Trabalho Prático Circuito RL e RC Objetivos: Usar o osciloscópio de raios catódicos para visualizar as tensões nos circuitos RL e RC alimentados por tensões quadradas e estimar as respectivas constantes de tempo indutiva e capacitiva. I - Introdução: Vamos examinar o que acontece quando um circuito constituido por um resistor e um indutor ligados em série é alimentado pelo gerador de sinais fornecendo uma tensão quadrada, que alterna-se entre um valor constante, VGS = V0 , e o valor nulo, VGS = 0. Esta situação é equivalente à representada na Fig. 1, com a chave “S” alternando-se entre a posição “a” (correspondendo a VGS = V0) e a posição “b” (VGS = 0). Fig. 1: Circuito RL. Se não tivéssemos o indutor, esta tensão quadrada seria a tensão no resistor. Lembremos que no resistor aparece uma diferença de potencial proporcional à corrente, VR = Ri (1) e, conseqüentemente, na ausência do indutor, teríamos uma corrente alternada do tipo quadrado no circuito, com a transição entre os valores i = V0 /R e i = 0 ocorrendo quase que instantaneamente. Por outro lado, no indutor, devido à Lei de Faraday-Lenz (ref. 1), aparece uma diferença de potencial proporcional à taxa de variação da corrente, VL = L di dt . (2) polarizada de forma a dificultar a variação da corrente (L é a indutância, cuja unidade no Sistema Internacional é o Henry (H)). Logo, a presença do indutor no circuito, dificultando a variação da corrente, faz com que haja um atraso para a corrente sofrer a transição entre dois níveis de valores e a mesma passa a ter a forma apresentada na Fig. 2(b). Como a tensão no resistor é proporcional à corrente (eq. (1)) e a tensão no indutor é proporcional à taxa de variação da corrente (eq. (2)), VR e VL ficam com a aparência das Fig. 2(c) e 2(d). Fig. 2: (a) Tensão no gerador de sinais, (b) corrente, tensões no resistor (c) e no indutor (d). Da solução formal da equação diferencial deste circuito (ref. 2) sabemos que estas curvas são constituidas de funções exponenciais. Por exemplo, se tomarmos a parte decrescente da curva de VR, ela é descrita como VR = V0 e − t / t L , (3) onde tL é a chamada constante de tempo indutivo, dada por tL = L R. (4) Trocando o indutor pelo capacitor, temos o circuito RC (Fig. 3), que pode ser analizado de forma semelhante ao circuito anterior. A tensão do capacitor é proporcional à sua carga e escreve-se como VC = q C, (5) Fig. 3 RC onde C é a capacitância. Na ausência do resistor, a aplicação de uma tensão quadrada faria com que o os processos de carga e descarga do capacitor ocorressem quase que instantaneamente. Porém, na presença do resistor, que dificulta a circulação das cargas, os processos de carga e descarga tornam-se mais lentos, como mostra a Fig. 4(b). Como a tensão do capacitor é proporcional à carga (eq. (5)) e a tensão do resistor é proporcional à corrente (eq. (1)), que é a taxa de variação da carga, VC e VR passam a ter as formas apresentadas nas Fig. 4(c) e 4(d). Observe que a alternância da polarização de VR relaciona-se à inversão do sentido de circulação das cargas ao se passar do processo de carga para o processo de descarga. Novamente, da solução formal da equação diferencial para este circuito (ref. 3) vemos que as curvas são constituidas de exponenciais. Fig. 4: (a) Tensão no gerador de Por exemplo, a parte decrescente da curva da tensão do sinais, (b) carga no capacitor, tensões capacitor é descrita por: no capacitor (c) e no resistor (d). VC = V0 e − t / tC , (6) onde agora tC é a constante de tempo capacitiva, dada por: t C = RC . (7) Nesta prática usaremos o ORC para visualizar as curvas das Fig. 2 e 4, relativas às tensões nos circuitos RL e RC, e para estimar as respectivas constantes de tempo indutiva e capacitiva. II - Material: - 01 osciloscópio de 2 canais - 01 gerador de sinais - 01 painel com resistor, capacitor e indutor - Cabos III - Procedimentos: 1 - Monte o circuito RL da Fig. 1, usando o gerador de sinais como fonte alimentadora de tensão. Selecione no gerador de sinais uma tensão quadrada de freqüência 10 kHz e amplitude máxima. 2 - Aplique a tensão do resistor no canal 1 do ORC. Após fazer todos os ajustes necessários no ORC, de acordo com a prática anterior, gire os seus seletores de escala vertical e horizontal até que se obtenha em sua tela uma figura semelhante à Fig. 2(c). 3 - Aplique agora a tensão do indutor no canal 1 do ORC e obtenha uma figura semelhante à Fig. 2(d). 4 - Gire os seletores de escala e os diais de deslocamento de figura até que se obtenha uma única queda exponencial ocupando de forma “ótima” a tela do ORC. Faça com que uma das linhas horizontais do reticulado seja a assíntota desta exponencial e considere esta linha como nível zero de tensão. Determine o tempo que a tensão, partindo do valor inicial máximo, leva para atingir o nível zero em termos práticos (não se esqueça de verificar se a escala horizontal está calibrada). Este tempo corresponde a aproximadamente 5 tL (discuta isto com base na equação para a queda exponencial, do tipo da eq. (3), e na capacidade de distinguirmos um nível de tensão como sendo diferente de zero na tela do ORC). Portanto, divida o tempo anteriormente determinado (5 tL) por 5 e anote o valor de tL. Usando a eq. (4) e o valor nominal do resistor, determine L. 6 - Substitua o indutor pelo capacitor e abaixe a freqüência do gerador de sinais para algo em torno de 80 Hz. Aplicando no canal 1 do ORC a tensão do capacitor, obtenha figura semelhante à Fig. 4(c). Depois aplique neste mesmo canal do ORC a tensão do resistor e obtenha figura semelhante à Fig. 4(d). 7 - Proceda de forma semelhante à descrita no ítem 5 para obter a constante de tempo capacitiva, tC. Compare este resultado com o valor obtido através da eq. (7) usando-se os valores nominais do resistor e do capacitor. Perguntas: 1 - Por que foi usada uma freqüência mais baixa no gerador de sinais, em comparação com a usada no circuito RL, para se visualizar as curvas de carga e descarga no circuito RC ? 2 - Qual deve ser a forma das tensões VC e VR quando o circuito RC é alimentado por uma tensão quadrada de freqüência f > > 1 / t C ? E quando f < < 1 / t C ? 3 - Qual deve ser a forma das tensões VR e VL quando o circuito RL é alimentado por uma tensão quadrada de freqüência f > > 1 / t L ? E quando f < < 1 / t L ? Referências bibliográficas: 1 – HALLIDAY, David, RESNICK, Robert & KRANE, Kenneth S. Física 3. 4a edição. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1996. 2 – TIPLER, Paul Allen. Física para Cientistas e Engenheiros, vol. 3, p. 245. 3a edição. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1995. 3 – TIPLER, Paul Allen. Física para Cientistas e Engenheiros, vol. 3, p. 155. 3a edição. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1995.