estados da Paraíba e Pernambuco – Nordeste do Brasil

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Mapeamento geomorfológico da área correspondente às folhas
Alhandra e Pitimbu 1:25.000 – estados da Paraíba e Pernambuco –
Nordeste do Brasil
Mapeo geomorfológico del área correspondiente a las hojas Alhandra y
Pitimbu 1:25.000 – estados de Paraíba y Pernambuco – Noreste de Brasi
Geomorfological mapping of the area correspondent to Alhandra e Pitimbu
Leaf 1:25.000 –of the Paraíba and Pernambuco states – Northeast of Brazil
Resumo
Resumen
Abstract
Com a perspectiva de mapear
geomorfologicamente a área
englobada pelas Folhas
Alhandra e Pitimbu, adotou-se a
metodologia taxonômica do
relevo. A escala 1:25.000
admitiu identificar os seis
taxons: Bacia Sedimentar
Pernambuco-Paraíba (1º taxon);
Tabuleiros Litorâneos, Baixada
Litorânea e Depressão do Abiaí
(2º taxon); nos 3º e 4º taxons
registraram-se as unidades
morfológicas denudacionais
(tabulares, convexas e
semiconvexas) e agradacionais
(planícies interdidais, marinha e
fluviais; terraços marinhos e
fluviais e colúvios); as vertentes
retilíneas (5º taxon); as menores
formas mapeáveis: voçorocas,
dobras e falhas (6º taxon).
Considera-se a importância da
pesquisa ao contribuir para
planejamentos ambientais.
Con la perspectiva de mapear
geomorfológicamente el área
englobada por las Hojas
Alhandra y Pitimbu, se adoptó la
metodología taxonómica del
relieve. La escala 1:25.000
admitió identificar los seis
taxones: Cuenca Sedimentar
Pernambuco-Paraíba (1º taxón);
Tableros Litorales, Bajada
Litoraly Depresión del Abiaí (2º
taxón); en los 3º y 4º taxones se
registrar on as unidades
morfológicas denudacionales
(tabulares, convexas y
semiconvexas) y
agradacionales (planicies
intermareales, marina y
fluviales; terrazas marinas y
fluviales y coluvios).También
fueron detectadas las vertientes
rectilíneas (5º taxón) y las
menores formas mapeables:
barrancos, pliegues y fallas (6º
taxón). Se considera la
importancia de la investigación
al contribuir para planificaciones
ambientales.
With the aim of mapping
geomorphologically the area
embedded by the Alhandra and
Pitimbu Leafs, the taxonomic
methodology of the relief was
adopted. The 1:25.000 scale
permitted to identify six taxons:
Pernambuco-Paraíba
Sedimentary Basin (1st taxon);
Coastal Tableland, Coastal
Lowlands and Abiaí Depression
(2nd taxon); in the 3rd and 4th
taxons, denudational (tabular,
convex and semiconvex) and
agradational (interdidal, marine
and fluvial plains; marine and
fluvial terrace and colluviums)
morphological units were
registered. The rectilinear
slopes (5th taxon) and the
smallest mappable forms:
gullies, folds and faults (6th
taxon) were also found. The
importance of this research
rests on its possible contribution
to environmental plannings.
Palavras-chave: Alhandra,
Pitimbu,Formação Barreiras,
Mapeamento
geomorfológico,taxons
Key-words: Alhandra, Pitimbu,
Barreiras Formation,
Palabras-clave:
Alhandra, Geomorfological mapping,
Pitimbu, Formación Barreras, Taxons
Mapeo
geomorfológico,
Taxones
*Endereço postal: Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Departamento de Geociências,
Programa de Pós-Graduação em Geografia. Cidade Universitária – João Pessoa- Paraíba - Brasil. CEP: 58059-900.
*Correio eletrônico: [email protected]
** Correio eletrônico: [email protected]
***Correio eletrônico: [email protected]
A
Introdução
pesquisa
geomorfológica
fundamenta-se na percepção de Penk
Estudos sobre o relevo tornam-se
(1953, apud SANCHES ROSS, 1992),
essenciais, pois é nesse componente da
quando definiu que as formas do relevo
natureza que se desenvolvem todas as
são produtos da ação de processos
atividades humanas, assim sendo suas
endogenéticos
configurações
geométricas
(abalos
falhamentos,
declividades
influenciam
nas
de
sísmicos,
e
soerguimentos,
diretamente
dobramentos, intrusões e vulcanismo) e
formas
ocupações.
