PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Enfermagem ANÁLISE COMPARATIVA DAS COMPLICAÇÕES SOFRIDAS POR PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA CARDÍACA COM OU SEM CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA DO HOSPITAL DO CORAÇÃO DO BRASIL Autores: Célia Regina Vieira Lopes da Costa Sônia Jaciara Neto Pontes CÉLIA REGINA VIEIRA LOPES DA COSTA SÔNIA JACIARA NETO PONTES ANÁLISE COMPARATIVA DAS COMPLICAÇÕES SOFRIDAS POR PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA CARDÍACA COM E SEM CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA DO HOSPITAL DO CORAÇÃO DO BRASIL. Monografia apresentada ao curso de graduação em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Saúde. Orientador: Daniella Melo Arnaud Sampaio Pedrosa, Enfermeira especialista em Enfermagem Cirúrgica. Brasília 2009 Monografia de autoria de Célia Regina Vieira Lopes da Costa e Sônia Jaciara Neto Pontes, intitulada “ANÁLISE COMPARATIVA DAS COMPLICAÇÕES SOFRIDAS POR PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA CARDÍACA COM E SEM CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA DO HOSPITAL DO CORAÇÃO DO BRASIL”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília, em 3 de dezembro de 2009, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: ______________________________________________ Profª. Enfª. Esp. Daniella Melo Arnaud Sampaio Pedrosa Orientadora Docente Graduação em Enfermagem – UCB ______________________________________________ Profª. Ms. Fernanda Monteiro Castro Fernandes Docente Graduação em Enfermagem - UCB ______________________________________________ Enfª. Juliana Teixeira Nunes Vidal Enfermeira – Hospital do Coração do Brasil Brasília 2009 Dedicado a Deus, que nos deu força, paciência e sabedoria nos momentos difíceis, de ansiedade e medo. AGRADECIMENTO Agradecemos às nossas mães pelo apoio incondicional; ao Dr. Antônio Aurélio que nos apontou para uma ideia inicial e nos deu subsídio para elaboração do trabalho; à docente Daniella, que nos orientou quando muitas vezes estávamos em caminhos tortuosos, com paciência e conhecimento para tal. “O atrativo do conhecimento seria pequeno se no caminho que a ele conduz não houvesse que vencer tanto pudor.” Friedrich Nietzsche RESUMO COSTA, Célia Regina Vieira Lopes da; PONTES, Sônia Jaciara Neto. Análise Comparativa das Complicações Sofridas por Pacientes Submetidos à Cirurgia Cardíaca com e sem Circulação Extracorpórea do Hospital do Coração do Brasil – Universidade Católica de Brasília – UCB, 2009. As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morbidade e mortalidade. O aumento da expectativa de vida acrescido de fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, sexo e tabagismo são determinantes para o desenvolvimento das doenças cardíacas, e posteriormente sendo responsáveis pelo aumento de cirurgias cardíacas como tratamento para tal. Esses mesmos fatores de risco aumentam de forma significativa as chances de complicações. Diante desse crescimento abrupto de cirúrgicas cardíacas tornou-se importante fazer uma análise comparativa das complicações sofridas por pacientes submetidos à cirúrgica cardíaca com ou sem circulação extracorpórea do Hospital do Coração do Brasil. O presente estudo tem como objetivo analisar as principais complicações sofridas pelos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca de revascularização do miocárdio ou cirurgias valvares com e sem Circulação Extracorpórea (CEC) na UTI, e comparar o tempo de internação entre ambas, estabelecendo cuidados de enfermagem específicos para esses pacientes. Trata-se de um estudo quantitativo de caráter coorte histórico. Baseado na abordagem clínica foi elaborado uma ficha para coleta de dados na UTI do Hospital do Coração do Brasil (HCBr), a qual fomentou a pesquisa. Os resultados das análises mostram a influência dos fatores de risco sobre as complicações no pós operatório com conseqüente aumento de tempo de internação na UTI. Tanto o tempo quanto o uso de CEC foram determinantes no pós operatório, incrementando os efeitos deletérios quando somados aos fatores de risco demonstrados pelas principais complicações encontradas como arritmias, insuficiência renal e óbito. O tempo de permanência dos pacientes que utilizaram CEC foi de 30 horas a mais que aqueles que não a utilizaram. De acordo com as características evidenciadas nos sujeitos do estudo a abordagem específica de cuidados com base no processo de enfermagem torna-se imprescindível para promoção do bem estar e conforto dos pacientes, como por exemplo o cuidado em identificar fatores fisiopatológicos/psicológicos possíveis para dor, traçado através de um plano de ações a partir dos principais diagnósticos observados. Palavras-chave: Cirurgia Cardíaca; Circulação Extracorpórea; Cuidados de enfermagem. ABSTRACT COSTA, Célia Regina Vieira Lopes da; PONTES, Sônia Jaciara Neto. Comparative analysis of the complications suffered for patients submitted to the cardiac surgery with and without extracorporeal circulation of the Hospital of the Heart of Brazil. Universidade Católica de Brasília – UCB, 2009. The cardiovascular illnesses represent the main cause of mobidity and mortality. He increase of the life expectancy increased of risk factors as arterial hypertension, diabetes, sex and tabaccoism are determinative for the development of the cardiac illnesses, and later being responsible for the increase of cardiac surgeries as treatment for such. These same factors of risk increase of significant form the possibilities of complications. Ahead of this abrupt growth of surgical cardiopaths one became important to make a comparative analysis of the complications suffered for patients submitted to the surgical cardiopath with or without extracorporeal circulation of the Hospital of the Heart of Brazil. The present study it has as objective to analyze the main complications suffered for the patients submitted to the cardiac surgery of myocardial revascularization or heart valve surgery with and without extracorporeal circulation in the Intensive Care Unit (ICU), and to compare the time of internment between both, establishing well-taken care of nursing specific for these patients. It is about a quantitative study of historical cohort character. Based in the clinical boarding a fiche for collection of data in the ICU of the Hospital of the Heart of Brazil was elabored, which foment the research. The results of the analyses show the influence of the risk factors on the complications in the one after operatory with consequent increase of time of internment in the ICU. As much the time how much the extracorporeal circulation use had been determinative in the one after operatory, developing the deleterious effect when added to the factors of risk demonstrated by the main joined complications as arrhythmias, renal insufficiency and death. The time of permanence of the patients who had used extracorporeal circulation was of 30 hours more than those that had not used it. In accordance with the characteristics evidenced in the citizens of the study the specific boarding of cares on the basis of the nursing process becomes essential for promotion of the welfare and comfort of the patients, as for example the care in identifying possible psychological and fisiopatologics factors for pain, traced through a plan of action from the main observed diagnostic. Keywords: Cardiac Surgery; extracorporeal circulation; nursing care. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10 2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12 2.1 Objetivo geral .................................................................. Erro! Indicador não definido. 2.2 Objetivos específicos ....................................................... Erro! Indicador não definido. 3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 12 4. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 14 4.1 - Histórico de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ..................................................... 14 4.2 - Revascularização do miocárdio ..................................... Erro! Indicador não definido. 4.3 - Substituição Valvar e Valvoplastias .............................. Erro! Indicador não definido. 4.4 - Enfermagem nas cirurgias cardíacas ............................. Erro! Indicador não definido. 5. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 23 5.1 - Classificação da pesquisa .............................................. Erro! Indicador não definido. 5.2 - Local da pesquisa ......................................................................................................... 23 5.3 - Estratégias de coleta de dados e fontes de informações Erro! Indicador não definido. 5.4 - Critérios de Inclusão: .................................................................................................... 25 5.5 - Critérios de Exclusão:.................................................... Erro! Indicador não definido. 5.6 - Aspectos éticos .............................................................. Erro! Indicador não definido. 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 27 6.1 Sexo ................................................................................. Erro! Indicador não definido. 6.2 Faixa etária ....................................................................... Erro! Indicador não definido. 6.3 Fatores de risco ................................................................ Erro! Indicador não definido. 