelho, arroz preto, capim­
mimoso, capim­capivara, etc...
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7.1.3.TIRIRICAS OU CIPERÁCEAS: São plantas com caule quase sempre triangulares e cheios, suas folhas têm três direções com bainhas quase sempre fechadas. Ex: cuminho, junquinho, tiririca preta e cebolinha. 7.2. CONTROLE DAS PLANTAS DANINHAS DO ARROZ É importante lembrar que para um controle econômico e eficiente poderão ser utilizados todos os meios disponíveis e que passaremos a descrever.
7.2.1. Controle cultural O controle cultural de plantas daninhas no arroz pode ser realizado por diversas práticas, a saber:
­ Bom preparo do solo. É um fator fundamental para um bom controle das plantas daninhas com inundação;
­ Uso de sementes de alta qualidade e livres de invasoras;
­ Correta escolha da época de semeadura → a semeadura fora de época aumenta os riscos de frustração;
­ Manejo correto da água → não se deve deixar o solo secar. O contato com o ar provoca germinação de novas sementes;
­ Quantidade correta de sementes/ha → o uso de pouca semente provocará maior população de plantas daninhas, enquanto que o excesso de sementes provocará concorrência entre as próprias plantas de arroz, diminuindo a produtividade;
­ Criação de peixes ou de marrecos de Pequim nos tabuleiros durante a entressafra → é uma prática que em muitos casos poderá dar excelentes resultados no controle de plantas daninhas;
7.2.2. Controle mecânico ­ Capinas → Feita com enxadas ou carpideiras manuais, tracionadas por animais ou tratores. Esta prática é utilizada nos sistemas de plantio no seco, em linha.
­ Com o uso de gradagens ou rotativas → muito utilizada também no sistema de plantio pré­
germinado, no período de entressafra e pré­plantio. É uma prática muito eficiente e recomendável.
­ Arranquio manual ou corte com cegueta → Prática muito eficiente e de baixo custo, especialmente quando se tratar de uma lavoura com baixa infestação, quando do aparecimento de uma nova espécie, ou quando se desejar colher arroz para semente.
­ Queima → usada especialmente para as plantas daninhas arrancadas, já sementadas.
­ Inundação → a maioria das folhas estreitas e tiriricas não crescem em níveis de água de 5 a 10 cm. Algumas folhas largas também são controladas com lâmina d’água. As sementes de muitas plantas daninhas não germinam na água, portanto, este é um recurso que o produtor de arroz pode e deve usar, pois em muitos casos, quando bem utilizado, dispensa o uso de herbicidas.
7.2.3. Controle químico Este método pode ser utilizado pelo produtor quando os demais métodos de controle se mostrarem ineficientes. É realizado com a utilização de herbicidas.
A aplicação de herbicidas pode provocar alguns prejuízos à planta, ao homem e ao meio ambiente. Alguns cuidados, portanto, devem ser tomados: ­ Deve se ter o cuidado para não utilizar herbicidas não recomendados à cultura do arroz, uso de super dosagens do herbicida, uso do herbicida na época errada e uso de misturas não recomendadas.
­ O manuseio do herbicida não deve ser realizado sem a devida proteção. Cuidado redobrado deve ser dado quando se aplicam herbicidas muito tóxicos.
­ A aplicação do herbicida deve ser feita de maneira correta; deve se evitar a troca de água antes do tempo recomendado; as embalagens vazias devem ser depositadas em local apropriado. Deve­se, ainda, proceder a tríplice lavagem dos recipientes.
­ Muitos cuidados devem ser tomados em relação à correta escolha do herbicida, ao momento de aplicação do produto (referentes à hora de aplicação e ao tamanho das plantas a serem controladas), ao uso de dosagens corretas, à forma de aplicação e utilização de equipamentos adequados. 7.3. Classificação dos herbicidas quanto à época de aplicação: ­ PRÉ­PLANTIO: aplicado antes do plantio da cultura.
­ PRÉ­EMERGENTE: aplicado após o plantio da cultura mas antes da germinação.
­ PÓS­EMERGENTE: aplicado após a germinação da cultura e das plantas daninhas. 7.4. Tipos de herbicidas segundo o modo de ação: 9
a) CONTATO: só age na parte pulverizada.
b) SISTÊMICO (translocado): pulverizado nas folhas e ataca todas as partes da planta.
