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Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (163-202), 2014 ISSN 18088597
FATORES DETERMINANTES DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM
DOIS GRUPOS DE HIPERDIA EM UM MUNICÍPIO GOIANO.1
Marina Freitas Nascimento2 Nília Santana Fraga Borges2
Tatiane Pereira de Lima Bastos2 Daniela Samara Nogueira3
Ricardo de Miranda Mota4 Vanusa Cristina de Carvalho Oliveira5
Brenda de Oliveira M. Mendonça6 Eda Jaqueline Barros7
RESUMO: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não transmissível
(DCNT), que acomete milhares de pessoas no mundo, é uma doença multifatorial e associa-se
a fatores de risco modificáveis. São vários determinantes de HAS. Diante do alto índice de
hipertensos e diabéticos que não conseguem controlar sua HAS integrantes do programa
Hiperdia propôs – se esse estudo sobre os fatores determinantes da HAS. Na categorização
dos pacientes foram observados os seguintes itens: sexo, idade, doenças associadas, fatores de
risco. Verificamos que as principais dificuldades que os pacientes encontram, aplicam-se as
doenças associadas, à mudança de hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos, a
terapêutica medicamentosa é utilizada por todos os pacientes. É relevante que a equipe de
saúde objetive informações sobre a necessidade de mudança nos hábitos de vida, orientando
de forma clara a necessidade dessa medida.
PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão Arterial. Hiperdia. Obesidade.
DETERMINANTS OF SYSTEMIC ARTERIAL HYPERTENSION IN TWO GROUPS
HIPERDIA IN A CITY GOIANO.
ABSTRACT: High blood pressure (HBP) is a chronic non-communicable, affecting millions
of people worldwide, is a multifactorial disease and is associated with modifiable risk factors.
Several determinants of hypertension. Given the high incidence of hypertension and diabetes
who cannot control their hypertension Hiperdia proposed members of the program - if this
study on the determinants of hypertension. In the categorization of patients were observed the
following: gender, age, disease, risk factors. We found that the main difficulties that patients
encounter, apply the associated diseases, the change in eating habits and physical exercise,
drug therapy is used for all patients. It is important that the health team objective information
about the need for change in lifestyle, guiding clearly the need for this measure.
KEYWORDS:
1
Arterial
Hypertension.
Hiperdia.
Obesity.
Trabalho desenvolvido pelo Departamento do Curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos – FMB. São
Luís de Montes Belos – GO.
2
Acadêmicas do curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos – FMB. E-mails:
[email protected]; [email protected]; [email protected]
3
Enfermeira, mestre e professora do Curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos. E-mail:
[email protected]
4
Enfermeiro, especialista e professor do Curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos. E-mail:
[email protected]
5
Enfermeiro, especialista e professora do Curso de Enfermagem da Faculdade Montes Belos. E-mail:
[email protected]
6
Enfermeira, Mestre e Professora da Faculdade Montes Belos. E-mail: [email protected]
7
Enfermeira, Especialista, Orientadora e Professora da Faculdade Montes Belos. E-mail: [email protected]
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (164-202), 2014 ISSN 18088597
de
INTRODUÇÃO
fatores,
quando
não
tratada
adequadamente traz graves complicações
A hipertensão arterial sistêmica
temporárias ou permanentes ao indivíduo.
(HAS) é conceituada como uma patologia
Representa um elevado custo financeiro a
em que ocorre devido à elevação dos níveis
sociedade,
pressóricos, provocando ao longo do
ocorrência associada a agravos como
tempo lesões em órgãos- alvo. O indivíduo
doença cerebrovascular, doença arterial
é considerado hipertenso quando os níveis
coronária,
insuficiência
pressóricos são mantidos cronicamente em
insuficiência
renal
valores iguais ou superiores a 140mmHg
vascular de extremidades (TOLEDO et al.,
para a pressão arterial sistólica e/ou 90
2007).
mmHg para a pressão arterial diastólica
(LATERZA, et al 2007).
principalmente
crônica
por
sua
cardíaca,
e
doença
As doenças vasculares no Brasil
nos últimos 100 anos aumentaram sua
A HAS é classificada como uma
incidência entre os grupos populacionais.
doença crônica não transmissível (DCNT),
No grupo destas doenças a hipertensão
que acomete milhares de pessoas no
arterial sistêmica se destaca, visto que
mundo. Conhecida popularmente como
atinge 20% da população adulta nas suas
pressão alta é considerada uma doença
diferentes classes sociais, etnias, raças e
multifatorial e associa-se a fatores de risco
culturas. Há, entretanto, diferenças na
modificáveis, como obesidade, etilismo,
repercussão da doença na vida humana, a
tabagismo, sedentarismo, excesso de sódio
depender da inserção social do indivíduo e
na alimentação, e os não modificáveis
da organização dos serviços de gestão e
como
cuidado em saúde á sua disposição
sexo,
idade,
cor,
raça
e
hereditariedade. A HAS varia de 22,3% a
(ARAÚJO, PAZ, MOREIRA, 2010).
