Bartramia patens Brid. - Sociedade Botânica do Brasil

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Bartramia patens Brid. (Bartramiaceae – Bryophyta): um musgo endêmico da
Antártica?
Paulo E. A. S. Câmara1, Micheline Carvalho-Silva1, Diego Knop Henriques1,
Hermeson Cassiano de Oliveira2 & Juçara Bordin3
1 Universidade de Brasília (UnB), Departamento de Botânica, Campus Universitário
Darcy Ribeiro, Brasília - DF, Brasil, CEP 70910-900. E-mail:
[email protected]
2 Universidade Estadual do Piauí, Campus Heróis do Jenipapo, Campo Maior, PI,
Brasil, CEP 64280-000
3 Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Osório, RS, Brasil, CEP 95520-000
O gênero Bartramia Brid. pertence à família Bartramiaceae e suas espécies
são conhecidas como “apple mosses” devido à morfologia da cápsula. Seu
conceito tradicional é controverso e atualmente não é monofilético. O gênero
é amplamente distribuído pelo mundo e muitas espécies apresentam
plasticidade morfológica, dificultando o estabelecimento de limites entre os
táxons. Bartramia patens Brid. ocorre nas zonas temperadas da América do
Sul e Antártica. É morfologicamente idêntica à Bartramia ithyphylla Brid. que
apresenta distribuição bipolar, sendo muito comum em países do hemisfério
norte e América do Sul. Alguns autores consideram a primeira uma
subespécie da segunda. O presente trabalho investiga a relação entre B
patens e B ithyphylla utilizando uma abordagem filogenética baseada em
dados moleculares. Sequências de DNA foram obtidas de material fresco e,
quando possível, de banco de dados moleculares online (Genebank e
European Nucleotide Archive). As análises filogenéticas (Bayesiana, Máxima
Verossimilhança e Máxima Parcimônia) baseadas em sequências do genoma
nuclear (ITS) mostram que os espécimes de B. patens oriundos da Antártica
formam um clado separado das plantas da América do Sul e Hemisfério
Norte. Estes resultados sugerem que B. patens é, de fato, uma espécie
distinta e endêmica, cuja distribuição é restrita ao continente Antártico e
região Subantártica. Assim sendo, B. patens pode integrar a lista de musgos
endêmicos da Flora da Antártica, contribuindo para futuras medidas para
conservação do território Antártico que vem enfrentando mudanças climáticas
e ambientais severas, afetando fauna e flora locais. Os próximos passos
incluem a obtenção de mais sequências a partir de material fresco coletado
nas regiões polares e a utilização de novos marcadores para maior robustez
e esclarecimento das análises, melhor compreensão das relações entre as
espécies de Bartramia bipolares e possivelmente utilização da morfologia
para delimitação mais clara entre as espécies. (MCTI/CNPq – PROANTAR,
Marinha do Brasil)
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