Mapeamento geomorfológico da área correspondente às folhas Alhandra e Pitimbu 1:25.000 – estados da Paraíba e Pernambuco – Nordeste do Brasil Mapeo geomorfológico del área correspondiente a las hojas Alhandra y Pitimbu 1:25.000 – estados de Paraíba y Pernambuco – Noreste de Brasi Geomorfological mapping of the area correspondent to Alhandra e Pitimbu Leaf 1:25.000 –of the Paraíba and Pernambuco states – Northeast of Brazil Resumo Resumen Abstract Com a perspectiva de mapear geomorfologicamente a área englobada pelas Folhas Alhandra e Pitimbu, adotou-se a metodologia taxonômica do relevo. A escala 1:25.000 admitiu identificar os seis taxons: Bacia Sedimentar Pernambuco-Paraíba (1º taxon); Tabuleiros Litorâneos, Baixada Litorânea e Depressão do Abiaí (2º taxon); nos 3º e 4º taxons registraram-se as unidades morfológicas denudacionais (tabulares, convexas e semiconvexas) e agradacionais (planícies interdidais, marinha e fluviais; terraços marinhos e fluviais e colúvios); as vertentes retilíneas (5º taxon); as menores formas mapeáveis: voçorocas, dobras e falhas (6º taxon). Considera-se a importância da pesquisa ao contribuir para planejamentos ambientais. Con la perspectiva de mapear geomorfológicamente el área englobada por las Hojas Alhandra y Pitimbu, se adoptó la metodología taxonómica del relieve. La escala 1:25.000 admitió identificar los seis taxones: Cuenca Sedimentar Pernambuco-Paraíba (1º taxón); Tableros Litorales, Bajada Litoraly Depresión del Abiaí (2º taxón); en los 3º y 4º taxones se registrar on as unidades morfológicas denudacionales (tabulares, convexas y semiconvexas) y agradacionales (planicies intermareales, marina y fluviales; terrazas marinas y fluviales y coluvios).También fueron detectadas las vertientes rectilíneas (5º taxón) y las menores formas mapeables: barrancos, pliegues y fallas (6º taxón). Se considera la importancia de la investigación al contribuir para planificaciones ambientales. With the aim of mapping geomorphologically the area embedded by the Alhandra and Pitimbu Leafs, the taxonomic methodology of the relief was adopted. The 1:25.000 scale permitted to identify six taxons: Pernambuco-Paraíba Sedimentary Basin (1st taxon); Coastal Tableland, Coastal Lowlands and Abiaí Depression (2nd taxon); in the 3rd and 4th taxons, denudational (tabular, convex and semiconvex) and agradational (interdidal, marine and fluvial plains; marine and fluvial terrace and colluviums) morphological units were registered. The rectilinear slopes (5th taxon) and the smallest mappable forms: gullies, folds and faults (6th taxon) were also found. The importance of this research rests on its possible contribution to environmental plannings. Palavras-chave: Alhandra, Pitimbu,Formação Barreiras, Mapeamento geomorfológico,taxons Key-words: Alhandra, Pitimbu, Barreiras Formation, Palabras-clave: Alhandra, Geomorfological mapping, Pitimbu, Formación Barreras, Taxons Mapeo geomorfológico, Taxones *Endereço postal: Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Departamento de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geografia. Cidade Universitária – João Pessoa- Paraíba - Brasil. CEP: 58059-900. *Correio eletrônico: [email protected] ** Correio eletrônico: [email protected] ***Correio eletrônico: [email protected] A Introdução pesquisa geomorfológica fundamenta-se na percepção de Penk Estudos sobre o relevo tornam-se (1953, apud SANCHES ROSS, 1992), essenciais, pois é nesse componente da quando definiu que as formas do relevo natureza que se desenvolvem todas as são produtos da ação de processos atividades humanas, assim sendo suas endogenéticos configurações geométricas (abalos falhamentos, declividades influenciam nas de sísmicos, e soerguimentos, diretamente dobramentos, intrusões e vulcanismo) e formas ocupações. Nesse exogenéticos sentido, (CHRISTOFOLETTI, (fatores climáticos, os 1999) processos de meteorização, erosão e relata que a Geomorfologia estuda as transporte de material). A partir dos formas de relevo, considerando sua pressupostos de Penk, Mescerjakov e gênese, suas