O ESTUDANTE DO CURSO DE FARMÁCIA DA ANHANGUERA

Anuário da Produção
Acadêmica Docente
Vol. 5, Nº. 12, Ano 2011
Márcia Ferreira Brandão Souza
Faculdade Anhanguera de Brasília
[email protected]
Emauela Patricia de Oliveira
Faculdade Anhanguera de Campinas
[email protected]
O ESTUDANTE DO CURSO DE FARMÁCIA DA
ANHANGUERA EDUCACIONAL NA
COLABORAÇÃO COM O PLANO NACIONAL DE
CONTROLE DA TUBERCULOSE
RESUMO
A tuberculose é um sério problema de saúde pública no mundo.
Milhões de pessoas são contaminadas a cada ano, apesar de ser uma
doença que se pode prevenir e curar. Esta patologia de fácil transmissão
acomete principalmente pacientes imunodeprimidos. Instituiu-se uma
meta global em que esta patologia deve ser erradicada até a data de
2050. O governo brasileiro elaborou um Plano Nacional de Controle da
Tuberculose para atingir este objetivo. Para tal, conta com a colaboração
de vários parceiros inclusive a sociedade. A Anhanguera Educacional
(AESA) também pode participar deste programa de responsabilidade e
inclusão social. Este artigo apresenta uma prática educativa a ser
desenvolvida junto aos alunos de graduação do curso de farmácia da
Faculdade Anhanguera de Brasília visando desenvolver um espírito
participativo ético-social e atividades em campo condizentes com as
competências e habilidades desenvolvidas durante o curso estando
aptos a praticar ações que auxiliem no cumprimento da meta
governamental.
Palavras-Chave: tuberculose; saúde; governo; práticas educativas; alunos.
ABSTRACT
One of the world’s public health problems is tuberculosis. There is a
global goal to eradicate this pathology until 2050. The Brazilian
government elaborated a National Control Plan to reach this objective
with the colaboration of various partners, including the organized
society. This article presents an educative practice developed with the
pharmacy students of Anhanguera, an establishement of higher
education, in Brasília. The aim of this educative practice is the
development of social ethics and field activities related to the
knowledge and the abilities that were unfolded during the course and
that enabled the students to help to reach the government’s goal.
Keywords: Tuberculosis; Health; Government; Educative practices; Students.
Anhanguera Educacional Ltda.
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 4266
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
[email protected]
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 10/03/2011
Avaliado em: 26/07/2012
Publicação: 30 de novembro de 2012
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O estudante do curso de Farmácia da Anhanguera Educacional na colaboração com o Plano Nacional de Controle da Tuberculose
1.
INTRODUÇÃO
A Anhanguera Educacional (AESA), além de promover o ensino tradicional busca formas
de provocar o seus alunos e funcionários para questões de Responsabilidade Social. Entre
suas crenças estão à inclusão social, promoção da igualdade de direitos e oportunidades,
defesa dos direitos humanos, da qualidade de vida e do meio ambiente sempre
orientando dentro dos preceitos éticos (ANHANGUERA, 2009).
Dentre os programas existentes na instituição, o Programa de Extensão
Comunitária (PEC) promove a interação entre os alunos de graduação, professores
universitários e a comunidade, contando com o apoio de parcerias governamentais e não
governamentais. Este trabalho da AESA tem como objetivo proporcionar aprendizagem
com base em experiências práticas contribuindo na solução de problemas sociais e
promovendo a cidadania (ANHANGUERA, 2009).
Para a realização deste programa são criados projetos baseados em estudos onde
todos os detalhes são cuidadosamente articulados na obtenção de bons resultados. Este
trabalho é um estudo para nortear um projeto a ser desenvolvido pela instituição.
A tuberculose foi a patologia escolhida por continuar sendo um problema sério
de saúde pública para o mundo. Milhões de pessoas são contaminadas a cada ano, apesar
de ser uma doença que se pode prevenir e curar (DIAZ, 2003). Foi definida uma meta pela
Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que
a tuberculose deverá ser mundialmente erradicada até o ano 2050 (SBI, 2010).
O Ministério da Saúde do Brasil tem entre os seus programas, um exclusivo para
a tuberculose, denominado de Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT).
Este está integrado a rede de Serviços de Saúde e tem como objetivo maior proporcionar a
população brasileira o acesso a medicamentos, insumos e ações preventivas. Conta com
apoio de parceiros que se predispõe em ajudar a multiplicar os impactos destas ações para
que o país possa atingir a meta estipulada pela ONU (BRASIL, 2004).
