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ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA – ANDA
Comitê Interfaces da Dança e Estados do Corpo– Julho/2012
CRIATIVIDADE E COGNIÇÃO CINESIOLÓGICA
David Iannitelli (UFBA)
David Iannitelli, professor DE do Programa de Graduação em Dança da Escola de Dança da UFBA
desde 1994. É coordenador do Teatro do Movimento da Escola de Dança desde 2007. Possui graduação
em Comunicação: Rádio, Cinema e TV – Temple University (1984) e mestrado em Dança – Temple
University (1992). Tem experiência na área de Dança e Educação, com ênfase em estudos de processos
contemporâneos de criação cênica e educação artística. E-mail: [email protected]
Resumo
Esse artigo descreve as quatro categorias de conhecimento de movimento que compõe o
ciclo de ação do pêndulo, como quatro categorias de experiências que podem ser
percebidas, experimentadas e aplicadas no ensino/aprendizagem e criação artística com
movimento. O ciclo de ação integra posição, velocidade, aceleração e controle num
processo de transformação contínua. Conhecimento e prática com o ciclo, e as quatro
fases podem oferecer habilidades, estratégias e ideias coreográficas compositivas para
aulas e investigação artística.
Palavras-chave: Pêndulo, Cognição Cinesiológica, Coreografia contemporânea.
CREATIVITY AND CINESIOLOGICAL COGNITION
Abstract
This article describes the four categories of knowing movement that compose the action
cycle of the pendulum, as four categories of experience that can be perceived,
experimented and applied in teaching/learning settings and artistic creation with
movement. The cycle of action integrates position, velocity, acceleration and control in a
process of continuous transformation. Awareness and practice with this cycle and its four
fases can offer abilities, strategies and choreographic and compositional ideas for classes
and artistic investigation.
Keywords: Pendulum, Cinesiological Cognition, Contemporary Choreography.
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Introdução
Há anos investigo as motivações e estímulos que poderiam iniciar e prolongar
processos de estudos artístico-práticos em dança. Tenho feito muito uso do princípio do
pêndulo. Quando se empurra um peso suspenso por uma corda, ou qualquer outro
pêndulo semelhante, o que acontece? Ele volta até praticamente a altura que chegou à
primeira impulso e vai de novo, e volta, e assim por diante. Num mundo, onde existe a
força da gravidade, sem atrito, o movimento pendular continua para sempre. Este é o
mundo dos sistemas mecânicos. Ao longo de seu desenvolvimento, evoluindo seja por
onde for (aminoácidos, DNA, RNA, etc.) da célula até o organismo (o verme, o peixe, o
réptil até mamífero), nosso corpo aproveitou de muitas formas esse princípio do pêndulo,
com tecidos contratais operando extensões rígidas. O movimento de nossos membros -braços, pernas e cabeça – utiliza essa estrutura física para realizar todas as suas ações.
Andando, correndo, jogando, dançando, o corpo está sempre calculando, mapeando e
coordenando as múltiplas trajetórias pendulares de sua estrutura. O cérebro, central no
sistema sensório-motor, internaliza, faz mapas e modelos e aplica a “matemática” desse
princípio em todo nosso complexo comportamento físico em espaços configurados. As leis
de movimento que regem nesse nível são conhecidas e descrevem precisamente como
massa, tempo, distância e força interagem. Mas escondido dentro do sistema pendular
existe um mundo de fatores de movimento que se transformam continuamente entre si, e
que oferecem para o dançarino, “consciente desses fatores”, material para melhor
coordenar, ampliar e conhecer sua performance do movimento.
Conhecendo o corpo coreográfico: a célula do movimento
O movimento se abre para um tipo de pesquisa performática no momento em que é
realizado com percepção ampliada dos princípios que regem seu acontecimento, que
podem ser manipulados individualmente, com efeitos e consequências que geram novas
ideias e estratégias coreográficas. Assim, fica possível manipular, experimentar, explorar e
construir com movimento numa dimensão anterior à sua semântica ou simbologia, na
dimensão íntima de uma cognição primariamente cinesiológica-corporal.
