Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015

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PRODUÇÃO DE MASSA SECA E EFICIÊNCIA NUTRICIONAL DE MUDAS DE
MOGNO-AFRICANO ADUBADAS COM BORO
Marcela Amaral de Melo(1), Matheus da Silva Araújo(2); José Eduardo Dias Calixto Junior(2);
Cleiton da Silva Oliveira(3); Fabrício Rodrigues(4); Vitor Corrêa de Mattos Barretto(4)
(1)
Graduanda em Engenharia Florestal; Universidade Estadual de Goiás (UEG); Câmpus
Ipameri, Goiás; [email protected]. Bolsista PVIC UEG;
(2)
Graduandos em Engenharia Florestal; UEG; Câmpus Ipameri, Goiás;
(3)
Pós-graduando de Mestrado em Produção Vegetal; UEG; Câmpus Ipameri, Goiás;
(4)
Docentes, UEG; Câmpus Ipameri, Goiás.
INTRODUÇÃO
No mercado brasileiro, a madeira de mogno-africano (gênero Khaya) vem ultrapassando
cada vez mais os valores comerciais, superando entre outras espécies exóticas de cultivo
como o Cedro, o Pinus e o Eucalipto. Um dos propósitos dessa valorização da Khaya é devido
à comparação com a espécie nativa (Swietenia macrophylla King.), ou Mogno-brasileiro em
que se diferencia devido à resistência a praga Hypsipyla grandella Zeller, que causa
diminuição do vigor, crescimento, e proporcionando múltiplas brotações quando ocorre o
ataque na gema terminal, desvalorizando madeira, sendo não favorável para o mercado
(SOUSA, 2013).
A madeira de K. senegalensis é classificada como uma das melhores madeiras entre os
mognos-africanos para a fabricação de mobiliário, bem como para a decoração de interiores,
por ser dura, pesada , durável e possuir desenhos de grande beleza (VASCONCELOS, 2012).
Indicada também por Tremacoldi et al. (2013) a serem utilizadas na participação de sistemas
silvipastoris no tópico úmido, obtendo respostas satisfatórias, por terem regeneração
acelerada, caso lesionadas; rápido crescimento; tendo como resultado um produto final
madeireiro comercial e possuir copa reduzida e fuste longo, o que diminui o sombreamento na
pastagem.
Há uma série de fatores que interferem no crescimento e o desenvolvimento de
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espécies florestais, assim como também de outras plantas, tais como luz, água e o gás
carbônico e da quantidade de nutrientes que suprem adequadamente. Quanto a adubação, temse os micronutrientes, que apesar de serem requeridos em pequenas quantidades, são de
fundamental importância para que ocorra o desempenho das principais funções metabólicas
dentro das células (CORCIOLI, 2013).
Entre os micronutrientes, o boro possui um papel metabólico indispensável para as
plantas, que tem resultado direto na formação de novos tecidos e também na produtividade,
além da descoberta da redistribuição que ocorre dentro da planta em algumas espécies
vegetais (SIEBENEICHLER et al., 2005). Devido à estreita relação entre o nível adequado e o
tóxico, a dose do micronutriente B a ser ministrada às plantas é uma das maiores
preocupações nas adubações, sendo que esta variável é em função da textura do solo
(BRIGHENTI; MULLER, 2009).
OBJETIVO
O presente ensaio teve como objetivo avaliar a produção de massa seca e eficiência
nutricional de plantas de mogno-africano (Khaya senegalensis) em função de doses de boro
em casa de vegetação.
METODOLOGIA
O experimento foi instalado e conduzido em casa de vegetação da Universidade
Estadual de Goiás, Câmpus Ipameri.
Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Aw, tropical úmido,
caracterizado por duas estações bem definidas, uma seca correspondente ao outono e ao
inverno, indo de maio a setembro; e outra chuvosa correspondendo as demais estações. A
precipitação média anual é da ordem de 1.500 mm, concentrando-se principalmente entre os
meses de dezembro e março, em junho e julho as precipitações são praticamente nulas. As
temperaturas médias são da ordem de 18°C (inverno) e 30°C (verão) e média anual de 23°C.
