IMPLEMENTAÇÃO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS NO ENSINO DA MATEMÁTICA Michel Teston Semensato – [email protected] Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR Coordenação de Engenharia Mecânica Guarapuava-Paraná Francini Damiani e Silva – [email protected] Universidade Estadual do Centro Oeste –UNICENTRO Departamento de Matemática Guarapuava-Paraná Marcelo Fabricio Chociai Komar – [email protected] Universidade Estadual do Centro Oeste -UNICENTRO. Guarapuava - Paraná Elaine Maria dos Santos – [email protected] Universidade Estadual do Centro Oeste –UNICENTRO Departamento de Administração Guarapuava-Paraná Resumo: No contexto do mundo moderno, a tecnologia vem ganhando a cada dia que passa mais espaço, e esses avanços tecnológicos, também precisam fazer parte do contexto educacional. Dessa forma se desenvolveu uma pesquisa visando estudar contribuições que a tecnologia pode trazer para o ensino e aprendizagem da matemática, tanto na educação básica, quanto no ensino superior, a qual foi implementada em algumas aulas da disciplina de Cálculo II, nos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia Civil, e em algumas aulas da disciplina de Laboratório de Matemática, para acadêmicos do 3º ano de Licenciatura em Matemática. Por meio da implementação da tecnologia, com a utilização do software Graph nas aulas de Cálculo Diferencial Integral II e nas aulas de Laboratório de Matemática, constatou-se que a tecnologia pode contribuir significativamente com o ensino da matemática, dinamizando as aulas e proporcionando um ambiente de interações constantes. Palavras-chave: Tecnologias da Informação e da Comunicação, Ensino da Matemática, Softwares Educacionais, Software Graph. 1 INTRODUÇÃO Vivemos em um mundo em que a tecnologia, vem cada vez ganhando mais espaço, e isto está ligado ao avanço do mundo moderno que torna o ser humano mais sofisticado, ao mesmo tempo em que facilita sua vida, desde a forma de locomoção, com meios de transporte cada vez mais evoluídos, até os meios de comunicação, que vem ganhando espaço aceleradamente, com computadores munidos de inúmeros programas e softwares, com modernos celulares e notebooks. Visto que o acesso à tecnologia vem se expandindo e atingindo novas camadas da população, o ambiente de ensino e aprendizagem, deve também fazer uso desses avanços tecnológicos do mundo moderno. Atualmente, sabe-se que existem programas públicos criados pelo Ministério da Educação, de informatização das escolas públicas estaduais, tais como o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), da Secretaria de Educação do Paraná, o Programa de Extensão e Melhoria no Ensino Médio (PROEM) e o Projeto de Educação básica de Inclusão Digital do Estado do Paraná (BRA 03/036). Sendo assim, pode-se notar que as Tecnologias de Informação e da Comunicação (TICs), estão de certa forma, presentes em todos os níveis de formação humana. Porém, é importante refletir que a tecnologia por si só não é sinônimo de mudanças nas escolas e nem tão pouco no ensino e aprendizagem, mas junto com a tecnologia vem possibilidades de apoio ao professor com caminhos e alternativas para novas formas de ensinar e aprender. Levando-se em consideração a tecnologia, e o possível acesso a ela por grande parte dos alunos e professores, é que se desenvolveu uma pesquisa, cujo objetivo consiste em estudar as contribuições que a utilização do software Graph pode trazer no ensino e aprendizagem da matemática, e posteriormente implementar essa ferramenta no âmbito de algumas aulas da disciplina de Cálculo II, nos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia Civil, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFPR), do campus de Guarapuava, e também compartilhar os resultados da pesquisa com os acadêmicos do 3º ano do curso de Licenciatura em Matemática, da Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO), no decorrer de algumas aulas expositivas na disciplina de Laboratório de Matemática. 