características Gerasimov (1968 apud SANCHES morfológicas, os materiais componentes, ROSS, 1992) desenvolvem os conceitos os processos ativos e os fatores de morfoestrutura e morfoescultura, que controladores, tornando-se importante fornecem uma nova direção teóricopara as organizações espaciais. Nessa metodológica para os estudos de mesma ótica Casseti (1991) afirma que geomorfologia. As morfoestruturas estão “como componente da ciência representadas por características geográfica, a geomorfologia constitui estruturais, litológicas e geotectônicas, importante subsídio para a compreensão que estão associadas às suas gêneses. racional da forma de apropriação do As morfoesculturas associam-se aos relevo, considerando a conversão das produtos morfológicos de influência propriedades geoecológicas (suporte e climática atual e pretérita. Sanches Ross recurso) em sócio-reprodutoras”. (1992) considera que, as morfoesculturas são áreas menores que espacial as morfoestruturas, ou seja, estabelece pretéritos, que são responsáveis pela uma hierarquia. configuração do relevo e das paisagens Sanches Ross (2012) destaca que é de suma importância ter claro que dos processos contemporâneas. representação Nesse atuais e sentido, cartográfica a pode fornecer dados sobre as condições o relevo é apenas um dos componentes da atmosfera e que está intrinsecamente locais para ocupação ou, ainda, em caso relacionado com que o de ocupação já concretizada, pode sustenta, com o clima que o esculpe e auxiliar na identificação de áreas com as rochas com os solos que o recobre. As formas diferenciadas do relevo possíveis problemas no futuro. decorrem, Fundamentando-se nessa portanto, da atuação simultânea, porém, desigual das atividades climáticas, de explanação, essa pesquisa teve como um lado, e da estrutura da litosfera de objetivo outro, bem como ter a clareza de que geomorfológico da área correspondente tanto o clima quanto a estrutura não se fazer um mapeamento às cartas topográficas de Alhandra e comportam sempre iguais, ou seja, ao Pitimbu, localizada, em quase sua longo do tempo e no espaço ambos se totalidade, no Litoral Sul da Paraíba e, modificam continuamente. uma pequena porção, na Zona da Mata Reconhecendo a importância do Norte de Pernambuco. Para tanto, metodologia de conhecimento das formas de relevo, utilizou-se concorda-se com Griffiths e Abraham mapeamento (2001) que os estudos geomorfológicos desenvolvida por Sanches Ross (1992) têm por meio da aplicação das técnicas de grande planejamento relevância ambiental, para o porque possibilitam compreender a distribuição a geoprocessamento, geomorfológico tendo como ferramenta o software SPRING 5.1.7. município de Conde na Paraíba. Apenas Área de estudo pequenas frações do seu território pertencem ao estado de Pernambuco, Geograficamente a área de estudo está localizada entre as latitudes 7°22’00” N e 7°30’00” S; sendo o limite a oeste o meridiano 35°00’00” W e a leste, o Oceano Atlântico. Englobando grandes extensões dos municípios de Pitimbu, Alhandra, Caaporã, Pedras de Fogo e uma pequena referentes aos municípios de Itambé e Goiana. A mencionada área corresponde às cartas topográficas de Pitimbu (SB.25-Y-C-III-3-SE) e Alhandra (SB.25-Y-C-III-3-SO), totalizando, aproximadamente, 294,5 Km2 de terras emersas (figura 1). porção.do Figura 1. Localização da área de estudo: as cartas topográficas de Pitimbu e Alhandra com as frações dos municípios de sua abrangência. Dados: Elaborada pelos autores. Do ponto de vista geológico, predominam, os o norte do estado do Rio de Janeiro Formação (ARAI, 2006). Apesar da sua grande Barreiras, os sedimentos aluviais e extensão, seus depósitos ainda são praiais quaternários e, também, estão pouco conhecidos em escala de detalhe, presentes as formações sedimentares tanto no que diz respeito às suas cretáceas sotopostas pertencentes à características Bacia sedimentar marginal Pernambuco- principalmente, Paraíba: Beberibe, Gramame e Maria características tectônicas (LIMA et al. Farinha. 