x-pag 01.qxd - Jornal da Saúde Angola

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O Caminho do Bem
a saúde nas suas mãos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Ano 6 - Nº 69
Fevereiro 2016
Mensal Gratuito
jornal
European Society for
Quality Research
Lausanne
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
OXFORD
aude
A
da
EUROPE BUSINESS ASSEMBLY
N
G
O
Hospital Américo Boavida obtém a certificação internacional ISO 9001
L
A
Já não bastavam
os mosquitos,
agora há zika no
sexo e no sangue
O vírus zika chegou aos
Estados Unidos. E à Espanha. E a Israel. E ao Reino
Unido. E a Portugal. E a
Cabo Verde. Em Angola,
ainda não há registo. Este é
apenas o princípio de um
pesadelo que vem com um
mosquito de menos de um
centímetro de comprimento,
o Aedes Aegypti. E para
completar o cenário negro
de dimensões mundiais, um
alerta da OMS: uma pessoa
infectada pode transmitir o
zika através do sangue ou do
sémen. |Pags.4 e 6
No topo
da qualidade
Dormiu bem?
Não foi fácil, mas conseguiram! Ao fim de dois anos e meio de
trabalho intenso, o Hospital Américo Boavida obteve o tão
almejado galardão: a certificação internacional de qualidade
ISO 9001 para quatro dos seus serviços. Saiba como a direcção
e os profissionais desta unidade de saúde foram capazes de
implementar normas e procedimentos clínicos e criar novos
mecanismos de actuação que proporcionaram um modelo de
gestão dos serviços que garante um alto grau de competência
profissional, a eficiência na utilização dos recursos, um mínimo de riscos e uma elevada satisfação dos utentes. |Pags.8 e 9
Febre
tudo o que precisa
amarela: saber para evitar
Pag. 3
Dormir mal, ou em quantidade insuficiente, tornou-se
uma queixa de saúde pública prevalente que leva muitos utentes a procurarem
ajuda junto dos profissionais
de saúde, nomeadamente
junto do farmacêutico.
A insónia define-se como
uma inadequada qualidade
do sono que se descrita
como a dificuldade em
adormecer ou manter o
sono, despertares precoces
pela manha e sono não
reparador.
A este propósito, farmacêuticos e técnicos de farmácia
vão participar numa apresentação que a BIAL realiza
este mês, em Luanda, denominada "Noites sem sono O tratamento da insónia”,
sobre um fármaco que favorece a conciliação do sono.
|Pag.22
2 EDITORIAl
Fevereiro 2016 JSA
QUADRO DE HONRA
Rui MoReiRa de Sá
Director Editorial
[email protected]
Empresas Socialmente Responsáveis
A mudança
Vivemos um momento de transição na saúde. Reflecte, entre
outros, a mudança de paradigma do modelo económico em
que o país assentava. A crise económica coloca em teste os
hospitais. Está a ser difícil manter o nível da assistência com
tantas limitações até no abastecimento de consumíveis e reagentes de laboratório que são básicos.
Exemplos a seguir
Daí a importância crucial da optimização dos processos na
gestão das unidades de saúde. Nem de propósito, o hospital
Américo Boavida acaba de obter a certificação pela norma
9001 que atesta a qualidade dos serviços prestados por uma
instituição, conforme reportagem que publicamos neste número. Ora, isto obrigou à identificação e correcção dos erros
cometidos no passado, a implementação de normas e procedimentos clínicos, a criação de novos mecanismos de ac-
O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças
ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente
responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos
e o desenvolvimento sustentável do país.
tuação que garantissem um outro modelo de gestão. Enfim,
a mudança. Muita coragem e um exemplo a seguir.
Outro exemplo a seguir, neste caso por empresas privadas,
é a de uma petrolífera – a BP Angola – que, apesar dos tempos que correm, continua fiel aos seus compromissos para
com a comunidade. Os seus apoios em diversas áreas sociais,
incluindo a da saúde, têm permitido melhorar a assistência
sanitária e até a formação médica, como relatamos nesta edição.
Na área da saúde pública, as campanhas contra o novo surto
a febre amarela obrigaram os valentes técnicos a cerrar fileiras e a vacinar os cidadãos, começando pelas crianças.
Finalmente, nas páginas seguintes, actualize os seus conhecimentos sobre a nova ameaça chamado Zica que parece causar a microcefalia e que, afinal,... também se transmite pela via
sexual.
Março mulher O Jornal da Saúde saúda a mulher angolana e dedica a próxima edição ao seu bem-estar. Não perca.
Malanje conquista
medalhas em
Nuremberga
Campanha de
prevenção contra o
cancro do colo do útero
Depois da vacinação a meninas
entre os 9 e os 14 anos de idade, nos Centros de Acolhimento “Pequena Semente” e “Horizonte Azul”, contra o vírus HPV,
o Luanda Medical Center
(LMC) lançou, este mês de Fevereiro, uma campanha de prevenção contra o cancro do colo
do útero. De acordo com Rita
Matias, directora de marketing
do LMC, trata-se de “uma campanha de sensibilização que pretende alertar e informar sobre
A Faculdade de Medicina de Malanje da Universidade Lueji
A’Nkonde obteve a medalha de
ouro na 67ª. Feira Internacional
de Ideias,Inovações e Novos Produtos (IENA), realizado em Nuremberga, na Alemanha, com os
seus projectos “Estratégia para a
Prevenção das mordeduras de
serpentes em Angola” e “Estudo
deVenenos e envenenamentos
de serpentes de Angola”. No
mesmo evento, o Centro de Investigação e Informação de Medicamentos eToxicologia (CIMETOX) conquistou a medalha atribuída pela Associação de Inven-
tores deTaiwan, com os projectos“Estamos em Linha” (Software Droguisoft) para a prevenção,
informação, diagnóstico e tratamento do abuso de drogas com
a implementação de aconselhamento e ajuda à distância e o“Sistema integrado deToxicovigilância de intoxicações agudas com
suporte de software automatizado (Vigicimetox)”.
Ambas instituições foram representadas pelaVice-Decana para
osAssuntos Científicos da Faculdade,Paula Regina Simões de Oliveira,actualmente Decana da Faculdade de Medicina de Benguela.
os métodos de prevenção desta
doença. O rastreio é um pequeno gesto que pode salvar a vida
de mulheres que são também
mães, filhas, esposas e amigas de
alguém”. O cancro do colo do
útero é uma doença que afecta
mulheres em todo o mundo e
em Angola existe uma forte incidência deste tipo de cancro.As
estatísticas do IACC (ex Centro
Nacional de Oncologia), registaram, em 2015, 180 novos casos
de cancro do colo do útero.
