Perfil nutricional de pacientes indicados à artroplastia total de joelho

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A
Artigo Original
de Revisão
Sell FC et al.
Perfil nutricional de pacientes indicados à artroplastia
total de joelho
Nutritional profile of patients referred to total knee arthroplasty
Flávia Carvalho Sell1,2,3
Denise Soares de Camargo1,4
Carina Rossoni1,5
Karyne Kreuz1,6
Carlos Henrique Mendonça da Silva2,7
Unitermos:
Obesidade. Osteoartrite. Artroplastia do Joelho.
Keywords:
Osteoarthritis. Obesity. Arthroplasty, Replacement,
Knee.
Endereço para correspondência:
Carina Rossoni
Rua Barão do Rio Branco, 430-3, Sala 25 – Chapecó,
SC, Brasil – CEP: 89802-100
E-mail:[email protected]
Submissão:
30 de junho de 2013
Aceito para publicação:
8 de agosto de 2013
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
RESUMO
Introdução: A cirurgia de artroplastia total de joelho tem sido de grande importância na recuperação funcional dos joelhos de pacientes, quando existe indicação de tratamento cirúrgico.
Dessa forma, buscou-se avaliar o perfil nutricional dos pacientes indicados ao procedimento
cirúrgico de artroplastia total de joelho. Métodos: A amostra foi composta de 40 pacientes de
ambos os sexos, com indicação de artroplastia total de joelho, sendo analisadas as variáveis
antropométricas: peso, altura e circunferência abdominal. Resultados: A idade média da
amostra foi de 67 anos, sendo que 82,5% dos pacientes eram obesos, com IMC > 30 kg/m2; e
65% com risco de desenvolvimento de doença cardiometabólica, apresentando circunferência
abdominal média 100,7 cm. Destaca-se que as mulheres eutróficas não apresentaram risco
de doença cardiometabólica, mas as avaliadas com sobrepeso e obesidade apresentaram
100% e 93,8% de risco de desenvolvimento de doença cardiometabólica, respectivamente.
Conclusões: A obesidade está diretamente relacionada ao agravamento e alterações degenerativas da articulação do joelho, que levarão à indicação da artroplastia total de joelho,
evidenciados neste estudo por meio da correlação positiva com o excesso de peso (IMC) e
com a distribuição da gordura corporal (CA). De forma associada, a prevalência do risco de
desenvolver doenças cardiometabólicas nestes pacientes nos leva a afirmar a necessidade de
intervenção nutricional no pré, trans e pós-operatório, objetivando melhor resultado funcional,
assim como a adoção de hábitos alimentares e de vida saudáveis, para a redução e posterior
manutenção do peso saudável.
ABSTRACT
Introduction: Total knee arthroplasty surgery has been of great importance in the patients
functional recovery when there is indication of surgical treatment. Thus we sought to evaluate
the nutritional profile of patients referred to surgery for Total Knee Arthroplasty. Methods: The
sample consisted of 40 patients of both sexes, with indication of total knee arthroplasty, the
anthropometric variables analyzed were: weight, height and waist circumference. Results: The
mean age of the sample was 67 years, and 82.5% of patients were obese with BMI> 30kg/m2,
and 65% at risk of developing cardiometabolic disease, with an average waist circumference
of 100.7 cm. It is noteworthy that normal weight women showed no risk of cardiometabolic
disease, but the evaluated overweight and obesity, showed 100% and 93.8% risk of developing
cardiometabolic disease respectively. Conclusions: Obesity is directly related to deterioration
and degenerative changes of the knee joint, which will lead to an indication of Total Knee
Arthroplasty, this study evidenced through positive correlation with excess weight (BMI) and
body fat distribution (CA). Associated with the prevalence of the risk of developing cardiometabolic diseases in these patients a nutritional intervention before, during and after surgery
is necessary, aiming a better functional outcome, as well as the adoption of eating habits and
healthy living, for the reduction and maintenance of healthy weight.
Nutricionista Clínica, Chapecó, SC, Brasil.
Clínica ORTHOS, Chapecó, SC, Brasil.
Especialista em Nutrição Clínica e Funcional PUCPR, Curitiba, PR, Brasil.
Especialista em Nutrição Humana: Nutrição Clínica-Hospitalar, Unochapecó-SC, Chapecó, SC, Brasil.