Nesse
exogenéticos
sentido,
(CHRISTOFOLETTI,
(fatores
climáticos,
os
1999)
processos de meteorização, erosão e
relata que a Geomorfologia estuda as
transporte de material). A partir dos
formas de relevo, considerando sua
pressupostos de Penk, Mescerjakov e
gênese,
suas
características
Gerasimov
(1968
apud
SANCHES
morfológicas, os materiais componentes,
ROSS, 1992) desenvolvem os conceitos
os
processos
ativos
e
os
fatores
de morfoestrutura e morfoescultura, que
controladores, tornando-se importante
fornecem uma nova direção teóricopara as organizações espaciais. Nessa
metodológica
para
os
estudos
de
mesma ótica Casseti (1991) afirma que
geomorfologia. As morfoestruturas estão
“como
componente
da
ciência
representadas
por
características
geográfica, a geomorfologia constitui
estruturais, litológicas e geotectônicas,
importante subsídio para a compreensão
que estão associadas às suas gêneses.
racional da forma de apropriação do
As morfoesculturas associam-se aos
relevo, considerando a conversão das
produtos
morfológicos
de
influência
propriedades geoecológicas (suporte e
climática atual e pretérita. Sanches Ross
recurso) em sócio-reprodutoras”.
(1992)
considera
que,
as
morfoesculturas são áreas menores que
espacial
as morfoestruturas, ou seja, estabelece
pretéritos, que são responsáveis pela
uma hierarquia.
configuração do relevo e das paisagens
Sanches Ross (2012) destaca
que é de suma importância ter claro que
dos
processos
contemporâneas.
representação
Nesse
atuais
e
sentido,
cartográfica
a
pode
fornecer dados sobre as condições
o relevo é apenas um dos componentes
da atmosfera e que está intrinsecamente
locais para ocupação ou, ainda, em caso
relacionado com
que o
de ocupação já concretizada, pode
sustenta, com o clima que o esculpe e
auxiliar na identificação de áreas com
as
rochas
com os solos que o recobre. As formas
diferenciadas
do
relevo
possíveis problemas no futuro.
decorrem,
Fundamentando-se
nessa
portanto, da atuação simultânea, porém,
desigual das atividades climáticas, de
explanação, essa pesquisa teve como
um lado, e da estrutura da litosfera de
objetivo
outro, bem como ter a clareza de que
geomorfológico da área correspondente
tanto o clima quanto a estrutura não se
fazer
um
mapeamento
às cartas topográficas de Alhandra e
comportam sempre iguais, ou seja, ao
Pitimbu,
localizada,
em
quase
sua
longo do tempo e no espaço ambos se
totalidade, no Litoral Sul da Paraíba e,
modificam continuamente.
uma pequena porção, na Zona da Mata
Reconhecendo a importância do
Norte
de
Pernambuco.
Para
tanto,
metodologia
de
conhecimento das formas de relevo,
utilizou-se
concorda-se com Griffiths e Abraham
mapeamento
(2001) que os estudos geomorfológicos
desenvolvida por Sanches Ross (1992)
têm
por meio da aplicação das técnicas de
grande
planejamento
relevância
ambiental,
para
o
porque
possibilitam compreender a distribuição
a
geoprocessamento,
geomorfológico
tendo
como
ferramenta o software SPRING 5.1.7.
município de Conde na Paraíba. Apenas
Área de estudo
pequenas
frações
do
seu
território
pertencem ao estado de Pernambuco,
Geograficamente
a
área
de
estudo está localizada entre as latitudes
7°22’00” N e 7°30’00” S; sendo o limite a
oeste o meridiano 35°00’00” W e a leste,
o
Oceano
Atlântico.
Englobando
grandes extensões dos municípios de
Pitimbu, Alhandra, Caaporã, Pedras de
Fogo
e
uma
pequena
referentes aos municípios de Itambé e
Goiana.
