avaliação do manejo de adubação nitrogenada em cobertura na

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Uni- ANHANGUERA – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS
CURSO DE AGRONOMIA
AVALIAÇÃO DO MANEJO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM COBERTURA NA
CULTURA DO FEIJOEIRO
AUAC BRENO LAFE
GOIÂNIA
Outubro/2013
AUAC BRENO LAFE
AVALIAÇÃO DO MANEJO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM COBERTURA NA
CULTURA DO FEIJOEIRO
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao o Curso de
Agronomia
do
Centro
Universitário
de
Goiás,
Uni
–
ANHANGUERA, sob orientação da Professora Dra. Sara Lane
Sousa Gonçalves, como o requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Agronomia.
GOIÂNIA
Outubro /2013
À minha mãe, Iraci Bat ist a Lafe.
Dedico
A Deus, por me dar forças e o poder de escolha,
durante a caminhada de estudos.
Aos meus familiares, em especial a minha mãe Iraci
Batista Lafe, meu avô José Francisco Lafe e os demais
familiares que sempre esteveram ao meu lado, me apoiando
em minha jornada de estudos.
A minha namorada Thays Ramos Candido Borges,
pelo companheirismo nas horas difíceis.
À professora Dr. Sara Lane Sousa Gonçalves pela
amizade e apoio total na elaboração do meu trabalho de
conclusão de curso e por todos os conhecimentos repassados.
Ao grupo de estudo AGROMAIS que me ajudou na
condução do experimento.
Aos amigos do curso de agronomia, pela amizade,
orientação e apoio na caminhada acadêmica.
Aos
professores
e
funcionários
do
Uni-
ANHANGUERA.
Agradeço
SUMÁRIO
LIS TA DE FIG URAS
LIS TA DE TABELAS
LIS TA DE ABREVIATURAS
LIS TA DE S ÍMBOLOS
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
01
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
04
2.1 Características da planta de feijão (phaseolus vulgaris l.)
04
2.2 Importância do nitrogênio na planta de feijão (phaseolus vulgaris l.)
04
2.3 Ciclo do nitrogênio
05
2.4 Nitrificação e desnitrificação
06
2.5 Perdas de nitrogênio no sistema solo-planta
07
2.5.1 Lixiviação do nitrato
07
2.5.2 Volatilização do amônio
07
2.6 Fontes de nitrogênio
08
2.6.1 Uréia
09
2.6.2 Sulfato de amônio
10
2.6.3 Esterco bovino
10
2.6.4 Esterco de galinha
11
2.7 Fixação biológica de nitrogênio
11
2.8 Manejo e adubação nitrogenada em cobertura na cultura do feijão
12
3 MATERIAL E MÉTODOS
13
3.1. Caracterização da área experimental
13
3.2. Tratamentos e delineamento experimental.
13
3.3. Instalação e condução do experimento
15
3.3.1 Análise química do solo
15
3.3.2. Semeadura da cultivar pérola
16
3.3.3. Adubação de cobertura
17
3.3.4. Controle de plantas daninhas
17
3.3.5. Controle fitossanitário
18
3.4. Coleta de dados
19
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
20
5 CONCLUSÕES
24
REFERÊNCIAS
25
LISTA DE FIGURAS
Figu ra 1 Croqui da Área experimental
15
Figu ra 2 Coleta de solo 0-20 cm para análise
16
Figu ra 3 Semeadura do feijão
16
Figu ra 4 Controle de plantas daninhas na área experimental
17
Figu ra 5 Adubação em cobertura com as fontes de Nitrogênio
18
Figu ra 6 Planta com sintomas do mosaico dourado e ataque de vaquinha
18
Figu ra 7 Rendimentos de grãos em função de doses (kg ha-1) de uréia em cobertura do
21
feijão cultivar Pérola 30 DAE. Inhumas–Goiás.2013
Figu ra 8 Rendimentos de grãos em função de doses (kg ha-1) de Sulfato de amônio em 21
cobertura do feijão cultivar Pérola DAE. Inhumas – Goiás. 2013
Figu ra 9 Rendimentos de grãos em função de doses (kg ha-1) de Cama de frango em 21
cobertura do feijão cultivar Pérola 30 DAE. Inhumas – Goiás. 2013
Figu ra 10 Rendimentos de grãos em função de doses (kg ha-1) de Esterco bovino em 21
cobertura do feijão cultivar Pérola 30 DAE. Inhumas – Goiás. 2013
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caract eríst icas quí micas do so lo, na profundidade de 0 a 20 cm,
da
área
exper iment al,
ant es
da
inst alação
do
exper iment o,
Inhumas, GO, 2013.
14
Tabela 2 Rendimentos médios de grãos (Kg.ha-1) de feijão cultivar Pérola em função de
quatro fontes de nitrogênio e cinco doses para cada fonte. Inhumas, 2013.
20
Tabela 3 Análise financeira do rendimento de grãos (sc 60 Kg há-1) em função Das
doses de adubação de cobertura para as fontes de uréia, sulfato de amônio,
Cama de frango e esterco bovino. Inhumas, 2013.
37
LISTA DE ABREVIATURAS
CTC – Capacidade de t roca cat iônica
cv – Cult ivar
AGROMAIS – Grupo de est udos de fert ilidade do so lo
GO – Go iás
DAE – Dias após emergência de p lânt ulas
T – Toneladas
IAC – Inst it uto agronômico de c ampinas
MOS – Mat ér ia orgânica no so lo
sc – Saco
LISTA DE SÍMBOLOS
º – Graus
ºC – Graus Cels ius
’ – Minut os
” – Segundos
% – Po rcent agem
Al – Alumí nio
B – Boro
Ca – Cálc io
CaCl
2
- Cloret o de cálcio
Co – Cobalt o
cmo l c – Cent imo l de carga
cm 2 - Cent í met ros quadrados
Cu – Cobre
d m -3 – Decí met ro cúbico
Fe – Ferro
g – Gramas
ha – Hect are
N 2 O – Óxido nit roso
NH -3 – Amônio
NO -3 – Óxido Nít r ico
NO² – Dióxido de Nit rogênio
CO² – Dióxido de Car bono
N – Nit rogênio
K – Pot ássio
KCl – Cloret o de Pot ássio
kg – Quilos
L – Lit ros
m 2 – Met ros quadrados
m – M etr os
mg – Miligr amas
Mg – Magnésio
mm – Milí met ros
mmo l c – Milimo l de carga
Mn – Manganês
Na – Sódio
P – Fósforo
pH – Potencial H idr ogeniô nico
Zn – Zinco
* significat ivo ao ní ve l de 5% de probabilidade (01=< p < .05)
RESUMO
A cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.) tem apresentado baixas produtividades médias no
Brasil. Muitas razões têm sido aventadas para a ocorrência desta situação, dentre elas poucos
conhecimentos sobre o manejo da adubação e os baixos níveis tecnológicos. O presente trabalho
tem como objetivo avaliar a influência das diferentes fontes de adubação nitrogenada utilizada
em cobertura na cultura do feijoeiro sob diferentes doses de aplicação. O delineamento
experimental utilizado foi em blocos ao acaso utilizando quatro repetições com parcelas
subdivididas, sendo as parcelas formadas pelas fontes de N (uréia (44%), sulfato de amônio
(20%), cama de frango (4,0%) e esterco bovino (3,1%)) e as subparcelas constituída pelas
dosagens de cobertura de N (0, 60, 90, 120 e 150 kg ha -1 ). A aplicação dos fertilizantes em
cobertura foi feita após aos 30 dias após a emergência das plântulas da cultivar Perola. Foi
avaliado o rendimento de grãos e analise financeira das diferentes doses de N. Houve diferença
significativa entre as fontes de N e também entre as doses dentro de cada fonte, o rendimento
médio máximo de grãos, foi de aproximadamente 2.450 kg ha-1 para cobertura com uréia, em
seguida 2.046 kg ha -1 para a cobertura com sulfato de amônio que não diferiu dos demais
tratamentos, na analise financeira verificou-se que a renda líquida não aumenta em sc ha -1 com o
aumento das doses de N. A uréia apresentou os melhores resultados de rendimentos de grãos em
todas as doses, a fonte que apresentou melhores rendimentos financeiros foi à uréia com doses de
N mais viáveis entre 60 a 120 kg ha -1 .
