CONTRIBUIÇÃO DA FORMAÇÃO HUMANA NAS UNIDADES SOCIAIS MARISTAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE COSTA, Giovanna Isabel Fernandes1 – [email protected] Centro Federal De Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFETMG) Av. Amazonas, 7675 – Bairro Gameleira. Belo Horizonte/MG. Resumo: O presente artigo é parte do produto do Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharel em Serviço Social. O trabalho foi desenvolvido em três Unidades Sociais Maristas do município de Belo Horizonte e Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde se propôs conhecer os espaços dos jovens atendidos e identificar como o profissional de Serviço Social pode contribuir para potencializar esses espaços e articular as várias políticas em defesa dos direitos da juventude e verificar a importância e as limitações destes espaços na formação de jovens que estão em processo de transição para inserção no mercado de trabalho. Palavras-chave: Juventude. Participação. Formação Humana. INTRODUÇÃO As Unidades Sociais Maristas da RMBH atuam em várias áreas, educação, cultura, lazer, entre outras. Optou-se em realizar a pesquisa em três Unidades que têm como público prioritário jovens. São elas: Centro Marista Circuito Jovem – localizada em Belo Horizonte, divisa com o Município de Sabará, atende público dos dois municípios -, Centro Marista Crersendo – localizada em Belo Horizonte e Centro Marista Reflorescer – localizada no município de Ribeirão das Neves na RMBH. É possível perceber que a juventude é uma temática que está em voga na atualidade e constata-se que há uma necessidade emergencial, cada vez maior, de entender as complexidades desse fenômeno e contribuir para a análise das possibilidade e limitações das 1 Bacharel em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MG), mestranda em Educação Tecnológica pelo CEFET MG. múltiplas expressões da realidade juvenil. Existe uma dialética fascinante no jovem, pois a juventude e´ um rico momento de aprendizagem, mas as estatísticas mostram que os jovens são os que têm um maior envolvimento com o mundo da criminalidade e da violência. Não obstante, ainda, a história nos faz contemplar que os movimentos sociais são em sua maioria iniciativa de jovens. Através da história percebemos que estes são os atores na gestação e no parto das mudanças sociais. É por isso que, “Nesta gestação de sonhos e utopias os jovens foram e continuarão sendo a vanguarda” (Jua Carlos Rodrigues Ibarra, citado por COSTA,). Pode-se pensar então, que o jovem protagonista deixa de ser problema e torna-se solução. Os jovens que residem nas comunidades onde se localizam as obras sociais Maristas convivem com uma realidade de exclusão e vulnerabilidade social, que é fruto do contexto sócio-histórico-econômico vivido. Ressalta-se ainda, que o cotidiano desses jovens é destacado por “preconceitos, estigmas e segregações dos quais são vítimas” (QUIROGA, 2003; p. 20). São lugares para os quais, muitas vezes, as autoridades municipais ainda não voltaram seu olhar. Segundo as Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista, os jovens constituem o grupo mais propenso às transformações, entretanto, apesar dos muitos projetos voltados para este público, são necessárias ações que possibilitem o protagonismo juvenil para contribuir na transformação da realidade em que estão inseridos. Muito se fala em protagonismo juvenil, acredita-se, assim, na importância de elucidar melhor esse conceito. Morfologicamente, a palavra protagonista significa o primeiro, que está à frente, o principal. Significa, ainda, nascer, gerar, produzir. A palavra protagonista vem do grego, que é o ator principal e também quem conta a história, o narrador em primeira pessoa. Neste sentido, protagonismo juvenil é a atuação dos jovens com objetivo de intervir em seu contexto social. Significa conceber o jovem como capaz de ter iniciativa, liberdade e de assumir compromissos. Para tanto, o jovem precisa inicialmente problematizar a