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 CONTRIBUIÇÃO DA FORMAÇÃO HUMANA NAS UNIDADES
SOCIAIS MARISTAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO
HORIZONTE
COSTA, Giovanna Isabel Fernandes1 – [email protected]
Centro Federal De Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFETMG)
Av. Amazonas, 7675 – Bairro Gameleira. Belo Horizonte/MG.
Resumo: O presente artigo é parte do produto do Trabalho de Conclusão do Curso de
Bacharel em Serviço Social. O trabalho foi desenvolvido em três Unidades Sociais Maristas
do município de Belo Horizonte e Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde se
propôs conhecer os espaços dos jovens atendidos e identificar como o profissional de Serviço
Social pode contribuir para potencializar esses espaços e articular as várias políticas em
defesa dos direitos da juventude e verificar a importância e as limitações destes espaços na
formação de jovens que estão em processo de transição para inserção no mercado de
trabalho.
Palavras-chave: Juventude. Participação. Formação Humana.
INTRODUÇÃO
As Unidades Sociais Maristas da RMBH atuam em várias áreas, educação,
cultura, lazer, entre outras. Optou-se em realizar a pesquisa em três Unidades que têm como
público prioritário jovens. São elas: Centro Marista Circuito Jovem – localizada em Belo
Horizonte, divisa com o Município de Sabará, atende público dos dois municípios -, Centro
Marista Crersendo – localizada em Belo Horizonte e Centro Marista Reflorescer – localizada
no município de Ribeirão das Neves na RMBH.
É possível perceber que a juventude é uma temática que está em voga na
atualidade e constata-se que há uma necessidade emergencial, cada vez maior, de entender as
complexidades desse fenômeno e contribuir para a análise das possibilidade e limitações das
1
Bacharel em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MG), mestranda em
Educação Tecnológica pelo CEFET MG.
múltiplas expressões da realidade juvenil.
Existe uma dialética fascinante no jovem, pois a juventude e´ um rico momento de
aprendizagem, mas as estatísticas mostram que os jovens são os que têm um maior
envolvimento com o mundo da criminalidade e da violência. Não obstante, ainda, a história
nos faz contemplar que os movimentos sociais são em sua maioria iniciativa de jovens.
Através da história percebemos que estes são os atores na gestação e no parto das mudanças
sociais.
É por isso que, “Nesta gestação de sonhos e utopias os jovens foram e continuarão
sendo a vanguarda” (Jua Carlos Rodrigues Ibarra, citado por COSTA,). Pode-se pensar então,
que o jovem protagonista deixa de ser problema e torna-se solução.
Os jovens que residem nas comunidades onde se localizam as obras sociais
Maristas convivem com uma realidade de exclusão e vulnerabilidade social, que é fruto do
contexto sócio-histórico-econômico vivido. Ressalta-se ainda, que o cotidiano desses jovens é
destacado por “preconceitos, estigmas e segregações dos quais são vítimas” (QUIROGA,
2003; p. 20). São lugares para os quais, muitas vezes, as autoridades municipais ainda não
voltaram seu olhar.
Segundo as Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista, os jovens constituem
o grupo mais propenso às transformações, entretanto, apesar dos muitos projetos voltados
para este público, são necessárias ações que possibilitem o protagonismo juvenil para
contribuir na transformação da realidade em que estão inseridos.
Muito se fala em protagonismo juvenil, acredita-se, assim, na importância de
elucidar melhor esse conceito. Morfologicamente, a palavra protagonista significa o primeiro,
que está à frente, o principal. Significa, ainda, nascer, gerar, produzir. A palavra protagonista
vem do grego, que é o ator principal e também quem conta a história, o narrador em primeira
pessoa. Neste sentido, protagonismo juvenil é a atuação dos jovens com objetivo de intervir
em seu contexto social. Significa conceber o jovem como capaz de ter iniciativa, liberdade e
de assumir compromissos. Para tanto, o jovem precisa inicialmente problematizar a sua
realidade, participar do processo decisório, assim como do planejamento, execução e
avaliação da ação e ainda de se apropriar dos resultados.
Existem várias formas de o jovem se relacionar com sua realidade e isto
dependerá do conhecimento que ele tem e de como sente e percebe esta realidade. E, a partir
desses elementos ele se implica na realidade e se percebe como um agente social
transformador. Diante disso, é percebível que o jovem tem capacidade de atuar em seu
entorno social e que a construção de uma sociedade melhor requer que este tenha acesso a
informação e formação, de maneira que possa atuar como cidadão e contribuir com a
sociedade que deseja.