43,9% em adultos. Mas por outro lado vem
A HAS então representa um grave
surgindo crescentes casos da doença em
problema de saúde pública no Brasil,
crianças e adolescentes, com variação de 2
diante a sua elevada prevalência, entre 15 a
a 13%, sendo assim a HAS deixou de ser
20% da população adulta em plena fase
uma
produtiva e mais de 50% dos idosos
doença
exclusiva
do
adulto
(SOARES, et al. 2011).
(FILHA et al, 2011).
A evolução clinica da HAS é de
As complicações da hipertensão
evolução lenta e possui uma multiplicidade
arterial, em muitas vezes, levam o paciente
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (165-202), 2014 ISSN 18088597
a requerer cuidados médicos de alto custo,
Sistema Único de Saúde é um dos mais
exigindo uso constante de medicamentos,
importantes. Dos 35% da população
exames
e
diagnosticada com HAS (17 milhões de
procedimentos como diálise e transplante.
brasileiros), 75% do atendimento deste
No Brasil, as doenças cardiocirculatórias
grupo são realizados na Atenção Primária
são
de
por serviços ligados ao SUS, o que
envolvendo
determina a necessidade de investimentos
complementares
uma
internações
das
periódicos
principais
hospitalares,
causas
custos elevados (COSTA et al, 2007).
financeiros
constantes
para
o
No Brasil, em 2005, ocorreram
desenvolvimento das ações ligadas à
mais de um bilhão de internações por
promoção, prevenção e tratamento, mas,
doenças
principalmente,
cardiovasculares, com custo global de R$
acometidos por complicações dessa doença
1.323.775.008,283 e em 2003, 27,4% dos
decorrente do mau controle pressórico no
óbitos foram decorrentes de doenças
decorrer
cardiovasculares, atingindo 37%, quando
MOREIRA, 2010).
da
na
recuperação
vida
(ARAÚJO,
dos
PAZ,
excluídos óbitos por causas mal definidas e
No Estado de Goiás, as doenças
por violência. A elevada prevalência, a
também representam a maior causa de
morbidade e mortalidade associadas e os
morbidade
custos sociais da hipertensão arterial
fundamental conhecer a magnitude dos
constituem
fatores de risco cardiovascular (FRCV)
importantes
problemas
de
mortalidade,
com
prioridades, propostas pelo Ministério da
planejamento de saúde capaz de intervir de
Saúde, no Pacto pela Saúde – 2006 e na
forma eficaz nessa realidade (JARDIM et
Política Nacional da Atenção Básica.
al, 2007).
Os
A prevalência de HA encontrada
finalidade
danos
de
sendo
saúde pública, cujo controle figura entre as
(DUARTE et al, 2008).
a
e
efetuar
pessoais,
sociais
um
e
econômicos gerados pelo adoecimento e
em um estudo realizado em Goiânia -
incapacidades
“Prevalência de HAS e alguns fatores de
complicações das doenças cardiovasculares
risco de Nascente et al, (2010). ” – foi de
(DCV), levam à necessidade de uma
36,4% e revela maior número entre os
avaliação do seu risco na população como
homens (41,8%) do que entre as mulheres
possibilidade de um cuidado preventivo
(31,8%).
efetivo. Logo, surge o Programa de Saúde
Em
relação
à
magnitude,
decorrentes
das
o
da Família (PSF), hoje nomeado Estratégia
problema da hipertensão arterial para o
de Saúde da Família (ESF), com sua
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (166-202), 2014 ISSN 18088597
equipe
multidisciplinar,
como
arsenal importante na promoção da saúde
1 ou 2, são possíveis de serem extraídas
nestes relatórios (CHAZAN et al, 2008).
(MOREIRA et al, 2010).
