Dissertação de Mestrado “Emissão óptica de plasma e desenvolvimento de a-Si:H por sputtering” Autor: Thiago Daniel de Oliveira Moura Orientador: Prof. José Roberto Tavares Branco Abril de 2011 Thiago Daniel de Oliveira Moura “Emissão óptica de plasma e desenvolvimento de a-Si:H por sputtering” Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da REDEMAT, como parte integrante dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais. Área de concentração: Engenharia de Superfícies Orientador: Prof. José Roberto Tavares Branco Ouro Preto, Abril de 2011 M929e Moura, Thiago Daniel de Oliveira. Emissão óptica de plasma e desenvolvimento de a-Si:H por sputtering [manuscrito] / Thiago Daniel de Oliveira Moura. – 2011. xv, 107f.: il. color., grafs., tabs. Orientador: Prof. Dr. José Roberto Tavares Branco. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Rede Temática em Engenharia de Materiais. Área de concentração: Engenharia de Superfícies. 1. Espectroscopia de emissão óptica - Teses. 2. Filmes finos - Teses. 3. Heteroestruturas - Teses. 4. Células solares - Teses. 5. Semicondutores - Teses. 6. Pulverização catódica - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título. CDU: 543.42:546.28 Catalogação: [email protected] CDU: 669.162.16 ii Deus peço Te ajuda para não contaminar meu coração com a arrogância dos estúpidos, pois sei quão pequena é minha contribuição à ciência diante dos vários gigantes que ajudaram a construí-la, e mesmo que se conseguisse reunir aqui contribuição maior que a destes juntos, não me dariam motivos para considerar-me melhor ou pior que nenhum desletrado, pois sua sabedoria pode estar além do plano terreno. O Captain! my Captain! our fearful trip is done; The ship has weathered every rack, the prize we sought is won; The port is near, the bells I hear, the people all exulting, While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring: But O heart! heart! heart! O the bleeding drops of red, Where on the deck my Captain lies, Fallen cold and dead. O Captain! my Captain! rise up and hear the bells; Rise up—for you the flag is flung—for you the bugle trills; For you bouquets and ribboned wreaths—for you the shores a-crowding; For you they call, the swaying mass, their eager faces turning; Here Captain! dear father! This arm beneath your head; It is some dream that on the deck, You’ve fallen cold and dead. My Captain does not answer, his lips are pale and still; My father does not feel my arm, he has no pulse nor will; The ship is anchored safe and sound, its voyage closed and done; From fearful trip, the victor ship, comes in with object won; Exult, O shores, and ring, O bells! But I, with mournful tread, Walk the deck my Captain lies, Fallen cold and dead. Walt Whitman "Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.” Matthew 7:6 iii AGRADECIMENTO Em primeiro lugar à Deus; Aos meus pais e irmãos; Ao meu orientador José Roberto T. Branco; A todos amigos do centro Cultural Mangabeiras; Ao amigo Diego Miranda pelas discussões e noites sem dormir; Ao amigo Reinaldo Proença pelos conselhos; Aos companheiros do LaTVa, EGP e NMS; Ao companheiro José Vilela e a Margareth Spangler pela nobre contribuição nas medidas de Força Atômica; Ao pessoal da análise química por disponibilizarem os equipamentos UV-Vis e FTIR para análises; A todos que contribuíram de alguma forma para minha formação neste caminho: Professores da graduação, de orientação nas iniciações científicas e do mestrado, pelos cursos realizados no âmbito de formação da RECONPLASMA – CETEC – ITA – UFRN; À CEMIG pelo financiamento dos projetos. iv SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. vii LISTA DE TABELA ................................................................................................................ xi LISTA DE ABREVIATURAS ......................................................................................... xii RESUMO ................................................................................................................................ xiv ABSTRACT ............................................................................................................................. xv 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 2 OBJETIVOS....................................................................................................................... 3 3 2.1 Objetivos Gerais .......................................................................................................... 3 2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 4 3.1 Contextualização do estudo de filmes finos de a-Si:H ................................................ 4 3.2 Formação de filmes de a-Si:H por magnéton sputtering ............................................. 5 3.2.1 Identificação de parâmetros de deposição relacionados ao mecanismo de crescimento dos filmes e a relação entre os principais defeitos estruturais nas propriedades dos filmes. ..................................................................................................... 8 3.3 3.3.1 A emissão óptica no plasma ............................................................................... 16 3.3.2 Colisões, Seções de Choque e transições energéticas ........................................ 17 3.3.3 Plasma com auxílio de magnétons ..................................................................... 31 3.4 4 Visão fenomenológica básica do processamento a plasma de materiais. .................. 12 Propriedades dos filmes de a-Si:H produzidos por magnéton sputtering ................. 33 3.4.1 Incorporação de Hidrogênio nos filmes de a-Si ................................................. 33 3.4.2 Estrutura dos filmes de a-Si:H ........................................................................... 35 3.4.3 Propriedades ópticas ........................................................................................... 36 PARTE EXPERIMENTAL.............................................................................................. 40 4.1 Estudo da emissão do plasma .................................................................................... 40 4.1.1 Descrição do Monocromador para análise do plasma ........................................ 43 4.2 Planejamento Fatorial para preparação dos filmes .................................................... 44 4.3 Preparo das deposições .............................................................................................. 47 v 4.3.1 Preparo da atmosfera de deposição .................................................................... 47 4.3.2 Preparo dos substratos ........................................................................................ 48 4.4 5 Caracterização dos filmes .......................................................................................... 49 4.4.1 Espectroscopia no Infravermelho ....................................................................... 50 4.4.2 Microscópio de Força Atômica (AFM-Atomic Force Microscopy)................... 50 4.4.3 Espectroscopia Raman ....................................................................................... 51 4.4.4 Espectroscopia UV-Vis ...................................................................................... 51 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 52 5.1 Atmosfera de deposição e Pressão de Base ............................................................... 52 5.2 Metodologia desenvolvida para análise da emissão óptica ....................................... 53 5.2.1 Identificação das espécies emitindo no plasma .................................................. 53 5.2.2 Medidas realizadas no reator BAS ..................................................................... 53 5.2.3 Medidas realizadas no reator BAI: ..................................................................... 69 5.3 Análise dos filmes ..................................................................................................... 74 5.3.1 Estudo da estrutura dos filmes ........................................................................... 74 5.3.2 Medida das espessuras das amostras. ................................................................. 76 5.3.3 Análise no Infravermelho ................................................................................... 81 5.3.4 Propriedades ópticas – UV-Vis .......................................................................... 85 5.3.5 Análise fatorial das respostas ............................................................................. 91 6 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 95 7 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ................................................................. 97 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 98 9 PUBLICAÇÕES DO AUTOR RELACIONADAS ...................................................... 106 vi LISTA DE FIGURAS Figura 3-1 Figura esquemática das reações ocorrendo na superfície do filme em crescimento. (a) Ligação de SiHx na superfície a partir de precursor vindo do plasma. (b) formação de moléculas voláteis como resultado de difusão de hidrogênio para fora da superfície. (c) crescimento nas laterais do filme. .............................................................................................. 7 Figura 3-2 Diagrama esquemático da cauda e gap de estados e os processos de recombinação no a-Si:H. R e NR refere-se a recombinação radiativa e não radiativa respectivamente. Um diagrama da densidade do espectro de estados é ilustrado no lado esquerdo. ......................... 10 Figura 3-3 Estado da matéria em função da temperatura. ........................................................ 13 Figura 3-4 Trajetória do elétron em três meios diferentes: (a) plasma fortemente ionizado; (b) plasma fracamente ionizado e (c) gás neutro. .......................................................................... 14 Figura 3-5 Representação Clássica e Quântica de uma colisão. .............................................. 18 Figura 3-6 Curvas de potencial para a molécula de nitrogênio. ............................................... 20 Figura 3-7 Níveis de energia do Argônio. A notação de Paschen é também apresentada. ...... 24 Figura 3-8 Seção de choque para espalhamento elétron-argônio, como função da energia do elétron. Elas são empregadas para comparação entre modelamentos e diagnóstico óptico de plasmas de Ar a baixa temperatura. ......................................................................................... 26 Figura 3-9 Seções de choque de excitação rotacional e vibracional para hidrogênio a partir de vários dados. ............................................................................................................................. 27 Figura 3-10 Conjunto de seções de choque para espalhamento do H2..................................... 28 Figura 3-11 Excitação dissociativa e princípio de Franck-Condon de uma molécula. ............ 29 Figura 3-12 (a)Típico reator de plasma DC com magnéton, descrevendo uma linha de campo; (b) componentes de B(z,r). ....................................................................................................... 32 Figura 3-13 Distribuição da densidade do plasma (a) e potencial (b) em um magnéton DC em no reator da Figura 3-12 com Ar 5mTorr e 200V. ................................................................... 33 Figura 3-14 Ilustração esquemática do espectro de absorção de semicondutores amorfos. (a) coeficiente de absorção α em função da energia do fóton E. (b) (αE)1/2vs. E (gráfico de Tauc). (c) logα vs. E. o gap ótico é determinado a partir de (b) EG. ....................................... 36 Figura 3-15 Três regiões principais, A, B e C do coeficiente de absorção em semicondutores amorfos. .................................................................................................................................... 37 Figura 4-1 Diagrama esquemático da metodologia proposta. .................................................. 40 Figura 4-2 Esquema do reator Balzers BAS. ........................................................................... 41 vii Figura 4-3 Esquema do reator Balzers (BAI 640R). ................................................................ 42 Figura 4-4 Monocromador EP200............................................................................................ 43 Figura 4-5 Esquema da entrada e saída de luz no monocromador. .......................................... 44 Figura 4-6 Representação de um sistema com k fatores (variáveis de entrada) e respostas (variáveis de saída). .................................................................................................................. 45 Figura 4-7 Visão esquemática dos componentes do EQP. ....................................................... 47 Figura 4-8 Esquema de um detector SEM. .............................................................................. 48 Figura 5-1 Análise de gases residuais pré-deposição. .............................................................. 52 Figura 5-2 Espectro de emissão óptica com atmosfera Ar+H2. ............................................... 54 Figura 5-3 Simulação em LIFBASE da banda de emissão do SiH, com alta e baixa resolução. .................................................................................................................................................. 55 Figura 5-4 Emissão entre 400 e 425nm em atmosfera com diferentes composições de Ar e H2. .................................................................................................................................................. 56 Figura 5-5 Deconvolução dos picos faixa de 405 a 425 nm. ................................................... 56 Figura 5-6 Evolução da área, FWHM e altura do pico deconvoluido de SiH em função do percentual de Ar. ...................................................................................................................... 57 Figura 5-7 Evolução da integração da região entre 409 e 413 nm para cada percentual de Ar. .................................................................................................................................................. 58 Figura 5-8 Yield de Sputtering para alvo de silício e gases H e Ar. ....................................... 59 Figura 5-9 Efeito do percentual de H2 na tensão e corrente no reator BAS. ............................ 60 Figura 5-10 Espectro de emissão na região entre 405 e 430 para diversas percentagens de N2. .................................................................................................................................................. 61 Figura 5-11 Comparação entre a emissão na faixa entre 405 e 420 com 30% dos gases Ar (linha em preto) e N2 (linha em vermelho). .............................................................................. 61 Figura 5-12 Evolução dos pontos pertencentes à banda do SiH. ............................................. 62 Figura 5-13 Evolução dos picos normalizados de emissão óptica com a concentração de H2 e Ar no reator no reator BAS. ..................................................................................................... 63 Figura 5-14 Evolução dos principais picos para Hidrogenação em atmosfera de N2 e H2 (a) e da pressão (b). .......................................................................................................................... 64 Figura 5-15 Evolução das pressões parciais para atmosferas com Ar-H2 e N2-H2. ................. 66 Figura 5-16 Evolução das intensidades de emissão com a mudança de concentração de H2 no reator BAS mantendo-se a quantidade de Ar fixa. ................................................................... 67 Figura 5-17: Efeito da potência sobre a intensidade do pico de Hα, Hβ, Ar e SiH. ................ 68 Figura 5-18: Derivada da intensidade. ..................................................................................... 69 viii Figura 5-19 Espectro de emissão óptica no reator BAI. e-beam com assistência de plasma... 70 Figura 5-20 Região de emissão do Ar e SiHx. Reator BAI só plasma para diversas composições da atmosfera. ....................................................................................................... 71 Figura 5-21 Evolução da intensidade do Ar e Hα e Hβ, (só plasma). ...................................... 71 Figura 5-22 Intensidade luminosa no experimento utilizando feixe de elétrons (e-beam) assistido por plasma com 100sccm de Ar. ............................................................................... 72 Figura 5-23 Evolução dos picos com o percentual de H2 no experimento utilizando feixe de elétrons (e-beam) assistido por plasma com 100sccm de Ar. .................................................. 72 Figura 5-24 Intensidade luminosa no experimento utilizando feixe de elétrons (e-beam) assistido por plasma com 50sccm de Ar. ................................................................................. 73 Figura 5-25 Evolução dos picos com o percentual de H2 no experimento utilizando feixe de elétrons (e-beam) assistido por plasma com 50sccm de Ar. .................................................... 73 Figura 5-26 Espectro Raman das amostras. ............................................................................. 75 Figura 5-27 Principais modos dos fônons na estrutura do filme de a-Si:H.............................. 76 Figura 5-28 Imagem do padrão de calibração para medidas no AFM. .................................... 77 Figura 5-29 Degrau para medida de espessura (Am2). ............................................................ 77 Figura 5-30 Espessura média de todas as amostras.................................................................. 78 Figura 5-31 Imagem da superfície do substrato de vidro em diferentes ampliações. .............. 79 Figura 5-32 Variação da rugosidade com o fluxo em diferentes potências. ............................ 80 Figura 5-33 Taxa de deposição em função dos parâmetros. .................................................... 80 Figura 5-34 Espectro de absorbância do substrato de Si em função do número de onda. ....... 81 Figura 5-35 Espectro de absorbância do filme em função do número de onda. ...................... 81 Figura 5-36 Região de estiramento das ligações SiH e SiHx. .................................................. 82 Figura 5-37 Deconvolução da região de estiramento SiH e SiHx............................................ 83 Figura 5-38 Fator de microestrutura (R2090) para os filmes crescidos nos diversos parâmetros. .................................................................................................................................................. 84 Figura 5-39 Percentual de hidrogênio no filme de a-Si:H em função da porção de H2 para diversas potências. .................................................................................................................... 84 Figura 5-40 Espectro de transmitância do vidro. ..................................................................... 85 Figura 5-41 Espectro de transmitância dos filmes. .................................................................. 86 Figura 5-42 Transmitância desde o infravermelho até o visível. ............................................. 86 Figura 5-43 Método gráfico de Tauc para obtenção do Bandgap. ........................................... 87 Figura 5-44 Variação do Bandgap com o fluxo de hidrogênio para diferentes potências. ...... 88 ix Figura 5-45 Divisão do gráfico (αE)1/2 vs. energia do fóton em três regiões(a) coeficiente de absorção em escala logarítmica(b). .......................................................................................... 89 Figura 5-46 Energia de convergência das caudas de Urbach. .................................................. 90 Figura 5-47 Variação da densidade de defeitos com o percentual de H2 para diferentes potências. .................................................................................................................................. 90 Figura 5-48 Resposta é a Taxa de deposição: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 .................................... 92 Figura 5-49 Resposta é Bandgap: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 .................................... 92 Figura 5-50 Resposta é %Hfilme: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 .................................... 93 Figura 5-51 Resposta é R2090: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 ................................................................ 93 Figura 5-52 Resposta é Rugosidade: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 .................................... 94 Figura 5-53 Resposta é Densidade de defeitos Nd: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 ............. 94 x LISTA DE TABELA Tabela III- 1 Parâmetros que afetam os filmes finos em processos PVD. ............................... 12 Tabela III-2 Comprimentos de onda típicos e Energias de transição para excitações rotacionais, vibracionais e eletrônicas. ..................................................................................... 21 Tabela III-3 Lista de colisões Elétron-Molécula. ..................................................................... 23 Tabela III- 4 Gap óptico do a-Si:H preparado para várias temperaturas. ................................ 38 Tabela IV- 1 Parâmetros estudados no comportamento da emissão óptica do plasma. .......... 41 Tabela IV- 2 Algumas características dos reatores. ................................................................. 42 Tabela IV-3 Dados do planejamento fatorial. .......................................................................... 45 Tabela IV-4 Combinações de experimentos no planejamento 2² com 3 pontos centrais. ........ 46 Tabela V-1 Principais parâmetros da simulação no LIFBASE. .............................................. 55 Tabela V-2 Parâmetros utilizados para geração do plasma. ..................................................... 64 Tabela V-3 Parâmetros obtidos a partir de dados experimentais e expressões. ....................... 65 Tabela V-4 Equivalência entre o fluxo de H2 e sua percentagem com relação ao fluxo fixo de 22,5sccm de Ar. ................................................................................. 67 Tabela V-5 Relação dos bandgaps obtidos pelo método de Tauc. ........................................... 88 Tabela V- 6 Respostas da matriz de experimentos do planejamento fatorial, com exceção da amostra 8 que foi adicionada para permitir a análise univariável. ........................................... 