2 UTILIZAÇÃO DE SOFTWARE EDUCACIONAL EM MATEMÁTICA O acesso à tecnologia vem se expandindo aceleradamente, e o ambiente de ensino e aprendizagem não tem mais como ficar fora disso, esses avanços tecnológicos do mundo moderno, devem ser levados em consideração pelo professor, na hora do planejamento de suas aulas. No mundo atual, a tecnologia tem se apresentado como o principal fator de progresso e de desenvolvimento. No paradigma vigente, ela é assumida como um bem social e, juntamente com a ciência, é o meio para a agregação de valores aos mais diversos produtos, tornando-se chave para a competitividade estratégica e para o desenvolvimento social e econômico de uma região. (BAZZO e SILVEIRA, 2005, p. 1). É possível perceber, que as TICs estão cada vez mais fazendo parte da educação, e os professores não tem mais para onde fugir, precisam incorporar a tecnologia em todos os níveis de formação humana. Porém a tecnologia precisa ser vista pelos docentes, como um meio para o ensino, e não como um fim. O ambiente escolar possui um grande desafio, que é acompanhar as mudanças e evoluções do mundo, filtrando as informações e possibilidades ofertadas pelo avanço tecnológico, de modo que a tecnologia seja uma ferramenta educacional facilitadora do processo de ensino e aprendizagem. Em consonância com Morin (2011), tem-se que a educação deve estar centrada na condição humana, reconhecendo a diversidade cultural em tudo que é humano. Nesse sentido, é importante refletir sobre a relação humana com a tecnologia e se apropriar desse avanço tecnológico, que faz parte da vida do aluno, também dentro da sala de aula. A escola pode ser um espaço de inovação, de experimentação saudável de novos caminhos. Não precisamos romper com tudo, mas implementar mudanças e supervisioná-las com equilíbrio e maturidade.(MORAN, 2004, p.349). É fato, que uma sala de aula, onde a monotonia de repetições predomina, tende a desmotivar os alunos e com isso prejudicar a aprendizagem. As TICs, quando incorporadas no ambiente de ensino de maneira adequada, flexibiliza o currículo e expande o espaço de aprendizagem. É importante salientar que a tecnologia não vem com o intuito de substituir o professor ou banalizar o ensino de forma tradicional, que se resume em lousa e giz, mas sim, vem como uma ferramenta que contribui e dinamiza o aprendizado. Cabe ao professor incorporar o uso dessas tecnologias, de modo que elas potencializem o processo de ensino e aprendizagem. (...) mais do que conhecer os mecanismos que as tecnologias impõem – seu manuseio, seu uso. É preciso a compreensão de sua dimensão, do efeito gerado por seu avanço e das implicações negativas ou positivas relacionadas à forma de seu uso. As instituições de ensino devem fazer parte deste processo, auxiliando o aluno a atuar de forma crítica (OLIVEIRA, 2013, p.2). O importante é que essas tecnologias e modernizações nos procedimentos pedagógicos, mediadas pela da figura do professor, possam levar o educando ao encontro do processo de construção do conhecimento. A informática na educação que estamos tratando, enfatiza o fato de o professor da disciplina curricular ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e ser capaz de alternar adequadamente atividades tradicionais de ensino aprendizagem e atividades que usam o computador (VALENTE, 1999, p.1). É muito importante que o professor também saiba utilizar de maneira adequada a ferramenta tecnológica no âmbito da sala de aula, que ele conheça as possibilidades da implementação tecnológica no ensino, e tome cuidado para não fazer com tecnologia o que se pode fazer muito bem sem ela. É importante deixar claro, que tecnologias, não são somente equipamentos como computadores, softwares, lousas iterativas, data-shows, TV, mas todos e quaisquer tipo de recurso que o professor possa utilizar para enriquecer sua prática pedagógica. Falando especificamente no ensino da matemática, os números fornecidos pelo Ministério da Educação, os resultados nas provas, os conhecimentos prévios que os alunos muitas vezes não possuem, apontam os baixos índices de desenvolvimento dos estudantes em Matemática, o que torna crescente a preocupação por parte dos professores em repensar e adaptar suas práticas pedagógicas para diminuir esse baixo rendimento em matemática