Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (163-202), 2014 ISSN 18088597 FATORES DETERMINANTES DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM DOIS GRUPOS DE HIPERDIA EM UM MUNICÍPIO GOIANO.1 Marina Freitas Nascimento2 Nília Santana Fraga Borges2 Tatiane Pereira de Lima Bastos2 Daniela Samara Nogueira3 Ricardo de Miranda Mota4 Vanusa Cristina de Carvalho Oliveira5 Brenda de Oliveira M. Mendonça6 Eda Jaqueline Barros7 RESUMO: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não transmissível (DCNT), que acomete milhares de pessoas no mundo, é uma doença multifatorial e associa-se a fatores de risco modificáveis. São vários determinantes de HAS. Diante do alto índice de hipertensos e diabéticos que não conseguem controlar sua HAS integrantes do programa Hiperdia propôs – se esse estudo sobre os fatores determinantes da HAS. Na categorização dos pacientes foram observados os seguintes itens: sexo, idade, doenças associadas, fatores de risco. Verificamos que as principais dificuldades que os pacientes encontram, aplicam-se as doenças associadas, à mudança de hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos, a terapêutica medicamentosa é utilizada por todos os pacientes. É relevante que a equipe de saúde objetive informações sobre a necessidade de mudança nos hábitos de vida, orientando de forma clara a necessidade dessa medida. PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão Arterial. Hiperdia. Obesidade. DETERMINANTS OF SYSTEMIC ARTERIAL HYPERTENSION IN TWO GROUPS HIPERDIA IN A CITY GOIANO. ABSTRACT: High blood pressure (HBP) is a chronic non-communicable, affecting millions of people worldwide, is a multifactorial disease and is associated with modifiable risk factors. Several determinants of hypertension. Given the high incidence of hypertension and diabetes who cannot control their hypertension Hiperdia proposed members of the program - if this study on the determinants of hypertension. In the categorization of patients were observed the following: gender, age, disease, risk factors. We found that the main difficulties that patients encounter, apply the associated diseases, the change in eating habits and physical exercise, drug therapy is used for all patients. It is important that the health team objective information about the need for change in lifestyle, guiding clearly the need for this measure. KEYWORDS: 1 Arterial Hypertension. Hiperdia. Obesity. Trabalho desenvolvido pelo Departamento do Curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos – FMB. São Luís de Montes Belos – GO. 2 Acadêmicas do curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos – FMB. E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 Enfermeira, mestre e professora do Curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos. E-mail: [email protected] 4 Enfermeiro, especialista e professor do Curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos. E-mail: [email protected] 5 Enfermeiro, especialista e professora do Curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos. E-mail: [email protected] 6 Enfermeira, Mestre e Professora da Faculdade Montes Belos. E-mail: [email protected] 7 Enfermeira, Especialista, Orientadora e Professora da Faculdade Montes Belos. E-mail: [email protected] Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (164-202), 2014 ISSN 18088597 de INTRODUÇÃO fatores, quando não tratada adequadamente traz graves complicações A hipertensão arterial sistêmica temporárias ou permanentes ao indivíduo. (HAS) é conceituada como uma patologia Representa um elevado custo financeiro a em que ocorre devido à elevação dos níveis sociedade, pressóricos, provocando ao longo do ocorrência associada a agravos como tempo lesões em órgãos- alvo. O indivíduo doença cerebrovascular, doença arterial é considerado hipertenso quando os níveis coronária, insuficiência pressóricos são mantidos cronicamente em insuficiência renal valores iguais ou superiores a 140mmHg vascular de extremidades (TOLEDO et al., para a pressão arterial sistólica e/ou 90 2007). mmHg para a pressão arterial diastólica (LATERZA, et al 2007). principalmente crônica por sua cardíaca, e doença As doenças vasculares no Brasil nos últimos 100 anos