Este artigo apresenta ações que os alunos do curso de Farmácia da Faculdade
Anhanguera de Brasília podem realizar no intuito de colaborar com o Ministério da Saúde
na prevenção, diagnóstico, controle e tratamento da tuberculose, juntamente com os
parceiros do Programa Nacional de Tuberculose.
Foi feita uma revisão bibliográfica sobre a tuberculose no Brasil hoje,
apresentando dados sobre transmissão, prevenção, diagnóstico e tratamento da doença e
uma análise de como uma prática educativa a ser desenvolvida junto aos alunos da AESA,
especificamente, do curso de farmácia da Faculdade Anhanguera de Brasília poderá
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desenvolver um espírito participativo ético-social e atividades em campo condizentes com
as competências e habilidades desenvolvidas durante o curso estando aptos a praticar
ações que auxiliem o governo no cumprimento da meta estipulada pela ONU.
Para a realização deste artigo foi feita uma pesquisa bibliográfica realizada em
livros, periódicos e artigos.
2.
TUBERCULOSE
2.1. Tuberculose – Aspectos Gerais
É uma doença infecto contagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, tendo
sido isolada pelo cientista alemão Robert Koch no ano de 1882, e em sua homenagem, o
bacilo da tuberculose ficou conhecido como bacilo de Koch –BK (SANTOS, 2007). A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorram no mundo cerca de 8 a 9
milhões de casos novos por ano e ao redor de 3 milhões de óbitos pela doença. Para o
Brasil, estima à incidência de 124 mil casos por ano. (RUFFINO - NETTO, 2001).
Por ser uma doença de fácil transmissão e acometer principalmente pacientes
imunodeprimidos, aqueles infectados pelo vírus da imunodeficiência (HIV) estão
incluídos nos mais susceptíveis à infecção pelo bacilo de Koch por apresentar uma
supressão do sistema imunológico. A presença do vírus e da bactéria dificulta o
tratamento da doença (SANTOS & BECK, 2009).
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 26% dos pacientes com AIDS
tiveram tuberculose ,tornando esta patologia a segunda maior associada a AIDS no Brasil
(REDE SIDA,2009).
Para a realização do trabalho acadêmico foi escolhida uma comunidade carente
denominada FALE- Fundação Assistencial Lucas Evangelista localizada na cidade satélite
de Brasília, Recanto das Emas. Esta comunidade é composta por pessoas aidéticas e seus
familiares, portanto uma população mais susceptível a adquirir o bacilo de Koch.
Informações e orientações sobre prevenção e diagnóstico precoce da tuberculose são
muito úteis a esta comunidade, além do exame baciloscopia que realizado em pacientes
com sintomatologia podem auxiliar no diagnóstico precoce da doença.
2.2. Transmissão da Tuberculose
A transmissão da tuberculose se faz de pessoa a pessoa, principalmente, através do ar. A
fala, o espirro e, principalmente, a tosse de um doente de Tuberculose pulmonar bacilífera
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O estudante do curso de Farmácia da Anhanguera Educacional na colaboração com o Plano Nacional de Controle da Tuberculose
lança no ar gotículas, de tamanhos variados, contendo no seu interior, o bacilo (BRASIL,
1999).
As pessoas imunodeprimidas que entram em contato com o micro-organismo são
mais suscetíveis, conforme descrito no guia de bolso do Ministério da Saúde sobre
doenças infecciosas e parasitárias (BRASIL, 1999) e são estas o alvo do nosso trabalho.
2.3. Prevenção da Tuberculose
A educação em saúde para a prevenção da tuberculose deve ser trabalhada como uma
prática social, baseada no diálogo entre o técnico e o leigo de forma a favorecer a
compreensão da relação entre os saberes no processo saúde-doença e o que podemos
chamar de intercâmbio entre o saber científico e o popular, propiciando condições que
auxiliem no processo de aquisição de conhecimentos científicos, e possíveis mudanças, no
controle das doenças (BRICEÑO-LÉON, 1996).
A participação de diferentes segmentos da sociedade em orientar e informar a
população sobre a tuberculose através de distribuição de panfletos explicativos, realização
de palestras entre outras atividades, assim como foi trabalhado em escolas é uma prática
educativa altamente salutar, e conta com o apoio do Programa Nacional de Tuberculose
vinculado às Secretarias de Saúde dos Municípios (ROSAS, 2010) e estes serão os apoios
buscados para a realização deste projeto de extensão.
