“Somos um estado querido por todos os visitantes”

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PeloEstado
Entrevista
O desafio está atrelado à infraestrura que depende dos governos. No
que diz respeito à iniciativa privada estamos bem servidos.
LUCAS SCHWEITZER
“Somos um estado querido
por todos os visitantes”
Nesta entrevista exclusiva à Coluna Pelo Estado, o presidente da
Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc-SC), Lucas
Schweitzer, fala sobre a posição de destaque que Santa Catarina vem obtendo
na organização e recepção de eventos nacionais e internacionais, colocando-se
em pé de igualdade com São Paulo e Rio de Janeiro. Em junho, a AbeocSC organizou em Florianópolis o 1º Encontro Sul Brasileiro de Empresas e
Profissionais de Eventos, ocasião em que foram discutidas formas de atrair um
maior número de eventos para a região e como as empresas devem atuar junto
aos órgãos públicos para melhorar a capacidade de atendimento e a qualidade
dos serviços oferecidos aos turistas. Empresário, com especialização em Direção
Comercial e Marketing pela Universidade Complutense de Madri, Schweitzer é
o diretor-proprietário da Lusch Agência de Eventos, empresa focada em eventos
corporativos, com área de atuação em Santa Catarina e São Paulo. Para ele, o
principal desafio do setor está atrelado à questão da infraestrutura, que depende
da ação do governo em todas as esferas da administração pública.
[PeloEstado] - Como caracterizar
o setor de eventos em Santa Catarina? Como está posicionado em
relação a outros Estados?
Lucas Schweitzer - Temos empresas muito capacitadas. Santa
Catarina atende no mesmo nível
que São Paulo, que é uma referência nacional e até internacional na prestação de serviços no
segmento. Estamos bem posicionados tanto como destino quanto em equipamentos, fornecedores e prestadores de serviço para
atender os eventos. Concorremos
de igual para igual, com certeza,
com empresas de São Paulo e Rio
de Janeiro, sendo uma grande referência para o segmento no Brasil. Nosso objetivo com o encontro
realizado em junho foi fortalecer e
qualificar cada vez mais esses profissionais para realizarmos ainda
mais eventos no Estado.
[PE] - O que permite essa comparação nas mesmas condições de
São Paulo e Rio de Janeiro?
Schweitzer - Nós já sediamos alguns eventos internacionais e de
grande porte que foram realizados no Brasil, e uma prática de
mercado, por grandes empresas,
é fazer concorrência com seleção
de três a cinco fornecedores para
determinado produto. Temos
vistos muitas empresas de Santa Catarina ganhando grandes
concorrências nacionais e internacionais e se destacando no cenário nacional. Também estamos
realizando cada vez mais eventos
de grande porte no estado. São
indicativos da boa qualidade dos
serviços que oferecemos. Eventos
importantes como o Ironman na
Capital, a Oktoberfest de Blumenau, Festival de Dança de
Joinville, shows internacionais,
feiras náuticas, Brasil Tennis Cup
- WTA também em Florianópolis, o Mercoagro, em Chapecó, a
Festa do Pinhão, em Lages, Revezamento Volta à Ilha e o Congresso Técnico voltado à Copa
do Mundo, também dois eventos
que movimentaram a Capital e
o BNT Mercosul em Balneário
Camboriú e Itajaí, que também
volta a receber uma etapa da Volvo Ocean Race
[PE] - Quais são os principais desafios e gargalos? E o que Santa
Catarina precisa melhorar nesse
setor?
Schweitzer - Os desafios estão
muito ligados ao poder público.
Precisamos de mais investimentos em estrutura, de um aeroporto na Capital que possa receber
turistas em grande quantidade
para eventos maiores e internacionais. O desafio está atrelado à
infraestrutura que depende dos
governos. No que diz respeito à
iniciativa privada, estamos muito
bem servidos de hotéis, restaurantes e o bom uso dos atrativos
naturais nas cidades. Mas precisamos, de fato, de investimento
público em transporte aéreo, rodoviário, náutico, frota de táxi ou
regulamentação de outros serviços similares. Quando Florianópolis realiza eventos de grande
porte, por exemplo, muitas vezes
a pessoa não consegue chegar na
cidade porque ou os vôos são muito caros ou as opções se esgotam.
[PE] - Que características de Santa Catarina levam o setor de eventos a ser destaque nacional?
Schweitzer - Santa Catarina é um
estado muito democrático, com
turismo de sol e mar, turismo rural, o frio na Serra e outras diver-
Editado por Dorva Rezende
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sidades. Conseguimos ser um estado apto ao segmento de eventos
o ano inteiro, em diversas regiões.