Palavras-Ch ave: Nit rogênio . Phaseolus vulgaris L. Manejo. Análise financeira
1
1 INTRODUCÃO
Historicamente, a cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.) tem apresentado baixas
produtividades médias no Brasil. Muitas razões têm sido aventadas para a ocorrência desta
situação, desde os sistemas de produção, efeitos climáticos, sanidade da cultura, manejo de
adubação até problemas econômicos dos agricultores. Entretanto, as cultivares utilizadas
atualmente tem potencial de produção compatível com uma agricultura moderna e econômica.
Este potencial raramente tem sido alcançado, em função dos altos riscos da cultura, que
desencorajam maiores investimentos.
Além dos entraves encontrados no sistema de produção do feijoeiro, há de se considerar ainda
um dos principais fatores limitantes da produtividade da cultura no País, ao qual se destaca o
baixo nível técnico empregado pelos produtores ao cultivo do feijoeiro em solos de baixa
fertilidade, especialmente pobres em nitrogênio (CABALLERO et al., 1985; MERCANTE et al.,
2006).
As principais fontes de N para a cultura do feijoeiro são os solos, por meio da decomposição
da matéria orgânica, a aplicação de adubos nitrogenados e a fixação biológica de N2 atmosférico,
pela associação do feijoeiro com bactérias do grupo dos rizóbios (HUNGRIA et al., 1997;
MERCANTE et al., 2006). A absorção de nitrogênio ocorre praticamente durante todo o ciclo da
cultura, mas a época de maior exigência, quando a velocidade de absorção é máxima, ocorre dos
35 aos 50 dias da emergência da planta, coincidindo com a época do florescimento. Neste
período, a planta absorve de 2,0 a 2,5 kg N ha - 1 .dia. Apesar dos esforços para se entender e
chegar às recomendações de inoculação do feijoeiro, a fixação simbiótica de N não tem sido
suficiente para atender a demanda da planta. Assim, normalmente se obtém reposta ao nitrogênio
aplicado em cobertura (ROSOLEN; MARUBAYASHI, 2004).
O feijoeiro é considerado uma planta exigente em nutrientes, em função do pequeno e
pouco profundo sistema radicular e do ciclo curto. Por isso, é fundamental que o nutriente seja
colocado à disposição da planta em tempo e local adequados (ROSOLEN; MARUBAYASHI,
2004). Porem, surgem dúvidas ao que se referem desde reações e mecanismos controladores da
disponibilidade do nitrogênio e características e reações das diferentes fontes de nitrogênio no
solo, até à prática da adubação quanto à fontes, doses, métodos e épocas de aplicação durante o
2
ciclo da cultura, necessidade de parcelamento e, sobretudo, quanto aos aspectos econômicos
(BARBOSA FILHO et al., 2005).
Normalmente recomenda-se a aplicação de 1/3 da dose de N na semeadura, e 2/3 devem
ser aplicados até os 20 dias da emergência da cultura. Atualmente, sob pivô central, tem havido
tendência de parcelamento exagerado do N, o que não é recomendável, pois após o florescimento
o potencial de resposta é pequeno. Com doses altas de N, a cobertura poderia ser parcelada em
até 2 vezes, sendo a primeira entre os 15 e 20 dias e a segunda até 35 dias da emergência das
plantas. Não existem resultados de pesquisa que confirmem esta recomendação, mas o estudo da
marcha de absorção de N mais o entendimento das funções e efeitos do nutriente na planta
permitem essa inferência (ROSOLEN; MARUBAYASHI, 2004).
Segundo Fox et al. (1986), dentre as formas de aplicação de nitrogênio, a de cobertura
tem sido a mais eficiente (rendimento/unidade de nitrogênio aplicado) pois, além de fornecimento
do nutriente em época de maior exigência, a absorção do NH3 pelas folhas inferiores das plantas
pode reduzir as perdas por volatilização. Por outro lado a uréia em cobertura apresenta-se tão
eficiente quantas outras fontes de nitrogênio, quando ocorrem precipitações após a sua aplicação.
A uréia e o sulfato de amônio são os fertilizantes nitrogenados mais utilizados na
agricultura brasileira. Porém, em sistemas agrícolas conservacionistas, em que o revolvimento da
camada superficial do solo para o plantio é mínimo, os resultados de pesquisas sobre as
definições de doses, fontes e método de aplicação na cultura do feijoeiro irrigado ainda são muito
limitados (BARBOSA FILHO et al., 2005).
A cultura responde bem à adubação orgânica. Tem sido obtidas respostas à aplicação de
até 15 a 20 t ha -1 de esterco de curral e até 4 a 8 t de esterco de galinha ou cama de frango de
corte. O efeito residual desta adubação tem sido observado até o 3º ano (ROSOLEN;
MARUBAYASHI, 2004). Porem, Considerando que os materiais orgânicos variam muito em sua
composição química, a dose por aplicar, que satisfaça plenamente as exigências dos vegetais,
depende das condições de mineralização, da concentração de nutrientes, do tipo e grau de
fertilidade do solo e da espécie vegetal. Como esses fatores são amplamente variáveis, a
eficiência agronômica de materiais orgânicos, quando comparados a fertilizantes minerais, pode
ser superior, não apresentar diferenças ou ser inferior, considerando as peculiaridades de cada
caso (ANDREOLA et al., 2000) .