8. DOENÇAS DA CULTURA DO ARROZ 8.1.1. BRUSONE (Pyricularia grisea)
Causada por um fungo com a capacidade de atacar o caule, folhas, panículas e os grãos.
­ Sintomas: nas folhas aparecem como manchas marrons, com centro cinza esverdeado. No caule aparecem como manchas escuras nos nós. À medida em que se distanciam do nó, as manchas tornam­se mais claras. Na panícula e grãos aparecem como manchas marrons.
­ Danos: quando ocorre na fase vegetativa do arroz (até o perfilhamento) e se as condições climáticas não forem favoráveis, a doença poderá desaparecer sem trazer grandes prejuízos. Quando o ataque ocorre no emborrachamento do arroz ou floração, os prejuízos normalmente são muito grandes, podendo ser totais.
As condições favoráveis à doença são: ­ Temperaturas entre 20 a 30ºC. O ideal é de 26 a 28ºC.
­ Umidade relativa maior que 90%. Orvalho, neblina e chuvas fracas indicam essa condição.
­ Poucas horas diárias de sol, isto é, muita nebulosidade.
­ Solos com baixa fertilidade ou muito ricos em matéria orgânica.
­ Adubação desequilibrada → aplicação de níveis elevados de N (uréia). Excesso de calcário e fósforo.
­ Deficiência de irrigação → se a planta permanecer muito tempo no seco, mais sujeita está à brusone.
­ Cultivares suscetíveis.
­ Época de semeadura → se feita fora da época recomendada aumenta o risco de ataque de brusone.
­ Densidade de semeadura → o excesso de sementes provoca aumento no risco de brusone.
­ Eliminação de plantas daninhas hospedeiras do fungo e que podem ajudar a criar condições favoráveis à doença.
­ Controle: Usar cultivares resistentes; não semear a mesma cultivar por mais de três anos no mesmo local; semear na época recomendada; fazer um bom preparo do solo; irrigar corretamente; fazer adubação segundo a análise de solo; usar densidade de semeadura adequada; controlar plantas daninhas; fazer controle químico nas áreas mais sujeitas à brusone. Neste último caso, o tratamento com fungicidas deverá ser realizado durante os estádios de emborrachamento e/ou floração.
9. PRAGAS DO ARROZ IRRIGADO O ataque de pragas no arroz irrigado pode ser responsável por grandes perdas no sistema pré­
germinado. No sistema de plantio convencional, as perdas podem ser ainda maiores. Portanto, é necessário que o agricultor reconheça algumas pragas e as providências que devem ser tomadas para evitar o ataque.
9.1. PRAGAS DE SEMENTES E RAÍZES 9.1.1. Bicheira da raiz (Oryzophagus oryzae)
­ Reconhecimento → Os adultos são pequenos besouros (semelhantes ao gorgulho) que possuem o corpo acinzentado com manchas brancas de 2,6 a 3,5 mm de comprimento. As larvas completamente desenvolvidas medem 8,5 mm de comprimento, são brancas, com pequena cabeça amarelada e pêlos rasos sobre o corpo, sendo conhecida como “bicheira da raiz do arroz”.
­ Danos → As larvas danificam as raízes do arroz. As plantas atacadas apresentam crescimento reduzido, coloração amarelada e secamento do ápice das folhas.
­ Controle → Correto aplainamento do solo, limpeza dos canais de irrigação e adubação nitrogenada complementar (30 kg/ha), somente até a fase de ponto de algodão. Uso de inseticidas, no tratamento de sementes, como o Premier 700 PM (Classe IV ­ 300 g/100 kg de sementes). Pulverização de inseticidas a campo, como o Furadan 350 SC (Classe I – 400 ml/ha), aplicado em caráter curativo, somente nas reboleiras.
9.1.2. Pulgão da raiz (Rhopalosiphum rufiabdominale)
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­ Reconhecimento: Possui aproximadamente 2 mm de comprimento e apresenta abdômen de coloração verde­escuro, meio avermelhado. ­ Danos: Sugam a seiva das raízes. As plantas podem apresentar colmos com folhas amarelecidas ou parcialmente secas, em virtude do desenvolvimento das colônias nas raízes.
­ Controle: Aplicação de inseticidas fosforados sistêmicos.
