Prevenir a Diabetes no Adulto Rui Duarte APDP ‐ 2007 R. Duarte Prevenir a Diabetes no Adulto • VALE A PENA PREVENIR? • PODE‐SE PREVENIR? • COMO PREVENIR? R. Duarte R. Duarte O Peso da Doença l No ano 2025 a diabetes afectará cerca de 300 milhões de pessoas no mundo inteiro, um aumento de 122% desde 19901 l A Diabetes tipo 2 está entre as 10 principais causas de morte nas sociedades ocidentalizadas2 l Custos de saúde com os diabéticos são, em média, 2 vezes superiores aos não-diabéticos3 l O início da diabetes em idades jovens é um forte factor preditivo para mortalidade precoce4 1King et al (1998); 2Murray et al (1996); 3IDF taskforce (1999); 4Hopkinson et al (1999) R. Duarte Epidemiologia da Diabetes tipo 2 em Portugal • Estimativas de Incidência ( / 10 5 ) em 92-99 : 270.3 dos quais cerca de 63 % diagnosticados em achado ocasional.- Div. Epid. DGS . • Estimativas de Prevalência ( % ) : ¾Centros de Saúde – área de Lisboa: 2 – 4 % - 1995-9 ¾Guias do Diabético: 3,6% ( 2005) População adulta: ¾Rastreios Cindi ( 15 – 64 anos ): 5 – 6,5 % - 1987 e 1992 (glicemia de jejum ≥ 126 mg/ dl ) : 3,6 – 5 %...dos quais só metade sabiam ser diabéticos.. ¾Estudos Prof. Massano Cardoso: 9,2 – 10,3 % ( W-Risk e Saúde Centro 2005 ) ¾Atlas IDF – 2006 ( Projecções): 8,2% ¾Inquérito Nacional de Saúde : 2000: 4,7 %- 2005/6: 6,5% R. Duarte Portugal Diabetes 2007 648.000 2025 808.000 From IDF Diabetes Atlas, Brussels , 2006 R. Duarte CUSTOS DA DOENÇA Custos Directos Custos na detecção, tratamento, prevenção, reabilitação e cuidados crónicos da doença. Custos Indirectos. Derivam de: ¾ perda da actividade produtiva dos doentes devido a doenças de curta duração (absentismo) e ¾ Incapacidade permanente ou mortalidade prematura. Dado adicional é a diminuição da actividade produtiva de um ou mais membros da família tomando conta do doente incapacitado R. Duarte Custos Directos na Diabetes • Controlo da Diabetes: Medicamentos antidiabéticos ( ado, insulina, seringas, canetas,agulhas) • Material de autovigilância ( testes de glicemia, glicosúria, lancetas, aparelhos leitores da glicemia) • Ambulatório ( consultas e exames ) • Rastreio da retinopatia e da microalbuminuria • Terapêutica adjuvante ( anti‐hipertensão, anti‐dislipidemia) • • Complicações da Diabetes Internamentos ( relacionados com descompensações metabólicas ou complicações tardias –EAM, AVC, Amputação, Úlcera diabética, I.Renal, Cirurgia oftalmológica) • Follow‐up das complicações tardias ( EAM, IRC – diálise, transplante renal ‐, Fotocoagulação e cirurgia retiniana. • Reabilitação das complicações tardias ( AVC, Amputados, Cegueira ) • R. Duarte Controlo e monitorização da Diabetes tipo2 ‐ Os custos – 5% DO ORÇAMENTO DA SAÚDE NOS PAÍSES EUROPEUS! CODE 2 PROPORÇÃO DOS CUSTOS DIRECTOS Medicamentos antidiabetes 7% Ambulatório 18% Hospitalisations 55% Outros medicamentos 21% R. Duarte CAUSAS DE MORTE NA DM TIPO 2 Outros Nefropatia Coma diabético Infecção Cancro Gangrena AVC Doença coronária 0 Panzram G. Diabetologia 1987 5 10 15 20 R. Duarte 25 30 35 (%) 40 SÍNDROME METABÓLICA RESISTÊNCIA À INSULINA Obesidade (abdominal) Acidente Vascular Cerebral Intolerância à Glicose Doença Coronaria Hipertensão Arterial Aneurismas HDL⇓ e TriglicéridOs ⇑ Insuficiência Vascular Periférica R. Duarte No limite: podem ser necessários 9 medicamentos para se atingirem os objectivos das guidelines! Antitrombóti co Fibrato? 