OLIVEIRA, Marcelo Gomes de. O efeito do relacionamento bancário

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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM
CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS - FUCAPE
MARCELO GOMES DE OLIVEIRA
O EFEITO DO RELACIONAMENTO BANCÁRIO NO ACESSO AO
CRÉDITO PARA AS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
VITÓRIA
2015
MARCELO GOMES DE OLIVEIRA
O EFEITO DO RELACIONAMENTO BANCÁRIO NO ACESSO AO
CRÉDITO PARA AS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências Contábeis, da
Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade,
Economia
e
Finanças
(FUCAPE), como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Contábeis – Nível Profissionalizante, na área
de concentração Finanças.
Orientador: Prof. Dr. Fábio Moraes da Costa
VITÓRIA
2015
MARCELO GOMES DE OLIVEIRA
O EFEITO DO RELACIONAMENTO BANCÁRIO NO ACESSO AO
CRÉDITO PARA AS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis,
da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e
Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Ciências Contábeis – Nível Profissionalizante, na área de concentração Finanças.
Aprovada em 29 de Outubro de 2015.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr. Fábio Moraes da Costa
Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE)
Orientador
__________________________________________
Prof. Dra. Arilda Teixeira
Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE)
Membro da banca
__________________________________________
Prof. Dr. Danilo Soares Monte-mor
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Espirito Santo (IFES)
Membro da banca
“Se alguém está sentado na
sombra hoje é porque alguém
plantou uma árvore há um bom
tempo”
(Warren Buffet)
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai Bernardino Souza, a minha mãe Marileyde Gomes, ao meu irmão
Leonardo Gomes, pelo apoio.
A minha esposa Daiane Sales e meu Filho Bernardo Sales pela paciência e
companheirismo.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Fábio Moraes, pelos conselhos e inspiração. A quem
sou muito grato e me inspira como exemplo profissional.
Aos meus professores Aridelmo Teixeira, Arilton Teixeira e Arilda Teixeira que
contribuíram muito com a minha formação desde o início do primeiro período da
graduação!
A todos do corpo diretivo da FUCAPE por viabilizar a existência e a experiência de
ter vivenciado todo esse tempo de aprendizado como uma experiência única da
graduação ao mestrado.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é analisar como a taxa de juros e a maturidade de
contratos de dívida de microempresas estão associadas com determinadas
características do relacionamento bancário, tais como já possuir conta corrente no
banco, possuir diversas contas em diversas instituições financeiras e já possuir
serviço financeiro contratado anteriormente. Nesta pesquisa foram utilizadas
informações de micro e pequenas empresas do sul da Bahia, no período de 2008 a
2012, coletadas em uma empresa de contabilidade mediante contrato de
confidencialidade. As análises indicam que quanto maior o nível de relacionamento
bancário, menor seria a taxa efetiva de juros. Entretanto, não foi possível identificar
relação estatisticamente significante para a maturidade dos contratos. Desta forma,
as evidências indicam que micro e pequenas empresas que pretendem captar
podem se beneficiar ao realizar a contratação de serviços bancários para assim
terem acesso, em média, a linhas de crédito com taxas de juros efetivas menores.
Palavras-chave: Relacionamento Bancário; Taxa de Juros; Maturidade.
8
ABSTRACT
The aim of this study is to analyze how the effective interest rate and the maturity of
debt contracts of micro-sized entities are linked to some bank relationship
characteristics, such as number of accounts and banking services. In this study,
proprietary data from small businesses at Southern Bahia were collected from a
bookkeeping firm through a confidentiality agreement. The analysis indicate that
there is a negative relation between effective interest rates and the characteristics of
banking relationship. On the other hand, there was no indication of such a
relationship for maturity. Thus, micro and small-sized entities seeking to raise funds
in the future with banks can benefit from enhancing their relationship with the
financial institution in order to have access, on average, to credit lines with lower
effective interest rates.
Keywords: Banking Relationship; Effective Interest Rates; Maturity.
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 8
2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 11
3 METODOLOGIA.................................................................................................... 14
4 RESULTADOS....................................................................................................... 18
5 CONCLUSÃO........................................................................................................ 24
6 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 26
8
1. INTRODUÇÃO
O objetivo desta dissertação é avaliar como as características dos contratos
de dívida (Taxa de Juros Efetiva e Maturidade do Contrato) de micro e pequenas
empresas estão associadas com o relacionamento bancário (possuir conta corrente
no banco, possuir algum serviço financeiro contratado entre outras).