2006). No litoral da Paraíba não é depósitos em neógenos superfície, brasileiro, desde o estado do Amapá até da A Formação Barreiras ocorre de modo consistente ao longo do litoral diferente, essa sedimentares quanto formação às é e, suas pouco estudada, apesar de alguns trabalhos documentarem forte Plioceno, com configuração atual da planície costeira. Morais et al. (2006), a denominação Com alternância de grabens e horsts, “Barreiras” vem sendo empregada para produz planaltos compostos por material descrever depósitos da Formação Barreiras. Essa formação argilosos, de controle evidências tectônico. normalmente De acordo arenosos cores muito de e variegadas, geológica são foi responsáveis dissecada pela em blocos ferruginizados. soerguidos e capeados por terraços Esses depósitos, segundo Bezerra et al. aluviais e dunas de areia, ou ambos, ao (2001), seriam da época do Mioceno ao longo dos blocos falhados e rebaixados. Plioceno. Os Predominantemente, sedimentos sobre areno-argilosos depósitos sedimentares os Quaternários, que recobrem a Formação mal Barreiras, considerados de deposição consolidados da Formação Barreiras se pós-Barreiras, cuja desenvolvem os Tabuleiros Litorâneos. predominantemente Essas feições geomórficas são bastante estendem por grande parte do espaço comuns no litoral nordestino brasileiro, pesquisado. Esses depósitos aparecem inclusive na área de estudo. Segundo associados, principalmente, à Baixada Suguio (2010), caracterizam-se por um Litorânea e as planícies fluviais. A topo plano e suavemente inclinado para Baixada o oceano Atlântico e, mais ou menos, terrenos dissecado por vales fluviais de vertentes (Quaternário). relativamente íngremes. geomorfológica apresenta formas de Litorânea idade é holocênica, se é formada sedimentares Essa por recente unidade Bezerra et al. (2001) relatam que relevo diversas como: praias, dunas e os falhamentos generalizados ocorridos mangues, resultantes da acumulação de na região Nordeste do Brasil desde o sedimentos marinhos e fluviais. Na área de estudo, esses depósitos constituem: Olinda, Miriri e Alhandra; as folhas aluviões, sedimentos de praias, terraços Alhandra e Pitimbu encontram-se nesta marinhos pleistocênico e holocênico, última. Salienta-se que no estado da recifes rochosos, depósitos de mangues, Paraíba, depósitos coluviais, fluviais e dunas sedimentos de fácies continentais e inativas. marinhas denominados Grupo Paraíba, ela é preenchida por A área de estudo encontra-se que, por sua vez, é subdividido em três inserida na bacia sedimentar marginal formações: Beberibe, Gramame e Maria Pernambuco-Paraíba, Farinha (BRASIL, 2002) (figura 2). a qual está dividida em três sub-bacias, ou seja, Figura 2. Coluna estratigráfica esquemática da bacia Pernambuco-Paraíba no trecho da sub-bacia Alhandra. Fonte: modificado de Barbosa et al. 2003, p. 106. Segundo Mabesoone e Alheiros aflorando, principalmente, nas vertentes (1991), a Formação Beberibe trata-se de de alguns vales fluviais, como naquelas uma sequência essencialmente arenosa, dos rios Abiaí, Mucatu e Camocim e nas com uma espessura média de 200 m, vertentes voltadas para a Depressão do em geral sem fósseis, constituída de Abiaí, o que corrobora com a gênese arenitos friáveis, de cinzentos a creme, denudacional mal componente conforme Furrier et al. (2006). Essa argiloso. A Formação Beberibe aflora formação, segundo Brito Neves et al. nos vales dos rios Aterro, Taperubus, (2009), corresponde ao máximo da Papocas e Dois Rios. transgressão do Grupo Paraíba na sub- selecionados, Com Gramame, com relação os à calcários dessa Depressão, Formação bacia Alhandra, sendo constituída de aparecem rochas carbonáticas claras, calcários argilosos, alguns arenitos calcários, com do Nordeste, um horizonte fosfático basal. hipsométricas 1974), e as cartas clinográficas de A Formação Maria Farinha está Alhandra (FREITAS, 2012) e de Pitimbu presente, em pequenas frações, na (SANTOS, 2011), imagens SRTM (folha região costeira, entre a praia Bela e a SB-5-Y-C) obtida no site da Embrapa praia Abiaí, portanto, não se apresenta (http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/in