e atender a realidade de seus alunos que vivem em um mundo globalizado e cheio de informações. A Matemática é geralmente tida como uma disciplina extremamente difícil, que lida com objectos e teorias fortemente abstractas, mais ou menos incompreensíveis. Para alguns salienta-se o seu aspecto mecânico, inevitavelmente associado ao cálculo. É uma ciência usualmente vista como atraindo pessoas com o seu quê de especial (PONTE, 1992, p. 1). A matemática é vista pela maior parte dos estudantes, como uma disciplina difícil de ser compreendia, e entre as diversas formas de utilização das TICs no âmbito do ensino e da aprendizagem da matemática, o emprego de softwares educacionais merece destaque, pois com a utilização dessa ferramenta tecnológica, a atenção não fica focada no professor como um transmissor de conhecimento, e passa se fixar no aluno e em sua aprendizagem, pois é nesse espaço que o aluno pode explorar suas potencialidades e construir o conhecimento, não somente com base em informações repassadas pela figura do professor, mas também pela manipulação e experimentação do software, o que pode contribuir para que haja uma desmistificação de que a matemática é sempre difícil de ser aprendida. O interessante é que o professor use o software educacional como organizador de ambientes de aprendizagem, apoiando os alunos na resolução de problemas, possibilitando que o professor identifique e respeite o pensamento do aluno, conduzindo o mesmo a refletir sobre o seu pensar, a construir o conhecimento por meio da exploração de situações práticas. É importante desenvolver no estudante a autonomia de analisar situações e construir seu conhecimento sem que isso aconteça de maneira expositiva, em que recebe tudo pronto e depois somente repete um modelo resolvido pelo professor. Além disso, o software educacional tem grande potencial para despertar essa apropriação no estudante. A utilização de softwares educativos permite ao aluno um ambiente lúdico e interativo ao mesmo tempo. Esse ambiente estimula o raciocínio e a criatividade, pois o aluno pode com o direcionamento do professor interagir diante do computador aguçando suas curiosidades na manipulação do software em questão, sem contar que a sua utilização torna as aulas mais atrativas e dinâmicas, aumentando o nível de interesse e concentração dos educandos. É importante que os alunos estejam mais motivados, tenham mais iniciativa, explorem novas possibilidades. E as tecnologias podem ser um excelente auxiliar na tarefa de desenvolver esse aluno mais empreendedor e inovador. (MORAN, 2004, p. 349). No ensino da matemática, o uso de softwares no possibilita planejar atividades que antes com o uso de lousa e giz seriam impossíveis. Dessa forma, pode-se explorar conceitos matemáticos de forma detalhada e ao mesmo tempo dinâmica, fazendo que o aluno, por meio da manipulação e experimentação, construa o conhecimento matemático na interação com o software. O ambiente de ensino e aprendizagem, com uso de tecnologia e mais precisamente com o uso de softwares educacionais, eleva o nível de entendimento dos conteúdos, aumentam a interação do aluno com o conteúdo, e desenvolvem cientificamente e tecnologicamente o aluno. As potencialidades que a tecnologia possui no ensino da matemática, estão diretamente ligadas à aprendizagem significativa, pautada em Ausubel (1976) apud Moreira (2006), pois de acordo com ele, quando a aprendizagem significativa não se efetiva, o aluno acaba decorando, armazenando de maneira isolada os conteúdos, e provavelmente com o passar do tempo irá esquecê-los. Essa realidade acontece inúmeras vezes nas disciplinas de matemática, e acreditando em mudar esse panorama é que se deve levar em consideração os benefícios que a tecnologia pode trazer para o ensino e aprendizagem da matemática. Desta forma a metodologia utilizada para desenvolvimento da pesquisa sobre TICs no ambiente de ensino e aprendizagem da matemática, a qual alguns dos resultados são apresentados no corpo do presente artigo, pautou-se primeiramente em uma revisão bibliográfica, para apropriação de conhecimentos referentes: as tecnologias de informação