3
Segundo Silva et al. (2006), diversos sistemas de manejo de solo foram utilizados, com o
objetivo de se estudar o desempenho produtivo do feijoeiro quanto à adubação nitrogenada, e
alguns resultados mostraram resposta da cultura a doses de N acima de 100 kg ha -1 . No entanto,
autores como Chidi et al. (2002) e Bordin et al. (2003) verificaram resposta da produtividade do
feijoeiro com aplicação de 50 a 75 ha -1 de N. Em trabalho realizado por André et al. (2008),
obtiveram melhores resultados para as características agronômicas avaliadas mediante a
aplicação parcelada de nitrogênio, principalmente na quantidade de 40+40 kg ha -1 de N no 2º
trifólio e no 4º trifólio, para a cultivar Pérola, e 40+20+20 kg ha -1 no 2º, 4º e 6º trifólio, para a
cultivar IAC Carioca Eté. Segundo esses autores esses resultados foram obtidos provavelmente
em virtude de menores perdas por lixiviação e volatilização na qual ocorre quando se utiliza a
uréia de forma única, aplicando-se a dose 80 kg ha -1 de N. Já Barbosa Filho e Silva (1994) e
Stone e Moreira (2001) verificaram resposta positiva do feijoeiro ao N aplicado em uma única
cobertura, até a dose máxima testada (120 kg/ha). Barbosa Filho e Silva (1994) estimaram ainda,
por meio de regressão, uma dose de 137 kg de N/ha para obtenção da produtividade máxima.
Nesse contexto, o manejo adequado da adubação nitrogenada representa uma das
principais dificuldades da cultura do feijoeiro, visto que a aplicação de doses excessivas de N,
além de aumentar o custo econômico, pode promover sérios riscos ao ambiente, e a sua utilização
em quantidade insuficiente pode limitar o seu potencial produtivo, mesmo que outros fatores de
produção sejam otimizados (SANTOS et al., 2003). Considera-se ainda que a distribuição correta
desses fertilizantes nas épocas corretas pode levar ao melhor aproveitamento pela cultura e
reduzir as perdas por lixiviação.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência das diferentes fontes de
adubação nitrogenada utilizada em cobertura na cultura do feijoeiro sob diferentes doses de
aplicação, comparando-as com analise financeira para cada fonte e dose.
4
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Características da planta de feijão (Phaseolus vulgaris L.)
O feijão-comum é uma planta anual herbácea, trepadora ou não, pertencente à família
Leguminosae, subfamília Papipilionoideae, gênero Phaseolus. Está classificado como Phaseolus
vulgaris L, apresentando ciclo de 90 - 100 dias e um sistema radicular superficial
(INFORZATO et al., 1964).
2.2 Importância do nitrogênio na planta de feijão (Phaseolus vulgaris L.)
O feijoeiro é uma das principais culturas de entressafra em sistemas irrigados nas regiões
Central e Sudeste do Brasil. Entre as tecnologias indicadas para este sistema de cultivo, a
adubação nitrogenada é a que tem gerado maior número de questionamentos. As dúvidas vão
desde reações e mecanismos controladores da disponibilidade do N no solo, características e
reações no solo das diferentes fontes de nitrogênio, até prática da adubação quanto a fontes,
doses, métodos de aplicação e, principalmente, quanto aos seus aspectos econômicos.
O N é constituinte de vários compostos da planta, destacando-se nos aminoácidos, ácidos
nucléicos e clorofila. Assim, as principais reações bioquímicas em plantas e microrganismos
envolvem a presença do N, o que o torna um dos elementos absorvidos em maiores quantidades
por plantas cultivadas. Além disso, o N apresenta grande versatilidade nas reações de axirredução
e está presente em vários estados de oxidação, desta forma bastante reduzidas (-3), como o
NH4+, até oxidadas (+5), como o NO3-, o que lhe confere especial importância nos ciclos
biogeoquímicos e no metabolismo das plantas. Por exemplo, cerca de um quarto do gasto
energético dos vegetais esta relacionada com as varias reações envolvidas na redução de nitrato e
amônio e a subseqüente incorporação do N ás formas orgânicas nas plantas (EPSTEIN; BLOOM,
2005).
A adubação nitrogenada é muito importante, não somente para a cultura do feijão, mas
para todas as culturas, pois além de promover aumentos consideráveis de produtividade e
qualidade de grãos, o nitrogênio exerce muitas funções essenciais na planta. O aparecimento de
deficiência de N em plantas é muito comum em quase todos os solos, sendo caracterizada por um
5
amarelecimento generalizado das folhas, que se inicia pelas mais velhas. O nitrogênio faz parte
da molécula de clorofila e, portanto, é necessário para realização da fotossíntese. Como
componente das moléculas de aminoácidos essenciais formadores de proteínas, o nitrogênio é
diretamente responsável pelo aumento do teor de proteínas nos grãos. No caso específico do
feijoeiro comum, além de promover aumento de crescimento das plantas, certos componentes da
produção são influenciados pela adubação nitrogenada. Os efeitos mais importantes da adubação
nitrogenada que se observam são, em geral, aumentos no número de vagens/planta e peso de
grãos.
Além de ser constituinte dos aminoácidos livres e protéicos, o nitrogênio está presente em
outros compostos nitrogenados importantes, como as bases nitrogenadas (purinas e pirimidinas),
os ácidos nucléicos (DNA e RNA), que perfazem cerca de 10% do total do nitrogênio na planta.
Outras formas amino solúveis chegam a compor 5% do N das plantas. A fração presente como
NH-3 e NH+4 geralmente representa baixa porcentagem (MENGEL; KIRKBY, 1987).
Nas folhas o nitrogênio está nos cloroplastos como constituinte da molécula de clorofila,
onde cada átomo de Mg está ligado a quatro átomos de nitrogênio e também participa da síntese
de vitaminas, hormônios, coenzima, alcalóides, hexosaminas e outros compostos. O nitrogênio é
um nutriente que está relacionado aos mais importantes processos fisiológicos que ocorrem nas
plantas, tais como fotossíntese, respiração desenvolvimento e atividade das raízes, absorção
iônica de outros nutrientes, crescimento, diferenciação celular e genética (MENGEL; KIRKBY,
1987).
2.3 Ciclo do nitrogênio
As reações envolvendo o N ligado á matéria orgânica do solo (MOS) são predominantemente
mediadas por microrganismos e, portanto, afetadas por condições ambientais e climáticas. Assim,
dependendo da combinação de fatores (umidade, temperatura, pH, etc.), o N pode ser conservado
e se tornar disponível para as plantas, ou ser perdido para as águas superficiais e do subsolo, ou
para a atmosfera. A importância das reações que ocorrem no solo para o balanço de N é
colaborada pelo fato de cerca de 95% o N reciclado na pedosfera interagir no sistema solomicrorganismo-plantas superiores e apenas 5 % passar pela atmosfera e hidrosfera ( NOVAIS et
al., 2007).