sua realidade, participar do processo decisório, assim como do planejamento, execução e avaliação da ação e ainda de se apropriar dos resultados. Existem várias formas de o jovem se relacionar com sua realidade e isto dependerá do conhecimento que ele tem e de como sente e percebe esta realidade. E, a partir desses elementos ele se implica na realidade e se percebe como um agente social transformador. Diante disso, é percebível que o jovem tem capacidade de atuar em seu entorno social e que a construção de uma sociedade melhor requer que este tenha acesso a informação e formação, de maneira que possa atuar como cidadão e contribuir com a sociedade que deseja. Entendemos então que o protagonismo juvenil contribui para o desenvolvimento pessoal dos jovens, o que possibilita a construção de uma nova realidade. Afinal, a juventude é uma construção social e cultural. É fruto da história e também produz história. Sendo assim, torna-se relevante verificar a eficiência e efetividade das obras sociais maristas no que diz respeito à contribuição destas para o desenvolvimento pessoal dos jovens. Ou seja, verificar se a prática das Unidades Sociais Maristas tem possibilitado aos jovens espaços que contribuem para tal desenvolvimento. Entendendo que “esses espaços se constituem em redes de relações, nas quais regras e práticas são confrontadas, negociadas e reinterpretadas” (OLIVEIRA e RODRIGUES, 2006 pg.). e, neste sentido, é importante saber quais espaços esses jovens têm acesso para que não fiquem fadados a contemplarem os espaços públicos de longe. AS NOVAS FORMAS DE PARTICIPAÇÃO NA ATUALIDADE Muito se ouve acerca da juventude na atualidade e quando o assunto é participação, o que se ouve já se sabe de cor. Muitas pessoas falam que os jovens de hoje são alienados, não participam mais, não se preocupam mais com sua realidade e não mais sonham com um mundo melhor, nem tão pouco lutam por este mundo melhor. Entretanto, como tentar entender de que maneira os jovens passaram de heróis para alienados? Existem várias formas de se conceituar a juventude e esta tem sido objeto de análise de diversas ciências. Entretanto, o mais importante a se ressaltar neste contexto, é o fato de que a juventude é ainda um momento de transformação, no qual o jovem se insere em uma realidade que exige decisão, atitude e responsabilidade. É a inserção do jovem na vida comunitária de forma autônoma. Ou seja, o jovem passa a ter um papel político, ético e cultural e para concretizar este, precisa ser protagonista de sua própria história. Na história da humanidade, o jovem sempre teve papel de destaque, seja nas manifestações em busca de transformações sociais ou marcando seu espaço com suas especificidades e peculiaridades. Cada sociedade, em cada momento, construiu uma imagem do que é ser jovem, como ressalta Levi e Schmitt: “De um contexto a outro, de uma época a outra, os jovens desenvolvem outras funções e logram seu estatuto definidor de fontes diferentes: da cidade ou do campo, do castelo feudal ou da fábrica do século XIX... Tampouco se pode imaginar que a condição juvenil permaneça a mesma em sociedades caracterizadas por modelos demográficos totalmente difrentes.” (Livi e Schmitt, 1996:17). Na década de 60, por exemplo, a imagem que predominou foi a do jovem revolucionário, aquele que ia para as ruas, que era preso e morto por sonhar e lutar por um mundo novo. Já na atualidade, a juventude carrega muitos estereótipos negativos, diz-se que a juventude de hoje é alienada, passiva, violenta, entre outros. Essa imagem é reforçada pelos meios de comunicação e não uma verdade. Afinal, “Mais do que comparar as gerações é preciso comparar a sociedade em que vivem os jovens de diferentes gerações” (NOVAES, 2004 ). Ou seja, a juventude hoje vive em uma sociedade em que está muito mais forte o individualismo, o modelo de sociedade neoliberal em crise fragiliza a presença de um ideal coletivo seja pra juventude, seja para qualquer outra faixa etária. O fato é que hoje