6.4 Complicações ................................................................... Erro! Indicador não definido. 6.5 Uso de CEC ..................................................................... Erro! Indicador não definido. 7. CONCLUSÃO..................................................................................................................... 40 8. ANEXOS ............................................................................................................................. 44 8.1 Anexo I - Termo de Concordância.................................................................................. 45 8.2 Anexo II - Ficha de controle de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca ..................... 46 8.3 Anexo III – Carta de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa .................................... 50 8.4 Anexo IV – Requerimento .............................................................................................. 51 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 52 10 1. INTRODUÇÃO As doenças cardíacas sempre representaram um número significativo de mortalidade em todo mundo, em indivíduos de todas as faixas etárias e ambos os sexos, mesmo após o advento da penicilina que reduziu as doenças cardíacas por febre reumática. Isso despertou o interesse dos pesquisadores, que posteriormente evidenciaram as características envolvidas nas patologias cardíacas, contribuindo tanto na prevenção quanto na tomada de medidas terapêuticas (STOLF, JANETE et al, 1999). Alguns fatores estão ligados diretamente ao desenvolvimento e/ou agravamento das patologias cardíacas podendo ser modificáveis ou não – idade, sexo, histórico familiar, fator genético, hábitos alimentares, tabagismo, obesidade, diabetes- sendo alguns fortemente introduzidos em muitas culturas (MACHADO, 2004) Com o desenvolvimento de métodos diagnósticos foi possível identificar com maior precisão os indivíduos portadores de cardiopatias, possibilitando intervenções clínicas e cirúrgicas. O aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas em todo mundo culminou no melhor manejo do coração por meio da circulação extracorpórea (CEC), iniciada no Brasil em meados da década de 50 (PRATES, 1999). As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) oferecem suporte a pacientes graves que necessitem de monitorização multiparamétrica constante, como no caso dos pacientes submetidos a cirurgias cardíacas que são de grande porte e necessitam de cuidados especiais. Mesmo contando com esse cuidado intensivo muitas complicações estão envolvidas no pós operatório, como alterações no ritmo e freqüências cardíacas, alterações respiratórias, renais, infecções, distúrbio hidroeletrolítico, distúrbio hemorrágico, entre outros (SILVA, et al, 2008). Somado as complicações mais freqüentes relacionadas as cirurgias cárdicas estão os problemas encontrados no pós operatório com uso de CEC tendo como resultado uma resposta sistêmica frente a natureza não fisiológica da mesma. Embora ofereça maior proteção miocárdica, em contra partida aumenta os riscos de distúrbios neurológicos, distúrbios no débito cardíaco e urinário, tamponamento cardíaco, assim como maior tempo de internação hospitalar (JOÃO, JUNIOR, 2003). Em face da problemática supra mencionada a pesquisa busca por meio de dados quantitativos a identificação e comparação dos fatores relacionados ao maior tempo de permanência dos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca com e sem CEC, oferecendo 11 parâmetros que auxiliem desde a avaliação pré-operatória ao manejo pós-operatório. Assim, esta pesquisa está norteada pela questão: pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea apresentam maiores complicações do que aqueles que não foram submetidos a esse procedimento, aumentando também o tempo de internação hospitalar? 12 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Determinar as complicações mais comuns dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com e sem Circulação Extracorpórea (CEC). 2.2 Objetivos específicos * Determinar a média de tempo de permanência na UTI dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca (revascularização do miocárdio e cirurgia valvar) com ou sem CEC; * Comparar o tempo de internação hospitalar dos pacientes que fizeram cirurgia cardíaca com CEC com aqueles que fizeram sem CEC; * Estabelecer os cuidados de enfermagem mais relevantes no pós-operatório de cirurgia cardíaca. 13 3. JUSTIFICATIVA Diante do cenário mundial de doenças coronarianas e valvares que contribuem como causa predominante de mortalidade tanto em países desenvolvidos como aqueles em desenvolvimento, as cirurgias cardíacas com o propósito de aumentarem a sobrevida dos indivíduos acometidos de cardiopatias tornaram-se cada vez mais comuns. Desde as reflexões de Hipócrates sobre as doenças que afetavam o coração, pesquisadores se empenharam na busca de melhorias e de métodos de intervenções que oferecessem melhores condições de vida aos cardiopatas, e mesmo após séculos das primeiras especulações muitos ainda são vitimados pelas complicações envolvidas nas cirurgias cardíacas. O cenário de doenças cardiovasculares (DCV) no Brasil evidencia esta como a maior causa de mortalidade prematura. Com o crescimento da população idosa e adoção de hábitos de vida com maior exposição a fatores de risco, como tabagismo e sedentarismo, tal quadro se justifica (ISHITANI et. al, 2006). Segundo o Ministério da Saúde (2009), as mortes causadas por DCV teve queda de 20,5% contadas em um período de 16 anos, entre 1990 e 2006. No entanto, no ano de 2006 o total de óbitos no Brasil por tal causa ainda foi elevado, 300 mil foram registrados. Quando o tratamento clínico não é suficiente para manter o indivíduo estável, faz-se necessária a intervenção cirúrgica. Porém, em concordância com outros procedimentos cirúrgicos, a cirurgia cardíaca traz prováveis complicações, situações estas em que a equipe de assistência a esse cliente deve estar em harmonia multiprofissional. Visto que pacientes em que é utilizada a circulação extracorpórea têm recuperação potencialmente retardada e que tal procedimento é muito utilizado, este estudo visa beneficiar pacientes e profissionais de saúde, oferecendo informações e propostas de intervenções relevantes a esses indivíduos, tendo em vista a importância, incidência e o prognóstico do quadro brasileiro de DCV e intervenções cirúrgicas nesse âmbito, pois o conhecimento faz com que o profissional se torne mais bem preparado no cuidado com o paciente. 14 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 - Histórico de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) Florence Nightingale, a primeira enfermeira intensivista, principiou a idéia da necessidade de monitorização contínua de pacientes graves, surgindo as Unidades de Terapia Intensiva. (BRASIL, 1998). Com o início da Guerra da Criméia, em 1854, 40% dos soldados hospitalizados em campo de guerra vinham a óbito, fazendo alusão ao modo precário como era prestado o atendimento. Com as intervenções de Florence e mais 38 voluntárias, esse índice de mortalidade foi reduzido a 2% (BRASIL, 1998). Fora identificado que a falta de higiene agravava o quadro dos mais doentes, que necessitavam de cuidados específicos, e dos menos doentes, que por vezes adquiriam enfermidades com pior prognóstico nos leitos onde eram prestados cuidados a eles. (WALDOW, 2001 apud GOMES, 2007). Foi nessa época que Florence, segundo Cintra (2000), classificou os doentes conforme o grau de necessidade dos mesmos, dispondo os pacientes graves mais próximos à área de trabalho das enfermeiras, facilitando a vigilância e atendimento em menor tempo, conferindo posteriormente o conceito para UTIs. O médico Walter Edward Dandy estabelece nos Estados Unidos, a primeira UTI no Hospital Johns Hopkins, com três leitos pós-operatórios neurocirúrgicos, na década de 1920 (BRASIL, 2005). Na década de 1930 surgia a assistência intensiva pós operatória, em Tubingen, na Alemanha e, na década de 1940, as salas de recuperação cirúrgica em Rochester, Minesota, Nova Iorque e Nova Orleans eram criadas (CINTRA, 2000). Com a necessidade de assistir melhor os pacientes cirúrgicos, visto os avanços tecnológicos desses procedimentos, surgiram tais unidades especiais, onde inicialmente, o cuidado era prestado em salas adjacentes às salas de cirurgia, pelo cirurgião e anestesiologista, respectivamente. Mais adiante, essa atividade foi atribuída ao enfermeiro (WEIL, 1992). Em Baltimore, nos Estados Unidos, surge a primeira UTI cirúrgica (BRASIL, 2005). Ao fim da década de 1950 é criada a primeira unidade de cuidados intensivos, com monitorização cardiovascular invasiva, para pacientes com traumatismos. Ainda nos Estados Unidos, surgiu, em 1962, na cidade do Kansas, a primeira unidade de assistência a pacientes 15 vitimados por infarto agudo do miocárdio, precursora das Unidades Coronarianas atuais (WEIL, 1992). Com os avanços tecnológicos, foram surgindo UTIs para pacientes com outros perfis: vítimas de queimaduras, pacientes respiratórios, renais etc. As últimas a serem criadas foram as para terapia intensiva obstétrica, pediátrica e neonatal (HILBERMAN, 1975). A partir dessa data, as UTIs foram implantadas no Brasil, com a mesma finalidade das demais: promover assistência a pacientes com alto grau de complexidade, em área hospitalar adequada, recursos humanos e materiais disponíveis para restabelecimento das funções vitais (GERMANO, 1983). 