E somos um estado muito querido por todos os visitantes. Nosso
principal diferencial é ter, num
raio de duas horas de distância,
grandes serras, paisagens lindas de
cânions, a Capital com 42 praias,
o Litoral Norte com suas características, o Planalto Norte com
suas tradições. Enfim, temos uma
diversidade de roteiros. Essas condições permitem que se promova
o turismo de negócios em encontros em diferentes cidades. É um
nicho que vem sendo trabalhado
há pouco tempo, mas sabemos que
o apelo turístico da cidade ajuda
na decisão de se participar de um
evento. Sobretudo porque, cada
vez mais, as pessoas procuram vivenciar experiências. Um empresário pode vir a um encontro de
negócios em um empreendimento
do Norte da Ilha, em Florianópolis, por exemplo, e almoçar assistindo à pesca da tainha no inverno. Alguns eventos corporativos
são realizados na quinta e sexta
justamente para oportunizar o turismo no fim de semana.
[PE] - Que nicho mais se destaca
hoje no setor de eventos?
Schweitzer - A Abeoc está realizando um trabalho para mapear esses dados. Mas já sabemos,
por exemplo, que Florianópolis é
considerada um Destination Wedding, é uma cidade que as pessoas
escolhem para casar e que sedia
muitos eventos sociais. Congressos empresariais e eventos corporativos são muito importantes,
pois o número de participantes
aumenta quando esses encontros
são realizados em destinos turísticos. Eu diria que eventos sociais,
de entretenimento, congressos,
corporativos e eventos esportivos
são os principais realizados em
Santa Catarina.
[PE] - Há alguma região do estado com maior destaque? Qual o
diferencial?
Schweitzer - Florianópolis ainda
tem o maior destaque no mercado de eventos, principalmente
pelos atrativos turísticos e pela
maior capacidade da malha aérea. Além disso, a região da Capital catarinense está muito bem
servida no que diz respeito à iniciativa privada, com bons hotéis
e restaurantes, para melhor atender ao turista.
[PE] - Onde há potencial não explorado? E de que forma isso poderia mudar?
Schweitzer - Cada vez mais as
pessoas estão em busca de novas
experiências. E, com isso, o nosso
turismo de Serra aparece como
um destino que pode ser melhor
explorado, além de qualificar o
turista de sol e mar, trazendo
pessoas com maior poder aquisitivo. Para mudar essa situação,
seria fundamental estabelecer
uma relação de cooperação entre
o setor público e privado, em que
as ações fossem pensadas e realizadas de forma integrada.
[PE] - Os estados do Sul, que têm
imagem diferenciada em relação
ao restante do país, podem trabalhar juntos para atrair eventos?
Schweitzer - É possível, sim. Seria incrível termos “Rotas do
Sul” e sermos tão unidos quanto
é o Nordeste, por exemplo. Mas
sabemos que é necessário articulação e interesse político para fazermos acontecer.
[PE] - O turismo de eventos tem
o devido suporte no turismo tradicional, como roteiros, mão de
obra qualificada e infraestrutura,
ou há carências?
Schweitzer - Ainda temos muito a
melhorar. Tanto em infraestrutura das cidades turísticas, quanto
na mão de obra qualificada. Para
isso, é necessário a união do governo de Santa Catarina com o
empresariado e a sociedade civil
organizada. Só dessa maneira
conseguiremos, de forma conjunta, aumentar a competitividade
do estado no turismo durante o
ano inteiro.
[PE] - Qual é o tamanho e o potencial do mercado de eventos no
Brasil?
Schweitzer - O mercado de eventos vem crescendo em média 14%
ao ano e sua relevância econômica é cada vez mais expressiva na
geração de negócios, emprego,
renda e impostos. De acordo com
a pesquisa que a Abeoc realizou
em 2013, em parceria com o Sebrae, o segmento já representa
4,3% do PIB do país e movimenta mais de R$ 209,2 bilhões por
ano, gerando R$ 48,7 bilhões em
impostos e 7,4 milhões de empregos. O estudo foi o mais completo
realizado sobre o setor e revelou
que 56,3% das empresas prestadoras de serviço estão enquadradas no Simples, mostrando a importância dos micro e pequenos
negócios para o segmento. Por
isso, também em parceria com
o Sebrae, nós criamos o Selo de
Qualidade Abeoc Brasil, dentro
de um programa de qualidade
voltado às micro e pequenas empresas, preparando-as tanto para
o mercado nacional quanto para
o internacional.
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