Em busca de gerar novos investimentos e para se manter na concorrência
crescente no mercado, as micros e pequenas empresas necessitam de captar
recursos para se estruturar na aquisição de novos ativos imobilizados (máquinas,
móveis, prédio, ferramentas) e também em financiar o capital de giro para sustentar
as operações do dia-a-dia (SEBRAE, 2014).
Um desafio no sistema financeiro global são as exigências das instituições
financeiras na cessão de créditos para as micros e pequenas empresas, derivadas
da assimetria informacional entre credores e demandantes de capital (PELTONIEMI
e VIERU, 2013).
Os problemas decorrentes da assimetria de informação nas relações de
crédito podem ser amenizados por meio da geração de informação e de escolha de
termos de empréstimo. Diversos estudos têm avaliado como o risco do tomador de
crédito influencia na disponibilidade, taxas e garantias impostas pelos bancos (por
exemplo, PETERSEN e RAJAN, 1994; BERGER e UDELL, 1995; BLACKWELL e
WINTERS, 1997; e ELSAS e KRAHNEN de 1998).
Degryse e Ongena (2001) entendem que o relacionamento bancário é uma
“interação íntima e sem interrupções” entre empresa e o banco e assim proporcionar
da redução da assimetria informacional.
9
Ao observar as diferenças entre as características de cada porte empresarial,
é possível observar algumas peculiaridades das Micro e Pequenas Empresas no
Brasil, como: a falta de recursos financeiros, que é apontada como uma das maiores
dificuldades com que convivem as Micro e Pequenas Empresas; problemas de
gerenciamento decorrente da falta de capacitação dos gestores; Proximidade dos
sócios com o mercado e o cliente; Limitação de recursos humanos capacitados;
Baixo grau de diversificação produtiva; e infraestrutura pequena (SEBRAE, 2014).
Os problemas elencados no parágrafo anterior também foram discutidos na
mídia, como por exemplo, o jornalista especializado em small business nos Estados
Unidos da América, Andrew Beattie (2015), que elenca como as principais
dificuldades a captação de crédito nos bancos e falta de capacitação dos
empreendedores na gestão dos negócios.
Segundo o SEBRAE (2014), existem 6,4 milhões de estabelecimentos no
Brasil, destes 99% são micro e pequenas empresas. As Micro e Pequenas
Empresas respondem por 25% do PIB Brasileiro, 52% dos empregos formais e 40%
da massa salarial.
Segundo o IBGE (2003) as Micro e Pequenas Empresas têm como
características maior dificuldade de acesso ao financiamento de capital de giro. Isso
ocorre devido as diferentes tecnologias utilizadas pelas instituições financeiras na
concessão de empréstimos para as empresas de grande porte e para as Micro e
Pequenas Empresas, que são impactadas pelos diferentes níveis de assimetrias de
informações financeiras existentes (BEHR, NORDEN e NOTH, 2013).
Este trabalho, por meio de um banco de dados estruturado por micro e
pequenas empresas, identificou quais características do Relacionamento Bancário
são relevantes para o estabelecimento da taxa de juros e também da maturidade
10
dos contratos de dívida. As características estudadas foram a quantidade de contas
correntes em bancos diferentes, o tempo de relacionamento com a instituição
financeira e a contratação de serviços financeiros (Título de Capitalização, Seguro,
Previdência, entre outros).
Os resultados obtidos indicam que o relacionamento bancário em especial a
contratação de serviços financeiros tem relação negativa com a taxa efetiva de juros,
portanto, ter serviços financeiros já contratados nos bancos onde é solicitado o
crédito, faz com que esta linha tenha na média de juros efetivos mais baixos do que
em bancos onde a empresa não possui serviço financeiro contratado. Não foram
encontradas relações estatisticamente significantes em relação a maturidade do
empréstimo.
Não foi possível identificar relação estatisticamente significante entre as
variáveis de relacionamento bancário e a maturidade, podendo ser institucionalizado
pelas instituições financeiras o prazo máximo de cada linha de crédito, não sendo
uma variável impactada pelo relacionamento bancário.
Portanto, os resultados indicam que gestores de micro e pequenas empresas
que buscam gerar relacionamento bancário por meio de contratação de serviços
financeiros tem acesso a linhas de crédito com menor taxa de juros.
