PRODUÇÃO DE MASSA SECA E EFICIÊNCIA NUTRICIONAL DE MUDAS DE MOGNO-AFRICANO ADUBADAS COM BORO Marcela Amaral de Melo(1), Matheus da Silva Araújo(2); José Eduardo Dias Calixto Junior(2); Cleiton da Silva Oliveira(3); Fabrício Rodrigues(4); Vitor Corrêa de Mattos Barretto(4) (1) Graduanda em Engenharia Florestal; Universidade Estadual de Goiás (UEG); Câmpus Ipameri, Goiás; [email protected]. Bolsista PVIC UEG; (2) Graduandos em Engenharia Florestal; UEG; Câmpus Ipameri, Goiás; (3) Pós-graduando de Mestrado em Produção Vegetal; UEG; Câmpus Ipameri, Goiás; (4) Docentes, UEG; Câmpus Ipameri, Goiás. INTRODUÇÃO No mercado brasileiro, a madeira de mogno-africano (gênero Khaya) vem ultrapassando cada vez mais os valores comerciais, superando entre outras espécies exóticas de cultivo como o Cedro, o Pinus e o Eucalipto. Um dos propósitos dessa valorização da Khaya é devido à comparação com a espécie nativa (Swietenia macrophylla King.), ou Mogno-brasileiro em que se diferencia devido à resistência a praga Hypsipyla grandella Zeller, que causa diminuição do vigor, crescimento, e proporcionando múltiplas brotações quando ocorre o ataque na gema terminal, desvalorizando madeira, sendo não favorável para o mercado (SOUSA, 2013). A madeira de K. senegalensis é classificada como uma das melhores madeiras entre os mognos-africanos para a fabricação de mobiliário, bem como para a decoração de interiores, por ser dura, pesada , durável e possuir desenhos de grande beleza (VASCONCELOS, 2012). Indicada também por Tremacoldi et al. (2013) a serem utilizadas na participação de sistemas silvipastoris no tópico úmido, obtendo respostas satisfatórias, por terem regeneração acelerada, caso lesionadas; rápido crescimento; tendo como resultado um produto final madeireiro comercial e possuir copa reduzida e fuste longo, o que diminui o sombreamento na pastagem. Há uma série de fatores que interferem no crescimento e o desenvolvimento de Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 espécies florestais, assim como também de outras plantas, tais como luz, água e o gás carbônico e da quantidade de nutrientes que suprem adequadamente. Quanto a adubação, temse os micronutrientes, que apesar de serem requeridos em pequenas quantidades, são de fundamental importância para que ocorra o desempenho das principais funções metabólicas dentro das células (CORCIOLI, 2013). Entre os micronutrientes, o boro possui um papel metabólico indispensável para as plantas, que tem resultado direto na formação de novos tecidos e também na produtividade, além da descoberta da redistribuição que ocorre dentro da planta em algumas espécies vegetais (SIEBENEICHLER et al., 2005). Devido à estreita relação entre o nível adequado e o tóxico, a dose do micronutriente B a ser ministrada às plantas é uma das maiores preocupações nas adubações, sendo que esta variável é em função da textura do solo (BRIGHENTI; MULLER, 2009). OBJETIVO O presente ensaio teve como objetivo avaliar a produção de massa seca e eficiência nutricional de plantas de mogno-africano (Khaya senegalensis) em função de doses de boro em casa de vegetação. METODOLOGIA O experimento foi instalado e conduzido em casa de vegetação da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Ipameri. Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Aw, tropical úmido, caracterizado por duas estações bem definidas, uma seca correspondente ao outono e ao inverno, indo de maio a setembro; e outra chuvosa correspondendo as demais estações. A precipitação média anual é da ordem de 1.500 mm, concentrando-se principalmente entre os meses de dezembro e março, em junho e julho as precipitações são praticamente nulas. As temperaturas médias são da ordem de 18°C (inverno) e 30°C (verão) e média anual de 23°C. As mudas de mogno-africano (Khaya senegalensis) foram obtidas do viveiro Vasconcelos Florestal, localizado no município de Monte Alto – SP, produzidas em tubetes a partir de sementes importadas do Continente Africano O substrato utilizado foi o Latossolo Vermelho distrófico coletado na Fazenda Experimental do Câmpus Ipameri, localizada no município de Ipameri-GO, da camada subsuperficial. Após a coleta, amostras de solo foram acondicionadas sobre lona de plástico preta em casa de vegetação onde ocorreu a secagem, por doze dias, e em seguida realizado o peneiramento (peneira de 4 mm), homogeneizado e amostrado para análise química e granulométrica do solo. Após análise de solo, o mesmo passou por incubação. Nesta fase foi feito a incorporação do carbonato de cálcio e de magnésio, na proporção Ca:Mg de 4:1, para elevar a saturação por bases a 60%. A umidade do solo se manteve a 60% da capacidade de retenção de água no solo durante 30 dias de incubação. Após período de incubação do solo, os solos foram colocados em vasos de plástico, com capacidade para 7 dm3, os quais receberam cinco doses de boro, a saber: 0; 1,0; 2,0; 4,0 e 6,0 mg dm-3 de B, tendo como fonte o ácido bórico. Todos os tratamentos receberam doses de nitrogênio (80 mg dm-3), fósforo (150 mg dm-3) e potássio (80 mg dm-3), variando apenas as doses de boro. O delineamento experimental utilizado constituiu o inteiramente casualizado com cinco doses de boro e seis repetições. As plantas foram conduzidas até aos 150 dias após o transplantio. E ao final dos 150 dias após transplantio, realizou as determinações de diâmetro do coleto, produção de massa de matéria seca dos componentes da planta (folha, caule, raiz e total), eficiência de utilização de nutrientes e teores de boro nas folhas. A eficiência de utilização de nutrientes para B (EUB) foram determinada nas folhas, no caule e na matéria seca total da parte aérea, empregando-se a fórmula: EU = (MS)²/Q, onde MS é a massa de matéria seca e Q é a quantidade de boro presente na biomassa, de acordo com Siddiqi; Glass (1981). Os dados obtidos nas avaliações foram submetidos à análise de variância (teste F) e quando significativa, em que ocorreu o teste de comparação das médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e/ou da análise de regressão entre os tratamentos crescentes. Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para a massa de matéria seca de folhas (MSF) não foi observada diferenças estatísticas significativas entre as doses de boro mostrando que mesmo baixas, promoveram desenvolvimento satisfatório. Com o aumento das doses de boro não houve acréscimos na produção de matéria seca de folhas. O tratamento sem boro (dose 0) apresentou maior incremento de matéria seca de folhas com 28,6 g (Figura 1A). Resultado diferente foi observado por Carmo et al. (2010), os quais avaliaram o efeito de boro na produção de massa de matéria seca de folhas em cedro-australiano, concluindo que a ausência de boro diminui a massa de matéria seca de folhas. A maior produção de massa de folhas na ausência de boro pode ter sido devido à rápida mineralização da matéria orgânica presente no solo em virtude do calor retido na casa de vegetação nas épocas quentes. A massa de matéria seca de caule (MSC) apresentou diferenças estatísticas significativas entre as doses de boro estudadas. Houve efeito quadrático para MSC em função das doses de boro (Figura 1B). Nota-se que há uma elevação na produção na dose de 0,5 mg dm-3 , decrescendo com a elevação das doses, observando que a dose de máximo é de 0,6 mg dm-3 . Analisando o intervalo entre as doses de 0 e 4,0 mg dm-3 , verifica-se que há redução de 54% na produção de biomassa de caule. A matéria seca de raiz (MSR) demonstrou diferenças significativas entre as médias dos