existem novas formas de participação, ela não mais se limita aos partidos políticos e grupos religiosos. Segundo o relatório da primeira fase da pesquisa “Políticas Pública de Juventude na Região Metropolitana de Belo Horizonte”, confirma que 20,7% dos jovens, que moram na RMBH, participam de algum tipo de grupo. Esse percentual pode parecer pouco, mas se trouxermos os números, veremos que se trata de um universo muito grande, uma vez que o total da população juvenil na RMBH, segundo o Censo de 2000, totaliza 857.099. Dentre as atividades mencionadas no relatório, constam ações religiosas, culturais, esportivas, as atividades estudantis e atividades ligadas à melhoria de condições de vida no bairro. É muito forte, na atualidade, observar que os jovens participam de grupo que atuam para transformar o espaço local nos bairros, favelas e periferias, desse modo, a participação juvenil não ganha a mesma visibilidade da década de 60 e 70. no contexto da Ditadura Militar era preciso que os jovens fossem para as ruas e lutassem por um ideal coletivo, de toda a sociedade. Hoje, pós Constituição Federal de 1988, observamos que essa constituição não contempla a juventude, como veremos mais adiante, as demandas dos e das jovens são outras. São, também, muitas vezes, específicas. O jovem, que mora no campo, a jovem que mora na cidade, o jovem negro, a jovem desempregada, os que não têm acesso à universidade. A juventude é uma reflexão moderna e todo autor que se arrisca conceituar a juventude, logo percebe e assume que essa é uma difícil tarefa e que, ainda, se deve levar em consideração o fato de que a juventude varia de sociedade para sociedade e até mesmo dentro de uma mesma sociedade. Sua visibilidade social, muitas vezes, remete a conflitos urbanos, o que determina compreender sua historicidade. Só assim, se pode perceber como a juventude veio “ganhando conteúdos, contornos sociais e jurídicos ao longo da história, no bojo de disputas econômicas e políticas” (NOVAES, 2004). Ser jovem atualmente, significa pertencer a um universo populacional composto por 50 milhões de pessoas, estar na faixa da população economicamente ativa e mais atingida pelo desemprego, é ganhar menos que os adultos. É ter de conciliar, muitas vezes, trabalho e estudo. Novaes nos traz uma importante reflexão sobre a juventude, realçando que é, de maneira geral, a “fase da vida mais marcada por ambivalências, onde ser jovem é viver uma contraditória convivência entre a subordinação à família e à sociedade e, ao mesmo tempo, grande expectativa de emancipação” (NOVAES, 2004). A juventude passa então a se configurar em um universo social descontínuo e em constante transformação. Neste raciocínio não podemos tratar de juventude sem perceber o entrelaçamento das questões da juventude com os dilemas da sociedade atual. Diante disso, precisamos conceber a juventude enquanto uma condição social, ou ainda enquanto uma representação social, ou seja, como a sociedade reproduz a imagem juvenil. Neste universo social, percebemos que existe um paradoxo de se perceber o jovem em um viés extremamente negativo ou marcado por grandes expectativas. Assim ocorre no mercado de trabalho, que exige características tidas como “juvenis”, mas todos querem ser jovem para entrar na disputa. Daí assistimos uma grande tendência de prolongamento da juventude em que ser jovem remete simbolicamente a um determinado jeito de falar, vestir, sonhar, entre outros. Conceber o jovem como condição social significa compreender qual sua representação na sociedade e como esta reproduz a imagem do jovem, daí advém a responsabilidade da sociedade em relação aos jovens. Pois é, justamente, essa forma de ver o jovem que há de se traduzir em leis. Para efeito de políticas públicas, a Secretaria Nacional de Juventude considera jovens os cidadãos e cidadãs com idade compreendida entre 15 e 29 anos. Na atualidade, diversos autores falam em juventudes, a idéia é destacar a juventude a partir da ótica da