Sendo assim, neste trabalho fica evidente que o relacionamento bancário
melhora a capacidade de financiamento das micros e pequenas empresas, pois
reduz o custo de monitoramento das instituições financeiras.
Este trabalho está estruturado em cinco seções: a primeira trata da revisão da
literatura, a segunda expõe a metodologia adotada, a terceira apresenta a amostra e
11
a estatística utilizada, a quarta demonstra os resultados obtidos, e a quinta, a
conclusão.
12
2.REFERENCIAL TEÓRICO
Para evitar o risco de inadimplência, as instituições financeiras elaboram
análises do retorno financeiro oriundo de uma operação de empréstimo com base na
mensuração do risco para apreçar seus serviços. Esse tipo de análise é relevante,
pois ao avaliar os riscos envolvidos antes da liberação de recursos poderão ser
previstas possíveis situações de não reaver os recursos emprestados (BEHR,
NORDEN e NOTH. 2013; RUDIO, 2009).
Caouette, Altman e Narayanan (1998) observaram que os bancos gerenciam
os créditos quase que integralmente por meio de procedimentos de análises
multidimensionais, ou seja, por meio de dados contábeis e questionários para a
realização da liberação do crédito.
Em busca de amenizar a assimetria informacional na concessão de crédito,
as instituições financeiras utilizam de sistema de mensuração de risco, chamado
rating. Quanto menos risco tiver uma operação de crédito, melhor será a sua
classificação de rating (SECURATO, 2002).
A classificação do rating é usualmente feita por intermédio da obtenção de
informações sobre o perfil do cliente, consistindo em uma ferramenta de verificação
da probabilidade da capacidade de cumprir com o acordo contratual (CAOUETTE et
al. 2000).
Quando a assimetria informacional entre os clientes desconhecidos é
significativa, os bancos tendem a gastar mais recursos e esforços no rastreamento e
monitoramento dessas empresas devido à falta de informações disponíveis
publicamente (CHEN e MARTIN, 2011).
13
O “Relacionamento Bancário” aparece na literatura como a estrutura inibidora
da inadimplência perante a redução da assimetria informacional. Ao longo da
relação o Banco passar a acessar as informações privadas da empresa (Bharath et
al, 2007; Degryse e Ongena, 2001; Boot, 2000a).
Uma forma de reduzir a assimetria informacional, segundo Johnson (1998) e
Athavale e Edmister (1999), estaria baseada no histórico de transações com o
cliente, o que poderia diminuir o custo de monitoramento pelo banco e,
consequentemente, possibilitar que as empresas tenham melhorias nas condições
de crédito.
Sharpe (1990) e Rajan (1992) concluem que o relacionamento bancário a
longo prazo aumenta o acesso a linhas crédito e melhora também as condições de
financiamento para as Micro e Pequenas Empresas.
Segundo Kirschenamnn e Norden (2012), grande parte dos financiamentos
concedidos pelas instituições financeiras para as pequenas e médias empresas são
analisados com base no relacionamento de crédito, havendo uma comparação entre
o relacionamento com o banco e as transações efetuadas, sendo uma prática
utilizada em diversos países.
O estudo de Peltoniemi e Vieru (2013) indica que o relacionamento bancário
tem sido capaz de reduzir alguns dos problemas de assimetrias informacionais,
especialmente as que dizem respeito à disponibilidade de crédito e custo do crédito.
Esse âmbito de relacionamento e transações podem ser definidos como a amplitude
da relação (anos de conta bancária), o número de serviços financeiros que a
empresa possui com o banco (empréstimos, depósitos, contas de poupança,
serviços de gestão financeira, etc.).
14
Assim, a partir dos estudos de Peltoniemi e Vieru (2013), Sharpe (1990),
Rajan (1992), Kirschenamn e Norden (2012) e Chen e Martin (2011), foi elaborada a
hipótese a ser testada para investigar a influência do relacionamento bancário com
as condições financeiras do crédito recursado.
Hipótese Geral: Existe relação estatisticamente significante entre
relacionamento bancário com a estrutura dos contratos de dívida.
A hipótese geral foi segmentada para auxiliar o teste de relacionamento
bancário com as duas principais variáveis das estruturas dos contratos de dívida,
Taxa de Juros Efetiva e Maturidade.
Hipótese 1: existe relação negativa e estatisticamente significante entre o
relacionamento bancário com a Taxa de Juros Efetiva Contratada.
