SEGUNDA, 15 DE FEVEREIRO DE 2016 INFLAÇÃO | 15 CONTROLE DOS GASTOS “A TENDÊNCIA É QUE AS PESSOAS FIQUEM COM RECEIO” queda de produção, na redução dos serviços, e há queda no nível de emprego. Está tudo ligado: com ambiente econômico mais difícil e redução de emprego e produção, há menos dinheiro em circulação, menos renda e menos impostos. O outro grande problema – o maior receio – é a inflação sair do controle, pois quando ela atinge dois dígitos, como é o Jogaram a taxa de juros na estratosfera, realmente fecharam todas as portas da recuperação econômica. E faltou apoio político da base aliada para as medidas de austeridade fiscal dentro do Parlamento. Aquilo que se propunha no Congresso praticamente não foi aprovado, só parcialmente. Sem contar os pacotes-bomba colocados em pauta por Eduardo Cunha (presidente da Câmara), que criavam ainda mais gastos fixos e com pessoal na esfera federal. Não bastasse, boa parte da cúpula do Congresso está denunciada no Supremo Tribunal Federal dentro da Operação Lava Jato, que investiga a corrupção endêmica na Petrobras. São mais de 30 parlamentares investigados. É verdade, também, que a briga do go- verno com Eduardo Cunha congelou a agenda do ajuste fiscal. Os projetos estão parados. No campo da economia e do emprego, não haverá os aumentos reais de salários dos últimos anos. Serão reajustes moderados: a maioria conseguirá aumento perto da inflação – como os bancários conseguiram. As pessoas vão ter que aceitar algumas perdas e, em alguns setores, haverá regimes especiais de trabalho, com redução de jornada, inclusive no programa de proteção ao emprego em que governo já subsidia a metade nessa redução da jornada. A essa altura é mais importante a manutenção do emprego do que ganhos salariais. ninguém sabe até quando fica no cargo, com os presidentes da Câmara e do Senado investigados... A tendência é tudo continuar como no final de 2015, com a situação turbulenta e expectativas desfavoráveis. A presidente Dilma está sem credibilidade por tudo o que está acontecendo no país. O futuro dela dependerá da decisão do Supremo Tribunal Federal (sobre o recurso de Eduardo Cunha) e da eleição da co- missão do impeachment na Câmara. Independentemente de qualquer coisa, ela está diante de um Congresso hostil e vai enfrentar muitas dificuldades. O governo não sinaliza compromisso real com a austeridade e isso faz subir dólar e taxa de juros. Qualquer declaração da presidente e do ministro da Fazenda é, no mesmo dia, criticada pelo comando do PT e entidades sociais ligadas ao partido do governo. Nessas circunstâncias, é pouco provável que Dilma, em curto espaço tempo, assuma posições claras em favor do equilíbrio fiscal, e com os seguintes agravantes: governo imobilizado, processo de impeachment e falta de medidas estruturantes. A crise ainda não chegou em seu momento mais difícil. É provável que o desemprego aumente, há protesto marcado para março. E o ambiente de crise ainda terá impacto nas eleições municipais. Os Estados e municípios estão em situação de penúria e há tendência clara de os atuais governantes, independentemente do partido, terem chances mínimas de se reeleger. Marcelo Loyola Economista e coordenador geral da Faculdade Pio XII A inflação, por si, já é algo que preocupa, pois desorganiza a economia. Fica mais difícil para as pessoas e para as empresas construírem e controlarem seus orçamentos. Nesse sentido, se dificulta o ambiente econômico, e se os negócios ficam mais difíceis, a tendência é que as pessoas fiquem com menos confiança, retraídas, com receio. Isso bate na “AS PESSOAS VÃO TER QUE ACEITAR PERDAS. O AJUSTE NÃO PASSOU” caso, para chegar aos três dígitos é um risco muito grande. A gente está na expectativa de que o governo faça alguma coisa até março. Já está passando da hora de o governo reduzir o gasto público e colocar suas contas em ordem. Tem que colocar em prática a redução de ministérios, secretarias e cargos comissionados, reduzir o tamanho do Estado, avaliar se tem empresas públicas que precisam continuar existindo. E as famílias devem poupar pelo menos 10% do salário, para ter reservas, e fazer muita pesquisa de preços. Buscar produtos e marcas menos atingidos pela inflação e procurar ofertas. Roberto Piscitelli Economista (UnB) IMPEACHMENT “SITUAÇÃO É TURBULENTA E AS EXPECTATIVAS, DESFAVORÁVEIS” Gil Castelo Branco Analista político Nenhum ator externo é louco de investir no Brasil com uma mandatária que RECESSÃO COMBATE AO MOSQUITO “VAI SER MAIS UM ANO DE POUCA PRODUÇÃO E DE POUCO EMPREGO” Arilda Teixeira Economista da Fucape e professora Duas questões preocupam na recessão, de ordem econômica e de ordem social. Pelo viés econômico, o que preocupa é a perda da produção, dos empregos, do crescimento que a recessão impõe à sociedade. Já a questão social, se a economia não está produzindo, ela também não está gerando emprego e renda. Nesse contexto, o salário reduz, a oferta de emprego diminui ou acaba e isso afeta na capacidade de sobreviver do trabalhador. As consequências são a perda, para uma geração, de oportunidades de trabalho, de crescimento, de desenvolvimento. Piora toda a estrutura da sociedade e compromete o futuro do país. O ano de 2016 vai ser mais um ano de recessão, de pouca produção, de pouco emprego. Mais um ano difícil para os brasileiros. Precisamos retomar o crescimento para sair dessa situação e, para que isso ocorra, a economia tem que estar com os fundamentos estáveis. A política monetária tem que evitar que a inflação se propague; o Tesouro Nacional tem que gastar somente o dinheiro que recebe; tem que saber dar prioridade aos gastos em prol da coletividade e não em benefício de poucos. E o marco regulatório, que são as regras para que a economia funcione, precisa melhorar. Estou falando de colocar correligionários partidários ao invés de técnicos em cargos de gestão. “EM 2016, NÓS VAMOS TER MUITA ZIKA E MUITA DENGUE” Lauro Ferreira Pinto Infectologista O zika não é mais grave que a dengue, não mata mais que a dengue, mas ele mexe com a gestante e ainda não sabemos com que frequência a microcefalia acontece, em que período, ainda falta informação. Em 2016, nós vamos ter muita zika e muita dengue, porque está quente e úmido, mas temos que fazer um esforço para não deixar isso explodir. Infelizmente, acho que ainda vamos ter casos graves de dengue e relatos de microcefalia neste ano. Mas para resolver é fazer mais do mesmo. Nós continuamos com muita dificuldade de lidar com nosso lixo, somos muito desleixados com nossos resíduos, em todas as classes sociais. Se não temos educação para cuidar do nosso resíduo, então vamos ter foco de mosquito a toda hora. Nosso grande desafio é cuidar do nosso lixo. Temos a vacina da dengue chegando e existe uma esperança de que o zika tenha uma vacina mais rápida, mas isso deve levar pelo menos uns dois anos. Enquanto isso, cada capixaba tem que fazer sua parte dentro de casa. Em todo Brasil, a maior parte dos focos está dentro de casa. Às vezes é o ralo, o pneu jogado, a tampinha de refrigerante, a garrafa para cima. E isso tem que ser visto uma vez por semana, se uma vez por semana cada capixaba fizer isso a gente vai ter um verão melhor, pelo menos com notícias melhores.