Centro Integrado de Tratamento à Obesidade LIVEN, Chapecó, SC. Título de Especialista em Nutrição Parenteral e Enteral, SBNPE. Doutoranda
em Clínica Cirúrgica/ Obesidade e Síndrome Metabólica FAMED PUCRS, Porto Alegre, RS, Brasil.
Hospital Regional do Oeste HRO, Chapecó, SC. Especialista em Nutrição Humana Arthur Sa Earp Neto RJ. Docente do Curso de Nutrição
Unochapecó SC, Chapecó, SC, Brasil.
Médico Ortopedista e Traumatologista, Responsável Técnico da Clínica ORTHOS, Chapecó, SC. Especialista em Medicina do Esporte SBMEE,
Chapecó, SC, Brasil.
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Perfil nutricional de pacientes indicados à artroplastia total de joelho
INTRODUÇÃO
a indicação da intervenção cirúrgica, nos levou a idealização
deste trabalho, com a intenção de identificar a real incidência
de sobrepeso ou obesidade nos pacientes com a indicação da
artroplastia total de joelho.
A osteoartrose do joelho provoca a destruição da cartilagem
articular e leva a uma deformidade da articulação por ser uma
doença de caráter inflamatório e degenerativo. A cirurgia ortopédica pode retardar a progressividade do processo artrósico,
corrigindo as deformidades por meio das osteotomias, porém, a
evolução da degeneração articular, seja ela de causa idiopática
ou secundária a trauma ou doença inflamatória, leva à desestruturação de todo o aparelho osteoligamentar e ao agravamento
da deformidade, sendo que, nessa situação, as artroplastias totais
têm auxiliado na melhoria da qualidade de vida dos pacientes1.
MÉTODO
Este trabalho trata-se de um estudo transversal, descritivo,
quantitativo. O estudo foi desenvolvido com pacientes candidatos
a artroplastia total de joelho atendidos na Clínica Orthos, especializada em ortopedia e traumatologia, localizada no município
de Chapecó-SC.
Uma artroplastia total de joelho (ATJ) é indicada para incapacidade grave resultante de dor, deformidade e função limitada
como resultado de artrite reumatoide, osteoartrite ou outras artrites
na região do joelho. A cirurgia deve ser considerada somente
depois de uma tentativa adequada de terapia conservadora,
incluindo fisioterapia, medicação anti-inflamatória e modificação
das atividades diárias. A dor isoladamente deve levar o médico a
procurar outras alternativas de tratamento, e ainda a deformidade
estrutural sem dor ou incapacidade importante é muito bem tolerada, especialmente no idoso, e não deve constituir isoladamente
uma indicação para cirurgia2.
A amostra foi constituída de pacientes, de ambos os sexos,
indicados à artroplastia total de joelho, pelo médico ortopedista
e traumatologista responsável técnico da Clínica Orthos.
A coleta de dados foi realizada no período de julho a setembro
de 2009, após amplo trabalho de esclarecimento junto aos
pacientes quanto aos objetivos do estudo, e a fim de resguardar
os procedimentos éticos.
A coleta foi realizada de forma aleatória, e as medidas coletadas por um único avaliador, a fim de padronizar e diminuir a
possibilidade de erros, após a assinatura do termo de consentimento e livre esclarecimento pelos pacientes, com aprovação
do Comitê de Ética da Universidade Comunitária Regional
de Chapecó - Unochapecó e, posteriormente, das instituições
hospitalares, sob parecer número 217/08, em 16 de dezembro
de 2008.
A alta incidência de afecções degenerativas da articulação do
joelho com indicação de artroplastia total é um sério problema
de saúde pública, que gera um alto custo hospitalar, com sérios
transtornos psicossociais para o paciente.
A obesidade representa de forma direta (sobrecarga) ou
indireta (diminuição da atividade física, deformidades angulares, desequilíbrio muscular) um fator relacionado ao início ou
progressão da osteoartrite, particularmente nas articulações dos
membros inferiores3.
Os pacientes indicados à artroplastia total de joelho foram
submetidos à avaliação do estado nutricional por meio das
medidas antropométricas, utilizando peso, altura e circunferência
abdominal.
Para as aferições do peso, foi utilizada balança mecânica com
precisão de 100 gramas, com o paciente descalço, utilizando
roupas leves, posicionado em pé sobre o centro da balança,
com os braços estendidos ao longo do corpo.