91 xi LISTA DE ABREVIATURAS AFM - Atomic Force Microscopy ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica Ar – Argônio a-Si – Silício amorfo a-Si:H – Silício amorfo hidrogenado CETEC - Fundação Centro Tecnológico do Estado de Minas Gerais c-Si – Silício Cristalino CVD - Deposição Química de Vapor (Chemical Vapor Deposition) DC – Direct Current EQP – Energy Quadruple FTIR - Fourier transform infrared spectroscopy FWHM – Full Width at Half Maximum H – Hidrogênio HIT – Hetero junction with Intrinsic Thin layer ITA - Instituto de Tecnologia Aeronáutica NMS - Núcleo de Materiais Solares NREL - National Renewable Energy Laboratory OES – Optical Emission Spectroscopy (espectroscopia de emissão óptica) PACVD - Plasma Assisted CVD PECVD - Plasma Enhanced CVD PMT - Tubo Fotomultiplicador PVD - Deposição Física de Vapor (Physical Vapor Deposition) RECONPLASMA - Rede Nacional em Engenharia de Plasma RF – Radio Frequência RGA – Residual Gas Analysis (Análise de Gases Residuais) Sccm – Standard cubic centimeter per minute SEM – Secondary Electron Multiplier SIMS – Secondary Ion Mass Spectroscopy TCO – Transparent Conductive Oxide u.m.a. – Unidade de massa atômica UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina xii UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte UV-Vis - espectroscopia no ultravioleta visível Voc – Tensão de circuito aberto xiii RESUMO A utilização do silício amorfo (a-Si) como camada emissora nas células fotovoltaicas baseadas em heteroestruturas tem se mostrado com várias vantagens em nível de custo de produção e desempenho se comparadas ao silício cristalino (c-Si). Em filmes de a-Si puro, existe uma grande concentração defeitos, aproximadamente 10²¹ por cm³ e o hidrogênio exerce um papel importante para passivá-los, havendo ainda dúvidas a respeito da sua incorporação e estabilidade em a-Si:H, a despeito do fato de se ter aprendido muito sobre isto nos últimos anos. A técnica de pulverização catódica (sputtering a magnétron) para fins de produção de a-Si:H tem sido pouco estudada se comparada à técnica de PECVD, e apresenta algumas vantagens como uso de insumo fonte de Si mais seguro e sustentável, o sistema é mais simples em termos de aumento de escala e automação. Neste trabalho a incorporação de H no a-Si foi promovida e investigada por via do controle do plasma em uma atmosfera de Ar-H2, que por sua vez é dependente de parâmetros da máquina. Para este controle implementou-se um sistema de controle onde adotou-se a técnica de Espectroscopia de Emissão Óptica (OES) do plasma, que têm tido destaque em diversas aplicações de deposição a plasma por ser relativamente simples e não intrusiva no processo. Foi realizado um planejamento experimental para avaliação dos efeitos de parâmetros de processo nas propriedades dos filmes obtidos. As seguintes técnicas foram utilizadas para caracterização dos filmes: espectroscopias Raman, FTIR e UV-Vis além de microscopia de força atômica (AFM). Obtendo-se as seguintes propriedades: Morfologia, composição, propriedades ópticas, densidade de defeitos em estados intermediários, dentre outras. Os resultados mostram que foi possível a implementação do método de magnéton sputtering para obtenção dos filmes de a-Si:H com altos níveis de incorporação de hidrogênio. A técnica de OES para o estudo do processo de hidrogenação de filmes de a-Si mostrou-se com grande potencial e possibilidade de controle automático da composição do plasma. A ferramenta de planejamento estatístico fatorial, possibilitou o aprimoramento das análises e também grande potencial para otimização de processos e formulação de modelos estatísticos. xiv ABSTRACT The use of amorphous silicon (a-Si) as an emitter for crystalline silicon in photovoltaic solar cells based on heterojunctions has shown advantages with respect to production cost and cell efficiency. In pure a-Si thin films there is a high concentration of defects, approximately 10 ² ¹ per cm³, and hydrogen plays an important role on passivating them. To fully understand the incorporation mechanism and stability of Hydrogen in a-Si:H more research is need, even though so much has been learned in the last years. Magnetron sputtering has been much less studied to grow a-Si:H compared to the PECVD technique, despite the fact that it uses a less dangerous Si precursor or feedstock and presents advantage with respect to scalling up and automation. In this work the incorporation of H in a-Si was enhanced and investigated by means of controlling the reactive Ar-H2 plasma, which is dependent on machine parameters. For this control an atmosphere control system was implemented, using Optical Emission Spectroscopy (OES), a technique that is relatively simple and non-intrusive, to feedback plasma composition. It is proposed in this work the study of the incorporation of H in a-Si films obtained by the magnetron sputtering technique with the aid of optical emission spectroscopy of plasma. An experimental design was performed to evaluate the effects of the parameters of the process on the properties of the films. The following techniques were used for characterization of the films: Raman, FTIR and UV-Vis, as well as atomic force microscopy (AFM). These experiments produced information about the following properties: morphology, composition, optical properties, and defect density in intermediate states, among others. The results show that it magnetron sputtering for obtaining the is possible to implement the films of a-Si:H with high levels method of of incorporation of hydrogen. The OES technique for studying the process of hydrogenation of a-Si film was shown with great potential and possibility of automatic control of the composition of the plasma. A factorial statistical design tool enabled the improvement of the analysis and also shows great potential for process optimization and statistical modeling. xv 1 INTRODUÇÃO Esta proposta de trabalho está inserida em um projeto mais amplo desenvolvido na Fundação Centro Tecnológico do Estado de Minas Gerais (CETEC) denominado “Processamento de silício para a produção de células solares de baixo custo”. O projeto é ligado à Agência Nacional de Energia Elétrica – (Aneel), além de participar da Rede de Cooperação Nacional em Engenharia de Plasma RECONPLASMA, composta até o momento pelas seguintes instituições: Instituto de Tecnologia Aeronáutica – ITA, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC por meio da rede Brasileira de Plasma. Nas últimas décadas a questão da produção de energia tem tomado dimensões cada vez maiores, tanto do ponto de vista de impactos ambientais na sua geração quanto dos recursos para produção sustentável. A geração de energia a partir da radiação solar vem se consolidando cada vez mais, porém ainda assim não se pode dizer em popularização de tal tecnologia devido ao custo excessivo na sua produção. Esforços têm sido feitos no sentido de tornar a produção de tal tecnologia mais acessível, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, e também no sentido de tornar tais dispositivos mais eficientes. Células solares baseadas em heteroestrutura, ou seja, camadas tipo p e n com características estruturais diferentes, como por exemplo, uma camada de silício amorfo depositada sobre silício cristalino, com uma camada intrínseca entre as camadas p e n, são citadas na literatura com eficiência superior a 20%, tendo sido este valor para eficiência buscado por vários grupos de pesquisa no mundo. A utilização do silício amorfo (a-Si) como camada emissora nas células fotovoltaicas permite a redução do custo de produção, sendo que o mesmo pode ser produzido em temperaturas mais baixas comparadas ao silício cristalino (cSi) (Tanaka, et al. Maio 2003) e a utilização do a-Si como camada intrínseca permite reduzir a recombinação de cargas, o que levaria a um tempo de vida maior para a célula (Wang, et al. 2005). Em a-Si puro, existe uma grande concentração de aproximadamente 10²¹ defeitos por cm³ na estrutura atômica amorfa. Uma forma de reduzir tais defeitos chamados dangling bond, é a passivação com hidrogênio (Burrows, et al. 2008), que reduz a densidade de defeitos a partir de aproximadamente 10²¹ cm−3 no a-Si puro para 1015–1016cm−3 no a-Si:H, isso representa menos que um dangling bond por milhão de átomos de silício (Poortmans e Arkhipov 2006). O hidrogênio exerce um papel importante na passivação de defeitos, e a busca pelo entendimento da incorporação e estabilidade do hidrogênio em a-Si:H tem levado 1 a intensas pesquisas (Tanaka, et al. Maio 2003). Estes parâmetros são dependentes da técnica utilizada na obtenção do a-Si:H e também dos parâmetros usados no processo. Uma forma de se controlar a incorporação de H no a-Si, pode ser através do controle da atmosfera do plasma (Matsuda, et al. 1980) que por sua vez é dependente de parâmetros da máquina, sendo que a técnica de Espectroscopia de Emissão Óptica tem tido destaque em diversas aplicações (Aflori, et al. 2005), (Feitknecht, et al. 2002), por ser relativamente barata para se implementar, o que levaria a diminuição de custos de produção. O plasma é conhecido como o 4º estado da matéria. Basicamente é constituído de uma mistura variada de átomos neutros, ionizados e elétrons em constante interação coulombiana, o que resulta do fornecimento de energia à matéria no estado gasoso. As espécies podem estar no estado fundamental e ou no estado excitado, com possibilidades de emissão ou absorção de radiação nas possíveis transições eletrônicas. Em diversas aplicações tecnológicas, é comum alguma etapa que envolve a utilização de plasma para o processamento do material. Uma aplicação de grande relevância é o processamento de semicondutores para aplicação em células solares. Em particular no setor de produção de filmes finos a interação entre o plasma e a superfície do material sob processamento tem importância relevante. É necessário relacionar as propriedades físico-químicas dos filmes obtidos aos parâmetros que controlam o processo, o que pode ser feito por meio da caracterização do plasma. Propõem-se neste trabalho aplicar a técnica de espectroscopia óptica de emissão para ajudar no estudo da incorporação de hidrogênio em filmes finos de silício amorfo, e a busca pelo entendimento da influência dos parâmetros do plasma na obtenção dos filmes com boa incorporação e estabilidade, obtendo-se assim ferramentas de auxílio à reprodutibilidade dos processos para os melhores parâmetros. 2 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivos Gerais Estudar a incorporação de H em filmes finos de a-Si com auxílio do monitoramento e caracterização do plasma. 2.2 Objetivos Específicos Estudar a emissão óptica do plasma em processos de hidrogenação de filmes finos de a-Si; Realização de planejamento estatístico (fatorial) dos experimentos de crescimento de filmes finos de a-Si:H; Obter filmes de a-Si:H através da técnica de magnetron sputtering para aplicação fotovoltaica; Realizar a caracterização de propriedades ópticas e estruturais dos filmes utilizando as seguintes técnicas: espectroscopias Raman, FTIR e UV-Vis, e microscopia de força atômica (AFM). A partir do monitoramento do plasma do processo e das propriedades dos filmes obtidos, estabelecer os critérios que levaram aos melhores filmes. 3 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Contextualização do estudo de filmes finos de a-Si:H Os filmes finos de a-Si:H têm sido amplamente utilizados no desenvolvimento de dispositivos fotovoltaicos através da concepção das células de heteroestrutura, inicialmente apresentadas pela Sanyo (Sakata, et al. 2000), (Tsunomura, et al. 2009)com as chamadas células HIT®. Diversos avanços e contribuições apresentados na literatura, resultante da intensa busca na redução de custos e aumento na eficiência para tais dispositivos, fazem com que este material possua um grande potencial tecnológico (Fuhs, Korte e Schmidt 2006), (Korte, et al. 2008), com a obtenção de célula em grandes áreas e com possibilidade de produção em larga escala, como apresentados também pela Sanyo (Mishima, et al. 2011). Alguns dos desafios atuais da tecnologia que vêm sendo estudados a fim de torná-la mais competitiva no mercado são apresentados abaixo (Poortmans e Arkhipov 2006): Aumento da eficiência de conversão das células solares de a-Si:H. Eliminação da degradação induzida pela luz (Conhecida como efeito Staebler– Wronski (Han 2005). Obtenção de boas taxas de deposição para as camadas absorvedoras (desejável ser entre 10 e 20Å/s, a fim de limitar os investimentos nas máquinas de deposição dos filmes de a-Si:H que refletem fortemente no custo dos módulos). A escolha de tecnologia de produção em massa. Diminuição do custo de materiais. A maioria destes desafios está relacionada principalmente com aumento da absorção, diminuição da recombinação por defeitos em ligações pendentes e nas interfaces (Ray, Chaudhuri e Chatterjee 2002), (Yan, et al. 2006), (Korte, et al. 2008), (Burrows, et al. 2008). Neste sentido, mecanismos de avaliação da incorporação e estabilidade de hidrogênio para passivação de defeitos têm sido utilizados, como análise de infravermelho in-situ (von Keudell e Abelson 1997), estudo de elipsometria (Hadjadj, et al. 2010), e também análise do plasma do processo em sputtering [ (Matsuda, et al. 1980), (Perry, et al. 1995), (Feitknecht, et al. 2002), (Aflori, et al. 2005), (Strahm, Howling e Hollenstein 2007)]. 4 Na literatura, a técnica mais difundida para crescimento dos filmes de a-Si:H é a deposição química na fase de vapores com assistência de plasma (PACVD ou PECVD – Plasma Assisted ou Plasma Enhanced CVD), (Mahan, et al. 2002), (Ray, Chaudhuri e Chatterjee 2002), (Edelman, et al. 2003), mas a tecnologia de pulverização catódica (sputtering) reativa tem muitas vantagens como processo de deposição. A principal delas é a capacidade de separar as duas matérias-primas, Si e H, e independentemente, otimizar o papel que cada um desempenha na formação da rede e na determinação das propriedades eletroóptico. Além disso, filmes obtidos por sputtering em geral são mecanicamente resistentes e de boa aderência ao substrato além do processo ser facilmente escalável (Pankove 1984). Acredita-se que a técnica de pulverização catódica (sputtering) tem tido pouco destaque na literatura para produção dos filmes de a-Si:H, sendo o estado da arte para produção destes filmes através da técnica de PECVD. 3.2 Formação de filmes de a-Si:H por magnéton sputtering Os mecanismos de crescimento de filmes de a-Si:H por pulverização catódica (sputtering), são pouco estudados se comparado ao método PECVD. Existem três tipos de fenômenos que, provavelmente, ocorrem simultaneamente na superfície do alvo durante a pulverização do Si em uma mistura de Ar e H2 (Pankove 1984): (1) Bombardeamento por íons Ar+ e H+: Devido à natureza do processo de pulverização catódica (sputtering); (2) Formação de compostos Si:H: Esse processo é favorável à altas pressões parciais de hidrogênio (H2/Ar >> 1) e baixa taxa de sputtering. É bem conhecido em processos de sputtering reativo que nessas condições, a formação do composto (SiH) ocorre na superfície do alvo como uma reação do estado sólido e posteriormente é pulverizado. Esse processo diminui significantemente a taxa de deposição e aumenta a emissão de elétrons secundários. (3) Sputtering químico: Através de reações de volatilização etc. Matsuda et al. (1980) sugerem o seguinte mecanismo de crescimento: o gás hidrogênio inserido na câmara de sputtering é excitado e decomposto em átomos de H (ou radicais) na vizinhança do alvo onde o campo elétrico é mais intenso. Tais radicais reagem com o Si 5 pulverizado no plasma próximo ao alvo, produzindo moléculas de SiHx. Após diversas colisões com outras espécies, as moléculas de SiHx alcançam a superfície do substrato e são solidificadas em a-Si:H através de reação na superfície. Os autores reconhecem que um mecanismo alternativo de formação de moléculas de SiHx é pelo ataque direto do alvo de Si por átomos de H, mas eles sugerem que isso deve ser um mecanismo secundário, uma vez que a intensidade de emissão de SiH4 é diminuída em um ambiente com 100% de gás H2 (Matsuda, et al. 1980). Contrário a Matsuda e co-autores, (Moustakas 1984) propõem que o segundo mecanismo é mais provável para formação de SiH4 no processo de pulverização catódica a plasma, pois segundo os autores, reações na fase gasosa não são consideradas favoráveis. Em tal modelo SiH4 pode ser formado por ataque do alvo de silício ou silício depositado na parede ou na plataforma do substrato, por plasma de H2. O mecanismo de etching depende fortemente da temperatura da fonte de silício. Como exemplo, se o alvo é pobremente resfriado por água, sua superfície pode atingir temperaturas além de 100°C como resultado do processo de sputtering. É estimado que 1% da energia incidente sobre a superfície do alvo vai para a ejeção de partículas pulverizadas, 75% vai para aquecimento do alvo e o restante é dissipado por elétrons secundários que bombardeiam e aquecem os substratos. Nestas circunstâncias a taxa de etching do alvo de silício pelo plasma de H2 é esperada ter seu máximo valor. A observação pelos autores de que a quantidade de SiH4 diminui num gás com 100% de H2 também é representada neste modelo. A taxa de etching do silício é proporcional a quantidade de hidrogênio atômico, que tem sido mostrado pelos autores diminuir na ausência de argônio. Paesler e co-autores, por outro lado, operaram seus aparatos de sputtering com alvo bem refrigerados a água. Como um resultado, a taxa de etching do Si pelo plasma de H2 deve ser muito menor, e isso deve explicar a redução da deposição de SiH4 neste caso. Sob as bases dessas observações, (Moustakas 1984) propôs o seguinte modelo de crescimento de filmes: Se o alvo é bem refrigerado a água e o porta amostras é mantido próximo à temperatura ambiente ou acima de 200°C, há muito pouco ataque químico (etching) por plasma de H2 no alvo ou no filme sendo crescido. Sob tais condições experimentais, a cinética de reação entre Si e H2 poderia ser interpretada nos moldes do sputtering reativo clássico. Se o alvo estiver entre 100 e 200°C, então além do sputtering físico, o alvo é constantemente atacado quimicamente por plasma de H2 formando SiH4. Sob tais condições, o filme cresce por combinação de sputtering físico e descarga luminescente de decomposição de SiH4, além de haver ataque químico pelo plasma de H2. 6 Abelson e seus colaboradores tiveram papel de destaque no estudo dos mecanismos de crescimento dos filmes via pulverização catódica a plasma, alguns de seus trabalhos (Abelson 1993), (Katiyar, et al. 1993) dentre outros, contribuíram para um estudo mais recente, onde a proposta dos autores é de que independentemente da potência RF utilizada, a influência do substrato é fundamental e pode ser divida em duas faixas: (i) faixa de baixa temperatura, onde a taxa de deposição é controlada pelo fluxo de partículas vindo do plasma, e o mecanismo de crescimento é governado pela incorporação de espécies SiHx (x = 0 - 1). Neste caso, a taxa de deposição cresce com a temperatura do substrato. (ii) faixa com altas temperaturas, onde o mecanismo de crescimento é dominado por reações na superfície. A taxa de deposição aqui diminui com o aumento da temperatura do substrato (Abdesselem, et al. 2006). Veja Figura 3-1 abaixo com um esquema de tais reações propostas pelos autores: Figura 3-1 Figura esquemática das reações ocorrendo na superfície do filme em crescimento. (a) Ligação de SiHx na superfície a partir de precursor vindo do plasma. (b) formação de moléculas voláteis como resultado de difusão de hidrogênio para fora da superfície. (c) crescimento nas laterais do filme. Adaptado de: (Abdesselem, et al. 2006). (i) Ligação do precursor SiHx (x = 0 - 1), no caso da deposição por pulverização, a principal espécie do fluxo alcançando a superfície do filme sendo crescido são Si e SiH; esta etapa é responsável para o crescimento do filme vertical (Figura 3-1a). Os radicais altamente reativos, Si e SiH próximos ao seu local de chegada, é em 7 geral uma característica do método PVD. Além disso, a reação destes precursores na superfície dependem fortemente da cobertura de hidrogênio na superfície. (ii) Efusão de Hidrogênio (ou ataque químico de hidrogênio) causado pela formação de moléculas voláteis na superfície, tais como H2, SiH4 ou Si2H6 (Figura 3-1b), e sua subsequênte dessorção. Esta etapa é responsável pela eliminação de hidrogênio da rede do filme e o ataque na superfície é controlado pela mobilidade do hidrogênio na superfície. (iii) Reação cruzada (Figura 3-1c). Esta etapa é responsável pelo crescimento lateral através da conexão de colunas sendo crescidas. A temperatura de substrato e a cinética de retração devido ao bombardeamento da superfície com íons do plasma estimulam este processo e permite a densificação e melhor planarização. 