9.2. PRAGAS DA PARTE AÉREA 9.2.1. Percevejo do grão (Oebalus poecilus)
­ Reconhecimento: Apresentam coloração marrom clara e medem de 8 a 10 mm de comprimento. A postura é feita nas folhas, mas quando a população é grande, pode ocorrer também nos colmos e panículas. Os ovos são depositados em fileiras, sendo que a primeira postura é geralmente feita na panícula do capim arroz. Os percevejos migram para o arrozal, geralmente quando aparecem os primeiros grãos leitosos.
­ Danos: Sugam a seiva dos grãos. A natureza e a extensão do dano dependem do estado de desenvolvimento do grão. Espiguetas com endosperma leitoso podem ficar totalmente vazias pela alimentação dos percevejos ou, então, originarem grãos atrofiados, caracterizados por inúmeros pontos escuros nas glumas, nos locais onde os insetos introduziram os estiletes. Quando o ataque ocorre durante a fase final de desenvolvimento dos grãos, formam­se manchas escuras na casca e brancas no endosperma, em volta dos pontos perfurados. Os grãos ficam estruturalmente enfraquecidos nas regiões danificadas e geralmente quebram durante seu beneficiamento. A qualidade dos grãos pode ser afetada quando 8 percevejos forem encontrados em 1.000 panículas.
­ Controle: Evitar, quando possível, o plantio escalonado de arroz na mesma área ou em áreas próximas; utilizar variedades de ciclo mais curto; inseticidas, pulverizados sobre as folhas, como o Malathion (classe III, com intervalo de segurança de 7 dias), Bulldock 125 SC (Classe II – 50 ml/ha), Sumithion 500 CE (Classe II – 1 a 2 l/ha), etc...
9.2.2. Cigarrinha do arroz (Sogatodes orizicola)
­ Reconhecimento: Os adultos têm de 2,7 a 4,0 mm de comprimento. O corpo é de coloração amarelada na fêmea e, marrom escura no macho. Os ovos são colocados em grupos ao longo das nervuras das folhas.
­ Danos: Os adultos e ninfas sugam a seiva das folhas, de colmos e de panículas em formação. Os insetos excretam uma substância adocicada que favorece o desenvolvimento de fungos nas folhas e colmos, formando manchas escuras (fumagina). As populações do inseto atingem o pico durante o período de florescimento e formação dos grãos.
­ Controle: Evitar excesso de adubação nitrogenada; utilizar variedades de ciclo muito curto; inseticidas sistêmicos (fosforados)
9.3. PRAGAS DOS GRÃOS ARMAZENADOS 8.3.1. Gorgulhos: atacam toda massa de grãos armazenados.
8.3.2. Traças: atacam os grãos da superfície da massa de grãos armazenados
10. COLHEITA O ponto de colheita é dependente de vários fatores, entre eles da cultivar, do clima e do solo. A seguir seguem alguns critérios que devem ser observados para determinar o início da colheita:
a) Para produção de sementes: a colheita deve ser iniciada quando 80% da lavoura apresentar umidade dos grãos entre 25 e 28%.
b) Para consumo (grãos): colher quando 80% da lavoura apresentar grãos com umidade entre 23 e 28%.
Em termos práticos, a colheita de grãos deve ser feita observando­se os seguintes fatores:
a) Para semente: ­ Colher o arroz quando este apresentar 50% da panícula bem madura e metade da panícula com alguns grãos ainda apresentando casca de cor de esverdeada;
­ Ou colher o arroz quando apresentar em torno de 26 a 27% de umidade.
b) Para grãos: ­ Colher o arroz quando apresentar duas partes da panícula bem madura e uma parte da panícula com alguns grãos ainda apresentando casca de cor esverdeada;
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­ Ou colher o arroz quando este apresentar em torno de 24 a 25% de umidade.
OBS: Recomenda­se o uso de determinadores de umidade precisos.
10.1. CONSEQUÊNCIAS DOS ATRASOS NA COLHEITA: ­ Quebra de grãos (arroz trincado pelo sol).
­ Perda de qualidade (baixa a quantidade de grãos inteiros).
­ Perda de quantidade (baixa o rendimento de engenho e perda de peso do arroz na lavoura).
10.2. CONSEQUÊNCIAS DA COLHEITA ANTECIPADA ­ Perda de qualidade (muitos grãos imaturos e gessados).
­ Perda de quantidade (muitos grãos ainda estão na fase de massa e fase gessada, por isso ocorre redução na produtividade e no rendimento de engenho).
­ Muita quebra de grãos (em razão de muitos grãos estarem gessados e fracos).