A alteração do estado nutricional está intimamente relacionada com o aparecimento de doenças nas articulações, incluindo
a do joelho e, também, com o agravamento de doenças já existentes. Uma adequada intervenção por meio de terapia nutricional
individualizada pode modificar o prognóstico de vários pacientes
de maneira satisfatória.
A altura foi mensurada no estadiômetro da própria balança
com precisão de 1 cm, com o paciente em pé sobre a balança,
descalço, com os calcanhares juntos e o corpo o mais reto
possível, mantendo a linha da visão horizontal.
No entanto, para estabelecer as intervenções nutricionais
adequadas a cada paciente, é necessário conhecer o seu estado
nutricional.
O índice de massa corporal (IMC) foi obtido dividindo-se o
peso (kg) pela altura ao quadrado (m2). Os indivíduos foram,
então, classificados de acordo com a classificação do IMC
proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS)4, na qual
foram utilizados os pontos de corte do IMC, de acordo com a faixa
etária para adultos (Tabela 1) e para idosos. Além desta, utiliza-se
para idosos os pontos de corte sugeridos por AAFP5 (Tabela 2).
Além de uma grande incidência de cirurgias de artroplastia
total de joelho, no município de Chapecó- SC não existe estudo
referente ao assunto, o que justifica a realização de um estudo
sobre o estado nutricional e sua correlação com a indicação a
artroplastia total de joelho.
A importância deste trabalho está no fato de possivelmente
ficar constatada uma elevada incidência de pacientes com
sobrepeso ou obesidade com indicação trans e pós-operatório,
objetivando um melhor resultado funcional.
A medida da circunferência abdominal foi obtida com
o paciente em pé, na menor curvatura localizada entre as
costelas e a crista ilíaca com fita métrica flexível e inelástica sem
comprimir os tecidos.
Dessa forma, a constatação de que as alterações no estado
nutricional podem agravar e até mesmo desencadear alterações
degenerativas da articulação do joelho, que irão culminar com
Quando não foi possível identificar a menor curvatura,
obteve-se a medida acima da cicatriz umbilical6. Os pontos de
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Sell FC et al.
Na associação entre as variáveis qualitativas, o teste quiquadrado de Pearson foi aplicado.
Tabela 1 – Classificação do IMC para Adultos.
Valor de IMC
Estado Nutricional
< 16
Desnutrição Grau III
16 – 17,99
Desnutrição Grau II
17,0 – 18,5
Desnutrição Grau I
18,5 – 24,9
Eutrofia
25,0 – 29,9
Pré-obesidade
30,0 – 34,9
Obesidade Classe I
35,0 – 39,9
Obesidade Classe II
≥ 40,0
Obesidade Classe III
O nível de significância estatística considerado foi de 5%
(p ≤ 0,05).
RESULTADOS
Durante o período de estudo, foram avaliados 40 indivíduos
indicados à artroplastia total de joelho, destes 25% (n=10)
eram adultos na faixa etária entre 50 a 59 anos e os outros
75% (n=30) idosos na faixa etária de 60 a 89 anos; o sexo
feminino representando 55% (n=22) da amostra, enquanto 45%
(n= 18) do sexo masculino, de acordo com as características
demográficas apresentadas na Tabela 4.
Fonte: OMS, 1998.
A faixa etária não se associou nem com a classificação do
IMC (p=0,243) nem com o risco metabólico (p=1,000).
Tabela 2 – Classificação do IMC para Idosos.
IMC (kg/m2)
Classificação
< 22
Desnutrição ou Magreza
22 - 27
Eutrofia
> 27
Obesidade ou Excesso de peso
As mulheres apresentaram significativamente menor peso
e estatura, como já era esperado. No entanto, também apresentaram maior risco metabólico do que os homens (86,4%
vs. 38,9%, respectivamente, com p=0,005), como pode ser
observado na Tabela 5.
Houve associação estatisticamente significativa entre a
classificação do IMC com o risco metabólico na amostra total
(p=0,021). Indivíduos eutróficos não apresentaram risco metabólico, ao passo que os com sobrepeso e obesidade apresentaram alto risco metabólico (100% e 66,7%, respectivamente).
Fonte: AAFP, 1997.
Tabela 3 – Classificação do Risco de Desenvolvimento de Doenças
Cardiometabólicas por meio da aferição da Circunferência Abdominal.
Gênero
A maior prevalência de risco metabólico nesses pacientes
ocorre devido ao pequeno número de indivíduos com sobrepeso
(n=4) quando comparados aos obesos (n=33). A associação
deve-se ao sexo feminino (p=0,001).