Entendemos então que o protagonismo juvenil contribui para o desenvolvimento
pessoal dos jovens, o que possibilita a construção de uma nova realidade. Afinal, a juventude
é uma construção social e cultural. É fruto da história e também produz história.
Sendo assim, torna-se relevante verificar a eficiência e efetividade das obras
sociais maristas no que diz respeito à contribuição destas para o desenvolvimento pessoal dos
jovens. Ou seja, verificar se a prática das Unidades Sociais Maristas tem possibilitado aos
jovens espaços que contribuem para tal desenvolvimento. Entendendo que “esses espaços se
constituem em redes de relações, nas quais regras e práticas são confrontadas, negociadas e
reinterpretadas” (OLIVEIRA e RODRIGUES, 2006 pg.). e, neste sentido, é importante saber
quais espaços esses jovens têm acesso para que não fiquem fadados a contemplarem os
espaços públicos de longe.
AS NOVAS FORMAS DE PARTICIPAÇÃO NA ATUALIDADE
Muito se ouve acerca da juventude na atualidade e quando o assunto é
participação, o que se ouve já se sabe de cor. Muitas pessoas falam que os jovens de hoje são
alienados, não participam mais, não se preocupam mais com sua realidade e não mais sonham
com um mundo melhor, nem tão pouco lutam por este mundo melhor. Entretanto, como tentar
entender de que maneira os jovens passaram de heróis para alienados?
Existem várias formas de se conceituar a juventude e esta tem sido objeto de
análise de diversas ciências. Entretanto, o mais importante a se ressaltar neste contexto, é o
fato de que a juventude é ainda um momento de transformação, no qual o jovem se insere em
uma realidade que exige decisão, atitude e responsabilidade. É a inserção do jovem na vida
comunitária de forma autônoma. Ou seja, o jovem passa a ter um papel político, ético e
cultural e para concretizar este, precisa ser protagonista de sua própria história.
Na história da humanidade, o jovem sempre teve papel de destaque, seja nas
manifestações em busca de transformações sociais ou marcando seu espaço com suas
especificidades e peculiaridades. Cada sociedade, em cada momento, construiu uma imagem
do que é ser jovem, como ressalta Levi e Schmitt:
“De um contexto a outro, de uma época a outra, os jovens desenvolvem
outras funções e logram seu estatuto definidor de fontes diferentes: da cidade
ou do campo, do castelo feudal ou da fábrica do século XIX... Tampouco se
pode imaginar que a condição juvenil permaneça a mesma em sociedades
caracterizadas por modelos demográficos totalmente difrentes.” (Livi e
Schmitt, 1996:17).
Na década de 60, por exemplo, a imagem que predominou foi a do jovem
revolucionário, aquele que ia para as ruas, que era preso e morto por sonhar e lutar por um
mundo novo. Já na atualidade, a juventude carrega muitos estereótipos negativos, diz-se que a
juventude de hoje é alienada, passiva, violenta, entre outros. Essa imagem é reforçada pelos
meios de comunicação e não uma verdade. Afinal, “Mais do que comparar as gerações é
preciso comparar a sociedade em que vivem os jovens de diferentes gerações” (NOVAES,
2004 ). Ou seja, a juventude hoje vive em uma sociedade em que está muito mais forte o
individualismo, o modelo de sociedade neoliberal em crise fragiliza a presença de um ideal
coletivo seja pra juventude, seja para qualquer outra faixa etária.
O fato é que hoje existem novas formas de participação, ela não mais se limita aos
partidos políticos e grupos religiosos. Segundo o relatório da primeira fase da pesquisa
“Políticas Pública de Juventude na Região Metropolitana de Belo Horizonte”, confirma que
20,7% dos jovens, que moram na RMBH, participam de algum tipo de grupo. Esse percentual
pode parecer pouco, mas se trouxermos os números, veremos que se trata de um universo
muito grande, uma vez que o total da população juvenil na RMBH, segundo o Censo de 2000,
totaliza 857.099. Dentre as atividades mencionadas no relatório, constam ações religiosas,
culturais, esportivas, as atividades estudantis e atividades ligadas à melhoria de condições de
vida no bairro.
