X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 1 ELETROMAGNETISMO: EXPERIMENTOS PARA MOTIVAR O APRENDIZADO. JOÃO RICARDO QUINTAL a WILMA MACHADO SOARES SANTOS b [[email protected]] MARCOS BINDERLY GASPAR b [[email protected]] a b Colégio Pedro II - Unidade Engenho Novo - RJ Instituto de Física – Universidade Federal do Rio de Janeiro RESUMO Este trabalho apresenta uma proposta alternativa de ensinar conceitos sobre o tema Magnetismo para os alunos do Ensino Médio. Destina-se também aos alunos do curso de Licenciatura em Física, bem como aos professores de Física do Ensino Médio. O trabalho baseia-se nas recomendações dos PCNEM e na proposta pedagógica de Ausubel. O trabalho constituiu-se de um texto histórico, um texto teórico e experimentos. Esta proposta foi aplicada no Colégio Impacto, em turmas de oitava série do Ensino Fundamental e da segunda série do Ensino Médio da rede de ensino particular, onde questões de vestibulares recentes foram utilizadas, com bons resultados, na verificação da aprendizagem. Duas das experiências serão apresentadas em detalhe. INTRODUÇÃO A apresentação das experiências e materiais extracurriculares como, por exemplo, discutir artigos de revistas, jornais e televisão facilita a diminuição da barreira que existe no aprendizado da Física, que se apresenta na grande maioria dos alunos e faz com que eles adquiram um novo comportamento, tornando-os mais interessados e participativos no ambiente escolar, e o trabalho do professor mais agradável e produtivo. Um fato muito importante como conseqüência das experiências utilizadas neste trabalho foi a percepção dos fenômenos do eletromagnetismo na vida quotidiana dos alunos, fazendo com que despertasse neles mais interesse pelo funcionamento de aparelhos que utilizem os princípios do eletromagnetismo, tais como: ventiladores, aparelhos de som, televisão, computadores etc. Desta forma mudando a percepção do aluno quanto à Física. O presente trabalho foi norteado pelas recomendações dos Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio [1] e na proposta de utilizar experimentos como organizadores prévios dentro da teoria da Aprendizagem Significativa [2]. Foi aplicado no colégio Impacto (rede particular) na 8a série do Ensino Fundamental e na 2a série do Ensino Médio. Foram aplicadas seis experiências em sala de aula, duas das quais serão detalhadas neste texto: a experiência clássica de Oersted e a experiência do “Mergulhador Mágico”. Além das experiências, a teoria foi ensinada com base nos livros amplamente utilizados no Ensino Médio [3, 4, 5], foi apresentado um texto [6] sobre a evolução histórica do magnetismo e foram levados para a sala de aula vários elementos motivadores, tais como, telefone, placa mãe de computador, campainha, ventilador, liquidificador, relógio despertador e outros aparelhos, mostrando a utilização do magnetismo nestes aparelhos, sempre no intuito de desenvolver no aluno uma visão de mundo atualizada. X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 2 EXPERIMENTOS 1 - A EXPERIÊNCIA CLÁSSICA DE OERSTED OBJETIVO: Essa experiência verifica a relação entre a eletricidade e magnetismo, demonstrando que cargas elétricas em movimento criam ao redor de si um campo magnético. Material Necessário: Bússola pequena (2 a 3 centímetros de diâmetro); um metro de fio de cobre isolado; pilha grande de 6 volts ou bateria pequena de 9 volts; pedaço de cartolina (20cm x 20cm). Procedimento Experimental: Podemos reproduzir com facilidade a experiência clássica de Oersted, vista em vários livros do Ensino Médio, usando apenas materiais de fácil obtenção. Faça o seguinte: retire o isolamento de cerca de 2,5 centímetros de ambas as extremidades do fio. Para que a experiência fique mais fácil, passe o fio por dentro de dois orifícios pequenos num pedaço de cartolina e coloque a bússola sob o fio como mostra a figura I. Figura I: Esquema simplificado da experiência de Oersted [7]. Ligue uma extremidade do fio a um dos terminais da pilha, prendendo-a com firmeza, e depois gire a cartolina de modo que o ponteiro da bússola fique na mesma direção do fio (ou seja, paralelo ao fio). Agora encoste rapidamente a extremidade solta do fio no outro terminal da pilha, sem tirar os olhos da bússola. Viu o que aconteceu? O ponteiro girou imediatamente ficando em ângulo reto com o fio. Afaste o fio do terminal da pilha; o ponteiro voltará à posição original. Agora inverta a posição do fio na pilha, o que provocará uma inversão no fluxo de corrente, e veja como o ponteiro passará a apontar para a direção oposta. QUESTÕES: 1- Na experiência ao ligar as extremidades do fio aos pólos de uma pilha observamos o desvio da agulha magnética. Que conclusão é possível tirar dessa observação? 