A
mencionada
área
corresponde às cartas topográficas de
Pitimbu (SB.25-Y-C-III-3-SE) e Alhandra
(SB.25-Y-C-III-3-SO),
totalizando,
aproximadamente, 294,5 Km2 de terras
emersas (figura 1).
porção.do
Figura 1. Localização da área de estudo: as cartas topográficas de Pitimbu e Alhandra com as
frações dos municípios de sua abrangência.
Dados: Elaborada pelos autores.
Do ponto de vista geológico,
predominam,
os
o norte do estado do Rio de Janeiro
Formação
(ARAI, 2006). Apesar da sua grande
Barreiras, os sedimentos aluviais e
extensão, seus depósitos ainda são
praiais quaternários e, também, estão
pouco conhecidos em escala de detalhe,
presentes as formações sedimentares
tanto no que diz respeito às suas
cretáceas sotopostas pertencentes à
características
Bacia sedimentar marginal Pernambuco-
principalmente,
Paraíba: Beberibe, Gramame e Maria
características tectônicas (LIMA et al.
Farinha.
2006). No litoral da Paraíba não é
depósitos
em
neógenos
superfície,
brasileiro, desde o estado do Amapá até
da
A Formação Barreiras ocorre de
modo consistente ao longo do litoral
diferente,
essa
sedimentares
quanto
formação
às
é
e,
suas
pouco
estudada, apesar de alguns trabalhos
documentarem
forte
Plioceno,
com
configuração atual da planície costeira.
Morais et al. (2006), a denominação
Com alternância de grabens e horsts,
“Barreiras” vem sendo empregada para
produz planaltos compostos por material
descrever
depósitos
da Formação Barreiras. Essa formação
argilosos,
de
controle
evidências
tectônico.
normalmente
De
acordo
arenosos
cores
muito
de
e
variegadas,
geológica
são
foi
responsáveis
dissecada
pela
em
blocos
ferruginizados.
soerguidos e capeados por terraços
Esses depósitos, segundo Bezerra et al.
aluviais e dunas de areia, ou ambos, ao
(2001), seriam da época do Mioceno ao
longo dos blocos falhados e rebaixados.
Plioceno.
Os
Predominantemente,
sedimentos
sobre
areno-argilosos
depósitos
sedimentares
os
Quaternários, que recobrem a Formação
mal
Barreiras, considerados de deposição
consolidados da Formação Barreiras se
pós-Barreiras,
cuja
desenvolvem os Tabuleiros Litorâneos.
predominantemente
Essas feições geomórficas são bastante
estendem por grande parte do espaço
comuns no litoral nordestino brasileiro,
pesquisado. Esses depósitos aparecem
inclusive na área de estudo. Segundo
associados, principalmente, à Baixada
Suguio (2010), caracterizam-se por um
Litorânea e as planícies fluviais. A
topo plano e suavemente inclinado para
Baixada
o oceano Atlântico e, mais ou menos,
terrenos
dissecado por vales fluviais de vertentes
(Quaternário).
relativamente íngremes.
geomorfológica apresenta formas de
Litorânea
idade
é
holocênica,
se
é
formada
sedimentares
Essa
por
recente
unidade
Bezerra et al. (2001) relatam que
relevo diversas como: praias, dunas e
os falhamentos generalizados ocorridos
mangues, resultantes da acumulação de
na região Nordeste do Brasil desde o
sedimentos marinhos e fluviais. Na área
de estudo, esses depósitos constituem:
Olinda, Miriri e Alhandra; as folhas
aluviões, sedimentos de praias, terraços
Alhandra e Pitimbu encontram-se nesta
marinhos pleistocênico e holocênico,
última. Salienta-se que no estado da
recifes rochosos, depósitos de mangues,
Paraíba,
depósitos coluviais, fluviais e dunas
sedimentos de fácies continentais e
inativas.
marinhas denominados Grupo Paraíba,
ela
é
preenchida
por
A área de estudo encontra-se
que, por sua vez, é subdividido em três
inserida na bacia sedimentar marginal
formações: Beberibe, Gramame e Maria
Pernambuco-Paraíba,
Farinha (BRASIL, 2002) (figura 2).
a
qual
está
dividida em três sub-bacias, ou seja,
Figura 2. Coluna estratigráfica esquemática da bacia Pernambuco-Paraíba no trecho da sub-bacia
Alhandra.