Hipótese 2: existe relação positiva e estatisticamente significante entre o
relacionamento bancário com a Maturidade do Contrato de Dívida.
Athavale & Admister (1999) concluem que quanto maior a concentração de
crédito junto ao banco financiador está associada a menores custos do crédito e/ou
a maior acesso ao crédito ou mesmo mais crédito concedido.
Bédué & Lévy (1997) apresentam como conclusão que quanto mais a
empresa canalizar suas atividades bancárias em apenas um banco, menos elevado
será o seu custo do crédito. Worthington (1999) vai ao encontro de Bédué & Levy
(1999) com o resultado que a taxa de juros contratada concedida a um cliente novo
era mais alto que a ofertada para cliente que já possuíam relacionamento com o
banco.
15
3. METODOLOGIA
Este trabalho tem natureza descritiva e utiliza-se de dados secundários. O
acesso a informações sobre microempresas é restrito, dado que não há
obrigatoriedade de as mesmas publicarem suas demonstrações contábeis. Apesar
disso, qualquer empresa formal brasileira deve possuir escrituração contábil,
conforme artigo 1.180 e 1.181 do Novo Código Civil.
A estratégia para elaboração da base de dados consistiu na solicitação de
informações a um escritório de contabilidade localizado ao sul do estado da Bahia.
As coletas destes dados foram efetuadas através de uma garantia de sigilo das
informações.
A base de dados é formada por 266 contratos de dívida de 44 empresas
localizadas em uma microrregião do sul do estado da Bahia de 2008 a 2012 e
também foram coletados os dados das demonstrações financeiras e contábeis
destas empresas.
Os tipos de contratos coletados da base de dados foram empréstimos de
capital de giro, financiamentos e Leasing.
Assim, o modelo contempla três dimensões: relacionamento bancário,
características do contrato e características da empresa. Na Tabela 1, a seguir,
estão descritas as variáveis que buscam capturar cada dimensão.
16
TABELA 1: VARIÁVEIS DE RELACIONAMENTO BANCÁRIO
Variável
Sinal Esperado
Sinal Esperado
H1
H2
+
-
-
+
-
+
Fórmula
Nº de Contas Bancárias em
Quantidade de Contas
diferentes instituições
financeiras
Se possuía relacionamento
Relacionamento com Banco
com o Banco igual 1, caso
contrário 0.
Contratou outros serviços
Outros Serviços Contratados financeiros se sim igual a 1,
caso contrário 0.
Fonte: Elaborado pelo autor
Os sinais esperados para cada uma das hipóteses para cada uma das
variáveis de estudo são baseados nos estudos destacados no referencial teórico.
Athavale & Admister (1999), Bédué & Lévy (1997) e Worthington (1999) destacam
que quanto mais concentrada são suas atividades bancárias menor serão seus
custos de financiamento, portanto, na hipótese 1 é esperado o sinal positivo para a
variável quantidade de contas por se tratar de uma descentralização. Sharpe (1990)
e Rajan (1992) em seus estudos mostram que o relacionamento bancário e
contratação de serviços financeiros acarretam no acesso a melhores linhas de
crédito.
17
Na Tabela 2 estão descritas as variáveis que representam as características
do contrato de dívida a partir dos estudos de SRINIVASAN et al (2008) e SRINIVASAN
et al (2009)
TABELA 2: VARIÁVEIS DE CARACTERISTICAS DO CONTRATO
Variável
Fórmula
Taxa de Juros Efetiva
Taxa de Juros Mensal Efetiva do Contrato
Maturidade
Ln (Quantidade de Dias do contrato)
Se possui garantia real igual 1, caso
Dummy Garantia
contrário 0.
Razão entre Valor da Garantia pelo Valor
Collateral
do Contrato de Dívida
Razão entre Valor do Contrato de Dívida
Commitment
pelo Ativo Total
Dummy que possuí como base o tipo
Tipo
de
Contrato
de
Empréstimo
e
a
dtipo2
sendo
Dívida
Financiamento e dtipo3 Leasing.
Dummy
Banco
não
Bancos
que
não
são
integralmente
Privado
privados são iguais a 1, caso contrário 0.
Montante
Ln (Valor do Contrato de Dívida)
Fonte: Elaborado pelo autor
Na Tabela 3 estão descritas as variáveis que representam as características
da empresa, formula e os sinais esperados para cada uma das hipóteses sugeridas.
