Biomarcadores têm papel fundamental na escolha do tratamento de pacientes O Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), por intermédio de seu Ciclo de Palestras, terá durante o ano uma intensa programação científica. Em sua segunda edição, o palestrante convidado foi o biólogo Leonardo Pires Capelli, Ph.D. em Citogenética Humana pelo Hospital do Câncer A.C. Camargo, São Paulo (SP) e também em Genética Humana e Médica pela Universidade de Lausanne, Suíça, que abordou o tema “Biomarcadores em Câncer de Pulmão”. O especialista explicou que os biomarcadores dentro da medicina têm uma série de funções, seja para o diagnóstico de doença, estadiamento, status da doença para verificar se ela progrediu ou não, predizer resposta para um determinado tratamento, monitorar a evolução da doença e determinar respostas a uma terapia específica. Acompanhe a entrevista com o especialista e informe-se sobre a atual condição dos biomarcadores nos tratamentos em hospitais e clínicas brasileiras, possibilitando um tratamento mais assertivo para os pacientes. IOP – Onde o Brasil se encaixa no cenário mundial da pesquisa com biomarcadores? Leonardo Pires Capelli – Acredito que apenas como um replicador das descobertas feitas em centros de pesquisas que são referências mundiais. IOP – Qual é o papel dos biomarcadores em câncer de pulmão? LPC – Atualmente, os biomarcadores têm papel fundamental na melhor escolha de tratamento dos pacientes com câncer de pulmão. Dependendo da histologia, os testes de mutações do EGFR, da translocação ALK e do PD-L1 direcionam de maneira altamente efetiva a conduta terapêutica dos pacientes. IOP – É de conhecimento que o câncer de pulmão é tido atualmente como uma doença de bases genéticas. Neste caso, é importante fazer um mapeamento genético, em caso afirmativo, com qual idade? LPC – Não só o câncer de pulmão é tido como uma doença de bases genéticas. O câncer como um todo tem fatores genéticos relativamente bem conhecidos. A busca de alterações genéticas só faz sentido se há um tratamento efetivo quando determinada alteração é identificada, como nos casos de EGFR e ALK para câncer de pulmão. Uma busca por alterações no genoma do indivíduo, além de ser extremamente dispendiosa nos dias atuais, não teria sentido se não existir o tratamento adequado. Acho que não é a idade o fator preponderante para as avaliações necessárias, e sim o momento do diagnóstico e a aplicação das condutas adequadas nesse momento. IOP – Há a perspectiva de que no futuro os biomarcadores se convertam para o diagnóstico precoce? LPC – Sem dúvida. Apenas com a continuidade e avanço das pesquisas é que poderemos identificar os biomarcadores adequados para o diagnóstico precoce. IOP – Hoje existem tratamentos personalizados aos pacientes. A medicina do futuro caminha para um remédio personalizado? LPC – Possivelmente. Os que as pesquisas têm mostrado é que, cada vez mais, esse conjunto de indivíduos caracterizados por uma determinada doença, como câncer de pulmão, por exemplo, são portadores de um conjunto de células alteradas derivadas do tecido pulmonar, e que irão responder de maneiras distintas às mais diversas formas de tratamentos disponibilizados. A medicina de precisão já é algo discutido em artigos científicos e em breve teremos novidades na conduta clínica do tratamento de pacientes, principalmente os pacientes oncológicos.