FICHA TÉCNICA Conselho editorial: Prof. Dr. Miguel
Bettencourt Mateus (coordenador),
Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra.
Arlete Borges, Dr. Carlos (Kaka) Alberto, Enf. Lic. Conceição Martins,
Dra. Filomena Wilson, Dra. Helga
Freitas, Dra. Isabel Massocolo, Dra.
Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dúnem, Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr.
Josinando Teófilo, Prof. Dra. Maria
Manuela de Jesus Mendes, Dr. Miguel Gaspar, Dr. Paulo Campos.
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
[email protected];
Redacção: Cláudia Pinto; Francisco
Cosme dos Santos; Magda Cunha
Viana.Correspondentes provinciais:
Elsa Inakulo (Huambo); Diniz Simão
(Cuanza Norte); Casimiro José
(Cuanza Sul); Victor Mayala (Zaire)
MARKETING E PUBLICIDADE:
Eileen Salvação Barreto Tel.: + 244
945046312 E-mail: [email protected] Edição deste número:
Cláudia Pinto, Fotografia: António
Paulo Manuel (Paulo dos Anjos). Edi-
tor: Marketing For You, Lda - Rua Dr.
Alves da Cunha, nº 3, 1º andar - Ingombota, Luanda, Angola, Tel.:
+(244) 935 432 415 / 914 780 462,
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da Comunicação Social nº
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Delegação em Portugal: Beloura Office Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sintra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247
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Salvação Barreto
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Design e maquetagem: Fernando Almeida;
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Gráficas, SA
Transportes: Francisco Carlos de Andrade (Loy)
Tiragem: 20 000 exemplares.
Audiência estimada: 80 mil leitores.
Parceria: www.jornaldasaude.org
ACTUAlIDADE 3
JSA Fevereiro 2016
Angola reforça medidas
contra a febre amarela
A febre amarela é uma
doença infecciosa causada
por um flavivírus, para a qual
está disponível uma vacina
altamente eficaz.
A doença é transmitida por
mosquitos. Não existe tratamento específico além da
vacinação. É endémica em
44 países, dos quais nove são
latino-americanos. Em cada
ano são registados cerca de
200 mil casos de febre amarela no mundo, com uma
concentração crescente na
região da África Subsaariana. Cerca de 15% dos doentes desenvolvem uma forma
severa da doença e, entre
eles, a mortalidade chega a
50%. Uma pessoa não transmite febre amarela directamente a outra. Para que
ocorra, é necessário que o
mosquito pique um indivíduo infectado e, após o vírus
ter-se multiplicado, pique
um indivíduo que ainda não
teve a doença e não tenha sido vacinado.
n A infecção silvática de humanos ocorre quando estes
entram na floresta para caçar, recolher alimentos, proceder ao abate de árvores,
etc. Os indivíduos infectados
na floresta podem dar início
a transmissão entre humanos se houver a presença de
vectores peridomésticos
adequados nas cidades e aldeias. No ambiente urbano,
o Aedes aegypti é um vector
extremamente eficaz para o
vírus da febre-amarela. Este
mosquito é também o principal vector urbano para o
dengue e a chikungunya.
A febre-amarela distribui-se a oeste, centro e este
de África e na América do
Sul, do Panamá à região norte da Argentina. Nunca foi
detectada na Ásia. Já foram
registadas epidemias catastróficas, com dezenas de milhar de mortes, na África rural.
missão diretamente da fêmea adulta via ovos para os
adultos da próxima geração).
A virémia atinge o pico
mais elevado no dia antes ao
início dos sintomas, e geralmente é suficientemente
elevada para infectar mosquitos nos 4 dias seguintes.
A imunidade é provavelmente para toda a vida.
Todas as pessoas não vacinadas correm risco nas zonas com transmissão activa
da doença.
Evolução dos casos de Febre Amarela entre Dezembro de 2015 e Fevereiro de 2016
Medidas de prevenção
Existe uma vacina atenuada
de febre-amarela, considerada segura, eficaz e de baixo custo, que é administrada há mais de 50 anos. Apesar da vacina ser extremamente eficiente, a vacinação por rotina foi implementada em muito poucos
países.
Um certificado de vacinação da febre-amarela é
agora o único certificado
que deverá ser requerido
em viagens internacionais.
O vector Aedes aegypti já
foi endémico na Europa e
responsável por grandes
epidemias de febre-amarela
e dengue. A razão para o seu
desaparecimento após a II
Guerra Mundial nunca foi
explicada. Ainda está presente nos Estados Unidos e
já foi registado em 21 estados. É possível que o vector
volte a estabelecer-se na Europa, à semelhança do que
aconteceu com outro potencial vector, o Ae. albopictus.
Caraterísticas clínicas
O início dos sintomas é súbito, geralmente 3 a 5 dias
após a infecção. A doença
pode causar um amplo espectro de sintomas, de ligeiros a fatais. Nos casos clínicos verifica-se um início
abrupto de febre e dor de cabeça forte, artralgias e dores
musculares. Pode surgir icterícia no terceiro dia, o que
é possível indicador de caso
grave. Neste cenário, podem
ocorrer hemorragias espontâneas, falência renal, delírio, coma e morte. A mortalidade destes casos clínicos
pode chegar aos 80%, a par
de doenças como o Ébola,
Marburgo e outras infeções
virais hemorrágicas. A convalescença é longa, geralmente com sequelas graves.
O que fazer se
sentir sintomas
da febre-amarela
Se tiver febre, dor de cabeça forte, artralgias e dores
musculares (pode surgir icterícia no terceiro dia)
procure a unidade sanitária mais próxima, evite a automedicação (não tomar aspirina nem ibuprofeno) e
beba muitos líquidos (água e sumos).
Transmissão
Reservatório
Sendo uma infecção característica de primatas, o vírus
circula entre macacos e
mosquitos na floresta, e entre humanos e mosquitos
nas aldeias e zonas urbanas.
Nos macacos africanos a infecção é assintomática ou ligeira; as epizootias são sinalizadas quando os seres humanos adquirem a doença.
Por contraste, o vírus é letal
nos primatas do hemisfério
ocidental; as epizootias são
evidentes quando a selva fica silenciosa devido à elevada mortalidade dos macacos uivadores.