4.2 - Revascularização do miocárdio As doenças coronárias encabeçam a lista de doenças que mais levam os indivíduos a óbito mundialmente, mesmo tendo, atualmente, um acervo profilático considerável. Tal quadro esta interligado com hábitos de vida, como o tabagismo, sedentarismo, e também com fatores de risco relacionados, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, propensão genética. Estas características aumentam a possibilidade do indivíduo desenvolver aterosclerose, que levam a oclusão arterial coronariana ou alteração da parede da mesma, o que diminui o fluxo sanguíneo ou mesmo o interrompe (SANTANA, BALDIN et al, 2007). As patologias cardiovasculares são mais prevalentes em idosos, chegando a uma proporção de 76% em pessoas com idade superior a 70 anos. Isto somado a maior expectativa de vida traz um número considerável de pessoas que precisam de intervenções cardiovasculares devido às patologias inerentes a essa fase (LOURES, et al, 2000). A incidência de doença coronária obstrutiva severa varia conforme a idade, nas seguintes proporções: Tabela 1. Incidência de doenças coronarianas obstrutivas severas por idade, no Brasil. % Idade 33% 40 a 49 anos 38% 50 a 59 anos 64% 60 a 69 anos 76% > 70 anos Fonte: LOURES, et al, 2000. 16 As cirurgias cardíacas são realizadas nos pacientes idosos muitas vezes com o objetivo de prevenir maiores complicações como uma possível disfunção miocárdica severa. A esses pacientes uma maior atenção é necessária levando-se em consideração fatores de risco que podem aumentar a complexidade do procedimento, tal como histórico de doenças crônicas e acometimento de outros órgãos, embora se tenha na atualidade recursos biotecnológicos que possibilitem assistência adequada, diminuindo a morbimortalidade em comparação a tempos remotos (LOURES, et al, 2000). Com o advento tecnológico e a melhoria nas condições dos procedimentos invasivos, a escolha para a realização das cirurgias cardíacas traz uma série de critérios que excluem as outras formas de abordagem para a patologia, voltando-se para a gravidade desta, por exemplo (KOCHI, MARTINS, et al, 2008). Considerando o risco de complicações pós operatória nos pacientes submetidos a cirurgias cardíacas com circulação extracorpórea, a manutenção do equilíbrio homeostásico é fundamental, requerendo uma atenção maior por toda equipe da área da saúde. As cirurgias cardíacas são realizadas quando a sobrevida do paciente é maior em comparação ao tratamento clínico (GALDEANO et. Al, 2003). Existem três tipos de cirurgias cardíacas: as corretoras, relacionadas a defeitos do canal arterial; as reconstrutoras, com relação à revascularização do miocárdio, plastias valvulares; e as substitutivas, trocas valvulares e transplantes. As mais comuns são as de reconstrução, principalmente a revascularização do miocárdio (ROCHA, MAIA e SILVA, 2006). A revascularização do miocárdio (RM) propagou-se com o uso da ponte de safena, experienciadas por volta do ano de 1968 (CHER, RIBEIRO, 2003). A cirurgia de revascularização do miocárdio (RM) deve seu desenvolvimento à veia safena, que apesar do uso comum de outros enxertos continua sendo a primeira escolha no tratamento cirúrgico de doença coronariana multiarterial. No entanto, desvantagens quanto à escolha da safena existem, como sua baixa permeabilidade a médio/longo prazo (BARLEM, SAADI, et al, 2001). Buscando a melhor solução, há 30 anos iniciou-se a RM com enxertos arteriais, com a artéria torácica interna esquerda (ATIE), obtendo-se ótimos resultados em longo prazo. Isso pode ser explicado pela boa adaptação da ATIE frente aos padrões hemodinâmicos de aumento de fluxo e pressão sanguínea. Na safena, estas alterações levam a uma hiperplasia intimal precoce, o que predispõem o indivíduo ao aparecimento de aterosclerose e a oclusão do vaso do enxerto (BARLEM, SAADI et. al, 2001). 17 Alguns autores defendem a utilização da ATIE conjugada com a safena, no caso de doença coronária multiarterial, outros optam pela junção ATIE + artéria radial, em detrimento de enxertos venosos, a que se dá o nome de “revascularização arterial total” (BARLEM, SAADI et. al, 2001). Algumas complicações são passíveis de ocorrer, como o tamponamento cardíaco, as arritmias atriais, a irritabilidade ventricular, a disfunção renal, infecção da ferida esternal, infarto do miocárdio no transoperatório (SABISTON, 1993). As complicações podem surgir nos pós operatório relacionada a alguns fatores préexistentes, portanto a avaliação pré- operatória deve fornecer informações que possibilitem a prevenção de algumas complicações (KOCHI, MARTINS, et al, 2008). Estudos relatam a ocorrência de 24% de mortalidade em pacientes que realizaram a RM com enxerto de safena + ATIE e de 15% dentre os que fizeram exclusivamente com enxertos arteriais. Aproximadamente 10% dos enxertos de veia safena apresentam oclusão precoce (até um ano após a cirurgia). Numa evolução mais tardia, a hiperplasia intimal predispõe a aterosclerose até que, num período de dez anos, apenas 50% dos enxertos mantêm-se pérvios. Em contra partida, dos enxertos com ATIE, 90% se mantém pérvios num período de dez anos (BARLEM, SAADI et. al, 2001). Todavia, artérias possuem uma camada muscular proeminente, o que potencializa riscos de espasmos da parede no pós-operatório, sendo reduzido tal índice com uma técnica de dissecção correta, com pouco manuseio (BARLEM, SAADI et. al, 2001). No entanto, os resultados benéficos da RM são bem conhecidos. Há uma melhora da qualidade e da expectativa de vida de pacientes. Porém isso depende não somente da indicação adequada, mas também dos enxertos empregados, como fora citado anteriormente (FERNANDES et. al, 2008). As primeiras cirurgias foram realizadas sem o advento da circulação extracorpórea (CEC). Com o emprego dessa tecnologia e os avanços na anestesiologia permitiram uma ampliação no tratamento cirúrgico da doença coronariana (FERNANDES et. al, 2008). A CEC é utilizada na maioria das cirurgias cardíacas, na qual uma máquina desvia o sangue das veias cavas para um reservatório e reinfunde-o, após oxigenação artificial, na aorta, ou seja, substitui durante o procedimento cirúrgico a função cardiopulmonar (GALDEANO et. al, 2003). A CEC oferece maior proteção miocárdica, em contrapartida desencadeia uma série de alterações no organismo podendo levar à: hipotermia; hemodiluição; coagulopatia; reação inflamatória intersticial; diminuição do débito cardíaco; diminuição do débito urinário; 18 tamponamento cardíaco; diminuição da complacência pulmonar; episódios de hipertensão pulmonar; distúrbios neurológicos (KOCHI, MARTINS, et. al, 2008). A partir da década de 70 foi possível experimentar a RM sem CEC a fim de reduzirem os efeitos secundários a ela, no entanto esse procedimento não permitia um manejo favorável do cirurgião na anastomose e intervenções na parede posterior do coração por provocar respectivamente uma dificuldade pelo fato de o coração estar em funcionalidade, e também por ocasionar queda na pressão arterial (CHER, RIBEIRO, 2003). Ainda segundo o mesmo autor, durante algum tempo esse tipo de técnica foi postergada devido às melhorias surgidas na CEC oferecendo maior segurança. O interesse foi retomado por volta da década de 90, onde um movimento ocorrido nas cirurgias cardíacas buscava simplificar os procedimentos utilizando-se de recursos que auxiliavam a resolver de tal maneira alguns problemas relacionados à cirurgia. Estudos clínicos compararam dois grandes grupos: pacientes submetidos à cirurgia com CEC e sem CEC mostrando benefícios desta sobre aquela. A cirurgia sem CEC apresentou menor mortalidade, oferecendo menos riscos aos pacientes com idade superior a 70 anos e com co-morbidades associadas (CHER, RIBEIRO, 2003). Segundo Cher e Ribeiro (2003) as cirurgias sem CEC demonstraram menor número de complicações como fibrilação atrial, menor tempo de permanência em ventilação mecânica, reoperação e infarto, além de redução no custo hospitalar. Cher e Ribeiro (2003) ainda diz que a CEC desencadeia uma resposta inflamatória sistêmica, sendo observada pelas alterações clínicas nas funções dos principais órgãos. A resposta inflamatória sistêmica compreende três mecanismos básicos na CEC: contato do sangue com superfície não endotelial; presença de endotoxemia e desenvolvimento de isquemia; e lesão de reperfusão. O desenvolvimento de estabilizadores de superfície associado às manobras de exposição permitiram que a cirurgia fosse feita com o coração em funcionamento. Com a diminuição do trauma operatório, diminui-se também o tempo de permanência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o custo total dos procedimentos (FERNANDES et. al, 2008). Atualmente, angioplastias também são feitas para revascularização do miocárdio, colocação de “stents”, tendo em vista algo menos invasivo e agressivo que a cirurgia em si. Com isso houve o desenvolvimento de “stents” com fármacos, para que o vaso não seja ocluído novamente, fato não raro de ocorrer com “stents” sem fármacos (BRAILE, sem data). 