2.4. Diagnóstico laboratorial e a importância da baciloscopia
O diagnóstico laboratorial é fundamentado nos seguintes métodos: baciloscopia e cultura;
radiológico; e outros como: prova tuberculínica; anatomopatológico (histológico e
citológico); sorológico; bioquímico; biologia molecular (BRASIL, 2005).
A baciloscopia, também conhecida como Pesquisa de Bacilos Álcool-Ácido
Resistentes (BAAR) é um teste realizado no escarro, barato e simples. É um método
prioritário, porque permite descobrir a fonte mais importante de infecção, que é o doente
bacilífero. Por ser um método simples e seguro, deve ser praticado em todos os serviços
de saúde que disponham de laboratório. Executado corretamente permite detectar de 70%
a 80% dos casos de tuberculose pulmonar em uma comunidade. (BRASIL, 2005).
A baciloscopia direta deverá ser indicada para todos os sintomáticos respiratórios
(indivíduo com tosse e expectoração por quatro semanas a mais). Também é utilizada
para acompanhar, mensalmente, a evolução bacteriológica do paciente durante o
tratamento. Recomenda-se para o diagnóstico, a coleta de duas amostras de escarro: uma
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por ocasião da primeira consulta e a segunda na manhã do dia seguinte, ao despertar
conforme descrito no manual de normas para o controle da tuberculose (BRASIL, 2008).
Na observação microscópica são visualizados bacilos-álcool-ácidos resistentes
(BAAR), ou seja, bastonetes delgados, ligeiramente curvados, granulosos, isolados aos
pares ou em grupos e apresentam-se corados de vermelho num fundo azul, com a
coloração de Ziehl-Neelsen (BRASIL, 2008).
A não realização deste exame ou a demora na entrega do resultado quando
positivo pode acarretar desde a perda do paciente, pois este, não diagnosticado e não
orientado pode desistir ou recusar a realizar tratamento ocorrendo assim, a proliferação
dos bacilos de Koch pela facilidade com que ocorre a disseminação.
As doutoras Galesi e Santos descrevem em seu artigo (2004):
Lamentavelmente, o que se observa é que até nos serviços de saúde há uma demora para
o diagnóstico. É preciso, então, que haja sempre uma preocupação em buscar casos, com
o alerta dos profissionais de saúde e a agilização dos exames bacteriológicos. E nesse
ponto é importante que os médicos sejam um fator de promoção da responsabilidade
social dos demais funcionários, lembrando-os de que esses casos estão disseminando a
doença na comunidade. (GALESI; SANTOS, 2004, p.63)
Esse aspecto de responsabilidade no trabalho e valorização do paciente é outro
objetivo a ser desenvolvido com os discentes neste projeto, além do treinamento na
realização dos exames com qualidade e a biossegurança necessária.
2.5. Tratamento
O farmacêutico em relação a medicação a ser administrada contra a tuberculose deve estar
sempre atualizado aos esquemas determinados pelos programas e capacitado a orientar
os médicos quanto a estes procedimentos conforme foi destacado na Jornada de Palestras
sobre Medicamentos em Maceió (2010).
Segundo Silva et al. (2007) os profissionais da área de saúde devem também
orientar o paciente principalmente quanto a adesão ao tratamento já que este inclui o uso
de uma associação de drogas durante 6 meses que por vezes causa efeitos colaterais
desestimulando o paciente a continuar o tratamento. Devido a este sério problema que
pode acarretar ao retorno da tuberculose em forma mais virulenta pela resistência
adquirida do agente Mycobacterium tuberculosis o tratamento supervisionado é uma
realidade no Brasil. Este tratamento consiste em um acompanhamento direto ao paciente
para verificar se o mesmo está fazendo uso do medicamento de forma correta.
Quando o paciente além da tuberculose adquire o vírus HIV deve-se ter uma
atenção especial por poder haver falha tanto no tratamento da tuberculose quanto com o
tratamento da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) pela associação de drogas
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O estudante do curso de Farmácia da Anhanguera Educacional na colaboração com o Plano Nacional de Controle da Tuberculose
antirretrovirais. A base deste tratamento que tem duração média de 6 meses é uma
associação de medicamentos e neste caso a terapia antirretroviral destinada a pacientes
aidéticos é adicionada causando mais efeitos colaterais.(SANTOS; BECK, 2009). Para estas
situações o farmacêutico pode colaborar muito com o médico e a sua terapêutica
(SANTOS, 2009) e o estudante de farmácia também pode auxiliar colocando em prática a
teoria estudada durante o curso.