aumentaram sua A HAS é classificada como uma incidência entre os grupos populacionais. doença crônica não transmissível (DCNT), No grupo destas doenças a hipertensão que acomete milhares de pessoas no arterial sistêmica se destaca, visto que mundo. Conhecida popularmente como atinge 20% da população adulta nas suas pressão alta é considerada uma doença diferentes classes sociais, etnias, raças e multifatorial e associa-se a fatores de risco culturas. Há, entretanto, diferenças na modificáveis, como obesidade, etilismo, repercussão da doença na vida humana, a tabagismo, sedentarismo, excesso de sódio depender da inserção social do indivíduo e na alimentação, e os não modificáveis da organização dos serviços de gestão e como cuidado em saúde á sua disposição sexo, idade, cor, raça e hereditariedade. A HAS varia de 22,3% a (ARAÚJO, PAZ, MOREIRA, 2010). 43,9% em adultos. Mas por outro lado vem A HAS então representa um grave surgindo crescentes casos da doença em problema de saúde pública no Brasil, crianças e adolescentes, com variação de 2 diante a sua elevada prevalência, entre 15 a a 13%, sendo assim a HAS deixou de ser 20% da população adulta em plena fase uma produtiva e mais de 50% dos idosos doença exclusiva do adulto (SOARES, et al. 2011). (FILHA et al, 2011). A evolução clinica da HAS é de As complicações da hipertensão evolução lenta e possui uma multiplicidade arterial, em muitas vezes, levam o paciente Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (165-202), 2014 ISSN 18088597 a requerer cuidados médicos de alto custo, Sistema Único de Saúde é um dos mais exigindo uso constante de medicamentos, importantes. Dos 35% da população exames e diagnosticada com HAS (17 milhões de procedimentos como diálise e transplante. brasileiros), 75% do atendimento deste No Brasil, as doenças cardiocirculatórias grupo são realizados na Atenção Primária são de por serviços ligados ao SUS, o que envolvendo determina a necessidade de investimentos complementares uma internações das periódicos principais hospitalares, causas custos elevados (COSTA et al, 2007). financeiros constantes para o No Brasil, em 2005, ocorreram desenvolvimento das ações ligadas à mais de um bilhão de internações por promoção, prevenção e tratamento, mas, doenças principalmente, cardiovasculares, com custo global de R$ acometidos por complicações dessa doença 1.323.775.008,283 e em 2003, 27,4% dos decorrente do mau controle pressórico no óbitos foram decorrentes de doenças decorrer cardiovasculares, atingindo 37%, quando MOREIRA, 2010). da na recuperação vida (ARAÚJO, dos PAZ, excluídos óbitos por causas mal definidas e No Estado de Goiás, as doenças por violência. A elevada prevalência, a também representam a maior causa de morbidade e mortalidade associadas e os morbidade custos sociais da hipertensão arterial fundamental conhecer a magnitude dos constituem fatores de risco cardiovascular (FRCV) importantes problemas de mortalidade, com prioridades, propostas pelo Ministério da planejamento de saúde capaz de intervir de Saúde, no Pacto pela Saúde – 2006 e na forma eficaz nessa realidade (JARDIM et Política Nacional da Atenção Básica. al, 2007). Os A prevalência de HA encontrada finalidade danos de sendo saúde pública, cujo controle figura entre as (DUARTE et al, 2008). a e efetuar pessoais, sociais um e econômicos gerados pelo adoecimento e em um estudo realizado em Goiânia - incapacidades “Prevalência de HAS e alguns fatores de complicações das doenças cardiovasculares risco de Nascente et al, (2010). ” – foi de (DCV), levam à necessidade de uma 36,4% e revela maior número entre os avaliação do seu risco na população como homens (41,8%) do que entre as mulheres possibilidade de um cuidado preventivo (31,8%). efetivo. Logo, surge o Programa de Saúde Em relação à magnitude, decorrentes das o da Família (PSF), hoje nomeado Estratégia problema da hipertensão arterial para o de Saúde da Família (ESF), com sua Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (166-202), 2014 ISSN 18088597 equipe multidisciplinar, como arsenal importante na promoção da saúde 1 ou 2, são possíveis de serem extraídas nestes relatórios (CHAZAN et al, 2008). (MOREIRA et al, 2010). Com o objetivo de Conhecer