6
Segundo Novais et al. (2007), o ciclo de N no solo está ligado ao ciclo global do N na
natureza. Em escala global, o N é importante por ser um elemento-chave para a produtividade de
todos ecossistemas. Algumas áreas do mundo, tais como partes da áfrica, Ásia e América latina,
não têm N suficiente para sustentar adequadamente suas populações. Por outro lado, em outras, a
excesso de N decorrente da baixa eficiência do uso desse elemento nos sistemas produtivo e da
queima de combustíveis fosseis, que podem transforma o N em poluente. Em ambos os casos,
leva-se em conta apenas o N reativo (Nr), que engloba as formas biologicamente ativas e
fitoquimicamente reativas na atmosfera e biosfera, e inclui formas reduzidas (NH3, NH4+),
inorgânicas oxidadas (NO3, HNO3, NOx, N2O) e compostos orgânicos ( uréia, aminas,
proteínas, etc), mas exclui o N2, atmosférico ( GALLOWAY et al., 2004).
Do ponto de vista agrícola, o ciclo do N no solo é o mais importante. O N no solo está
predominantemente na forma orgânica - mais de 95% do N total. As frações inorgânicas são
compostos principalmente por NH4+ e NO3-, mas pequenas concentrações de NO2- podem
ocorrer em algumas situações. Em menores proporções, ocorrem N2 e outros gases NOx na
atmosfera e na solução do solo ( NOVAIS et al., 2007).
2.4 Nitrificação e Desnitrificação
A nitrificação é uma seqüência do processo de mineralização que consiste em nitrificação,
ou oxidação do N amoniacal a nitrato, é realizada no solo por bactérias quimioautróficas que
obtém energia no processo e que podem sintetizar todos os seus constituintes celulares a partir do
CO2 (SCHMIDT, 1982).
A nitrificação é o processo de transformação do nitrogênio amoniacal em nitrogênio
nítrico pela ação de bactérias nitrificadoras do solo. Solos bem drenados em boas condições para
o desenvolvimento das plantas são adequados para o trabalho dessas bactérias (SOUSA;
LOBATO, 2004).
A desnitrificação é o processo que ocorre na ausência de oxigênio. É mais freqüente em
solos alagados onde o N, na forma de NO -3, é transformado em N2 ou N2O pela ação de bactérias
do solo. Mesmo em solos normalmente bem drenados, o fato pode ocorrer como resultado do
preparo inadequado do solo, compactando-o e dando origem a áreas encharcadas pelo acumulo
de água da chuva ou da irrigação (SOUSA; LOBATO, 2004).
7
A desnitrificação é o principal processo biológico pelo qual o N reativo retorna a
atmosfera na forma de N2. Do ponto de vista agrícola, a desnitrificação representa perda de um
nutriente importante, mas esse processo é parte crucial do ciclo global do N, especialmente
porque representa uma das maneiras de despoluir sistemas com excesso de NO3- (ROBERTSON,
2000).
2.5 Perdas de nitrogênio no sistema solo-planta
As perdas de nitrogênio no sistema solo-planta podem ser por lixiviação do nitrato ou
volatilização da amônia, que serão evidenciados nos próximos tópicos.
2.5.1 Lixiviação do Nitrato
O ânion nitrato tem baixa interação química com os minerais do solo. A predominância de
cargas negativas no solo, ou pelo menos nas camadas superficiais nos solos tropicais, e a baixa
interação química do NO3- com minerais do solo fazem com que o NO3- esteja sujeito a lixiviação
para as camadas mais profundas, podendo atingir águas superficiais ou o lençol freático.
Problemas associados ao excesso de NO3- no ambiente têm levado á regulamentação e ao controle
de praticas agrícolas nos Estados Unidos e na Europa, com o estabelecimento de limitações nas
dosagem de adubos nitrogenados orgânicos e minerais em áreas sensíveis (NOVAIS et al; 2007).
Há intensa competição por N no solo entre as plantas e microrganismos, a qual pode
prevenir as perdas por lixiviação, pelo fato de os nitrificantes geralmente não levarem vantagem
na disputa com as plantas e com outros microrganismos pelo NH 4+, assim somente os solos que
recebem doses de N em excesso em relação às necessidades das plantas e dos microrganismos,
terão perdas por lixiviação (NOVAIS et al,. 2007)
Sob condições de campo, sabe-se que a eficiência de uso de N em feijão não ultrapassa 50
%, o que não é absorvido pelas plantas fica imobilizado no solo ou pode lixiviar, especialmente
quando na forma de nitrato. Embora as perdas de N observadas sejam consideradas pequenas no
aspecto agronômico, estas são importantes do ponto de vista ambiental, podendo contaminar o
lençol freático e eutrofizar águas superficiais (ARAUJO, et aI. 2004).
8
As perdas por lixiviação durante o período de seco de inverno são geralmente baixas, a
maior concentração da lixiviação ocorre nos períodos chuvosos, concomitante com altas doses de
nitrogênio no solo.
2.5.2 Volatilização de Amônia
Segundo Diest, (1988), O processo de perda por volatilização de amônia consiste na
passagem da amônia presente no solo à atmosfera, conforme a seguinte relação: NH4+ + OH(aquoso) → H2O + NH3 (gás).
O NH3 perdido por volatilização é proveniente da mineralização da matéria orgânica ou
do fertilizante aplicado, sendo esse o fenômeno mais intenso mediante aumento no pH do solo
(MELO, 1978). A volatilização de amônia é um processo rápido que ocorre na semana seguinte
da aplicação de N (DIEST, 1988). A uréia aplicada é rapidamente hidrolisada em dois ou três
dias. Assim, quando a uréia é aplicada ao solo, o processo de perda N-NH3 por volatilização
envolve inicialmente a hidrólise por meio da uréase, que é uma enzima extracelular produzida por
bactérias, actinomicetos e fungos do solo ou, ainda, originada de restos vegetais. Em função das
características da uréase, fatores que influenciam a atividades do microorganismo também
influenciam a hidrólise da uréia, promovendo grandes variações na taxa de hidrólise para
diferentes solos (MELO, 1978).
Outro fator a ser considerado é o pH do solo. Devido a neutralização da acidez pelo
carbonato há elevação do pH, que pode atingir valores acima de sete na região próxima aos
grânulos do fertilizante aplicação, favorecendo a formação de amônia. Portanto, todos aqueles
fatores que tem influência sobre o pH do sistema solo-água vão influenciar a taxa de perdas.
Deste modo, valores elevados de pH conduzem à maior volatilização de N-NH3 da uréia
aplicada em superfície, a qual pode representar entre 50 a 80% do total de nitrogênio aplicado,
dependendo das condições climáticas e de solo (VOLK, 1959).