2- Se colocarmos a agulha formando um ângulo reto com o fio ocorrerá algum desvio? Por quê? 3- O que ocorrerá quando invertemos o sentido da corrente no fio. O desvio da agulha se faz no mesmo sentido do caso anterior? Antes de ligar as extremidades do fio na pilha determine pela regra da mão direita, o sentido de desvio da agulha. X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 3 2 - MERGULHADOR MÁGICO. OBJETIVO: Essa experiência tem como objetivo mostrar o poder de penetração de um campo magnético através de um tubo, bem como exemplificar o conceito de força magnética, além de relembrar aos alunos o conceito de empuxo. Material Necessário: Copo longo, ou tubo ou qualquer recipiente plástico longo; um pedaço de cortiça; um prego; fio de cobre isolado (aprox. 7 metros); bateria grande de 6 volts. Procedimento Experimental: Enrole 30 voltas de fio em torno do recipiente usado, deixe aproximadamente meio metro de fio em cada extremidade. Torça o fio umas duas ou três vezes para que o enrolamento fique no lugar, como na figura II. Depois, arranje ou faça algum apoio para que o recipiente fique de pé. Uma forma será abrir um buraco redondo num pedaço de madeira para que o recipiente se encaixe. Agora encha o recipiente de água até uns 2,5 centímetros acima do alto da bobina. Coloque o prego num pedaço de rolha que entre no recipiente e ajuste essa pequena “peça”, de modo que ela flutue rente à superfície da água. Aqui você vai ter que trabalhar um pouco. A rolha terá que ter um tamanho suficiente para boiar mesmo com o prego espetado. Vá cortando a rolha aos poucos até que ela fique boiando no ponto exato. Figura II: Mergulhador mágico [7]. Ligue uma das extremidades do fio ao terminal negativo da bateria e depois encoste a outra no terminal positivo. Assim que a segunda extremidade for ligada, a rolha e o prego mergulharão e permanecerão assim durante todo o tempo em que o fio permanecer ligado. Quando você desligar o fio eles voltarão à tona e ficarão boiando, até que o fio seja ligado outra vez. Não ligue o fio à bateria durante muito tempo (apenas alguns segundos) porque isto exigiria muito dela e poderia descarregá-la. X V I SI M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 4 De que forma funciona o nosso pequeno “mergulhador”? Como sabemos, a corrente elétrica ao passar por uma bobina cria um campo magnético dentro dela. Ao percorrer a bobina a corrente elétrica criou um campo magnético muito forte que atravessou o recipiente e a água. Esse campo magnético exerce uma força sobre o prego fazendo com que o “mergulhador” afunde. Durante todo o tempo em que a corrente é mantida, o campo permanece e por isso o “mergulhador” desce. Quando retiramos o fio do terminal da bateria, o campo magnético desapareceu e o “mergulhador” voltou à tona. QUESTÕES: 1- Se o tubo de ensaio fosse muito largo, o mergulhador iria descer? Explique. 2- Determinar a direção e o sentido da força magnética. 3- Explique porque o mergulhador desce, baseado nos conceitos de empuxo e de força magnética. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho apresenta experiências simples e de baixo custo, que serviram para organizar os conhecimentos prévios dos alunos para a aprendizagem dos conceitos físicos. Além das experiências utilizamos a história da física e outros recursos, antes das aulas teóricas, para que o processo de assimilação fosse efetivo. Os resultados foram verificados através de provas com questões dos últimos vestibulares [8] e mostraram uma melhora no aprendizado dos conceitos físicos pelos alunos, quando comparados com resultados obtidos por outros alunos que só tiveram aulas por métodos tradicionais. REFERÊNCIAS. [1] – MEC, Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, 1999. [2] – MOREIRA, Marco A. Uma Abordagem Cognitivista do Ensino de Física, Editora da Universidade de Porto Alegre, 1983. [3] – JÚNIOR, Francisco Ramalho. & FERRARO, Nicolau Gilberto. & SOARES, Paulo Antônio de Toledo. Os Fundamentos de Física. São Paulo, Moderna, 1988. [4] – CALÇADA, Caio Sérgio. & SAMPAIO, José Luiz. Física Clássica. São Paulo, Atual, 1985. [5] – GREF, Grupo de Reelaboração do Ensino de Física. Física. São Paulo, Edusp, 2000. [6] – MAGALHÃES, Murilo de F.; SANTOS, Wilma M.S.; DIAS, Penha M.C. ``Uma Proposta Para Ensinar os Conceitos de Campo Elétrico e Magnético: Uma Aplicação da História da Física", Revista Brasileira de Ensino de Física, 24, 489-496, 2002. [7] – GRAF, Rudolf. Experiências Elétricas. Trad. Fernando B. Ximenes. Rio de Janeiro, Ediouro, 1981. [8] – SOUZA, Nelson Lima de. Física para o Vestibular. Rio de Janeiro, Grafemar.