3.2.1 Identificação de parâmetros de deposição relacionados ao mecanismo de crescimento dos filmes e a relação entre os principais defeitos estruturais nas propriedades dos filmes. Muitos parâmetros de deposição podem afetar a estrutura dos filmes finos e são comuns a todos métodos de deposição, ou seja, a origem dos átomos pode ser por deposição na fase de vapor física ou química, deposição na fase líquida por eletrodeposição e epitaxia, ou por plasma. Neste trabalho serão considerados apenas métodos de deposição em fase de vapor Físico e Químico. A concentração de impurezas no ambiente de deposição na fase de vapor determina a quantidade de impureza incorporada no filme, portanto as deposições devem ser realizadas em câmaras evacuadas, sendo a pressão de base um bom indicador de impurezas. As partículas incidentes sobre um ponto no substrato tem energia cinética e podem ter a mesma direção ou direções de incidência randômicas. Esses parâmetros são definidos pela massa e velocidade de cada uma dessas partículas incidentes. Também o fluxo de cada espécie bombardeando o filme, afeta significantemente a estrutura final do filme. Estes parâmetros equivalem às variáveis de deposição: taxa de deposição, composição e razão entre átomos inertes por átomos no filme chegando ao substrato. Finalmente, o material do substrato, temperatura, limpeza da superfície, reconstrução da superfície e rugosidade da superfície também afetam a estrutura do filme. A pressão base e a pureza dos materiais precursores além de determinarem a pureza dos filmes finos depositados, possuem papel importante na formação de ligações pendentes, 8 também conhecidas como “dangling bonds”, na estrutura dos filmes. Em processos de deposição física na fase de vapor PVD, para pressões de base maiores que 10-8Torr as superfícies dos substratos terão camadas atômicas de impurezas (como oxigênio) que evitam ligações primárias, induzindo distorções das ligações e a formação dos tais dangling bonds. Mesmo efetuando sputtering da superfície para remover impurezas não é possível eliminá-las, principalmente devido a qualidade do gás utilizado. Neste ponto vale uma consideração sobre os dangling bonds, pois idealmente seria interessante que a última camada do substrato possuísse apenas ligações faltantes para que o filme fosse formado em sequência, e no caso de repetição da estrutura do substrato ter-se-ia o que se conhece como camada epitaxial. Em aSi:H, ligações faltantes (dangling bonds) originam-se quando átomos de silício tem poucas ligações para satisfazer seu orbital sp3. Além das ligações faltantes, a presença de ligações fracas dão origem no a-Si:H aos chamados estados de caudas da banda (band tail states). Por consistirem de estados deslocalizados como as bandas de valência e condução, são comumente conhecidas como estados estendidos: cauda da banda (band tail) e os estados localizados: estados de ligações pendentes (dangling bond). Há três tipos possíveis de ligações faltantes (dangling bonds): neutra, carregada positivamente e negativamente, denotadas usualmente por D0, D+ e D-, respectivamente. O estado de energia de D0 fica no meio do gap de energia e D+ e D- ficam sobre e abaixo ao estado D0 respectivamente. Assim, como elétrons e buracos podem ser capturados por ligações pendentes, essas ligações agem como centro de recombinação e aprisionamento de portadores de carga, o que reduz a fotocondutividade do material. Isso também sugere que para um material contendo D0, D+ e D-, quando expostos a fótons de energia igual ou maior que a energia de gap, o número de ligações faltantes pré-existentes será alterado. Os pares elétron-buraco excitados serão capturados, mudando de um tipo pra outro, mas o número de elétrons e buracos continuarão os mesmos, já que o número de ligações faltantes pré-existentes não irão se alterar (Singh e Shimakawa 2003). A Figura 3-2 apresenta um diagrama esquemático dos estados eletrônicos envolvidos na região do band-gap do a-Si:H. As caudas da banda de condução e valência são expressas por uma função exponencial com larguras de 25meV e 48-51meV, respectivamente (Kasap e Capper 2006). 9 Figura 3-2 Diagrama esquemático da cauda e gap de estados e os processos de recombinação no a-Si:H. R e NR refere-se a recombinação radiativa e não radiativa respectivamente. Um diagrama da densidade do espectro de estados é ilustrado no lado esquerdo. Fonte: (Kasap e Capper 2006) Os centros de recombinação radiativa participando na luminescência de baixa energia podem ser atribuídos a pares de defeitos distantes , em que e são o centro de coordenação tripla do silício carregado positivamente e o centro de coordenação dupla do nitrogênio carregado negativamente, respectivamente. Os centros são criados a partir de contaminações de átomos de nitrogênio introduzidos durante a preparação de amostras. Por outro lado, pares de defeitos próximos agem como centro de recombinações não radiativas. As ligações faltantes neutras funcionam como um centro de recombinação não radiativo típico no a-Si:H (Kasap e Capper 2006). Silício amorfo sem dopagem de alta pureza tem uma alta densidade de defeitos, 1020cm-3 (um dangling bond para cada ~ 500 átomos de Si) que impedem a fotocondutância e dopagem. O papel especial do hidrogênio com relação ao silício amorfo é sua habilidade de passivar defeitos. A hidrogenação a um nível de 10% reduz a densidade de defeitos de 4 a 5 ordens de magnitude (van Sark 2002), chegando a uma densidade de defeitos inferior a 1016cm-3 (Poortmans e Arkhipov 2006). A energia associada ao processo de sputtering pode levar a obtenção de superfícies mais ou menos estáveis, no caso amorfo ou não. No caso de uma superfície não limpa o filme a ser crescido tende a ser independente do material do substrato. A partir da teoria cinética dos gases, a relação entre a taxa de colisão e a pressão é dada por: 10 (3.1) Dada em monocamadas/s com a pressão P em Torr, a é a área da superfície coberta pela partícula incidente (cm²), M é a massa molar da partícula incidente (em g) e T é a temperatura absoluta (em K). Como exemplo o O2, a = 16,2 10-16 cm², M = 32g, considerando T = 300K, Ñ = 0,58 106, e para uma pressão P = 2,0 10-6, a taxa corresponde a 1 monocamada/s. Assim, se Co é a concentração de oxigênio da câmara de gás, e se o coeficiente de adsorção α e a taxa de deposição é igual à Ñ monocamadas/s, a concentração percentual de oxigênio no filme será dada por: (3.2) Para α = 0,1 e Co = 0,1 e mesmo a uma pressão P = 10-8Torr e Ñ = 100, a concentração de oxigênio será igual a 1ppm. Para pressões maiores e/ou taxas de deposição menores a concentração de oxigênio no filme será maior que 1ppm, sendo que para filmes com materiais reativos pode ser até 10 vezes maior do que o estimado. Alguns gases comuns para pressão de base de 10-8 Torr são: dióxido de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, vapor de água e várias moléculas orgânicas, tais como metano. A presença de impurezas na solução afeta significantemente diversas propriedades dos filmes, tais como resistividade e o stress. Para baixas pressões, onde a direção de incidência das partículas costumam se manter, a energia média dos átomos ejetados que incidem sobre o substrato podem atingir energias entre 10 e 20eV, enquanto as energias dos gases inertes neutros que também bombardeiam o substrato podem alcançar valores muito maiores. No caso de haver polarização do substrato, os íons podem atingir energias entre 50 e 300eV. Nestas faixas de energia, dentre os fenômenos que as partículas incidentes podem induzir são: sputtering de átomos da superfície do filme, inserção de partículas incidentes no filme depositado, aumento temporal da temperatura no percurso da partícula no filme (Spike), produção de defeitos e amortização da superfície do substrato. Esses efeitos podem ocorrer todos juntos ou separadamente dependendo da energia transferida pela partícula incidente para o filme. A taxa de deposição de muitos processos na fase de vapor está na faixa de 0,1 a 100monocamadas/segundo. A taxa de deposição pode afetar a estrutura do filme resultante. Para baixa temperatura de substrato, a taxas maiores, a concentração de defeitos é maior no 11 filme depositado, e para altas temperaturas esses defeitos são reduzidos devido a migração para contorno de grão. Para processos em que os filmes estão sujeitos ao fluxo de átomos do gás inerte e também do material a ser depositado, a estrutura estará sujeita a razão dos dois fluxos, sendo que esta pode determinar se o filme será amorfo ou cristalino sobre certas condições de deposição além de outros parâmetros sensíveis a essa razão. Tabela III- 1 Parâmetros que afetam os filmes finos em processos PVD. Parâmetros de deposição Pressão de base Incidência paralela Estrutura ou fenômeno afetado Deposição Epitaxial ou não-epitaxial Conteúdo de impureza no filme Orientação colunar no entorno Textura Energia da partícula incidente Defeitos, estruturas de cristalinas e grãos Momento normalizado Todas estruturas, estresse intrínseco Taxa de deposição Temperatura de transição, todas estruturas Razão de fluxo de gases na superfície do filme (atomizado/inerte) Todas estruturas Natureza da superfície do substrato Deposição Epitaxial ou não-epitaxial Temperatura do substrato Todas estruturas, composição Fonte: (Machlin 2005) 3.3 Visão fenomenológica básica do processamento a plasma de materiais. O estado de plasma é definido como o quarto estado da matéria distinta da fase sólido, líquido e gasoso. Consiste basicamente de um gás com partículas livres eletricamente carregadas positiva e negativamente, como íons e elétrons respectivamente (Chapman 1980). A Figura 3-3 apresenta uma relação entre o estado da matéria em função da temperatura (Makabe e Petrovic 2006). Num ambiente de plasma, diversos processos eletrônicos podem ocorrer a todo o momento, tais como transições eletrônicas, relaxações, ionização dentre outros, fazendo com que haja uma constante atividade eletromagnética neste meio. 12 Figura 3-3 Estado da matéria em função da temperatura. Fonte: (Harsha 2006) Como em qualquer gás, a temperatura no plasma é determinada pela energia média das partículas do plasma (neutras e carregadas) e seus relativos graus de liberdade (translacional, rotacional, vibracional e aqueles relacionados à excitação eletrônica). Assim, plasmas como um sistema de multicomponentes, podem apresentar múltiplas temperaturas. Em descargas elétricas comuns para geração de plasma em laboratório, energias a partir do campo elétrico são primeiro acumuladas pelos elétrons entre colisões e, subseqüentemente transferidas dos elétrons para as partículas pesadas (Fridman 2008). A relação entre partículas carregadas e neutras no ambiente do gás determina o grau de ionização do plasma HDI = np/N, onde ne = np e N são o número de densidade de partículas carregadas e neutras no plasma (Makabe e Petrovic 2006). Elétrons recebem energia do campo elétrico durante seus livre caminho médios e em colisões elásticas seqüentes com partículas pesadas, a maioria perde apenas uma pequena porção desta energia (pois elétrons são muito mais leves que as partículas pesadas). Isto é, refletido na temperatura dos elétrons em plasmas frios, tendo valores mais elevados se comparados aos das partículas pesadas. Subsequentemente colisões de elétrons com partículas pesadas (aquecimento Joule) podem equilibrar suas temperaturas, a menos que tempo e energia não sejam suficiente para o equilíbrio ou há um intensivo mecanismo de resfriamento prevenindo o aquecimento dos gases (tais como uma parede resfriada em descargas a baixa pressão) (Fridman 2008). 13 Um vasto número de processos individuais e elementares são importantes na determinação da cinética de plasmas de baixa temperatura. O transporte de elétrons em um plasma fortemente ionizado é dominado por interações de Coulomb de longo alcance com os elétrons e íons visinhos havendo poucas colisões de curto alcance. Por outro os plasmas fracamente ionizados são representados por interações de curto alcance entre partículas neutras sob a influência de campos elétricos e magnéticos. Em comparação moléculas neutras teriam trajetórias em linha reta, antes de colidir com outras. A Figura 3-4 abaixo apresenta um esquema geral de colisões em gases (Makabe e Petrovic 2006). Figura 3-4 Trajetória do elétron em três meios diferentes: (a) plasma fortemente ionizado; (b) plasma fracamente ionizado e (c) gás neutro. Fonte: (Makabe e Petrovic 2006) A diferença de temperatura entre elétrons e partículas neutras pesadas em um plasma ionizado por colisões é convencionalmente proporcional ao quadrado da razão entre campo elétrico (E) com a pressão (p). Somente no caso de pequenos valores de E/p as temperaturas de elétrons e partículas pesadas se aproximam uma da outra. Este parâmetro é requisito básico para o equilíbrio termodinâmico local (LTE) no plasma. Além disso, as condições de LTE requerem um equilíbrio químico bem como restrições nos gradientes. O plasma em LTE segue a maior parte das leis de equilíbrio termodinâmico e pode ser caracterizado por uma única temperatura para cada ponto do espaço. Processos de ionização e químicos em tais plasmas são determinados pela temperatura (e somente indiretamente pelo campo elétrico por meio do aquecimento Joule). O plasma em quase equilíbrio deste tipo é usualmente chamado plasma térmico. Plasmas fora do equilíbrio termodinâmico são caracterizados por múltiplas temperaturas relacionadas a diferentes partículas e diferentes graus de liberdade. A temperatura de elétrons frequentemente é maior do que das partículas pesadas (Te >> T0). Ionização e processos químicos em plasmas fora do equilíbrio são diretamente determinados pela temperatura de elétrons e são menos sensíveis a temperatura do gás. 14 Embora as relações entre diferentes temperaturas do plasma na situação fora do equilíbrio possam ser bastante complexas, é convencional apresentar em plasmas fracamente ionizados a seguinte relação: Te > Tv > Tr ≈ Ti ≈ T0. A temperatura de elétrons (Te) é a mais alta no sistema, seguida pela temperatura de excitação vibracional das moléculas (Tv). A temperatura mais baixa é compartilhada no plasma por partículas neutras pesadas, (T0 temperatura do gás), íons, (Ti), bem como grau de liberdade rotacional das moléculas (Tr). Com temperaturas por volta de 10% da energia de ionização dos gases em um plasma é possível ativar processos químicos entre os átomos e moléculas segundo a regra geral encontrada por Zeldovich & Frank-Kamenetsky (Fridman 2008). Esta energia é conhecida como energia de ativação de Arrhenius (IUPAC 1997). A equação de Arrhenius é uma fórmula simples, mas muito precisa que mostra a dependência constante da taxa de reação com relação à temperatura, e, portanto indica a taxa de uma reação química (IUPAC 1997). (3.3) Onde R é a constante dos gases, A, é o fator pré-exponencial da equação de Arrhenius e Ea é a energia de ativação. Diversas aplicações dessa equação são apresentadas em (Lieberman e Lichtenberg 2005) para átomos e moléculas. Segundo a idéia de Arrhenius, para os reagentes se transformarem em produto, precisam primeiro adquirir uma quantidade mínima de energia, chamada energia de ativação Ea. Para uma temperatura absoluta T, a fração de moléculas que tem uma energia cinética maior que Ea pode ser calculada a partir da distribuição de Maxwell-Boltzmann, e acaba sendo proporcional a . O conceito de energia de ativação explica a natureza exponencial da relação, e de uma forma ou de outra, está presente em toda teoria cinética. Não serão tratados aqui os aspectos teóricos envolvendo equações de Boltzmann. Apesar da necessidade desta estatística, um aprofundamento aqui foge ao escopo do trabalho, e a visão apresentada acima, já é suficiente para o entendimento fenômeno. Tecnologias assistidas por plasma de baixa temperatura são geralmente referidas como processamento a plasma e é classificada em Deposição Química de Vapores com Assistência de plasma (PACVD – Plasma Assisted Chemical Vapor Deposition), pulverização catódica “Sputtering” dentre outras. 15 3.3.1 A emissão óptica no plasma No processamento dos filmes finos de a-Si:H por pulverização catódica a plasma, há a ocorrência de emissão de grande quantidade de radiação por emissão das partículas dos gases e do alvo envolvidos. A radiação eletromagnética se origina quando as partículas excitadas (átomos, íons e moléculas) relaxam se a níveis de menor energia cedendo o excesso em forma de fótons. A excitação, dissociação ou formação de íons pode se dar por diversos meios, como por impacto de elétrons ou outras partículas elementares, a exposição a radiação eletromagnética, dentre outras. Neste caso, os elétrons de valência, que são os últimos nas subcamadas, determinam o processo colisional e outros comportamentos dos átomos. Por exemplo, uma colisão de um elétron com um átomo de argônio pode excitá-lo para um nível de energia mais alto (Lieberman e Lichtenberg 2005): e + Ar Ar* + e Correspondendo a seguinte mudança de estado para o elétron de valência. 3p6 3p54s1 A descrição teórica da luz pode ser dada em dois caminhos: ser considerada um fluxo de corpúsculos (fótons) ou como uma onda eletromagnética (Gauglitz e Vo-Dinh 2003). No primeiro caso a energia do fóton é descrita como: (3.4) sendo (3.5) Onde h = 6,626×10-34Js, ν a frequência da luz, c a velocidade da luz no vácuo e λ o comprimento de onda. No segundo caso em que a luz é descrita por uma onda eletromagnética, sua propagação em meio não absorvedor pode ser descrita como: (3.6) 16 Onde A é a amplitude, ω é a frequência angular, t o tempo, δ o ângulo de fase e φ o ângulo de polarização. A frequência angular pode ser expressa em termos do comprimento de onda λ e índice de refração n: (3.7) A radiação emitida por uma fonte excitada é caracterizada adequadamente por meio de um espectro de emissão, geralmente na forma gráfica com a potência em função do comprimento de onda (Koog, Holler e Nieman 2001). Para uma visão aprofundada, veja (Griem 1964), (Herzberg 1936) e (Jackson 1998). 3.3.2 Colisões, Seções de Choque e transições energéticas Uma colisão atômica é um processo estocástico que ocorre quando duas partículas se aproximam uma da outra uma distância curta o suficiente que suas interações de modo que a interação com diferentes forças se torna apreciável. Em plasma fracamente ionizado, lidamos com colisões de curto alcance entre dois corpos, que são então consideradas como sendo muito rápidas e numa distância muito curta comparadas com o livre caminho médio. Devido à força de Coulomb ter infinito alcance, colisões entre partículas carregadas são descritas como colisões entre muitos corpos e de longo alcance. A colisão clássica de uma partícula leve de massa m e velocidade v em uma partícula pesada de massa M é ilustrada na Figura 3-5. Após a colisão a partícula leve será espalhada em um ângulo θ com relação à direção origina z e dentro de um ângulo sólido dΩ (=sen θdθdϕ). Ela terá uma velocidade e caminho definitivos e a seção de choque diferencial σ(θ, ϕ, ε)dΩ dará a probabilidade de espalhamento dentro do ângulo sólido dΩ. No caso quântico, uma partícula livre aproximando será representada como uma onda plana descrita na Figura 3-5 (b). Então como resultado do espalhamento esférico, a onda emergindo da colisão será dada pela soma das ondas plana e esférica. 17 Figura 3-5 Representação Clássica e Quântica de uma colisão. Adaptado de: (Makabe e Petrovic 2006) 3.3.2.1 Níveis de energia de Átomos A fim de entender colisões inelásticas entre um elétron e átomo, deve-se primeiro considerar o nível de energia de um átomo. As energias entre diferentes níveis determinam a energia de transição: (3.8) A energia limite εex requerida para o estado excitado superior é igual a energia de excitação: (3.9) E abaixo dessa energia a seção de choque para excitação induzidas por colisão de elétrons é igual a zero. Somente as transições radiativas permitidas de elétrons ligados são possíveis (ambos, absorção e emissão). O tempo de vida de estados excitados que tem transições radiativas permitidas para estados mais baixos são da ordem de 10-9s. Elétrons ligados podem também ser excitados para estados de tripleto, e esses eventualmente decairão para estados excitados tripletos mais baixos que não têm transição radiativa para o estado estacionário por emissão de dipolo. Transições por quadrupolo e de ordem de momento maior são fracas, e o tempo de vida destes estados são tipicamente na faixa de 102 ~ 100s ou mais. Estes são chamados de estados metaestáveis. Se elétrons colidem com estados metaestáveis, então uma nova excitação ou ionização é possível. Este modo é mais eficiente, pois a energia 18 limite de excitação de níveis maiores ou a ionização é menor que a energia para excitação a partir do estado estacionário. 3.3.2.2 Níveis de Energia Rotacional, Vibracional e Eletrônica de Moléculas Quando dois átomos se combinam em uma molécula, sua dinâmica será determinada por forças que agem entre eles. Uma combinação de forças repulsivas e atrativas resultando em um potencial de energia para cada posição inter nuclear. Uma curva de potencial é plotada para cada combinação de átomos como uma função da distância internuclear. A molécula será estabilizada na distância de equilíbrio internuclear que presumivelmente corresponde ao potencial mínimo. Na Figura 3-6 são apresentadas curvas de potencial de energia para uma molécula de nitrogênio. O estado estacionário é . Sobrepostos ao diagrama de potencial são os níveis de energia vibracional (εv) e rotacional (εr). As energias de rotação e vibração de moléculas são quantizadas, isto é, os níveis de energia são discretos. A energia total do de uma molécula com nível eletrônico excitado é, portanto: (3.10) Sendo a energia de excitação. Na Figura 3-6 são apresentados apenas os níveis vibracionais, na medida em que os níveis rotacionais necessitariam uma resolução muito maior para serem observados. O estado excitado ambiente também tem líveis vibracionais e rotacionais. Moléculas em temperatura preenchem um grande número de níveis de estados rotacionais e, consequentemente, a emissão na transição entre dois estados eletronicamente excitados é alargada e então falamos de bandas moleculares ao invés de linhas. A terceira curva de potencial, retratada na Figura 3-6, não tem mínimo. Esta é uma curva repulsiva, porque dois átomos compondo a molécula seriam separados com alguma energia cinética se tivessem. 19 Figura 3-6 Curvas de potencial para a molécula de nitrogênio. Adaptado de: (Makabe e Petrovic 2006) A energia total de uma molécula diatômica com energia potencial interna V(r) pode ser escrita usando a velocidade relativa vr e a massa reduzida μ considerando o centro de massa CM como: (3.11) Que pode ser transformada para um sistema de coordenadas esféricas: (3.12) Que corresponde à Hamiltoniana na mecânica quântica. Em complemento a Hamiltoniana, devemos lembrar que o momento angular L é conservado e igual a L = r×P = rμ(rdθ/dt). Isto introduz o Hamiltoniano com a relação P(= −iħd/dr) para quantização do momento. O Hamiltoniano como operador da energia total é dado por: (3.13) 20 O Hamiltoniano pode ser separado em dois termos, um correspondente ao movimento θ rotacional: (3.14) E o outro para o movimento vibracional r: (3.15) A Tabela III-2 abaixo apresenta as principais características de energia de tais transições. Tabela III-2 Comprimentos de onda típicos e Energias de transição para excitações rotacionais, vibracionais e eletrônicas. Transição Onda Comp. de onda (m) -3 Energia (eV) 1,24 x 10-6 ~ 1,24 x10-4 Rotação Microondas 1 ~10 Vibracional Infravermelho 10-3 ~ 0,8x10-6 1,24 x10-4 ~1,55 Eletrônico Visível 0,8x10-6 ~ 0,4x10-6 1,55 ~ 3,10 Eletrônico UV 0,4x10-6~ 10-8 3,10 ~30 3.3.2.3 Leis de Conservação em Colisões Podemos escrever a lei de conservação de energia como (3.16) Onde μr é a massa reduzida da particular, εR é a perda de energia (energia da reação) devido a excitação de níveis de energia internos de uma ou de ambas as partículas, éa velocidade relativa da partícula em relação ao grupo antes e após a colisão. Podem-se definir três tipos de colisões, cada uma definida por seu respectivo valor e sinal da energia de reação. 