Fonte: modificado de Barbosa et al. 2003, p. 106.
Segundo Mabesoone e Alheiros
aflorando, principalmente, nas vertentes
(1991), a Formação Beberibe trata-se de
de alguns vales fluviais, como naquelas
uma sequência essencialmente arenosa,
dos rios Abiaí, Mucatu e Camocim e nas
com uma espessura média de 200 m,
vertentes voltadas para a Depressão do
em geral sem fósseis, constituída de
Abiaí, o que corrobora com a gênese
arenitos friáveis, de cinzentos a creme,
denudacional
mal
componente
conforme Furrier et al. (2006). Essa
argiloso. A Formação Beberibe aflora
formação, segundo Brito Neves et al.
nos vales dos rios Aterro, Taperubus,
(2009), corresponde ao máximo da
Papocas e Dois Rios.
transgressão do Grupo Paraíba na sub-
selecionados,
Com
Gramame,
com
relação
os
à
calcários
dessa
Depressão,
Formação
bacia Alhandra, sendo constituída de
aparecem
rochas carbonáticas claras, calcários
argilosos, alguns arenitos calcários, com
do
Nordeste,
um horizonte fosfático basal.
hipsométricas
1974),
e
as
cartas
clinográficas
de
A Formação Maria Farinha está
Alhandra (FREITAS, 2012) e de Pitimbu
presente, em pequenas frações, na
(SANTOS, 2011), imagens SRTM (folha
região costeira, entre a praia Bela e a
SB-5-Y-C) obtida no site da Embrapa
praia Abiaí, portanto, não se apresenta
(http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/in
registrada na carta geológica. Essa
dex.htm), do período de 11 a 22 de
formação representa a continuação da
fevereiro
sequência
espacial de 90 m, obtidas no site da
calcária
da
Formação
de
2000,
EMBRAPA,
conteúdo
idade
confeccionar a carta geomorfológica da
inferior
área de estudo. Ainda foram realizados
de
paleocênica-eocênica
(MABESOONE, 1994).
a
resolução
Gramame, diferenciando-se pelo seu
fossilífero
com
com
finalidade
de
trabalhos de campo, munidos de GPS e
câmera
Procedimentos técnico-operacionais
fotográfica,
objetivando
observar, in loco, as formas de relevo e
comparar com os dados obtidos por
Inicialmente,
levantamento
fez-se
bibliográfico
sobre
um
o
meio das cartas.
A
carta
geomorfológica
foi
contexto geológico/geomorfológico da
confeccionada com o auxílio do software
área de estudo. Posteriormente, utilizou-
SPRING 5.1.7, em que se realizou o
se as cartas topográficas de Alhandra
georreferenciamento
(SB.25-Y-C-III-3-SO) e Pitimbu (SB.25-
topográficas, extraindo-se informações,
Y-C-III-3-SE),
escala
1:25.000,
como curvas de nível, pontos cotados e
elaboradas
pela
SUDENE
drenagem.
(Superintendência de Desenvolvimento
Em
das
seguida,
cartas
fez-se
a
poligonização das formas de relevo.
Também
se
construíram
perfis
que conservam semelhanças entre si,
topográficos a partir da medição, em cm,
aspectos de natureza genética e idade,
das distâncias das curvas de nível na
constituem-se
carta
seus
morfoescultural, resultado da atuação ao
respectivos valores e, logo após, esses
longo do tempo de condições climáticas
foram convertidos em metros. Fez-se
diversas desgastando uma determinada
uma planilha no Microsoft Office Excel
estrutura.
2007, contendo o valor de cada curva e
estabeleceram-se seis taxons (figura 3).
a distância alterada. Em seguida, esses

topográfica,
anotando
em
si
uma
Nesse
unidade
sentido,
O 1º taxon (o maior) corresponde às
valores foram invertidos e geraram-se os
unidades morfoestruturais, que são
perfis, utilizando a opção dispersão com
representadas
linhas suaves. Na sequência calculou-se
macroestruturas, como por exemplo,
o exagero vertical para ampliar a noção
as grandes estruturas de uma bacia
da morfologia e compartimentação do
sedimentar ou os grandes cinturões
relevo.
orogênicos pretéritos ou atuais.