diversidade, afinal, existem muitos modos de ser jovem. Em um entendimento mais amplo, ser jovem no Brasil contemporâneo é estar imerso por opção ou por origem em uma multiplicidade de identidades, posições e vivências. Daí a importância do reconhecimento da existência de diversas juventudes no país, (...) que precisam ser valorizadas no sentido de promover os direitos dos joven” (Conjuve, 2006: 5). Essa compreensão é importante, pois, remete a proteção jurídica e contempla o que chamamos de direitos difusos, ou seja, garantir que cada cidadão seja reconhecido em sua singularidade, especificidade e subjetividade. Ao se pautar nas políticas públicas a ótica da diversidade, percebemos também que não se pode perder a unidade, sempre identificar o que é comum, universal a condição social de ser jovem. É fundamental demandar de toda juventude, aliada à sua condição social, a palavra que expressa um conceito de sua vivência na sociedade. É preciso reconhecer o jovem e sua inclusão ou exclusão na sociedade. A origem da palavra sociedade vem do latim, e designa a associação entre as pessoas. E, assim, o significado de sociedade está intimamente relacionado àquilo que é social. Sociedade, portanto, é um conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes e que interagem entre si, constituindo uma comunidade, uma rede de relacionamentos entre pessoas. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesses ou preocupações mútuas sobre um objetivo comum. Portanto, uma sociedade humana só é sustentável se toda a população puder usufruir igualmente das oportunidades, expressando ao máximo as suas oportunidades.Em um mundo cheio de incertezas, o homem está sempre em busca de sua identidade e almeja se integrar à sociedade na qual está inserido, ocupar seu espaço, construir sua história. O conceito de espaço veio, quase sempre, justificar ou confirmar as mudanças que a sociedade realizou em suas estruturas e relações. Na geografia tradicional, a primeira estabelecida no estudo do espaço, é base indispensável a vida, ou, ainda, é preciso ter uma área que possui características comuns para facilitar a vivência coletiva. A Antropologia o caracteriza como áreas públicas comuns em que os grupos humanos em estudo se encontravam inseridos. Por meio destes conceitos, entendemos que a noção de comportamento é construída no espaço, sendo sua organização pública e privada não se dá de forma aleatória, mas como resultado de um plano que depende da história e da cultura de uma determinada sociedade. É, portanto, graças à ação humana que o espaço deixa de ser apenas um ponto num mapa e passa a ser associado a um conceito simbólico e/ou social específico envolvendo redes de interação. Da mesma forma, graças aos atores sociais, também, é atribuído ao espaço, o caráter de profano, público, privado, banal, permitido ou proibido. Nesse sentido, a sociologia, por sua vez, nos permite compreender o efeito das relações sociais e o seu condicionamento pelo espaço. É este espaço que nos interessa, o espaço real, das coisas, dos objetos, das pessoas, possibilitando fluir os fenômenos a serem interpretados. Não pretendemos esgotar a questão, mas arriscarmos compreender o espaço uma vez que nele, muitas vezes, se reproduz interesses específicos, podendo expressar na palavra e, muito frequente pode levar o observador a entender o espaço enquanto signo das relações sociais. É, então, de fundamental importância, verificarmos em nossa sociedade, o significante destes espaços para construir as histórias dos jovens. Sendo respeitados como sujeitos portadores de direitos e deveres. Nas Unidades pesquisadas, 93% dos jovens entrevistados não estavam trabalhando no momento. Segundo pesquisa realizada pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio Econômicas), a taxa de desemprego entre a população juvenil é preocupante, atingindo 30,3% dos jovens na RMBH. A pesquisa mostra também a disparidade entre jovens pobres e ricos, os ricos tendem a permanecer na escola por mais