­ Muito gesso (muitos grãos na fase gessada por falta de tempo de ocorrer a gelatinização do grão).
ANEXOS:
Tabela 01 – Fases da cultura do Arroz Irrigado e temperatura ideal para a mesma.
Temperatura ótima Temperatura Crítica
Fase da Planta
(ºC)
(em (ºC)
Germinação
Crescimento e desenvolvimento
Diferenciação do primórdio floral, antese e polinização.
18 a 40
25 a 31
25 a 30
< 16 e > 45
< 9 e > 33
< 15 e > 36
Redução de crescimento
Redução de crescimento
Esterilidade
Tabela 02 – Principais Herbicidas utilizados no município na cultura do Arroz Irrigado, suas dosagens e suas indicações.
Forma de Natureza Produto
Dose
Indicação
aplicação
física
Pelunquinho, chapéu­de­couro, canevão Sírius
60 ml/ha
benzedura
Líquido
pequeno
Invest
57 g/ha
Gladium
125 g/ha
Ally
3,3 g/ha
Gamit
Whipp’s
Nominee
Aura+Dash
Facet DF
****
50 ml/20l água
125 ml/ha
850ml+350ml
0,5 kg/ha
benzedura
Granulado Pelunquinho, chapéu­de­couro, canevão pequeno, e tiririca.
Pelunquinho, chapéu­de­couro, canevão benzedura
Pó
pequeno, e tiririca.
benzedura
Granulado Marrequinha e chapéu­de­couro (aguapés) Mimoso e canevão
pulverizado
Líquido
Canevão
pulverizado
Líquido
Canevão fase + desenvolvida
pulverizado
Líquido
Canevão em qualquer fase pulverizado
Líquido
Canevão ­ desenvolvido
Pulverizado ou Pó
em benzedura
Tabela 03 – Principais Inseticidas utilizados na cultura do arroz irrigado do município, para o controle da Bicheira­da­raiz (Oryzophagus oryzae).
Forma de Natureza Indicação
Produto
Dose
Aplicação
Física
Standak 250 FS
1 litro/15 sc Imunização
Líquido
Tratamento de sementes, visando semente
o controle da bicheira­da­raiz
Furadam líquido
500ml/ha
Benzedura
Líquido
Bicheira­da­Raiz
Furadam granulado
5kg/ha
Espalhado
Grânulos
Bicheira­da­Raiz
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Tabela 04 – Principais Inseticidas utilizados na cultura do arroz irrigado do município para o controle do percevejo do colmo (Tibraca limbativentris) e do percevejo do grão (Oebalus porcilus).
Forma de Natureza Indicação
Produto
Dose
Aplicação
Física
Tamaron
500ml/ha
Pulverizado
Líquido
Percevejo do colmo e do grão
Azodrim
500ml/ha
Pulverizado
Líquido
Percevejo do colmo
Simithion
Pulverizado
Líquido
Percevejo do colmo e do grão
Figura 01 – Ponto de Algodão do Arroz.
Figura 02 – Desenvolvimento da Panícula do Arroz.
Figura 03 – Floração do Arroz.
Figura 04 – Fase Leitosa do Arroz.
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Figura 05 – Fase pastosa dos Grãos de Arroz.
Figura 06 – Fase de Maturação dos Grãos de Arroz.
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Ervas Daninhas
Foto 07 – Aguapé (Heteranthera reniformis)
Figura 08 ­ Angiquinho (Aeschynomene rudis).
Figura 09 – Sagitária (Sagittaria montevidensis)
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Figura 12: Capim Arroz
(Echinochloa­cruz­galli).
Figura 11
Erva de Bicho (Poligunum spp)
Figura 13: Grama Boiadeira (Luziola peruviana). Fig. 14: Capim macho (Ischaemum rugosum)
Figura 15: Cuminho (Frimbistylis miliacea) Figura 16: Junquinho(Cyperius difformis)
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Foto 17 – Cyperus esculentus Foto 18 – Cyperus ferax. Foto 19 – Cyperus iria
Foto 20 – Adulto da Bicheira da Raiz Foto 21–Larvas da Bicheira da Raiz
Foto 22 – Broca do colo Foto 23 – Coração morto
(Elasmopalpus lignosellus) Dano causado pela Broca do colo.
Foto 24–Percevejo do Colmo Foto 25 – Percevejo do Grão
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