registrada na carta geológica. Essa dex.htm), do período de 11 a 22 de formação representa a continuação da fevereiro sequência espacial de 90 m, obtidas no site da calcária da Formação de 2000, EMBRAPA, conteúdo idade confeccionar a carta geomorfológica da inferior área de estudo. Ainda foram realizados de paleocênica-eocênica (MABESOONE, 1994). a resolução Gramame, diferenciando-se pelo seu fossilífero com com finalidade de trabalhos de campo, munidos de GPS e câmera Procedimentos técnico-operacionais fotográfica, objetivando observar, in loco, as formas de relevo e comparar com os dados obtidos por Inicialmente, levantamento fez-se bibliográfico sobre um o meio das cartas. A carta geomorfológica foi contexto geológico/geomorfológico da confeccionada com o auxílio do software área de estudo. Posteriormente, utilizou- SPRING 5.1.7, em que se realizou o se as cartas topográficas de Alhandra georreferenciamento (SB.25-Y-C-III-3-SO) e Pitimbu (SB.25- topográficas, extraindo-se informações, Y-C-III-3-SE), escala 1:25.000, como curvas de nível, pontos cotados e elaboradas pela SUDENE drenagem. (Superintendência de Desenvolvimento Em das seguida, cartas fez-se a poligonização das formas de relevo. Também se construíram perfis que conservam semelhanças entre si, topográficos a partir da medição, em cm, aspectos de natureza genética e idade, das distâncias das curvas de nível na constituem-se carta seus morfoescultural, resultado da atuação ao respectivos valores e, logo após, esses longo do tempo de condições climáticas foram convertidos em metros. Fez-se diversas desgastando uma determinada uma planilha no Microsoft Office Excel estrutura. 2007, contendo o valor de cada curva e estabeleceram-se seis taxons (figura 3). a distância alterada. Em seguida, esses topográfica, anotando em si uma Nesse unidade sentido, O 1º taxon (o maior) corresponde às valores foram invertidos e geraram-se os unidades morfoestruturais, que são perfis, utilizando a opção dispersão com representadas linhas suaves. Na sequência calculou-se macroestruturas, como por exemplo, o exagero vertical para ampliar a noção as grandes estruturas de uma bacia da morfologia e compartimentação do sedimentar ou os grandes cinturões relevo. orogênicos pretéritos ou atuais. A metodologia utilizada nessa pelas O 2º taxon equivale às unidades pesquisa foi desenvolvida por Ross morfoesculturais, (1992), que propôs uma taxonomia do compartimentos relevo, a partir do entendimento de cada subcompartimentos unidade grande pertencentes a uma determinada dimensão que se distingue no panorama morfoestrutura e posicionados em paisagístico, pelas suas predominâncias diferentes níveis topográficos. geomorfológica de ou seja, os e do relevo de características fisionômicas, ou seja, Figura 3 – Unidades taxonômicas de classificação do relevo (Modificado de ROSS, 1992, p. 27). No processos Os Padrões de Formas de Relevo morfoclimáticos atuais começam a ser são acompanhados de um conjunto de percebidos. os algarismos arábicos, de acordo com semelhantes, uma matriz previamente elaborada cujas unidades morfológicas, os quais estão colunas indicam o grau de entalhamento representados dos vales, e as linhas, a dimensão 3º padrões taxon, Nele de chapadas, os delimitam-se formas pelos depressões, planaltos, planícies interfluvial média (tabela 2). As formas fluviais ou marinhas, tabuleiros entre agradacionais outros. Os padrões são delimitados algarismos no representam dissecação por processos mapa representados geomorfológico por letras-símbolo conjuntos maiúsculas e de não recebem arábicos, pois os não erosivos. e minúsculas (tabela.1). Tabela 1 – Padrões de Formas de Relevo. FORMAS DE DENUDAÇÃO FORMAS DE ACUMULAÇÃO D – DENUDAÇÃO A – ACUMULAÇÂO Da – formas com topos aguçados Apf- formas de planície fluvial Dc – formas com topos convexos Apm – formas de planície marinha Dsc - formas com topos semiconvexos Apl – formas de planície lacustre Dt – formas com topos tabulares Api – formas de planície interdidal (mangue) Dp – formas de superfícies