21 i. εR > 0: Colisões do primeiro tipo, em que temos perda da energia cinética total por processos inelásticos; ii. εR < 0: Colisões do segundo tipo, em que tem-se ganho da energia cinética total a partir da energia de excitação interna; e iii. εR = 0: Colisões elástica, em que a energia cinética total é conservada. O espalhamento e colisões das partículas podem ser fundamentados a partir de teorias clássicas ou quânticas, sendo que a Figura 3-5 acima pode ajudar a compreender um pouco tal fundamentação. Na teoria clássica a partícula é tratada como uma esfera rígida e na quântica como uma onda que descreve a partícula antes da interação durante e após a interação. Não serão tratadas aqui as fundamentações teóricas. 3.3.2.4 Principais tipos de colisões 3.3.2.4.1 Colisões entre Elétrons e Átomos/Moléculas Neutras. Colisões de elétrons com moléculas na fase gasosa são verificadas frequentemente e são muito importantes nos plasmas fora do equilíbrio de baixa temperatura. Assim, serão descritas em maior detalhe que outros processos. Uma propriedade específica das colisões entre elétrons e moléculas é a grande diferença de massa, que é maior que quatro ordens de grandeza. Assim o recuo das moléculas em colisões é pequeno e a perda de energia de elétrons em colisões elásticas é muito pequena, considerando que o ganho de energia da molécula é desprezível. Esta é a propriedade básica que permite a formação do plasmas fora do equilíbrio. Por outro lado, a transferência de energia por processos inelásticos é aproximadamente 100% eficiente. Podemos classificar as colisões Elétron-Molécula por diversos critérios. O mais importante é a divisão em processos elásticos e inelásticos. Outra importante distinção é entre processos conservativos e não conservativos de elétrons, onde, por exemplo, a ionização e a ligação de elétrons se encaixam nesta última categoria. Uma descrição teórica da colisão elétron-molécula é bastante complexa e uma representação analítica das seções de choque é geralmente impossível. Tratamentos clássicos e semiclássicos são apenas de uso limitado em processos específicos. Teoria quântica é, entretanto quase sempre necessária e a Hamiltoniana consiste da parte descrevendo a molécula isolada, a energia cinética do elétron e as interações elétron-núcleo e elétron- 22 molécula. Na medida em que os elétrons na órbita mais externa em uma molécula e um elétron projétil são férmions, o princípio de Pauli dita que o potencial correspondente é repulsivo e não local. Não há para essa interação teoria clássica análoga. Este efeito é de importância quando o elétron é próximo ao alvo onde irá competir com várias interações eletrostáticas. Se movermos além do alvo o efeito de polarização se torna dominante. Polarização é induzida pelo elétron projétil, e embora a imagem semi-clássica é útil para seu entendimento, é necessário teoria quântica para cálculos práticos. Para longas distâncias r, o potencial de polarização é aproximado por: (3.17) onde α é a polarizabilidade da molécula. Se há um momento de dipolo permanente ou se o alvo é carregado, então a interação pode ser dominada na região distante por condições eletrostáticas. Moléculas com um momento de dipolo permanente, embora neutras, tem um potencial de longo alcance, e assim a seção de choque pode ser larga, especialmente para baixas energias incidentes. Como um resultado desta interação e dos graus de liberdade internos de moléculas, há várias colisões elétrons-moléculas que podem ocorrer. Estas são listadas na Tabela III-3. Tabela III-3 Lista de colisões Elétron-Molécula. Processo Esquema da reação Perda de energia Elástico Δε (típico) ~0 Excitação eletrônica 10eV Excitação rotacional kT Excitação vibracional 0,1eV Dissociação 10 eV Ionização 15 eV Associação ~kT Ligação de elétron ~ eV Formação de par de íons 20 eV Colisão superelástica 0,01~ -20eV 23 Nas colisões elásticas entre um elétron leve (massa m) e uma molécula do gás mais pesada (massa M), a perda de energia cinética é em média igual à 2(m/M)ε, onde ε é a energia cinética do elétron. Assim para baixas energias, a eficiência de transferência de energia em uma colisão elástica é 10-4 comparada com valores típicos de processos inelásticos. 3.3.2.4.2 Colisões Elétron – Átomo 3.3.2.4.3 Seções de Choque de espalhamento elétron-átomo No caso do argônio, temos quatro níveis baixos: dois deles são metaestáveis (3P2 e 3P0), e os outros dois (3P1 e 1P1) são ressonantes ( com transições permitidas para o estado estacionário 1S0) (veja Figura 3-7). Transições a partir dos dois estados metastáveis são fortemente proibidas pela regra que somente transições com ΔJ = 0, ±1, exceto para 0 → 0 são permitidas. Neste caso, o nível 3P1 tem uma transição ressonante para o estado estacionário apesar da regra mais fraca que somente transições com ΔS = 0 são permitidas. Todos os gases raros com a exceção do hélio têm configuração similar de estados metaestáveis e ressonante. Figura 3-7 Níveis de energia do Argônio. A notação de Paschen é também apresentada. Adaptado de: (Makabe e Petrovic 2006) 24 Seções de choque para colisões elétron-argônio são apresentadas na Figura 3-8. Devese observar que para energias abaixo da energia limite para o estado metaestável mais baixo (11,55eV neste caso), não ocorre colisões inelásticas. Entretanto, a seção de choque de transferência de momento elástico tem uma ampla faixa de mínimo por volta de 0,23eV. Deve-se observar que acima dos quatro níveis mais baixos (próximo de 12eV), há um grande número de níveis excitados, tendo transições para esses quatro níveis incluindo os dois metaestáveis. Se necessário calcular a taxa de excitação para um nível particular, é preciso considerar a excitação de todos os estados de maior nível e incluir a cascata radiativa considerando adequadamente as ramificações a partir de níveis mais altos. Além disso, a excitação por elétrons e desexcitação radiativa, há diversos outros processos que fornecem transições não radiativas para níveis mais baixos ou próximos a níveis ressonantes. Estes representam o resfriamento rápido por colisões com outras moléculas dos gases, elétrons ou com a parede da câmera. Nota-se entretanto que algumas das medidas das seções de choque de excitação sofrem o efeito de cascata. Todos os níveis mais altos também são excitados se a energia do elétron é suficiente. Estados radiativos de curta duração decaem e algumas das transições preenchem o estado excitado em estudo. Assim a população de estados excitados sem resfriamento rápido via colisão (Quenching), será: (3.18) Onde Ak j é a probabilidade de transição do nível j para o nível mais alto k e é o inverso do tempo de vida do nível mais alto. Por isso a população direta é proporcional à seção de choque (para um feixe de elétrons mono-energético), a seção de choque efetiva consiste de duas partes: uma devido à excitação direta para o estado desejado j e a segunda devido ao efeito de cascata (onde cada nível mais alto é também sujeito à cascata). Deve-se ter atenção para a fonte dos dados, a técnica que foi usada e outras informações a fim de estabelecer se a seção de choque está sujeita à contribuição devido à cascata. 25 Figura 3-8 Seção de choque para espalhamento elétron-argônio, como função da energia do elétron. Elas são empregadas para comparação entre modelamentos e diagnóstico óptico de plasmas de Ar a baixa temperatura. Adaptado de: (Makabe e Petrovic 2006) 3.3.2.5 Colisões entre Elétrons – Moléculas Colisões elásticas entre um elétron e uma molécula têm seção de choque e dependência de energia semelhantes ao espalhamento elétron-átomo. Entretanto, há também dois comportamentos adicionais importantes no espalhamento elétron-molécula. Para moléculas com um momento de dipolo permanente, há um aumento da seção de choque elástica (transferência de momento) chegando a zero de energia. O segundo comportamento é a existência de estruturas finas ou largas devido ao espalhamento ressonante para energias abaixo da energia mínima para excitação eletrônica (threshold). Moléculas com graus de liberdade internos trazem algo de novo para a cinética de transporte de elétrons em que a excitação para os níveis de energia rotacionais e vibracionais levam a perda de energia por colisões inelástica com energias muito mais baixas. Assim em um gás molecular pode ser possível controlar a energia de elétrons mais precisamente em um plasma. 26 3.3.2.5.1 Excitação Rotacional - Seção de choque para excitação Rotacional Perdas inelásticas rotacionais são tipicamente pequenas, mas por isso elas devem ocorrer em baixas energias e não há outra perda de energia nesta faixa, é importante incluí-las apropriadamente. A excitação rotacional terá regra de seleção Δl = ±1 para moléculas com um dipolo permanente e Δ l = ±2 para moléculas com momento de quadrupolo. Gases tais como hidrogênio tem energia rotacional ampla que são comparáveis com e até mesmo maiores que a energia térmica média em temperatura ambiente. Assim podemos esperar que somente poucos níveis rotacionais tenham alguma população significante. Por essa razão, deve ser possível desenvolver uma teoria precisa para representar a excitação rotacional e talvez usar um fator de normalização para todos os níveis. Para o hidrogênio a 77K, em que somente o nível rotacional estacionário foi povoado, foi possível determinar a seção de choque para a transição l = 0 → 2 a partir dos dados de transporte (Veja Figura 3-9). Foi então possível estender a análise para a transição l = 1 → 3 a partir dos dados para o hidrogênio. A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta os comprimentos de onda típicos e as energias para algumas das formas de excitações eletrônicas. Figura 3-9 Seções de choque de excitação rotacional e vibracional para hidrogênio a partir de vários dados. Adaptado de: (Makabe e Petrovic 2006) 27 3.3.2.6 Excitação Vibracional - Seções de Choque Vibracional Seções de choque para o H2 em colisões com elétrons são apresentadas na Figura 3-9. Para o hidrogênio a energia mínima para excitação vibracional v = 0 – 1 é 0.5eV, que é bastante grande. Outras moléculas tem energia vibracional menores da ordem de 0.1eV a 0.2eV. No caso do hidrogênio é necessário também considerar a diferença de perdas para excitação rotacional elástica (0−0) e inelástica (0−2). É importante notar que há uma diferença sistemática entre os dados para a seção de choque de excitação vibracional obtida pelo ajuste dos coeficientes de transporte e aqueles a partir de experimentos ou teorias de colisões binárias. A diferença excede as incertezas combinadas. Por outro lado, a conformidade entre ambos os métodos para excitação por espalhamento elástico e excitação rotacional é excelente. O “problema do hidrogênio” para excitação vibracional permanece como uma questão em aberto. A suave dependência da seção de choque de excitação vibracional para o hidrogeno como mostrada na Figura 3-10 é, entretanto, não típica. Em muitas moléculas há a existência de ressonâncias que induzem uma estrutura muito pronunciada na seção de choque. Figura 3-10 Conjunto de seções de choque para espalhamento do H2. Adaptado de: (Makabe e Petrovic 2006) Não há uma formula analítica muito útil para excitação vibracional. Em muitos casos a transição v = 0 – 1 é a mais importante, mas pode ser necessário adicionar dados para o nível 28 de excitação mais alto para perfeição. Neste caso, magnitudes relativas ou seções de choque completas derivadas a partir da teoria ou de um conjunto de experimentos são úteis. 3.3.2.7 Excitação Eletrônica e Dissociação - Estados Eletrônicos de Moléculas Como mostrado na Figura 3-11, existem ambos estados ligados e repulsivos de moléculas acima da curva do estado estacionário. Moléculas são usualmente formadas quando elétrons na órbita mais externa são compartilhados por ambos os átomos. Estes elétrons estão em diferentes estados. Momento angular neste caso é denotado pelas letras Gregas Σ, Π, Δ,..., e os valores (Λ = 0, 1, ...) correspondem ao equivalente em letras Latinas S, P, D, · · ·. Figura 3-11 Excitação dissociativa e princípio de Franck-Condon de uma molécula. Adaptado de: (Makabe e Petrovic 2006) 3.3.2.8 Colisões de Elétrons com Átomos e Moléculas Excitadas Quando um elétron colide com uma molécula excitada ou com um átomo excitado, então há uma chance de que a molécula seja desexcitada com o elétron ganhando energia igual à energia de excitação da molécula. Essas são “colisões superelásticas” nas quais o elétron pode ganhar muita energia e pular de uma energia térmica pequena para a cauda de alta energia da função de distribuição de energia. 29 3.3.2.9 O Caso das transições em SiH A transição A-X do SiH é uma transição de dubleto entre um estado superior A no caso de Hund b, e um estado estacionário Π intermediário entre os casos de Hund a e b. Para cada transição vibracional isso resulta em seis principais ramificações vibracionais: P1, P2, Q1, Q2, R1 e R2 com seis ramificações satélites: QP21, RQ21, SR21, OP12, PQ12, QR12. Além disso, como uma duplicação do tipo Λ ocorre no estado ²Π, cada nível inferior é dividido em subníveis (e – f), de forma que cada ramificação dobra-se, por exemplo Q1 é composto pelas ramificações Q1e e Q1f (Perrin e Delafosse 1980). Um excelente ajuste matemático do número de onda e valores dos termos foi obtido por Klynning and Lindgren (1966), citado por (Perrin e Delafosse 1980), que deu valores das constantes vibracionais e rotacionais. A intensidade de emissão de uma linha espectral (número de onda v) correspondendo a transição entre os estados superiores n’, U’, J’, N’ e os estados de menor energia n’’, U’’, J’’, N’’, é dado por: (3.19) Onde n representa o estado eletrônico, v é o número vibracional e J, N são números quânticos rotacionais. é o número de moléculas no estado superior e a probabilidade de transição. Na aproximação de Born-Oppenheimer as contribuições eletrônicas, vibracionais e rotacionais ao momento de dipolo, podem ser separadas e a probabilidade de transição pode ser escrita como: (3.20) Onde é o grau de degenerescência do estado inicial, isto é 2J’ +1; é a força da linha rotacional para a qual Kovacs(1969) citado por (Perrin e Delafosse 1980) apresenta uma fórmula no caso de Hund intermediário entre a e b; é o fator de Franck-Condor, calculado para as transições eletrônicas consideradas de SiH por Smith e Liszt (1971) também 30 citado por (Perrin e Delafosse 1980); eletrônica. Como é o quadrado do momento de transição depende da distância internuclear que é afetada pela excitação vibracional, é necessário considerar sua variação entre diferentes transições vibracionais usando o conceito de r – centróides . O valor de para SiH foi calculado por Smith e Liszt (1971); Carlson et al (1978), proporão a seguinte expressão linear: (3.21) A partir das considerações acima, a intensidade de emissão para uma linha pode ser escrita como: (3.22) 3.3.3 Plasma com auxílio de magnétons Plasmas com magnétons são usados em processamento a baixa pressão em que um campo magnético permanente externo faz uma contribuição significativa para manutenção do plasma evitando a perda de elétrons para as paredes e eletrodos. São utilizados ímãs permanentes dispostos radialmente a partir do centro na parte de trás do catodo (alvo) a fim de prover o campo magnético na frente do alvo (Veja Figura 3-12) que usualmente é da ordem de centenas de Gauss. Para a condição de baixa pressão, um campo magnético externo é essencial para a manutenção de um plasma em fonte DC, e o tempo de vida efetivo de elétrons no magnéton é prolongado. Em particular a taxa líquida de ionização é muito maior onde a componente paralela do campo magnético com relação ao campo elétrico é zero, se comparado com plasma sem assistência de campo magnético externo. O raio de Larmor de íons é da ordem de centímetros em contraste com a espessura da bainha com vários mm na frente do alvo, assim, íons em plasma com magnéton são considerados serem influenciados pelo campo magnético externo. A Figura 3-12(a) mostra uma estrutura típica de um plasma DC com magnéton. A distribuição de densidade do plasma (Figura 3-13a) tem um pico intenso na posição r(34mm, 6mm) com Bz = 0 na frente do alvo, o que indica a não uniformidade radial da densidade do 31 plasma (i.e., do fluxo de íon para o alvo) é uma propriedade intrínseca do plasma com magnéton, embora seja capaz de sustentar um plasma a baixa pressão, diversos mTorr. Uma região fina de bainha com uma diferença de potencial forte aparece na frente do alvo, e o potencial do plasma é muito baixo quando o entorno do plasma é um reator com paredes metálicas aterrado. Nesta distribuição de potencial, elétrons são produzidos principalmente pela ionização colisional na região localizada radialmente com Bz ~ 0 na borda da bainha, e esses elétrons difundem para todo o plasma onde há campos elétricos e magnéticos de baixa intensidade. Por outro lado, íons produzidos localmente como pares da ionização são fortemente acelerados para o alvo como um feixe de alta energia, e arrancam material do alvo. É relativamente fácil estimar o perfil de erosão a partir do fluxo de íons incidente no alvo. Figura 3-12 (a)Típico reator de plasma DC com magnéton, descrevendo uma linha de campo; (b) componentes de B(z,r). Adaptado de: (Makabe e Petrovic 2006) 32 Figura 3-13 Distribuição da densidade do plasma (a) e potencial (b) em um magnéton DC em no reator da Figura 3-12 com Ar 5mTorr e 200V. Adaptado de: (Makabe e Petrovic 2006) A Figura 3-13 também mostra a distribuição de potencial na configuração do reator da Figura 3-12. O modelo utilizado para obtenção dos gráficos da Figura 3-12 e da Figura 3-13 é descrito (Makabe e Petrovic 2006). 3.4 Propriedades dos filmes de a-Si:H produzidos por magnéton sputtering 3.4.1 Incorporação de Hidrogênio nos filmes de a-Si Em a-Si:H, o hidrogênio tem um papel chave na passivação das ligações pendentes (dangling bonds) e o conhecimento da configuração de ligação é importante para o entendimento de suas propriedades eletrônicas, já que a estabilidade das ligações, são indicadores da efetividade da passivação dos defeitos pelo hidrogênio. Uma das técnicas para se obter essa informação é através de medidas IR a partir dos modos de ligação dos átomos de Si e H são Si - H, Si − H2, (Si − H2)n e Si − H3. 33 A concentração dessas configurações de hidrogênio depende das condições de preparo, particularmente da temperatura de substrato. Filmes de a-Si:H preparados a 250°C contém mais ligações Si – H (conteúdo de hidrogênio de ~10%), enquanto aqueles preparados a temperaturas mais baixas como a ambiente, contém todos os tipos de ligações do hidrogênio incorporado (conteúdo de hidrogênio de ~30%). Saleh et al. (2002) e Smets (2002), apresentam um método de cálculo do percentual de hidrogênio integrando os picos de absorção no infravermelho nas faixas de número de onda correspondente à ligação de interesse: (3.23) Sendo S é a intensidade integrada na banda de absorção, o coeficiente de absorção e o número de onda da luz incidente. O coeficiente de absorção pode ser determinado pela equação representada abaixo: (3.24) Sendo d a espessura da amostra (em cm). Sabendo o valor de S, com a equação 5.1, determina-se a densidade da amostra no substrato com a seguinte equação (Saleh, Munisa e Beyer 2002), (Smets 2002): (3.25) Onde: Nx – densidade da amostra no substrato; Aw – constante de proporcionalidade, encontrada na literatura. Com isso, chega-se a percentagem através de (Saleh, Munisa e Beyer 2002): (3.26) Sendo cx a percentagem de material no filme e NS a densidade do substrato. Sabe-se que para o modo de vibração em 2100cm-1 o filme e a-Si:H, tende a ter propriedades elétricas pobres enquanto que para o modo de vibração em 2000cm-1 tende a ser melhor. Eles avaliaram o efeito da polarização do substrato nas propriedades elétricas e 34 verificaram que tende ao modo de vibração em 2000cm-1 para polarização positiva e para 2100cm-1 para polarização negativa (Moustakas 1984). Alguns dos principais estudos da incorporação de hidrogênio em filmes finos de a-Si produzidos por magnetron sputtering podem ser citados (Matsuda, et al. 1980), (Hossain, et al. 2006), (Seo, Jeong e Myoung 2006), (Ben Abdelmoumen, et al. 2008), dentre outros. O fator de microestrutura (R) (Ben Abdelmoumen, et al. 2008), pode ser inferido a partir da razão da intensidade integrada da banda em 2090cm-1 com relação a soma das intensidades integradas das bandas centradas em 2090 e 2000cm-1, definida como: (3.27) 3.4.2 Estrutura dos filmes de a-Si:H Medidas do espalhamento Raman fornecem indicadores muito úteis sobre a cristalinidade, dos filmes, podendo-se obter a fração de volume das fases amorfas no silício microcristalino. O deslocamento Raman com fônons no modo transverso óptico (TO) é observado em 520 cm−1 para c-Si, enquanto é observado em 480 cm−1 para a-Si (Kasap e Capper 2006). Em sólidos amorfos, como o caso em estudo (a-Si:H) em que a teoria de Bloch só se aplica a potenciais periódicos, as regras de seleção para transições ópticas não são tão rígidas, portanto todos os modos infravermelho e Raman contribuem para o espectro de absorção. Bandas permitidas e gaps de energia ainda ocorrem porque a forma da densidade de estados vs. Energia é determinada mais fortemente pelas configurações de ligações de elétrons locais (Kittel 1996). A dispersão de fônons na estrutura cristalina ou amorfa irá depender de diversos fatores, como o número de átomos na base de medida. Para cristais, as relações de dispersão são bem conhecidas (veja (Kittel 1996)), enquanto para sólidos amorfos são um pouco mais complicadas. Apesar disso, sabe-se que para cada modo de polarização em uma dada direção de propagação, a relação de dispersão ω x K desenvolve duas ramificações, conhecidas como ramificação Acústica e Óptica. Tendo modos Acústicos Longitudinais LA e Transversos TA, e Óticos Longitudinais LO e Transversos TO (Kittel 1996). 