Modo de transmissão
As picadas de mosquitos infectados são o único modo
de transmissão. Os mosquitos adquirem o vírus quando
se alimentam de um hospedeiro virémico, após o que
(numa espécie susceptível) o
vírus infecta muitos tecidos,
incluindo as glândulas salivares. Apesar de poder levar
semanas (e muitas refeições
sanguíneas) até um mosquito ficar infectado, essa infecção é para a vida.
Novas infecções em humanos podem ocorrer
quando a saliva do mosquito, que contém o vírus, é injectada num hospedeiro
não imune durante refei-
ções sanguíneas subsequentes. O período de incubação extrínseco, ou seja, o
tempo necessário para o
mosquito se tornar infeccioso, é de cerca de 10 dias, dependendo da temperatura.
Também existem provas de
transmissão vertical (trans-
Áreas de incerteza
Apesar da riqueza de informação a nível da ecologia,
epidemiologia e patologia
da doença, há uma elevada
probabilidade de ocorrência de grandes surtos em
populações não vacinadas
em áreas onde se regista a
presença de Aedes aegypti.
Foram registados eventos adversos (viscerotrópicos ou neurotrópicos) após
imunização com vacinas da
febre-amarela sobretudo
em indivíduos idosos e
imunocomprometidos. Estes casos terão de ser melhor investigados para reunir e verificar evidências de
associação entre a vacina e
a doença clínica para poder
apoiar decisões em relação
à vacinação contra a febreamarela.
Campanha de combate em Angola
FFrancisco cosmE Dos santos
A campanha de combate à
doença, lançada este mês, envolveu várias acções de sensibilização das populações para se reforçar as medidas de prevenção,
tais como a colocação de óleo
queimado nos charcos, a protecção da picada dos mosquitos, a cobertura dos recipientes
de água, distribuição de mini doses de Bactivec (desinfectante
para água), a eliminação de criadouros de reprodução de larvas dos mosquitos, fumigação
intra e extra-domiciliar, e, também, a vacinação, principalmente de crianças.
De acordo com o Ministro
da Saúde,JoséVan-Dúnem,o lançamento da campanha foi no
Município deViana por se tratar
do epicentro do surto da doença, que assolou os luandenses
desde Dezembro de 2015.
O dirigente acrescentou que
a administração da vacina será
feita progressivamente nos arredores de Luanda, sendo prioritárias as crianças,mulheres grávidas, pessoas que possuem cartões e não foram vacinadas.
Alertou ao reforço da melhoria do saneamento básico,
controlo vectorial (redução da
quantidade de larvas e mosquitos), sobre tudo a vacinação como outras medidas preventivas
e eficazes que venham a assegu-
rar a eliminação da doença.
O lançamento da campanha
da febre-amarela no dia 2 de Fevereiro, contou com a presença
do Governador da Província de
Luanda Higino Carneiro, representante da OMS, Hernando
Agudelo, representantes da sociedade civil e profissionais do
sector.
Número de casos
Entre 22 de Dezembro de 2015
e 23 de fevereiro de 2016, registaram-se 565 casos, dos quais
434 na província de Luanda.O
município deViana é o mais afectado com 204 casos.No total,faleceram 118 pessoas, das quais
82 em Luanda.
4 ACTUALIDADE
Fevereiro 2016 JSA
Já não bastavam os mosquitos,
agora há Zica no sexo e no sangue
O vírus zika chegou aos Estados Unidos. E à Espanha. E a Israel. E ao Reino Unido. E a Portugal. E a CaboVerde. Em Angola, ainda não há registo. Este é apenas o princípio de um
pesadelo que vem com um mosquito de menos de um centímetro de comprimento, o Aedes Aegypti. E para completar o cenário negro de dimensões mundiais, um alerta da
Organização Mundial de Saúde (OMS) assumiu o que já se suspeitava: uma pessoa infectada pode transmitir o zika através do sangue ou do sémen.
1
O vírus Zika é transmitido
pelo mosquito Aedes (picam, normalmente, durante a manhã e ao fim da tarde) que foi inicialmente
identificado no Uganda,
em1947, em macacos.
Posteriormente, foi identificado em seres humanos,
em 1952, no Uganda e na
Tanzânia.Têm-se registado surtos da doença do
vírus Zika em África, nas
Américas, na Ásia e no Pacífico. Já chegou à Europa.
Está a ser investigada a
possível associação entre
a infeção por vírus Zika e
a microcefalia diagnosticada em fetos e recém-nascidos, bem como com a
associação entre esta infeção e o síndrome de Guillain-Barré.
3
2
Sinais e sintomas
O período de incubação (o tempo que decorre desde a exposição até aos sintomas) da doença
do vírus Zika não está estabelecido, mas é provavelmente de alguns dias. Os sintomas são semelhantes a outras infecções por arbovírus, incluindo o dengue, e são
a febre, erupções pele, conjuntivite, mialgia, artralgia, mal-estar e
cefaleias. Estes sintomas são, normalmente, ligeiros e duram dois a
sete dias.
Durante grandes surtos na Polinésia Francesa e no Brasil, respectivamente em 2013 e 2015, as
autoridades sanitárias nacionais
comunicaram potenciais complicações neurológicas e auto-imunes da doença do vírus Zika. Recentemente, no Brasil, as autoridades sanitárias locais observaram um aumento das infecções
pelo vírus Zika no público em geral, assim como um aumento nos
bebés nascidos com microcefalia
no nordeste deste país.Aa agências que investigam os surtos de
Zika estão a encontrar um conjunto de evidências cada vez
maior sobre a ligação entre o vírus Zika e a microcefalia.
Transmissão
Prevenção
O vírus Zika é transmitido às
pessoas através da picada de um
mosquito infectado do género
Aedes, principalmente o Aedes
aegyptinas nas regiões tropicas.
Trata-se do mesmo mosquito
que transmite o dengue, o chikungunya e a febre amarela.
Surtos da doença do vírus Zika
foram notificados, pela primeira
vez, no Pacífico, em 2007 e 2013
(respectivamente emYap e Polinésia Francesa) e, em 2015, nas
Américas (Brasil e Colômbia) e
em África (CaboVerde). Por outro lado, mais de 13 países nas
Américas notificaram infecções
esporádicas pelo vírus Zika, o
que indica uma rápida expansão
geográfica do vírus.