18
TABELA 3: VARIÁVEIS DE CARACTERISTICAS DA EMPRESA
Variável
Fórmula
Razão entre Soma do Passivo (exceto
Alavancagem
Patrimônio Líquido) pelo o Ativo Total
Razão entre Ativo Circulante pelo Passivo
Índice de Solvência
Circulante
Tamanho da Empresa
Ln (Ativo Total)
Faturamento
Ln (Receitas Totais)
RoA
Razão entre Lucro Líquido pelo Ativo Total
Fonte: Elaborado pelo autor
Para buscar a resposta às hipóteses da pesquisa foi estabelecido o Modelo
(1), baseado em Srinivasan et al. (2008), em que se estima a relação entre ou da
Taxa de Juros Efetiva (Hipótese 1) ou da Maturidade da dívida (Hipótese 2) com as
variáveis que buscam capturar o Relacionamento Bancário. O modelo também
contempla variáveis de controle, que consistem em características da empresa e
também do próprio contrato supracitados. O modelo é apresentado a seguir:
(1) Taxa de Juros Efetivaitou Maturidadeit= α0 + ∑βit(Relacionamento Bancário) +
∑βit (Características da Empresa) + ∑βit (Características do Contrato) + εit
19
Apresentados em quatro submodelos sendo o primeiro apenas com o grupo
relacionamento bancário, o segundo com os grupos de relacionamento bancário e
características da empresa, o terceiro com os grupos de relacionamento bancário e
características do contrato e por fim o quarto submodelo que contempla os três
grupos.
4. RESULTADOS
Na TABELA 4 observam-se as estatísticas descritivas das variáveis
dependentes e as de estudo utilizadas nos modelos.
TABELA 4 - ESTATÍSTICA DESCRITIVA
Desvio
Variável
Observações
Média
Padrão
Mínimo
Máximo
Taxa de Juros Efetiva
266
0,0157
0,0089
0,0036
0,0520
Maturidade
265
6,5643
1,0059
1,0986
8,2985
Quantidade de Contas
266
4,1729
1,7741
0,0000
7,0000
Dummy Tempo de Relacionamento
266
0,5113
0,5008
0,0000
1,0000
Dummy Serviço Financeiro
266
0,3459
0,4765
0,0000
1,0000
Fonte: Elaborado pelo autor
Na base de dados coletada para esta pesquisa a variável Taxa de Juros
Efetiva possui 266 observações, média de 1,57% ao mês ou 20,56% ao ano,
analisando com a SELIC1 de Abril/15, desvio padrão 0,0089, valor mínimo de 0,36%
ao mês ou 4,41% ao ano e valor máximo 5,20% ao mês ou 83,73% ao ano. A média
da taxa de juros contratada é 7,81 p.p. maior que a taxa básica de juros do Brasil em
março/15 que foi de 12,75% ao ano.
1
Disponível em: http://www.bcb.gov.br/htms/selic/selicdia.asp
20
A variável Maturidade na tabela 4 está classificada por ano, com 265
observações, média de 6,5643, desvio padrão de 1,0059, valor mínimo de 1,0986 e
máximo de 8,2985.
“Quantidade de Contas” possui 266 observações, média de 4,1729 contas,
desvio padrão de 1,7741, mínimo de nenhuma conta bancária aberta antes do
acesso ao crédito e máximo de 7 contas abertas. Segundo Bédué & Lévy (1997)
empresas que canalizam suas atividades bancárias faz com que elas tenham
acesso a melhores linhas de crédito.
A Dummy de Tempo de Relacionamento possui 266 observações sendo
essas 51,13% com tempo de relacionamento, desvio padrão de 0,5008 e como
característica das dummies valor mínimo de 0 e máximo de 1, notasse também a
baixa utilização dos serviços bancários pelo fato que aproximadamente 49% das
empresas na amostra não possuíam quaisquer relacionamentos bancários antes de
recursar o crédito.
A Dummy de Serviço Financeiro possui 266 observações sendo essas
34,59% tinham algum serviço contratado junto ao banco que estavam solicitando a
linha de crédito, desvio padrão de 0,4765 e como característica das dummies valor
mínimo de 0 e máximo de 1, aproximadamente 65% das empresas na amostra não
possuíam um serviço financeiro já contratado no banco onde foram recursas o
crédito.