19 4.3 - Substituição Valvar e Valvoplastias As valvopatias são a segunda maior causa de cirurgias cardíacas. Sendo as mais expressivas as mitrais e aórticas, dentre as quais existem as estenoses e insuficiências (MANO, 2006). A estenose aórtica é a forma mais comum de obstrução do fluxo de saída do ventrículo esquerdo, acometendo 25% dos pacientes com valvopatias crônicas, sendo mais a estenose valvar mais importante nos EUA. As estenoses valvares são unicúspide, bicúspide ou tricúspide, podendo ser adquiridas ou congênitas. Além das obstruções em nível valvar, existem também as estenoses supravalvares, subvalvares e a cardiomiopatia hipertrófica (PEIXOTO, et. al, 2005). As insuficiências podem ser causadas por doenças reumáticas, endocardites, doença vascular do colágeno, miocardiopatias, doença isquêmica do coração, porém as causas congênitas são menos frequentes (MANO, 2006). Quando o tratamento clínico das valvopatias não é possível, e o paciente é sintomático, entra-se com tratamento cirúrgico, que pode ser uma substituição valvar ou mesmo uma plastia (SABISTON, 2006). No âmbito das substituições valvares tem-se no mercado três tipos de próteses valvares: as mecânicas (bola, disco pivotante, disco basculante e duplo folheto), segundo Brandão et. al (2000); as biológicas (inicialmente com tecidos provenientes da dura-máter e atualmente com próteses porcinas remontadas em anéis e pericárdio bovino), segundo Feguri et. al (2008); e os homoenxertos (frescos e criopreservados) (COSTA, et. al, 2006). O implante de próteses mecânicas teve um grande avanço com o advento da circulação extracorpórea. A escolha de uma prótese mecânica é realizada de acordo com sua hemodinâmica, durabilidade e incidência de tromboembolismo, trombose ou hemorragia procedente do uso de anticoagulantes (BRANDÃO, 2000). Tais próteses favorecem adultos jovens e crianças, que apresentam uma rápida degeneração estrutural com as biopróteses, além do crescimento somático (FEGURI, et.al 2008). As próteses de duplo folheto apresentam boas características hemodinâmicas, baixo perfil, durabilidade e baixos índices de tromboembolismo (BRANDÃO, et. al, 2000). Segundo Brandão et. al (2000), é necessário que o paciente tenha condições de realizar um controle adequado da anticoagulação. Isso restringe as próteses de duplo folheto a um grupo selecionado, o que pode ser intrínseco ao fato de que a incidência de tromboembolismo e hemorragias são baixas. 20 As próteses biológicas, de uma forma geral, têm baixa trombogenicidade, boas características hemodinâmicas, não apresentam ruídos como as próteses mecânicas. Em contrapartida, tem menor durabilidade que as próteses mecânicas e os homoenxertos, calcificam com maior frequência, porém é indicada para pacientes idosos e/ou impossibilitados de manter uma terapêutica anticogulante (FEGURI et. al, 2008). Os homoenxertos ou valvas homólogas são indicados para pacientes com endocardite bacteriana, mulheres em idade de gestação, atletas que necessitam de uma prótese com excelente desempenho hemodinâmico e pacientes com contra-indicação absoluta para anticoagulação. É uma prótese com desempenho próximo ao fisiológico, o que diminui a incidência de eventos trombogênicos e maior resistência a infecção (COSTA, et. al 2006). A problemática de seu uso ocorre pelo baixo número de doadores, dificuldade de esterilização e armazenamento (FEGURI et. al 2008). Ainda é possível a intervenção por meio de plastias valvares. Seu uso é recomendado para valvas ainda não calcificadas (PEIXOTO et. al, 2005). As plastias levam vantagens sobre as substituições valvares por causarem menor morbimortalidade, ser menor a taxa de tromboembolismo e endocardite, melhores índices de sobrevida, necessidade reduzida de anticoagulantes e menores custos (BRANDÃO et. al, 2007). 4.4 - Enfermagem nas cirurgias cardíacas O processo de enfermagem, constituído por etapas importantes (coleta de dados, exame físico, diagnósticos de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação), passa por período de mudança, pois atualmente os profissionais se preocupam em fundamentar a assistência prestada. Prova disso, o Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo foi o primeiro a normatizar a Sistematização de Assistência de Enfermagem – SAE, fazendo com que profissionais tomassem consciência da importância em redefinir sua prática, baseando seus cuidados na ética, e se organizando para dar continuidade à assistência prestada (GALDEANO et.al, 2003). A intervenção da equipe de enfermagem nos cuidados com o cliente de cirurgia cardíaca em ambiente intensivo é imprescindível na recuperação desse indivíduo. A sistematização da assistência contribui para a organização da base do conhecimento de enfermagem, prever cuidados necessários (VOLPATO e CRUZ, 2007). 21 Os cuidados prestados aos clientes que se encontram no período perioperatório (pré, trans e pós-operatório) de cirurgia cardíaca, onde o mesmo indivíduo pode ter mudanças súbitas em seu estado de saúde e necessitam de intervenções embasadas cientificamente em métodos que privilegiam tomadas de decisões, são complexos (GALDEANO et. al, 2003). Algumas informações são de suma importância para o enfermeiro e sua equipe quanto ao estado de saúde do paciente que ficará sob cuidados intensivos, isso ocorre com a interação multiprofissional, relação enfermagem-medicina. Alguns itens essenciais são: diagnóstico da cardiopatia; procedimento cirúrgico realizado; tempo de cirurgia; anestésicos utilizados; tempo de circulação extracorpórea (CEC); tempo de anóxia; volume recebido (sangue e seus derivados); volume de diurese transoperatória; intercorrências; drogas vasoativas utilizadas; dificuldade de intubação; secreção no sistema respiratório; infecções prévias (JOÃO e FARIA JR, 2003). Ainda segundo João e Faria Júnior (2003), o diagnóstico médico é importante, pois cada cardiopatia leva a uma alteração hemodinâmica diferente; saber o grau de complexidade da doença, se há comprometimento pulmonar é imprescindível. A natureza da cirurgia, se corretiva, reconstrutora ou substitutiva auxilia na monitorização adequada. O tempo de cirurgia altera o organismo metabólica e hormonalmente. O tempo de CEC influencia diretamente padrões hemodinâmicos e o prognóstico do paciente, conforme visto anteriormente. O tempo de anóxia pode levar à isquemia de alguns tecidos. Alguns cuidados se fazem essenciais com a admissão de um paciente que acaba de realizar uma cirurgia cardíaca, tais como: o posicionamento adequado no leito; cuidados gerais com drenos de mediastino e torácicos, sondas e acessos vasculares; exame físico geral, dando ênfase na observação da coloração de pele e mucosas, enchimento capilar, ausculta torácica e cardíaca uma vez que o uso da CEC pode alterar tais padrões (JOÃO e FARIA JÚNIOR, 2003). Faz-se necessário a monitorização contínua desses clientes, que se divide em monitorização básica e invasiva. Na básica é possível observar ritmo cardíaco, através do osciloscópio; pressão arterial sistólica, diastólica e média; pressão venosa central (PVC) ou pressão de átrio direito; débito urinário, pela sonda vesical de demora; sonda nasogástrica, que é instalada no centro cirúrgico e é mantida aberta por pelo menos seis horas após a extubação; drenos de mediastino e pleurais; temperatura axilar; parâmetros respiratórios (FiO2, fluxo, frequência respiratória, volume corrente, pressão inspiratória, pressão final positiva, tempo ins e expiratório, oximetria de pulso). Na invasiva, que é geralmente utilizada nas cardiopatias mais graves, é utilizada a pressão de átrio esquerdo, que mostra a condição 22 ventricular esquerda e não pode ser meio de infusão; pressão de artéria pulmonar, por cateter de Swan-Ganz no tronco pulmonar e indica se há hipertensão pulmonar, quando a mesma é metade de dois terços da pressão sistêmica; débito cardíaco, também pelo Swan-Ganz; resistência vascular sistêmica e pulmonar; ecocardiografia bidimensional ou doppler; e marcapasso (JOÃO e FARIA JR, 2003). Algumas complicações potenciais podem ser esperadas no pós-operatório imediato, como: alterações do débito cardíaco; alterações de contratilidade miocárdica. Hipertensão arterial sistêmica, hipertensão pulmonar; alterações na frequência e ritmos cardíacos; disfunções respiratória, renal; hemorragias; retenção de água e eletrólitos; problemas neurológicos; disfunção do aparelho digestivo; e infecções são algumas alterações passíveis de acontecer (JOÃO e FARIA JR, 2003). 23 5. MATERIAL E MÉTODOS 5.1 - Classificação da pesquisa A pesquisa tem como base o método de pesquisa quantitativa que, segundo Serapioni (2000) atua na realidade e tem como objetivo analisar variáveis, identificar e divulgar dados numéricos, tendências. Tal método possui como vantagem a validade externa, em que é possível generalizar os resultados adquiridos a uma comunidade (SERAPIONI, 2000). Inclui-se o fato de a mesma correlacionar variáveis e fenômenos sociais (PORTELA, 2004). São utilizados procedimentos de coleta de dados controlados e objetivos, retirando espaço de dados subjetivos (SERAPIONI, 2000). Tal estudo tem caráter longitudinal, pois existe seguimento numa escala temporal. Além disso, ainda é definido como individuado e observacional, porque observaremos a manifestação ou não da doença sob investigação em cada paciente da amostra, individualmente (ROUQUAYROL E ALMEIDA FILHO, 1999). Segundo Rouquayrol e Almeida Filho (1999), estudos longitudinais-observacionais ainda se dividem em retrospectivos (coorte histórico e caso controle) e prospectivos (coorte concorrente). O presente estudo assume caráter de coorte histórico, que envolve grupos sociais expostos a fatores de risco (no caso o uso de circulação extracorpórea – CEC). Tratase de um estudo de reconstrução de coortes de algum momento no passado, com seu início e fim no passado, antes do momento de realização da pesquisa. Na etapa inicial de todo estudo de coorte, um grupo de pessoas sadias com relação à doença investigada, é selecionado. Para isso, é necessário haver homogeneidade em tal grupo, onde cabem os critérios de inclusão e exclusão, que serão abordados mais à frente (ROUQUAYROL E ALMEIDA FILHO, 1999). Como auxílio do estudo de coorte histórico está a disponibilidade de registros médicos confiáveis, que podem ser resgatados e analisados, segundo Rouquayrol e Almeida Filho (2003). 