A metodologia utilizada nessa
pelas
 O 2º taxon equivale às unidades
pesquisa foi desenvolvida por Ross
morfoesculturais,
(1992), que propôs uma taxonomia do
compartimentos
relevo, a partir do entendimento de cada
subcompartimentos
unidade
grande
pertencentes a uma determinada
dimensão que se distingue no panorama
morfoestrutura e posicionados em
paisagístico, pelas suas predominâncias
diferentes níveis topográficos.
geomorfológica
de
ou
seja,
os
e
do
relevo
de características fisionômicas, ou seja,
Figura 3 – Unidades taxonômicas de classificação do relevo (Modificado de ROSS, 1992, p. 27).
 No
processos
Os Padrões de Formas de Relevo
morfoclimáticos atuais começam a ser
são acompanhados de um conjunto de
percebidos.
os
algarismos arábicos, de acordo com
semelhantes,
uma matriz previamente elaborada cujas
unidades morfológicas, os quais estão
colunas indicam o grau de entalhamento
representados
dos vales, e as linhas, a dimensão
3º
padrões
taxon,
Nele
de
chapadas,
os
delimitam-se
formas
pelos
depressões,
planaltos,
planícies
interfluvial média (tabela 2). As formas
fluviais ou marinhas, tabuleiros entre
agradacionais
outros. Os padrões são delimitados
algarismos
no
representam dissecação por processos
mapa
representados
geomorfológico
por
letras-símbolo
conjuntos
maiúsculas
e
de
não
recebem
arábicos,
pois
os
não
erosivos.
e
minúsculas (tabela.1).
Tabela 1 – Padrões de Formas de Relevo.
FORMAS DE DENUDAÇÃO
FORMAS DE ACUMULAÇÃO
D – DENUDAÇÃO
A – ACUMULAÇÂO
Da – formas com topos aguçados
Apf- formas de planície fluvial
Dc – formas com topos convexos
Apm – formas de planície marinha
Dsc - formas com topos semiconvexos
Apl – formas de planície lacustre
Dt – formas com topos tabulares
Api – formas de planície interdidal (mangue)
Dp – formas de superfícies planas
Ad – formas de campos de dunas
De – formas de escarpas
Atf – formas de terraço fluvial
Dv – formas de vertentes
Atm – formas de terraço marinho
Fonte: Adaptado de Ross (1992).
Tabela 2 – Matriz dos índices de dissecação do relevo.
DIMENSÃO
INTERFLUVIAL
MÉDIA (classes)
ENTALHAMENTO
MÉDIO
DOS VALES (classes)
MUITO FRACO (1)
(< DE 20 m)
FRACO (2)
(20 a 40 m)
MÉDIO (3)
(40 a 80 m)
FORTE (4)
(80 a 160 m)
MUITO FORTE (5)
(> 160 m)
Fonte: Ross (1992).
MUITO
GRANDE
(1)
GRANDE
(2)
MÉDIA
(3)
PEQUENA
(4)
> 1500 m
1500 a
700 m
700 a
300 m
300 a
100 m
< 100 m
11
12
13
14
15
21
22
23
24
25
31
32
33
34
34
41
42
43
44
45
51
52
53
54
55
 O 4º taxon, na ordem decrescente, é
caracterizado
pelos
Tipos
acontece
pelas
geométricas
de
características
(retilínea,
convexa,
genéticas.
Refere-se,
Formas de Relevo individualizados,
côncava)
dentro de cada Padrão de Formas
também, aos tipos de topos (plano,
de Relevo. Os tipos de Formas de
convexo, tabular, aguçado).