Na primeira coluna da Tabela 5 onde não foram utilizados os grupos de
variáveis de controle, os resultados deste modelo são todos estatisticamente
significantes e vão de encontro com os estudos anteriores no que tange a
Quantidade de Contas e Dummy Tempo de Relacionamento pelo fato que o sinal
esperado era positivo e o sinal do modelo foi negativo, então na primeira coluna
21
sugere que quanto maior o número de contas bancárias abertas pela empresa
menor será a Taxa de Juros Efetiva contratada por esta, e a Dummy de
Relacionamento Bancário onde o sinal esperado era o negativo o resultado foi
positivo, logo o modelo utilizado na primeira coluna sugere que um relacionamento
bancário aumentaria a Taxa de Juros. Apenas a Dummy de Serviço Financeiro foi ao
encontro da expectativa que era o sinal negativo, sugerindo que contratar outros
serviços financeiros do banco onde está contratando o crédito acarretará em uma
redução da Taxa de Juros Efetiva.
TABELA 5 - RESULTADOS DA REGRESSÃO
Variável Dependente: Taxa de Juros Efetiva
Variáveis Explicativas
(1)
(2)
(3)
-0.0009 ***
0.0003
0.0086 **
Quantidade de Contas
(0.0003)
(0.0003)
(0.0004)
(0.0003)
Dummy Tempo de
Relacionamento
0.0031 ***
-0.0002
0.0027 **
0.0007
(0.0012)
(0.0010)
(0.0012)
(0.0010)
Dummy Serviço
Financeiro
-0.0071 ***
-0.0052 ***
-0.0063 ***
-0,0052 ***
(0.0010)
(0.0009)
(0.0011)
(0,0010)
Características do Contrato
NÃO
SIM
NÃO
SIM
Características da Empresa
NÃO
NÃO
SIM
SIM
ANO
SIM
SIM
SIM
SIM
0.0237 ***
0.0576 ***
0.0585 ***
0.0612 ***
(0.0027)
(0.0045)
(0.0084)
(0.0083)
265
264
265
264
Relacionamento
Bancário
Grupo
Constante
Nº Observações
P-Valor
(4)
0.0005
0.0000
0.0000
0.0000
0.0000
R²
0.2189
0.5955
0.3407
0.6196
Observações: ***, ** e * correspondem a 1%, 5% e 10% de significância estatística.
Desvios padrões entre parênteses.
Fonte: Elaborado pelo autor
22
Além das variáveis de estudo, foram inclusas variáveis de controle (grupo de
características do contrato e características da empresa) com o objetivo de reduzir o
viés decorrente da omissão de variáveis relevantes do modelo. Fazendo que os
efeitos das variáveis de estudo sobre a variável dependente sejam o mais fidedigno
possível.
Já na segunda coluna foi incluído o grupo de variáveis de Características do
Contrato como controle, apenas a Dummy de Serviço Financeiro foi estatisticamente
significante e o resultado foi ao encontro da literatura utilizada por este estudo, o
resultado sinal negativo como na primeira coluna.
Na terceira coluna onde foi incluso o grupo de variáveis de Características da
Empresa como controle, todas as variáveis do grupo de relacionamento bancário
foram estatisticamente significantes. O sinal positivo da variável “Quantidade de
Contas” sugere, assim como Bédué & Lévy (1997), que a não fidelização bancária
gera dificuldade para acesso a melhores linhas de crédito ofertadas pelo banco. O
sinal positivo da dummy de relacionamento bancário vai de encontro com a literatura
como na primeira coluna e a dummy de Serviço Financeiro vai ao encontro da
literatura com o sinal negativo como na primeira coluna.
O Modelo (1) que está na quarta coluna possui os dois grupos de variáveis de
controle Características da Empresa e do Contrato, das variáveis de estudo apenas
a Dummy de Serviço Bancário foi estatisticamente significante e com o sinal
negativo que vai ao encontro da literatura como todas as colunas anteriores. Com
isso é possível inferir que a contratação de serviços bancários nos bancos pode
gerar benefícios no momento da contratação de uma dívida.