24 5.2 - Local da pesquisa Foi desenvolvida no Hospital do Coração do Brasil, um hospital privado, inaugurado em 2006, que faz parte do grupo Santa Luzia com atendimento voltado para a assistência em patologias cardíacas, vasculares e pulmonares. É localizado no Setor Hospitalar Local Sul (SHLS), em Brasília. A equipe assistencial é composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos em enfermagem e psicóloga hospitalar, em sua maioria especialistas em cardiologia e terapia intensiva. A unidade de terapia intensiva é localizada no segundo andar, composta por 12 leitos, destinada ao atendimento de pacientes graves e de risco que exijam assistência ininterrupta somada a equipamentos e equipe especializada. A UTI encontra-se estrategicamente interligada com o Centro Cirúrgico e com o Laboratório de Hemodinâmica, com acesso exclusivo a pacientes, e equipe assistencial. O atendimento no pós-operatório imediato e mediato das cirurgias cardíacas são realizados na Unidade de Terapia Intensiva Cardiológica do próprio hospital da pesquisa em questão, onde a partir de janeiro de 2008 foi elaborada uma ficha para o acompanhamento desses pacientes durante toda sua internação, fornecendo dados objetivos, coletados pelos enfermeiros da unidade por meio do prontuário, que pudessem ser utilizadas posteriormente como fonte de dados para futuras pesquisas. 5.3 - Estratégias de coleta de dados e fontes de informações A coleta de dados foi realizada por meio da análise documental das fichas de controle de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Estas fichas contém informações sobre a evolução dos pacientes em estudo considerando os períodos pré e pós operatórios. Também serão utilizados os prontuários eletrônicos, caso seja necessário. A analise documental é apropriada para pesquisas em materiais que ainda não receberam um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa (GIL, 1991). A partir dos dados obtidos no período de aproximadamente um ano, todas as informações necessárias para a pesquisa serão analisadas com auxílio do programa SPSS e discutidas com a literatura. Ficha em anexo II. 25 5.4 - Critérios de Inclusão: Pacientes que realizaram cirurgia cardíaca de revascularização miocárdica ou cirurgia valvar (plastia ou troca) no Hospital acima referido, que fizeram ou não o uso de circulação extracorpórea nos procedimentos cirúrgicos, de ambos os sexos, com idades entre 35 e 79 anos, compreendidos no período de 02/01/2008 até 30/04/2009, e que ficaram internados na UTI do mesmo hospital. 5.5 - Critérios de Exclusão: Foram excluídas as fichas dos pacientes que se submeteram a cirurgias de correção de aneurisma de aorta, Bentall e De Bono, cardiotomia e de correção de comunicação interatrial, pacientes que se submeteram a cirurgia cardíaca em outra unidade hospitalar; os que não permaneceram internados na UTI do HCBr por qualquer motivo, e os que se submeteram a cirurgia cardíaca fora do período citado no critério de inclusão. 5.6 - Aspectos éticos Foram obedecidos os aspectos éticos e legais conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, tais como: Minimizar danos e maximizar benefícios aos sujeitos participantes (beneficência); Evitar danos previsíveis (não maleficência); Relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária (justiça e equidade). Tal projeto foi apresentado e aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Santa Luzia, que tem como anexo o Hospital do Coração de Brasília, cenário do estudo, e somente foi desenvolvido após sua aprovação. 26 Como a pesquisa não envolve diretamente os usuários, não foi usado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Contudo, todos os cuidados éticos foram tomados em relação à instituição e a não divulgação das identidades dos usuários. 27 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em tal estudo, foram analisadas 103 fichas de cirurgias cardíacas realizadas no Hospital do Coração do Brasil, onde delimitamos tipos de dados mais relevantes para a pesquisa, que são: Sexo; Faixa etária; Fatores de risco; Complicações; Tipo de cirurgia; Uso de CEC; Transfusões sanguíneas; Tempo de permanência na UTI. À luz do referencial teórico, discutiremos tais resultados. 6.1 Sexo Gráfico 1. Sexo dos sujeitos da pesquisa Fonte: elaborado a partir da analise das fichas das cirurgias cardíacas do HCBr, 2009. 28 Dos 103 sujeitos do estudo, 32,04% eram do sexo feminino e 67,96% representado pelo sexo masculino, mostrando a predominância desse último, estando em concordância nos achados da literatura, com os homens representando mais de 50% do total em relação às muheres(FEIER et. al., 2005). As doenças cardiovasculares (DCV) acometem homens e mulheres de todas as classes sociais em todo o mundo, e são responsáveis pela mortalidade principalmente nesse último grupo(SCHERR E RIBEIRO, 2009) embora sejam as representandas em menor número na maioria dos estudos são as que apresentam piores evoluções, o que pode ser explicado pela maior prevalencia de fatores de risco presentes neste gênero agravado pela própria estrutura vascular feminina, menor diâmetro das artérias (NOGUEIRA et al., 2008), e por fatores hormonais (SCHERR E RIBEIRO, 2009) ou até mesmo pela indicação cirurgica tardia por equívoco no diagnóstico (FEIER et al., 2005). Segundo dados do IBGE as mulheres superam os homens em relação a doenças crônicas como diabetes e hipertensão, e são as que mais referem sofrerem de algum problema de saúde. 6.2 Faixa etária Gráfico 2. Faixas etárias dos indivíduos sujeitados à cirurgia cardíaca. Fonte: Elaborado a partir da análise dos dados contidos nas fichas de internação do HCBr, 2009. 29 Dos 103 sujeitos da pesquisa com idades entre 35 e 79 anos, 3,67% tinham idades entre 35 a 39 anos, 3,67% 40 a 44 anos, 6,58% 45 a 49 anos, 9,49% 50 a 54 anos, 12,41% 55 a 59 anos, 11,43% 60 a 64 anos, 20,17% 65 a 69 anos, 22,29% de 70 a 74 anos e 10,29% acima de 70 anos. A idade média dos sujeitos da pesquisa foi de 59,88 anos, semelhante ao encontrado na literatura atual (MILANI et al., 2005). Identificou-se a predominância nesse estudo de indivíduos acima de 65 anos de idade fazendo parte de 52,75% do total. Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, de acordo com dados do IBGE chegando aos 72,7 anos, a necessidade de intervenções cardiovasculares também progrediu, isso devido a alta incidência de doenças coronarianas e valvulares em indivíduos de idade mais avançada, ocorrendo em mais de 70% nesse grupo (LOURES et al., 2000) e representando mais de 70% das causas de mortalidade por doenças do coração (MILANI et al., 2005). De acordo com as médias de idades observadas nos estudos (63 anos de idade em média) (MILANI et al., 2005), a predominância de indivíduos com mais de 60 anos submetidos a cirurgia cardíaca em comparação aos indivíduos mais jovens resultou numa dicotomia etária utilizada para análise comparativa de resultados, e não obstante aos valores obtidos nesse estudo, as variáveis utilizadas para análise partiram-se desse princípio. A idade é considerada fator de risco isolado para morbimortalidade em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca (MILANI et al., 2005), aumentando por sua vez o tempo de permanência nas Unidades de Terapia Intensiva comparado aos indivíduos mais jovens (REIS et al., 2008). Os idosos tem diminuição das reservas funcionais de diversos órgãos, (PONTES et al., 2007) com a redução da massa muscular há maior propensão ao desenvolvimento de doenças pulmonares como embolias, atelectasias, pneumonias e DPOC (SILVA et al., 2008) o que pode refletir em maior tempo de extubação no pós operatório. Segundo Silva et al., (2008) as infecções pulmonares no pós operatório em idosos foi representada por 58%. Num estudo comparando o perfil dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca de hoje com os de dez anos atrás foi possível identificar que atualmente o perfil é composto por pessoas mais velhas e em piores condições clínicas que os operados há uma década, (FEIER et al., 2005) o que pode ser explicado pela maior expectativa de vida e por intervenções que protelam a cirurgia cardíaca como a colocação de stents intracoronarianos por exemplo (ALMEIDA et al., 2009). 