Primeiramente, precisamos conhecer corporalmente a unidade “pendular” de
movimento, chamada aqui de “célula” por várias razões. Uma célula é a unidade mínima
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de um organismo que contém toda a informação necessária para reproduzir o organismo,
e que também tem a flexibilidade formal para poder compor estruturas diferentes do
organismo.
A célula mais fácil de imaginar seria uma que segue literalmente a forma do
pêndulo. Um braço ou perna poderia facilmente demonstrar essa caminho. Agora, imagine
ou faça uma série de movimentos desse tipo, percebendo a forma dinâmica do pêndulo
enquanto vai permeando a organização e integração corporal. Em cada passo, o corpo
sai de um estado de relativo equilíbrio com a iniciação meio “cadente” do próximo
movimento, seguindo num fluxo crescente e depois decrescente, e finalizando numa outra
posição. A pausa, o repouso após essas quedas e recuperações, é essencial para ampliar
a percepção do “específico contorno dinâmico” da célula.
Vamos agora “amplificar” a experiência: imagine seu corpo parado, em qualquer
posição. Agora, imagine uma mudança de posição, em um movimento que o leva para
uma próxima posição. Podemos sentir na iniciação de movimento certa aceleração de
energia. Se o movimento é para baixo, envolve uma transformação de energia potencial
em energia cinética. Se for primariamente horizontal, acontece uma transformação de
energia de contração muscular para energia inercial. Se primariamente para cima, o
esforço muscular se transforma em energia potencial, aquardando um eventual movimento
para baixo.
Numa sequência de movimentos, várias trajetórias começam a se formar, de todas
as partes do corpo que se mexem. Todas essas trajetórias têm em comum a sequência de
estados dinâmicos do pêndulo: uma iniciação com liberação de energia (chamada na
física uma transformação de energia potencial em energia cinética), um fluxo constante
(princípio de inércia), curvado pelo limite do comprimento do membro, e terminando numa
nova posição, cheia de energia potencial e esperando... a próxima transformação de
potencial cinético... sua próxima “ideia” ou impulso...
Mas em movimentos discretos e isolados podemos ver e sentir todas as fases do
movimento pendular relevantes à nossa experimentação. Um posicionamento inicial é um
ponto de partida, um estado inicial. Tipicamente, esse estado é transformado pela ação da
gravidade e alguns direcionamentos musculares, e assim o movimento começa.
Gravidade, sendo uma força constante, promove aceleração no movimento até chegar ao
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limite do comprimento do membro, quando necessariamente acontece uma mudança de
direção, quando o fluxo movimento livre desse movimento (sua inércia) fica redirecionado
pelo limite do corpo, dobrando. Num terceiro instante ou fase, esse redirecionamento
absorve sua energia cinética, e o movimento alcança seu ápice, seu “destino”, chegando a
uma pausa, numa posição final. Podemos assim identificar três fases, tipos ou estados de
movimento dentro de cada movimento pêndular: posição, aceleração e velocidade
constante.
Essas três fases têm uma relação interessante com os quatro derivativos do espaço
ou “tipos de movimento” identificado na física e engenharia: posição, velocidade
constante, aceleração e controle (YOUNG, 1976, p.10). Sua relação é simétrica e quase
poética: velocidade é a razão de mudança de posição no tempo, aceleração é a razão de
mudança de velocidade, e controle, a razão de mudança de aceleração. Trabalhamos em
todas essas dimensões de movimento quando dançamos, e o mais claro que percebemos
mais clara será nossa atuação.
Categorias de conhecimento da física e engenharia no movimento do pêndulo
Ha quatro estados de movimento definidos na engenharia e na matemática e todos
estão presentes em cada balanço do pêndulo (YOUNG, 1976, p.20). Primeiro temos
posição, o que precisa ser estabelecida como ponto de partida para medir todos os outros
estados. Posição é algo sempre relacional, relativa a alguma coisa. Existem dois
momentos de posição no pêndulo, que estão nos ápices do balanço, aqueles instantes de
estasis entre a subida desacelerante e a próxima queda (1 & 3 na figura). Primeiro então,
temos “posição”, símbolo na física = L.