Existe comprovação científica
que o vírus Zika pode ser transmitido por via sexual, e que poderá permanecer no sémen durante várias semanas após a recuperação da infeção. Os viajantes para áreas afetadas com Zika
devem ser informados de que o
risco de transmissão sexual de
um homem infetado para outra
pessoa existe, pelo que se recomenda o uso do preservativo
O VÍRUS ZIKA PELO MUNDO
Os mosquitos e os seus locais de
proliferação representam um significativo factor de risco para a infecção
pelo vírus Zika.A prevenção e o
controlo dependem da redução dos
mosquitos através da redução das
fontes (eliminação e modificação
dos locais de proliferação) e da redução do contacto entre os mosquitos e as pessoas.
Isso pode ser feito usando repelentes de insectos, utilizando vestuário
(preferencialmente de cor clara) que
cubram tanto o corpo quanto possível, usando barreiras físicas, como
redes, portas e janelas fechadas e
dormir sob a protecção de mosquiteiros. É igualmente importante esvaziar, limpar e cobrir recipientes
que possam conter água, tais como
baldes, vasos ou pneus com flores,
para eliminar os locais de reprodução dos mosquitos.
Deve dar-se especial atenção e ajuda
às pessoas que possam não poder
proteger-se devidamente, tais com
as crianças, os doentes e os idosos.
Durante os surtos, as autoridades
sanitárias poderão aconselhar a usar
a pulverização de insecticidas. Os insecticidas recomendados pelo Esquema de Avaliação de Pesticidas da
OMS podem também ser usados
como larvicidas, para tratar recipientes de água relativamente grandes.
Os viajantes devem tomar as precauções básicas acima descritas, para
se protegerem contra as picadas dos
mosquitos.
Alemanha
2013
Itália
2015
Cabo
Verde
2015
Ilha
de Páscoa
(Chile)
2014
1952
Uganda e
Tanzânia,
identificado
em seres
humanos
Casos reportados desde 1951 África:
Egipto, Rep. Centro Africana, Serra Leoa
e Gabão ; Ásia: India, Malásia, Filipinas,
Tailândia, Vietname e Indonésia
ORIGEM
1947
Uganda
(Floresta Zika)
Vírus isolado
num macaco
4
Diagnóstico
O vírus Zika é diagnosticado
através de PCR (reacção em cadeia da polimerase) e do isolamento do vírus em amostras de
sangue. O diagnóstico por serologia pode ser difícil porque o vírus pode ter uma reação cruzada
com outros flavivírus, como o
dengue, febre do Nilo Ocidental
e febre amarela.
5
Tratamento
A doença do vírus Zika é, normalmente, relativamente ligeira e
não requer um tratamento específico.As pessoas com o vírus Zika devem repousar bastante, beber muitos líquidos e tratar as
dores e a febre com medicamentos comuns. Se os sintomas piorarem, devem procurar aconselhamento e cuidados médicos.
Actualmente, não existe nenhuma vacina disponível.
O essencial
-A doença do vírus Zika é causada por um vírus transmitido pelos
mosquitos Aedes.
-O vírus Zika pode ser transmitido por via sexual
-As pessoas com a doença do vírus Zika têm, normalmente, febre
ligeira, erupção da pele (exantema) e conjuntivite. Estes sintomas
duram, normalmente, 2-7 dias
-Actualmente, não existe qualquer tratamento específico nem
vacina
-A melhor forma de prevenção é
a protecção contra a picada do
mosquito
-Sabe-se que o vírus circula em
África, nas Américas, na Ásia e no
Pacífico
Ilha de Yap
2007
Polinésia
Francesa
2013/14
Casos importados
2007: Ilha de Yap (Micronésia); 2013: Alemanha e Polinésia Francesa (França);
2014: Ilha de Páscoa (Chile); 2015: Itália, Brasil, Suriname, El Salvador, Guatemala,
Paraguai, México, Venezuela, Panamá, Cabo Verde e Honduras; 2016: EUA, Antigua
e Barbados, Guiana Francesa (França), Martinica (França), Porto Rico (EUA),
Bolívia, Haiti, Guiana, Portugal, Rep. Dominicana, Equador, Colômbia, Saint Martin e Guadalupe
JSA Fevereiro 2016
publicidAde 5
6 VECTORES
Fevereiro 2016 JSA
Conheça
o inimigo
Mosquito Aedes aegypti
As principais
características
desta espécie são:
Animal de pequenas dimensões com cor nega e manchas
brancas no corpo e nas patas;
O mosquito fêmea é o único
responsável pela picada, logo
pela transmissão de doença
ao homem. O mosquito macho parece contribuir apenas
para a procriação da espécie;
Prefere picar sobretudo humanos, repousando em locais
sombrios como no interior
das habitações;
Cerca de três dias após efetuarem uma refeição sanguínea, os mosquitos fêmea depositam os seus ovos dentro
de um criadouro, numa zona
imediatamente acima da linha
de água, ficando fixos à parte
interna dos recipientes;
Os locais de postura dos ovos
são, preferencialmente, no interior ou próximos de locais
com atividade humana (domésticos ou peri-domésticos), sendo considerado cria-
douro os recipientes ou locais com condições para o
desenvolvimento da fase
aquática do mosquito
(ovos, larva e pupa);
Os criadouros do mosquito
podem ser locais ou habitats
naturais (por exemplo,
buracos nas árvores e axilas
das plantas) e contentores
artificiais com água estagnada.
Colocam os ovos durante
o dia em água, de preferência
pouco poluída, com material
orgânico (por exemplo,
folhas em decomposição,
algas, etc.), em contentores
com aberturas largas e revelam preferência por criadouros de cor escura e localizados à sombra;
São postos ovos durante vários dias, em diversos recipientes de modo a garantir a
sobrevivência dos mesmos, e
podem resistir um ano à dessecação (estado de seca).
Quando imersos em água e
reunidas as condições ideais
de temperatura, há a eclosão
das larvas a partir dos ovos;
Geralmente as larvas alimentam-se de pequenos organismos, algas e partículas de
plantas ou animais existentes
na água do criadouro;
A cor das larvas e pupas depende da alimentação disponível no criadouro mas, por
norma, surgem com uma cor
clara e translucida e depois
vão escurecendo;
Todo o ciclo imaturo ou aquático (isto é, de ovo até adulto)
pode ocorrer em apenas sete
dias, quando reunidas as condições ideais;
A esperança de vida de um
mosquito adulto é de cerca
de três semanas;
Nos países ou regiões mais
frias, o Aedes aegypti geralmente não sobrevive durante
o inverno mesmo sob a forma
de ovo.
Pode voar centenas de metros (não há consenso em
distâncias, variando entre
100 metros e 500metros).
O mosquito fêmea voa
sempre maiores distâncias
que o macho, uma vez que,
se não tiver ao seu dispor
pessoas para picar ou
criadouros para colocar os
ovos, desloca-se até os
encontrar.