planas Ad – formas de campos de dunas De – formas de escarpas Atf – formas de terraço fluvial Dv – formas de vertentes Atm – formas de terraço marinho Fonte: Adaptado de Ross (1992). Tabela 2 – Matriz dos índices de dissecação do relevo. DIMENSÃO INTERFLUVIAL MÉDIA (classes) ENTALHAMENTO MÉDIO DOS VALES (classes) MUITO FRACO (1) (< DE 20 m) FRACO (2) (20 a 40 m) MÉDIO (3) (40 a 80 m) FORTE (4) (80 a 160 m) MUITO FORTE (5) (> 160 m) Fonte: Ross (1992). MUITO GRANDE (1) GRANDE (2) MÉDIA (3) PEQUENA (4) > 1500 m 1500 a 700 m 700 a 300 m 300 a 100 m < 100 m 11 12 13 14 15 21 22 23 24 25 31 32 33 34 34 41 42 43 44 45 51 52 53 54 55 O 4º taxon, na ordem decrescente, é caracterizado pelos Tipos acontece pelas geométricas de características (retilínea, convexa, genéticas. Refere-se, Formas de Relevo individualizados, côncava) dentro de cada Padrão de Formas também, aos tipos de topos (plano, de Relevo. Os tipos de Formas de convexo, tabular, aguçado). Relevo podem ser de denudação ou de agradação e apresentam e MUITO PEQUENA (5) O 6º taxon, na ordem decrescente, representa as menores formas semelhanças tanto na morfologia mapeáveis, que são produzidas pelos como na morfometria, isto é, no processos erosivos ou deposicionais, formato, no tamanho e na idade. tais O 5º taxon, na ordem decrescente, é como: cicatrizes voçorocas, de ravinas, deslizamentos, relativo às vertentes ou aos setores assoreamentos, de vertentes que compõem os Tipos sedimentação e as formas antrópicas: de aterros, desmonte de morros, cortes Formas de Relevo Individualizados, que nesse caso, bancos de de estradas, curvas de nível, entre (1° taxon). Sobre o Grupo Barreiras outros desenvolveu-se a morfoescultura dos Baixos Planaltos Costeiros (Tabuleiros Resultados Litorâneos) e sobre os sedimentos Quaternários está a morfoescultura da A carta geomorfológica (figura 4) Baixada Litorânea e Depressão do Abiaí confeccionada revelou que a área de (2° estudo Unidade morfoesculturais, foram definidas as Sedimentar Unidades Morfológicas resultantes de apresenta Morfoestrutura a como Bacia Pernambuco-Paraíba, sedimentar de plataforma cobertura (Grupo Barreiras) e os sedimentos Quaternários Figura 4: Carta geomorfológica da área de estudo. Nota: perceber a localização dos perfis topográfico taxon). processos A partir das denudacionais agradacionais (3° taxon). unidades ou As Formas de Relevo (4° taxon) Ainda foram identificados denudacionais encontradas foram as de Tabuleiros Litorâneos com índice de topos tabulares, que são predominantes dissecação 31 (Dt 31) e com entalhes na área, já que a mesma se encontra dos vales médio (40 a 80 m) e dimensão inserida nos Tabuleiros Litorâneos com interfluvial muito grande (> 1500 m); altitudes que variam desde 54 m na apresentam-se pouco extensos, estando porção sudeste a 137 m na porção localizados ao sul/sudeste da área de sudoeste estudo, da carta; as formas nas intermediações da identificadas como topos semiconvexos, Depressão do Abiaí e se configuram que ocorrem numa pequena porção N como interflúvios dos rios do Galo e do da carta, onde o relevo se apresenta rio Pitanga. Por fim, registra-se um bastante dissecado e as formas topos tabuleiro localizado próximo ao riacho convexos localizam-se na área central, Engenho Velho, que apresenta índice de caracterizando-se dissecação como morros testemunhos. Os tabuleiros, com índice de 32 (Dt 32), dimensão interfluvial muito grande (1500 a 700 m) e entalhamento dos vales considerado dissecação 41 (Dt 41), apresentam forte médio (40 a 80 m). entalhamento dos vales (80 a 160 m) e Vale com dimensão interfluvial muito grande Tabuleiros (> 1500 m), sendo predominantes na pesquisada encontram-se aplainados, área de estudo e ocupam porções ao como resultado da denudação e do nordeste, norte, noroeste e sudoeste; os intemperismo quais se configuram como interflúvios elevadas precipitações e pelas altas dos rios Mucatu, Aterro, Taperubus, temperaturas, que ocorrem na região. Papocas, Dois Rios e do Galo. No geral, salientar que Litorâneos todos da propiciados são esculpidos