Outros fatores também afetam sobremaneira a volatilização de N-NH3 como a
temperatura, a umidade, as trocas gasosas, a taxa de evaporação de água, o conteúdo de água no
solo, o pH, o poder tampão, a capacidade de troca catiônica, a classe textural e a atividade da
uréase. Outros autores ainda consideram também a concentração de N amoniacal na água de
alagamento, o pH da água, a velocidade do vento, a quantidades de N aplicado, o momento
vegetativo da plantas quando da aplicação e o método da aplicação de N (DIEST, 1988).
9
2.6 Fontes de Nitrogênio
Existem varias possibilidades de escolha da fonte de N a ser utilizada pelo produtor. Em
geral, o ponto mais importante a ser observado é custo final da unidade de N aplicada na lavoura.
A uréia e o sulfato de amônio são as duas fontes nitrogenadas mais utilizadas na agricultura
brasileira, possivelmente por serem de menor custo e de maior disponibilidade no mercado.
Ambas apresentam baixa eficiência de utilização pelas culturas, raramente superior a 50%. A
uréia, pelas suas características e reação no solo, possui grande potencial de perda de NH3 por
volatilização (LARA CABEZAS; TREVELIN, 1990), e o sulfato de amônio, além da
possibilidade de perda, apresenta alta capacidade de acidificar o solo (FOX; HOFFMAN, 1981).
O esterco bovino e a cama de frango vêm se destacando como insumos naturais, de baixo
custo e de utilização accessível às condições técnica e econômica dos pequenos produtores, com
menor impacto sobre o meio ambiente. Além disso, esses adubos orgânicos promovem benefícios
na melhoria da fertilidade e conservação do solo e maior aproveitamento dos recursos existentes
na propriedade (GALVÃO et al., 1999), bem como proporcionam acúmulo de nitrogênio
orgânico (N) no solo. Tais características aumentam potencial de mineralização do N e sua
disponibilidade para as plantas, quando utilizado por vários anos consecutivos. Entretanto o tipo,
a textura, a estrutura e o teor da matéria orgânica presente no solo são fatores que influenciam na
maior ou menor quantidade de adubo a ser aplicado (TRANI et al.,1997).
2.6.1 Uréia
A uréia contém 44 a 46 % de N, na forma amídica, a qual é hidrolisada rapidamente no
solo a amônio pela ação da enzima uréase. A uréase é comum na natureza e está presente em
microrganismo, plantas e animais. Além do maior teor de N que outros adubos sólidos, o que
barateia o transporte e a aplicação, a uréia tem baixa corrosividade, alta solubilidade e é
prontamente absorvida pelas plantas, em taxas 10 a 20 vezes superiores as dos elementos nas
formas iônicas (IFDC, 1979).
Segundo Novais et al. (2007), a principal desvantagem da uréia é a possibilidade de
perdas de N por volatilização de NH3, especialmente quando o fertilizante é aplicado na
10
superfície do solo. Outro aspecto negativo associados, em algumas situações, ao uso da uréia são
a fitoxidez do birueto um contaminante e da NH3 e do NO2-, produtos de sua hidrólise e
posterior nitrificação parcial.
A uréia esta sujeita a perdas por ser um composto de alta solubilidade em água e nãoiônico, portanto, fracamente absorvido aos colóides do solo. A retenção da uréia no solo
decorrente da formação de compostos com o grupo carboxílicos da MOS e de complexos com
minerais de argila, baixo valor de pH, a uréia pode ainda ser protonada e se comportar como
cátion (NOVAIS et al., 2007).
A menos que chova intensamente nos dias subseqüentes a adubação, a lixiviação de N na
forma de uréia tem importância relativamente pequena, visto que este fertilizante é normalmente
hidrolisado em poucos dias no solo, produzindo NH4+, o qual é retido pelas cargas negativas dos
colóides do solo (NOVAIS et al., 2007).
2.6.2 Sulfato de amônio
O sulfato de amônio contem 21 % de N, mas o maior preço por unidade de N do que a
uréia ou o nitrato de amônio e a baixa disponibilidade de adubo na forma granulada reduzem seu
apelo (IFDC, 1979).
A baixa eficiência de recuperação do N do fertilizante aplicado às culturas tem sido
atribuída, principalmente, às perdas gasosas do elemento (volatilização e desnitrificação)
associadas ao uso preferencial de uréia em aplicações superficiais (cobertura) no solo. Nesse
contexto, o sulfato de amônio apresenta algumas vantagens em relação à uréia e a outras fontes
nitrogenadas,
pois possui baixa tendência de perdas voláteis de N e baixa taxa de nitrificação, além de ser uma
fonte econômica de enxofre (24% S). Tais características proporcionam vantagens agronômicas,
levando, com frequência, a rendimentos elevados e à melhoria na qualidade do produto agrícola.
Amônio é a fonte preferida de nitrogênio inorgânico de muitas plantas. A disponibilidade
de NH4+ nos solos, geralmente mostra variação muito menor, tanto sazonalmente quanto
espacialmente, que a de outras formas nitrogenadas, particularmente NO 3-, conseqüentemente,
NH4+ pode ser a principal forma de nitrogênio disponível em certas épocas e lugares.
11
2.6.3 Esterco bovino
O uso contínuo de adubos químicos de forma descontrolada tem causado sérios problemas
de degradação no solo, por provocar uma rápida redução do teor de matéria orgânica, salinização,
erosão, e empobrecimento de nutrientes da solução do solo ao longo dos anos (SILVA et al.,
2007).
O esterco bovino é um dos resíduos orgânicos com maior potencial de uso como
fertilizante, principalmente por pequenos agricultores. Porém, pouco se conhece a respeito das
quantidades a se empregar, que permitam a obtenção de rendimentos satisfatórios na produção e
melhoria na qualidade das sementes (ALVES et al., 2005).
Com o aumento dos teores de matéria orgânica do solo pelo uso de esterco bovino, o
nitrogênio é o principal nutriente liberado na solução do solo, com isso favorece o rendimento da
cultura do feijão, por ser um dos principais nutrientes exigidos pela cultura, interferindo
diretamente no aumento do peso dos grãos. O manejo eficiente de estercos e de resíduos
orgânicos para a adubação de cultivos agrícolas requer o conhecimento de dinâmica de
mineralização de nutrientes, visando aperfeiçoar a sincronização da disponibilidade de nutrientes
no solo com a demanda pelas culturas, evitando a imobilização ou a rápida mineralização de
nutrientes durante os períodos de alta ou baixa demanda, (ALVES et al., 2005).
2.6.4 Esterco de galinha
O uso da cama de frango como adubo orgânico está sendo muito difundido, e cresce cada
vez mais não somente como adubação de pastagens, mas também para culturas como, milho,
algodão, soja e feijão. É uma excelente fonte de nutrientes, especialmente N, e quando manejados
adequadamente, podem suprir, parcial ou totalmente, o fertilizante químico na produção de grãos.