3.
CURSO DE GRADUAÇÃO DE FARMÁCIA FACULDADE ANHANGUERA
Baseado no contexto apresentado sobre a tuberculose e integrando o estudante de
farmácia como auxiliar na promoção de saúde pública foram implementadas diretrizes
para incluí-lo em um programa nacional tornando prático e proveitoso os seus
conhecimentos teóricos adquiridos no decorrer do curso de graduação.
Segundo a Resolução CNE/CES 2/2002 do Diário Oficial da União foram
instituídas diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em farmácia e
apresentados os objetivos para formar um bom profissional.
Gomes (2007) fala como o farmacêutico é um profissional subutilizado e que
pode e deve se inserir nas atividades de assistência das equipes locais de saúde. Em
relação a tuberculose o farmacêutico tanto pode atuar na orientação e prevenção da
doença, na relação com os medicamentos e na parte laboratorial responsável por
baciloscopias e culturas. A coordenadora do Programa Estadual de Controle da
Tuberculose de Alagoas, Tânia Queiroz, durante a Jornada de Palestras sobre
Medicamentos (2010), salientou que o profissional farmacêutico está inserido na atenção
básica e por isso representa papel essencial no SUS.
Para a realização deste projeto comunitário relacionado com a tuberculose
espera-se o desenvolvimento de competências e habilidades instituídas na resolução
citada. Como competência está à atenção à saúde que prevê a orientação individual e da
comunidade para prevenção e controle da tuberculose buscando a promoção de um bem
estar através de um trabalho multidisciplinar. Em relação as habilidades a serem
desenvolvidas podemos citar: orientar e realizar procedimentos relacionados à coleta de
material para fins de análises laboratoriais, neste caso o exame da baciloscopia cujo
material biológico é o escarro;realizar, interpretar, emitir laudos e pareceres destas
baciloscopias juntamente com o professor ou outro profissional tecnicamente responsável;
avaliar as interações medicamentosas no intuito de reduzir os efeitos colaterais e
aumentar a eficácia da medicação administrada em caso de pacientes com tuberculose
associada a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).
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Márcia Ferreira Brandão Souza, Emauela Patricia de Oliveira
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Nestas vertentes que o estudante poderá atuar neste trabalho, aproxima-os da
realidade de nosso país, da comunidade e utiliza o seu saber técnico incorporado a ética,
na produção de práticas de ensino mais produtivas e significativas implementando o
trabalho da AESA na Responsabilidade Social.
4.
PLANOS E AÇÕES
Buscando atender as diretrizes de Responsabilidade Social implantadas pela AESA e a
atuação do estudante de graduação do curso de farmácia foram idealizada algumas
Práticas Educativas que venham de encontro ao interesse da comunidade acadêmica
assim como da comunidade local.
Sugeriu-se participação dos estudantes em uma comunidade carente de
saneamento básico, com índice de escolaridade baixo, dificuldade de acesso a centros de
saúde e hospitais, alguns portadores do vírus HIV e seus familiares. Esta comunidade
denominada FALE- Fundação Assistencial Lucas Evangelista localiza-se na cidade satélite
de Brasília, Recanto das Emas. Por ser uma comunidade com pacientes aidéticos é
considerada mais susceptível ao bacilo de Koch. Informações e orientações sobre
prevenção e diagnóstico precoce da tuberculose são muito úteis além do exame
baciloscopia que realizado em pacientes com sintomatologia podem auxiliar no
diagnóstico precoce da doença.
Esta prática educativa realizada com estudantes do 4º semestre do curso de
farmácia que contemplam as disciplinas: Patologia, Microbiologia e Imunologia e os
estudantes do último período que cursam o estágio final em análises clínicas visa
apresentar a realidade brasileira onde os conhecimentos adquiridos dentre de salas de
aula e laboratórios serão colocados em prática.