1º ADO(B) Estatina 2ºADO(Gl) 3ºHTA 2ºHTA 1ºHTA Ou.... A pílula mágica: 9 em 1 R. Duarte 3ºAD(S ou I) R. Duarte DIABETES TIPO 2 (evolução) Predisposição genética ( Genes de susceptibilidade ) + Factores ambientais FASE PRÉ-DIABETES Insulino-resistência Hiperinsulinémia compensadora Risco Macrovascular Tolerância diminuída à Glucose Diabetes tipo 2 R. Duarte Risco Microvascula DIABETES TIPO 2 (evolução) Diabetes tipo 2 diagnosticada: 40% têm ∗ Predomínio de Insulino-resistência (Obesidade central) complicações tardias na altura do diagnóstico! ou ∗ Predomínio de deficiente Insulino-secreção Após resposta óptima inicial taxa de falência 5-10% ano Falência progressiva da Célula ß Insulinocarência R. Duarte Factores de Risco Diabetes Tipo 2 e Aterosclerose • Factores nutricionais ‐ Dieta rica em calorias com gorduras (saturadas) e açucares e pobre em fibras . • Sedentarismo ( inactividade física ) • Abandono do estilo de vida tradicional ‐ rural ‐ grau de modernização • Obesidade central • «Ambiente» intra‐uterino ( baixo peso à nascença) • Baixo nível económico R. Duarte • «Stress »? R. Duarte História Natural da diabetes mellitus tipo 2 «PRÉ DIABETES» Factores Ambienciais Nutricionais Exercício DIABETES COMPLICAÇÕES INCAPACIDADE DIAGNOS TRATAR REABILITAR TICAR E TRATAR Susceptibilidade genética Insulinoresistência Hiperinsulinismo Hiperglicemia Dislipidemia HTA Retinopatia Nefropatia Neuropatia Aterosclerose Cegueira IRC Amputações AVC/ EAM PP PS PT ( Nas pessoas em risco e na população em geral) ( Intervenção nos que têm diabetes e desconhecem ) ( Intervenção nas pessoas com Diabetes). Lifestyle Intervention for Diabetes Prevention Study Intervention Risk reduction Da Quing IGT and Diabetes Study Pan XR et al Diabetes Care 1997 Control Diet Physical Exercise Diet & Physical Exercise 31% 46% 42% Finnish Diabetes Prevention Study Tuomilehto et al N Engl J Med 2001 Control Diet and Physical Exercise 58% Diabetes Prevention Program Study Knowler WC et al N Engl J Med 2002 Control Lifestyle Intervention Metformin 58% 31% Indian Diabetes Prevention Program Ramachandran A 4th World Congress on Prevention of Diabetes and its Complications, Chennai Feb 2005 Control Metformin Lifestyle Intervention Metformin + Lifestyle 28.2% 38.2% 60.4% R. Duarte R. Duarte R. Duarte os 5 objectvos da intervenção (sobre o estilo de vida): Os 5 objectivos da intervenção (sobre o estilo de vida): •Redução do peso em ≥5% •Menos de 30% de ingestão calórica em gorduras •Menos de 10% de ingestão calórica em gorduras saturadas •Consumo de fibras ≥ 15g/1000 calorias •Exercício moderado ≥ 30 min. /Dia R. Duarte IDF ‐ 07 R. Duarte Intervenção farmacológica na Prevenção da Diabetes tipo 2 – IDF ‐ 07 Quando a intervenção no estilo de vida não atinge objectivos (peso; glicemia) 1.Metformina: (250‐850 mg 2x/dia) – ( em particular: <60 a.; BMI>30; gjj>110 ) 2. Acarbose 3. Glitazonas? ( efeitos colaterais nocivos!) 4. Orlistat ( obesos) 5. Rimonabant? ( estudo Rapsodi) R. Duarte ADA ‐07 R. Duarte Os Governos devem tomar medidas contra a maior epidemia de todos os tempos !. A IDF lança o seu novo consenso de Prevenção contra a Diabetes. ( comunicado de imprensa) R. Duarte Custos dos Cuidados de Saúde com a Diabetes $$$$$ $$$ $$ $ Complicações da Diabetes Urgências e consultas de especialistas,Internamentos hospitalares, Unidades de Cuidados Intensivos, Tratamento substitutivo da IRC, ulceras do pé e amputações, tratamento da retinopatia diabética, incapacidade e reabilitação, medicamentos Consultas médicas; rastreios da retinopatia; terapêutica e autovigilância Diabetes não complicada Prevenção secundária Prevenção Primária Rastreio na população em risco DIAGNÓSTICO PRECOCE Educação