Com o objetivo de Conhecer e
Para organizar a assistência às
avaliar
os
principais
determinantes
pessoas com HA e diabetes (DM), o
associados à hipertensão arterial sistêmica
Ministério da Saúde (MS) lançou em 2001
e a não adesão ao tratamento da mesma,
o Plano de Reorganização da Atenção a
em pacientes cadastrados no programa
Hipertensão Arterial e Diabetes (Hiperdia),
Hiperdia, dos PSFs de Aurilândia–GO.
que constitui um sistema de cadastro de
modo a permitir o monitoramento e gerar
1. METODOLOGIA
informações para aquisição, dispensação e
distribuição de medicamentos de forma
O presente estudo trata-se de um
regular e organizada, se tornando uma
estudo transversal, onde a exposição com a
ferramenta essencial para instrumentalizar
causa será feita no mesmo momento da
a prática de atendimento aos usuários, por
análise, sendo uma pesquisa documental,
gerar informações que possibilitam o
de
conhecimento da situação e o mapeamento
realizado um estudo a partir de registros do
dos riscos para potencializar a atenção a
passado, através da análise da ficha
estas pessoas e minimizar os fatores
HIPERDIA (MARCONI e LAKATOS
condicionantes
2010).A pesquisa foi realizada nas 02
de
complicações
das
doenças (FILHA et al, 2011).
Este sistema é composto pelos
caráter
retrospectivo,
onde
será
Estratégias de Saúde da Família do
Município
de
Aurilândia
-
GO.
A
subsistemas Municipal e Federal, de modo
população total da pesquisa foi de 399
que os dados gerados nas Secretarias
fichas do programa HIPERDIA. Foram
Municipais de Saúde (SMS) compõem
excluídos todos os itens que não se
uma base nacional de informações que
referirem
pode ser acessada por meio da internet,
criteriosamente os aspectos relacionados à
através de site específico do DATASUS,
hipertensão arterial. Os dados coletados
órgão do MS responsável pelos sistemas
foram analisados através de gráficos e
informatizados. O fluxo das informações
comparados através da literatura correlata.
ocorre a partir do preenchimento da ficha
Para o levantamento dessa pesquisa foram
de cadastro do paciente hipertenso na ESF.
analisados artigos na integra do idioma
Informações como o número de pacientes
português no intervalo cronológico dos
com HAS, DM, HAS associada a DM tipo
últimos 05 anos sendo que utilizou a
a
HAS.
Analisaram-se
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (167-202), 2014 ISSN 18088597
biblioteca virtual de saúde (BVS)
um total de 399 cadastrados. Os resultados
nas bases científicas SCIELO (Scientific
encontrados possibilitaram a construção de
Electronic Library) e MEDLINE ((Medical
7 (sete) gráficos.
Literature Analysis and Retrieval System
A amostra caracterizou-se por 399
Online). Foram encontrados um total de
indivíduos com idade entre 18 e 99 anos,
686 artigos, foram selecionados 83 artigos,
sendo a média de 60 anos ± 11 anos, sendo
mas para análise e discussão foram usados
que 250 dos indivíduos são mulheres e 149
21 artigos . Para a busca e seleção dos
são homens. Em relação à idade podemos
artigos
chaves:
observar que a hipertensão arterial ocorre
Hiperdia,
em maior escala em pessoas acima de 40
Hipertensão,
anos. Os pacientes mais atingidos são
usaram
Hipertensão
Obesidade
as
palavras
Arterial
e
e
Hiperdia,
Hiperdia e obesidade.
idosos com mais de 60 anos, que
correspondem
a
42,85%
do
grupo
estudado. 28,57% dos pacientes tem idade
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
entre 51 e 60 anos, 20,3% com idade entre
De acordo com o IBGE no Censo
40 e 50 anos, e 8,27% com menos de 40
2010, o município de Aurilândia possui
anos como pode ser observado no Gráfico
uma população de 3.650 habitantes, 1.839
1.
destes
são
masculinos
e
1.811
são
femininos. Com latitude de: -16.679 e
longitude: -50.456, superfície de 565,15
Km e densidade demográfica de 6,46
hab./Km, possui um clima tropical com
uma estação seca e outra chuvosa; situada
a 128 km de Goiânia-Go.