23
TABELA 6 - RESULTADOS DA REGRESSÃO
Variável Dependente: Longevidade
Variáveis Explicativas
(5)
(6)
(7)
0,0995 ***
-0,0149
-0,0586
Quantidade de Contas
(0,0360)
(0,0266)
(0,0444)
(0,0414)
-0,2176
0,0546
-0,1429
0,0443
(0,1346)
(0,1178)
(0,1263)
(0,1317)
0,2589 **
-0,1147
0,1615
-0,1331
(0,1205)
(0,1088)
(0,1235)
(0,1207)
Características do Contrato
NÃO
SIM
NÃO
SIM
Características da Empresa
NÃO
NÃO
SIM
SIM
ANO
SIM
SIM
SIM
SIM
5,6763 ***
4,608 ***
2,3824 **
4,1087 ***
(0,3314)
(0,7125)
(1,032)
(1,1513)
265
264
265
264
Relacionamento
Bancário
Grupo
Dummy Tempo de
Relacionamento
Dummy Serviço
Financeiro
Constante
Nº Observações
(8)
-0,0232
P-Valor
0,0000
0.0000
0.0000
0.0000
R²
0,1184
0,5268
0,2045
0,5342
Observações: ***, ** e * correspondem a 1%, 5% e 10% de significância estatística.
Desvios padrões entre parênteses.
Fonte: Elaborado pelo autor
Na primeira coluna da Tabela 6 as variáveis de estudo Quantidade de Contas
e Dummy Serviço Financeiro foram estatisticamente significantes, sendo a
Quantidade de Contas vai de encontro com a literatura que apresenta que a
concentração das atividades bancárias em menos bancos facilitaria o acesso a
melhores linhas de crédito, então, o sinal esperado seria o negativo, entretanto, o
resultado obtido foi positivo que sugere que quanto mais contas bancárias a
empresa tiver maior será a Maturidade do contrato de dívida e a Dummy de Serviço
24
Financeiro vai ao encontro da literatura onde o sinal esperado era o positivo, pelo
fato da contratação de outros serviços abriria linhas melhores de crédito.
Como já comentado na descrição da tabela 5, neste modelo também foram
inclusas variáveis de controle com a finalidade da redução do viés das variáveis de
estudo por omissão de variáveis relevantes no modelo.
Já nas demais colunas da Tabela 6 as variáveis de estudo não foram
estatisticamente significantes, portanto, não é possível inferir como o relacionamento
bancário pode gerar ou não benefícios nos contratos de dívidas das MPEs.
Entretanto, é possível inferir que as linhas de crédito possuem características prédeterminadas pelas entidades bancárias e que a única variável em que está na
alçada de poder dos gerentes que trabalham com MPEs é a taxa de juros efetiva
dos contratos.
25
5. CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos a partir dos modelos estatísticos sugeridos na
metodologia foi possível avaliar como as variáveis de estudos (Quantidade de
Contas, Dummy de Relacionamento Bancário e Dummy de Serviço Financeiro)
explicam as variáveis dependentes (Taxa de Juros Efetiva e Maturidade).
A única variável que se mostrou estatisticamente significantes em todos os
modelos onde a variável depende era a Taxa de Juros Efetiva foi a dummy de
serviços bancários, que se apresentou sempre com o sinal negativo conforme os
estudos apresentados no referencial teórico, sugerindo então, que quando a
empresa possui outros serviços bancários contratados junto ao banco em que quer
contratar a dívida, as empresas têm acesso a linhas crédito melhores.
Os modelos que tem a variável dependente como a Maturidade, as variáveis
de estudo relacionamento bancário não foram estatisticamente significantes quando
utilizados as variáveis de controle, portanto, não é possível tirar conclusões com
relação a estas variáveis.
Portanto, as Micro, Pequenas e Médias empresas que pretendem no futuro
captar recursos com Bancos, podem se beneficiar ao buscarem estruturara um
relacionamento bancário ao realizarem contratações de serviços bancários
(Seguros, Títulos de Capitalização, Previdências e etc.) para quanto precisarem
captar recursos junto as instituições financeiras ter acesso a linhas de crédito com
taxas de juros efetivas menores na média.
Sendo assim, neste trabalho as evidências indicam que o relacionamento
bancário pode fazer parte de uma estratégia para a melhora a capacidade de
financiamento das micros e pequenas empresas, pois reduz o custo de
26
monitoramento das instituições financeiras, permitindo o acesso a menores taxas de
juros.
Esta dissertação tem como limitação a base de dados com pouca diversidade
de empresas, pois todas elas são de apenas uma microrregião do Brasil e para os
próximos passos desta pesquisa é necessário fazer um matching do rating em que
os bancos classificam os clientes com os reais dados da empresa e as variáveis de
relacionamento bancário.
27
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