para a Saúde R. Duarte Populaçao geral R. Duarte Abordagem da Prevenção 1- População em elevado risco Diabetes familiar Obesidade ( abdominal) Diabetes gestacional Mulheres com filhos com excesso de peso à nascença Doença vascular ou factores de risco cardiovascular 2 - População Geral R. Duarte Abordagem da Prevenção na população em maior risco • 1º Passo: Identificar as pessoas com risco elevado • 2º Passo: Medir o Risco • 3º Passo: Intervir IDF - 07 R. Duarte Abordagem da Prevenção na população em maior risco 1- IDENTIFICAÇÃO 1. Rastreio oportunístico 2. Questionário ( tabelas de risco ) – p.ex: find-risk score finlandês ( anexo do «novo» PNCP da diabetes português) 3. No mínimo: Medida do perímetro abdominal IDF - 07 R. Duarte FICHA DE AVALIAÇÃO DE RISCO DE DIABETES TIPO 2 Assinalar com uma cruz a resposta e somar os pontos. 1. Idade anexa) 0 p. 2 p. 3 p. 4 p. 2. Índice de Massa Corporal ( ver tabela Menos de 45 anos 45‐54 anos 55‐64 anos Mais de 64 anos 0 p. 1 p. 3 p. Menos de 25 kg/m2 25‐30 kg/m2 Mais de 30 kg/m2 3. Medida da cintura (normalmente ao nível do umbigo) HOMENS 0 p. Menos de 94 cm 3 p. 94‐102 cm 4 p. Mais de 102 cm MULHERES Menos de 80 cm 80‐88 cm Mais de 88 cm 4. Pratica diariamente actividade física pelo menos durante 30 minutos no trabalho ou durante o tempo livre (incluindo actividades da vida diária)? 0 p. 2 p. Sim Não 5. Com que regularidade come vegetais, fruta? 0 p. 1 p. Todos os dias Ás vezes 6. Já alguma vez tomou regularmente medicamentos para a Hipertensão Arterial? 0 p. 2 p. Não Sim 7. Alguma vez teve açúcar elevado no sangue ( ex. num exame de saúde, durante um doença ou durante a gravidez)? 0 p. 5 p. Não Sim 8. Tem algum membro de família próxima ou outros familiares a quem foi diagnosticado diabetes (Tipo 1 ou Tipo 2)? 0 p. 3 p. 5 p. Não Sim: avós, tias, tios ou primos 1º grau (excepto pais, irmãos, irmãs ou filhos)? Sim: Pais, irmãos, irmãs ou filhos Nível de Risco total 0 Risco de vir a ter Diabetes Tipo 2 dentro de 10 anos é: <7 7-11 12-14 15-20 > 20 Baixo: calcula-se que 1 em 100 desenvolverá a doença Sensivelmente elevado: calcula-se que 1 em 25 desenvolverá a doença Moderado: calcula-se que 1 em 6 desenvolverá a doença Alto: calcula-se que 1 em 3 desenvolverá a doença Muito alto: calcula-se que 1 em 2 desenvolverá a doença R. Duarte Abordagem da Prevenção na população em maior risco 2- MEDIDA DO RISCO 1. Glicemia no plasma ( em jejum, seguida se necessário da Prova de Tolerancia Oral à Glicose ( PTOG) 2. Perimetro abdominal 3. Factores de risco cardiovascular 4. Historia familiar R. Duarte RECOMENDAÇÕES DA IDF PARA DEFINIÇÃO E DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS E HIPERGLICEMIA INTERMÉDIA 2007 Diabetes Glicose plasmática em jejum Glicose às 2 horas* ≥ 126 mg/dl (7.0 mmol/l) ou ≥ 200 mg/dl (11.1 mmol/l Tolerância Diminuída à Glicose (TDG) Glicose plasmática em jejum Glicose às 2 horas* < 126 mg/dl e ≥ 140 e < 200 mg/dl Anomalia da glicemia em jejum (AGJ) Glicose plasmática em jejum 110 a 125 mg/dl ( 6.9 mmol/l) e (se medida) Glicose às 2 horas* R. Duarte < 140 mg/dl (< 7.8mmol/l) Diagnóstico da Diabetes • Limitações da Prova de Tolerância à Glucose: * fraca reprodutibilidade * dispendiosa É útil no diagnóstico de diabetes desconhecida e na avaliação da insulino‐resistência / Tolerância Diminuída à Glicose ( TDG ). É útil na identificação de indivíduos com risco aumentado para diabetes e doença cardiovascular R. Duarte RECOMENDAÇÕES DA IDF PARA DEFINIÇÃO E DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS E HIPERGLICEMIA