e comunicação (TIC); uso correto das TICs em sala de aula; benefícios e contribuições do uso de softwares no ensino da matemática. Foi estudado também sobre o funcionamento, as ferramentas e potencialidade do software Graph. Visando constatar as contribuições que os softwares educacionais proporcionam ao ambiente de ensino e aprendizagem, foi escolhido o software Graph para ser implementado nas disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral II nos cursos de Engenharia Mecânica e Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná de Guarapuava e na disciplina de Laboratório de Matemática do curso de Licenciatura em Matemática da Unicentro de Guarapuava. A escolha pelo software Graph, se deu por ser um software livre, leve e de fácil manipulação, que suporta uma ampla variedade de funções já integradas, como exemplo as funções: linear, quadrática, racional, seno, cosseno, tangente, logarítmica, exponencial, hiperbólica. Tais funções podem ser feitas em diferentes cores e estilos de linha. Sombras e pontos também podem ser colocados em todo o sistema de coordenadas. As funções podem ser salvas como um arquivo gráfico, impressas ou exportadas para outros softwares. O software Graph permite ainda que se realizem alguns cálculos baseados na função representada no desenho das curvas. 2.1 Utilização do software Graph no ensino de Cálculo Diferencial e Integral II Diante dos estudos a respeito das contribuições que os softwares educacionais possibilitam no ensino da matemática, foi implementado no âmbito das aulas de Cálculo Diferencial e Integral II, nos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Guarapuava, no decorrer de 2016, a utilização do software Graph como ferramenta de apoio pedagógico no ensino de alguns tópicos contemplados no programa da disciplina. Nesse sentido, partindo da inquietação ao ver o desinteresse e as dificuldades apresentadas pelos alunos no entendimento dos cálculos com curvas parametrizadas e curvas polares, dentre eles; plotagem de curvas, tangentes, cálculo de áreas, áreas entre curvas e comprimento de curvas, foi abordado a utilização do software Graph no ensino de tais conteúdos, visando amenizar essa dificuldade e aumentar o interesse dos alunos. Uma das grandes dificuldades percebidas ao se trabalhar com curvas parametrizadas e curvas polares está na visualização gráfica dessas funções, que muitas vezes o aluno não consegue desenhar manualmente, dificultando os cálculos que seriam mais simples com funções padrões, da forma = (), como por exemplo interceptos com os eixos ou interceptos entre duas curvas. Desta forma, foi proposta uma atividade prática supervisionada (APS) envolvendo um roteiro de atividades relacionando a interpretação algébrica dos conteúdos mencionados anteriormente com a interpretação geométrica dos mesmos, usando o software Graph. Os alunos deveriam resolver algebricamente alguns exercícios propostos e em seguida resolver o mesmo geometricamente utilizando o Graph. Um dos exercícios que compunha a lista de atividades consistia em calcular a área de um laço da rosácea de quatro pétalas = cos(2). Nesse problema, foi possível perceber que os alunos apresentaram duas dificuldades; o desenho do gráfico, que é facilmente desenhado pelo software, e encontrar o valor dos parâmetros que delimitam um dos quatro laços, que é encontrado com simples comandos no software, para se fazer o cálculo da área utilizando integral. A Figura 1 ilustra a plotagem da curva no Graph. Figura 1: Ilustração gráfica da função polar = cos(2) Com simples comandos, foi possível encontrar os valores dos parâmetros em que ocorrem as intersecções dos laços e até sombrear a região a qual pretendia-se calcular a área, conforme Figura 2. Figura 2: Região a qual deveria ser calculada a área E com apenas alguns cliques, calculou-se a área dessa região. Assim foi possível verificar se a solução calculada algebricamente coincidiu com a do software. Na resolução do citado exercício, foi fácil perceber, que os acadêmicos possuem muitas dúvidas quando precisam fazer uso do pensamento abstrato para resolver situações problemas, e o Graph se