os área pelas nos sedimentos da frequentes na porção centro-leste da Formação Barreiras e são bastante carta, onde se encontram a Depressão recortados pelos vários cursos de água, do que formam a rede de drenagem local. Entretanto, como a área pesquisada As mal consolidados a Baixada Litorânea. apresenta uma vasta rede de drenagem, semiconvexos (Dsc 41) identificadas, podem ser verificadas em muitas outras também apresentam forte entalhamento porções dos vales (superior a 80 m) e com cursos de água. Essas formas são dimensão interfluvial muito grande (> constituídas 1500 m), situando-se na porção norte. quaternários. Foram identificadas as Finalmente, de formas Api (formas de planície interdidal/ dissecação apresentam-se as de topos mangue), Apm (formas de planície convexos Dc 31, caracterizando-se por marinha), ter dimensão interfluvial muito grande (> marinho, Apf (formas de planície fluvial), 1500) e entalhamento dos vales médio Atf (formas de terraço fluvial) e Ac (40 a 80 m) e Dc 21 que se diferencia da (forma anterior por ter o entalhamento dos dificuldades em distinguir tais formas em vales fraco (20 a 40 m), tais formas determinados locais e, também, pela localizam-se na porção central da área, escala e morros associações desses particularidades, ou seja, Actpf (formas morros é de calcário da Formação de colúvio, terraço e planície fluvial) e Gramame. Actf (formas de colúvio e terraço fluvial). dentre configuram testemunhos, cuja com e topos se formas Abiaí as formas como estrutura acompanhando os de Atm de sedimentos (formas colúvio). utilizada, para devidos de terraço Devido foram atender às feitas a essas As formas de acumulação ou As formas Apf estão presentes agradacionais (4º Taxon) são mais em grande parte das áreas sujeitas à inundação da Depressão do Abiaí e em desembocadura do rio Abiaí, rio Mucatu, cursos fluviais a exemplo do Taperubus, rio Graú e riacho Engenho Velho, Aterro, Dois Rios. As Atf distinguem-se embora das planícies fluviais por apresentarem- quilômetros, adentrando um pouco mais se não mais inundadas e têm em média para o interior do continente. se prolongue mais alguns 5 m de altitude, na área de estudo, em O 5º taxon, correspondente as alguns trechos da depressão citada. As formas das vertentes, foi analisado por formas Actpf foram identificadas nos rios meio de perfis topográficos, escolhidos Mucatu, Taperubus, Papocas, Dois Rios com base na sua representatividade e Galo e no riacho Eng. Velho; enquanto geomorfológica, que as Actf localizam-se em áreas entre unidades (Figura 5). Tais perfis estão planícies fluviais e tabuleiros. localizados na carta geomorfológica da As Apm correspondem às áreas de acumulação de sedimentos marinhos ao cortar diversas área de estudo (figura 4). Observa-se no perfil latitudinal A- que A’ (282000), localizado a oeste da carta Litorânea. e orientado no sentido N-S, que as Aparecem ao longo de todo o litoral da altitudes aumentam de norte para sul, área de estudo. As Atm ocorrem em apresentando um desnível altimétrico áreas mais afastadas da linha de costa, máximo de 125 m (135 – 10). Nota-se principalmente, ao sul da área de que, do norte ao centro da área, a estudo. As formas Api correspondem às dissecação hidrográfica esculpiu vales áreas sujeitas a inundações periódicas, estreitos em forma de V, como os dos que recebem influência fluvial e marinha. riachos Aparecem Camassari; os interflúvios são tabuleiros e representadas ocorrem associadas na nas pelas Baixada Baixadas praias, Litorâneas principalmente à do Calaço, Tabatinga e de topos aplainados e estreitos. Da porção central para o sul, os tabuleiros assumem predominantemente as formas são largos e com topos suavemente retilíneas e convexas. ondulados. As vertentes do vale do rio No perfil longitudinal C-C’ Dois Rios mostram rupturas de declives, (9176000) de sentido W-E, localizado na configurando blocos escalonados. No porção geral, as vertentes desse perfil são tabuleiros de topos planos e estreitos e retilíneas. com vertentes retilíneas, em altitudes centro-oeste, visualizam-se