Alimentam-se de néctar de
plantas, sucos de frutas e outros açúcares de plantas, que
são a sua principal fonte de
energia.
Ciclo de vida
O Aedes aegypti, a exemplo de outros mosquitos, tem um ciclo de vida
complexo, com mudanças dramáticas a nível morfológico e ecológico.
As fêmeas depositam os seus ovos nas paredes internas de recipientes com
água numa zona imediatamente acima desta.As larvas eclodem quando os
ovos são imersos em água, como resultado de chuvas ou pela ação humana.
Nos dias seguintes, as larvas alimentam-se de microorganismos e matéria
orgânica presente na água, mudando de pele três vezes por forma a serem
capazes de crescer, passando por quatro estádios de desenvolvimento larvar. Quando a larva adquire energia e tamanho suficiente e está já no quarto estádio, dá-se a metamorfose, passando de larva a pupa.As pupas não se
alimentam, apenas mudam de forma até que o corpo do mosquito adulto
se forme e irrompa a pele da pupa, emergindo da água. O ciclo de vida completo dura entre 8 a 10 dias à temperatura ambiente, dependendo da alimentação.
Assim, existe uma fase aquática (ovo, larva e pupa) e uma fase terrestre
(mosquito adulto) no ciclo de vida do Aedes aegypti.
TABELA DE SINTOMAS
SINTOMAS
ZICA
CHIKUNGUNYA
DENGUE
FEBRE
É baixa e pode
estar presente
Alta e de início
imediato. Quase
sempre presente
Alta e de início
imediato. Sempre
presente
DORES NAS
ARTICULAÇÕES
Dores leves que
podem estar
presentes
Dores intensas e
presentes em quase
90% dos casos
Dores moderadas
e quase sempre
presentes
MANCHAS
VERMELHAS
NA PELE
Quase sempre
presente e com
manifestação nas
primeiras 24 horas
Manifesta-se nas
primeiras 48 horas.
Pode estar presente
Pode estar
presente
PRURIDO
(COMICHÃO)
Pode ser de leve a
intensa e pode
estar presente
Presente em 50 a
80% dos casos.
Intensidade leve
É leve e pode
estar presente
VERMELHIDÃO
NOS OLHOS
Pode estar
presente
Pode estar presente
Não está presente
JSA Fevereiro 2016
publicidAde 7
8 HOSPITAIS
Fevereiro 2016 JSA
Hospital Américo Boavida obtém a certificação internacional ISO 9001
Hospital
5 estrelas
FFrancisco cosme dos santos
com rui moreira de sá
Américo Alberto de Barros
e Assis Boavida, médico e nacionalista angolano proeminente, ficaria certamente
muito orgulhoso ao ver o
hospital – de quem é patrono – obter a certificação internacional de gestão da
qualidade ISO 9001. E tal como o seu percurso de vida é
um modelo a seguir pelos
profissionais de saúde – recordemo-nos que a data da
sua morte, 25 de Setembro
(1968), foi escolhida para institucionalizar em Angola o
"Dia Nacional doTrabalhador da Saúde" – também este feito conseguido pelos dirigentes e equipas do Hospital Américo Boavida (HAB)
deve constituir um exemplo
de boas práticas a ser seguido por outras unidades de
saúde.
n Quando puseram mãos à
obra, Constantina Furtado,
Lina Antunes, Vasco Mutemba e Luís Cabelo não imaginavam as dificuldades e obstáculos que tinham de ultrapassar até conseguirem obter
a tão desejada certificação
ISO 9001 que atesta a qualidade dos serviços prestados
por uma instituição. Como
rever os planos, identificar os
erros cometidos no passado,
implementar normas e procedimentos, enfim, criar novos mecanismos de actuação
que garantissem um outro
modelo de gestão dos serviços do hospital consentâneo
com as exigências da 9001? E
tudo isto já num quadro de
restrições orçamentais e consequentes dificuldades financeiras…
Mas a directora-geral, a directora clínica, o director de
enfermagem e o administrador do HAB não se intimidaram. Conheciam a dedo a fibra dos profissionais de saúde – médicos, farmacêuticos,
enfermeiros, técnicos, administrativos – de que dispunham. Sentiram-se seguros e
confiantes. Mas tinham de
vencer o desafio.... Tal como
ao médico combatente pela
liberdade que abriu a frente
Leste e deu o nome ao hospital, também não lhes faltou
determinação, firmeza, capacidade de trabalho e resiliência para lutarem e atingirem
o objectivo. Dois anos e meio
depois de iniciarem o processo certificaram quatro serviços: a unidade de cuidados
intensivos, os serviços de orto-traumatologia, urologia e
a Triagem de Manchester da
urgência unificada de adultos. Foram os primeiros em
Angola. E puseram o país no
mapa das nações com unidades de saúde certificadas que
gerem bem as necessidades e
expectativas dos utentes garantindo a sua máxima satisfação.
Mas afinal o que
é a qualidade na saúde?
A certificação da qualidade
da prestação de cuidados de
saúde é hoje percebida como
uma necessidade intrínseca
aos próprios serviços, pois estes existem para servir os cidadãos. A palavra qualidade
possui uma grande diversidade de interpretações e definições dada por vários autores
e organizações. Referimonos a um produto como produto de qualidade se este
cumpre a sua função da forma que desejámos. Um serviço tem qualidade se vai de encontro ou se supera as nossas
expectativas. De acordo com
a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a qualidade
dos cuidados de saúde envolve um conjunto de elementos
que incluem: um alto grau de
competência profissional, a
eficiência na utilização dos
recursos, um mínimo de riscos, um alto grau de satisfação dos utentes e um efeito favorável na saúde. Em resumo, a qualidade na saúde pode ser definida como o grau
em que os cuidados médicos
aumentam a probabilidade
de alcançar os resultados desejados nos pacientes através
dos conhecimentos existentes na altura do tratamento. A
qualidade hospitalar resulta
do nível de perfeição atingido
pelos profissionais no diagnóstico e terapêutica das
doenças.
Como chegaram lá…
A certificação ISO 9001 obrigou ao cumprimento de muitos requisitos. De acordo com
a directora-geral, Constantina Furtado “um hospital precisa de estar muito organizado para obter esta certificação. Obriga à existência de
um quadro orgânico e respectivo organigrama, bem
como de um quadro analítico
e funcional. O hospital tem de
elaborar um manual e um
protocolo internacional com
os procedimentos que devem obrigatoriamente ser
respeitados pelo acto médico, o que também implica o
registo informático para as
doenças mais frequentes”.