30 6.3 Fatores de risco Gráfico 3. Porcentagem de pacientes com fatores de risco. Fonte: Elaborado a partir da analise das fichas das cirurgias cardíacas do HCBr, 2009. Os principais fatores de risco evidenciados no estudo são respectivamente: Hipertensão arterial, dislipidemia, Diabetes Mellitus e Tabagismo. No Brasil a maioria dos fatores de risco responsáveis pelas doenças cardiovasculares são passíveis de prevenção, e o controle desses fatores são de importância para a saúde pública (SCHERR E RIBEIRO, 2009) Medidas de atenção a saúde preventiva podem ajudar significativamente na identificação e controle de fatores de risco bem como na diminuição de incidência futura de complicações cardiovasculares (NOGUEIRA et al., 2008). As doenças cardiovasculares ocupam o primeiro lugar no ranking mundial de mortalidade. (ALMEIDA et al., 2009). Os fatores de risco podem ser modificáveis ou não, sendo este primeiro resultante de fatores adquiridos e não herdados geneticamente, possibilitando muitas vezes uma abordagem multidisciplinar observando um controle dessas condições (FARRET, 2006). Na anamnese é possível identificar fatores que contribuem para um diagnostico mais preciso, repercutindo na terapia utilizada (FARRET, 2006). A literatura voltada à cardiologia mostra o Diabetes Mellitus, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), a dislipidemia, e a insuficiência cardíaca como os fatores de risco mais 31 freqüentes relacionados a complicações cardíacas principalmente no pós-operatório de cirurgias, podendo agravar sistematicamente o quadro clínico do indivíduo (SCHERR E RIBEIRO, 2009) Almeida et al., (2009) relaciona a mortalidade hospitalar no pós operatório de cirurgia cardíaca com os fatores: Idade, Sexo, Peso, Hipertensão Arterial, Dislipidemia, Insuficiência Cardíaca, Tabagismo, Diabetes Mellitus, Insuficiência renal, DPOC, e tempo de CEC prolongado. Tabela 2: Relação de IMC dos sujeitos da pesquisa. Situação nutricional IMC Nº de pacientes Subnutrido Abaixo de 18,5 1 Peso saudável 18,5 – 24,9 31 Sobrepeso 25 – 29,9 32 Obesidade grau I 30 – 34,9 11 Obesidade grau II 35 – 39,9 5 Obesidade grau III 40 acima 1 Total 81 Fonte: elaborado a partir da análise das fichas das cirurgias cardíacas do HCBr, 2009. Dos 103 sujeitos da pesquisa, 81 tinham a descrição de peso e altura possibilitando a obtenção da situação nutricional através do Índice de Massa Corporal (IMC) utilizado como parâmetro em estudos para abordagem do peso corporal através do cálculo peso e altura. Alguns estudos mostram a relação do IMC com complicações no pós operatório de cirurgia cardíaca. Pacientes em estado de subnutrição desenvolvem maiores chances de complicações e mortalidade. Já os obesos tem chance triplicada de desenvolverem falência renal (REIS et al., 2008). A obesidade é uma doença que afeta a população mundial em mais de 32%, com aumento da prevalência nas ultimas décadas, e fortemente ligada a fatores genéticos e ambientais, (STOLF e JATENE, 2000) observando-se o aumento da obesidade abdominal em mulheres. A idade tem influência na distribuição de gordura corporal o que aumenta o risco para doenças cardiovasculares (ALMEIDA et al., 2009). A redução do peso em 10% traz benefícios ao indivíduo obeso em relação a diminuição de riscos de DCV. A abordagem médica e o acompanhamento são importantes para o reconhecimento das necessidades diárias individuais do paciente respeitando suas 32 particularidades bem como nas orientações que auxiliem no processo de reeducação alimentar obtendo melhores resultados posteriores nas cardiopatias (STOLF e JATENE, 2000). A obesidade esta estreitamente ligada ao DM não insulinodependente e subsequentemente a formação de placas de ateroma (STOLF e JATENE, 2000). O Diabetes é fator de risco isolado para mortalidade tardia na cirurgia cardíaca, sendo também responsável por maiores chances de complicações como infecções, insuficiência respiratória, delírio e piores prognósticos aumentando o tempo de hospitalização em UTIs. A mortalidade é considerada três vezes maior nesse grupo (KAUL et al., 2006). Embora o tabagismo não tenha sido evidenciado como fator predominante nesse estudo, ele representa um fator de risco importante nas DCV bem como cerebrais, aumentando a morbimortalidade dos indivíduos acometidos, somado ao fato de que o tabaco representa a primeira causa de morte em todo mundo e que 1/3 da população mundial é fumante (STOLF E JATENE, 2000). Mais de 30% dos eventos coronarianos estão relacionados ao tabagismo, esses riscos poderiam estar diminuídos com a interrupção do mesmo, mas apenas 1/3 dos fumantes que procuram auxílio para abandonar o vício conseguem resultados satisfatórios, isso pelo fato de o cigarro conter várias substâncias na sua composição com grande poder de vício comparados a outras drogas como maconha e cocaína, por exemplo (FARRET, 2006). 33 6.4 Complicações Gráfico 4. Complicações apresentadas pelos indivíduos da pesquisa. Fonte: Elaborado a partir da análise dos dados contidos nas fichas de internação do HCBr, 2009. Dos 103 sujeitos envolvidos no estudo, 4,85% apresentaram Insuficiência Renal Aguda (IRA), 14,56% Fibrilação Atrial (FA), 2,91%% complicaçoes pulmonares, 4,85% evoluiram com óbito, 1,94% necessitaram de reintervenção cirúrgica, 1,94% apresentaram Acidende Vascular Cerebral (AVC), 2,91% algunm tipo de choque (hipovolêmico ou cardiogênico), 0,97% apresentaram Taquicardia Ventricular e 0,97% Bloqueio Atrio Ventricular (BAV). Das principais complicações evidenciadas no presente trabalho IRA, FA e óbito evoluiram com maior frequência. Quanto a IRA é considerada importante fator de risco no pós operatório de cirurgia cardíaca, e dessa maneira não pode ser considerada isoladamente, devendo-se considerar eventos multifatoriais. Pode ocorrer em até 30% dos pacientes, agravando o prognóstico naqueles submetidos à terapia dialítica (KOCHI et al., 2008). De acordo com Santos et al., (2004) o risco para desenvolvimento de IRA pós cirurgia cardíaca e de 3,5 a 31%, e Kochi et al., (2008) diz que alguns fatores como o Diabetes Mellitus, idade avançada, disfunção renal prévia podem contribuir em até 8% para o desenvolvimento da IRA pós cirurgia cardíaca, esses fatores elevam as taxas de mortalidade. 34 Tabela 3: Distribuição dos sujeitos da pesquisa que desenvolveram IRA pós cirurgia cardíaca Idade Sexo Creatinina Tempo de CEC 57 Masculino 2,3 mg/dL Sem CEC 73 Masculino 2,1 mg/dL 86 min 75 Masculino * 1,3 mg/dL 100 min 74 Masculino * 2,1 mg/dL 162 min 71 Feminino * 2,5 mg/dL 220 min 75 Masculino * 1,2 mg/dL 90 min 71 Masculino * 1,1 mg/dL 105 min * Óbitos Fonte: elaborado a partir da análise das fichas das cirurgias cardíacas do HCBr, 2009. A Tabela 3 mostra que 85,7% dos sujeitos que desenvolveram IRA no pós-operatório tinham idade superior a 70 anos, e eram do sexo masculino o que pode ser explicado pelo número de homens em relação ao de mulheres. 71,4% tinham valores de creatinina basal > de 1,2mg/dl. A mortalidade foi representada por 71,4%. No estudo realizado por Kochi et al., (2008) a maior incidência de IRA ocorreu nos pacientes do sexo masculino e com idade superior a 60 anos, esta ocorrência também foi observada em outros estudos. Com o avançar da idade há queda na taxa de filtração glomerular agravado com a hipoperfusão gromerular pós cirúrgica (SANTOS et al., 2004). Valores alterados de creatinina, considerado na maior parte dos estudos >1,2mg/dl representam maior risco para complicações renais após a cirurgia cardíaca em comparação àqueles com valores basais de creatinina ≤ 1,2mg/dl (KOCHI et al., 2008). O tempo de CEC observado na maioria dos sujeitos foi ≥ 90 minutos, de acordo com Reis et al., (2008) a IRA é uma complicação freqüente principalmente relacionada a CEC com tempo superior a 90 minutos. Silva et al., (2008) diz que a cirurgia sem CEC melhor preserva a função renal principalmente em idosos, o que é reafirmado por Taniguchi et al., (2007) onde a CEC por seu mecanismo não fisiológico causa efeitos deletérios, podendo alterar a função renal, e o aumento do tempo de CEC favorece a hipotensão arterial que pode levar a hipoxemia renal. A severidade da IRA pode estar aumentada nos pacientes que no pós operatórios desenvolveram infecções, hemorragias e usaram drogas inotrópicas, aumentando o tempo de permanência na UTI, bem como as chances de óbito (SANTO et al., 2004). A otimização do débito cardíaco no pós operatório reduz danos renais que levam a IRA (PONTES et al., 2007). 35 Com relação a Fibrilação Atrial (FA) 14,56% desenvolveram essa arritmia no pós operatório, sendo inferior aos achados de 20 a 50% descritos na literatura.(ALVES et al., 2007). A FA é a arritmia mais freqüente encontrada em pós operatório de cirurgia cardíaca, principalmente nos primeiros dias, sendo mais freqüente naqueles que realizaram cirurgias valvulares em comparação aos que fizeram revascularização do miocárdio, chegando quase ao dobro de incidência daquela sobre esta (FERRO et al., 2009). Neste estudo houve predominância de cirurgias de Revascularização do Miocárdio com 83,49% em comparação aos que realizaram cirurgias valvulares 11,65% conforme Gráfico 5. Gráfico 5: Distribuição de cirurgias em porcentagens. 4,86% Fonte: Elaborado a partir da análise dos dados contidos nas fichas de internação do HCBr, 2009. Algumas complicações estão associadas com a FA como hipóxia, distúrbio hidroeletrolítico, infecções, insuficiência renal, aumento do tempo de internação hospitalar (FERRO et al., 2009). Embora a FA possa reverter-se espontaneamente a ritmo sinusal, essa arritmia pode prolongar o tempo de internação aumentando o risco para outras complicações (ALVES et al., 2007). Fatores pré, intra e pós operatórios estão envolvidos no surgimento da FA como: Fatores pré operatórios: idade avançada, hipertensão arterial, sexo masculino, FA prévia, Diabetes Mellitus; Intra operatório: tempo de pinçamento aórtico e tempo de Circulação Extracorpórea (CEC); Pós operatório: infecções, ventilação mecânica prolongada, níveis 36 plasmáticos de magnésio abaixo da normalidade, debito cardíaco diminuído (FERRO et al., 2009). O uso de alguns medicamentos podem reduzir a incidência de FA como amiodarona, sotalol, betabloqueadores, observando a individualidade de cada paciente e as contra indicações (FERRO et al., 2009). Segundo Alves et al., (2007) enquanto mais fatores de risco existentes maiores são as chances do surgimento dessa arritmia no pós operatório. 