O perfil latitudinal B-B’ (299000) que variam de 50 a 60 m, “cortados” de sentido S-N, na porção leste da área, pelo riacho Lava Mangaba. A porção próximo ao litoral, mostra tabuleiros bem central é representada por uma extensa definidos com topos planos e largos, ora planície aluvial, na qual flui o rio soerguidos Papocas ora evidenciando sobre os mais um rebaixados, controle mesmos. As em altitudes de estrutural aproximadamente 5 m e por um morrote vertentes de vertentes semiconvexas. Figura 5: Perfis topográficos da área de estudo. As observações feitas em campo possibilitaram identificar e classificar os buracos pelos animais e, ainda, ações antrópicas. processos morfodinâmicos (6º taxon). Registraram-se, também, feições Percebeu-se que o rastejo do solo (soil erosivas, a exemplo de voçorocas, creep) inclusive na área urbana de Alhandra. A é principalmente, bastante em frequente, vertentes com maior (figura 6) apresenta profundidade elevadas declividades, quando nelas de 15 m, atingindo cerca de 10 m de ocorrem o crescimento de raízes, o largura e se estendendo por mais de pisoteio de gado, a escavação de 500 m, inclusive avançando no sentido do manancial que abastece a cidade, o paraibano, como já atestado em estudos rio o anteriormente realizados, por diversos assoreamento e a poluição devido ao autores, tais como Bezerra et al (2001) e transporte de sedimentos, lixo doméstico Furrier et al. (2006). Taperubus, contribuindo para e esgotos sem tratamento. Essas feições resultam da remoção da vegetação e da expansão da cidade sem um Figura 7. Dobras anticlinais e sinclinais. Fotografia de Marquilene Santos, 2011. Considerações finais planejamento adequado, associadas às condições climáticas da Zona da Mata do Nordeste, com chuvas abundantes e bem distribuídas o ano todo, bem como as características litológicas da Identificaram-se, erosivos devido em às pedológicas área também, falésias, condições e sedimentar. anfiteatros configurados ambientais, anteriormente descritas. Contemporaneamente, com a evolução da tecnologia, o crescimento demográfico e a busca incessante pelo crescimento econômico, explorando, constantemente, os recursos naturais, os danos ao meio físico tornaram-se inevitáveis. Entretanto, quando se faz um planejamento adequado, podem-se reduzi-los, prevenindo desequilíbrios ambientais e ou processos irreversíveis. Nesse sentido, o mapeamento Figura 6. Voçoroca na área urbana de Alhandra – PB. Fotografia de Gilvonete Freitas, 2011. dos padrões morfoestruturais e morfoesculturais torna-se de grande Dobras anticlinais e sinclinais e importância, uma vez que o relevo falhas foram mapeadas ao longo da exerce influência na distribuição da costa, em falésias (figura 7), indicando vegetação, atividades drenagem neotectônicas no litoral na e na conformação da determinação de microclimas, bem como nas como nas 41, Dc 31 e Dc 21) e oito de acumulação atividades humanas. (Api; Apm; Atm; Apf, Atf; Ac e Actpf; A metodologia por Actf), ressaltando que, dessas, as duas Sanches Ross (1992), para se estudar o últimas são associações. Por meio relevo dessa por meio taxonômicas, proposta de quando geotecnologias, unidades atrelada às apresenta-se satisfatória para a realização do seu mapeamento, representação pois dos permite padrões e Análise perceber relacionado do que com relevo pode-se está estritamente a configuração geológica. a Essa pesquisa é relevante, pois das serve como base para a elaboração do formas de modo eficaz. planejamento ambiental e ordenamento No que se refere à área de territorial, contribuindo para que as estudo, ao utilizar a escala 1:25.000, ocupações ocorram considerando as pode-se levantar fragilidades importantes, ainda informações não ambientais. Ao mesmo divulgadas, tempo em que oferece subsídios para a detalhadamente, como nesse trabalho. realização de novos estudos nessa área, Desse modo, foram definidas 6 formas aprofundando-se nessa temática. de dissecação (Dt 41; Dt 31; Dt 32, Dsc Referências Arai, Mitsuru. 2006. 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