Os estudantes do 4º semestre que estudam a base das patologias associadas com
o agente causador receberiam um treinamento após conhecimento do conteúdo teórico e
seriam responsáveis em administrar palestras onde se preconizaria a importância da
Tuberculose, sua sintomatologia, formas de contágio, prevenção, diagnóstico e
tratamento. Sempre orientando de forma ética que a tuberculose tem cura e diminuindo
ou erradicando o estigma e preconceito que existe na comunidade local. Seriam
responsáveis também em encaminhar as pessoas com sintomas aos Centros de Saúde mais
próximos para diagnóstico. Lembrando que antes da atuação em campo, estes alunos
seriam treinados em sala de aula através da preparação e apresentação de seminários,
sendo estes realizados em equipe sob supervisão de professores preparados para este fim.
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O estudante do curso de Farmácia da Anhanguera Educacional na colaboração com o Plano Nacional de Controle da Tuberculose
Os estudantes do último período seriam responsáveis na realização de
baciloscopias nos laboratórios do governo onde estiverem realizando seu estágio. Um
primeiro treinamento realizado no laboratório da faculdade daria ênfase aos métodos de
coloração e visualização do bacilo de Koch e orientações sobre as formas e cuidados na
coleta do material biológico. Estas orientações, os estudantes passariam aos pacientes que
realizariam este exame. Nos laboratórios designados pela faculdade, estes estudantes
teriam o auxílio de um farmacêutico responsável, podendo ser o seu professor ou o
responsável local onde o estágio estiver sendo realizado sempre observando os cuidados
com a biossegurança na manipulação do material biológico.
No intuito de não onerar a instituição Anhanguera e com o interesse do governo
e ONGs participantes do Programa Nacional de Controle da Tuberculose de envolver a
comunidade tanto acadêmica quanto não acadêmica no objetivo de erradicar esta doença
do país, parcerias com outras instituições podem ser realizadas para obtenção de
panfletos, folders, outros materiais de divulgação e ainda os laboratórios para realização
das baciloscopias.
Ao final do trabalho em campo será feita uma apresentação do que foi realizado e
dos dados obtidos na Semana da Farmácia na Faculdade Anhanguera de Brasília. Estes
dados também serão relatados ao Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde do Distrito
Federal para que novas turmas tenham acesso não só a este programa de saúde pública
como tantos outros existentes e que o governo precisa envolver toda a sociedade para o
seu sucesso.
5.
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS
Ao relatar sobre a tuberculose podemos abranger uma diversidade de fatores como o
aumento a suscetibilidade dos pacientes aidéticos, as formas de transmissão, prevenção,
diagnóstico e tratamento, programas e planos institucionais, entre outros. Para este fim foi
realizada breve pesquisa bibliográfica, pelo método dedutivo a partir de material já
publicado, constituído principalmente de livros, artigos, periódicos, internet e legislação
sobre tuberculose focada principalmente no exame de auxílio ao diagnóstico do bacilo da
tuberculose.
Em um segundo momento, pensando na atuação do estudante farmacêutico da
Faculdade Anhanguera de Brasília, no contexto de trabalhar dentro de uma prática
reflexiva propiciando desenvolvimento e treinamento de habilidades e competências
adquiridas durante o curso de graduação, utilizou-se o método hipotético indutivo na
construção de práticas educativas para o ensino superior.
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6.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A tuberculose representa sério problema de saúde pública no Brasil e no mundo. O
Ministério da Saúde Brasileiro criou o Programa Nacional de Combate a Tuberculose com
o objetivo de diminuir o número de casos novos de tuberculose detectados anualmente e
evitar que os pacientes que tenham esta doença transmitam a outras pessoas ou
abandonem o tratamento. A Organização das Nações Unidas (ONU), juntamente com a
Organização Mundial de Saúde (OMS) estipulou uma meta global de erradicar esta
patologia até 2050. Na busca de conseguir atingir as metas existentes o governo tanto
federal quanto regional apoia os diversos segmentos da sociedade que se prontificam em
ajudar. Além dos órgãos governamentais, participam também instituições não
governamentais (ONGs) e as comunidades tem papel fundamental nesta jornada.
Como participante desta comunidade a AESA dentro de suas crenças e valores
apresenta a Responsabilidade Social como um dever da instituição, portanto abre suas
portas para a inclusão de projetos que visem o bem da comunidade e oferece seus
profissionais e alunos para atuarem frente às necessidades quando necessário e dentro de
preceitos éticos.
Vários são os profissionais engajados nos programas de combate a tuberculose.