O Centro de Saúde de Aurilândia
(PSF I): Conta com um total de 221
pacientes inscritos no Hiperdia, destes, 11
apenas são diabéticos, 34 diabéticos e
hipertensos e 176 somente hipertensos. A
Unidade Básica de Saúde (PSF II): conta
com
178
pacientes,
destes,
02
são
diabéticos, 25 são diabéticos e hipertensos
e 151 são somente hipertensos. Somando
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (168-202), 2014 ISSN 18088597
Gráfico 1 - Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica por idade.
>60
51-60
40-50
< 40
0
20
40
Mulheres
60
80
100
120
Homens
Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012).
Segundo Contiero et. al (2009), a
De acordo com o Gráfico 2, em
Organização Mundial da Saúde (OMS)
relação à raça a prevalência da hipertensão
considera
em
arterial sistêmica é maior em indivíduos de
desenvolvimento, os indivíduos com 60
cor parda, sendo 51,6% das mulheres e
anos ou mais. A hipertensão arterial vem
55,7% dos homens; em seguida em
se transformando progressivamente num
indivíduos de cor branca, constituindo 30%
dos mais graves problemas de saúde
das mulheres e aproximadamente 25,5%
pública, atingindo adultos, em especial os
dos homens; em sequência em indivíduos
mais idosos. A hipertensão arterial é uma
de cor negra, compondo 10,4% no sexo
doença crônica de origem multifatorial que
feminino e 13,42% em indivíduos do sexo
apresenta
na
masculino; e com menor incidência em 8%
população brasileira, constituindo-se com
nas mulheres e 5,3% nos homens de cor
um sério fator de risco para o surgimento
amarela.
idosos,
nos
elevada
países
prevalência
de doenças cerebrovasculares e cardíacas
prevalência da hipertensão nos idosos é
superiora
60%,
tornando-se
fator
determinante na morbimortalidade dessa
população,
exigindo
assim
correta
identificação do problema e a apropriada
abordagem terapêutica.
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (169-202), 2014 ISSN 18088597
Gráfico 2 - Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica por raça.
Amarela
Negra
Branca
Parda
0
20
40
60
80
Mulheres
100
120
140
Homens
Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012).
Segundo Cesarino et al, (2008) a
sendo 40,4% no total das mulheres e
prevalência de HAS nas cores parda, negra
40,2% no total de homens. O terceiro valor
e amarela é descrita na literatura sendo
que mais afeta a população estudada é a
quase duas vezes maior que na branca,
variável de 140x100 a 160x130mmHg,
tendo
atingindo 11,6% das mulheres e 6,4% no
a
hipótese
genética
como
responsável por esse fato.
De
acordo
estudos
160x140 a 180x150mmHg compõe cerca
realizados, apresentados no Gráfico 3, os
de 5,2% das mulheres e 7,3% dos homens.
níveis pressóricos apresentam uma variável
Dentro dos indivíduos estudados somente
entre
120x80mmHg,
nos do sexo masculino foi encontrados
correspondendo a 42,8% no total das
valores entre 180x160 à 220x150mmHg
mulheres e 34,2% no total dos homens. A
correspondendo a 7,3% no total dos
variável de 120x90 à 140x90mmHg é a
mesmos.
100x60
com
número total de homens. A variável de
à
os
segunda que mais incide nos indivíduos
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (170-202), 2014 ISSN 18088597
Gráfico 3 – Valores de Pressão Arterial.
180x160-200x150
160x140-180x150
140x100-160x130
120x90-140x90
100x60-120x80
0
50
Mulheres
100
150
Homens
Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012).
Magalhães et. al, (2010) diz que a
Verificamos que a taxa do IMC que
carga de doença cardiovascular e de
predomina é de 25-29,9% que corresponde
mortalidade
da
à 32,88% dos homens e 44% das mulheres,
pressão arterial (PA) estimada pelo estudo
seguido da taxa de IMC >30 que atinge
Global Burdenof Disease 2000 revelou que
16,77% da população masculina e 27,2%
7,6 milhões de mortes em todo o mundo
da população feminina. A taxa de IMC de
foram decorrentes de uma pressão sistólica
18,5- 24,9 representa 46,97% dos homens,
acima de 115 mmHg. Aproximadamente
e 31,2% das mulheres, apenas 3,35% da
80% delas ocorreram em países de baixo e
população masculina e 1,2% da população
médio desenvolvimento e em faixas etárias
feminina estão com o IMC abaixo de 18.
atribuída
à
elevação
compreendidas entre 45 e 60 anos de
idade.