torna um aliado dos acadêmicos para que a partir das representações geométricas, consigam construir um pensamento algébrico sólido. Outro exercício que compunha a lista de atividades consistia em calcular a área da região dentro do círculo = 3() e fora da cardioide = 1 (). Novamente foi possível perceber que os alunos apresentaram dificuldades no desenho das curvas, bem como na montagem da integral que calcula a área. Aqui notou-se que o software serviu de grande ajuda no processo do cálculo da área, pois os estudantes observaram que poderiam calcular primeiro a área dentro do círculo e depois subtrair a área dentro da cardioide, encontrando a área desejada. A Figura 3 ilustra a representação geométrica das duas curvas. Figura 3: Gráficos das curvas = 3() e = 1 () Com simples comandos, encontraram as intersecções entre as curvas, delimitando a região a qual deveria ser calculada a área, conforme Figura 4. Figura 4: Região dentro do círculo e fora da cardioide Com a região identificada, os alunos não tiveram dificuldades de verificar que essa região corresponde à diferença entre as regiões das imagens a seguir, das quais foram calculadas as áreas separadamente (Figuras 5 e 6). Figura 5: Área dentro do círculo Figura 6: Área dentro da cardioide Na sequência bastou subtrair as duas áreas e comparar com a área encontrada algebricamente. 2.2 Utilização do software Graph como apoio pedagógico para futuros professores A tecnologia pode contribuir de maneira significativa no ensino e aprendizagem da matemática, mas para isso também é necessário que os professores estejam preparados para implementar as ferramentas tecnológicas em suas aulas, pois caso contrário só estariam reproduzindo o que já faziam antes. Muitas vezes, os acadêmicos egressos dos cursos de Licenciatura em Matemática, saem pensando que para se ensinar matemática, lousa e giz são suficientes, e foi na tentativa de mudar esse panorama que foram compartilhados com os acadêmicos do 3º ano do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO, durante algumas aulas que o professor da disciplina de Laboratório de Matemática disponibilizou para que fosse possível trabalhar com os alunos a importância da utilização de recursos tecnológicos nas aulas de matemática. Como possibilidade de ferramenta tecnológica, foi trabalhado com os acadêmicos, a implementação do Software Graph para explorar conteúdos matemáticos, nesta etapa, foi abordado o ensino de funções. Primeiramente foi trabalhado com os acadêmicos a importância da tecnologia no ensino e aprendizagem da matemática, seus benefícios e contribuições, na sequência foi falado sobre a utilização de softwares em sala de aula, dessa maneira foi tratado de maneira específica o software Graph, trabalhando primeiro seu funcionamento e algumas sugestões de como poder ser abordado o conteúdo de funções com o uso desse software. Uma das atividades sugeridas foi uma experiência que pode ser realizada em sala de aula com os alunos em grupos, e consiste no seguinte: solicitar aos estudantes que peguem um copo cilíndrico milimetrado e com o auxílio de uma regra, encham o copo de água até marcar 6 centímetros, na sequência peça para que os alunos vão colocando de 5 em 5 bolinhas de gude dentro do copo e marcando sempre o nível da água, conforme o número de bolinhas. Na sequência é solicitado que os alunos organizem os dados obtidos em um diagrama de dispersão utilizando o Graph. Explorando o software, é possível fazer junto com os alunos um ajuste da curva que melhor descreve o problema. Dependendo da série em que se trabalharia esse problema, podem ser explorados vários conceitos. Por exemplo: permitiria que fosse introduzido o conceito de funções, poderia direcionar os alunos a perceberem que a quantidade de bolinhas que existe no copo está relacionada com o nível de água no copo, o que facilitaria o entendimento do que é uma variável dependente a uma variável independente. Também poderia falar das diferentes formas de representações e que a representação visualizada no Graph é a geométrica. Também poderia ser explorado o ajuste de curva possível a partir dos dados do