É muito forte, na atualidade, observar que os jovens participam de grupo que
atuam para transformar o espaço local nos bairros, favelas e periferias, desse modo, a
participação juvenil não ganha a mesma visibilidade da década de 60 e 70. no contexto da
Ditadura Militar era preciso que os jovens fossem para as ruas e lutassem por um ideal
coletivo, de toda a sociedade. Hoje, pós Constituição Federal de 1988, observamos que essa
constituição não contempla a juventude, como veremos mais adiante, as demandas dos e das
jovens são outras. São, também, muitas vezes, específicas. O jovem, que mora no campo, a
jovem que mora na cidade, o jovem negro, a jovem desempregada, os que não têm acesso à
universidade.
A juventude é uma reflexão moderna e todo autor que se arrisca conceituar a
juventude, logo percebe e assume que essa é uma difícil tarefa e que, ainda, se deve levar em
consideração o fato de que a juventude varia de sociedade para sociedade e até mesmo dentro
de uma mesma sociedade. Sua visibilidade social, muitas vezes, remete a conflitos urbanos, o
que determina compreender sua historicidade. Só assim, se pode perceber como a juventude
veio “ganhando conteúdos, contornos sociais e jurídicos ao longo da história, no bojo de
disputas econômicas e políticas” (NOVAES, 2004).
Ser jovem atualmente, significa pertencer a um universo populacional composto
por 50 milhões de pessoas, estar na faixa da população economicamente ativa e mais atingida
pelo desemprego, é ganhar menos que os adultos. É ter de conciliar, muitas vezes, trabalho e
estudo. Novaes nos traz uma importante reflexão sobre a juventude, realçando que é, de
maneira geral, a “fase da vida mais marcada por ambivalências, onde ser jovem é viver uma
contraditória convivência entre a subordinação à família e à sociedade e, ao mesmo tempo,
grande expectativa de emancipação” (NOVAES, 2004).
A juventude passa então a se configurar em um universo social descontínuo e em
constante transformação. Neste raciocínio não podemos tratar de juventude sem perceber o
entrelaçamento das questões da juventude com os dilemas da sociedade atual. Diante disso,
precisamos conceber a juventude enquanto uma condição social, ou ainda enquanto uma
representação social, ou seja, como a sociedade reproduz a imagem juvenil.
Neste universo social, percebemos que existe um paradoxo de se perceber o
jovem em um viés extremamente negativo ou marcado por grandes expectativas. Assim
ocorre no mercado de trabalho, que exige características tidas como “juvenis”, mas todos
querem ser jovem para entrar na disputa. Daí assistimos uma grande tendência de
prolongamento da juventude em que ser jovem remete simbolicamente a um determinado
jeito de falar, vestir, sonhar, entre outros.
Conceber o jovem como condição social significa compreender qual sua
representação na sociedade e como esta reproduz a imagem do jovem, daí advém a
responsabilidade da sociedade em relação aos jovens. Pois é, justamente, essa forma de ver o
jovem que há de se traduzir em leis. Para efeito de políticas públicas, a Secretaria Nacional de
Juventude considera jovens os cidadãos e cidadãs com idade compreendida entre 15 e 29
anos.
Na atualidade, diversos autores falam em juventudes, a idéia é destacar a
juventude a partir da ótica da diversidade, afinal, existem muitos modos de ser jovem. Em um entendimento mais amplo, ser jovem no Brasil contemporâneo é
estar imerso por opção ou por origem em uma multiplicidade de identidades,
posições e vivências. Daí a importância do reconhecimento da existência de
diversas juventudes no país, (...) que precisam ser valorizadas no sentido de
promover os direitos dos joven” (Conjuve, 2006: 5).
Essa compreensão é importante, pois, remete a proteção jurídica e contempla o
que chamamos de direitos difusos, ou seja, garantir que cada cidadão seja reconhecido em sua
singularidade, especificidade e subjetividade. Ao se pautar nas políticas públicas a ótica da
diversidade, percebemos também que não se pode perder a unidade, sempre identificar o que
é comum, universal a condição social de ser jovem. É fundamental demandar de toda
juventude, aliada à sua condição social, a palavra que expressa um conceito de sua vivência
na sociedade. É preciso reconhecer o jovem e sua inclusão ou exclusão na sociedade.