Equipes multidisciplinares atuam em várias frentes como: a divulgação da patologia
através do contato direto com a comunidade ou através de diferentes mídias explicando
sobre sintomatologia, formas de prevenção e principalmente salientando que a
tuberculose tem cura. Esta sensibilização do paciente e de sua família é importante tanto
para a busca de novos casos como para evitar a perda do paciente infectado que muitas
vezes inicia o tratamento, mas desiste antes da cura. As equipes também atuam na
introdução da terapia quando necessária e no acompanhamento durante o tratamento. A
realização dos exames e diagnóstico precoce também é imprescindível para o sucesso do
programa que este consiga atingir suas metas e erradicar a tuberculose de nosso meio.
O curso de graduação em Farmácia da Faculdade Anhanguera de Brasília em
diversas disciplinas apresenta assuntos relacionados à tuberculose, principalmente os do
4º e último semestre estando, portanto seus alunos habilitados a desenvolver o tema em
questão. Na disciplina microbiologia e imunologia o aluno tem conhecimento sobre o
agente causador da doença, em patologia conhece detalhes sobre a doença e sua
manifestação no ser humano; em farmacologia aprende sobre terapêutica; em
microbiologia clínica desenvolve as técnicas de realização do exame laboratorial
baciloscopia, além do desenvolvimento ético presente em todo o curso. Como salientado
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O estudante do curso de Farmácia da Anhanguera Educacional na colaboração com o Plano Nacional de Controle da Tuberculose
na diretriz curricular do curso, a multidisciplinaridade e o trabalho em equipe também
fazem parte do currículo farmacêutico.
Para a realização desta prática educativa foi escolhida a clientela de uma
comunidade susceptível a tuberculose: pacientes aidéticos e próximos a este, necessitados
pela carência de saneamento básico, educação precária, falta de informação adequada,
dificuldade de acesso a centros de saúde e hospitais.
Os alunos do curso de farmácia do 4º semestre, juntamente com os professores
responsáveis ficam encarregados das palestras com distribuição de material explicativo
doado pelas instituições que fazem parte do Programa Nacional de Controle da
Tuberculose e encaminham os pacientes com sintomatologia aos Centros de Saúde do
Distrito Federal para possível diagnóstico e realização da baciloscopia, exame este de
primeira escolha para confirmar a suspeita clínica.
Os alunos do último semestre que estão em estágio nos laboratórios da rede
pública seriam responsáveis pela realização desta baciloscopia acompanhados dos
professores ou do profissional de saúde da unidade em que está atuando, utilizando
todos os procedimentos recomendados de biossegurança.
O trabalho final seria a apresentação pelos estudantes participantes na Semana
Farmacêutica aos seus pares e demais pessoas interessadas no assunto e um relatório
divulgando o feito e resultados obtidos a ser encaminhado ao Ministério da Saúde e
Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Esta prática aproxima o estudante da realidade do nosso país e da nossa
comunidade, abre sua mente para os problemas reais existentes, as dificuldades que serão
encontradas no caminho e formas de superá-las, a responsabilidade que o profissional de
saúde necessita ter não só no diagnóstico preciso, mas também no contato com o paciente
independente de raça, situação econômica e saúde e a participação na Saúde Pública que é
um problema para todos nós brasileiros.
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O estudante do curso de Farmácia da Anhanguera Educacional na colaboração com o Plano Nacional de Controle da Tuberculose
SILVA, ACO; SOUSA MCM; NOGUEIRA, JA, MOTTA MCS. Tratamento supervisionado no
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http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n2/v9n2a09.htm. Acesso em:08/09/2010
Márcia Ferreira Brandão Souza
Graduação em Farmácia - Bioquímica pela
Universidade Federal de Goiás (1988). Especialista
em Bioética pela Universidade de Brasília,
Educação a Distância pelo SENAC e Didática e
Metodologia
do
Ensino
Superior
pela
Universidade Anhanguera - Uniderp.
Emauela Patricia de Oliveira
Graduação em Ciências Sociais na Universidade
Estadual de Campinas (2005), sendo bacharel em
Sociologia e Antropologia, além de licenciada.
Acumula experiência em antropologia, com ênfase
em estudos sobre o trabalho feminino, sobretudo a
área do serviço doméstico. Desenvolveu uma
análise sobre cursos oferecidos para trabalhadoras
domésticas durante o Mestrado, em Antropologia
Social, também na Universidade Estadual de
Campinas.
Anuário da Produção Acadêmica Docente  Vol. 5, Nº. 12, Ano 2011  p. 9-20