6.5 Uso de CEC Gráfico 6. Relação da utilização da circulação extracorpórea entre os indivíduos, em porcentagem. Fonte: Elaborado a partir da análise dos dados contidos nas fichas de internação do HCBr, 2009. O estudo mostra que 78,65% dos sujeitos da pesquisa realizaram algum tipo de cirurgia cardíaca (Revascularização do Miocárdio, cirurgia valvar ou ambas) com utilização da Circulação Extracorpórea (CEC). Embora a cirurgia cardíaca tenha o propósito de restaurar a funcionalidade do coração melhorando a qualidade de vida do individuo, alguns mecanismos utilizados durante o procedimento podem trazer complicações (NOGUEIRA et al., 2008). O uso da CEC por ser um mecanismo não fisiológico oferece efeitos deletérios aos indivíduos submetidos a ela (TANIGUCHI et al., 2007). A cirurgia cardíaca sem CEC ganhou aceitação mundial nos últimos tempos, o que pode também ser atribuído ao advento de novas técnicas e o incremento de alguns 37 instrumentos. A cirurgia cardíaca sem CEC tornou-se mais segura, com melhores resultados, embora ainda apresente controvérsias entre alguns autores (MILANI et al., 2005). Até certo tempo atrás as cirurgias cardíacas sem CEC eram empregadas com uso restrito a lesão uniarterial, com o melhoramento técnico e instrumental, expandiu-se o uso progressivo principalmente em pacientes de alto risco (ATIK et al., 2004). A RM sem CEC segundo Silva et al., (2008) e outros autores, traz maior benefício e menores complicações, tornando-se cada vez mais como a primeira escolha, inclusive nos pacientes de alto risco. A CEC pode desencadear disfunção miocárdica, miocárdio hibernante, comprometimento hemorrágico, edema tecidual insuficiência renal entre outros. Associado a outros fatores de risco a CEC aumenta a taxa de mortalidade após cirurgia cardíaca (NOGUEIRA et al., 2008). A resposta inflamatória induzida pela CEC pode favorecer à atelectasias, shunt pulmonar, redução da complacência pulmonar e gasosa. A disfunção pulmonar após cirúrgica cardíaca constitui risco de mortalidade relevante e tem caráter multifatorial (NOGUEIRA et al., 2008). O comprometimento pulmonar durante a cirurgia é resultante de multifatores como a anestesia, a esterniotomia, CEC, disfunção diafragmática e dor e em alguns casos a pleurotomia. As cirurgias sem CEC preservam a função pulmonar diminuindo as complicações pós operatórias (NOGUEIRA et al., 2008). A literatura mostra melhores valores de troca gasosa e relação de shunt no grupo sem CEC, associados provavelmente pela diminuição da complacência pulmonar no grupo com CEC, ou até mesmo devido ao contato do sangue com os oxigenadores que por sua característica não fisiológica desencadeiam uma cascata enzimática alterando a permeabilidade alvéolo-capilar. A disfunção diafragmática também pode estar envolvida, por inibição no nervo frênico em conseqüência do manejo operatório (GUIZILINI et al., 2005). A CEC causa alterações de hemostasia pela estimulação de fibrinólise (quebra do coágulo de fibrina), alteração da coagulação, disfunção plaquetária, indução de plaquetopenia, além dos efeitos de heparina e protamina circulantes, o que podem constituir risco para sangramento (ATIK et al., 2004). Embora o sangramento e a necessidade corroborem para maiores taxas de mortalidade existem estudos que mostram significativamente a cirurgia sem CEC como vantagem (ATIK et al., 2004). 38 O sangramento constitui risco de mortalidade nos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca (ATIK et al., 2004). Cirurgias sem CEC utilizam menos hemoderivados (SILVA et al., 2008) A necessidade transfusional dos pacientes do estudo foi de acordo com acompanhamento laboratorial (hemograma/coagulograma) bem como o controle dos débitos dos drenos (mediastinais e/ou pleurais) e na observação da presença de sangramentos. Dessa forma valores de hemoglobina (HB) inferiores a 8,5 servem como parâmetro para infusão de concentrado de hemácias. Nos casos de plaquetas com valores inferiores a 50.000 associados a sangramentos infundem-se plaquetas. E transfusão de plasma em casos de sangramentos associados a distúrbios de coagulação. Gráfico 7: Transfusões na UTI, em porcentagens. Fonte: Elaborado a partir da análise dos dados contidos nas fichas de cirurgia cardíaca do HCBr, 2009. Embora somente 27,81% dos pacientes do estudo (103) tenham recebido algum tipo de hemoderivado, o gráfico 8 evidencia o maior tempo de permanência na UTI daqueles que receberam transfusão sanguínea. 39 Gráfico 8. Média de permanência, em horas, na UTI após transfusão em ambiente intensivo. Fonte: Elaborado a partir da análise dos dados contidos nas fichas de cirurgia cardíaca do HCBr, 2009. O tempo de permanência na UTI é pouco mais que duas vezes maior dos pacientes que receberam transfusão sanguínea em comparação aos que não fizeram, o que pode estar relacionado a maior incidência nesse estudo de sujeitos que fizeram cirurgia cardíaca com utilização de CEC, conforme demonstrado no gráfico 6. Os pacientes que fizeram cirurgia sem CEC por ter suas complicações pós operatórias menos evidentes tem consequentemente menos tempo de internação hospitalar. De acordo com Gicardi ET AL., (2008) o grupo sem CEC decorreu com menor custo hospitalar e com menor custo individualizado por setor: clinica, centro cirúrgico e UTI, isso se deu pelo menor tempo de permanência, menor complicações, menor necessidade de monitorização (Balão Intra Aórtico – BIA; Swan Ganz, por exemplo) menor tempo de necessidade das equipes, menos uso de hemoderivados, menor tempo de uso de sala operatória, menor uso de respiradores e drogas vasoativas. 40 7. CONCLUSÃO Observando o cenário local das doenças cardiovasculares, sua importância na taxa de mortalidade e os procedimentos realizados para tratamento curativo ou paliativo destes, vê-se a necessidade de intervir no processo saúde-doença desses indivíduos de maneira a aumentar sua qualidade de vida. Conforme a análise das fichas de internação dos clientes submetidos à cirurgia cardíaca, muitos apresentavam mais de um fator de risco ao procedimento cirúrgico, sendo mais prevalente a Hipertensão Arterial Sistêmica, seguida pela dislipidemia, que contribuem para outras patologias ou mesmo complicações pós-cirúrgicas. Outros dados mostram que tais procedimentos foram mais comuns entre pessoas do sexo masculino, o que nos remete à discussão sobre a falta de cuidado que o homem tem com sua saúde, traço cultural de uma sociedade onde o homem ainda é o “sexo forte”. A maior parte dos sujeitos da pesquisa (61,16%) é formada por pessoas com 60 anos ou mais, ou seja, idosos, a contar pela faixa etária desse grupo no Brasil. A população brasileira e mundial, diante das melhorias tecnológicas, têm conquistado menores índices de mortalidade infantil e alcançado idades mais avançadas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009), em 2003 a expectativa de vida dos brasileiros era de 71,3 anos. Boa parte dos sujeitos da pesquisa não apresentou complicações pós-cirúrgicas, porém dentre os que apresentaram a Fibrilação Atrial (FA) foi mais prevalente, seguida da Insuficiência Renal Aguda (IRA), complicações mais frequentes em pós-operatório de cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea (CEC), comprovando o que a literatura nos mostrou à princípio. Do total de indivíduos pesquisados, apenas cinco vieram a óbito, todos com idade igual ou acima de 70 anos e com mais de uma co-morbidade associada, como hipertensão e dislipidemia. Tais dados nos mostram como esses indivíduos são vulneráveis às doenças cardiovasculares e como esses eventos interferem na sobrevida dos mesmos. A maioria realizou cirurgias com o advento da CEC, bastante difundida na medicina e com melhorias consideráveis na sua aplicação nos últimos anos. No entanto, é necessário avaliar a relação custo/benefício, pois sua aplicação em clientes com idade superior a 70 anos nos dá uma possibilidade maior de haver complicações e óbitos. O procedimento cirúrgico mais realizado foi a de Revascularização do Miocárdio (RM), a cirurgia cardíaca reconstrutiva mais prevalente, seguida de troca valvar. Obstrução de 41 artéria coronária é geralmente resultado de placas ateromatosas, que se desprendem e fecham a luz arterial, sendo premissa para intervenção. Quando o tratamento medicamentoso e a angioplastia não surtem resultado, opta-se pela revascularização do miocárdio de forma cirúrgica. Hábitos de vida não saudáveis, como o tabagismo e a alimentação inadequada levam à formação de ateromas. A média de tempo de permanência na Unidade de Terapia Intensiva no pós-operatório foi maior entre os pacientes nos quais foi realizado cirurgia cardíaca com CEC, evidenciando a necessidade maior de cuidados intensivos para este grupo de indivíduos. Tal grupo permaneceu aproximadamente 30 horas a mais em leitos de UTI que o grupo em que não foi utilizada a CEC. Observando a necessidade de cuidados intensivos desses indivíduos e as especificidades destes, fica imprescindível traçar um plano de cuidados voltado a essa vertente de cliente que em sua maioria são idosos e trazem consigo inúmeros hábitos de vida e alterações fisiológicas que por si somente influenciam em dados de fatores de risco. O processo de enfermagem é composto por várias etapas, mas que convém enumerar neste estudo somente duas: Diagnóstico de Enfermagem e Plano de Cuidados. O diagnóstico Risco para Infecção, que se relaciona ao aumento da possibilidade da invasão de patógenos no organismo, aplica-se