A fase inicial do processo
de certificação consistiu na
contratação de uma empresa
que auxiliou o hospital a organizar-se de forma a cumprir todos os requisitos da ISO
9001, entre outras firmas de
auditoria interna e externa de
avaliação.
“Fizemos um estudo para
escolher os serviços que teriam maior capacidade para
se adaptar mais rapidamente
aos requisitos da ISO 9001 e
que poderiam ser os motores
dos restantes. Escolhemos
quatro que tinham uma boa
liderança, tanto a nível médico como de enfermagem, um
bom desempenho em termos de produtividade, além
de uma boa organização e
elevado grau de autonomia”,
disse.
“O serviço de Ortopedia já
tinha traçado uma meta, procurado parceiros fora do hospital devido à necessidade de
próteses, e organizado formações. Tratava-se realmente de um serviço que tinha
condições para uma certificação de qualidade”, considerou por sua vez a directora clínica, Lina Antunes.
Outro serviço escolhido foi
a Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). O médico da
UCI tem uma visão mais ampla do doente crítico, pode
ajudar a estabilizar e preparar
o doente mais rapidamente
para a UCI. É preciso poupar
tempo para salvar vidas”, frisou.
A Urologia foi também
candidata à certificação. De
acordo com as responsáveis,
este serviço tinha dado um
salto qualitativo muito grande nos últimos dois anos, nomeadamente a nível técnico.
Já tinha capacidade para realizar as grandes cirurgias urológicas e dispõe do ambulatório para urologia.
A triagem que deve obedecer ao Protocolo de Manchester – a primeira fase do
Serviço de Urgência – consistiu no quarto candidato bemsucedido à certificação.
Constantina Furtado
adiantou ainda que, neste
âmbito, também se introduziu nos serviços hospitalares
o procedimento de efectuar
entrevistas aos familiares e
amigos próximos dos pacientes, o que veio possibilitar um
maior conhecimento e aproximação entre médico e
doente.
Estabeleceram-se várias
medidas de precaução na
área cirúrgica para evitar o
surgimento de fatalidades
nos procedimentos médicos,
com vista a reduzir a mortalidade que constitui um dos
principais requisitos para a
certificação de qualidade de
qualquer hospital.
Para melhorar a confiança
dos pacientes nos actos cirúrgicos, “inserimos no bloco
operatório o regulamento das
cirurgias seguras – que se baseia em listas da OMS – e que
orientam o estado clínico do
paciente no sentido de se evitarem as trocas dos doentes
no momento em que serão
feitas as cirurgias”, revelou.
Instalaram-se equipamentos que possibilitaram a
informatização de toda a documentação dos pacientes
em todos os serviços, principalmente nos de medicina.
Para se evitar os constrangimentos que havia na casa
mortuária, passaram-se a utilizar pulseiras que contém todos os dados informatizados
dos doentes, com base na estratificação da triagem de
Manchester, para impossibilitar a trocas de cadáveres que
acontecia anteriormente na
morgue do hospital.
Para o reforço de todas estas normas, criou-se o programa da humanização de
cuidados e assistência que
possibilitou uma maior aproximação entre pacientes e os
profissionais. Estes passaram
a conhecê-los por nomes, e
não apenas por letras do alfabeto, para impedir que houvesse troca de medicação entre os doentes. Para este efeito, foi ministrada uma formação específica dirigida aos
técnicos de enfermagem por
docentes estrangeiros, dado
que se considerou ser um elo
que apresentava muitas debilidades e fraquezas no processo.
JSA Fevereiro 2016
9
nistrativos que foram significativamente melhorados e
são agora iguais às de qualquer hospital de referência a
nível internacional.
Note-se que o processo
em si não foi apenas dirigido
aos médicos, enfermeiros e
pessoal administrativo. Estendeu-se também às empresas prestadoras de serviços do hospital, fornecedores e farmácias.
Quando puseram mãos
à obra, Constantina
Furtado, Lina Antunes,
Vasco Mutemba e Luís
Cabelo não imaginavam
as dificuldades e
obstáculos que tinham
de ultrapassar até
conseguirem obter a
tão desejada
certificação ISO 9001
Em resumo, uma das vantagens significativas que oferece o sistema da gestão da
qualidade ISO 9001 é a segurança dos doentes. Todo o
processo que foi referenciado e exigido pela certificação
está a ser adoptados no atendimento do doente, quer no
seu diagnóstico e tratamento, quer nos métodos admi-
Impacto positivo
Na perspectiva do cidadão,
importa aferir se as certificações da qualidade têm um
impacto positivo nos cuidados de saúde prestados e no
controlo interno destes serviços.
Entre outros indicadores,
Constantina Furtado mencionou a redução do índice
de mortalidade de 15%, em
2014, para 10,1% em 2015 e a
realização de 121 cirurgias
de próteses da anca e do joelho que, até então, eram motivo de evacuação para o exterior. “O HAB dispõe de 21
especialidades, 17 com internamento, e faz todo o tipo
de cirurgias, excepto as cardio-torácicas. Em 2015, realizaram-se 8.532 operações.
Em 2008 tinham sido 2.300”,
revelou. Também aumentaram o número de parcerias
com várias empresas.
Dona Conceição
e o seu novo joelho
n As dores intensas começa-
ram já fazia tempo. No cacimbo piorava. Conceição
Casimiro tinha o joelho gasto.
Mais precisamente a rótula,
disseram-lhe os médicos...
Mas…os joelhos gastam-se?
– perguntou a si própria, em
silêncio, com vergonha de revelar a sua ignorância ao doutor. Nunca lhe tinha passado
pela cabeça que os joelhos se
gastassem…Mas, pensando
bem, na verdade, ao fim de 65
anos a carregar pesados sacos de plástico e, por vezes,
alguidares na cabeça, para cima e para baixo nos caminhos sujos e irregulares do
Cazenga, era difícil as cartilagens aguentarem, concluiu.
As dores impediam-na de
trabalhar e, ultimamente, de
acompanhar as filhas e os netos. Não, este prazer não lhe
poderiam roubar…”Já sofri
demasiado”, pesou. Por isso,
rejeitou as ervas do kimbandeiro e foi ao hospital Josina
Machel. Após um diagnóstico cuidado foi encaminhada
para o Américo Boavida
(HAB), em Julho de 2015, para ser submetida a uma cirurgia denominada artroplastia.