Risco de complicações metabólicas
Elevado
Muito elevado
Masculino
≥ 94 cm
≥ 102 cm
Feminino
≥ 80 cm
≥ 88 cm
Todas as mulheres eutróficas não apresentaram risco metabólico, enquanto que as com sobrepeso e obesidade apresentaram alta prevalência de risco metabólico (100% e 93,8%,
respectivamente), como é apresentado na Figura 1.
Fonte: NCEP ATP III, 2001.
corte utilizados para identificação e avaliação de risco metabólico através da CA estão apresentados na Tabela 37.
DISCUSSÃO
Cabe destacar que, neste estudo, os pacientes foram considerados sobrepeso os que apresentaram IMC entre 25 e 29,9
kg/m2 e, obesos, o IMC acima de 30 kg/m2, independentemente
da classificação de faixa etária.
Os pacientes que participaram deste estudo representam o
número de indicação para a realização de artroplastia total de
joelho, em uma clínica especializada em ortopedia do município
de Chapecó-SC, no período de julho a setembro de 2009,
totalizando uma amostra de 40 indivíduos.
Para a análise da circunferência abdominal, consideramos
risco de desenvolvimento de doença cardiometabólica os valores
acima de 88 cm para mulheres e 102 cm para homens.
No grupo estudado, houve predominância de indivíduos
idosos em relação aos adultos, pois a incidência de osteoartrite
em todas as articulações está intimamente relacionada com
a idade, ou seja, quanto mais elevada for a faixa etária da
população, maior será o número de indivíduos acometidos por
esta enfermidade8.
Análise estatística
A análise dos dados foi realizada utilizando o software SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences) versão 18.0.
As variáveis quantitativas foram descritas por meio de média
e desvio padrão e as variáveis categóricas foram descritas por
frequências absolutas e relativas.
Em relação ao sexo, as mulheres apresentaram maior incidência de indicação a artroplastia total do joelho, sendo que
no acometimento da osteoartrite essa diferença entre os sexos
também foram encontradas por diversos autores9,10.
Para comparar as variáveis contínuas entre os gêneros, o
teste t de Student para amostras independentes foi aplicado.
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Perfil nutricional de pacientes indicados à artroplastia total de joelho
representar um grave risco à saúde por estar ligada a muitas
doenças, como a osteoartrite e outras doenças, articulares
degenerativas17.
Em um estudo realizado com o objetivo de investigar a
influência do sobrepeso e da obesidade no aparecimento e
progressão da dor e da incapacidade do joelho em idosos,
observou-se que, entre os participantes sem dor no início do
estudo, a obesidade precipitou o início da dor grave do joelho,
sendo que os 19% dos novos casos de dor intensa poderiam
ser evitados com mudanças no estado nutricional18.
Ao investigar a relação entre o índice de massa corporal
(IMC) e a incidência e progressão da osteoartrose e osteoartrite
de joelho em indivíduos com mais de 55 anos, foram encontradas evidências que IMC ≥ 27 kg/m2 está associado com a
incidência de osteoartrose do joelho e com a progressão da
osteoartrite de joelho19.
RM: Risco metabólico (homens com circunferência abdominal > 102 cm e mulheres > 88 cm)
Figura 1 – Associação entre a classificação do IMC e o risco metabólico na
amostra total e por gênero.
Porém, essas diferenças só se tornam relevantes após os
55 anos de idade, quando as mulheres passam a ser mais
acometidas pela doença do que os homens11.
Em um estudo realizado para avaliar o efeito da altura, peso
e índice de massa corporal (IMC) sobre o risco de substituição
do quadril e joelho em mulheres na faixa etária de 50 a 69
anos no Reino Unido, o risco de artroplastia de quadril e joelho
foi maior com o aumento do IMC. Para cada 5 kg de aumento
de peso, o risco de substituição do quadril e do joelho também
foi aumentado, embora comparando o efeito do peso sobre
a substituição do joelho foi substancialmente maior do que o
efeito para a substituição do quadril16.
O principal fator contribuinte para o aumento da incidência
a partir dessa idade nas mulheres está relacionado à deficiência
estrogênica pós-menopausa, que eleva os riscos para o desenvolvimento de osteoartrite12-14.