Figura 1
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“Velocidade” significa mudança “constante” de posição; é expressa na medida de
distância percorrida por unidade de tempo. É movimento em sua fase mais simples, um
fluxo constante relativo a algo, exatamente como a posição é (2 na figura). Vale mencionar
que, também como posição, a massa do pêndulo passa somente um instante nesse
estado, mas por definição, “passa sim um instante”. Também é interessante, fora do
sistema do pêndulo, não podemos sentir velocidade constante (por exemplo, o movimento
da terra em relação ao seu eixo, o sol, à galáxia, etc), somente podemos sentir mudanças
de velocidade, freiadas e acelerações. É conhecido apenas através de medida, através de
“raciocínio ou dedução lógica”. O primeiro derivativo de posição, então, é a velocidade; na
matemática = L/t.
“Aceleração” significa mudança de velocidade. Assim, é o que sentimos do
movimento. Pense nas sensações de um elevador. Isso é como conhecemos aceleração,
através da sensação que temos. Na figura do pêndulo, entre 1 – 2 e 2 – 3 temos
aceleração e desaceleração, dependendo da direção do peso. Aceleração então, ou
mudança de velocidade por unidade de tempo = L/t2.
“Controle” significa a mudança de aceleração, é o que fazemos quando precisamos
negociar no trânsito, tanto na calçada quanto na rua, a pé, bicicleta, moto, carro ou ônibus.
É formalmente a terceira derivativa da posição, ou L/t3, para quem gosta de matemática. É
nossa dimensão por definição, porque não é um princípio da física, e sim, da manipulação
das leis da fisica, que implicam vida. Na figura, controle acontece em relação a o quê ou a
quem segura a corda do pêndulo. O diálogo entre inércia e gravidade, que ocorre no
pêndulo, ou entre as tensões de compressão e expansão de uma mola, implica nessa
dimensão de controle. A forma desse diálogo envolve contínua transformação entre
opostos, mas esse contínuo não é perfeitamente simétrico. Aqui entra a “graça” dessa
formulação para dançarinos: imagine-se num balanço, balançando vigorosamente para
frente e para trás, para cima e para baixo. As constantes mudanças de aceleração
evocam uma excitação emocionall. Movimento, da parte da física de sua percepção,
“animal”.
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Diferenciação dos estados de movimento e implicações para uma “consciência
coreográfica”
Penso na célula do movimento, como descrito na secção II, como um ciclo de ação
do pêndulo: o corpo passando pelos quatro estados do processo do pêndulo. Em cada
movimento, todas as fases “progressivamente, sequencialmente e eventualmente”
aparecem e têm sua significância. Ao vivenciar uma por uma, de posição, aceleração,
velocidade constante, desaceleração, e controle, passamos para “quatro estados de
cognição com diferenças qualitativas fundamentais”. Assim, vale aprofundar a descrição e
extrapolar possíveis associações e consequências de experiência prolongada em cada
fase.
Posição, sendo inicial e final, tem uma importância enorme na expressão
coreográfica. Imagine numa dança, os momentos de “pausas significativas” – suspensões
de ação a partir da qual outra direção poderia ser tomada. Na pausa é possível um
momento de reflexão, sintese – o que vem antes, ganha seu sentido ou imagem na
posição finalizadora; o que vem depois se inicia como uma aparente decisão, com frescor,
conexão e liberdade. Uma ênfase nessa fase da célula, segurando as pausas por mais
tempo, com certeza modificaria tanto o fazer quanto a comunicação da dança para um
espectador. Por exemplo, poderia trazer uma maior “dramaticidade” para a movimentação,
uma sensação de intencionalidade, decisão, suspensão deliberada da ação para algum
fim estrutural e significante.
Aceleração, que inclui aumentos e reduções de velocidade, cria a emoção, a força
e a dinâmica da coreografia. É o que acontece entre, depois e logo antes dos
posicionamentos. Pense no estabelecimento de uma forma estática. Agora, como sair?