problema, explorando então qual o tipo de função que se trata. A implementação do Graph em sala de aula, como ferramenta de apoio pedagógico para os futuros professores de matemática, foi baseada na construção crítica do conhecimento, amparada pelas teorias de Paulo Freire na visão de recriar ideias de modo que o ensino não seja receitas prontas a serem seguidas, mas sim sugestões a serem examinadas e modificadas pelo professor, de modo que o docente esteja consciente do que esta ocorrendo ao seu redor e assim estimule o pensamento crítico dos alunos, tornando a aprendizagem significativa (JÓFILI, 2002). Foi bastante significativa essa experiência, pois foi possível constatar que muitas vezes no decorrer da graduação os alunos se deparam com softwares sofisticados e muitas vezes ainda pagos, o que torna inviável a sua implementação no decorrer das aulas em escolas da rede pública estadual de ensino. Quando apresentado esse software aos acadêmicos, eles ficaram empolgados, demonstrando interesse por ser um software livre, de fácil manipulação, e leve, o que possibilitaria facilmente sua instalação nos computadores das escolas públicas da rede estadual de ensino, nas quais possivelmente eles irão atuar. Os acadêmicos mostraram-se bem empolgados, e perceberam as potencialidades que a utilização de ferramentas tecnológicas proporcionam no ensino e aprendizagem da matemática. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS No ensino e aprendizagem da matemática, tanto na educação básica quanto no ensino superior, a utilização das TICs, tem grande potencial. Falando especificamente em softwares educacionais, estes facilitam muito a compreensão de processos matemáticos de difícil abstração, pois por meio deles o aluno pode visualizar o objeto matemático em estudo, o que facilita também as diferentes representações semióticas sob o mesmo objeto matemático. Sem contar que o aluno ainda pode interagir com o software e suas ferramentas, ampliando as possibilidades de aprendizagem, fazendo que ele se questione e explore os conceitos matemáticos utilizando as ferramentas do software. Na utilização do Graph com os acadêmicos da licenciatura em matemática, foi possível perceber que eles ficaram bastante empolgados e demonstraram interesse em se apropriar das ferramentas oferecidas pelo software, para mais tarde utilizarem isso como apoio pedagógico em sua prática docente. Na utilização do software Ghaph no ensino de Cálculo II, verificou-se que o nível de entendimento dos alunos a respeito dos conteúdos trabalhados se tornou maior. Houve um aumento significativo de alunos comparecendo no Atendimento ao Aluno (horário que o professor fica a disposição dos alunos para tirar dúvidas), o que demonstrou que estavam mais interessados, pois aguçados pela curiosidade, estavam utilizando o Graph e explorando novos conceitos que ainda nem tinham sido trabalhados no decorrer das aulas. Notou-se também que a interação dos alunos no decorrer das aulas aumentou bastante, estavam demonstrando mais interesse pelos conteúdos trabalhados, e buscando o conhecimento de maneira não linear. Portanto, a utilização do software Graph, como ferramenta pedagógica nas aulas de matemática, traz ganhos significativos para aprendizagem. 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Thus developed a survey aimed at studying contributions that technology can bring to the teaching and learning of mathematics, both in basic education and in higher education, which was implemented in some classes of the discipline of Calculus II, in Mechanical Engineering courses and Civil Engineering, and some classes of Mathematics Laboratory discipline for students of the 3rd year Bachelor of Mathematics. Through the implementation of technology, using the Graph software on Differential Integral Calculus II classes and the mathematics laboratory classes , it was found that technology can significantly contribute to the teaching of mathematics , stimulating lessons and providing an environment constant interactions. Key-words: Information and communication technologies, Mathematics Education, Educational Software, Software Graph.