tempo e os pobres, por sua vez, tendem a entrar no mercado de trabalho mais cedo, quando muito, se esforçam para conciliar estudos e trabalho. É percebível que na juventude começam os problemas sociais (questões sociais): os jovens pobres, negros e moradores de periferias, começam a trabalhar mais cedo para ganhar muito pouco, sem qualificação, são admitidos em subempregos, sem condições dignas de trabalho e na maioria das vezes sem ter garantido os seus direitos trabalhistas. Os ricos começam a trabalhar mais tarde, com grau maior de escolaridade, maior e melhor qualificação profissional e, portanto, com remuneração maior. O modelo de sociedade, que temos é fruto da construção da ação humana, onde “a produção material é transformada em produção de signos e de relações sociais.” (MELUCCI, 1996). O profissional de Serviço Social atua âmbito das relações sociais e, principalmente, nas conseqüências destas, nesse sentido, é de fundamental importância para compreendermos melhor a realidade em que atuamos assim como a gênese de algumas mazelas sociais. É nesse contexto que emerge a desigualdade social na vida real da juventude, muitos de seus direitos não lhe são reconhecidos, no entanto, são jovens que participam de uma coletividade, ou seja, são desrespeitados pela sociedade. O grande desafio é pensar um processo de formação de jovens que aponte para a solidariedade e que, por conseguinte, essa solidariedade aponte para o engajamento social, uma luta dos jovens por reconhecimento. CONTRIBUIÇÕES DOS PROJETOS E PROGRAMS NA VIDA DOS JOVENS: A FORMAÇÃO HUMANA Educar consiste em um fenômeno social, “pois se caracteriza por orientar a evolução dos sujeitos e conduzi-los para objetivos determinados que a sociedade almeja” (LOPES,2000 ). A cultura, já se sabe, é produção humana e dela emana a ética que há de orientar a conduta humana, política e de organização social. Inserida na cultura, a educação pode tanto funcionar como reprodutora social, tanto como instrumento de transformação social. Para tanto, o que nos interessa aqui é o caráter político da educação, o poder que a educação tem de influenciar o comportamento humano, denotar significado à existência humana e social. Nesse sentido, a educação tem uma natureza ética, uma prática especificamente humana. O fato é que a política vive hoje uma grande crise, pois prega uma democracia que não dá conta da realidade e as pessoas estão desacreditadas da política. Segundo Lopes, “os elementos da crise do capitalismo serão utilizados para serem lançados os alicerces de uma nova sociedade” (LOPES, 2000 p 60). Seguindo essa lógica, entendemos que a educação deve formar indivíduos que sejam capazes de contribuir na esfera social, atuando para transformação desta e assegurando a preservação do planeta. É preciso que a formação construa “pessoas criativas, participativas e críticas” (TONET,2005. Pg. ). Estamos então falando de formação integral da pessoa, o que há de implicar na emancipação humana. Na esteira de Marx, Freire, entre outros, o processo vai da terra para o céu, ou seja, parte do processo real, objetivo. Aqui, pode-se dizer que a formação integral deve produzir o questionamento das raízes da desigualdade social, uma educação que seja cidadã, que dê espaço para a participação, uma formação que propicie a capacidade de pensar, de te autonomia moral. O papel do educador aqui fica claro, ele também deve estar comprometido com este processo que é essencialmente humano. Freire afirma que o formador é o “sujeito em relação” (FREIRE, 2007 p.22), que ensinar não se resume á transmissão de conhecimentos, mas se pauta por uma ação que inquieta, que reforce a capacidade crítica do educando, que tenha disponibilidade de arriscarse, de se abrir para o novo. Que possibilite a realização pessoal e cidadã. É preciso pensar um processo de formação que passe por essa integralidade humana e dê conta dessa realização pessoal e cidadã, ou seja, de uma realização integral. Delors fala dos quatro pilares da