As mudas de mogno-africano (Khaya senegalensis) foram obtidas do viveiro
Vasconcelos Florestal, localizado no município de Monte Alto – SP, produzidas em tubetes a
partir de sementes importadas do Continente Africano
O substrato utilizado foi o Latossolo Vermelho distrófico coletado na Fazenda
Experimental do Câmpus Ipameri, localizada no município de Ipameri-GO, da camada
subsuperficial. Após a coleta, amostras de solo foram acondicionadas sobre lona de plástico
preta em casa de vegetação onde ocorreu a secagem, por doze dias, e em seguida realizado o
peneiramento (peneira de 4 mm), homogeneizado e amostrado para análise química e
granulométrica do solo. Após análise de solo, o mesmo passou por incubação. Nesta fase foi
feito a incorporação do carbonato de cálcio e de magnésio, na proporção Ca:Mg de 4:1, para
elevar a saturação por bases a 60%. A umidade do solo se manteve a 60% da capacidade de
retenção de água no solo durante 30 dias de incubação.
Após período de incubação do solo, os solos foram colocados em vasos de plástico,
com capacidade para 7 dm3, os quais receberam cinco doses de boro, a saber: 0; 1,0; 2,0; 4,0 e
6,0 mg dm-3 de B, tendo como fonte o ácido bórico. Todos os tratamentos receberam doses de
nitrogênio (80 mg dm-3), fósforo (150 mg dm-3) e potássio (80 mg dm-3), variando apenas as
doses de boro.
O delineamento experimental utilizado constituiu o inteiramente casualizado com
cinco doses de boro e seis repetições.
As plantas foram conduzidas até aos 150 dias após o transplantio. E ao final dos 150
dias após transplantio, realizou as determinações de diâmetro do coleto, produção de massa de
matéria seca dos componentes da planta (folha, caule, raiz e total), eficiência de utilização de
nutrientes e teores de boro nas folhas.
A eficiência de utilização de nutrientes para B (EUB) foram determinada nas folhas,
no caule e na matéria seca total da parte aérea, empregando-se a fórmula: EU = (MS)²/Q, onde
MS é a massa de matéria seca e Q é a quantidade de boro presente na biomassa, de acordo
com Siddiqi; Glass (1981).
Os dados obtidos nas avaliações foram submetidos à análise de variância (teste F) e
quando significativa, em que ocorreu o teste de comparação das médias pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade e/ou da análise de regressão entre os tratamentos crescentes.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para a massa de matéria seca de folhas (MSF) não foi observada diferenças estatísticas
significativas entre as doses de boro mostrando que mesmo baixas, promoveram
desenvolvimento satisfatório. Com o aumento das doses de boro não houve acréscimos na
produção de matéria seca de folhas. O tratamento sem boro (dose 0) apresentou maior
incremento de matéria seca de folhas com 28,6 g (Figura 1A). Resultado diferente foi
observado por Carmo et al. (2010), os quais avaliaram o efeito de boro na produção de massa
de matéria seca de folhas em cedro-australiano, concluindo que a ausência de boro diminui a
massa de matéria seca de folhas. A maior produção de massa de folhas na ausência de boro
pode ter sido devido à rápida mineralização da matéria orgânica presente no solo em virtude
do calor retido na casa de vegetação nas épocas quentes.
A massa de matéria seca de caule (MSC) apresentou diferenças estatísticas
significativas entre as doses de boro estudadas. Houve efeito quadrático para MSC em função
das doses de boro (Figura 1B). Nota-se que há uma elevação na produção na dose de 0,5 mg
dm-3 , decrescendo com a elevação das doses, observando que a dose de máximo é de 0,6 mg
dm-3 . Analisando o intervalo entre as doses de 0 e 4,0 mg dm-3 , verifica-se que há redução de
54% na produção de biomassa de caule. A matéria seca de raiz (MSR) demonstrou diferenças
significativas entre as médias dos tratamentos (Figura 1C), apresentando comportamento
similar aos resultados de MSC.
