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PODERÍAMOS AFIRMAR QUE A ESSÊNCIA DO CUIDADOR DO ENFERMO OU A
ENFERMAGEM ADVÉM DE PESSOAS AMORAIS?
SOUZA, Carmelita de Almeida
RESUMO
Pretendemos neste estudo conhecer um pouco da história de vida dos cuidadores dos enfermos
ou das pessoas intituladas enfermeiros ou práticos. O objeto trata da essência do cuidador.
Objetivamos entender buscando na literatura a história dos cuidadores ou da enfermagem na
trajetória do tempo. Há afirmativas de que em determinadas épocas os cuidadores eram:
prostitutas, vagabundos, bêbados, pessoas ociosas ou àquelas que estavam sendo punidas por
algum delito entre outras. Método: pesquisamos através de vários autores da história da
enfermagem brasileira desde a época da descoberta do Brasil. Observamos que: em nosso país
os primeiros cuidadores foram os jesuítas, padres de conduta ilibada, celibatários, religiosos,
pregadores do evangelho de Jesus Cristo. Vimos também que no Convento de Santo Antonio no
Rio de Janeiro Frei Fabiano de Cristo cuidou quarenta anos de enfermos, e também treinava e
incentivava voluntário adeptos do catolicismo, viúvas castas entre outros a contribuírem com os
cuidados aos enfermos. Conclusão: pelo estudo aqui trazido, vimos que enfermagem ou
cuidador é uma mescla de caridade, compaixão, amor, benevolência e também crueldade, terror
e maldade. Eis aí a questão. Poderíamos afirmar que a enfermagem é oriunda de pessoas
amorais?
PALAVRAS CHAVE: Cuidadores; Vagabundos; Compaixão; Conduta Ilibada.
CAN WE STATE THAT THE ESSENCE OF PATIENTS CARE AND NURSING
ORIGINATED FROM AMORAL PEOPLE?
Abstract
With this study we aim to know more about the life story of caretakers (as well as of people
called practitioners or nurses). The object approaches the essence of caring. We intend to have a
better knowledge by searching in literature and history the story of caretakers and Nursing
through the times. It is reported that at certain periods the carectakers were prostitutes, tramps,
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drunks, idle people or someone who had commited any kind of crime. Method: we have
searched in many authors the Brazilian Nursing History since the discovery of Brazil and found
out that in our country the first caretakers were the Jesuits, who were celibate and had a
blameless behaviour as they preached Jesus Christ’s Gospel. Brother Fabiano de Cristo took
care of sick people for 40 years. He used to train volunteers among catholics to fulfil this task.
Conclusion: with this study we see that Nursing and caretaker are a mixture of care,
compassion, love, benevolence, as well as cruelty, terror and wickedness – and that is the
question - could we say that Nursing originated in amoral people?
Key Words: Caretakers; Tramps; Compassion; Blameless Behaviour.
Considerações iniciais
Neste trabalho pretendemos fazer uma abordagem sobre a essência do cuidador ou da
enfermagem. Consideramos que para entendermos a essências das pessoas que cuidam e/ou
cuidaram de enfermos ao longo da história da humanidade, se faz necessário realizar um
estudo comparativo das identidades desses atores sociais.
Vimos através dos vários autores estudados que os cuidadores e/ou a enfermagem nos foi
apresentada, aos auspícios de pessoas de caráter duvidoso, ou seja elas não eram
compromissadas com a sociedade e culturas em várias etapas de suas vidas. Contudo, vimos
que no Brasil, os padres jesuítas foram os primeiros a prestar cuidados aos enfermos de todas
as categorias sociais. Citamos como um dos cuidadores, o missionário Anchieta.
Não
havia conhecimento
técnico
naquela oportunidade sobre conhecimentos
práticos/teóricos sobre as teorias da enfermagem. Assim, como Anchieta outros religiosos e
pessoas abnegadas e caridosas cuidavam de doentes.
A história da enfermagem, contada por vários autores, entre estes, Paixão (1979) afirma
que o Franciscano Frei Fabiano de Cristo cuidou de enfermos durante quase quarenta anos no
Convento de Santo Antonio no Rio de Janeiro, além disso, ele treinava e incentivava pessoas
da comunidade católica a prestar um cuidado humanizado aos enfermos.
Objeto do estudo
A essência dos cuidadores e/ou da enfermagem.
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Objetivos
Dismitificar a idéia de que os cuidadores e/ou a enfermagem de outrora eram pessoas
amorais.
Comparar defeitos e virtudes dos cuidadores e/ou enfermagem ao longo da historia da
humanidade.
Metodologia
Trata-se de um levantamento bibliográfico onde pesquisamos a temática através de vários autores
da história da enfermagem brasileira desde a época da descoberta do Brasil.
