56-2 - CNPA 2015

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Resposta fisiológica de caprinos em diferentes propriedades em São Raimundo Nonato, PI
Bueno da Silva Abreu1*, Rogério Paes Ribeiro de Sousa2, Luanna Chácara Pires3, João Batista Lopes da
Silva3, Paulo Henrique Amaral Araújo de Sousa4, Wéverton José Lima Fonseca5, Karina Rodrigues dos
Santos6, Severino Cavalcante de Sousa Júnior6
1Mestrando
em Zootecnia, CPCE/UFPI, Bom Jesus, PI. [email protected]
em Zootecnia.
3Professor Adjunto CPF/UFSB, Teixeira de Freitas, BA.
4Mestrando em Zootecnia, CPCE/UFPI, Bom Jesus, PI
5Mestrando em Ciência Animal, CCA/UFPI, Teresina, PI.
6Professor Adjunto CPF/UFSB, Teixeira de Freitas, BA.
*Autor apresentador.
2Mestre
Resumo: Objetivou-se avaliar características termorreguladoras de caprinos Sem Padrão Racial Definido e
correlacionar com algumas variáveis meteorológicas no município de São Raimundo Nonato, Piauí. Foram
utilizados 103 animais de quatro propriedades, para avaliação dos parâmetros da temperatura retal (TR), frequência
respiratória (FR) e a frequência cardíaca (FC). Verificou-se diferença significativa (p<0,05) para FC e FR, entre
propriedade e período de coleta. Os resultados demonstra alto grau de adaptação desses animais a temperaturas
elevadas.
Palavras-chave: ambiência animal, bioclimatologia animal, frequência respiratória, temperatura retal
Physiological response of goats in different properties in São Raimundo Nonato – PI
Abstract: The objective of this study was to assess thermoregulatory features goats and correlate with some
meteorological variables. Were used 103 animals of four properties to evaluate the parameters of rectal temperature
(RT), respiratory frequency (RF) and heart frequency (HF). Significant difference was found (p <0.05) for HF and
RF, between ownership and collection period. The results demonstrate a high degree of adaptation of animals to
high temperatures.
Keywords: animal environment, animal bioclimatology, respiratory frequency, rectal temperature
Introdução
Na região Nordeste predomina o sistema extensivo de criação de caprinos e possui mais de 90% do rebanho
caprino nacional, embora se destaque como a maior região produtora do país, predispõe os animais a condições de
temperatura e umidade elevadas em determinadas épocas do ano. Considerando que a produtividade ou mesmo a
sobrevivência do animal depende, principalmente, de sua capacidade em manter a temperatura corporal dentro de
certos limites, independente das variações de temperatura do ambiente homeotermia.
Segundo Scarpellini e Bícego (2010), animais homeotérmicos possuem mecanismos termorreguladores
autonômicos que permitem ao organismo evitar variações em sua temperatura corporal, mesmo que a temperatura
ambiente sofra grandes alterações. Entre esses mecanismos estão os de ganho (conservação e produção) e os de
perda de energia, na forma de calor; tais mecanismos são controlados pelo sistema nervoso central.
Assim, verificaram-se os efeitos das características termorreguladoras de caprinos sem padrão racial
definido em diferentes propriedades na cidade de São Raimundo Nonato - PI.
Material e Métodos
As coletas foram realizados em dezembro de 2013, início do período chuvoso e em março de 2014, fim do
período chuvoso. O trabalho foi realizado com 103 animais sendo 97 fêmeas e seis machos provenientes de quatro
diferentes rebanhos localizados no município de São Raimundo Nonato, Piauí, onde o sistema de criação, nas
quatro propriedades, era extensivo.
Em cada propriedade visitada aplicou-se um questionário que reunir informações a respeito do tipo de
manejo adotado na propriedade, levando-se em consideração ao manejo nutricional, reprodutivo e sanitário. Dados
sobre os animais estudados foram anotados em ficha individuais com informações do fenótipo de cada animal
amostrado, da propriedade e proprietário. Neste estudo foram só estudados caprinos em idade adulta, ou seja,
acima de dois anos de idade.
A temperatura retal (termômetro clínico digital), frequência respiratória (contagem dos movimentos do
flanco), e a frequência cardíaca (estetoscópio) foram mensuradas no mesmo dia da pesagem dos animais.
As leituras foram realizadas no período da manhã, entre 08 e 12h, à sombra. Para obtenção da TR,
introduziu-se um termômetro digital no reto do animal, ficando o bulbo em contato com a mucosa do animal,
permanecendo até emissão de sinal sonoro indicador de temperatura constante, sendo o resultado expresso em
graus Celsius (°C). A Frequência Cardíaca FC (bat/min) foi obtida mediante estetoscópio manual, posicionado na
região torácica esquerda do animal, durante um minuto. A Frequência Respiratória (mov/min) foi realizada
mediante observação e contagem dos movimentos do flanco do animal, também durante 1 min.
No local foram registradas as temperaturas do termômetro de bulbo seco temperatura do ar (TA) e do
termômetro de bulbo úmido, no início e fim de cada coleta, com as quais foi estimada a umidade do ar (UA),
nesses mesmos horários foram registradas as temperaturas do termômetro de globo negro, posicionado a uma
altura média a do corpo do animal, com isso, com as quais se calculou o Índice de Temperatura de Globo e
Umidade (ITGU). Os dados foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk (P<0,05) para avaliação da normalidade,
realizando assim a comparação dos resultados pelo o teste de Tukey (P<0,05), utilizando-se o pacote estatístico
SAS, versão 9.3 (SAS Institute, 2003).