tratamentos (Figura 1C), apresentando comportamento similar aos resultados de MSC. A dose que promoveu maior incremento de matéria seca de raiz foi a dose 0,5 mg dm-3 com uma produção de 46,3 g de raízes. Resultados diferentes foram observados em limoeiro siciliano, já que ainda não há informações disponíveis com as espécies florestais como o mogno-brasileiro, guanandi, teca ou eucalipto, onde verificou-se decréscimo na produção de MSR nas menores doses de boro. Esses resultados demonstram que o limoeiro é mais exigente as doses de boro (GRASSI FILHO, 1995), enquanto o mogno-africano é sensível à presença do elemento, podendo tornar-se tóxico em doses elevadas, uma vez que verifica-se uma curva decrescente acentuada com a elevação da dose. Analisando a biomassa total produzida por mudas de mogno-africano adubadas com boro, os dados mostraram diferenças significativas e o efeito nocivo das doses crescentes (Figura 1D). O comportamento da curva é semelhante aos dados da produção de MSC e MSR, onde a biomassa decresce com o aumento da dose, observando que a dose da máxima produção foi de 0,4 mg dm-3 , resultando em uma produção de biomassa de 120,6 g. Figura 1: Massa seca de folhas (A); Massa seca de caule (B); Massa seca de raiz (C); Massa seca total de plantas de mogno-africano sob doses de boro aos 150 dias após transplantio (D). Ipameri. UEG. 2014. Não foi possível realizar as determinações dos teores de boro no solo e nas folhas, por se tratar de uma análise de custo alto e não havia servidores habilitados do Instituto Federal Goiano, Câmpus de Urutaí para analisarem também, o que não permitiu realizar os cálculos de eficiência de utilização de boro nas folhas. CONCLUSÕES As mudas de mogno-africano são sensíveis às doses elevadas de boro, apresentando um comportamento tóxico através do decréscimo na produção de biomassa. Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 As mudas de mogno-africano exigem doses pequenas de boro para a produção de biomassa de folhas nas fases iniciais de desenvolvimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRIGHENTI, A. M.; MULLER, M. D. Controle do capim-braquiária associado à nutrição com boro no cultivo do mogno-africano em sistema silvipastoril. Revista Ciência Agronômica, v. 45, n. 4, p. 745-751, 2014. CARMO, D. L.; SILVA, B. V. N.; DIAS, J. S.; CARVALHO, J. G. e PINHO, P. J. Crescimento de Cedro-Australiano sob doses de boro e zinco em solução nutritiva. Enciclopédia biosfera, Goiânia, v. 6, n. 11, 2010. CORCIOLI, G. Indução de deficiências nutricionais em mudas de mogno-africano (Khaya ivorensis A. Chev.). 2013. 132 f. Tese (Produção Vegetal) – Agronomia, Universidade Federal de Goiás. Goiânia. 2013. GRASSI FILHO, H. Adições de cálcio e boro influenciando características fenológicas e composição foliar do limoeiro Siciliano enxertado sobre dois porta-enxertos. 1995. 77 f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 1995. SOUSA, E. Multiplicação in vitro de mogno (Khaya senegalensis). 2013. 102 f. Dissertação (Biologia Molecular) – Biotecnologia Vegetal, Universidade Federal de Lavras. Lavras. 2013. TREMACOLDI, C. R.; LUNZ, A. M.; COELHO, I. L.; BOARI, A. J. Cancro em mogno africano no estado do Pará. Pesq. flor. bras., Colombo, v. 33, n. 74, p. 221-225, abr./jun. 2013. VASCONCELOS, R. T. Enraizamento de estacas de Khaya senegalensis A. Juss. em diferentes concentrações de ácido indolbutírico. 2012. 45 f. Dissertação (Produção Vegetal) – Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal. 2012. SIEBENEICHLER, S. C.; MONNERAT, P. H.; CARVALHO, A. C.; SILVA, J. A.; MARTINS, A. O. Mobilidade do boro em plantas de abacaxi. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v. 27, n. 2, p. 292-294, 2005. Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015