e Para organizar a assistência às avaliar os principais determinantes pessoas com HA e diabetes (DM), o associados à hipertensão arterial sistêmica Ministério da Saúde (MS) lançou em 2001 e a não adesão ao tratamento da mesma, o Plano de Reorganização da Atenção a em pacientes cadastrados no programa Hipertensão Arterial e Diabetes (Hiperdia), Hiperdia, dos PSFs de Aurilândia–GO. que constitui um sistema de cadastro de modo a permitir o monitoramento e gerar 1. METODOLOGIA informações para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma O presente estudo trata-se de um regular e organizada, se tornando uma estudo transversal, onde a exposição com a ferramenta essencial para instrumentalizar causa será feita no mesmo momento da a prática de atendimento aos usuários, por análise, sendo uma pesquisa documental, gerar informações que possibilitam o de conhecimento da situação e o mapeamento realizado um estudo a partir de registros do dos riscos para potencializar a atenção a passado, através da análise da ficha estas pessoas e minimizar os fatores HIPERDIA (MARCONI e LAKATOS condicionantes 2010).A pesquisa foi realizada nas 02 de complicações das doenças (FILHA et al, 2011). Este sistema é composto pelos caráter retrospectivo, onde será Estratégias de Saúde da Família do Município de Aurilândia - GO. A subsistemas Municipal e Federal, de modo população total da pesquisa foi de 399 que os dados gerados nas Secretarias fichas do programa HIPERDIA. Foram Municipais de Saúde (SMS) compõem excluídos todos os itens que não se uma base nacional de informações que referirem pode ser acessada por meio da internet, criteriosamente os aspectos relacionados à através de site específico do DATASUS, hipertensão arterial. Os dados coletados órgão do MS responsável pelos sistemas foram analisados através de gráficos e informatizados. O fluxo das informações comparados através da literatura correlata. ocorre a partir do preenchimento da ficha Para o levantamento dessa pesquisa foram de cadastro do paciente hipertenso na ESF. analisados artigos na integra do idioma Informações como o número de pacientes português no intervalo cronológico dos com HAS, DM, HAS associada a DM tipo últimos 05 anos sendo que utilizou a a HAS. Analisaram-se Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (167-202), 2014 ISSN 18088597 biblioteca virtual de saúde (BVS) um total de 399 cadastrados. Os resultados nas bases científicas SCIELO (Scientific encontrados possibilitaram a construção de Electronic Library) e MEDLINE ((Medical 7 (sete) gráficos. Literature Analysis and Retrieval System A amostra caracterizou-se por 399 Online). Foram encontrados um total de indivíduos com idade entre 18 e 99 anos, 686 artigos, foram selecionados 83 artigos, sendo a média de 60 anos ± 11 anos, sendo mas para análise e discussão foram usados que 250 dos indivíduos são mulheres e 149 21 artigos . Para a busca e seleção dos são homens. Em relação à idade podemos artigos chaves: observar que a hipertensão arterial ocorre Hiperdia, em maior escala em pessoas acima de 40 Hipertensão, anos. Os pacientes mais atingidos são usaram Hipertensão Obesidade as palavras Arterial e e Hiperdia, Hiperdia e obesidade. idosos com mais de 60 anos, que correspondem a 42,85% do grupo estudado. 28,57% dos pacientes tem idade 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO entre 51 e 60 anos, 20,3% com idade entre De acordo com o IBGE no Censo 40 e 50 anos, e 8,27% com menos de 40 2010, o município de Aurilândia possui anos como pode ser observado no Gráfico uma população de 3.650 habitantes, 1.839 1. destes são masculinos e 1.811 são femininos. Com latitude de: -16.679 e longitude: -50.456, superfície de 565,15 Km e densidade demográfica de 6,46 hab./Km, possui um clima tropical com uma estação seca e outra chuvosa; situada a 128 km de Goiânia-Go. O Centro de Saúde de Aurilândia (PSF I): Conta com um total de 221 pacientes inscritos no Hiperdia, destes, 11 apenas são diabéticos, 34 diabéticos e hipertensos e 176 somente hipertensos. A Unidade Básica de Saúde (PSF II): conta com 178 pacientes, destes, 02 são diabéticos, 25 são diabéticos e hipertensos e 151 são somente hipertensos. Somando Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (168-202), 