Essas informações são confirmadas por um estudo que
observou a associação da terapia de reposição hormonal com
a redução de até três vezes na incidência de osteoartrite na
população feminina15.
Ao verificar a presença de risco de complicações metabólicas
por meio da medida da circunferência abdominal, mais da metade
dos avaliados encontrava-se com risco muito elevado, havendo
predominância no sexo feminino. Esses resultados se assemelham
aos encontrados ao avaliarem 30 mulheres com sintomas de
osteoartrite de joelho onde que todas as voluntárias apresentaram
circunferência abdominal aumentada, evidenciando que a gravidade da osteoartrite está correlacionada com a distribuição da
gordura corporal20.
Estudos sugerem que a redução de peso em mulheres até
classificarem-se com IMC <25 kg/m2 pode trazer benefícios na
redução do risco de substituição da articulação16.
Nos idosos avaliados, encontrou-se uma grande predominância de excesso de peso em ambos os sexos e, nos
adultos avaliados, todos foram classificados em obesidade
grau I, o que pode levar ao agravamento das doenças que
acometem a articulação do joelho e, consequentemente, à
indicação de artroplastia total do joelho, devido à obesidade
Tem-se associado o IMC à osteoartrite de joelho devido à
carga mecânica sobre essas articulações, embora mediadores
Tabela 4 – Características demográficas dos pacientes candidatos à artroplastia total de joelho.
Variáveis
Amostra total
(n=40)
Homens
(n=18)
Mulheres
(n=22)
p **
67,0 ± 9,4
68,3 ± 9,2
65,9 ± 9,7
0,427
< 60 anos
10 (25,0)
4 (22,2)
6 (27,3)
1,000
≥ 60 anos
30 (75,0)
14 (77,8)
16 (72,7)
Peso (kg) – Média ± DP
87,5 ± 14,0
94,1 ± 13,7
82,1 ± 12,1
0,006
Altura (m) – Média ± DP
1,66 ± 0,07
1,72 ± 0,05
1,62 ± 0,06
<0,001
Circunferência abdominal (cm) – Média
± DP
100,7 ± 10,2
100,8 ± 9,1
100,5 ± 11,3
0,944
Idade (anos) – Média ± DP
Faixa etária – n(%)
Dados antropométricos
* considerado com sobrepeso os homens e mulheres que apresentaram IMC ≥ 25- 29,9 e obesos ≥ 30
** teste t-Student (comparação de médias) ou teste qui-quadrado de Pearson (comparação de proporções)
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Sell FC et al.
2.Lotke PA, Lonner JH. Artroplastia do joelho. 2a. ed. Rio de Janeiro:
Revinter; 2007.
Tabela 5 – Perfil nutricional nos pacientes candidatos a artoplastia total de
joelho através do IMC e CA.
Variáveis
Classificação do IMC
- n%
Sobrepeso (25 - 29,9)
Eutrofia (<25)
Obesidade (≥ 30)
Risco metabólico - n%
Sim*
Não
Amostra
total
(n=40)
Homens Mulheres
n=(18)
n=(22)
3 (7,5)
4 (10,0)
33 (82,5)
1 (5,6)
0 (0,0)
17 (94,4)
2 (9,1)
4 (18,2)
16 (72,7)
26 (65,0)
14 (35,0)
7 (38,9)
11 (61,1)]
19 (86,4)
3 (13,6)
p**
3.Faloppa F, Belloti JC. Tratamento clínico da osteoartrose: evidências
atuais. Rev Bras Ortop. 2006;41(3):47-53.
0,135
4.World Health Organization. Obesity: preventing and managing
the global epidemic. Report of the WHO Consultation on Obesity.
Genebra: WHO; 1998.
5.The Nutrition Screening Initiative. Incorporating nutrition screening
and interventions into medical practice. a monograph for physicians. Washington: American Academy of Family Physicians. The
American Dietetic Association. National Council on Aging Inc; 1997.
0,005
6.Lopes MA, Martins MO. Perímetros. In: Petroski EL,ed. Antropometria: técnicas e padronizações. Porto Alegre: Palorri; 1999. p.69-86.
* considerado com risco metabólico se homens apresentaram circunferência abdominal acima de
102 cm e mulheres acima de 88 cm
7.National Institute of Health. NCEPATP III Guidelines for Cholesterol
Management [Acesso 2 março 2011]. Disponível em: http://www.
nhlbi.nih.gov/guidelines/cholesterol/atp3full.pdf
** teste t-Student (comparação de médias) ou teste qui-quadrado de Pearson (comparação de
proporções)
8.Woolf AD, Pfleger B. Burden of major musculoskeletal conditions.