35 3.4.3 Propriedades ópticas Uma das propriedades mais importantes de qualquer sólido amorfo é a propriedade óptica. Há duas razões pra isso: (1) propriedades ópticas de semicondutores cristalinos são muito bem estudadas, então as propriedades ópticas de semicondutores amorfos podem ser facilmente comparadas e relacionadas, e (2) propriedades ópticas são diretamente relacionadas às propriedades estruturais e eletrônicas de sólidos, e daí muito importante em aplicações de dispositivos. Neste sentido, duas propriedades muito importantes e relacionadas, são o coeficiente de absorção e a densidade de estados dos portadores de carga. Um conhecimento detalhado destes pode prover uma enorme quantidade de informações sobre o material, sua estrutura, comportamento opto-eletrônico, transporte de portadores de carga etc... (Singh e Shimakawa 2003) A Figura 3-14 abaixo ilustra um espectro de absorção típico de semicondutores amorfos. O coeficiente de absorção α, devido a transições interbandas próximo ao band gap (Kasap e Capper 2006) é conhecido por ser bem descrito pela seguinte equação: (3.28) Onde e Eg denotam a energia do fóton e o gap ótico, respectivamente. Em muitos semicondutores amorfos, o gap óptico Eg é determinado pelo gráfico de versus , que é conhecido como gráfico de Tauc. Figura 3-14 Ilustração esquemática do espectro de absorção de semicondutores amorfos. (a) coeficiente de absorção α em função da energia do fóton E. (b) (αE)1/2vs. E (gráfico de Tauc). (c) logα vs. E. o gap ótico é determinado a partir de (b) EG. Fonte: (Kasap e Capper 2006) 36 Isto ilustra claramente que a energia do gap é influenciada pelo aumento da concentração de H no a-Si:H Há três regiões distintas, A, B e C, observadas no coeficiente de absorção de semicondutores amorfos próximos a borda da mobilidade de elétron (esquematicamente mostrada na Figura 3-15. Acima da borda de mobilidade, na região de forte absorção (região A na Figura 3-15), a dependência do coeficiente de absorção pode ser definida como: (3.29) Usualmente também escrita como: (3.30) Onde C é independente da energia do fóton. Figura 3-15 Três regiões principais, A, B e C do coeficiente de absorção em semicondutores amorfos. Na região de absorção abaixo (região B na Figura 3-15), α aumenta exponencialmente com a energia. Nesta região pode ser escrito como: (3.31) Onde Eu é a largura da cauda de estados localizados. A cauda exponencial da região B é usualmente referida como cauda de Urbach. 37 Também na região C, o coeficiente é escrito como outra função exponencial da frequência do fóton. (3.32) Onde é a largura de defeitos, e usualmente é mais largo que . É estabelecido que a região C é bastante sensível a propriedades estruturais do material (Singh e Shimakawa 2003). A tabela III-4 apresenta um resumo das energias de gap para diversas situações de temperatura de processo e de concentração de hidrogênio. Tabela III- 4 Gap óptico do a-Si:H preparado para várias temperaturas. Ts(◦C) 300 200 120 75 [H](at.%) 7 18 28 33 Eg(eV) 1.70 1.75 1.9 2.0 Fonte: (Kasap e Capper 2006) O bandgap do a-Si:H determinado a partir do gráfico de Tauc é entre 1,7 e 1,9 eV, dependendo das condições de preparo, particularmente da temperatura. A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta o conteúdo de hidrogênio e bandgap em diferentes temperaturas. O coeficiente de absorção da luz visível para o a-Si:H é da ordem de 105–106 cm−1, que é grande em comparação ao do silício cristalino. A espessura de 1μm é suficiente para absorver a luz visível. Assim, a-Si:H é suficiente para aplicações em células solares, especialmente quando um filme fino é desejado. É difícil obter o espectro de absorção abaixo do bandgap a partir de medidas de transmitância em a-Si:H, que é normalmente preparado como um filme fino. Baixas absorções como no a-Si:H tem sido medidas por PDS e CPM. 3.4.3.1 Energia de Urbach e densidade de defeito A cauda com perfil exponencial (não Gaussiano) nas bordas da interbanda óptica e transições excitônicas em cristais impuros, foi primeiro identificada por Urbach. (Pan, et al. 2008) examinaram a estrutura interna de modelos de silício amorfo, e detalharam a origem estrutural da cauda de Urbach no arquétipo de material amorfo. Para eles, uma das 38 explicações mais simples para as caudas de Urbach é assumir uma correspondência isomórfica entre as distorções locais (mais naturalmente em ângulos de ligação), e um deslocamento da borda da banda (maior distorção, maior deslocamento para midgap). A relação entre densidade de defeito e a cauda de Urbach tem sido estudada por meio do espectro de absorção do a-Si:H α(E) entre 0,7 até 3,0 eV, já que a desordem dando origem à cauda da banda exponencial é produzida por vibrações da rede, impurezas e outros desvios a partir da periodicidade da rede (John, et al. 1986). A energia de Urbach é definida como a inclinação logarítmica , e é encontrado em todos semicondutores amorfos. No caso do a-Si:H, a cauda da banda de condução é muito mais íngreme e entretanto a cauda da banda de valência controla a energia de Urbach (Smets 2002). A densidade de defeito pode ser obtida integrando-se a absorção relativa ao sub gap multiplicando-se por uma constante empírica de dada por Smith et al.. Stutzmann propôs, a partir de um ponto de vista termodinâmico, um processo de criação de defeitos no a-Si:H que é correlacionada com a energia de Urbach e essa relação pode ser descrita como . N* é a densidade de estados para E* e é igual a aproximadamente 10²¹cm-3meV-1 e E** é a energia em que Si – Si estirados dissociam espontaneamente (Smets 2002). 39 4 PARTE EXPERIMENTAL A metodologia do trabalho é dividida em três etapas: (1) planejamento experimental com base na análise prévia da emissão óptica do plasma, na literatura e na técnica do planejamento fatorial; (2) preparo de substrato, produção e caracterização dos filmes e (3) Análise das respostas e efeitos das variáveis. A metodologia proposta pode ser resumida no diagrama apresentado na Figura 4-1: Plano Ação Checar - • Estudo da emissão do plasma • Definição dos níveis de trabalho • Preparo de substratos • Crescimento dos Filmes • Caracterização • Análise das respostas (Fatorial e univariável) • Propostas futuras Agir Figura 4-1 Diagrama esquemático da metodologia proposta. 4.1 Estudo da emissão do plasma A análise do plasma foi realizada usando-se um monocromador (veja seção 4.1.1) da Verity instruments modelo EP200Mmd em dois reatores de deposição física da Balzers, sendo o reator BAS 450 PM utilizado em processos de pulverização catódica (magnetron sputtering) no qual a descarga luminosa é produzida a partir da aplicação de um campo elétrico de tensão contínua (DC) entre dois eletrodos dentro da câmara e no reator BAI 640 em que um feixe de elétrons extraído de um ânodo é direcionado por um campo magnético, e bombardeia o material a ser evaporado, técnica conhecida como evaporação por feixe de 40 elétrons (e-beam), havendo ainda assistência de plasma, tal sistema também conhecido como triodo. Apesar de ter sido realizada a análise da emissão na atmosfera em ambos os reatores a fim de verificar o padrão de comportamento da emissão óptica, os filmes foram crescidos apenas no reator BAS 450 PM. Foi gerada uma metodologia para a análise da emissão do componente SiH partindo-se do estudo da influência na emissão óptica do plasma com relação aos seguintes parâmetros de máquina e de processo: Tabela IV- 1 Parâmetros estudados no comportamento da emissão óptica do plasma. Reator BAS 450 PM Potência (W) Reator BAI 640 Uso de feixe de elétrons com e sem assistência de plasma (parâmetros fixos) Fluxo dos gases – Ar H2 (sccm) Fluxo dos gases – Ar H2 (sccm) A Figura 4-2 e a Figura 4-3 apresentam um esquema de ambos os reatores, juntamente com o aparato experimental utilizado nos processos. Figura 4-2 Esquema do reator Balzers BAS. 41 Figura 4-3 Esquema do reator Balzers (BAI 640R). A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta algumas das características básicas dos sistemas como o tipo de deposição, gases, tipo de descarga e sistema de bombeamento. Este último determina a limitação do reator BAS, já que o sistema de bombas criogênicas possui limitações na absorção do hidrogênio. Tabela IV- 2 Algumas características dos reatores. deposição e gases descarga bombeamento Sistema de Tipo de Precursor Tipo de Reatores BAS BAI Magnéton e-beam, Ion Sputtering Plating P - Si(s)+ H2(g) + P - Si(s)+ H2(g) + Ar(g) Ar(g) DC Emissão termoiônica Bomba mecânica Bomba difusora Bomba Criogênica Bomba Roots Bomba mecânica O estudo da emissão óptica permitiu o estabelecimento dos seguintes parâmetros de deposição: 42 Os fluxos dos gases Ar e H2 o H2: 40 – 50 – 60 (%) = 30 – 37,5 – 45 (sccm) o Ar: 60 – 50 – 40 (%) = 45 – 37,5 – 30 (sccm) Potência usadas: 150, 300 e 450W 4.1.1 Descrição do Monocromador para análise do plasma Este aparelho consiste basicamente de lentes colimadoras, fendas, espelhos, rede de difração e um amplificador de sinais de canal singular Tubo Fotomultiplicador (PMT). Sua função é basicamente separar os diferentes comprimentos de onda com suas respectivas intensidades de emissão que se dá por diferentes processos. O equipamento utilizado é do fabricante Verity instruments modelo EP200Mmd contendo uma rede de difração com ranhuras holográficas e com ângulo blaze, cuja faixa espectral é entre 200 e 900nm. A variação de cada comprimento de onda feita manualmente através de um micrômetro que muda a inclinação da rede com relação ao feixe a partir da fenda de entrada. A relação entre o ângulo produzido pelo micrômetro e o ângulo de corte da ranhura da rede de difração, permite a relação de que para cada mícron tem-se a equivalência de um nanômetro. O monocromador possui 200mm de comprimento focal com eletrônica de detecção integrada. Contém um feedback interno para regular a alimentação de alta tensão que reduz o ruído e flutuação do sinal da fotomultiplicadora. A alta tensão da Fotomultiplicadora que controla a sensibilidade do detector pode ser ajustada dependendo das condições de uso. A Figura 4-4 abaixo mostra uma visão externa do aparelho montado, sendo todos os componentes acoplados nesta carcaça. Figura 4-4 Monocromador EP200. 43 A Figura 4-5 abaixo apresenta o caminho realizado por um feixe de luz que entra através da fenda de entrada, até que um comprimento de onda específico passa pela fenda de saída, onde a Fotomultiplicadora converte a intensidade relativa em corrente fotoelétrica amplificando o sinal conhecido como multiplicação de elétrons por emissão secundária. Tal corrente é então convertida em voltagem que é proporcional a intensidade de luz do comprimento de onda monitorado. A PMT do EP200 produz um sinal analógico, sendo a faixa da tensão de saída entre 0 - 10V após a amplificação de sinal e conversão corrente-voltagem. A voltagem analógica resultante é então transmitida via cabo blindado para o sistema de controle do qual pode ser processada (Operations Manual for EP200 Series Monochromators 2003). Figura 4-5 Esquema da entrada e saída de luz no monocromador. Fonte: (Operations Manual for EP200 Series Monochromators 2003) 4.2 Planejamento Fatorial para preparação dos filmes O planejamento é sem dúvidas uma das etapas mais importantes das ciências experimentais. Um planejamento cuidadosamente realizado considerando o máximo de detalhes que sejam possíveis, aliados a ferramentas estatísticas, podem levar a minimização 44 dos custos operacionais de experimentos e um panorama de informações relevantes e favoráveis para solução dos problemas em pauta. Com auxilio do planejamento fatorial pode-se avaliar a influência de várias variáveis de interesse em várias propriedades de interesse ao mesmo tempo otimizando-se o número de experimentos. Um primeiro passo é definir quais serão os “fatores” de entrada e as “respostas” de interesse, sendo os fatores as variáveis que se deseja manipular (Neto, Scarminio e Bruns 2010). A Figura 4-6 abaixo apresenta um esboço geral: Figura 4-6 Representação de um sistema com k fatores (variáveis de entrada) e respostas (variáveis de saída). A partir do mapeamento inicial desenvolvido foi realizado um planejamento dos experimentos com dois níveis e três pontos centrais, caracterizando assim uma matriz de experimentos 2² com 3 pontos centrais, dando um total de 7 experimentos. A Erro! Fonte de referência não encontrada. e a Erro! Fonte de referência não encontrada. apresentam os dados do planejamento, como as variáveis e níveis propostos e a matriz de experimentos, respectivamente. Os planejamentos de dois níveis constituem apenas uma etapa inicial na investigação, sendo que para conhecer melhor a superfície de resposta, teremos de realizar experimentos num maior número de níveis (Neto, Scarminio e Bruns 2010). Lembrando que os níveis foram escolhidos pelo estudo da emissão óptica do plasma. Tabela IV-3 Dados do planejamento fatorial. Variáveis Níveis Inferior (-1) Potência (W) Fluxo H2 (SCCM) Superior (1) Central (0) 150 450 300 30 (40%) 45 (60%) 37,5 (50%) 45 Tabela IV-4 Combinações de experimentos no planejamento 2² com 3 pontos centrais. Combinações Y Potência (W) Fluxo H2(SCCM) 1 -1 1 2 1 -1 3 0 0 4 -1 -1 5 0 0 6 0 0 7 1 1 Foi acrescido um oitavo experimento para permitir também uma análise univariável no nível de potência em 150W. Como pode ser percebido na Erro! Fonte de referência não encontrada., a partir da matriz de experimentos, para se ter mais de dois pontos neste nível de potência, seria necessário incluir um experimento com o fluxo em de hidrogênio no ponto central (50%). Não foi pretensão deste trabalho abordar a influência de todos os parâmetros que podem influenciar o processo de deposição, sendo as principais características das corridas de produção dos filmes descritas abaixo: Pressão base das corridas: 2x10-7mBar. Pressões de trabalho das corridas determinadas pelas faixas de fluxos de gases e limitações dos equipamentos. Os fluxos dos gases Ar e H2 foi determinado pela restrição do sistema de bombeamento (bomba criogênica) e pela análise da emissão óptica do plasma, na região de ascenção e declínio da linha de emissão do SiH o H2: 40 – 50 – 60 (%) = 30 – 37,5 – 45 (sccm) o Ar: 60 – 50 – 40 (%) = 45 – 37,5 – 30 (sccm) Temperatura de substrato fixa em 100°C através da utilização de lâmpadas para aquecimentos auxiliares. Potência usadas: 150, 300 e 450W 46 A definição das respostas foi baseada nos principais indicadores de qualidade indiretos dos filmes de a-Si:H e são listados a seguir: Bandgap; Taxa de deposição; %H incorporado no filme; Fator de microestrutura; Rugosidade; Densidade de defeitos. 4.3 Preparo das deposições 4.3.1 Preparo da atmosfera de deposição Antes da realização da deposição, uma importante etapa de preparo do reator foi a análise inicial dos gases residuais da atmosfera de deposição com o auxílio do espectrômetro de massa no reator BAS. O equipamento utilizado neste trabalho é o EQP do fabricante Hiden Analytical configurado com uma fonte de íons por impacto de elétrons, uma faixa de massa de 1000u.m.a., e analisador SEM (Secondary Electron Multiplier). A Figura 4-7 abaixo apresenta um esquema destacando as partes do equipamento, e a Figura 4-8 apresenta o esquema do analisador SEM. Verificou-se o tempo necessário de recozimento (bake) da atmosfera para reduzir o nível de gases residuais que poderiam influenciar na qualidade dos filmes produzidos. Figura 4-7 Visão esquemática dos componentes do EQP. 47 Figura 4-8 Esquema de um detector SEM. 4.3.2 Preparo dos substratos Um dos fatores cruciais é o da etapa de limpeza dos substratos. Devido a especificidades das técnicas de análises dos filmes estudados, foi necessário adotar o uso de dois tipos diferentes de substrato, sendo eles o vidro e c-Si. Permitindo assim a transmitância no UV-Vis e no infravermelho respectivamente. Os filmes foram depositados simultaneamente nos substratos de vidro e de c-Si e para isso foi necessário o preparo de um porta amostra que permitisse que ambas as amostras ficassem numa região próxima. Para obtenção da espessura via AFM (seção 4.4), foram depositadas camadas localizadas de nitrato de boro sobre a superfície do substrato e posteriormente retiradas por lift off. 4.3.2.1 Limpeza dos substratos de vidro O método de limpeza utilizado para o vidro foi à base de éter de petróleo, detergente neutro, água destilada e água deionizada, constando das seguintes etapas: Remoção da camada de gordura da superfície das amostras com éter de petróleo; Remoção do éter de petróleo presente nas mesmas através da lavagem em solução 5% de detergente neutro em água deionizada, aquecida até que se atinja seu ponto de ebulição; Limpeza dos substratos em ultrasom por 10 minutos em solução 5% de detergente neutro; 48 Lavagem destas em água destilada até retirar todo o detergente residual; Fervura das referidas amostras em água destilada por um tempo de 5 minutos; Fervura de ambas em água deionizada por 5 minutos; Após isso, fez-se a secagem de todos os substratos em estufa sob luz infravermelha. 4.3.2.2 Limpeza dos substratos de c-Si Foi utilizado o processo RCA citado na literatura que consiste basicamente em: Eliminar a camada de óxido nativo da superfície do wafer; Reagir elementos ou compostos numa solução, onde haverá liberação de oxigênio o que proporcionará a formação de uma nova camada de óxido (devido a reação com o silício do substrato), a qual “empurra” as impurezas para a solução. O processo químico associado à limpeza baseado em misturas diluídas de H2O2 e NH4OH ou HCl: H2O2 decompõe-se em H2 e O2 em pH alto; NH4OH é extremamente complexante em relação a alguns metais; A mistura HCl e H2O2 complexa ou dissolve metais; As misturas não atacam o Si ou a sílica. Além da etapa em solução HF ao final. 4.4 Caracterização dos filmes Com base nos tópicos apresentados na revisão e em artigos da literatura, as seguintes técnicas foram utilizadas na caracterização dos filmes: 49 4.4.1 Espectroscopia no Infravermelho Através desta técnica é possível obter informações sobre o percentual de hidrogênio ligado ao filme de a-Si, também a cerca da ligação, se é com H ou Hx etc. Foi utilizado um espectrômetro para a absorção em freqüências no infravermelho, da marca BOMEN (BO), modelo FTLA-2000. As medidas foram feitas com 256 scans e com uma precisão de 4cm-1. A seqüência de medição foi a seguinte: 1º – Referência do ar 2º – Wafer de silício de referência (feixe incidindo no lado do wafer) 3º – Silício amorfo hidrogenado depositado sobre o wafer Foi utilizada a teoria apresentada na revisão para implementar uma rotina de cálculo na ferramenta Origin, empregadas na obtenção do percentual de H no filme. 4.4.2 Microscópio de Força Atômica (AFM-Atomic Force Microscopy) Foi utilizado o equipamento Dimension 3100 com controlador III da Vecco instruments, disponível no laboratório de nanoscopia do SDT no CETEC para as medidas de morfologia e espessura dos filmes. A informação de rugosidade é muito importante para associar com a energia das partículas do plasma, já que estas podem induzir cristalização e defeitos superficiais dentre outros. Os filmes são em geral muito finos, por isso não será utilizado o perfilômetro. Foi realizada a aferição o posicionador piezoelétrico (scanner) do microscópio a partir de um padrão. As medidas de rugosidade foram realizadas em quatro posições diferentes nas amostras despositadas no substrato de vidro e as medidas de espessura foram realizadas nos degraus obtidos pela deposição de nitrato de boro antes do crescimento dos filmes e posteriormente removidos por lift off. Em ambos os casos as medidas eram feitas com réplicas para avaliação dos desvios. 50 4.4.3 Espectroscopia Raman Através desta técnica poderemos ter indicadores sobre a estrutura dos filmes, ou seja, se o filme obtido é amorfo ou está em algum nível de cristalinidade, além do percentual de cristalinidade. Os espectros Raman foram obtidos usando-se o equipamento da fabricante RENISHAW série inVia Raman. Foram realizadas medidas com laser de 514nm, tempo de exposição de 45s e 3 acumulações com a potência do laser em 50%. 4.4.4 Espectroscopia UV-Vis Através desta técnica é possível obter a transmitância na região do visível, avaliar o coeficiente de absorção e bandgap, além de inferir sobre densidade de estados. Foi utilizado o equipamento UV-VIS-IV da Analytikjena Specord 210, disponível no Setor de Análises Químicas - STQ do CETEC. Foi utilizada a teoria apresentada na revisão para obtenção do band gap via método gráfico de Tauc e realizada a rotina de cálculo na ferramenta Origin. 51 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram realizados experimentos de análise de emissão óptica nos dois reatores citados no capítulo 4, porém inicialmente os experimentos de crescimento de filmes foram concentrados no reator BAS. 5.1 Atmosfera de deposição e Pressão de Base A Figura 5-1abaixo apresenta os espectros de Análise de Gases Residuais (RGA), préplasma. Foram realizadas 6 medidas distribuídas em tempos diferentes, sendo que em t0 e t1 não havia aquecimento da atmosfera (Bake) e a partir de t2 ligado o aquecimento auxiliar em 100°C. Entre t0 e t1 seguiu-se 8 horas de bombeamento da câmara de vácuo. Em t2 verifica-se um aumento da contagem associada ao vapor de água a partir do momento em que se eleva a temperatura absoluta do ambiente. Isso se deve principalmente à remoção de umidade adsorvida nas paredes e componentes internos do reator e ao aumento da agitação térmica dos vapores de gases residuais. H2O(vapor) N2 6 1,8x10 6 Intensidade (c/sec) 1,5x10 6 1,2x10 t0 5 9,0x10 t1 t2 5 6,0x10 t3 5 3,0x10 t4 t5 0,0 0 10 20 30 40 50 60 t6 massa (u.m.a.) Figura 5-1 Análise de gases residuais pré-deposição. Percebe-se que para t5 e t6 os níveis de contagem encontram-se em níveis bem baixos. Este resultado foi obtido deixando-se o reator sendo evacuado por um período de 30horas tendo sido mantido o aquecimento (Bake) para ajudar na degaseificação do ambiente por 52 22horas. A pressão de base para esse caso partiu de 7,0×10-7mbar antes do aquecimento, passando por 8,0×10-6mbar no início do aquecimento e alcançando ao final do procedimento 6,0×10-8mbar. Com isso pretende-se reduzir a incorporação das impurezas da atmosfera de deposição nos filmes de a-Si:H crescidos no reator. Percebeu-se que a partir do menor nível de vapor de água e nitrogênio indicados na figura, a redução de tal valor torna-se difícil independentemente do tempo que se deixa o reator bombeando. Essa característica se deve a eficiência do sistema de bombeamento deste reator para determinados gases. Apesar de não terem sido realizadas tais medidas no outro reator em estudo devido a indisponibilidade de flanges e adaptadores, acredita-se poder extrapolar essas informações e procedimentos para todos, no sentido de se ter um procedimento de preparo da atmosfera de deposição padrão para todos. 5.2 Metodologia desenvolvida para análise da emissão óptica 5.2.1 Identificação das espécies emitindo no plasma A emissão óptica por moléculas de SiHx ainda não é totalmente conhecida, sendo a transição A2Δ – X2Π mais estudada emitindo na banda entre 410 - 420nm. O Hidrogênio possui diversas linhas de emissão, sendo a maioria amplamente conhecidas e estudadas. Concentrou-se nas transições Hα (n=3) 656,3nm e Hβ (n=4) 486,1nm da serie de Balmer. O Ar possui emissão em diversas regiões do visível, sendo as principais 4p – 4s na região do vermelho 700 a 850nm e 5p – 4s na região do azul 410 – 500nm. Neste trabalho a emissão em 750,3nm do Ar foi utilizada para monitoramento. 