A dose que promoveu maior incremento de matéria seca de raiz foi a dose 0,5 mg dm-3
com uma produção de 46,3 g de raízes. Resultados diferentes foram observados em limoeiro
siciliano, já que ainda não há informações disponíveis com as espécies florestais como o
mogno-brasileiro, guanandi, teca ou eucalipto, onde verificou-se decréscimo na produção de
MSR nas menores doses de boro. Esses resultados demonstram que o limoeiro é mais
exigente as doses de boro (GRASSI FILHO, 1995), enquanto o mogno-africano é sensível à
presença do elemento, podendo tornar-se tóxico em doses elevadas, uma vez que verifica-se
uma curva decrescente acentuada com a elevação da dose.
Analisando a biomassa total produzida por mudas de mogno-africano adubadas com
boro, os dados mostraram diferenças significativas e o efeito nocivo das doses crescentes
(Figura 1D). O comportamento da curva é semelhante aos dados da produção de MSC e
MSR, onde a biomassa decresce com o aumento da dose, observando que a dose da máxima
produção foi de 0,4 mg dm-3 , resultando em uma produção de biomassa de 120,6 g.
Figura 1: Massa seca de folhas (A); Massa seca de caule (B); Massa seca de raiz (C);
Massa seca total de plantas de mogno-africano sob doses de boro aos 150 dias
após transplantio (D). Ipameri. UEG. 2014.
Não foi possível realizar as determinações dos teores de boro no solo e nas folhas, por
se tratar de uma análise de custo alto e não havia servidores habilitados do Instituto Federal
Goiano, Câmpus de Urutaí para analisarem também, o que não permitiu realizar os cálculos
de eficiência de utilização de boro nas folhas.
CONCLUSÕES
As mudas de mogno-africano são sensíveis às doses elevadas de boro, apresentando
um comportamento tóxico através do decréscimo na produção de biomassa.
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As mudas de mogno-africano exigem doses pequenas de boro para a produção de
biomassa de folhas nas fases iniciais de desenvolvimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRIGHENTI, A. M.; MULLER, M. D. Controle do capim-braquiária associado à nutrição
com boro no cultivo do mogno-africano em sistema silvipastoril. Revista Ciência
Agronômica, v. 45, n. 4, p. 745-751, 2014.
CARMO, D. L.; SILVA, B. V. N.; DIAS, J. S.; CARVALHO, J. G. e PINHO, P. J.
Crescimento de Cedro-Australiano sob doses de boro e zinco em solução nutritiva.
Enciclopédia biosfera, Goiânia, v. 6, n. 11, 2010.
CORCIOLI, G. Indução de deficiências nutricionais em mudas de mogno-africano
(Khaya ivorensis A. Chev.). 2013. 132 f. Tese (Produção Vegetal) – Agronomia, Universidade
Federal de Goiás. Goiânia. 2013.
GRASSI FILHO, H. Adições de cálcio e boro influenciando características fenológicas e
composição foliar do limoeiro Siciliano enxertado sobre dois porta-enxertos. 1995. 77 f.
Tese (Doutorado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Piracicaba, 1995.
SOUSA, E. Multiplicação in vitro de mogno (Khaya senegalensis). 2013. 102 f. Dissertação
(Biologia Molecular) – Biotecnologia Vegetal, Universidade Federal de Lavras. Lavras. 2013.
TREMACOLDI, C. R.; LUNZ, A. M.; COELHO, I. L.; BOARI, A. J. Cancro em mogno
africano no estado do Pará. Pesq. flor. bras., Colombo, v. 33, n. 74, p. 221-225, abr./jun.
2013.
VASCONCELOS, R. T. Enraizamento de estacas de Khaya senegalensis A. Juss. em
diferentes concentrações de ácido indolbutírico. 2012. 45 f. Dissertação (Produção Vegetal)
– Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal. 2012.
SIEBENEICHLER, S. C.; MONNERAT, P. H.; CARVALHO, A. C.; SILVA, J. A.;
MARTINS, A. O. Mobilidade do boro em plantas de abacaxi. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal,
v. 27, n. 2, p. 292-294, 2005.
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