educação com a finalidade de formação integral do homem. O primeiro, refere-se ao ato de “aprender a conhecer”, segundo Delors, é preciso denotar prazer ao ato de compreender, num constante movimento que dê vida e valorize a curiosidade. O segundo, refere-se ao “aprender a ser”, diz respeito a capacidade de auto-conhecimento, do desenvolvimento da responsabilidade, da ética, em contraposição ao que prega a cultura vigente, que se pauta no ter. O terceiro, está ligado à capacidade de relacionamento, é o “aprender a conviver”, em um mundo em que a incompreensão se faz presente nas relações sociais, é preciso resgatar o ensino da tolerância para saber conviver e, por fim, o quarto pilar refere-se ao “aprender a fazer”, que é o desenvolvimento do espírito cooperativo e de valores necessários ao trabalho coletivo. Aqui se configura a questão colocada no início deste trabalho, identificar o diferencial Marista. Se constitui também como um grande desafio posto em uma sociedade em que a sociabilidade é pautada pela divisão de classes, pelo individualismo. A autêntica formação humana integral passa a ser um ideal a ser perseguido cotidianamente, afinal, não só a formação humana, mas a própria condição humana é um processo. É preciso pensar não apenas progmaticamente, mas paradigmaticamente, pensar estratégias, entendendo que a noção de estratégia se opõe à de programa. Afinal, “estamos diante de um processo educativo, Processo vem do verbo proceder que, na sua origem latina conota avançar, ir para adiante” (LIBANIO, 2002 p12). A ideia é desenvolver um processo que contribua com o avanço dos jovens através da formação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste trabalho, foi possível dialogar com as questões suscitadas. A partir das análises teóricas, pude compreender melhor a atual discussão sobre juventude e a importância de se pautar essa demanda na sociedade. na etapa do trabalho de campo foi possível aproximar do mundo juvenil e entender que, mesmo no modelo atual de sociedade capitalista e globalizada,é possível desencadear uma mobilização consciente e para tanto, é necessário trabalhar o ser humano em toda sua dimensão. Partindo dessas premissas, é preciso discutir e entender o que é ser jovem no tempo em que vivemos, considerando as crescentes desigualdades sociais e sua diversidade de estilos e identidades. Os jovem devem, podem, precisam estabelecer laços com a comunidade, uma vez que esta é um espaço de manifestação da diversidade social. Por isso a importância dos projetos em contribuírem para que o jovem seja protagonista, ator social, dentro do contexto de sua comunidade. Contribuindo para seu desenvolvimento enquanto pessoa, na construção de contínuos exercícios de cidadania, consciente da necessidade de uma efetiva participação na esfera pública, contribuindo assim para a mudança social. Nas experiências de campo, foi possível perceber o quanto que os valores são importantes para os jovens e como os educadores sociais devem se atentar para esse fato, afinal, o desejo de mudança não é algo natural e inerente ao jovem, vai depender do processo formativo que ele tiver. Nesse sentido, é preciso ressaltar que a finalidade maior do processo educacional, formativo, deve ser a formação para a emancipação humana e social, a formação para a cidadania e que dê conta de contribuir com o sonho da juventude de reinventar a política. Em meio a uma realidade social tão contraditória em que a juventude é tão estigmatizada por uma imagem pejorativa, só mesmo a oportunidade de estar junto deles, poder sentir o mundo deles, para entender as diversas possibilidades. Cabe ressaltar que para tanto, iniciativas como as das Unidades Sociais Maristas precisam se articular cada vez mais com espaços de articulação e luta dos direitos dos e das jovens, reconhecer que não se pode centrar apenas na profissionalização, promover novos e alternativos espaços de sociabilidade e de convívio entre os jovens, estar atento à dificuldade de se projetar