5.2.2 Medidas realizadas no reator BAS No intuito de identificar as espécies eletricamente ativas no plasma, foram extraídos espectros para toda banda de emissão óptica possibilitada pelo monocromador EP200, ou seja, entre 200 e 800nm. A Figura 5-2 apresenta o espectro no qual foram identificadas as espécies de interesse, citadas anteriormente, para fim de monitoramento do processo de hidrogenação do silício. Em vermelho potência aplicada é de 50W e em preto 75W, sendo que para ambos os casos os fluxos de gases são respectivamente 7sccm de H2 e 50sccm de Ar. 53 75W - 7 sccm H + 50 sccm Ar 50W - 7 sccm H + 50 sccm Ar 500 SiH Intensidade 400 300 Ar I 200 100 0 300 H 400 500 H 600 700 800 (nm) Figura 5-2 Espectro de emissão óptica com atmosfera Ar+H2. A baixa resolução do equipamento permitiu obter para emissão em 750,3nm do Ar, uma largura do pico a meia altura de 4,5nm. Na região de emissão relativa a banda do SiH, ou seja, entre 410 e 420nm, percebe-se que as emissões do Ar a partir de transições 5p – 4s (415,8 416,5 419,8 420,0 425,9 426,6 427,2 430,0), sobrepõem-se a esta banda. Isto se deve a limitações do instrumento de medida tais como: o alargamento do pico provocado pelo mecanismo de leitura dos espectros, ou seja, limitada pela leitura do micrômetro e efeito da fenda de entrada de luz. Um outro ponto importante é relativo a emissão do composto SiHx a partir dos mecanismos de formação dos filmes pelo processo de sputtering reativo, gerando assim intensidades muito baixas se comparadas à intensidade de emissão por parte do Ar, que atua como gás de sputtering. Neste sentido, para auxiliar a avaliação da limitação de leitura pontual do equipamento e tentar relacionar o mesmo com o alargamento dos picos, foi realizada uma simulação com a ferramenta LIFBASE da banda de emissão do SiH (Figura 5-3), com resolução de 0,2nm e com resolução de 1,0nm. 54 Alta resoluçao Baixa resoluçao 100 Intensidade (u.a.) 80 60 40 20 0 405 410 415 420 (nm) Figura 5-3 Simulação em LIFBASE da banda de emissão do SiH, com alta e baixa resolução. Os principais parâmetros da simulação são apresentados na Tabela V-1, sendo estes escolhidos de forma a aproximar dos parâmetros de deposições realizadas no laboratório. Tabela V-1 Principais parâmetros da simulação no LIFBASE. Tipo Faixa (A) Emissão 4000 - 4200 Resolução Perfil de Temperatura Pressão (A) linha (K) (mbar) 2/10 Voight 300 1,00E-03 Estes dados são apenas ilustrativos do efeito da resolução instrumental sobre o alargamento, e percebe-se a partir dos gráficos uma grande perda devido à baixa resolução. Para avaliar o comportamento da emissão de determinadas espécies, identificou-se o emprego de integração de emissão de bandas de emissão, da máxima intensidade, no caso do SiH o comprimento de onda de maior intensidade é relatado em 414nm, e também o uso da da largura do pico a meia altura (FWHM). Neste sentido uma tentativa para se obter os picos separados, seria a deconvolução dos mesmos. A Figura 5-4 apresenta a intensidade de emissão na região entre 400 e 425 nm para composição da atmosfera do plasma que vai desde 55 100% Ar-0%H2, até 20%Ar-80%H2, e a Figura 5-5 apresenta a suas respectivas deconvoluções utilizando o software Origin. Os picos requeridos para deconvolução nesta região de emissão foram os relativos ao Ar a partir de transições 5p – 4s (415,8 416,5 419,8 420,0) e o pico de maior intensidade do SiH em 414nm. Ar 100 % Ar 90 % Ar 80 % Ar 70 % Ar 60 % Ar 50 % Ar 40 % Ar 30 % Ar 20 % 400 350 Intensidade (u. a.) 300 250 200 150 100 50 0 410 415 420 (nm) Figura 5-4 Emissão entre 400 e 425nm em atmosfera com diferentes composições de Ar e H2. 450 100 % Ar 350 90 % Ar 350 80 % Ar 300 400 300 300 250 200 150 100 250 250 Intensidade (u. a.) Intensidade (u. a.) Intensidade (u. a.) 350 200 150 100 50 50 0 0 408 410 412 414 416 418 420 422 424 150 100 50 0 408 410 412 414 (nm) 416 418 420 422 424 426 408 410 412 414 (nm) 300 70 % Ar 418 420 422 424 426 420 422 424 426 50 % Ar 60 % Ar 250 416 (nm) 300 250 250 150 100 50 Intensidade (u. a.) 200 200 Intensidade (u. a.) Intensidade (u. a.) 200 150 100 50 200 150 100 50 0 408 410 412 414 416 418 420 422 424 0 0 426 408 410 412 414 (nm) 420 422 424 408 426 30 % Ar 160 100 80 60 Intensidade (u. a.) 180 140 120 414 416 418 20 % Ar 160 140 412 (nm) 180 160 410 200 200 Intensidade (u. a.) Intensidade (u. a.) 40 % Ar 418 (nm) 180 220 416 120 100 80 60 140 120 100 80 60 40 40 40 20 20 20 408 410 412 414 416 418 (nm) 420 422 424 426 408 410 412 414 416 418 (nm) 420 422 424 426 408 410 412 414 416 418 420 422 424 426 (nm) Figura 5-5 Deconvolução dos picos faixa de 405 a 425 nm. 56 O comportamento da evolução do pico deconvoluido de SiH (414nm) com relação ao percentual de Ar na atmosfera, foi avaliado utilizando-se a largura do pico deconvoluido a meia altura, a área do pico deconvoluido e também a altura máxima, como pode ser visto na Figura 5-6: Area (u.a.) 300 200 100 414 FWHM (nm) 0 1,0 0,5 414 Height (u.a.) 600 400 200 414 0 30 40 50 60 70 80 90 100 Ar (%) Figura 5-6 Evolução da área, FWHM e altura do pico deconvoluido de SiH em função do percentual de Ar. Percebe-se um comportamento aleatório dos parâmetros utilizados para avaliação da evolução do pico deconvoluido com o percentual de Ar, o que impossibilita seu uso na avaliação da hidrogenação. No entanto, a partir do gráfico da Figura 5-5, percebe-se uma menor influência do Ar sobre a banda entre 409 e 413nm, também pertencente ao SiH. O gráfico da Figura 5-7 apresenta o comportamento da integração dessa faixa espectral para cada variação do percentual de Ar. 57 409 - 413 200 180 Integral (u. a.) 160 140 120 100 80 60 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Ar (%) Figura 5-7 Evolução da integração da região entre 409 e 413 nm para cada percentual de Ar. O comportamento observado a partir do gráfico em que a intensidade de emissão integrada entre 409 e 413nm, vai aumentando com a diminuição do Ar e consequentemente, com o aumento de H2, até estabilizar e diminuir com 20% de Ar, é previsto pela literatura (Matsuda, et al. 1980) e pode ser explicado lançando mão, dentre outros, do rendimento do sputtering (Yield de sputtering-Ys). O YS é basicamente o número médio de átomos do alvo que um íon incidente (a determinada energia) consegue ejetar: YS = número de átomos ejetados / número de íons incidentes O yield depende da energia do íon incidente, da relação de massas entre o íon incidente e do alvo, e das energias de ligação e deslocamento dos átomos do alvo. Para incidência perpendicular à superfície: Ys 4.2S n s H (5.1) onde: s H - calor latente de sublimação; Sn- potencial de frenagem nuclear; α = α Malvo/ Míon. Foram realizados os cálculos do Yield de sputtering para um alvo de Silício e gases Ar e H2 (Figura 5-8). 58 0,010 H YS 0,005 0,000 0,8 Ar YS 0,6 0,4 0,2 0,0 0 200 400 600 800 1000 Energia (eV) Figura 5-8 Yield de Sputtering para alvo de silício e gases H e Ar. Percebe-se um poder muito maior do Ar para realizar o sputtering, principalmente devido à massa. Isso ajuda a entender o fato do aumento da emissão de SiH até uma certa estabilização e enfim o decréscimo, pois a princípio, a quantidade de silício lançada à atmosfera é muito maior que a de H2, e na medida em que se aumenta a percentagem de H2 as quantidades vão se equilibrando, fazendo com que a probabilidade de reação e emissão por parte do SiH vai aumentando até que a quantidade de Ar é muito pequena e a manutenção do plasma se torna difícil, já que a massa do H2 é muito pequena se comparada ao Ar, fazendo com que a emissão de elétrons secundários para manutenção do plasma deixe de ocorrer em números adequados cessando assim a descarga. Esta quantidade se dá entre os 30 e 20% de Ar para as corridas realizadas no reator BAS. Isso leva automaticamente a hipótese de se realizar as deposições com um background fixo de Ar, variando-se somente o Hidrogênio, o que será discutido adiante. Existem três fatores que contribuem para a diminuição da taxa de sputtering: 1) compostos tem em geral yielding de sputtering menor que metais; 2) Compostos tem maior emissão de elétrons secundários que metais; 3) sputtering por íons de gás reativo é menos eficiente que por íons de gás inerte. Em complemento a esses efeitos do sputtering reativo, os filmes crescidos podem ser influenciados por efeitos do sputtering químico. 59 A fonte de potência utilizada no processo de geração do plasma fixa a potência ajustando a tensão e corrente. A Figura 5-9 apresenta a variação da potência e tensão em função do aumento do percentual de H2 e diminuição do percentual de Ar, de onde pode ser percebida a necessidade de elevação da tensão para manter o plasma até o momento em que não é mais possível e a tensão passa do limite da fonte. Isto ilustra o efeito de diminuição da taxa de sputtering citada anteriormente. Potência 500 460 0,34 0,33 0,32 0,31 440 0 10 20 30 40 0,30 50 H (% ) 2 60 70 80 i (A) Tensao (V) 480 0,29 90 Figura 5-9 Efeito do percentual de H2 na tensão e corrente no reator BAS. Outra mecanismo utilizado para avaliação da influência da emissão do Ar sobre a emissão da banda do SiH, foi a troca do gás de sputtering. Normalmente utilizam-se gases nobres para fim de geração do plasma e evaporação do alvo. Dentre os gases nobres o Ar é o que se tem acesso mais fácil e cujo preço de mercado é o mais barato. No intuito de se verificar esta influência, foram realizadas medidas utilizando como gás de sputtering o N2 ao invés do Ar. A Figura 5-10 apresenta o espectro de emissão para a região entre 405 e 430nm com diversas concentrações de N2. Percebe-se uma variabilidade da emissão bem menor se comparada quando o Ar é usado como gás de sputtering. É importante lembrar que o problema de saturação da bomba criogênica já citada acima para o H2, também ocorre com N2, porém não tão rápido como o H2. 60 100 90 80 70 60 50 500 Intensidade (u.a.) 400 300 200 100 0 405 410 415 420 425 430 (nm) Figura 5-10 Espectro de emissão na região entre 405 e 430 para diversas percentagens de N2. A Figura 5-11 apresenta a comparação entre a emissão do plasma com o Ar e N2 como gases de sputtering, ambos com 30%. Neste gráfico é possível verificar que a emissão da banda do SiH é bem pequena se comparada à do Ar e que abaixo de 410nm a intensidade da banda do SiH tem menos influência do Ar, como pode ser visto. Ar N2 350 Intensidade (u.a.) 300 250 200 150 100 50 0 405 410 415 420 (nm) Figura 5-11 Comparação entre a emissão na faixa entre 405 e 420 com 30% dos gases Ar (linha em preto) e N2 (linha em vermelho). 61 Devido à limitação do equipamento de permitir a varredura dos comprimentos de onda apenas manualmente, a possibilidade apresentada acima de integrar a região torna-se inviável pelos objetivos do trabalho, o que poderia ser solucionado utilizando um equipamento com um sensor CCD ou que permitisse a aquisição rápida dos dados automaticamente. Sendo assim, espera-se como alternativa, monitorar a evolução do pico de SiH apenas por um ponto. A Figura 5-12 apresenta a evolução dos pontos utilizados na integração apresentada na Figura 5-7, na qual podemos verificar o comportamento da curva muito similar ao da integração. Para fim de monitoramento do plasma, o interesse maior é no comportamento da curva e não na intensidade, o que torna viável o uso de tais pontos para fim de monitoramento do plasma para hidrogenação. 411 412 413 65 60 55 Intensidade (u.a.) 50 45 40 35 30 25 20 15 30 40 50 60 70 80 90 100 Ar (%) Figura 5-12 Evolução dos pontos pertencentes à banda do SiH. A partir de tais análises verificou-se que em 412nm equivale aproximadamente ao ponto da largura a meia altura de toda a banda de emissão. Sendo assim, este ponto foi adotado como representativo da emissão do e SiH (A2Δ – X2Π) e então realizado o monitoramento dos principais picos a fim de inferir sobre o processo de hidrogenação de filmes de silício amorfo, ou seja, Ar 4p – 4s, Hα (n=3), Hβ (n=4). A Figura 5-13 apresenta a evolução de tais picos com a variação do percentual de Ar e também a variação da pressão com a mudança de composição da atmosfera. Pode se notar um ponto de máximo na curva do SiH por volta de 50% de Ar, o que indica um maior número de espécies ativas, como era previsto na literatura. Esta região de 40, 50 e 60% , em que a emissão aumenta, atinge o 62 máximo e então decresce, determinou o fluxo de gases para o planejamento fatorial. Em que Int. Normalizada (u.a.) buscou-se avaliar o efeito do percentual dos gases nesta faixa de emissão. 1,0 SiH H H Ar 0,5 0,0 -3 Pressao (x 10 mbar) 3,5 3,0 2,5 2,0 Pressao 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Ar (%) Figura 5-13 Evolução dos picos normalizados de emissão óptica com a concentração de H2 e Ar no reator no reator BAS. O mesmo foi realizado utilizando o N2 como gás de sputtering, sendo apresentado na Figura 5-14. Neste gráfico podemos observar a ocorrência de um ponto de máximo, porém entre 80 e 90% de N2. Isso pode acontecer devido a diferentes características dos gases, como aumento do caráter químico ou ao rendimento do sputtering, fazendo com que a quantidade de silício arrancada do alvo esteja em uma quantidade compatível com a do H2, e abaixo desse percentual de N2 a quantidade de Si fornecido passa a ser menor devido a diminuição do sputtering, então a quantidade de H passa a ser superior e a eficiência de sputtering diminua. 63 Int. Normalizada (u.a.) 1,0 H H N2 0,5 SiH 0,0 Pressao 1,7 1,6 -3 Pressao (x10 mbar) 1,8 1,5 1,4 1,3 1,2 50 60 70 80 90 100 N2 (%) Figura 5-14 Evolução dos principais picos para Hidrogenação em atmosfera de N2 e H2 (a) e da pressão (b). Em ambos os gráficos é possível perceber a redução da pressão com a diminuição do percentual de Ar e aumento do percentual de H2. A pressão de base utilizada foi a mesma para os dois de 9,0 × 10-7mbar. A Tabela V-2 apresenta um resumo dos parâmetros dos experimentos: Tabela V-2 Parâmetros utilizados para geração do plasma. (W) Base (mbar) (K) 150 9,00E-07 310 Ar H2 75 - 22,5 0 - 52,5 N2 H2 75 - 37,5 0 - 37,5 (sccm) fluxo (sccm) Temperatura fluxo Pressão de Faixa de Faixa de Potência 64 A equivalência entre sccm e % pode ser demonstrada utilizando as seguintes expressões: P nRT V (5.2) Fluxo Ar PTotal PAr Fluxo Total (5.3) A Tabela V-3 apresenta os parâmetros obtidos aplicando-se as fórmulas 5.2 e 5.3 anteriormente citadas. Tabela V-3 Parâmetros obtidos a partir de dados experimentais e expressões. FluxoAr FluxoH2 PAr (SCCM) (SCCM) (mbar) PH2 (mbar) 0,0036 0 nAr nH2 ntotal % Ar 8,59 0 8,59 100 75 0 67,5 7,5 0,00306 0,00034 7,30 0,81 8,11 90 60 15 0,00248 0,00062 5,92 1,5 7,4 80 52,5 22,5 0,00196 0,00084 4,68 2,00 6,68 70 45 30 0,00156 0,00104 3,72 2,48 6,20 60 37,5 37,5 0,00115 0,00115 2,74 2,74 5,5 50 30 45 0,00084 0,00126 2,00 3,00 5,01 40 22,5 52,5 0,00057 0,00133 1,36 3,17 4,53 30 A Figura 5-15 apresenta a evolução da pressão total e parcial a partir da teoria acima com a mudança de composição de gases. 65 Total Ar H2 4,0 3,5 H2 1,8 1,6 3,0 Pressao ( x 10 mbar) 1,4 -3 2,5 -3 Pressao ( x 10 mbar) Total N2 2,0 1,5 1,0 0,5 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 30 40 50 60 70 80 90 100 50 60 Ar (%) 70 80 90 100 N2 (%) Figura 5-15 Evolução das pressões parciais para atmosferas com Ar-H2 e N2-H2. A hipótese de se manter a quantidade de argônio fixa e variar somente o fluxo de H2 também foi testada. A Figura 5-16 apresenta o gráfico da evolução dos picos de interesse com o fluxo de Ar mantido a 22,5sccm e variando-se o fluxo de H2 de 0 a 75sccm com passos de 7,5sccm. A Tabela V-4 apresenta a equivalência de cada fluxo para porcentagem. A partir do gráfico percebe-se uma tendência de crescimento da emissão de SiH. Devido à limitação de saturação da bomba criogênica, não foi possível aumentar mais a proporção de H2/Ar. Na literatura Matsuda et al. (1980) mostram que em proporções com muito mais H2, emissão relativa ao SiH tende a cessar. O comportamento apresentado pela emissão de Ar neste caso pode ser explicado pelo aumento do caráter químico do sputtering devido a inserção de hidrogênio, que apesar de ter aumentado não foi suficiente para extinguir a formação de SiH que apresenta constante ascensão. Esta hipótese poderia ser melhor estudada se fosse possível aumentar a faixa de fluxo de hidrogênio, aumentando assim a razão entre os gases, porém devido a limitação do sistema de bombeamento não foi possível. A partir da tendência em ascensão da linha relativa a emissão do SiH, poderia se dizer que nesta faixa de fluxos observada, existe uma tendência em ascensão também das espécies de SiH ativas no plasma. 66 0 Fluxo H2 (sccm) 15 30 45 60 75 SiH H H Ar Int. Normalizada (u.a.) 1,0 0,5 0,0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 H2 (%) Figura 5-16 Evolução das intensidades de emissão com a mudança de concentração de H2 no reator BAS mantendo-se a quantidade de Ar fixa. Tabela V-4 Equivalência entre o fluxo de H2 e sua percentagem com relação ao fluxo fixo de 22,5sccm de Ar. Fluxo H2 Equivalente em % 0 0 7,5 25 15 40 22,5 50 30 57 37,5 63 45 67 52,5 70 60 73 67,5 75 75 77 100 82 67 5.2.2.1 Efeito da variação da potência sobre a emissão A fim de se determinar a influência da potência no comportamento da variação da emissão óptica no plasma do processo de hidrogenação dos filmes finos de a-Si, realizou-se o estudo para as potências de 150, 300 e 450W, visando-se maiores taxas de deposição se comparado a outras potências citadas acima. A Figura 5-17 abaixo apresenta as variações de intensidade em função do percentual de argônio e da potências aplicadas. Pode-se observar que o efeito da potência sobre a magnitude da intensidade é bem relevante. Poderíamos ser levados a concluir apenas com esses dados de que quanto maior a potencia, maior a quantidade de silício hidrogenado. Porém o aumento da potência altera diversas outras características do plasma que influenciam na deposição dos filmes finos, como por exemplo, a rugosidade e defeitos superficiais devido ao aumento da energia das partículas incidentes, cristalização de estruturas amorfas, aumento de temperatura dentre outras. 450 Intensidade (u. a.) 350 300 250 200 150 100 H 150 W H 300 W H 450 W 600 Intensidade (u. a.) H 150 W H 300 W H 450 W 400 500 400 300 200 100 50 0 0 40 50 60 70 80 90 40 100 50 60 Ar (%) 1300 Intensidade (u. a.) Intensidade (u. a.) 1100 80 90 250 Ar 150 W Ar 300 W Ar 450 W 1200 70 100 Ar (%) 1000 900 800 700 600 500 400 300 SiH 150 W SiH 300 W SiH 450 W 200 150 100 50 200 100 0 0 40 50 60 70 Ar (%) 80 90 100 20 40 60 80 100 Ar (%) Figura 5-17: Efeito da potência sobre a intensidade do pico de Hα, Hβ, Ar e SiH. A Figura 5-18 apresenta a derivada dos dados apresentados na Figura 5-17. A idéia destes gráficos é analisar com que “rapidez” a intensidade de emissão varia para cada percentual de gases e potência. O comportamento das curvas é parecido para cada potência, 68 sendo que para potências maiores a intensidade da variação é maior, como era de se esperar já pela análise dos gráficos da Figura 5-17. Apenas o comportamento da curva referente à emissão do SiH possui uma pequena diferença dos demais. É possível observar que abaixo de 50% de Ar a intensidade de variação para a potência de 300W passa a ser maior que a potência de 450W e a variação da curva com 150W é muito inferior se comparada às demais. Estes são importantes indicadores para produção dos filmes e são utilizados no planejamento dos experimentos de produção dos filmes. H 150 W H 300 W H 450 W 0,0 0 H 150 W H 300 W H 450 W -1 -0,5 -2 -3 -1,5 f'(int) f'(int) -1,0 -2,0 -4 -5 -2,5 -6 -3,0 -3,5 -7 40 50 60 70 80 90 100 40 50 60 Ar (%) 70 80 90 100 Ar (%) 1,0 Ar 150 W Ar 300 W Ar 450 W 12 10 SiH 150 W SiH 300 W SiH 450 W 0,5 0,0 f'(int) f'(int) 8 6 4 -0,5 -1,0 -1,5 2 0 -2,0 40 50 60 70 80 90 100 40 50 60 Ar (%) 70 80 90 100 Ar (%) Figura 5-18: Derivada da intensidade. 5.2.3 Medidas realizadas no reator BAI: O reator BAS no qual as medidas acima foram executadas é um sistema de Magnetron Sputtering e as possibilidades de geração do plasma seriam a alteração da fonte que pode ser DC, RF ou DC pulsado. Já no reator BAI o plasma é gerado por impacto de elétrons oriundos da emissão termiônica. O principal elemento aquecedor do alvo sólido é um canhão de elétrons, também gerado termionicamente. O processo de evaporação pode se dar com apenas um ou com a associação dos dois processos o que caracteriza o processo de íon plating. Com 69 base nisto, os experimentos neste reator foram realizados considerando a possibilidade de utilizar apenas plasma e também plasma com feixe de elétrons. Além disso, como este sistema não possui bomba criogênica cuja capacidade de absorção de H2 é bem limitada foi possível realizar experimentos com tempo de exposição maior ao ambiente contendo H2, apesar de não ser possível realizar experimentos com plasma apenas com o gás H2. A Figura 5-19 apresenta o espectro de emissão óptica para a faixa de 300 - 900nm, de onde podemos verificar as Ar - 750 espécies ativas no plasma. Ar 1400 Ar Ar + H2 1000 SiH 800 600 400 H - 656 H - 486 Intensidade (u.a.) 1200 200 0 300 400 500 600 700 800 900 (nm) Figura 5-19 Espectro de emissão óptica no reator BAI. e-beam com assistência de plasma. A Figura 5-20 e a Figura 5-21 são referentes aos experimentos utilizando apenas plasma no reator, sem o uso do feixe de elétrons (e-beam). A Figura 5-20 apresenta a região de emissão do SiH e Ar na qual podemos perceber baixa emissão na faixa analisada anteriormente no reator BAS. A Figura 5-21 mostra a evolução dos picos com o percentual dos gases. 70 100 % Ar 90 % Ar 80 % Ar 70 % Ar 50 % Ar 40 % Ar 30 % Ar 1400 1200 Intensidade (u. a.) 1000 800 600 400 200 0 406 408 410 412 414 416 418 420 422 424 426 (nm) Figura 5-20 Região de emissão do Ar e SiHx. Reator BAI só plasma para diversas composições da atmosfera. H Ar H SiH Int. Normalizada (u. a.) 1,0 0,5 0,0 30 40 50 60 70 80 90 100 Ar (%) Figura 5-21 Evolução da intensidade do Ar e Hα e Hβ, (só plasma). Da Figura 5-22 à Figura 5-25 os experimentos foram conduzidos utilizando a evaporação por feixe de elétrons (e-beam) com assistência de plasma, sendo realizados mantendo-se as quantidades de Ar fixa em 100 e 50sccm para cada um dos casos. 