Uma breve comentário da história da enfermagem do Brasil
A enfermagem no Brasil começa em 1543 quando Braz Cubas funda na cidade de
Santos uma Santa Casa. Nos séculos XVI e XVII, foram fundadas outras Santas Casas de
Misericórdia e Casas de Caridade, posteriormente as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e
Ilhéus, instituições estas que também existiam em Portugal.(Paixão,1979:103) Nessa mesma
época o missionário Anchieta assume o tratamento dos enfermos.
Paixão ( 1979 ) declara que ... “Diogo Flores Valdez, chega ao Rio de Janeiro com sua
esquadra, trazendo um grande número de enfermos”. Então, o missionário Anchieta assume o
tratamento dos enfermos recém chegados dos mares européus. Improvisa-se assim o núcleo
hospitalar que se tornou posteriormente a grande Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro,
atual Santa Casa de Misericórdia( 1979:103 ).
Ainda no século XVII, surge na Bahia, a primeira “voluntária de enfermagem” do Brasil.
Trata-se de Francisca de Sande que dedicou sua viuvez ao cuidado com os doentes. Francisca
de Sande pertencia a ordem católica das Êmulas das Joanas de Chantal e das Isabel de
Hungria(1979:105).
No século XVIII, Frei Fabiano de Cristo, Franciscano, exerceu por quase quarenta anos
as funções de cuidador e enfermeiro no Convento de Santo Antônio no Rio de Janeiro (
Paixão, 1979:104 ), além do cuidado aos enfermos, o Fransciscano treinou e incentivou várias
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pessoas adeptas ou não ao catolicismo, a cuidar de enfermos. Religiosos se prontificavam
voluntariamente para o cuidado dos doentes.
Cabe lembrar que .... “a brasileira Ana Néri” aos 51 anos, viúva de um oficial há vários
anos ofereceu voluntariamente seus serviços ao governo brasileiro para participar da guerra do
Paraguai. Seu desejo em participar da guerra como voluntária se justificou pois, já se
encontrar naquele campo de batalha seus filhos, dois eram médicos militares, e um oficial do
exército, estavam na guerra. Além disso Ana Néri tinha também um irmão e outros parentes
na frente de batalha( 1979:110 ).
Schwantes (1964) e Rocha (1994 ) discorrem sobre as considerações e condecorações que
foram feitas com
Ana Néri, consta em seus escritos que ela foi considera na história do
Brasil como heroína, e intitulada a “Mãe dos Brasileiros” (Paixão, 1979; Carvalho, 1989;
Rocha, 1994; Schawantes, 1964).
Loyola Miranda, 1995 e al. declaram que os cuidados aos enfermos também eram
realizados por pessoas não possuíam nenhum conhecimento técnico e não passavam por
nenhum treinamento prévio ao cuidado dos doentes. Considerava-se esse trabalho como
castigo ou punição.Os cuidados dos enfermos, quase sempre eram feitos por alcoólatras,
prostitutas e escravos.
Loyola Miranda ( 1995 ) descreve a figura da enfermeira pré-Nightingale como sendo de
“...uma mulher cruel. Sua maldade é redundante, em uma miséria que se expressa nas
deformações da alma, e marca estas deformações no corpo. É um personagem que provém do
resíduo social ou do proletariado, e traz consigo o hábito do álcool diário, freqüente em
pequenos goles.” ( 1995: 98 ).
Nos idos do século XIX, enquanto o Brasil estava em guerra com o Paraguai e nossa
heroína Anna Nery se encontrava nos campos de batalha, Florence Nightingale, na Europa,
buscava encontrar uma identidade profissional para as enfermeiras e também construir a
Enfermagem Moderna ( Loyola Miranda, 1995; Carvalho, 1989 ).
Discussão das questões encontradas no percurso do trabalho sobre a essência dos
cuidadores
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Vimos agora abordar algumas questões que consideramos de relevante importância. Tendo
em vista que a profissão de enfermagem é uma profissão notoriamente ambígua, trazemos
assim alguns aspectos para justificar tal ambigüidade. A história da enfermagem conta que ao
longo dos séculos, o cuidado dos enfermos era delegado à pessoas sem nenhum preparo
previamente conhecido, visto que estes eram assegurados como prova de: sacrifícios e/ou
religiosidade, punições e/ou regenerações. Os cuidados, eram realizados geralmente por
viúvas, padres pessoas que estavam sendo punidas ou até mesmo como regeneração de algo.
Não se conhecia então um saber filosófico e/ou um conhecimento mais aprofundado das
questões morais que envolviam o cuidado. Era necessário cuidar simplesmente, fosse o
cuidador provido ou não de saberes pertinentes.