Jardim et. al, (2007) afirmam que
outro aspecto que merece consideração é a
No gráfico 4 , o índice de massa
modificação
no
com
perfil
relação
da
população
corpórea (IMC) foi obtido dividindo-se o
brasileira
peso em quilogramas pelo quadrado da
alimentares e de vida, que indica uma
altura em metros. Os valores de IMC
exposição cada vez mais intensa a riscos
foram classificados da seguida forma: IMC
cardiovasculares.
< 18,5 Kg/m = baixo peso; IMC de 18,5-
quantidades de alimentos ingeridos e na
24,9 Kg/m = normal; IMC de 25-29,9 =
própria composição da dieta provocou
sobrepeso e IMC ≥ 30 Kg/m = obesidade.
alterações significativas do peso corporal e
A
aos
mudança
hábitos
nas
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (171-202), 2014 ISSN 18088597
distribuição da gordura, com o aumento
obesidade
da
população.
progressivo da prevalência de sobrepeso ou
Gráfico 4 – Índice de Massa Corporal por Sexo.
> 30
25-29,9
18,5-24,9
< 18,5
0
20
40
60
Mulheres
80
100
120
Homens
Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012).
Em
relação
às
doenças
nas mulheres e 26,17% nos homens. O
concomitantes, gráfico 5 observou-se que
sedentarismo
42,8% das mulheres e 31,5% dos homens
mulheres
estudados possuem antecedentes familiares
Observamos que 17,2% das mulheres e
de
16,77%
coronariopatias.
O
sobrepeso
e
obesidade também é um fator de risco
e
dos
corresponde
31,54%
homens
33,3%
em
são
homens.
tabagistas,
conforme o Gráfico 5.
importante, visto que corresponde a 41,6%
Gráfico 5 – Fatores de Risco e Doenças Concomitantes.
Hipertensão arterial
Sobrepeso/obesidade
Sedentarismo
Tabagismo
Diabetes tipo 2
Diabetes tipo 1
Antecedentes familiares
0
50
Mulheres
Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012).
100
Homens
150
200
em
250
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (172-202), 2014 ISSN 18088597
No estudo de Martins et. al, (2010)
No gráfico 6, entre as principais
entre os fatores de risco para doenças
complicações decorrentes da hipertensão
cardiovasculares,
arterial,
a
obesidade
e
o
observou-se
que
6,8%
das
sedentarismo merecem destaque especial,
mulheres e 9,39% dos homens já tiveram
pois o excesso de massa corporal é um
infarto agudo do miocárdio (IAM). Outra
fator predisponente para a hipertensão,
complicação relevante em virtude de sua
podendo ser responsável por 20% a 30%
gravidade é o acidente vascular cerebral
dos casos; e 75% dos homens e 65% das
(AVC) que atingiu 8,05% dos homens e
mulheres
2,4% das mulheres. Foram detectados no
apresentam
diretamente atribuível
hipertensão
e
estudo 6,4% de mulheres, e 10,34% de
obesidade. O excesso de adiposidade
homens com complicações renais. 10,52%
corporal
têm
da população total em estudo possuem
apresentado grande prevalência entre os
outras coronariopatias e 1,25% tem pé
fatores
diabético, como pode ser analisado no
e
a
a sobrepeso
inatividade
de
risco
para
física
doenças
cardiovasculares.
Gráfico 6.
Gráfico 6 – Presença de Complicações por Sexo.
Doença renal
Pé diabetico
Outras coronariopatias
AVC
IAM
0
5
10
Mulheres
15
20
25
30
Homens
Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012).
Moura et. al, (2011) afirma que
precoce. A hipertensão arterial é a causa de
atualmente, há em torno de 17 milhões de
40% das mortes por acidente vascular
pessoas com hipertensão, atingindo cerca
cerebral e 25% por doença arterial
de 40% da população a partir de 40 anos. É
coronariana.
um fenômeno ascendente, cada vez mais
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (173-202), 2014 ISSN 18088597
Segundo Boing et. al, (2007) a
população
tanto
feminina
quanto
a
HAS configura-se como um dos agravos
masculina faz o tratamento apenas com o
crônicos
as
uso de medicamentos, juntos somam
repercussões clínicas mais graves. Entre as
95,48% dos indivíduos cadastrados. Dos
principais complicações em decorrência
399 cadastrados 35,83% aderiram a uma
desta doença estão o infarto agudo do
dieta
miocárdio (IAM), o acidente vascular
combinam o tratamento medicamentoso
encefálico (AVE) e a insuficiência renal
com a prática de exercícios físicos
crônica (IRC).
regulares (Gráfico 7).
mais
comuns
e
com
balanceada
e
apenas
6,26%
Em relação ao tratamento gráfico 7
para a hipertensão arterial, a maioria da
Gráfico 7– Tratamento.