Além do benefício como fonte de nutrientes, o seu uso adiciona matéria orgânica que melhora os
atributos físicos do solo, aumenta a capacidade de retenção de água, reduz a erosão, melhora à
aeração e cria um ambiente mais adequado para o desenvolvimento da flora microbiana do solo,
melhorando o ambiente radicular e estimulando o desenvolvimento das plantas (EPSTEIN et al.
1976; MENEZES, 2004).
12
A riqueza de um adubo orgânico em nutriente depende da origem do material e de seu
manuseio, e um esterco de galinha puro, de aves tratadas com ração, certamente será mais rico do
que um esterco de bovinos tratados com capim de baixo valor nutritivo ( RAIJ, 2001).
2.7 Fixação biológica de nitrogênio
O processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN) consiste na conversão do N 2
atmosférico em NH3. Essa reação é catalisada pela enzima nitrogenase que é encontrada em todos
os organismos fixadores de N2 (SOUSA et al., 2004)
Embora a cultura apresente ampla capacidade na FBN, nem sempre são observadas
respostas positivas, em razão de o feijão ser cultivado, na maioria das vezes, em condições de
subsistência com baixo aporte tecnológico e apresentar baixa especificidade na nodulação (ZILLI
et al., 2008).
A associação do feijoeiro com bactérias do gênero Rhizobium, capazes de fixar o
nitrogênio atmosférico e fornecê-lo à cultura, é mecanismo biológico capaz de substituir, pelo
menos parcialmente, a adubação nitrogenada resultando numa diminuição dos custos com
adubação nitrogenada, aumento da produtividade, além de evitar a lixiviação de nitrato, para
águas subterrâneas (HUNGRIA et al., 1997). Vários fatores interferem na eficiência simbiótica
das estirpes de Rhizobium em condições de campo, tais como temperatura, acidez do solo,
concentração de nutrientes e o cultivar de feijoeiro (RUSCHEL, 1982). Esses fatores em conjunto
promovem pequenas nodulações e, conseqüentemente, perda da resposta à inoculação,
diminuindo a eficiência do feijoeiro em estabelecer uma relação simbiótica com bactérias. A
nodulação mesmo não sendo eficiente para suprir toda a exigência de nitrogênio requerida pela
planta promove certa redução na utilização da adubação nitrogenada, representando uma
economia considerável (ARAÚJO, 1994).
2.8 Manejo e adubação nitrogenada na cultura do feijão
A recomendação de adubação nitrogenada é complexa. Devido à dinâmica das
transformações do nitrogênio no solo, à sua mobilidade e aos fatores que influem no seu
aproveitamento pelas plantas. As respostas à adubação nitrogenada variam conforme as culturas,
13
vários fatores podem influenciar o potencial de resposta de uma cultura ao nitrogênio, dentre eles
destacam-se suprimento de outros nutrientes, profundidade do sistema radicular do perfil do solo
com presença efetiva de raízes, tempo de cultivo, sistema de preparo de solo, rotação de cultura,
intensidade de chuvas, nível de radiação solar e teor de MOS, devido a tantos fatores que
interferem na resposta a esse nutriente não tarefa fácil definir as doses adequadas para a cultura
do feijão (SOUSA, 2004).
Para a melhor recomendação da adubação nitrogenada na cultura do feijão, devemos levar
em consideração a cultura anterior, o teor de extração e exportação de N pela cultura.
Uma das importantes mudanças nas tabelas de adubação para N no Brasil nos últimos 10
ou 15 anos foi à adoção do ajuste de doses pelo rendimento esperado. Isso permitiu
recomendações de adubação adaptadas aos diferentes ambientes de produção e níveis
tecnológicos, abrindo espaço para elevação das produtividades. O aumento nas atividades de
pesquisa em fertilidade do solo em todo o país também vem colaborando para o aperfeiçoamento
dos critérios para recomendação e usos de fertilizantes e calcários (NOVAIS et al., 2007).
Critérios adicionais são cada vez mais necessários para o, ajuste da adubação nitrogenada,
especialmente para os agricultores que fazem uso de altas doses de N para aumentar a
produtividade. O N é um elemento com grandes capacidades de promover o crescimento das
plantas, que traz implicações diretas e indiretas para a produtividade e qualidade dos produtos
(NOVAIS et al., 2007).
Também no sistema de plantio direto, resíduos culturais com elevada relação C/N, podem
reduzir substancialmente as quantidades de N disponíveis no solo para a cultura e sucessão e, por
isso, durante os primeiros 4 a 5 anos de adoção do sistema, a dose de N devem ser da ordem de
20 a 30 % superior a comumente recomendada para a cultura.
14
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização da área experimental
O experimento foi realizado na Unidade Experimental do Centro Universitário de Goiás
– Uni-Anhanguera localizado no município de Inhumas – Goiás. Localizada a 770 metros de
altitude, com uma precipitação pluviométrica anual de aproximadamente 1.400 mm, temperatura
média 22 ºC, e localizando-se a uma latitude 16º21'28" sul e a uma longitude 49º29'46" oeste,
resultando em um clima tropical úmido com duas estações bem definidas: chuvosa (novembro a
março) e seca (abril a outubro) (INMET, 2013). O solo predominante no município de Inhumas –
GO é o Latossolo Vermelho, textura argilosa com relevo plano (EMBRAPA, 1999). A área dos
experimentos foi ocupada anteriormente por milho.
A caracterização química do solo amostrado antes da instalação do experimento, na
camada de 0 a 20 cm de profundidade, está descrita na Tabela 1.
Tabela 1. Características químicas iniciais de amostras do solo nas camadas de 0-20 cm de
profundidade. Inhumas, 2013.
Tabela 1 Caract eríst icas quí micas do so lo, na pro fund idade de 0 a 20 cm, da
área exper iment al, ant es da inst alação do exper iment o , Inhuma s, GO,
2013.
Profundidade
pH
(g/kg) (mg dm-3)
------(cmol.dm-3)------V%
(cm)
CaCl 2 M.O.
P
K
Ca Mg Al H+Al SB CTC
0 a 20
5,9
22,0
5,3
0,13 3,9 1,3 0,7
2,0 3,87 7,15 72,79
Profundidade
(cm)
0 a 20
Fe
Mn
Zn
Cu
-3
-----------------------------------------(mg dm )-----------------------------------------67,1
19,8
3,3
1,45
M. O. = Ma t éri a orgâni ca ; V% = sa t ur aç ã o de ba s es; S B = Som a de ba s es
Segundo os dados da análise o solo apresenta pH e saturação de bases em valores
adequados ao plantio do feijão, que, necessita de uma saturação de 60% segundo Sousa; Lobato
(2002), não necessitando de correção da acidez.