A operação realizada logo
no mês seguinte, em Agosto,
consistiu na substituição da
articulação afectada por um
implante em metal e polietileno, a chamada prótese do
joelho. Esta é fixa ao osso
através de um cimento especial.
“Foi um sucesso, a equipa
médica era especializada e
muito competente”, confidenciou à reportagem do JS.
Hoje, Conceição Casimiro, já
não sofre com dores. Regularmente vem aos serviços de
fisioterapia no HAB onde lhe
é dada toda a atenção. “Recomendo a todos que tenham
um caso idêntico que se dirijam a uma unidade hospitalar para serem tratados”, rematou. E despediu-se porque tinha de ir buscar os netos à escola.
10 reSponSAbilidAde SociAl
Fevereiro 2016 JSA
Boas práticas em Angola
Como uma empresa contribui para melhorar
a assistência sanitária às populações
Rui MoReiRa de Sá
n Como aumentar o número
de análises e detectar mais
casos de VIH/Sida em Luanda? E efectuar mais Raio X no
Moxico? Como colocar estudantes de medicina a treinar
manobras médicas sem pôr
em risco a vida dos pacientes?
E como melhorar as condições de tratamento das crianças com hidrocefalia?
Estes e outros desafios encontraram resposta nos programas de investimento social corporativo da BP Angola. Presente no país há mais
de 20 anos, as suas acções sociais continuam a marcar a
diferença na vida dos cidadãos. De acordo com o Vicepresidente para área de Comunicação e Relações Externas da BP Angola, Paulo Pizarro, nesta área “a estratégia
da companhia assenta principalmente na educação, desenvolvimento empresarial e
capacitação institucional alinhada com as prioridades do
governo e as necessidades
das comunidades, com o objectivo de contribuir para o
desenvolvimento sustentável
do país”.
O sector da saúde também
tem merecido da BP Angola
uma particular atenção. Só
este ano de 2016, por exemplo, patrocinou o XI Congresso da Ordem dos Médicos –
que actualizou os conhecimentos a cerca de 1.500 médicos participantes – e doou
uma série de equipamentos e
materiais gastáveis, entre luvas, soro, lençóis, armários,
camas, colchões e kits de higiene ao hospital Divina Providência, em Luanda, o qual
“beneficiou extraordinariamente os doentes internados”, como garantiu ao JS a
directora administrativa,
Chiara Giusto.
Já anteriormente, a BP Angola, e seus parceiros do Bloco 18, tinham doado equipamentos com tecnologia avançada para apetrechar o laboratório de análises deste hospital e financiaram a ampliação do seu posto de saúde
Nossa Senhora da Paz. De
acordo com a sua directora
clínica, a médica Sofia Vanda
Loa, a acção permitiu atender
mais de 200 pacientes por dia
e efectuar hemogramas completos, contagem de linfócitos
CD4 e CD8 para início da terapêutica e seguimento a
doentes seropositivos, baci-
loscopia, sífilis, hepatites B e
C, parasitologia, paludismo,
glicemia, ureia, entre outros.
“Detectamos cinco novos casos de HIV/Sida por dia”, revelou ao JS.
Um outro exemplo da
atenção que a BP Angola dá a
problemas específicos consistiu no apoio ao Centro
Neurocirúrgico e Tratamento
à Hidrocefalia – inaugurado
por Ana Paula Santos, na sua
qualidade de presidente da
Fundação Lwini – que melhorou as condições cirúrgicas às crianças com espinha
bífida e hidrocefalia e aumentou a capacidade para realizar 10 mil consultas e 1.500 cirurgias por ano.
Impacto no desempenho
dos futuros médicos
Particularmente interessante
foi o financiamento para a
instalação de um laboratório
de simulação médica na Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto
que “melhora as habilidades
dos estudantes perante situações médico-cirúrgicas que
possam ocorrer em determinadas etapas da sua formação e, mais tarde, no exercício
da sua profissão, diminuindo
o erro médico”, conforme referiu, na ocasião da sua inauguração, o ministro do Ensino Superior, Adão do Nascimento.
O laboratório tem várias
componentes práticas simuladoras, com as quais os estudantes, com recurso a bonecos (manequins) adaptados
a situações clínicas, desenvolvem manobras médicas
muitas vezes de alto risco. Os
manequins são de alta tecnologia e de programação electrónica avançada, o que lhes
permite falar e interagir com
os estudantes e técnicos de
saúde como se de verdadeiras pessoas se tratassem.
Um outro bom exemplo
de como uma empresa, no
âmbito das suas práticas de
responsabilidade social, pode ajudar a resolver problemas de saúde nas comunidades, neste caso longe de
Luanda, na província do Moxico, consistiu no apoio que a
petrolífera concedeu ao Centro Médico Jesus Salva, na cidade de Luena – uma unidade de saúde fulcral nesta região que atende uma população de quatro mil pessoas e
recebe 200 pacientes por dia.
O Centro trabalha em estreita
cooperação com o governo,
Um outro exemplo
da atenção que a
BP Angola dá a
problemas sociais
específicos consistiu
no apoio ao Centro
Neurocirúrgico e
Tratamento à
Hidrocefalia –
inaugurado por Ana
Paula Santos, na sua
qualidade de
presidente da
Fundação Lwini –
que melhorou as
condições
cirúrgicas às
crianças com
espinha bífida e
hidrocefalia e
aumentou a
capacidade para
realizar 10 mil
consultas e 1.500
cirurgias por ano.
principalmente no alargamento das campanhas de vacinação e de outras acções de
saúde preventiva. A primeira
fase do projecto de reabilitação desta unidade de saúde –
orçada em USD 117 mil, dos
quais USD 110 mil foram financiados pela BP Angola –
permitiu construir uma sala
de Raio X, uma sala de formação equipada com projector,
uma cantina, uma casa mortuária, adquirir equipamento
para o laboratório, um gera-
dor, levantar um muro em todo o perímetro do Centro,
pintar e, ainda, desenvolver
uma acção de formação que
capacitou 18 enfermeiros e
técnicos. A segunda fase,
também com os parceiros do
bloco 31, consistiu no apoio
ao projecto de ampliação do
Centro, no valor de USD 300
mil, que permitiu construir
dois blocos com seis consultórios, uma sala de espera,
uma sala para os profissionais, uma sala administrativa,
uma sala para arquivo, uma
sala de bioquímica e uma sala
para vacinação. Possibilitou
“melhorar significativamente
o conforto dos cerca de 200
pacientes que atendemos
diariamente, com mais privacidade, e dar mais atenção a
cada indivíduo ", garantiu o
director clínico, João Emílio
Palácio.