Resultados e Discussão
Pode-se perceber na Tabela 1, uma amplitude térmica de 3,51°C, com superioridade nas propriedades 1
e 2, correspondentes ao período de transição do período seco para chuvoso, momento que pode ser explicado pelos
valores mais elevados dos parâmetros térmicos ambientais estudados neste período. Todos os dados seguiram
distribuição normal pelo teste realizado.
Tabela 1 - Médias das variáveis meteorológicas e índices de conforto térmico registrado no ambiente ocupado
pelos animais durante o período da manhã
PROPRIEDADES
VARIÁVEIS
DEZEMBRO
MARÇO
1
2
3
4
25,88
24,74
22,37
22,50
TA (ºC)
77,5
79,9
87,27
89,77
UA (KPa)
60,73
71,68
73,05
70,55
ITGU (ºC)
Legenda: TA: Temperatura Ambiente; UA: Unidade Relativa do Ar; ITGU: Índice temperatura de globo e umidade; 1,2,3 e 4: Propriedades
Os dados do ITGU, corroboram com os apresentados por Souza et al. (2008), em estudos de avaliação de
caprinos de diferentes grupos raciais no semiárido nordestino, cuja média obtida para o variável foi de 71,5 ºC no
turno da manhã, observando que os animais apresentaram elevado índice de tolerância ao calor.
Para as características termorreguladoras (Tabela 2), pode-se observar que para frequência respiratória
(FR) e frequência cardíaca (FC), houve diferença significativa entre as propriedades e períodos de coleta.
A temperatura retal (TR) esteve dentro dos parâmetros descritos na literatura, que pode variar em caprinos
adultos de 38,5 a 40,0 ºC, em animais em repouso. Não foram observados diferenças entre as propriedades e aos
períodos de coletas, demonstrando que os animais mesmo mantidos em altas temperaturas são capazes de
manterem a homeotermia, em função da utilização de outras fontes de dissipação de calor, porém os menores
valores foram observados nas propriedades três e quatro, referentes ao final da estação chuvoso. Resultados
semelhantes foram descritos por Souza et al. (2011), que estudando caprinos mestiços de boer, não verificaram
efeito significativo para temperatura retal e citam que os grupos genéticos estudados apresentaram alta capacidade
de dissipação de calor, pois a temperatura retal, tanto antes como depois do estresse calórico, apresentou-se dentro
da normalidade.
TABELA 2. Médias de temperatura retal, frequência respiratória e frequência cardíaca de caprinos de (SPRD), na
Cidade de São Raimundo Nonato, Piauí
PROPRIEDADE
Variáveis
DEZEMBRO
MARÇO
1
2
3
4
38,4a
40a
38,75a
38,57a
TR (ºC)
69,45ab
66,86b
77,38a
74,9ab
FC (bat./min)
a
a
b
42,8
45,7
30,07
24,4b
FR (mov./min)
FR = Frequência Respiratória; TR = Temperatura retal; FC = Frequência cardíaca. Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem pelo
Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
A frequência cardíaca (FC) e um parâmetro fisiológico que pode ser influenciada por diversos fatores
dentre estes, a temperatura ambiente se torna um dos principais que podem esta influenciado, pois o animal tende
a utilizar de mecanismos para manterem a homeotérmia, como a vasodilatação periférica, que aumenta o fluxo
sanguíneo para a superfície corporal, aumentando a FC.
A FC apresentou efeito significativo (P<0,05) entre as propriedades, demostrando maiores valores nas
propriedades três, quatro e um, respectivamente, fato este observado principalmente no momento da coleta, pela
grande extensão do aprisco, pouca área sombreada e os animais ficavam agitados no momento da coleta dos dados,
mesmo depois de um descanso prévio para a mensuração dos parâmetros avaliados
Para a FR, houve diferenças significativas entre os períodos de coleta, este fator esta atribuído diretamente
as altas temperaturas ocorridas em dezembro, período de transição do período seco para o chuvoso, com isso pode
se notar que os animais necessitam acionar seus mecanismos termorreguladores para tentar dissipar calor e manter
sua temperatura interna constante. O aumento da frequência respiratória é o primeiro sintoma visível do animal
em estresse por calor (FERREIRA, 2005).
Conclusões
Nas condições desse experimento, concluiu-se que os animais mantiveram a temperatura retal dentro dos
padrões da espécie, mantendo assim sua homeotermia, no entanto utilizaram do sistema termorregulador como
frequência cardíaca e respiratório como forma de dissipação de calor, mesmo estando em condições de
temperaturas elevadas, demonstrando estarem fisiologicamente bem adaptadas às condições climáticas da região.
Referências
FERREIRA, R.A Maior produção com melhor ambiente para aves, suínos e bovinos. Viçosa MG: Aprenda
Fácil, 371p, 2005
SAS Institute, SAS (Statistical Analysis System). User’s Guide. Cary, NC: SAS Institute Inc. 129p., 2003.
SCARPELLINI, C.S.; BÍCEGO, K.C. Regulação da temperatura corporal em diferentes estados térmicos: Ênfase
na anapirexia. Revista da Biologia, v.5, p.1-6, 2010.
SOUZA, B.B.; SILVA, G.A.; FREITAS, M.M.S.; CUNHA, M.G.G.; BENICIO, T.M.A. Respostas fisiológicas e
índice de tolerância ao calor de caprinos mestiços de boer no Semiárido. Revista Verde, v.6, n.3, p. 146 – 151,
2011.
SOUZA, B.B.; SOUZA, D.E.; CEZAR, M.F., SOUZA, W.H.; SANTOS, J.R.S.; BENICIO, T.M.A. Temperatura
superficial e índice de tolerância ao calor de caprinos de diferentes grupos raciais no Semiárido Nordestino.
Ciência e Agrotecnologia, v.32, n. 1, p. 275-280, 2008.
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