3.2. Tratamentos e delineamento experimental
O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso utilizando quatro
repetições com parcelas subdivididas (Figura 1). sendo as parcelas formadas pelas fontes de N
15
(uréia (44%), sulfato de amônio (20%), cama de frango (4,0%) e esterco bovino (3,1%)) e as
subparcelas constituída pelas dosagens de cobertura de N (0, 60, 90, 120 e 150 kg.ha) sendo
respectivamente no croqui T1, T2, T3, T4 e T5 com 4 repetições para cada dose. A aplicação dos
fertilizantes em cobertura foi feita apos aos 30 dias após a emergência das plântulas. A área
experimental foi de 676 m² de área total com 26 metros de largura e 26 metros de comprimento,
considerando cada parcela de 12,5 x 2,5 metros e cada subparcela de 2,5 x 2,5 metros.
Figura 1 Croqui da área experimental, inhumas 2013.
12,5 m
2,5
m
Bloco 2
T5
T2
T3
T4
T4
T1
T2
T5
T3
T5
T3
T2
T1
T4
T1
T5
T4
T3
T2
T2
T3
T1
T4
T5
T5
T1
T3
T4
T2
T2
T1
T4
T5
T3
T3
T2
T5
T4
T1
1m
T1
Bloco 3
1m
1m
Bloco 4
T4
T2
T1
T5
T3
T1
T4
T5
T2
T5
T1
T4
T2
T3
T2
T1
T3
T4
T5
T2
T5
T3
T4
T1
T3
T2
T4
T5
T1
T1
T2
T3
T4
T5
T5
T2
T3
T1
T4
1m
T3
Cama Frango
Esterco.
Bovino
Fonte: Do autor
3.3. Instalação e condução do experimento
Uréia
Sulfato Amônio
2,5 m
Bloco 1
16
3.3.1 Análise química do solo
Foi realizada a analise de solo para a adubação de plantio do feijão onde aplicamos na
linha de plantio, cinco centímetros ao lado e abaixo das sementes de forma manual. Foi aplicado
20 kg de N, 100 kg de P2O5 e 60 kg de K2O por hectare (Sousa; Lobato, 2002) utilizando 400
kg.ha-1 da formulação NPK 5 - 25 – 15.
Figura 2 Coleta de solo 0-20 cm para análise.
Fonte: COPAGRIL (2012).
3.3.2 Semeadura do feijão cultivar pérola
O sistema de cultivo foi em sistema convencional de plantio, seguindo as recomendações
técnicas de plantio do feijão da região.
A cultivar pérola é classificada no grupo comercial carioca, o grão da cultivar pérola é de
cor bege-clara, com rajas marrom-claras e brilho opaco.
A semeadura foi realizada com auxílio de semeadoras manuais, utilizando uma semente
por cova, espaçamento entre linhas de 0,5 metros e entre plantas de 0,10 m, totalizando 200.000
mil plantas por hectare. A cultivar Pérola foi semeada no dia três de março de 2013(figura 3).
17
Figura 3 Semeadura do feijão na Unidade Experimental de Inhumas (2013).
Fonte: AGROMAIS (2013).
3.3.3 Controle de plantas daninhas
As principais plantas daninhas identificadas na área experimental foram, apaga fogo
(Alternanthera tenella Colla), caruru (Amaranthus deflexus L.), picão preto (Bidens alba L.),
trapoeraba (Commelina benghalensis L.), braquiarão (Brachiaria brizantha) e capim-pé-degalinha (Eleusine indica L.).
Durante a instalação e condução do experimento as plantas daninhas foram controladas pelo
método manual de capina, tendo em vista o tamanho da área e a disponibilidade de mão-de-obra.
A cultura foi mantida no limpo sem interferência de plantas daninhas durante seu ciclo de 95
dias (Figura 4).
Figura 4 Controle de plantas daninhas na área experimental na Unidade Experimental de
Inhumas em 2013.
Fonte: AGROMAIS (2013).
18
3.3.4. Adubação de cobertura
Aos 30 dias após emergência de plântulas (DAE), foi realizada a adubação de cobertura
nas subparcelas de forma manual utilizando copinhos plásticos como dosadores de cada
tratamento (Figura 5).
Após a adubação de cobertura fizemos a irrigação por aspersão, assim evitamos as perdas
da amônia pela volatilização.
Figura 5 Adubação em cobertura com as fontes de nitrogênio na Unidade Experimental de
Inhumas em 2013.
Fonte: AGROMAIS (2013).
3.3.5 Controle fitossanitário
Foi realizada aplicação para mosca branca (Bemisia tabaci raça B) e vaquinha-verdeamarela (Diabrotica speciosa) com inseticida Actara 250 WG na dosagem de 100 g ha-1 do
ingrediente ativo. O método de aplicação foi o manual, com auxilio de bomba costal.
A cultura foi drasticamente afetada pela infestação de mosca branca responsável pela
transmissão do vírus do mosaico dourado, também tivemos infestações do coleóptero vaquinha
que é responsável pelo consumo das folhas reduzindo a taxa fotossintética da planta e suas larvas
podem causar danos as raízes pelo habito subterrâneo, reduzindo a absorção de nutrientes e
servindo como porta de entrada para doenças oportunistas.
19
Figura 6 Planta com sintomas do mosaico dourado e ataque de vaquinha na Unidade
Experimental em 2013.
.
Fonte: AGROMAIS (2013).
3.4 Coleta de dados
A coleta de dados iniciou-se com 95 dias após a semeadura do feijão com o arranquio
manual das plantas dentro da área útil (três fileiras centrais) desconsiderando as linhas laterais de
cada subparcela. Foi avaliado o rendimento de grãos com a trilha manual e pesagem das sementes
de cada subparcela. Os valores obtidos foram convertidos em quilogramas por hectare e sacas de
60 Kg. Estimou-se também o custo com adubação nitrogenada em cobertura pelo rendimento de
grãos obtidos (sc.ha-1), para avaliação da viabilidade financeira. Considerou-se o preço da saca
de feijão 60 kg a R$ 200,00. Desconsiderou-se o custo de implantação e adubação de plantio por
serem iguais em todos os tratamentos. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância
e teste de Tukey (5%) para comparação entre as medias de tratamentos utilizando o software
Sisvar Ferreira (2000) e análise estatística descritiva para melhor compreensão dos resultados
obtidos.
20
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo os dados da análise de variância houve diferença significativa (p = 5%) entre as
fontes de nitrogênio e também entre as doses dentro de cada fonte (Tabela 2). Os rendimentos
obtidos estiveram bem abaixo da estimativa para a cultivar Perola que está em torno de 4.000
kg.ha-1, esse fato pode estar relacionado a incidência de doenças na cultura, principalmente o
mosaico dourado, ao qual o controle não foi muito eficaz. O rendimento médio máximo de grãos,
foi de aproximadamente 2.450 kg ha-1 para cobertura com uréia diferindo significativamente das
demais fontes de nitrogênio e em seguida 2.046 kg ha-1 para a cobertura com sulfato de amônio
que não diferiu dos demais tratamentos (Tabela 2).