A origem da palavra sociedade vem do latim, e designa a associação entre as
pessoas. E, assim, o significado de sociedade está intimamente relacionado àquilo que é
social. Sociedade, portanto, é um conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos,
preocupações e costumes e que interagem entre si, constituindo uma comunidade, uma rede
de relacionamentos entre pessoas. Está implícito no significado de sociedade que seus
membros compartilham interesses ou preocupações mútuas sobre um objetivo comum.
Portanto, uma sociedade humana só é sustentável se toda a população puder usufruir
igualmente das oportunidades, expressando ao máximo as suas oportunidades.Em um mundo
cheio de incertezas, o homem está sempre em busca de sua identidade e almeja se integrar à
sociedade na qual está inserido, ocupar seu espaço, construir sua história.
O conceito de espaço veio, quase sempre, justificar ou confirmar as mudanças que
a sociedade realizou em suas estruturas e relações. Na geografia tradicional, a primeira
estabelecida no estudo do espaço, é base indispensável a vida, ou, ainda, é preciso ter uma
área que possui características comuns para facilitar a vivência coletiva. A Antropologia o
caracteriza como áreas públicas comuns em que os grupos humanos em estudo se
encontravam inseridos.
Por meio destes conceitos, entendemos que a noção de comportamento é
construída no espaço, sendo sua organização pública e privada não se dá de forma aleatória,
mas como resultado de um plano que depende da história e da cultura de uma determinada
sociedade. É, portanto, graças à ação humana que o espaço deixa de ser apenas um ponto num
mapa e passa a ser associado a um conceito simbólico e/ou social específico envolvendo redes
de interação. Da mesma forma, graças aos atores sociais, também, é atribuído ao espaço, o
caráter de profano, público, privado, banal, permitido ou proibido.
Nesse
sentido,
a
sociologia, por sua vez, nos permite compreender o efeito das relações sociais e o seu
condicionamento pelo espaço. É este espaço que nos interessa, o espaço real, das coisas, dos
objetos, das pessoas, possibilitando fluir os fenômenos a serem interpretados. Não
pretendemos esgotar a questão, mas arriscarmos compreender o espaço uma vez que nele,
muitas vezes, se reproduz interesses específicos, podendo expressar na palavra e, muito
frequente pode levar o observador a entender o espaço enquanto signo das relações sociais. É,
então, de fundamental importância, verificarmos em nossa sociedade, o significante destes
espaços para construir as histórias dos jovens. Sendo respeitados como sujeitos portadores de
direitos e deveres. Nas Unidades pesquisadas, 93% dos jovens entrevistados não estavam
trabalhando no momento. Segundo pesquisa realizada pelo DIEESE (Departamento
Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio Econômicas), a taxa de desemprego entre a
população juvenil é preocupante, atingindo 30,3% dos jovens na RMBH. A pesquisa mostra
também a disparidade entre jovens pobres e ricos, os ricos tendem a permanecer na escola por
mais tempo e os pobres, por sua vez, tendem a entrar no mercado de trabalho mais cedo,
quando muito, se esforçam para conciliar estudos e trabalho.
É percebível que na juventude começam os problemas sociais (questões sociais):
os jovens pobres, negros e moradores de periferias, começam a trabalhar mais cedo para
ganhar muito pouco, sem qualificação, são admitidos em subempregos, sem condições dignas
de trabalho e na maioria das vezes sem ter garantido os seus direitos trabalhistas. Os ricos
começam a trabalhar mais tarde, com grau maior de escolaridade, maior e melhor qualificação
profissional e, portanto, com remuneração maior.
O modelo de sociedade, que temos é fruto da construção da ação humana, onde “a
produção material é transformada em produção de signos e de relações sociais.” (MELUCCI,
1996). O profissional de Serviço Social atua âmbito das relações sociais e, principalmente,
nas conseqüências destas, nesse sentido, é de fundamental importância para compreendermos
melhor a realidade em que atuamos assim como a gênese de algumas mazelas sociais.
É nesse contexto que emerge a desigualdade social na vida real da juventude,
muitos de seus direitos não lhe são reconhecidos, no entanto, são jovens que participam de
uma coletividade, ou seja, são desrespeitados pela sociedade. O grande desafio é pensar um
processo de formação de jovens que aponte para a solidariedade e que, por conseguinte, essa
solidariedade aponte para o engajamento social, uma luta dos jovens por reconhecimento.