um sonho de transformação social uma vez que se vive em uma cultura neoliberalista. Ao Assistente Social permanece um desafio: como atuar de forma mais efetiva na consolidação dos direitos da juventude uma vez que esta ainda não é contemplada em nossa vigente constituição? O profissional de Serviço Social deve estar atento as teorias contemporâneas sobre igualdade e justiça social, assim como as demandas por reconhecimento. Entender que o processo de exclusão social é permeado pela luta por reconhecimento afetivo, daí uma emergência de se desenvolver estratégias que dêem conta das questões familiares, reconhecimento jurídico, a eterna luta pela efetivação dos direitos e o reconhecimento social, a solidariedade é hoje mais urgente do que nunca. Significa que todos somos responsáveis pelo bem comum. Nesse sentido, finalizo arriscando dizer que podemos concluir que as Unidades Sociais Maristas estão nas trilhas da luta por reconhecimento da juventude, longe de ser uma solução, essa luta apenas constrói as trilhas da reinvenção da juventude e da política, e desse modo é possível dizer que, de fato, existe a contribuição para uma sociedade mais justa, humana e solidária. É preciso que as instituições façam projetos a longo prazo. REFERÊNCIAS COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Protagonismo juvenil. Adolescência, Educação e Participação Democrática. Fundação Odebrecht. Salvador. 2000. Diretrizes Nacionais da Pastoral Juvenil Marista. Brasil Marista. Comissão Nacional de Evangelização de Adolescentes e Jovens. 2005. Ed. Universitária Champagnat. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: dicionário de língua portuguesa 3a edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessários à Prática Educativa. 35° Edição. Ed. Paz e Terra. SP 2207 IBGE. Censo 2000. Internet. www.ibge.gov.br . Acesso em 14/08/08, às 18horas. LEVI, Giovanni e SCHMITT, Jean-Claude. História dos jovens 1. Da Antiguidade à Era Moderna.1995.Ed Copyright. São Paulo. LOPES, Regina Pereira. Pedagogia e emancipação humana. Ed. Olhos Dagua. 2000. NOVAES, Regina e VANNUCHI, Paulo. Juventude e Sociedade. Trabalho, Educação, Cultura e Participação. Instituto Cidadania. Ed. Fundação Perseu Abramo.2004. SP. OLIVEIRA, Júlia Ribeiro, SILVA, Lúscia Isabel C e RODRIGUES, Solange S. Acesso, Identidade e Pertencimento: Relações entre Juventude e Cultura. QUIROGA. Ana Maria Q. Fausto Neto Consuelo. Juventude Urbana Pobre: Manifestações Públicas e Leituras Sociais. 2003. Disponível em: <http://portalmultirio.rio.rj.gov.br/seculo21/pdf/juventude%20urbana%20pobre-H3.5.pdf >. Acesso em:10/04/2009. SILVA, C.M. 2006. Espaços e sociedade: alguns elementos de reflecção. In Relações sociais de espaço: homenagem a Jean Remy (ed.) Balsa, C. Lisboa: Edições Colibri - COES: Investigações sociológicas TONET, Ivo. Educação, Cidadania e Emancipação Humana. Coleção Fronteiras da Educação.ed.Unijuí, 2005. www.protagonismojuvenil.org.br/portal/protagonismo.asp. Acesso em 18/04/2007, às 16:05min. http://www.sociedadehumana.com/forum/ Acesso em 10/08/2007, às 23:03 min. http://www.dieese.org.br/esp/estpesq11_jovens.pdf, acesso em 08/08/2008 CONTRIBUTION OF THE HUMAN FORMATION TO THE SOCIAL UNITIES MARISTAS OF THE METROPOLITAN REGION OF BELO HORIZONTE Abstract: The present article is a part of the product of the Work of Conclusion of the Course of Alumnus in Social Service. The work was developed in three Social Unities Maristas of the local authority of Belo Horizonte and Metropolitan Region of Belo Horizonte (RMBH), where it was proposed to know the spaces of the attended young persons and to identify like the professional of Social Service can contribute for potencializar these spaces and articulate several policies in defense of the rights of the youth and check the importance and the limitations of these spaces in the formative process of young persons who are in transition process for insertion in the labor market. Keywords: Youth. Participação. Human formation.