Tabela 2 Rendimentos médios de grãos (Kg.ha-1) de feijão cultivar Pérola em função de quatro
fontes de nitrogênio e cinco doses para cada fonte(1). Inhumas, 2013.
(1) Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade; o
coeficiente de variação do rendimento de grãos foi de 11,36%.
Houve efeito significativo entre as doses sendo que as maiores médias foram alcançadas
pela dose de 120 kg.ha-1 em todos os tratamentos, porem não diferindo da dose de 150 kg.ha-1.
Os menores valores médios obtidos de rendimentos de grãos foram pelos tratamentos que
utilizaram adubos orgânicos como fonte de nitrogênio sendo o menor valor médio obtido pelo
esterco bovino com 1.956 kg.ha-1. Segundo Mengel (1996), menos de 50% do N incorporado no
solo na forma orgânica é transformado em N inorgânico, ou seja, é mineralizado, sendo a outra
parte encontrada em associação à massa microbiana do solo. Para Rosolen e Marubayashi (2004),
tem sido obtidas respostas à aplicação de até 15 a 20 t ha-1 de esterco de curral e até 4 a 8 t de
21
esterco de galinha ou cama de frango de corte. O efeito residual desta adubação tem sido
observado até o 3º ano.
De modo geral, as respostas da produção de grãos à adubação nitrogenada têm sido
bastante variáveis em outras condições e localidades do Brasil. Nos estudos de Soratto et al.
(2006), realizados na região leste de Mato Grosso do Sul, foi verificada resposta quadrática para a
produtividade de grãos, com a dose estimada para a máxima produtividade superior a 140 kg ha-1
de N. Em outro ensaio desses estudos, os autores obtiveram resposta linear na produtividade de
grãos.
Ao observar o comportamento das doses de nitrogênio para cada fonte, (Figuras 1, 2, 3 e
4) observou-se que não houve linearidade entre as doses aplicadas para cada fonte e nitrogênio,
com exceção da fonte de esterco bovino. A dose de 150 kg/ha foi a que obteve menor rendimento
de grãos para as fontes de uréia, sulfato de amônio e cama de frango.
Figura 1 Rendimentos de grãos em função de doses
(kg ha-1) de ureia em cobertura do feijão cultivar
Pérola 30 DAE. Inhumas–Goiás.2013
Figura 2 Rendimentos de grãos em função de doses
(kg ha-1) de Sulfato de amônio em cobertura do
feijão cultivar Pérola DAE. Inhumas – Goiás. 2013
Figura 3 Rendimentos de grãos em função de doses
(kg ha-1) de Cama de frango em cobertura do feijão
cultivar Pérola 30 DAE. Inhumas – Goiás. 2013
Figura 4 Rendimentos de grãos em função de doses
(kg ha-1) de Esterco bovino em cobertura do feijão
cultivar Pérola 30 DAE. Inhumas – Goiás. 2013
22
Em trabalhos realizados por alguns autores a aplicação de doses mais elevadas em
cobertura é recomendada quando em parcelamento, durante a fase de desenvolvimento da cultura,
a exemplo o trabalho de Filho et al, (2005), que observaram que a aplicação do N duas ou três
vezes resultou em um rendimento de grãos significativamente maior do que a aplicação apenas
uma vez, aos 30 DAE. No entanto, segundo os resultados obtidos corrobora com Chidi et al.
(2002) e Bordin et al.(2003), que verificaram resposta da produtividade do feijoeiro com
aplicação de 50 a 75 kg ha-1 de N (Figuras 1, 2, 3 e 4).
Para a análise financeira, foi considerado custo da adubação em sacas de 60 kg de feijão
sendo o preço da saca de feijão carioca cultivar Perola de R$ 200,00. Os preços das fontes de
adubação foram estimados em uréia (R$ 1.200,00 t), Sulfato de amônio (R$ 349,00 t), cama de
frango (R$ 90,00 t) e o esterco bovino (R$ 150,00 t). Do ponto de vista econômico, a dose de N
que corresponde ao maior rendimento de grãos pode não corresponder à dose mais rentável e,
portanto, não ser a mais adequada para recomendação ao produtor, conforme ilustrado na (Tabela
3).
Tabela 3 Análise financeira do rendimento de grãos (sc 60 Kg ha-1)em função das doses de
adubação de cobertura para as fontes uréia, sulfato de amônio, cama de frango e esterco bovino.
Dose (Kg ha-1)
Rendimento de grãos
Custo de adubação
Rendimento de
grãos líquido
Uréia
...................(sc. 60 Kg/ha)...................
60
40,33
0,82
39,18
90
42,16
1,23
40,93
120
41,79
1,64
40,15
150
31,65
2,04
29,61
Sulfato de amônio
60
36,70
0,52
36,19
90
30,75
0,78
29,97
120
37,08
1,04
36,04
150
33,33
1,33
32,00
Cama de frango
60
33,83
0,60
33,23
90
36,70
1,01
35,70
120
34,87
1,35
33,53
150
32,00
1,68
30,32
Esterco bovino
60
30,33
1,45
28,88
90
32,12
2,17
29,96
120
32,91
2,90
30,02
150
38,95
3,63
35,33
23
Assim, verificou-se que a renda líquida não aumenta em sc/ha-1 com o aumento das doses
de N, sendo a uréia fertilizante a que apresenta a maior vantagem econômica (Tabela 3).
Observou-se que a dose mais econômica foi a de 60 kg ha-1 em que houve uma redução
menor no rendimento liquido de grãos e apresentando ainda o maior rendimento em todas as
fontes e doses.
24
5 CONCLUSÕES
Houve diferença entre as fontes de fertilizante nitrogenado e entre as doses aplicadas para
cada fonte. A uréia apresentou os melhores resultados de rendimentos de grãos em todas as doses.
A fonte que apresentou melhores rendimentos financeiros foi à uréia com doses de N mais
viáveis entre 60 a 120 kg ha-1.
A análise financeira comprova que o rendimento financeiro da cultura não aumenta,
quando elevamos as doses constantes de nitrogênio.
Com os resultados da avaliação do manejo de adubação nitrogenada em cobertura na
cultura do feijoeiro, possibilitamos o auxilio aos pequenos, médios e grandes produtores em seu
manejo de adubação, mostrando que não precisamos colocar grandes quantidades de fertilizantes
para obtermos rendimentos economicamente viáveis.
Fontes orgânicas de adubação mostraram ser uma ótima escolha para pequenos
produtores, como os agricultores familiares, pelo baixo custo e rendimentos incrementados na
cultura e no solo.
25
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