Medicamentoso
Exercício físico
Dieta balanceada
0
100
200
Mulheres
300
Homens
Fonte: (NASCIMENTO, M. F. et al. 2012).
Para Moura et. al, (2011) a adesão
ao
tratamento
anti-hipertensivo
é
tratamento tem atingido aproximadamente
50% dos pacientes e envolve aspectos
consolidada com a participação do paciente
biológicos,
de forma ativa no seu plano terapêutico,
sociais.
psicológicos,
culturais
e
não se constituindo em mero cumpridor de
Como relata Azevedo et. al, (2010)
recomendações; ao contrário, é visto como
as intervenções não-farmacológicas têm
sujeito do processo, assumindo com os
sido apontadas na literatura pelo baixo
profissionais de saúde, a responsabilidade
custo, risco mínimo e pela eficácia na
pelo
diminuição da pressão arterial. Entre elas
tratamento.
A
não
adesão
ao
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (174-202), 2014 ISSN 18088597
estão: a redução do peso corporal, a
farmacológica presta-se ao controle dos
restrição
do
fatores de risco e às modificações no estilo
tabagismo e a prática regular de atividade
de vida, a fim de prevenir ou deter a
física. Deste modo, a intervenção não
evolução da hipertensão arterial.
alcoólica,
o
abandono
O excesso de peso é um importante
CONCLUSÃO
fator
de
risco
para
as
doenças
O presente estudo possibilitou a
cardiovasculares ao analisar o gráfico do
discussão e análise dos dados referentes
IMC, obtemos valores alarmantes, sendo
aos
a
que 30,84% da população em estudo estão
hipertensão arterial, a partir de suas bases
com sobrepeso e 23,30% estão obesos.
investigadas e contidas na ficha de
Verificamos então que a maioria dos
cadastro no programa Hiperdia. Assim, a
pacientes
contribuição deste estudo está em mostrar
inadequados, e também são sedentários.
fatores
determinantes
para
possui
hábitos
alimentares
as novas necessidades de se focar não
Foi verificado nos resultados que o
apenas na doença hipertensão arterial, mas
uso de tabaco ainda é grande na população
principalmente dar ênfase aos fatores de
estudada, o vício de fumar é maior nas
risco e as doenças concomitantes.
mulheres do que nos homens. Sabemos que
Com base no estudo apresentado a
o tabaco é um fator de risco importante
hipertensão arterial é mais comum em
porque substâncias presentes no cigarro
pessoas de cor parda e com idade acima de
como
60 anos, então de acordo com a literatura
nocivas ao organismo, e esta droga
estudada, confirmamos que os idosos
interage sinergicamente com outros fatores
correspondem à população mais afetada
de risco, como obesidade, idade, e
pela doença.
diabetes.
Mostra-se
que
o
número
a
nicotina,
são
extremamente
de
Diante dos resultados podemos
mulheres com hipertensão é maior do que
afirmar que as principais dificuldades que
os homens, entretanto, perceberam que os
os pacientes encontram para diminuir os
valores da taxa de PA são mais altos nos
índices pressóricos aplicam-se as demais
homens do que nas mulheres, e que são
doenças associadas, à mudança de hábitos
eles quem mais sofrem as complicações
alimentares e a prática de exercícios
clínicas mais graves da doença como o
físicos,
IAM e o AVC.
medicamentosa é utilizada por todos os
pacientes.
visto
que,
a
terapêutica
Revista Faculdade Montes Belos (FMB), v. 8, n° 4, 2015, p (175-202), 2014 ISSN 18088597
Este
estudo
confirmou
que
é
necessário que a equipe de saúde objetive a
informação
aos
pacientes
para
Informações em Saúde. Rev. Bras.
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a
necessidade de mudança nos hábitos de
vida, orientando de forma clara e simples
a importância desta medida. A redução do
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peso deve ser o principal alvo da equipe de
saúde no tratamento da hipertensão no
município.
A equipe multidisciplinar de saúde
existente no município também poderia
elaborar encontros que incentivem e
promovam atividades físicas não apenas
para a terceira idade, mas também às
pessoas mais jovens, já que a hipertensão
arterial e obesidade estão aparecendo cada
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