Acelerando, indo. Como reestabelecer uma posição? Desacelerando, freiando. Agora, é
algo dificil de representar com uma imagen ou fotografia, porque é o movimento do
movimento. Mas, a ênfase nessa fase da célula intensificará a forma dinâmica e a
emoção, exigindo modificações da tonicidade do corpo para aguentar e direcionar esse
aumento de força inevitável, com intensificação dos processos de acelerar e desacelerar.
Pense em mover num carro ou onibus: os momentos de aceleração ou de freio são
precisamente aqueles em que “sentimos” o movimento: parados, ou em velocidade
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constante, fluxo livre, não tem o mesmo valor emocional. A conexão entre aceleração e
emoção tem muita importância para o praticante de dança e coreografia...
Velocidade constante é o que vem no meio (pos. 2) quando a aceleração chegou à
velocidade desejada ou possível. É o fluxo livre de Laban, onde a inércia leva o corpo para
onde pode levar. Lembre-se que pelas leis da física, inércia opera em linhas retas,
necessitando de outras forças para manter o material em movimento em linhas curvas.
Uma força possível para fazer curvas inertes seria a gravidade, ou outra ligação (ex.,
material) entre um peso e outro, exatamente como temos no corpo. Ênfase nessa fase de
movimento levaria o corpo para novas formas por geralmente necessitar de uma
tonicidade mais solta, uma corporalidade mais aberta às informações sutís e complexas
sobre continuidade do movimento nas várias partes do corpo. Pense em fluir, mas a partir
de uma posição especifica: o “fluir” implica continuidade e coordenação com todos os
membros, etc., do corpo.
Agora, nosso corpo está estruturado para aproveitar e “reciclar” a inércia do
movimento ao máximo, fator muito presente na possibilidade de dançar ou mover por
tempos longos. Esse uso da inércia exige, entretanto, movimentos com claras trajetórias
(também descritos matemáticamente). A “trajetória” é algo interessante, tão comum a
nossa experiência que não percebemos sua forma, sua elegância como negociação
harmônica entre forças complementares. Seu desenho -- presente em todos os traços do
corpo que segue e criar caminhos que as leis da física indiquem e expliquem -- possibilita
a padronização que utilizamos para executar e para “ler” movimento. E é exatamente com
e contra esses padrons, essas trajetórias simples e complexas, que o corpo da dançarina
trabalha. Sensibilidade e estudo desses caminhos mecanicos permite a capacidade de
escolher e valorizar desvios dessa padronização, fato importante para a criação de
surpresa e inovação na movimentação (HAGENDOORN, 2010).
Finalmente, chegamos na fase de “controle”. É quando o “pensamento” do corpo
como a mão segurando a corda do pêndulo, pode ir com e contra a inércia de nossos
membros, controlando e conturbando, configurando e formando nossos movimentos. É
esse movimento, contra e com o corpo e suas partes, que permite a prática de pesquisa
em busca de claras e novas formas. Em vez de um tipo de movimento, controle implica um
ponto de vista dimensionalmente removida, um grau encima da execução do movimento,
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uma ênfase na dimensão de atenção ao “movimento”. É a dimensão “poética” da
elaboração do movimento, onde considerações transpiram sobre sentido e os processos
de escolher, decidir, comprometer. Acelerações e desacelerações das acelerações e
desacelerações: consciente manipulação é controle, sentimos poder nessa dimensão.
Correlações com as quatro qualidades de movimento de Valerie Hunt
Valerie Hunt (HUNT, 1986) tem explicado quatro qualidades de movimento corporal
baseada nas ações dos músculos agonistas e antagonistas que move os membros e a
coluna. Dependendo da relação do tônus ou relativa contração dos dois sistemas opostos
de músculos, ela deriva quatro qualidades de movimento possíveis. Essas quatro
qualidades apareçam e aconteçam, sequencialmente, no ciclo ou célula do movimento
sendo exposto nesse artigo.
As quatro qualidades são “explosiva”, “ondulatória”, “sustentada” e “condensada”.
Ela descreve movimentos “explosivos” como movimentos produzidos pela uma “grande
diferenciação” entre agonista e antagonista – a forte diferenciação resulta num rápido
movimento do osso na direção da contração. Assim, em qualquer saída de uma posição,
podemos dizer que deveria existir uma pequena burst ou movimento dessa qualidade,
uma “aceleração” súbita relativa o estado de estasis prévio.