2014 ISSN 18088597 Gráfico 1 - Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica por idade. >60 51-60 40-50 < 40 0 20 40 Mulheres 60 80 100 120 Homens Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012). Segundo Contiero et. al (2009), a De acordo com o Gráfico 2, em Organização Mundial da Saúde (OMS) relação à raça a prevalência da hipertensão considera em arterial sistêmica é maior em indivíduos de desenvolvimento, os indivíduos com 60 cor parda, sendo 51,6% das mulheres e anos ou mais. A hipertensão arterial vem 55,7% dos homens; em seguida em se transformando progressivamente num indivíduos de cor branca, constituindo 30% dos mais graves problemas de saúde das mulheres e aproximadamente 25,5% pública, atingindo adultos, em especial os dos homens; em sequência em indivíduos mais idosos. A hipertensão arterial é uma de cor negra, compondo 10,4% no sexo doença crônica de origem multifatorial que feminino e 13,42% em indivíduos do sexo apresenta na masculino; e com menor incidência em 8% população brasileira, constituindo-se com nas mulheres e 5,3% nos homens de cor um sério fator de risco para o surgimento amarela. idosos, nos elevada países prevalência de doenças cerebrovasculares e cardíacas prevalência da hipertensão nos idosos é superiora 60%, tornando-se fator determinante na morbimortalidade dessa população, exigindo assim correta identificação do problema e a apropriada abordagem terapêutica. Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (169-202), 2014 ISSN 18088597 Gráfico 2 - Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica por raça. Amarela Negra Branca Parda 0 20 40 60 80 Mulheres 100 120 140 Homens Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012). Segundo Cesarino et al, (2008) a sendo 40,4% no total das mulheres e prevalência de HAS nas cores parda, negra 40,2% no total de homens. O terceiro valor e amarela é descrita na literatura sendo que mais afeta a população estudada é a quase duas vezes maior que na branca, variável de 140x100 a 160x130mmHg, tendo atingindo 11,6% das mulheres e 6,4% no a hipótese genética como responsável por esse fato. De acordo estudos 160x140 a 180x150mmHg compõe cerca realizados, apresentados no Gráfico 3, os de 5,2% das mulheres e 7,3% dos homens. níveis pressóricos apresentam uma variável Dentro dos indivíduos estudados somente entre 120x80mmHg, nos do sexo masculino foi encontrados correspondendo a 42,8% no total das valores entre 180x160 à 220x150mmHg mulheres e 34,2% no total dos homens. A correspondendo a 7,3% no total dos variável de 120x90 à 140x90mmHg é a mesmos. 100x60 com número total de homens. A variável de à os segunda que mais incide nos indivíduos Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (170-202), 2014 ISSN 18088597 Gráfico 3 – Valores de Pressão Arterial. 180x160-200x150 160x140-180x150 140x100-160x130 120x90-140x90 100x60-120x80 0 50 Mulheres 100 150 Homens Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012). Magalhães et. al, (2010) diz que a Verificamos que a taxa do IMC que carga de doença cardiovascular e de predomina é de 25-29,9% que corresponde mortalidade da à 32,88% dos homens e 44% das mulheres, pressão arterial (PA) estimada pelo estudo seguido da taxa de IMC >30 que atinge Global Burdenof Disease 2000 revelou que 16,77% da população masculina e 27,2% 7,6 milhões de mortes em todo o mundo da população feminina. A taxa de IMC de foram decorrentes de uma pressão sistólica 18,5- 24,9 representa 46,97% dos homens, acima de 115 mmHg. Aproximadamente e 31,2% das mulheres, apenas 3,35% da 80% delas ocorreram em países de baixo e população masculina e 1,2% da população médio desenvolvimento e em faixas etárias feminina estão com o IMC abaixo de 18. atribuída à elevação compreendidas entre 45 e 60 anos de idade. Jardim et. al, (2007) afirmam que outro aspecto que merece consideração é a No gráfico 4 , o índice de massa modificação no com perfil relação da população corpórea (IMC) foi obtido dividindo-se o brasileira peso em quilogramas pelo quadrado da alimentares e de vida, que indica uma altura em metros. Os valores de IMC exposição cada vez mais intensa a riscos foram classificados da seguida forma: IMC cardiovasculares. < 18,5 Kg/m = baixo peso; IMC de 18,5- quantidades de alimentos ingeridos e na 24,9 Kg/m = normal; IMC de 25-29,9 = própria composição da dieta provocou sobrepeso e IMC ≥ 30 Kg/m = obesidade. alterações significativas do peso corporal e A aos mudança hábitos nas Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (171-202), 2014 ISSN 18088597 distribuição da gordura, com o aumento obesidade da população. progressivo da prevalência de sobrepeso ou Gráfico 4 – Índice de Massa Corporal por Sexo. > 30 25-29,9 18,5-24,9 < 18,5 0 20 40 60 Mulheres 80 100 120 Homens Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012). Em relação às doenças nas mulheres e 26,17% nos homens. O concomitantes, gráfico 5 observou-se que sedentarismo 42,8% das mulheres e 31,5% dos homens mulheres estudados possuem antecedentes familiares Observamos que 17,2% das mulheres e de 16,77% coronariopatias. O sobrepeso e obesidade também é um fator de risco e dos corresponde 31,54% homens 33,3% em são homens. tabagistas, conforme o Gráfico 5. importante, visto que corresponde a 41,6% Gráfico 5 – Fatores de Risco e Doenças Concomitantes. Hipertensão arterial Sobrepeso/obesidade Sedentarismo Tabagismo Diabetes tipo 2 Diabetes tipo 1 Antecedentes familiares 0 50 Mulheres Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012). 100 Homens 150 200 em 250 Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (172-202), 2014 ISSN 18088597 No estudo de Martins et. al, (2010) No gráfico 6, entre as principais entre os fatores de risco para doenças complicações decorrentes da hipertensão cardiovasculares, arterial, a obesidade e o observou-se que 6,8% das sedentarismo merecem destaque especial, mulheres e 9,39% dos homens já tiveram pois o excesso de massa corporal é um infarto agudo do miocárdio (IAM). Outra fator predisponente para a hipertensão, complicação relevante em virtude de sua podendo ser responsável por 20% a 30% gravidade é o acidente vascular cerebral dos casos; e 75% dos homens e 65% das (AVC) que atingiu 8,05% dos homens e mulheres 2,4% das mulheres. Foram detectados no apresentam diretamente atribuível hipertensão e estudo 6,4% de mulheres, e 10,34% de obesidade. O excesso de adiposidade homens com complicações renais. 10,52% corporal têm da população total em estudo possuem apresentado grande prevalência entre os outras coronariopatias e 1,25% tem pé fatores diabético, como pode ser analisado no e a a sobrepeso inatividade de risco para física doenças cardiovasculares. Gráfico 6. Gráfico 6 – Presença de Complicações por Sexo. Doença renal Pé diabetico Outras coronariopatias AVC IAM 0 5 10 Mulheres 15 20 25 30 Homens Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012). Moura et. al, (2011) afirma que precoce. A hipertensão arterial é a causa de atualmente, há em torno de 17 milhões de 40% das mortes por acidente vascular pessoas com hipertensão, atingindo cerca cerebral e 25% por doença arterial de 40% da população a partir de 40 anos. É coronariana. um fenômeno ascendente, cada vez mais Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (173-202), 2014 ISSN 18088597 Segundo Boing et. al, (2007) a população tanto feminina quanto a HAS configura-se como um dos agravos masculina faz o tratamento apenas com o crônicos as uso de medicamentos, juntos somam repercussões clínicas mais graves. Entre as 95,48% dos indivíduos cadastrados. Dos principais complicações em decorrência 399 cadastrados 35,83% aderiram a uma desta doença estão o infarto agudo do dieta miocárdio (IAM), o acidente vascular combinam o tratamento medicamentoso encefálico (AVE) e a insuficiência renal com a prática de exercícios físicos crônica (IRC). regulares (Gráfico 7). mais comuns e com balanceada e apenas 6,26% Em relação ao tratamento gráfico 7 para a hipertensão arterial, a maioria da Gráfico 7– Tratamento. Medicamentoso Exercício físico Dieta balanceada 0 100 200 Mulheres 300 Homens Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012). Para Moura et. al, (2011) a adesão ao tratamento anti-hipertensivo é tratamento tem atingido aproximadamente 50% dos pacientes e envolve aspectos consolidada com a participação do paciente biológicos, de forma ativa no seu plano