MINAS GERAIS TERÇA-FEIRA, 1º DE FEVEREIRO DE 2011 - 4 Saúde Automedicação pode agravar a dengue Remédio errado tende a transformar o tipo clássico da doença em hemorrágico O hábito da população de usar medicamentos por conta própria, desconsiderando a prescrição médica, pode ser muito perigoso. Dores no corpo, de cabeça e febre são sintomas da dengue, mas também se assemelham com os de outras doenças, o que pode levar as pessoas a se automedicarem. Esse costume pode trazer muitos problemas, inclusive a evolução do quadro da dengue clássica para o tipo hemorrágico, levando até a óbito. Segundo o infectologista da Gerência de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Frederico Figueiredo, medicamentos derivados do ácido acetilsalicílico não devem ser administrados por pessoas com suspeita de dengue. "Eles podem causar sangramentos, já que a plaqueta do paciente está baixa e o medicamento reduz a coagulação do sangue", afirma. O médico alerta ainda para o uso dos anti-inflamatórios não hormonais, como o ibuprofeno, o diclofenaco e a nimesulida. "Esses medicamentos também devem ter uso restringido, pois possuem potencial hemorrágico", alerta. De acordo com a farmacêutica do Núcleo de Assessoria Técnica da Secretaria de Estado de Saúde (NAT/SES), Priscila Oliveira Fagundes, a automedicação hoje em dia está facilitada principalmente pelo acesso ágil e fácil às informações via internet e outros meios de comunicação. "Muitas vezes, por sugestão de conhecidos que aparentemente apresentaram os mesmos sintomas ou por histórico do paciente que em outro momento teve sinais semelhantes, as pessoas acabam por decidir pelo uso de determinado medicamento sem buscar orientação apropriada. Essa prática da automedicação está relacionada ainda com a ideia de que o remédio é um produto para sanar um mal, dor ou mal-estar, sem a percepção de que o uso inadequado desse medicamento pode trazer consequências graves", completa. Recomendações Ao utilizar medicamentos sem a orientação de um profissional de saúde, os sintomas de certas doenças, como a dengue, podem ser mascarados, o que dificulta o diagnóstico. Priscila recomenda procurar atendimento médico apropriado quando aparecerem os primeiros sintomas característicos da doença, como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo e no fundo dos olhos, náuseas e manchas vermelhas pelo corpo. "Essas manifestações iniciais podem ser confundidas com outras doenças e apenas o médico pode realizar o diagnóstico e prescrever medicamentos para alívio dos sintomas. É importante lembrar que a identificação precoce dos casos de dengue é de grande importância para a tomada de decisões e a implementação de medidas oportunas para o controle da doença", assegura. Dados Até o momento, foram notificados 3.035 casos de dengue no Estado em 2011. Não foi notificado nenhum caso de dengue hemorrágica ou de óbito por febre hemorrágica. Os municípios com maior número de casos notificados foram Belo Horizonte (374), Mutum (213), Recreio (176), Uberaba (176), Rio Novo (166), Curvelo (145), Contagem (132), Coronel Fabriciano (95), Ipatinga (73), Ituiutaba (72), Governador Valadares (71), Pavão (70), Betim (55), Cental de Minas (50), Passos (48), Matias Barbosa (43), Vespasiano (40), Manhuaçu (36), Uberlândia (34) e Patos de Minas (30). RAMON JADER O uso indiscriminado de antitérmicos e outros medicamentos pode piorar a doença Força Tarefa em Uberlândia apresenta balanço PRISCILLA FUJIWARA A Secretaria de Estado de Saúde, em parceria com a Prefeitura Municipal de Uberlândia e com o apoio da Gerência Regional de Saúde de Uberlândia, encerraram em 27 de janeiro as ações da Força Tarefa na cidade. As atividades começaram com os mobilizadores no dia 17 daquele mês e as ações de campo tiveram início no dia seguinte. A Força Tarefa foi concentrada em 15 bairros (Granada, Carajás, Canaã, Luizote, Jardim Patrícia, Jardim Ipanema, Santa Mônica, Esperança, São Jorge, Morumbi, Santa Luzia, Cazeca, Lagoinha, Martins e Morada da Colina). Durante as ações desenvolvidas em Uberlândia, foram identificados 16 casos suspeitos, que geraram o bloqueio (eliminação de focos e criadouros) em 203 quarteirões. Outros números Foram visitadas 4.460 casas sendo que 2.944 foram vistoriadas: 1510 estavam fechadas e seis proprietários não permitiram a entrada dos agentes. No bairro Santa Mônica, a maioria dos imóveis foi encontrada fechada. Das seis recusas, cinco aconteceram no bairro Morada da Colina. Mesmo quando os agentes não entram nas casas para eliminar os focos ou criadouros, é realizado tratamento externo com UBV leve em torno das casas. Nas 2.944 casas vistoriadas, foram Milhares de garrafas pets e vasilhas plásticas foram trocados por material escolar eliminados 152 focos do mosquito Aedes aegypti (22 no bairro Luizote de Freitas e 15 no bairro Esperança). Também foram tratados 3.962 criadouros com larvicidas e os principais depósitos encontrados foram recipientes plásticos nos quintais e calhas nas residências. Outros 3.468 criadouros foram eliminados e removidos das residências, com predominância para as latas de até seis litros. Durante os dias 21, 22 e 23 de janeiro foram trocados no Dengômetro e Dengue Móvel 5.378 latas por borrachas, 4.709 pets e vasilhas de plástico por lápis e 409 pneus por cadernos. A equipe de mobilizadores realizou três blitze educativas e adesivou aproximadamente mil veículos. Todas as ações de mobilização foram concentradas no Bairro Lagoinha, devido ao índice do LIRAa de janeiro de 2011, de 14%.