Relevo podem ser de denudação ou
de
agradação
e
apresentam

e
MUITO
PEQUENA
(5)
O 6º taxon, na ordem decrescente,
representa
as
menores
formas
semelhanças tanto na morfologia
mapeáveis, que são produzidas pelos
como na morfometria, isto é, no
processos erosivos ou deposicionais,
formato, no tamanho e na idade.
tais
 O 5º taxon, na ordem decrescente, é
como:
cicatrizes
voçorocas,
de
ravinas,
deslizamentos,
relativo às vertentes ou aos setores
assoreamentos,
de vertentes que compõem os Tipos
sedimentação e as formas antrópicas:
de
aterros, desmonte de morros, cortes
Formas
de
Relevo
Individualizados, que nesse caso,
bancos
de
de estradas, curvas de nível, entre
(1° taxon). Sobre o Grupo Barreiras
outros
desenvolveu-se a morfoescultura dos
Baixos Planaltos Costeiros (Tabuleiros
Resultados
Litorâneos) e sobre os sedimentos
Quaternários está a morfoescultura da
A carta geomorfológica (figura 4)
Baixada Litorânea e Depressão do Abiaí
confeccionada revelou que a área de
(2°
estudo
Unidade
morfoesculturais, foram definidas as
Sedimentar
Unidades Morfológicas resultantes de
apresenta
Morfoestrutura
a
como
Bacia
Pernambuco-Paraíba,
sedimentar
de
plataforma
cobertura
(Grupo
Barreiras) e os sedimentos Quaternários
Figura 4: Carta geomorfológica da área de
estudo.
Nota: perceber a localização dos perfis
topográfico
taxon).
processos
A
partir
das
denudacionais
agradacionais (3° taxon).
unidades
ou
As Formas de Relevo (4° taxon)
Ainda
foram
identificados
denudacionais encontradas foram as de
Tabuleiros Litorâneos com índice de
topos tabulares, que são predominantes
dissecação 31 (Dt 31) e com entalhes
na área, já que a mesma se encontra
dos vales médio (40 a 80 m) e dimensão
inserida nos Tabuleiros Litorâneos com
interfluvial muito grande (> 1500 m);
altitudes que variam desde 54 m na
apresentam-se pouco extensos, estando
porção sudeste a 137 m na porção
localizados ao sul/sudeste da área de
sudoeste
estudo,
da
carta;
as
formas
nas
intermediações
da
identificadas como topos semiconvexos,
Depressão do Abiaí e se configuram
que ocorrem numa pequena porção N
como interflúvios dos rios do Galo e do
da carta, onde o relevo se apresenta
rio Pitanga. Por fim, registra-se um
bastante dissecado e as formas topos
tabuleiro localizado próximo ao riacho
convexos localizam-se na área central,
Engenho Velho, que apresenta índice de
caracterizando-se
dissecação
como
morros
testemunhos.
Os tabuleiros, com índice de
32
(Dt
32),
dimensão
interfluvial muito grande (1500 a 700 m)
e entalhamento dos vales considerado
dissecação 41 (Dt 41), apresentam forte
médio (40 a 80 m).
entalhamento dos vales (80 a 160 m) e
Vale
com dimensão interfluvial muito grande
Tabuleiros
(> 1500 m), sendo predominantes na
pesquisada encontram-se aplainados,
área de estudo e ocupam porções ao
como resultado da denudação e do
nordeste, norte, noroeste e sudoeste; os
intemperismo
quais se configuram como interflúvios
elevadas precipitações e pelas altas
dos rios Mucatu, Aterro, Taperubus,
temperaturas, que ocorrem na região.
Papocas, Dois Rios e do Galo.
No
geral,
salientar
que
Litorâneos
todos
da
propiciados
são
esculpidos
os
área
pelas
nos
sedimentos
da
frequentes na porção centro-leste da
Formação Barreiras e são bastante
carta, onde se encontram a Depressão
recortados pelos vários cursos de água,
do
que formam a rede de drenagem local.
Entretanto, como a área pesquisada
As
mal
consolidados
a
Baixada
Litorânea.
apresenta uma vasta rede de drenagem,
semiconvexos (Dsc 41) identificadas,
podem ser verificadas em muitas outras
também apresentam forte entalhamento
porções
dos vales (superior a 80 m) e com
cursos de água. Essas formas são
dimensão interfluvial muito grande (>
constituídas
1500 m), situando-se na porção norte.
quaternários. Foram identificadas as
Finalmente,
de
formas Api (formas de planície interdidal/
dissecação apresentam-se as de topos
mangue), Apm (formas de planície
convexos Dc 31, caracterizando-se por
marinha),
ter dimensão interfluvial muito grande (>
marinho, Apf (formas de planície fluvial),
1500) e entalhamento dos vales médio
Atf (formas de terraço fluvial) e Ac
(40 a 80 m) e Dc 21 que se diferencia da
(forma
anterior por ter o entalhamento dos
dificuldades em distinguir tais formas em
vales fraco (20 a 40 m), tais formas
determinados locais e, também, pela
localizam-se na porção central da área,
escala
e
morros
associações
desses
particularidades, ou seja, Actpf (formas
morros é de calcário da Formação
de colúvio, terraço e planície fluvial) e
Gramame.