terapêutico, sociais. psicológicos, culturais e não se constituindo em mero cumpridor de Como relata Azevedo et. al, (2010) recomendações; ao contrário, é visto como as intervenções não-farmacológicas têm sujeito do processo, assumindo com os sido apontadas na literatura pelo baixo profissionais de saúde, a responsabilidade custo, risco mínimo e pela eficácia na pelo diminuição da pressão arterial. Entre elas tratamento. A não adesão ao Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (174-202), 2014 ISSN 18088597 estão: a redução do peso corporal, a farmacológica presta-se ao controle dos restrição do fatores de risco e às modificações no estilo tabagismo e a prática regular de atividade de vida, a fim de prevenir ou deter a física. Deste modo, a intervenção não evolução da hipertensão arterial. alcoólica, o abandono O excesso de peso é um importante CONCLUSÃO fator de risco para as doenças O presente estudo possibilitou a cardiovasculares ao analisar o gráfico do discussão e análise dos dados referentes IMC, obtemos valores alarmantes, sendo aos a que 30,84% da população em estudo estão hipertensão arterial, a partir de suas bases com sobrepeso e 23,30% estão obesos. investigadas e contidas na ficha de Verificamos então que a maioria dos cadastro no programa Hiperdia. Assim, a pacientes contribuição deste estudo está em mostrar inadequados, e também são sedentários. fatores determinantes para possui hábitos alimentares as novas necessidades de se focar não Foi verificado nos resultados que o apenas na doença hipertensão arterial, mas uso de tabaco ainda é grande na população principalmente dar ênfase aos fatores de estudada, o vício de fumar é maior nas risco e as doenças concomitantes. mulheres do que nos homens. Sabemos que Com base no estudo apresentado a o tabaco é um fator de risco importante hipertensão arterial é mais comum em porque substâncias presentes no cigarro pessoas de cor parda e com idade acima de como 60 anos, então de acordo com a literatura nocivas ao organismo, e esta droga estudada, confirmamos que os idosos interage sinergicamente com outros fatores correspondem à população mais afetada de risco, como obesidade, idade, e pela doença. diabetes. Mostra-se que o número a nicotina, são extremamente de Diante dos resultados podemos mulheres com hipertensão é maior do que afirmar que as principais dificuldades que os homens, entretanto, perceberam que os os pacientes encontram para diminuir os valores da taxa de PA são mais altos nos índices pressóricos aplicam-se as demais homens do que nas mulheres, e que são doenças associadas, à mudança de hábitos eles quem mais sofrem as complicações alimentares e a prática de exercícios clínicas mais graves da doença como o físicos, IAM e o AVC. medicamentosa é utilizada por todos os pacientes. visto que, a terapêutica Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (175-202), 2014 ISSN 18088597 Este estudo confirmou que é necessário que a equipe de saúde objetive a informação aos pacientes para Informações em Saúde. Rev. Bras. Hipertens. 2007, 14(2): 84-88. a necessidade de mudança nos hábitos de vida, orientando de forma clara e simples a importância desta medida. A redução do CESARINO, C. B. et al. Prevalência e Fatores Sociodemográficos em Hipertensos de São José do Rio Preto – SP. Arq. Bras. Cardiol. 2008 ; 91(1):31-35. peso deve ser o principal alvo da equipe de saúde no tratamento da hipertensão no município. A equipe multidisciplinar de saúde existente no município também poderia elaborar encontros que incentivem e promovam atividades físicas não apenas para a terceira idade, mas também às pessoas mais jovens, já que a hipertensão arterial e obesidade estão aparecendo cada CHAZAN, A.C; PEREZ, E.A. Avaliação da Implementação do Sistema Informatizado de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (HIPERDIA) nos Municípios do Estado do Rio de Janeiro. Rev. APS. v.11, n.1, p.10-16, jan./mar. 2008. COSTA, J.S.D. et al. Prevalência de Hipertensão Arterial em Adultos e Fatores Associados: um Estudo de Base Populacional Urbana em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Arq. Bras. Cardiol., 2007; 88(1): 59-65. vez mais precocemente. 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