Em face da essência da identidade do cuidador e sua formação enquanto enfermeiro,
vimos que pessoas qualificadas moralmente, também estavam envolvidas no cuidado com os
enfermos.Exemplificando:por exemplo que os primeiros cuidados no Brasil foram realizados
pelos jesuítas. Frei Fabiano de Cristo outro religioso que cuidou de um grande número de
enfermos durante sua vida, além disso delegava funções e treinava pessoas, principalmente
religiosas para
o objetivo do cuidado humanizado, através da caridade, abnegação e
compaixão, por assim dizer. Mulheres de várias ordens religiosas também mostraram ao
mundo sua abnegação no cuidar enfermos de toda sorte.
Desta forma,
consideramos que ambigüidade e identidade profissional, podem ser
entendida como uma mescla de terror, indignidade, descaso. Mas, ao mesmo tempo nos é
mostrado o outro lado da moeda, pessoas caridosas, recatadas, de conduta ilibada deram suas
contribuições, ou seja houve méritos de muitos dos cuidadores.
Nos primórdios, a enfermagem possivelmente não era considerada como profissão, haja
vista as questões morais que se apresentavam notoriamente gritantes, tendo pessoas
desqualificadas e com a moral comprometida. O cuidar em outras épocas também foi
entendido como punição ou reparo de algum delito. Hoje a enfermagem moderna, se sofisticou
através dos novos conhecimentos, especializações e conhecimentos assegurados de suma
importância.
A enfermagem brasileira mesmo sendo dividida em três categorias, auxiliares, técnicos e
enfermeiros, observa-se que mesmo com saberes diferenciados, os profissionais de alguma
forma conduzem o cuidado de enfermagem nas diferentes instâncias, com sabedoria. Além do
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mais, as entidades de classes atualmente procuram interagir de alguma forma, renovando
critérios éticos e novos pressupostos para a profissão de enfermagem.
Em épocas não muito distantes, era considerado enfermeiro era todo aquele que “
limpava” fezes, secreções e qualquer outro tipo de excretas. Lembramos que: o cuidado direto
ao paciente, não é demérito e nem tão pouco significa menor status, muito pelo contrário.
Com a modernidade, outros saberes foram aparecendo, os enfermeiros graduados, fazem
pós´graduações, é possível que isto seja visto como STATUS do SER ENFERMEIRO. Será
que o SER ENFERMEIRO, o distanciou do paciente? Ou aquiesceu mais humanização no
cuidado. Provavelmente não, até por que, na verdade os cuidados com o enfermo acabam
sendo delegados aos auxiliares e técnicos, comprometendo de certa forma uma assistência de
enfermagem com qualidade, podendo inclusive, acontecer erros às vezes irreversíveis.
O enfermeiro, sempre será um líder da equipe, e como todo líder delega funções ou tarefas
para suas equipes. Mas, delega funções ou tarefas faz parte da ergonomia e do processo de
trabalho que visa significativa organização. Pressupõe-se que: o enfermeiro delegue funções
as pessoas mais envolvidas nas tarefas a serem executadas. Contudo, sabemos que devido a
Polivalência dos membros da equipe e também enfermeiro, isto significa que ele próprio é um
dos que compartilham da etapa assistencial do cuidado dos pacientes. Assim, as tarefas
também são compartilhadas
por enfermeiros, assumindo
a
Polivalência
ou seja
desempenhando vários papéis, por excelência.
Resultados encontrados na pesquisa dos cuidadores
Admitimos que ao longo da história da humanidade, o cuidar de pessoas enfermas pode se
considerar como um cuidado sem nenhum conhecimento prévio, ou seja, na verdade de
acordo com a história, pessoas eram tratadas nas guerras por voluntários ou até mesmo por
aqueles a quem era imposta tal atribuição. Assim, entende-se que a destreza talvez seja o
princípio mais importante do cuidado.
Quanto as funções dos profissionais da área de enfermagem, observa-se que: mesmo sendo
distribuídas funções e tarefas pelo líder enfermeiro, nos momentos necessários é ele, o
Enfermeiro que assume a responsabilidade maior, e dá o seu recado. Afinal, é ele que é o anjo
guardião da profissão de enfermagem.
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Conclusão
Concluímos que neste misto de conhecimentos sobre a essência e identidade dos
cuidadores de enfermos e profissionais de enfermagem, podemos considerar que a essência
na verdade, acaba sendo uma mescla de virtudes como compaixão, caridade, benevolência e
amor, por outro lado, em épocas não muito distantes o cuidado era realizado por prostutitas,
bêbados, vagabundos , delinqüente entre outros da mesma estirpe.
Consideramos de suma importância, que mesmo em qualquer das condições, a assistência ao
enfermo é, e foi prestada de alguma forma. Seja por pessoas de conduta ilibada ou amoral, o
que importa ajudar a minimizar os sofrimentos físicos, morais, psíquicos dos seres humanos.
Ressaltamos que muitas vezes, vidas foram salvas,ou pelo menos minimizou-se o sofrimento
psíquico dos seres humanos comprometidos por tais agravos.
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