CONTRIBUIÇÕES DOS PROJETOS E PROGRAMS NA VIDA DOS JOVENS: A
FORMAÇÃO HUMANA
Educar consiste em um fenômeno social, “pois se caracteriza por orientar a
evolução dos sujeitos e conduzi-los para objetivos determinados que a sociedade almeja”
(LOPES,2000 ). A cultura, já se sabe, é produção humana e dela emana a ética que há de
orientar a conduta humana, política e de organização social. Inserida na cultura, a educação
pode tanto funcionar como reprodutora social, tanto como instrumento de transformação
social. Para tanto, o que nos interessa aqui é o caráter político da educação, o poder que a
educação tem de influenciar o comportamento humano, denotar significado à existência
humana e social. Nesse sentido, a educação tem uma natureza ética, uma prática
especificamente humana.
O fato é que a política vive hoje uma grande crise, pois prega uma democracia que
não dá conta da realidade e as pessoas estão desacreditadas da política. Segundo Lopes, “os
elementos da crise do capitalismo serão utilizados para serem lançados os alicerces de uma
nova sociedade” (LOPES, 2000 p 60). Seguindo essa lógica, entendemos que a educação
deve formar indivíduos que sejam capazes de contribuir na esfera social, atuando para
transformação desta e assegurando a preservação do planeta. É preciso que a formação
construa “pessoas criativas, participativas e críticas” (TONET,2005. Pg. ). Estamos então
falando de formação integral da pessoa, o que há de implicar na emancipação humana. Na
esteira de Marx, Freire, entre outros, o processo vai da terra para o céu, ou seja, parte do
processo real, objetivo.
Aqui, pode-se dizer que a formação integral deve produzir o questionamento das
raízes da desigualdade social, uma educação que seja cidadã, que dê espaço para a
participação, uma formação que propicie a capacidade de pensar, de te autonomia moral. O
papel do educador aqui fica claro, ele também deve estar comprometido com este processo
que é essencialmente humano.
Freire afirma que o formador é o “sujeito em relação” (FREIRE, 2007 p.22), que
ensinar não se resume á transmissão de conhecimentos, mas se pauta por uma ação que
inquieta, que reforce a capacidade crítica do educando, que tenha disponibilidade de arriscarse, de se abrir para o novo. Que possibilite a realização pessoal e cidadã.
É preciso pensar um processo de formação que passe por essa integralidade
humana e dê conta dessa realização pessoal e cidadã, ou seja, de uma realização integral.
Delors fala dos quatro pilares da educação com a finalidade de formação integral do homem.
O primeiro, refere-se ao ato de “aprender a conhecer”, segundo Delors, é preciso denotar
prazer ao ato de compreender, num constante movimento que dê vida e valorize a curiosidade.
O segundo, refere-se ao “aprender a ser”, diz respeito a capacidade de auto-conhecimento, do
desenvolvimento da responsabilidade, da ética, em contraposição ao que prega a cultura
vigente, que se pauta no ter. O terceiro, está ligado à capacidade de relacionamento, é o
“aprender a conviver”, em um mundo em que a incompreensão se faz presente nas relações
sociais, é preciso resgatar o ensino da tolerância para saber conviver e, por fim, o quarto pilar
refere-se ao “aprender a fazer”, que é o desenvolvimento do espírito cooperativo e de valores
necessários ao trabalho coletivo.
Aqui se configura a questão colocada no início deste trabalho, identificar o
diferencial Marista. Se constitui também como um grande desafio posto em uma sociedade
em que a sociabilidade é pautada pela divisão de classes, pelo individualismo. A autêntica
formação humana integral passa a ser um ideal a ser perseguido cotidianamente, afinal, não só
a formação humana, mas a própria condição humana é um processo.
É preciso pensar não apenas progmaticamente, mas paradigmaticamente, pensar
estratégias, entendendo que a noção de estratégia se opõe à de programa. Afinal, “estamos
diante de um processo educativo, Processo vem do verbo proceder que, na sua origem latina
conota avançar, ir para adiante” (LIBANIO, 2002 p12). A ideia é desenvolver um processo
que contribua com o avanço dos jovens através da formação. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste trabalho, foi possível dialogar com as questões suscitadas. A partir
das análises teóricas, pude compreender melhor a atual discussão sobre juventude e a
importância de se pautar essa demanda na sociedade. na etapa do trabalho de campo foi
possível aproximar do mundo juvenil e entender que, mesmo no modelo atual de sociedade
capitalista e globalizada,é possível desencadear uma mobilização consciente e para tanto, é
necessário trabalhar o ser humano em toda sua dimensão.