Movimentos “ondulatórios” acontecem
com
uma
“moderada e
alternando
diferenciação da tensão” entre antagonista e agonista, com iguais mudanças para estados
opostos: o músculo tensionado relaxa numa velocidade relativamente igual a velocidade
com qual sua antagonista tenciona, e vice-versa. Ondulação descreve o pêndulo em si,
com todos os estados valorizados, podendo seguir as leis de física do pêndulo sem muita
interferência muscular: implica uma situação de negociação equilibrada entre agonista e
antagonista.
Movimentos “sustentados” acontecem quando ambos, a agonista e antagonista,
encontram-se em estados de baixa tensão e quase em equilíbrio (pouca diferenciação). É
a qualidade de flutuar, como nas posições e o fluxo livre de inércia do estado de
velocidade constante (1, 2 e 3 na figura acima).
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Finalmente, movimentos “condensados” acontecem quando ambos a agonista e
antagonista encontram em estados de alta tensão e assim, podem se equilibrar mais com
alta densidade de contração ou tensão. Essa qualidade acontece muitas vezes no final da
célula do movimento, quando o fluxo livre está sendo controlado ou formado para chegar,
ou criar, uma forma (posição) final do movimento; o “frear” envolve uma condensação
muscular generalizada.
Considerações finais: ferramentas de análise como ferramentas de criação
Percepção em movimento nas informações aqui relacionadas modifica o
desempenho e a experiência onde a dançarina se encontra: da sala de aula, do estúdio de
investigação coreográfica, e no mundo de ações e eventos. Além de simples conteúdos
cognitivos, as ideias de quatro qualidades e quatro fases de movimento implicam quatro
“formas de conhecer, quatro categorias de conhecer”. A coreógrafa e a investigadora da
dança trabalham com essas categorias, mas talvez não conscientemente. Clareza com
essa informação e suas implicações para um conhecimento mais profundo no/do
movimento implicaria consequências nos níveis de novas ideias, emoções e projetos
(HAGENDOORN, 2010).
Pode ser observado mais um fator: as forças que apareçam no pêndulo são
“integradas no pendulo”. Por ser distintas, percebidas e mobilizadas em maneiras
diferentes, no pêndulo fica evidente a continuidade da transformação que cada forma de
movimento passa. Em trabalhos coreográficos, ou artes significativamente cinéticas, talvez
exista uma integração sistêmica parecida com essa do pêndulo. Quero dizer, a “energia”
da obra, a coesão da obra, poderia ser relacionada a uma dinâmica interna que integra
suas fases?
Finalizamos com uma nota sobre a prática de pesquisa metodológica com esse
material. Primordial é poder achar e sentir o princípio do pêndulo em movimentos
variados, de várias partes do corpo e do corpo no espaço. Isso exige um trabalho de
sensibilização e experiências de movimento com a intenção conhecer, compreender e
experimentar com esse ciclo de ação. Uma vez detectada e desenvolvida a sensação dos
quatro fases do pêndulo, todas podem ser investigados para ver o que revela cada forma
de conhecer.
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Lembramos que é para gostar, é para curtir essa estratégia de iniciação ao
pensamento coreográfico. É para intensificar sua atuação no mesmo tempo que aprofunda
seu entendimento de o que está acontecendo, como e porque, pelo menos da base do
movimento, na sua ontologia.
Referências
HAGENDOORN, I.G. Dance, Choreography and the Brain. In: MELCHER, D. and BACCI,
F. [eds.], Art and the Senses. London: Oxford University Press, 2010. pp. 499-514.
HAGENDOORN, I.G. Dance, language and the brain. International Journal of Arts and
Technology, Vol. 3, N0. 2/3, p.221–234.
HUNT, V. Movement excitation patterns. In FITT, S. Dance Kinesiology. New York:
Barnes & Noble, 1986.
YOUNG, A. M. The geometry of meaning. Mill Valley, CA: Robert Briggs Associates,
1976
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