71 800 0 sccm H2 20 sccm H2 700 40 sccm H2 60 sccm H2 Intensidade (u.a.) 600 80 sccm H2 100 sccm H2 500 120 sccm H2 140 sccm H2 400 160 sccm H2 180 sccm H2 300 200 sccm H2 200 100 0 -100 402 405 408 411 414 417 420 423 426 429 432 435 (nm) Figura 5-22 Intensidade luminosa no experimento utilizando feixe de elétrons (e-beam) assistido por plasma com 100sccm de Ar. Ao contrário do processo de sputtering, neste caso, para ambos fluxos de fundo do argônio (100 e 50sccm) mantidos fixos, percebeu-se a redução na intensidade de emissão relativa ao SiH. Isto pode ser devido ao papel do plasma no processo, já que neste caso o principal mecanismo de evaporação é devido ao aquecimento do alvo por feixe de elétrons. Fluxo H2 (sccm) -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 SiH H H Ar Int. Normalizada (u.a.) 1,0 0,5 0,0 0 10 20 30 40 50 60 70 H2 (%) Figura 5-23 Evolução dos picos com o percentual de H2 no experimento utilizando feixe de elétrons (e-beam) assistido por plasma com 100sccm de Ar. 72 400 0 sccm H2 10 sccm H2 350 20 sccm H2 30 sccm H2 300 40 sccm H2 50 sccm H2 80 sccm H2 Intensidade (u.a.) 250 100 sccm H2 120 sccm H2 200 140 sccm H2 160 sccm H2 180 sccm H2 150 200 sccm H2 100 50 0 406 408 410 412 414 416 418 420 422 424 426 (nm) Figura 5-24 Intensidade luminosa no experimento utilizando feixe de elétrons (e-beam) assistido por plasma com 50sccm de Ar. 0 20 40 60 Fluxo H2 (sccm) 80 100 120 140 160 180 H H Ar SiH 1,0 Int. Normalizada (u.a.) 200 0,5 0,0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 H2 (%) Figura 5-25 Evolução dos picos com o percentual de H2 no experimento utilizando feixe de elétrons (e-beam) assistido por plasma com 50sccm de Ar. 73 5.3 Análise dos filmes Os filmes foram analisados utilizando procedimentos convencionais de análise univariada de dados e também a análise multivariada do efeito dos parâmetros sobre as propriedades dos filmes, possibilitada pelo planejamento fatorial dos experimentos. Os elementos analisados fornecem indicadores indiretas sobre a qualidade dos filmes, já que a infra-estrutura para obtenção do desempenho direto dos filmes no que tange a aplicação solar não estava disponível até o momento da defesa, ou seja, informações de transporte elétrico, de defeitos em níveis profundos, dentre outras. A partir das análises dos gráficos de evolução do pico de emissão óptica em função da composição da atmosfera do plasma (Figura 5-13 e Figura 5-17 acima), os filmes foram crescidos em condições compatíveis com a região em torno do máximo de emissão, visando identificar se tal comportamento mostraria alguma relação em algum dos indicadores de qualidade do filme, como por exemplo, a incorporação de H nos filmes e a densidade de defeitos nos filmes, que serão apresentadas abaixo. 5.3.1 Estudo da estrutura dos filmes Sabe-se que em filmes cristalinos a incorporação de hidrogênio é praticamente irrelevante já que as ligações Si-Si ocorrem primordialmente, não restando muitas ligações pendentes. Por tanto buscou-se avaliar a cristalinidade dos filmes produzidos através da técnica de espectroscopia Raman, como vem sendo utilizada na literatura [ (Fukaya, Tabata e Mizutani 2004), (Seo, Jeong e Myoung 2006), (Gerbi e Abelson 2007), (Wei, Xu, et al. 2007), (Sancho-Parramon, et al. 2009), (Li e Shen 2009), (Wei and Yan 2009)]. A Figura 5-26 apresenta um espectro típico normalizado para filmes de a-Si:H que podem ser identificados por quatro regiões correspondentes aos quatro modos de fônons, no caso, uma ramificação Acústico Transverso (TA) em 150cm-1, um modo Longitudinal Acústico (LA) com um pico em 300cm-1, uma ramificação Longitudinal Óptica (LO) com pico em 380cm-1, e um modo Transverso Óptico (TO) em 480cm-1. O modo Transverso Óptico pode ser dividido em duas partes quando há contribuição de fração amorfa (TO1) com pico centrado em 480cm -1 e de fração nano/micro – cristalina (TO2) com pico centrado em 520cm -1. Como dito acima, para materiais cristalinos as regras de seleção para dispersão de fônons são bem definidas, e sabese que para o silício cristalino existe uma linha característica em 520cm-1, como discutido por 74 Wei e Yan ( 2009) utilizando Microscopia Eletrônica de Transmissão(MET), podendo variar entre (+/-)10cm-1, dependendo de impurezas e nível de dopagem (Wei, et al. 2007). TA LA LO TO1 TO2 Int. Normalizada (counts) 1,0 0,8 Am1 Am2 Am3 Am4 Am5 Am6 Am7 Am8 0,6 0,4 0,2 200 400 -1 Raman Shift (cm ) Figura 5-26 Espectro Raman das amostras. Os modos (LA), (LO) e (TO1) são deconvoluidos no espectro (Figura 5-27) e ajustados com linhas Gaussianas, por serem simétricas. Se houvesse a existência do modo (TO2) relativo a fração cristalina, poderíamos ajustar um modelo assimétrico como por exemplo um perfil Lorentziano. Não foi possível obter um bom ajuste dos modelos ao se tentar inserir este modo na região indicada, portanto considerou-se desprezível sua contribuição na convolução do espectro. 75 1400 1200 1000 800 600 7000 TO1 Am 1 LA LO TO1 Fit Am1 Intensidade (u.a.) Intensidade (u.a.) 1600 LO LA 400 200 5000 Am 2 LA LO TO1 Fit Am2 4000 LO 3000 2000 LA 0 300 350 400 450 500 550 250 300 -1 8000 7000 2000 Intensidade (u.a.) Intensidade (u.a.) 3000 LO LA 1000 250 500 550 6000 5000 500 550 500 550 500 550 TO1 Am 4 LA LO TO1 Fit Am4 4000 LO 3000 2000 LA 0 300 350 400 450 500 550 250 300 -1 Raman shift (cm ) 3000 1000 7000 6000 2000 LO LA 0 250 5000 4000 LO 3000 2000 LA 1000 0 300 350 400 450 500 550 250 300 -1 4000 3000 2000 10000 LO LA 1000 0 250 400 450 -1 TO1 Am 7 LA LO TO1 Fit Am7 350 Raman shift (cm ) Intensidade (u.a.) 5000 450 TO1 Am 6 LA LO TO1 Fit Am6 Raman shift (cm ) 6000 400 -1 TO1 Am 5 LA LO TO1 Fit Am5 350 Raman shift (cm ) Intensidade (u.a.) 4000 Intensidade (u.a.) 450 1000 0 Intensidade (u.a.) 400 Raman shift (cm ) TO1 Am 3 LA LO TO1 Fit Am3 350 -1 Raman shift (cm ) 4000 TO1 1000 0 250 6000 8000 TO1 Am 8 LA LO TO1 Fit Am8 6000 LO 4000 LA 2000 0 300 350 400 450 500 550 -1 Raman shift (cm ) 250 300 350 400 450 -1 Raman shift (cm ) Figura 5-27 Principais modos dos fônons na estrutura do filme de a-Si:H. 5.3.2 Medida das espessuras das amostras. As medidas de espessura e rugosidade das amostras foram obtidas através da técnica de Microscopia de Força Atômica (AFM - Atomic Force Microscopy). Para isso foi realizada a aferição do posicionador piezoelétrico (scanner) do microscópio a partir de um padrão como apresentado na Figura 5-28, onde verificou-se uma diferença menor que 10% do esperado. 76 Figura 5-28 Imagem do padrão de calibração para medidas no AFM. Antes do crescimento dos filmes, foram depositados degraus de Nitrato de Boro, posteriormente removidos, para obtenção dos degraus abruptos, pois como a varredura no microscópio é limitada a uma amplitude máxima de 100mícrons, não seria possível obter tais medidas se o degrau não tivesse esta característica. A Figura 5-29 apresenta uma visão tridimensional, superficial e de sessão de corte de onde se obteve a espessura da amostra 2. Este procedimento foi realizado para todas as amostras e extraídas até 20 medidas de cada para avaliação da variabilidade, sendo estas realizadas em ambos os degraus e em pontos diferentes no mesmo degrau, já que cada amostra possuía 2 degraus cada. Figura 5-29 Degrau para medida de espessura (Am2). 77 A Figura 5-30 apresenta as espessuras médias para todas as amostras, juntamente com a variabilidade. 150W 300W 450W 240 220 Espessura (nm) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 45 50 55 60 H2atmosfera (%) Figura 5-30 Espessura média de todas as amostras. A rugosidade foi obtida a partir de filmes crescidos sobre vidro. A Figura 5-31 apresenta o perfil de rugosidade do substrato de vidro utilizado para crescimento dos filmes realizado nas varreduras de 15, 10, 5 e 1 micra. Obteve-se níveis muito baixos de rugosidade para os substratos, que podem ser percebido nas escalas, menor que 5nm. A rugosidade nos filmes foi extraída de 4 pontos distintos do substrato nas escalas das varreduras citadas anteriormente, sendo padronizada a obtenção da média. Para isso a rugosidade média foi obtida considerando toda a imagem obtida, e também partes menores e mais claras, o que indica maior profundidade ou não. 78 Figura 5-31 Imagem da superfície do substrato de vidro em diferentes ampliações. Os dados de rugosidade para os diversos parâmetros são apresentados na Figura 5-32, onde pode se perceber um aumento exponencial devido à maior presença de hidrogênio para a potência de 150W, enquanto que para a potência de 450, verifica-se uma diminuição. Isto pode ser devido a aumento de ataque químico na superfície, já que a taxa de deposição apresentada na Figura 5-33 altera muito pouco. Isto reforça a hipótese do mecanismo de crescimento dos filmes de a-Si:H discutida anteriormente. 79 2,5 150 W 300 W 450 W Exp2°Fit Rugosidade (nm) 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 30 40 50 Fluxo de H2 (sccm) Figura 5-32 Variação da rugosidade com o fluxo em diferentes potências. Apesar de a rugosidade apresentar um aumento para a potência de 450W, verifica-se que a taxa de deposição diminui na combinação de maior fluxo de hidrogênio. Observam-se altas taxas de deposição, com valores aceitáveis para aplicações em larga escala. 50 150 W 300 W 450 W Ajuste Exp2° Taxa de deposiçao (nm/min) 45 40 35 30 25 20 15 30 35 40 45 50 Fluxo de H2 (sccm) Figura 5-33 Taxa de deposição em função dos parâmetros. 80 5.3.3 Análise no Infravermelho Para esta análise foi utilizado um substrato de silício tipo p, que permitiu transmitir a radiação no infravermelho. A Figura 5-34 abaixo apresenta o espectro de absorbância do substrato utilizado para crescimento dos filmes após passar pelo procedimento de limpeza e manipulação pré-deposição. Esta informação foi utilizada para fazer a extinção do substrato a fim de obter informações apenas do filme crescido. 0,18 0,16 Absorbância 0,14 0,12 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0,00 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 -1 Nْ mero de Onda (cm ) Figura 5-34 Espectro de absorbância do substrato de Si em função do número de onda. A Figura 5-35 apresenta os espectros relativos aos filmes, tendo sido extraídos os efeitos tanto do substrato como da atmosfera. 0,055 Am1 Am2 Am3 Am4 Am5 Am6 Am7 Am8 0,050 Si-Si 0,045 Absorbância 0,040 0,035 0,030 Si-H 0,025 0,020 Si-O 0,015 Si-OH 0,010 0,005 0,000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 -1 N ؛de onda (cm ) Figura 5-35 Espectro de absorbância do filme em função do número de onda. 81 Espectro de transmitância de filmes de a-Si:H depositados em temperatura ambiente exibem grandes picos de modo de estiramento (stretching) em 2060cm-1, modo de abano em 630cm-1 e, mais fracos, os modos de flexão em 890 e 845cm-1 (Panwar, Mukherjee e Bhattacharyya 1999). Através da Figura 5-36, é evidente que esses filmes de a-Si:H estão tendo ambos picos em 2090 e 2000cm-1 que combinam em um único pico em 2060cm-1 que revela a presença de polyhidretos (Si –H2)n e monohidretos (Si –H) (Panwar, Mukherjee e Bhattacharyya 1999). Am1 Am2 Am3 Am4 Am5 Am6 Am7 Am8 Absorbância 0,02 0,01 0,00 1800 1900 2000 2100 2200 2300 -1 1/ (cm ) Figura 5-36 Região de estiramento das ligações SiH e SiHx. Foram deconvoluidas as curvas para obtenção da área correspondente a cada um dos modos (Figura 5-37). Alguns autores realizam um maior número de deconvoluções nesta região, relativas aos modos de estiramentos Si – H2 e Si – H3 (Marra, et al. 1998), e outros apenas da forma como apresentado aqui (Panwar, Mukherjee e Bhattacharyya 1999), (Maley, et al. 1989), (Hossain, et al. 2006), (Goldie e Persheyev 2006), (Yi, et al. 2008). No presente caso, basta as duas regiões de interesse, pois o interesse no estado da arte é maximizar a incorporação do hidrogênio monoatômico (Si – H), por indicar maior efetividade na passivação de defeitos na estrutura amorfa do silício melhorando assim, propriedades ópticas e elétricas do mesmo (Matsuda, et al. 1980), (Ben Abdelmoumen, et al. 2008). 82 Am1 0,012 0,020 Absorbância Absorbância 0,010 Am 2 0,025 0,008 0,006 0,004 0,015 0,010 0,005 0,002 0,000 0,000 1700 1800 1900 2000 2100 2200 1700 2300 1800 1900 2000 2100 2200 2300 -1 N ؛de onda (cm ) -1 N ؛de onda (cm ) Am3 0,016 Am4 0,007 0,014 0,006 Absorbância Absorbância 0,012 0,010 0,008 0,006 0,004 0,002 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 0,000 0,000 -0,002 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 1700 1800 -1 1900 2000 2100 2200 2300 -1 N ؛de onda (cm ) N ؛de onda (cm ) Am6 0,014 0,012 0,012 Absorbância Absorbância Am5 0,014 0,010 0,008 0,006 0,004 0,002 0,010 0,008 0,006 0,004 0,002 0,000 0,000 -0,002 -0,002 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 1700 1800 -1 1900 2000 2100 2200 2300 -1 N ؛de onda (cm ) N ؛de onda (cm ) Am7 Am8 0,010 0,020 Absorbância Absorbância 0,008 0,015 0,010 0,005 0,004 0,002 0,000 0,000 1700 0,006 1800 1900 2000 2100 -1 N ؛de onda (cm ) 2200 2300 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 -1 N ؛de onda (cm ) Figura 5-37 Deconvolução da região de estiramento SiH e SiHx. A Figura 5-38 apresenta o fator de microestrutura (R) (Ben Abdelmoumen, et al. 2008) para os filmes nas diferentes composições da atmosfera e potências usadas. Os valores são bem próximos aos filmes produzidos por magnetron sputtering encontrados na literatura (Panwar, Mukherjee e Bhattacharyya 1999), (Ben Abdelmoumen, et al. 2008), que como visto, representa a quantidade relativa de polyhidretos comparados à soma de monohidretos e polyhidretos presentes no filme. A tendência mostrada pelo fator R2090, em crescer com o fluxo mostra que aumentando-se o fluxo, a incorporação de polyhidretos é favorecida. 83 0,50 150 W 300 W 450 W ExpDec1Fit of R290 0,45 0,40 0,35 R2090 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 30 35 40 45 50 Fluxo H2(sccm) Figura 5-38 Fator de microestrutura (R2090) para os filmes crescidos nos diversos parâmetros. O percentual de hidrogênio na estrutura do filme foi calculado como descrito acima. A Figura 5-39 abaixo apresenta o percentual de hidrogênio no filme para os diversos parâmetros. Percebe-se um alto nível de incorporação de hidrogênio na estrutura do filme, e como pode ser observado com o auxílio do fator de microestrutura, aumentando-se o fluxo de hidrogênio, a tendência é o aumento da incorporação de polyhidretos, que acaba sendo prejudicial à propriedades elétricas e ópticas para aplicação fotovoltaica. 38 150 W 300 W 450 W Ajuste Voigt 36 34 HFilme(%) 32 30 28 26 24 22 20 18 16 40 45 50 55 60 H2atmosfera(%) Figura 5-39 Percentual de hidrogênio no filme de a-Si:H em função da porção de H2 para diversas potências. 84 Na definição do conteúdo de hidrogênio, assumimos que a densidade NH +NSi ≈ 5 × 1022 cm-3, o que pode introduzir erros sistemáticos. Segundo (Smets 2002), um bom valor associado de erro é entre 10 e 15%. Sendo assim, isso foi aplicado às medidas do percentual de hidrogênio. Aqui vale a importante observação com relação ao perfil do comportamento apresentado pela incorporação de hidrogênio na estrutura do filme, ou seja, bastante similar ao apresentado pela linha de emissão óptica relativo ao SiH no plasma do processo apresentado acima (Figura 5-13 e Figura 5-17), mostrando uma relação entre a emissão das espécies ativas de SiH e a incorporação do hidrogênio nos filme. 5.3.4 Propriedades ópticas – UV-Vis Para análise das propriedades ópticas pela técnica de UV-Vis, utilizou-se como substrato o vidro, já que este possui boa transmitância na faixa do visível como apresentado na Figura 5-40. Transmitancia (%) 100 80 60 40 20 0 200 400 600 800 1000 1200 (nm) Figura 5-40 Espectro de transmitância do vidro. A Figura 5-41 apresenta a transmitância relativa aos filmes de a-Si para faixa do visível, apresentando as franjas características de estados intermediários entre as bandas de 85 condução e valência de materiais amorfos. Estes dados fornecem as bases para obtenção do coeficiente de absorção que é utilizado para obtenção dos bandgaps dos filmes. am 1 am 2 am 3 am 4 am 5 am 6 am 7 am 8 Transmissao (%) 100 80 60 40 20 0 400 600 800 1000 1200 (nm) Figura 5-41 Espectro de transmitância dos filmes. A Figura 5-42 apresenta a transmitância incluindo a faixa do infravermelho, sendo que a absorção na região do infravermelho de muita importância nas transições dependentes de fônons em semicondutores amorfos. 100 am 1 am 2 am 3 am 4 am 5 am 6 am 7 am 8 Transmitância (%) 80 60 40 20 0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 E(eV) Figura 5-42 Transmitância desde o infravermelho até o visível. 86 Os valores dos bandgaps foram obtidos a partir do coeficiente de absorção pela técnica gráfica de Tauc. A Figura 5-43 apresenta os gráficos de Tauc para todas as amostras. Tendo sido extrapolado uma reta na região linear do gráfico até o eixo de intersecção, como pode ser visto. Esta reta foi obtida pelo coeficiente de inclinação da região linear. 1750 1800 Reta 150W - 40H 1500 450W - 40H Reta 1600 1/2 1000 (E) (E) 1/2 1400 1250 750 1200 1000 800 600 500 400 250 200 0 0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 1,0 1,5 Energia (eV) 1/2 1/2 (E) (E) 1000 3,5 4,0 4,5 1000 500 0 0 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 1,0 1,5 Energia (eV) 2,0 2,5 3,0 3,5 3,0 3,5 Energia (eV) 450W - 60H Reta 1200 300W - 50H Reta 300W - 50H Reta 300W - 50H Reta 1600 1400 1/2 1000 800 (E) 1/2 3,0 Reta 150W - 60H 1500 500 (E) 2,5 Energia (eV) Reta 150W - 50H 1500 2,0 600 1200 1000 800 600 400 400 200 200 0 0 1,0 1,5 2,0 2,5 Energia (eV) 3,0 3,5 1,0 1,5 2,0 2,5 Energia (eV) Figura 5-43 Método gráfico de Tauc para obtenção do Bandgap. Os valores dos bandgap obtidos pelo método gráfico de Tauc acima são sumarizados na Tabela V-5, apresentando valores dentro dos desejáveis para filmes finos absorvedores para aplicação fotovoltaica. 87 Tabela V-5 Relação dos bandgaps obtidos pelo método de Tauc. AMOSTRA BANDGAP (eV) 1 1,66 2 1,98 3 1,95 4 1,8 5 1,96 6 1,94 7 2 8 1,97 Os dados do bandgap são colocados de forma gráfica na Figura 5-44. Percebe-se um perfil exponencial em que há uma tendência em estabilizar. Isso vai ao encontro da literatura que como apresentado acima, para valores bem altos de hidrogênio incorporados na estrutura de filmes de a-Si:H giram em torno de 1,9eV. Em geral o bandgap depende de vários parâmetros, incluindo a técnica de deposição, que cumpre papel importante na determinação do bandgap em a-Si:H. Diferenças entre filmes crescidos por PACVD e sputtering devem ser mais investigadas (Hossain, et al. 2006). 2,00 1,95 Bandgap (eV) 1,90 1,85 1,80 1,75 150 W 300 W 450 W Ajuste Exp2° 1,70 1,65 40 45 50 55 60 H2atmosfera(%) Figura 5-44 Variação do Bandgap com o fluxo de hidrogênio para diferentes potências. 88 Através da figura Figura 5-45 (a), o gráfico de (αE)1/2 vs. energia do fóton pode ser divido nas três regiões previstas na literatura, como apresentado acima. A região dos subbandgaps (E1), a região de Urbach (E2) e a região E3. Figura 5-45 (b) apresenta apenas o logaritmo do coeficiente de absorção em que se percebe alta absorção na região de subbandgaps. Isto se relaciona com os defeitos na estrutura dos filmes obtidos e na qualidade de incorporação de hidrogênio no filme. 450W - 40H 450W - 60H 1600 1200 (E) 1/2 E3 -1 2000 E2 (cm ) E1 800 10 6 10 5 10 4 10 3 450W - 60H 450W - 40H 1,5 400 1/2 (E) 1200 -1 (cm ) 300W - 50H 300W - 50H 300W - 50H 1600 800 400 10 6 10 5 10 4 3,0 3,5 10 3 150W - 60H 150W - 50H 150W - 40H 1,5 0 2000 150W - 60H 150W - 50H 150W - 40H 1200 2,5 3,0 3,5 6 -1 1600 2,0 Energia (eV) (cm ) 1/2 2,5 Energia (eV) 0 2000 (E) 2,0 800 400 10 5 10 4 10 3 10 2 10 1 10 300W - 50H 300W - 50H 300W - 50H 0 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 1,5 Energia (eV) (a) 2,0 2,5 3,0 3,5 Energia (eV) (b) Figura 5-45 Divisão do gráfico (αE)1/2 vs. energia do fóton em três regiões(a) coeficiente de absorção em escala logarítmica(b). A Figura 5-46 apresenta o log α para todas as amostras juntas, da qual se percebe que os prolongamentos das caudas de Urbach convergem para um ponto, conhecido com o foco de Urbach. O valor obtido para essa energia foi de 3,047eV, que difere um pouco dos melhores resultados da literatura, que gira por volta de 2.2eV. Isso é outro indicador da qualidade de inserção do hidrogênio no filme, mostrando que muitos defeitos estão servindo como centro de recombinação. 89 6 -1 (cm ) 10 5 10 150W 150W 150W 300W 300W 300W 450W 450W 4 10 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 - 40H - 50H - 60H - 50H - 50H - 50H - 40H - 60H 4,0 4,5 Energia (eV) Figura 5-46 Energia de convergência das caudas de Urbach. Através de uma análise qualitativa do gráfico acima (Figura 5-46), percebe-se observando a faixa entre 1,0 e 1,75eV, que os filmes crescidos a 150W possuem uma densidade de defeitos maior do que os outros filmes, já que a densidade de defeitos pode ser obtida integrando-se as áreas dos sub-bandgaps. Entre 1,75 e 2,0eV os filmes crescidos com potência de 300W se destacam. O gráfico com a variação da densidade de defeitos extraídos dos dados do coeficiente de absorção é apresentado na Figura 5-47. 150W 300W 450W ParabolaFit of Nd 300 200 -1 Nd x 10 (cm ) 250 21 150 100 50 0 40 45 50 55 60 H2atmosfera (%) Figura 5-47 Variação da densidade de defeitos com o percentual de H2 para diferentes potências. 90 Aqui vale mais uma importante observação com relação ao perfil do comportamento apresentado pela variação da densidade de defeitos na estrutura dos filmes de a-Si:H, ou seja, bastante similar ao apresentado pela linha de emissão óptica relativo ao SiH no plasma do processo apresentado anteriormente (Figura 5-13 e Figura 5-17). Outro ponto a se observar é que a incorporação de hidrogênio na estrutura do filme se relaciona com a densidade de defeitos no filme e apresentaram comportamento similar. 5.3.5 Análise fatorial das respostas A partir das análises dos filmes apresentadas acima, os dados foram compilados na matriz de experimentos (Tabela V- 6) e utilizando o software Minitab, o efeito dos parâmetros em tais propriedades foi estudado. Tabela V- 6 Respostas da matriz de experimentos do planejamento fatorial, com exceção da amostra 8 que foi adicionada para permitir a análise univariável. Amostra Espessura (nm) Taxa de deposição (nm/min) Hfilme (%) Rugosidade (nm) Eg (eV) R290 Nd (cm-1) 1 2 3 4 5 6 7 8 96,2 236,6 142,5 71,1 139,6 140,2 212,2 77,3 19,2 47,3 28,5 14,2 27,9 28,0 42,4 15,5 24,9 20,6 27,6 27,3 26,9 26,9 25,0 31,6 1,5 0,4 0,7 0,3 1,4 1, 3 1,9 0,3 1,98 1,66 1,95 1,8 1,96 1,94 2 1,97 0,48 0,003 0,127 0,109 0,215 0,165 0,297 0,186 2,2E+23 2,4E+23 8,7E+22 2,7E+21 7,8E+22 7,8E+22 8,4E+22 2,7E+23 Da Figura 5-46 à Figura 5-50 são apresentas análises para as respostas da Taxa de deposição, Bandgap, %Hfilme, Fator de microestrutura e rugosidade respectivamente. Pode-se observar na taxa de deposição que o principal parâmetro de influência é o fluxo seguido da associação da potência com o fluxo. Neste caso não verificou-se relevância para o parâmetro potência individualmente. Isso faz sentido na medida em que apenas a potência não é capaz de gerar o sputtering sozinho. Como visto, a escolha do gás de sputtering é fundamental para obter uma boa eficiência de sputtering, não bastando apenas altas potências. O gráfico da Figura 5-9 em que é apresentado o ajuste da fonte de potência ao mudar a razão entre os gases, nos ajuda a ilustrar este fato. 91 4,30 99 F actor A B N ame P otência (W) F luxo (sccm) Effect Ty pe Not Significant Significant 95 F actor A B 90 B Percentual Termo 80 AB N ame P otência (W) F luxo (sccm) B 70 60 50 40 30 AB 20 10 A 5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 1 90 0 25 50 Efeito Padronizado Efeito Padronizado 75 100 Figura 5-48 Resposta é a Taxa de deposição: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 No caso do bandgap verificou-se relevância em ambos os parâmetros e também na associação dos mesmos. A potência, seguida da associação dos parâmetros e do fluxo apresentaram-se como mais relevantes. Isto faz sentido, na medida em que, em geral o bandgap depende vários parâmetros (Hossain, et al. 2006), além da microestrutura e das diferentes formas de associação do hidrogênio ligado em vacâncias ou em voids. 