a esse grupo de pessoas, pois tais indivíduos além de serem submetidos ao procedimento cirúrgico, ainda são sujeitados a intervenções invasivas, como drenos, sondas e punções, que apenas serão retirados no pós-operatório e de acordo com a resposta do paciente ao tratamento. O Risco de Constipação se refere risco de diminuição na frequência normal de eliminações intestinais. Relacionada, no caso dos pacientes internados em UTIs, à mudança de hábitos alimentares e de ambiente, atividade física insuficiente, já que tais indivíduos estão restritos ao leito. Deambulação prejudicada é a limitação de movimentação independente pelo paciente. No período de pós-operatório em ambiente intensivo, o paciente fica restrito ao leito, tanto por sua condição de saúde quanto pela estrutura do local, que não permite que o mesmo deambule em suas dependências. Déficit no autocuidado para banho, vestir-se e realizar higiene íntima, que acontece quando o indivíduo não tem condições de proporcionar a si próprio higiene adequada. Lavarse e vestir-se são atividades cotidianas imprescindíveis aos pacientes, que em ambiente hospitalar devem ter continuidade, se não pelo paciente, pela equipe de enfermagem. Pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca necessitam de repouso e por terem 42 dispositivos invasivos, a intervenção da equipe de enfermagem se faz essencial, tanto para diminuir o risco de infecção causado pela sujidade como para proporcionar bem-estar geral do paciente. Ansiedade relacionada à morte que traz consigo o receio gerado por percepções de ameaças reais ou psicológicas à própria existência. Ainda é notável o conceito cultural que trata o coração como centro da vida, órgão intocável e frágil no imaginário, principalmente, de pacientes leigos. Outro fator estressante para o paciente é a estadia em ambiente intensivo, relacionado, por vezes, como local para alocação de pessoas fora de possibilidade terapêutica. Padrão de sono prejudicado, quando ocorre diminuição da qualidade e da quantidade do sono, causada por fatores externos. A imobilização do paciente cirúrgico no leito pode alterar seu padrão de sono, assim como a presença de dispositivos invasivos, a falta de privacidade em ambiente intensivo, ocasionada pela estrutura do mesmo, na qual os pacientes e seus monitores precisam estar sempre voltados para o posto de enfermagem, para proporcionar à equipe parâmetros de sinais vitais em tempo real, a fim de que a mesma possa intervir caso ocorra alguma alteração importante nesses parâmetros, visto que esses pacientes podem ter alterações repentinas em seu estado de saúde. Dor aguda é definida como desconforto sensorial ou emocional advindo de lesões tissulares reais ou potenciais, de início súbito ou lento com duração que não deve ultrapassar seis meses. Pacientes cirúrgicos sentem dores relativas ao procedimento cirúrgico, que ocasiona lesão tecidual. Identificados tais diagnósticos comuns aos paciente pós-cirúrgicos cardíacos, a enfermagem pode atuar de forma a prevenir e tratar complicações para que o paciente restabeleça sua rotina diária fora de ambiente hospitalar. Sendo assim, tracemos então um plano de cuidados para cada um desses diagnósticos. ● Risco para infecção: a conduta deve ser voltada para prevenção infecções, como realizar banho; observar diariamente sinais flogísticos em locais de inserção de cateteres, punções, suturas e realizar curativos nesses locais caso seja necessário; cuidados gerais com sondas, tubos e drenos. ● Risco de constipação: estimular a ingestão de líquidos (caso o paciente não tenha restrição hídrica); estimular a movimentação no leito quando possível. ● Deambulação prejudicada: cuidar do repouso no leito, prevenindo úlceras de pressão; promover exercícios passivos no leito. ● Déficit no autocuidado para banho, vestir-se e realizar higiene íntima: proporcionar banho no leito e auxílio para vestir-se, porém sem comprometer o autocuidado do paciente. 43 ● Ansiedade relacionada à morte: informar o paciente sobre seu estado de saúde. ● Padrão de sono prejudicado: proporcionar ambiente tranqüilo. ● Dor aguda: identificar fatores fisiopatológicos/psicológicos possíveis para dor; administrar medicação conforme prescrição médica; ofertar medidas de conforto (mudança de posição se possível, uso de calor/frio). Dentre os cuidados citados acima, ainda podem ser acrescentados cuidados que contemplem a necessidade de cada paciente, a depender de sua resposta ao tratamento, complicações apresentadas, como as cardíacas, as renais e as pulmonares. Como observado, a questão norteadora fora contemplada, assim como os objetivos, geral e específicos, evidenciando que pacientes que realizam cirurgia cardíaca com CEC permaneceram mais tempo internados sob cuidados intensivos, apresentaram complicações em número consideravelmente maior que pacientes em que a CEC não é utilizada. São pacientes com necessidade de cuidados específicos, monitorização contínua. 44 8. ANEXOS 45 8.1 Anexo I - Termo de Concordância 46 8.2 Anexo II - Ficha de controle de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca FICHA DE CONTROLE DE PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA CARDÍACA Hospital do coração do Brasil Unidade de Terapia Intensiva Paciente:_________________________ Sexo: M ( ) / F ( ) Peso pré-operatório (kg): Altura (cm): Médico (Cirurgião) ( ) Dr. Leonardo Esteves ( ) Dr. Pedro Paniágua ( ) Dr. Nestor ( ) Drª Cristina ( ) Outros: Nome_________________________________ Dados pré-operatórios Euroscore: _____ Mortalidade predita:_____ Parsonet: _____ /Mortalidade predita:_____ Fatores de Risco ( ) HAS ( )DM ( ) DLP ( )TABAGISMO ATIVO ( ) RM prévio ( ) AVC prévio ( )HF+ ( )ICO precoce ( )Cirurgia valvar prévia ( ) IRC em HD ( )Uso de balão intra-aórtico ( )Uso de drogas vasoativas (dopamina, dobutamina, noradrenalina) Ritmo Cardíaco ( )Sinusal ( ) Fibrilação Atrial ( )Marcapasso Função Renal Cr (Mg/dl):_____/ Ur (Mg/dl):_____ FE(%):_____ Cirurgia 47 ( )RM ( )Válvula aórtica ( )Vávula mitral ( )RM + Válvula ( )Aneurisma de aorta ( )Outros:_______________________________ Enxertos utilizados na Revascularização do miocárdio ( ) MIE-DA ( ) SF-CD ( ) DF- MG ( ) Radial- CD ( ) Radial- MG ( ) Outros: _______________________________ Contexto da cirurgia ( ) Internação eletiva ( ) Após internação com SCA ( ) Emergência Dados intraoperatórios Tempo de CEC:_____ Tempo de anóxia:_____ Transfusões ( )Não ( )Sim (Concentrado de Hemácias_____u/ Plasma _____u/ Pla quetas _____u) Uso de Drogas Vasoativas ( )Não ( )Sim (Dobutamina ( )/ Noradrenalina ( ) ) Balanço Hídrico no intra-operatório _____ml Retirada de Fio MP epicárdico Data da retirada ___/___/____ 48 Anticoagulantes em uso: ( )Sim ( )Não ( )Clexane_____mg ( )AAS_____mg ( )Plavix _____mg ( )Warfarina_____mg Exames prévios: ( )Sim ( )Não ECG Ritmo Sinusal: ( )Sim ( ) Não Coagulograma INR___ TTPa_____ Ativ. Protrombina_____ Sinais Vitais PA:___/____mmHg/ FC: _____bpm/ RC: ( )regular ( )Irregular Repouso pós retirada ( )Sim ( )Não Tempo:_____minutos Exame pós retirada ( ) Não ( )Ecocardiograma ( )Rx de tórax Complicações ( ) Não ( )Tamponamento cardíaco ( )taquiarritmia ( )Bradiarritmia ( )Outras____________________ Dados pós operatórios Data de admissão na UTI: _____/_____/______ Hora de admissão na UTI: ___h____min APACHE II: _____/ Mortalidade predita:_____ Uso de drogas vasoativas na UTI ( ) Não ( ) Sim(Concentrado de hemácias____u/ Plasma____u/ Plaquetas____u) ( ) Uso de balão intra- aórtico na UTI Arritmia no pós operatório ( ) Não ( )FA ( )Outras___________________ Balanço Hídrico Cumulativo durante a internação na UTI (Dados do POI, 1º PO e 2º PO- Não considerar informações a partir do 2º PO) ( ) Positiovo _____ml 49 ( ) Negativo _____ml Peso no 2º PO_____Kg (Verificar no 2º PO, na impossibilidade relatar o motivo e inserir o símbolo de interrogação (?) Evolução na UTI ( )ALTA ( )Óbito Data de alta da UTI:___/___/____ Hora de alta da UTI:___h___min Tempo de permanência na UTI:___h____min Exames pós operatórios até a alta da uti Admissão na UTI Noite da admissão 1ºPO 2ºPO SVc02 Lactato Be BIC OBS: Todos os dados presentes nesta fica devem estar evidenciados no prontuário do paciente. 50 8.3 Anexo III – Carta de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa 51 8.4 Anexo IV – Requerimento REQUERIMENTO REQUER LIBERAÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE EU, Daniella Melo Arnaud Sampaio Pedrosa, residente na QI 27 Lote 07/09 Bloco A. Apt 301 – Guará II, telefone: 84262911, pesquisador / (orientador) responsável pelo COMPLICAÇÕES Projeto titulado SOFRIDAS ANÁLISE POR COMPARATIVA PACIENTES DAS SUBMETIDOS À CIRURGIA CARDÍACA COM E SEM CIRCULAÇÃO EXTRACORPOREA DO HOSPITAL DO CORAÇÃO DO BRASIL, Venho requerer a esse Comitê de Ética em Pesquisa, a liberação da exigência do TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE, tendo em vista que o projeto de pesquisa mencionado, a ser desenvolvido no Na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital do Coração do Brasil; No período de Outubro/ Novembro 2009, necessita apenas, de pesquisa documental dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva, essa pesquisa não realizará a coleta de dados junto à seres humanos. Nestes termos, Pede deferimento. Brasília________ de ___________ de __________ ___________________________________ Assinatura do pesquisador responsável 52 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, R. T. A. et al. 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