INTERMÉDIA 2007 • Recomendação 6: Recomenda‐se a realização da prova de tolerância oral à glicose pelas seguintes razões: • A glicemia plasmática de jejum por si só falha o diagnóstico de cerca de 30% dos casos de diabetes ainda não diagnosticada. • A PTOG é a única forma de identificar pessoas com TDG. • A PTOG é frequentemente necessária para confirmar ou excluir anomalia da tolerância à glicose em indivíduos assintomáticos.. • A PTOG deve ser efectuada em indivíduos com glicose plasmática em jejum entre 110 e 125 mg/dl (6.1‐6.9 mmol/L) para determinar o estado de tolerância à glicose. • R. Duarte Abordagem da Prevenção na população em maior risco 3- INTERVENÇÃO • ESTILO DE VIDA 9Manter peso saudável 9Perder peso gradualmente: ( 5 a 10%) 9Reduzir alimentos com alto índice glicémico 930 minutos de exercício moderado «quase» todos os dias • MEDICAMENTOS: metformina; acarbose R. Duarte INTERVENÇÃO NA POPULAÇÃO O que é o estilo de vida? Um padrão pessoal de vida expresso nas suas actividades, interesses, e opiniões. Factores que influenciam o estilo de Vida: • • • • • • • • • • Educação Salário e riqueza Profissão Família Idade Sexo Saúde Religião e Espiritualidade Viagens Stress mental Factores que fazem o Estilo de Vida: • • • • • • • • Dieta Exercício Saúde Descanso Qualidade de Vida Tabaco Satisfação com a Vida Alcool Tempo de Lazer Padrão do Trabalho Habitos & Atitudes Courtesy of A.Kapur INTERVENÇÃO NA POPULAÇÃO • A Epidemia de Obesidade e Diabetes tipo 2 Vários factores influenciam estilo de vida: ¾ ¾ ¾ ¾ Televisão / Video Estilo de vida sedentário Fast food Urbanização / Cultura do automóvel R. Duarte Diabetes e aterosclerose - Prevenção Primária Comum à Prevenção das outras DCNT: EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE : A Iniciar Na Infância ! 2 Hábitos Alimentares : Gorduras Saturadas, Açucar e Sal Mais Peixe e Menos Carne Hidratos de Carbono; Fibras; Legumes ( Vit.E, Vit.C, bCarotenos) 2 Reduzir Alcool 2 Tabaco: 2 Exercício Físico : Combater o sedentarismo 2 Combater «stress» R. Duarte R. Duarte R. Duarte Sopa chega ao McDonald's R. Duarte R. Duarte INTERVENÇÃO NA POPULAÇÃO • As iniciativas governamentais possiveis: • Não são exclusivas do âmbito do Min. Saúde ! Políticas de apoio à sociedade civil ( ONGs associações doentes etc...) Suporte comunitário (educação; escolas...câmaras Legislação e fiscalidade: (rotulagem.. industria alimentar... R. Duarte Comunicação social.. SAÚDE E (È) QUALIDADE R. Duarte DE VIDA Não coma fora de horas. Faça exercício. O exercício vai gerar endorfinas, essa substância misteriosa... Não coma demais. Prefira os alimentos biológicos. Integre os cereais integrais na sua vida. Procure gostar deles. A fibra é um remédio preventivo. Sorria. Nada melhor do que sorrir se quiser que a passagem das horas seja o mais suave possível. Beba água. A desidratação promove o envelhecimento das células. Seja feliz. Abrigue em si pensamentos positivos a maior parte do tempo. Lembre-se de que o encanto da vida está também num coração cheio de amor. Adoptando uma vida saudável você vai dominar mais facilmente a ansiedade. Vai trabalhar e viver com mais prazer. O seu humor vai melhorar. Tenha a alimentação como sua grande aliada. Goste do que é saudável. Não faça regime! Mude o Estilo de Vida R. Duarte R. Duarte R. Duarte Qual o aspecto de uma mulher com 160 kg ? A mulher mais alta do mundo é da Holanda: Tem 2,27 m de altura e pesa160 kg ! • Alegro-me, pois vejo que o meu problema não é ter muito peso. É não ser suficientemente alto ! • R. Duarte R. Duarte