4,30 99 F actor A B N ame P otência (W) F luxo (sccm) Effect Type Not Significant Significant 95 A F actor A B 90 Percentual Termo 80 AB N ame P otência (W) F luxo (sccm) A 70 60 50 AB 40 30 B 20 10 B 5 0 5 10 15 Efeito Padronizado 20 25 1 -10 0 10 Efeito Padronizado 20 30 Figura 5-49 Resposta é Bandgap: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 Para incorporação de hidrogênio no filme verificou-se que o principal parâmetro é o fluxo do gás hidrogênio. Isso faz sentido, já que o método de cálculo considera tanto monohidretos quanto polyhidretos. 92 4,303 99 F actor A B N ame P otência (W) F luxo (sccm) Effect Type Not Significant Significant 95 B F actor A B 90 N ame P otência (W) F luxo (sccm) Percentual Termo 80 A 70 60 50 40 30 B 20 10 AB 5 0 1 2 3 4 Efeito Padronizado 5 1 6 -5,0 -2,5 0,0 Efeito Padronizado 2,5 5,0 Figura 5-50 Resposta é %Hfilme: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 Uma análise interessante segue da avaliação do efeito dos parâmetros no fator de microestrutura, que mede a relação entre polyhidretos e monohidretos na estrutura do filme, em que assim como na incorporação de hidrogênio nos filmes, o fluxo de gases mostrou-se mais relevante, seguidos da potência e associação dos parâmetros. 4,303 F actor A B N ame P otência (W) F luxo (sccm) 99 B Effect Ty pe Not Significant Significant 95 F actor A B 90 A Percentual Termo 80 N ame P otência (W) F luxo (sccm) B 70 60 50 40 30 20 AB 10 5 0 1 2 3 4 5 Efeito Padronizado 6 7 8 1 -4 -2 0 2 4 Efeito Padronizado 6 8 Figura 5-51 Resposta é R2090: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 Para a resposta de rugosidade mostrou-se não ter efeitos relevantes de nenhum dos parâmetros, porém se comparado com o perfil univariado, verifica-se o aumento exponencial com o fluxo para a potência de 150W. A análise fatorial pode ter levado a esta conclusão por questões ligadas aos intervalos de medidas ou a questões associadas a fenômenos ocorrendo na deposição, como aumento de sputtering químico e outros. Não identificou-se situações parecidas para comparação na literatura. 93 4,303 99 F actor A B N ame P otência (W) F luxo (sccm) Effect Type Not Significant Significant 95 A F actor A B 90 N ame P otência (W) F luxo (sccm) Percentual Termo 80 B 70 60 50 40 30 20 10 AB 5 0 1 2 3 Efeito Padronizado 1 4 -3 -2 -1 0 1 Efeito Padronizado 2 3 Figura 5-52 Resposta é Rugosidade: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 No caso da densidade de defeitos, também verificou-se relevância em ambos os parâmetros e também na associação dos mesmos. Neste caso a associação dos parâmetros mostrou-se mais relevantes, seguida da potência e do fluxo. 99 4,30 F actor A B N ame P otência (W) F luxo (sccm) Effect Ty pe Not Significant Significant 95 F actor A B 90 AB Percentual Termo 80 A N ame P otência (W) F luxo (sccm) A 70 60 50 B 40 30 AB 20 10 B 5 0 10 20 Efeito Padronizado 30 40 1 -40 -30 -20 -10 Efeito Padronizado 0 10 Figura 5-53 Resposta é Densidade de defeitos Nd: (a) Gráfico de pareto dos efeitos padronizados (b)Probabilidade Normalizada dos efeitos padronizados. Alpha = ,05 A análise univariável dos dados apresentadas acima, mostra um comportamento na maior parte dos casos, não linear. Este fato é um indicador da necessidade de ser realizar um estudo explorando mais níveis o que permitirá a elaboração de um modelo. O que pode ser próximos passos para trabalhos futuros, construir modelos empíricos envolvendo mais níveis. 94 6 CONCLUSÕES Um processo de pulverização catódica a plasma que permite obter filmes finos de a- Si:H com alto teor de H foi implementado. O comportamento em relação a incorporação do hidrogênio mostrado por Matsuda et al. (1980) pôde ser previsto pelas espécies nos plasma, existe portanto uma proporção ideal e não linear do gás reativo e de processo que leva a um máximo de incorporação de hidrogênio, não significando que a qualidade desta hidrogenação seja a mais adequada para maximizar as propriedades dos filmes para aplicação fotovoltaicas. Os altos valores de hidrogênio no filme mostram que esse processo de deposição física tem potencial considerável na produção deste material e a ferramenta de monitoramento do plasma pode servir como ferramenta de controle automático. Pôde ser observado que a variável potencia influi a taxas diferenciadas nas espécies presentes no plasma. Já em relação a hidrogenação há indícios que maiores potencias levam a maior eficiência deste processo. Os altos níveis de hidrogenação podem estar associados a uma grande densidade de defeitos na estrutura dos filmes, o que pode ser alterado mudando-se a temperatura do substrato. No geral os resultados apresentados mostram boa correspondência com a literatura. Como visto, o H pode ser incorporado tanto na forma de monohidretos como polyhidretos. Sendo assim, em temperaturas baixas como no caso, torna a incorporação do hidrogênio termodinamicamente favorável. No entanto, não basta a incorporação por si só. É necessário uma incorporação que permita a passivação dos campos devido aos dangling bonds. Isto fica evidente quando observamos os efeitos no band gap e na densidade de defeitos, já que ambos vão depender não apenas da incorporação do hidrogênio, mas também da qualidade desta incorporação. Foi percebido que a potência, neste caso, exerce papel fundamental na dissociação do hidrogênio, tornando mais favorável a passivação, onde temos para a maior potência e maior percentual do gás de sputtering, um filme cujo band gap está no menor nível, e também com alta densidade de defeitos no sub-band gap, como pode ser observado no gráfico de Nd. Assim como o band gap, Nd também mostrou-se sensível a todos os parâmetros, com maior relevância atribuída à associação dos mesmos, seguido da potência e do fluxo. 95 A diminuição com o percentual de H2 na atmosfera do plasma em 60% da incorporação de hidrogênio e da densidade de defeitos (Nd) na estrutura do filme podem ser explicadas pelo aumento do sputtering químico com o aumento do gás reativo, já que estes vinham de uma tendência crescente. Se associadas às informações da intensidade de emissão óptica no plasma relativa ao SiH que apresenta a mesma tendência, passando da ascensão com auge em 50% de H2 e diminuição em 60% de H2 na atmosfera do plasma, enquanto a intensidade de emissão óptica do Hα na atmosfera do plasma até essa composição de gases aumenta linearmente, e também à informação do fator de microestrutura que aumenta com percentual de H2 na atmosfera do plasma indicando o aumento da fração de polihyretos na estrutura do filme fica evidenciadas que as mudanças decorrentes das variáveis de processo estão de alguma forma associadas às características da emissão óptica do plasma, o que gera um grande potencial de uso para controle in situ do processo de hidrogenação. Por fim o trabalho apresentado contribui para o entendimento dos mecanismos de formação dos filmes de a-Si:H, na medida em que reforça a idéia de formação do filme em baixa temperatura por processos químicos através de meios ainda não apresentados na literatura. 96 7 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS Como principais: Realizar análise actinométrica do hidrogênio no plasma; Inclusão de estudo de parâmetros elétricos dos filmes e junções; Realizar experimentos a temperatura de 250°C; Realizar um estudo explorando mais níveis das variáveis estudadas, o que permitirá a elaboração de um modelo; Obter as temperaturas de vibração e rotação do SiH a partir do plasma utilizando o novo espectrômetro de emissão óptica; Utilizar as informações de OES para modelamento do processo. 97 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDESSELEM, S.; M. S. AINDA; ATTAF, N. e OUAHAB, A. “Growth mechanism of sputtered amorphous silicon thin films.” Physica B: Physics of Condensed Matter, 1 de Março de 2006: 33–41. ABELSON, J. R. “Plasma Deposition of Hydrogenated Amorphous Silicon: Studies of the Growth Surface.” Applied Physics A56, 1993: 493-512 . AFLORI, M.; AMARANDEI, G.; IVAN, L. M.; DIMITRIU, D. G.; e DOROHOI, D. “Estimating particle temperature for na argon-oxigen discharge by susing Langmuir proble and optical emission spectroscopy.” Acta physica solovaca vol. 55 n°.6, 2005: 491499. BEN ABDELMOUMEN, A.; R. CHERFI, M. KECHOUNE, e M. AOUCHER. “Hydrogenated amorphous silicon deposited by pulsed DC magnetron sputtering. Deposition temperature effect.” Thin Solid Films, 23 de Agosto de 2008: 369–371. BURROWS, M. Z., U. K. DAS, R. L. OPILA, S. DE WOLF, e R. W. BIRKMIRE. “Role of hydrogen bonding environment in a-Si:H films for c-Si face passivation.” J. Vac. Sci. Technol., Jul/Ago de 2008: 683 - 687. CAPIN, D. M., C. S. FULLER, e G. L. PEARSON. “A New Silicon p-n Junction Photocell for Converting Solar Radiation into Electrical Power.” Journal of Applied Physics, 1954: 25 (676). CHAPMAN, Brian N. Glow Discharge Processes: Sputtering and Plasma Etching. John Wiley & Sons, Inc., 1980. EDELMAN, F.; CHACK, A.; WEIL, R.; BESERMAN, R.; KHAIT, Yu. L.; WERNER, P.; RECH, B.; ROSCHEK, T.; CARIUS, R.; WAGNER, H. e BEYER, W. “Structure of PECVD Si:H films for solar cell applications.” Solar Energy Materials & Solar Cells, 28 de Maio de 2003: 125–143. 98 FEITKNECHT, Luc; MEIER, Johannes; TORRES, Pedro; ZÜRCHER, Jerôme e SHAH, Arvind. “Plasma deposition of thin film silicon: kinetics monitored by optical emission spectroscopy.” Solar Energy Materials and Solar Cells, 2 de Junho de 2002: 539-545 . FRIDMAN, Alexander. Plasma Chemistry. New York: Cambrigde University Press, 2008. FUHS, W.; KORTE, L. e SCHMIDT, M.. “Heterojunctions of hydrogenated amorphous silicon and monocrystalline silicon.” Journal of Optoeletronics and Advanced Materials, Dezembro de 2006: 1989 - 1995. FUKAYA, K.; TABATA, A. e MIZUTANI, T. “Dependence on gas pressure of mc-Si:H prepared by RF magnetron sputtering.” Vacuum, 2004: 561–565. GAUGLITZ, Guenter e VO-DINH, Tuan. Handbook of Spectroscopy. Germany: WileyVCH Verlag GmbH & Co., 2003. GERBI, Jennifer E. e ABELSON, John R.. “Low temperature magnetron sputter deposition of polycrystalline silicon thin films using high flux ion bombardment.” Journal of Applied Physics, 19 de Março de 2007: 101, 063508-1 : 063508-5. GOLDIE, D. M. e PERSHEYEV, S. K.. “Quantitative hydrogen measurements in PECVD and HWCVD a-Si:H using FTIR spectroscopy.” J Mater Sci, 6 de junho de 2006: 41:5287–5291. GRIEM, Hans R. Plasma Spectroscopy. New York: Mc-Graw-Hill, 1964. HADJADJ, A.; PHAM, N.; ROCA I CABARROCAS, P.; JBARA, O. e DJELLOULI, G.. “Ellipsometry investigation of the amorphous-to-microcrystalline transition in a-Si:H under hydrogen-plasma treatment.” Journal of Applied Physics, 27 de Abril de 2010: 083509-1 : 083509-9. 99 HAN, D. Microscopic Mechanism of the Staebler-Wronski Effect in a-Si Films and HighEfficiency Solar Cells. Final Subcontract Report, Golden, Colorado: National Renewable Energy Laboratory, 2005. HARSHA, Sree. Principles of Physical Vapor Deposition of Thin Films. Oxford: Elsevier Ltd., 2006. HERZBERG, Gerhard. Atomic Spectra and Atomic Structure. New York: Dover, 1936. HOSSAIN, Maruf; ABU-SAFE, Husam H.; NASEEM, Hameed e BROWN, William D. “Characterization of hydrogenated amorphous silicon thin films prepared by magnetron sputtering.” Journal of Non-Crystalline Solids, 10 de Novembro de 2006: 18–23. IUPAC. Activation Energy (Arrhenius activation energy). Norma, IUPAC - Compendium of Chemical Terminology, 1997. JACKSON, John David. Classical Electrodynamics. John Wiley & Sons, Inc., 1998. JOHN, Sajeev; SOUKOULIS, Costas; COHEN, Morrel H. e ECONOMOU, E. N. “Theory of Electron Band Tails and the Urbach Optical-Absorption Edge.” Physical Review Letters, 6 de Outubro de 1986: 1777 - 1780. KASAP, Safa e CAPPER, Peter. Springer Handbook of Electronic and Photonic Materials. Leipzig: Springer Science+Business Media, Inc., 2006. KATIYAR, M.; FENG, G. F.; YANG, Y.; ABELSON, J. R. e MALEY, N. “Hydrogen Incorporation Mechanisms During Growth of Hydrogenated Amorphous Silicon by Reactive Magnetron Sputtering.” Appl. Phys. Lett. 63(4), 1993: 461-3 . KITTEL, Charles. Introduction to Solid State Physics. US: Wiley, 1996. KOOG, Douglas A.; HOLLER, F. James e NIEMAN, Timothy A.. Princípios de Análisis Instrumental. 5ª EDICIÓN. Aravaca (Madrid): McGRAW-HILL, 2001. 100 KORTE, L.; CONRAD, E.; ANGERMANN, H.; STANGL, R. e SCHMIDT, M.. “Advances in a-Si:H/c-Si heterojunction solar cell fabrication and characterization.” Solar Energy Materials & Solar Cells, 24 de Outubro de 2008: 1 - 6. LI, K. H. e SHEN, W. Z.. “Uniformity and bandgap engineering in hydrogenated nanocrystalline silicon thin films by phosphorus doping for solar cell application.” Journal of Applied Physics, 18 de Setembro de 2009: 106, 063505-1 : 063505-5. LIEBERMAN, M. A. e LICHTENBERG, A. J.. Principles Of Plasma Discharges And Materials Processing. Second edition. New Jersey: John Wiley & Sons, 2005. MACHLIN, E. S. Materials Science in Microelectronics. Vol. Vol.1: The Relationship Between Thin Film Processing and Structure. Londres: Elsevier, 2005. MAHAN, A. H.; XU, Y.; IWANICZKO, E.; WILLIAMSON, D. L.; NELSON, B. P. e WANG, Q. “Amorphous silicon films and solar cells deposited by HWCVD at ultra-high deposition rates.” Journal of Non-Crystalline Solids , 2002: 2–8. MAKABE, T. e PETROVIC, I.. Plasma Electronics: Applications in Microelectronic Device Fabrication. US: Taylor & Francis Group, LLC, 2006. MALEY, N.; SZAFRANEK, I.; MANDRELL, L.; KATIYAR, M.; ABELSON, J. R. e THORNTON, J. A.. “Infrared Reflectance Spectroscopy of Very Thin Film of a-SiH.” Journal of Non-Crystalline Solids, 1 de Dezembro de 1989: 163-165. MARRA, Denise C.; EDELBERG, Erik A.; NAONE, Ryan L. e AYDIL, Eray S. “Silicon hydride composition of plasma-deposited hydrogenated amorphous and nanocrystalline silicon films and surfaces.” J. Vac. Sci. Technol., 21 de Agosto de 1998: 3199 - 3210. MATSUDA, A.; NAKAGAWA, K,; TANAKA, K.; MATSUMURA, M,; YAMASAKI, S.; OKUSHI, H. e IIZIMA, S. “Plasma Spectroscopy - Control and Analysis of a-Si:H Deposition.” Journal of Non-Crystalline Solids, Janeiro/Fevereiro de 1980: 183 - 188. 101 MISHIMA, Takahiro; TAGUCHI, Mikio; SAKATA, Hitoshi e MARUYAMA, Eiji. “Development status of high-efficiency HIT solar cells.” Solar Energy Materials and Solar Cells, January de 2011: 18-21. MOUSTAKAS, T. “Sputtering.” Cáp. 4 em Hydrogenated amorphous silicon: Part A Preparation and structure, por Jacques Pankove, 55 - 80. Londres Journal of Applied Physics: Academic Press, INC, 1984. NETO, B. de Barros; SCARMINIO, I. Spacino e BRUNS, R. Edward. Como fazer experimentos: Pesquisa e desenvolvimento na ciência e na indústria. São Paulo: Bookman, 2010. “Operations Manual for EP200 Series Monochromators .” Operations Manual, 2003. PAN, Y.; INAM, F.; ZHANG, M. e DRABOLD, D. A.. “Atomistic Origin of Urbach Tails in Amorphous Silicon.” Physical Review Letters, 23 de Maio de 2008: 206403-1 : 206403-4. PANKOVE, Jacques. Hydrogenated amorphous silicon. pt. A. Preparation and structure. London: Academic Press, INC., 1984. PANWAR, O. S.; MUKHERJEE, C. e BHATTACHARYYA, R.. “Effect of annealing on the electrical, optical and structural properties of hydrogenated amorphous silicon Þlms deposited in an asymmetric R.F. plasma CVD system at room temperature.” Solar Energy Materials & Solar Cells, 24 de Setembro de 1999: 373 - 391. PERRIN, J e DELAFOSSE, E. “Emission spectroscopy of SiH in a silane glowdischarge.” J. Phys. D: Appl. Phys., 1980: 759-65. PERRY, F.; STAUDER, B.; HENRION, G. e PIGEAT, Ph.. “Plasma diagnostics for the control of reactive magnetron deposition process.” Surface and Coatings Technology, 1995: 575-579. 102 POORTMANS, Jef e ARKHIPOV, Vladimir. Thin film solar cells : fabrication, characterization, and applications. England: John Wiley & Sons Ltd, 2006. RAY, P. P.; CHAUDHURI, P. e CHATTERJEE, P.. “Hydrogenated amorphous silicon films with low defect density prepared by argon dilution: application to solar cells.” Thin Solid Films , 2002: 275–279. SAKATA, Hitoshi; NAKAI, Takuo; BABA, Toshiaki; TAGUCHI, Mikio; TSUGE, Sadaji; UCHIHASHI, Kenji e KIYAMA, Seiichi. “20.7% Highest Efficiency Large Area (100.5cm²) HIT Cell.” IEEE, 2000: 7 - 12. SALEH, R.; MUNISA, L.; e BEYER, W.. “The Infrared Absorption Strength of Si-H Stretching and Wagging Modes of the Amorphous Silicon Carbon (a-SiC:H) Films Produced by DC Sputtering Methods.” Physics Journal of the Indonesian Physical Society, 2002: 0210-1 0210-4. SANCHO-PARRAMON, Jordi; GRACIN, Davor; MODREANU, Mircea e GAJOVIC, Andreja. "Optical spectroscopy study of nc-Si-based p–i–n solar cells." Solar Energy Materials & Solar Cells, Junho 23, 2009: 1768–1772. SEO, Ji-Min; JEONG, Min-Chang, e MYOUNG, Jae-Min. “Effects of hydrogen on polyand nano-crystallization of a-Si:H prepared by RF magnetron sputtering.” Journal of Crystal Growth, 24 de Julho de 2006: 119–123. SINGH, Jai, e SHIMAKAWA, Koichi. Advances in Amorphous Semiconductors. New York: Taylor & Francis, 2003. SMETS, Arno H. M. Growth Related Material Properties of Hydrogenated Amorphous Silicon. Thesis, Eindhoven: Eindhoven University of Technology, 2002. STRAHM, B.; HOWLING, A. A.; e HOLLENSTEIN; Ch.. “Plasma diagnostics as a tool for process optimization: the case of microcrystalline silicon deposition.” Plasma Phys. Control. Fusion, 19 de Novembro de 2007: B411–B418. 103 TANAKA, M.; OKAMOTO, S.; TSUGE, S. e KIYAMA, S.. “Development Of Hit Solar Cells With More Than 21% Conversion Efficiency and Commercialization of Highest Performance HIT Modules.” Proceddings of the 3rd World Conference on Photovoltaic Energy Conversion (WCPEC '03). Osaka-Japan: WCPEC, Maio 2003. 955–958. TSUNOMURA, Yasufumi; YOSHIMINE, Yukihiro; TAGUCHI, Mikio; BABA, Toshiaki; KINOSHITA, Toshihiro; KANNO, Hiroshi; SAKATA, Hitoshi; MARUYAMA, Eiji e TANAKA, Makoto. “Twenty-two percent efficiency HIT solar cell.” Solar Energy Materials and Solar Cells, Junho de 2009: 670 - 673. VAN SARK, W. G.J.H.M. “Methods of deposition of hydrogenated amorphous silicon for device applications.” In: Thin Films and Nanostructures Vol. 30: Advances in PlasmaGrown Hydrogenated Films, por H. Francombe, Chapter 1 - 1-215. San Diego, CA: Academic Press, 2002. VON KEUDELL, A., e ABELSON, J. R.. “Evidence for atomic H insertion into strained Si–Si bonds in the amorphous hydrogenated silicon subsurface from in situ infrared spectroscopy.” Appl. Phys. Lett., 29 de Dezembro de 1997: 3832 - 3834. WANG, T. H.; PAGE, M.R.; IWANICZKO, E.; WANG, Qi.; XU, Y.; YAN, Y.; ROYBAL, L.; LEVI, D.; BAUER, R. e BRANZ, H.M. “17.5% p-Type Silicon Heterojunction Solar Cells with HWCVD a-Si:H as the Emitter and Back Contact.” Solar Energy Technologies Program Review Meeting, Novembro de 2005: 1 - 5. WEI, W.; e YAN, Xunlei. "Dependence of solar cell performance on Si:H nanostructure." Applied Physics A: Materials Science & Processing, Julho 29, 2009: 97: 895–903. WENSHENG, Wei; XU, Gangyi; WANG, Jinliang; e WANG, Tianmin. “Raman spectra of intrinsic and doped hydrogenated nanocrystalline silicon films.” Vacuum, 19 de Septembro de 2007: 656–662. YANFA, Yan; PAGE, M.R.; WANG, T. H.; AL-JASSIM, M. M.; BRANZ, Howard M.; e WANG, Qi. “Atomic structure and electronic properties of c-Si/a-Si:H heterointerfaces.” Applied Physics Letters, 24 de Março de 2006: 121925-1 - 121925-3. 104 YI, Ding; GUANGHUA, Chen; GUOHAN, Liu; XIUHONG, Zhu; WENLI, Zhang; HE, Bin; ZHANJIE, Ma e DEYAN, He. “Double effects of atomic hydrogen anneal on the microstructure of hydrogenated amorphous silicon films.” Vacuum, 17 de Fevereiro de 2008: 105–108. 105 9 PUBLICAÇÕES DO AUTOR RELACIONADAS 1. MIRANDA, D.O. MOURA, T.D.O., LATINI, P. Z., MORAES, E.N., BORBA, E.C. DINIZ, A.S.A.C. BRANCO, J.R.T. Monitoramento do processo de deposição de filmes finos de a-Si:H a partir de clorosilano. XXX CBRAVIC 2009 2. MIRANDA, D. O. ; FALCAO, V. D. ; MOURA, T. D. O. ; GERRA, C. P. ; SABINO, M. E. L. ; Branco, J. R. T. Produção e caracterização de ZnO:Al por co-sputtering. In: 18º CBECiMat., 2008, Porto de Galinhas - PE. 3. SANTANA, R. J. ; BARBABELLA, G. ; MOURA, T. D. O. ; MIRANDA, D. O. ; RAMANERY, F. ; GERRA, C. P. ; Branco, J. R. T. Diagnóstico de plasma por sonda eletrostática na produção de heterojunção ZnO/Si. In: XXIX CBRAVIC - 2008, Joinville – SC, v. Único. p. 102-102. 4. MIRANDA, D. O. ; GERRA, C. P. ; MOURA, T. D. O. ; FALCAO, V. D. ; SANTANA, R. J. ; RAMANERY, F. ; Branco, J. R. T. . Preparo e caracterização de Heterojunções de Silício Cristalino/ZnO para fins fotovoltaicos. In: XXIX CBRAVIC - 2008, Joinville – SC, v. Único. p. 135-135. 5. MOURA, T. D. O. ; MIRANDA, D. O. ; FALCAO, V. D. ; GERRA, C. P. ; Branco, J. R. T. . Espectroscopia de emissão óptica aplicada ao processo de sputtering para formaçção de filme fino de ZnO:Al. In: XXIX CBRAVIC - 2008, Joinville – SC, v. Único. p. 104-104. 6. MIRANDA, Diego O., MOURA, T. D. de O., LATINI, P. Z., MORAES, E. N., BORBA, E. C., DINIZ, A. S. A. C. e BRANCO, J. R. T. Monitoramento do processo de deposição de filmes finos de a-Si:H a partir de clorosilano. XXX CBRAVIC – Hotel Leão da Montanha, Campos do Jordão, SP, 13 a 16 de setembro de 2009 7. Falcão, V. D. ; MIRANDA, D. O. ; SABINO, M. E. L. ; MOURA, T. D. O. ; Diniz, A. S. A. C ; Cruz, L. R. ; Branco, J. R. T. . Comparative study of ZnO thin films prepared 106 by plasma deposition and electron beam evaporation for use in photovoltaic devices. Progress in Photovoltaics 8. , p. n/a-n/a, 2010. MIRANDA, D. O. ; MOURA, T. D. O. ; SANTANA, R. J. ; GUIMARAES, G. R. ; KARGER, E. R. S. ; DINIZ, A. S. A. C. ; Branco, J. R. T. . mc-Si Thin films by hydrogen plasma assisted vacuum evaporation. In: 35th IEEE Photovoltaic Specialists Conference - PVSC, 2010, Honolulu, HI., 2010. p. 003706-003708. 9. NUNES, M. C. ; MOURA, T. D. O. ; JOTA, F. G. ; Branco, J. R. T. Utilização da espectroscopia de emissão óptica para o controle automático de plasma em processos de deposição física de vapores. In: Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais CBECiMat, 2010, Campos do Jordão. 10. MOURA, T. D. O. ; MIRANDA, D. O. ; SANTANA, R. J. ; GUIMARAES, G. R. ; BORBA, E. C. ; Branco, J. R. T. Estudo da emissão óptica do plasma em sistema de deposição física de vapores como indicador de qualidade para produção de a-Si:H. In: Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais CBECiMat, 2010, Campos do Jordão.. 107