Bull World Health Organ. 2003;81(9):646-56.
bioquímicos também tenham sido sugeridos como uma causa
possível21.
9.Kelley WN, Harris ED. Kelley’s textbook of rheumatology. 7th ed.
Philadelphia: Elsevier Saunders; 2005.
Resultados de estudos demonstraram uma semelhança no
efeito do IMC e do peso sobre o risco de substituição das articulações, porém, com uma diferença marcante em seus efeitos
sobre a articulação do quadril comparada com a articulação
do joelho. Isto sugere que a carga mecânica é a fator preponderante na relação entre IMC e osteoartrite, pois no caso de
mediadores bioquímicos seria de esperar ter um efeito similar
no quadril e joelho16.
10.Sangha O. Epidemiology of rheumatic diseases. Rheumatology
(Oxford). 2000;39 Suppl 2:3-12.
11.Backer RC. Prevalência de osteoartrite de joelho na população
acima de 50 anos usuárias da unidade local de saúde de Saco Grande
[Tese de doutorado]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa
Catarina; 2006.
12.Bachmeier CJM, Brooks PM. Osteoartrite: aspectos epidemiológicos,
avaliação e tratamento. Rev Bras Reumatol. 1996;36(6):279-90.
13.Felson DT, Lawrence RC, Dieppe PA, Hirsch R, Helmick CG, Jordan
JM, et al. Osteoarthritis: new insights. Part 1: the disease and its risk
factors. Ann Intern Med. 2000;133(8):635-46.
CONCLUSÕES
14.Felson DT, Zhang Y. An update on the epidemiology of knee
and hip osteoarthritis with a view to prevention. Arthritis Rheum.
1998;41(8):1343-55.
Os resultados deste estudo evidenciam que os indivíduos
indicados a artroplastia total de joelho apresentaram correlação
positiva com o excesso de peso (IMC) e com a distribuição da
gordura corporal (CA), variáveis antropométricas estas que devem
ser amplamente utilizadas no diagnóstico do risco de agravamento
da osteoartrite de joelho, o que leva à indicação da cirurgia,
sendo assim, atividades de educação nutricional e prevenção do
agravamento do estado nutricional devem ser incentivadas.
15.Spector TD, Nandra D, Hart DJ, Doyle DV. Is hormone replacement
therapy protective for hand and knee osteoarthritis in women?: The
Chingford Study. Ann Rheum Dis. 1997;56(7):432-4.
16.Liu B, Balkwill A, Banks E, Cooper C, Green J, Beral V. Relationship
of height, weight and body mass index to the risk of hip and knee
replacements in middle-aged women. Rheumatology (Oxford).
2007;46(5):861-7.
17.Stevens A, Lowe J. Patologia. 2a ed. São Paulo: Manole; 2002.
Cabe ressaltar a importância da realização de estudos
adicionais acerca da prevalência de doenças degenerativas na
articulação do joelho e, consequentemente, a indicação ao procedimento de artroplastia total de joelho em paciente com sobrepeso
e obesidade, o que auxiliará na comprovação dos fatores de
riscos ao surgimento e agravamento das doenças degenerativas
nessa população.
18.Jinks C, Jordan K, Croft P. Disabling knee pain: another consequence
of obesity: results from a prospective cohort study. BMC Public
Health. 2006;6:258.
19.Reijman M, Pols HA, Bergink AP, Hazes JM, Belo JN, Lievense
AM, et al. Body mass index associated with onset and progression
of osteoarthritis of the knee but not of the hip: the Rotterdam Study.
Ann Rheum Dis. 2007;66(2):158-62.
20.Chacur EP, Silva LO, Luz GCP, Silva PLS, Baraúna MA, Cheik
NC. Obesidade e suas correlações com a osteoartrite de joelho em
mulheres. Fisioter Mov. 2008;21(2):93-8.
REFERÊNCIAS
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and hip osteoarthritis with a view to prevention. Arthritis Rheum.
1998;41(8):1343-55.
1.Camanho GL. Tratamento da osteoartrite de joelho. Rev Bras Ortop.
2001;36(5):135-40.
Local de realização do trabalho: Clínica Orthos e Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó), Chapecó, SC, Brasil.
Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 68-72
72
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