Actf (formas de colúvio e terraço fluvial).
dentre
configuram
testemunhos,
cuja
com
e
topos
se
formas
Abiaí
as
formas
como
estrutura
acompanhando
os
de
Atm
de
sedimentos
(formas
colúvio).
utilizada,
para
devidos
de
terraço
Devido
foram
atender
às
feitas
a
essas
As formas de acumulação ou
As formas Apf estão presentes
agradacionais (4º Taxon) são mais
em grande parte das áreas sujeitas à
inundação da Depressão do Abiaí e em
desembocadura do rio Abiaí, rio Mucatu,
cursos fluviais a exemplo do Taperubus,
rio Graú e riacho Engenho Velho,
Aterro, Dois Rios. As Atf distinguem-se
embora
das planícies fluviais por apresentarem-
quilômetros, adentrando um pouco mais
se não mais inundadas e têm em média
para o interior do continente.
se
prolongue
mais
alguns
5 m de altitude, na área de estudo, em
O 5º taxon, correspondente as
alguns trechos da depressão citada. As
formas das vertentes, foi analisado por
formas Actpf foram identificadas nos rios
meio de perfis topográficos, escolhidos
Mucatu, Taperubus, Papocas, Dois Rios
com base na sua representatividade
e Galo e no riacho Eng. Velho; enquanto
geomorfológica,
que as Actf localizam-se em áreas entre
unidades (Figura 5). Tais perfis estão
planícies fluviais e tabuleiros.
localizados na carta geomorfológica da
As Apm correspondem às áreas
de acumulação de sedimentos marinhos
ao
cortar
diversas
área de estudo (figura 4).
Observa-se no perfil latitudinal A-
que
A’ (282000), localizado a oeste da carta
Litorânea.
e orientado no sentido N-S, que as
Aparecem ao longo de todo o litoral da
altitudes aumentam de norte para sul,
área de estudo. As Atm ocorrem em
apresentando um desnível altimétrico
áreas mais afastadas da linha de costa,
máximo de 125 m (135 – 10). Nota-se
principalmente, ao sul da área de
que, do norte ao centro da área, a
estudo. As formas Api correspondem às
dissecação hidrográfica esculpiu vales
áreas sujeitas a inundações periódicas,
estreitos em forma de V, como os dos
que recebem influência fluvial e marinha.
riachos
Aparecem
Camassari; os interflúvios são tabuleiros
e
representadas
ocorrem
associadas
na
nas
pelas
Baixada
Baixadas
praias,
Litorâneas
principalmente
à
do
Calaço,
Tabatinga
e
de topos aplainados e estreitos. Da
porção central para o sul, os tabuleiros
assumem predominantemente as formas
são largos e com topos suavemente
retilíneas e convexas.
ondulados. As vertentes do vale do rio
No
perfil
longitudinal
C-C’
Dois Rios mostram rupturas de declives,
(9176000) de sentido W-E, localizado na
configurando blocos escalonados. No
porção
geral, as vertentes desse perfil são
tabuleiros de topos planos e estreitos e
retilíneas.
com vertentes retilíneas, em altitudes
centro-oeste,
visualizam-se
O perfil latitudinal B-B’ (299000)
que variam de 50 a 60 m, “cortados”
de sentido S-N, na porção leste da área,
pelo riacho Lava Mangaba. A porção
próximo ao litoral, mostra tabuleiros bem
central é representada por uma extensa
definidos com topos planos e largos, ora
planície aluvial, na qual flui o rio
soerguidos
Papocas
ora
evidenciando
sobre
os
mais
um
rebaixados,
controle
mesmos.