Partindo dessas premissas, é preciso discutir e entender o que é ser jovem no
tempo em que vivemos, considerando as crescentes desigualdades sociais e sua diversidade de
estilos e identidades.
Os jovem devem, podem, precisam estabelecer laços com a
comunidade, uma vez que esta é um espaço de manifestação da diversidade social. Por isso a
importância dos projetos em contribuírem para que o jovem seja protagonista, ator social,
dentro do contexto de sua comunidade. Contribuindo para seu desenvolvimento enquanto
pessoa, na construção de contínuos exercícios de cidadania, consciente da necessidade de uma
efetiva participação na esfera pública, contribuindo assim para a mudança social.
Nas experiências de campo, foi possível perceber o quanto que os valores são
importantes para os jovens e como os educadores sociais devem se atentar para esse fato,
afinal, o desejo de mudança não é algo natural e inerente ao jovem, vai depender do processo
formativo que ele tiver. Nesse sentido, é preciso ressaltar que a finalidade maior do processo
educacional, formativo, deve ser a formação para a emancipação humana e social, a formação
para a cidadania e que dê conta de contribuir com o sonho da juventude de reinventar a
política. Em meio a uma realidade social tão contraditória em que a juventude é tão
estigmatizada por uma imagem pejorativa, só mesmo a oportunidade de estar junto deles,
poder sentir o mundo deles, para entender as diversas possibilidades.
Cabe ressaltar que para tanto, iniciativas como as das Unidades Sociais Maristas
precisam se articular cada vez mais com espaços de articulação e luta dos direitos dos e das
jovens, reconhecer que não se pode centrar apenas na profissionalização, promover novos e
alternativos espaços de sociabilidade e de convívio entre os jovens, estar atento à dificuldade
de se projetar um sonho de transformação social uma vez que se vive em uma cultura
neoliberalista.
Ao Assistente Social permanece um desafio: como atuar de forma mais efetiva na
consolidação dos direitos da juventude uma vez que esta ainda não é contemplada em nossa
vigente constituição? O profissional de Serviço Social deve estar atento as teorias
contemporâneas sobre igualdade e justiça social, assim como as demandas por
reconhecimento. Entender que o processo de exclusão social é permeado pela luta por
reconhecimento afetivo, daí uma emergência de se desenvolver estratégias que dêem conta
das questões familiares, reconhecimento jurídico, a eterna luta pela efetivação dos direitos e o
reconhecimento social, a solidariedade é hoje mais urgente do que nunca. Significa que todos
somos responsáveis pelo bem comum.
Nesse sentido, finalizo arriscando dizer que podemos concluir que as Unidades
Sociais Maristas estão nas trilhas da luta por reconhecimento da juventude, longe de ser uma
solução, essa luta apenas constrói as trilhas da reinvenção da juventude e da política, e desse
modo é possível dizer que, de fato, existe a contribuição para uma sociedade mais justa,
humana e solidária. É preciso que as instituições façam projetos a longo prazo.
REFERÊNCIAS
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Participação Democrática. Fundação Odebrecht. Salvador. 2000.
Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista. Brasil Marista. Comissão Nacional de
Evangelização de Adolescentes e Jovens. 2005. Ed. Universitária Champagnat.
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CONTRIBUTION OF THE HUMAN FORMATION TO THE SOCIAL
UNITIES MARISTAS OF THE METROPOLITAN REGION OF BELO
HORIZONTE
Abstract: The present article is a part of the product of the Work of Conclusion of the Course
of Alumnus in Social Service. The work was developed in three Social Unities Maristas of the
local authority of Belo Horizonte and Metropolitan Region of Belo Horizonte (RMBH), where
it was proposed to know the spaces of the attended young persons and to identify like the
professional of Social Service can contribute for potencializar these spaces and articulate
several policies in defense of the rights of the youth and check the importance and the
limitations of these spaces in the formative process of young persons who are in transition
process for insertion in the labor market.
Keywords: Youth. Participação. Human formation.
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