As
em
altitudes
de
estrutural
aproximadamente 5 m e por um morrote
vertentes
de vertentes semiconvexas.
Figura 5: Perfis topográficos da área de estudo.
As observações feitas em campo
possibilitaram identificar e classificar os
buracos pelos animais e, ainda, ações
antrópicas.
processos morfodinâmicos (6º taxon).
Registraram-se, também, feições
Percebeu-se que o rastejo do solo (soil
erosivas, a exemplo de voçorocas,
creep)
inclusive na área urbana de Alhandra. A
é
principalmente,
bastante
em
frequente,
vertentes
com
maior (figura 6) apresenta profundidade
elevadas declividades, quando nelas
de 15 m, atingindo cerca de 10 m de
ocorrem o crescimento de raízes, o
largura e se estendendo por mais de
pisoteio de gado, a escavação de
500 m, inclusive avançando no sentido
do manancial que abastece a cidade, o
paraibano, como já atestado em estudos
rio
o
anteriormente realizados, por diversos
assoreamento e a poluição devido ao
autores, tais como Bezerra et al (2001) e
transporte de sedimentos, lixo doméstico
Furrier et al. (2006).
Taperubus,
contribuindo
para
e esgotos sem tratamento.
Essas
feições
resultam
da
remoção da vegetação e da expansão
da
cidade
sem
um
Figura 7. Dobras anticlinais e sinclinais.
Fotografia de Marquilene Santos, 2011.
Considerações finais
planejamento
adequado, associadas às condições
climáticas
da
Zona
da
Mata
do
Nordeste, com chuvas abundantes e
bem distribuídas o ano todo, bem como
as
características
litológicas
da
Identificaram-se,
erosivos
devido
em
às
pedológicas
área
também,
falésias,
condições
e
sedimentar.
anfiteatros
configurados
ambientais,
anteriormente descritas.
Contemporaneamente,
com
a
evolução da tecnologia, o crescimento
demográfico e a busca incessante pelo
crescimento
econômico,
explorando,
constantemente, os recursos naturais,
os danos ao meio físico tornaram-se
inevitáveis. Entretanto, quando se faz
um planejamento adequado, podem-se
reduzi-los,
prevenindo
desequilíbrios
ambientais e ou processos irreversíveis.
Nesse sentido, o mapeamento
Figura 6. Voçoroca na área urbana de Alhandra
– PB.
Fotografia de Gilvonete Freitas, 2011.
dos
padrões
morfoestruturais
e
morfoesculturais torna-se de grande
Dobras anticlinais e sinclinais e
importância, uma vez que o relevo
falhas foram mapeadas ao longo da
exerce influência na distribuição da
costa, em falésias (figura 7), indicando
vegetação,
atividades
drenagem
neotectônicas
no
litoral
na
e
na
conformação
da
determinação
de
microclimas, bem como nas como nas
41, Dc 31 e Dc 21) e oito de acumulação
atividades humanas.
(Api; Apm; Atm; Apf, Atf; Ac e Actpf;
A
metodologia
por
Actf), ressaltando que, dessas, as duas
Sanches Ross (1992), para se estudar o
últimas são associações. Por meio
relevo
dessa
por
meio
taxonômicas,
proposta
de
quando
geotecnologias,
unidades
atrelada
às
apresenta-se
satisfatória para a realização do seu
mapeamento,
representação
pois
dos
permite
padrões
e
Análise
perceber
relacionado
do
que
com
relevo
pode-se
está
estritamente
a
configuração
geológica.
a
Essa pesquisa é relevante, pois
das
serve como base para a elaboração do
formas de modo eficaz.
planejamento ambiental e ordenamento
No que se refere à área de
territorial, contribuindo para que as
estudo, ao utilizar a escala 1:25.000,
ocupações ocorram considerando as
pode-se
levantar
fragilidades
importantes,
ainda
informações
não
ambientais.
Ao
mesmo
divulgadas,
tempo em que oferece subsídios para a
detalhadamente, como nesse trabalho.
realização de novos estudos nessa área,
Desse modo, foram definidas 6 formas
aprofundando-se nessa temática.
de dissecação (Dt 41; Dt 31; Dt 32, Dsc
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