A lista é longa, mas não
queremos deixar de destacar
o programa de apoio aos invisuais. Uma das acções com-
portou o financiamento da
formação de formadores em
Braille, a partir do qual se
“abriram novas possibilidades de inclusão social para os
cegos e amblíopes de guerra”,
conforme atestou ao JS o presidente da direcção da Associação Angolana de Cegos e
Amblíopes de Guerra, José
Capamba, na cerimónia de
encerramento, ladeado de
José Sayovo, o nosso campeão paralímpico, igualmente apoiado pela BP Angola.
publicidAde 11
JSA Fevereiro 2016
SERVIÇOS DE SAÚDE COM ATENÇÃO
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Saúde Cuanza norte
JSA Fevereiro 2016 12
Autoridades sanitárias sensibilizam
população sobre a febre amarela
n As autoridades sanitárias
do município de Ambaca, a
cerca de180 quilómetros de
Ndalatando, no Cuanza Norte, estão a reforçar as medidas de prevenção da febre
amarela, através de campanhas de sensibilização porta
a porta, informando as populações sobre as formas de
contágio e combate à doença.
De acordo com o director
municipal da saúde, Caetano José Miguel, a acção visa
elevar o nível de informação
desta doença no seio das comunidades, incentivando-as
a intensificarem as medidas
de saneamento básico.
Apelou às populações a
reforçarem as medidas de hi-
giene com destaque para o
combate ao lixo e os charcos
de águas paradas para evitar
a reprodução de agentes
transmissores de doenças,
como os mosquitos.
Disse que a campanha –
que conta com a participação de técnicos de saúde, entre enfermeiros e médicos –
está, igualmente, a incentivar
a população a usarem mosquiteiros.
O responsável apelou à
população no sentido de
consultarem imediatamente
as autoridades sanitárias em
casos de sintomas como febres altas, dores musculares
e nos ossos, bem como vómitos e sangramentos nas narinas.
Diagnosticados 45 novos casos
de VIH/Sida em Ambaca
O hospital municipal de Ambaca
diagnosticou 45 novos casos positivos de VIH/Sida, em 2015,
mais 18 em relação ao ano anterior, informou o director da unidade sanitária, Caetano José Miguel.
O responsável salientou que os casos
resultam de quatro mil testes realizados – mais 1.814 relativamente ao
ano anterior.
Esclareceu que, durante 2015, não
se registaram óbitos devido a causas
relacionadas com esta doença.
Caetano José Miguel disse que as
45 pessoas diagnosticadas com a
doença estão agora a receber tratamento com antirretrovirais no hospital, juntando-se às outras 27 que já
beneficiam da referida terapia desde
o ano passado.
Esclareceu que, em 2015, foi criado, na região, numa iniciativa conjunta
com o secretariado da JMPLA, um
grupo de activistas voluntários de luta
contra o VIH/Sida, cujo trabalho tem
Uma campanha de bloqueio para impedir o aumento da
malária está a ser realizada na comuna do Luínga, a cerca
de 50 quilómetros de Camabatela, sede do município de
Ambaca, província do Cuanza Norte, na sequência de um
surto da doença que assola a região desde o passado mês
de Janeiro.
sido inestimável na sensibilização para
que mais pessoas adiram aos testes
voluntários.
Travar a tendência de aumento de
casos de Sida, segundo disse, constitui
a principal meta das autoridades sanitárias locais que prevêem reforçar a
informação sobre a doença através
de palestras nas comunidades e distribuição de mais preservativos.
Golungo Alto necessita
de 30 técnicos de saúde
Pelo menos 30 novos técnicos de
saúde, entre enfermeiros e médicos, são necessários para assegurar o normal funcionamento do
sector, no município do Golungo
Alto, província do Cuanza Norte.
A necessidade foi manifestada este
mês pelo director local da Saúde,António Bartolomeu Miguel, adiantando
Luínga reforça
combate à malária
que a disponibilidade de mais técnicos
aproximaria, cada vez mais, os serviços
de saúde às comunidades, tendo em
conta a expansão da rede sanitária.
Referiu que a circunscrição possui
uma rede sanitária constituída por um
hospital municipal, com capacidade de
internamento de 42 doentes, um centro e oito postos de saúde assegurados por 65 enfermeiros e quatro mé-
dicos, número insuficiente para atender a demanda da população que procura diariamente aqueles serviços.
Situado a 56 quilómetros de Ndalatando, sede da província do Cuanza
Norte, o município do Golungo Alto
é habitado por 29.259 cidadãos, repartidos em três comunas – Cambondo,
Quiluange e Cerca, além da sede municipal.
De acordo com o director municipal da Saúde, Caetano José
Miguel, em declarações à Angop,
foram diagnosticados cerca de
1.252 novos casos de malária, resultantes de 2.867 testes realizados, desde o início da campanha.
O responsável informou que,
numa primeira fase, a campanha
está direcionada para 12 aldeias,
das mais afectadas, num conjunto das 56 que compõem a comuna, estendendo-se posteriormente às demais.
Além das acções de despiste, a
campanha contempla igualmente a realização de palestras de sensibilização sobre as formas de prevenção, consultas médicas ambulatórias aos pacientes e distribuição de medicamentos anti palúdicos
às populações para prevenir a malária.
Assegurou, entretanto, que as autoridades sanitárias prevêem atingir
as quatro comunas do município, impedindo que mais cidadãos sejam afectados pela doença.
Apelou à população a reforçar as medidas de saneamento básico
nas comunidades, de formas a evitar-se o surgimento de doenças.
Realçou que as populações devem evitar a acumulação de lixo junto
das residências, eliminar o capim e as águas paradas, onde se desenvolvem os mosquitos que transmitem a doença.
A comuna do Luínga é habitada por 11.418 cidadãos, maioritariamente camponeses.
JSA Fevereiro 2016
publicidAde 13
Saúde Cuanza Sul
JSA Fevereiro 2016 14
Mulheres são esclarecidas
sobre gravidez precoce
n Uma palestra sobre "Gravi-
dez e casamento precoce",
dirigida a mulheres de vários
extractos sociais, realizou-se
este mês, no Sumbe, promovida pela Direcção provincial
da Família e Promoção da
Mulher, em parceira com Direcção Provincial de Saúde.
Na sua dissertação, o prelector Tomás Lucas referiu que
a adolescência constitui
uma fase de desenvolvimento humano, na qual “se adquirem habilidades em que
se quer saber tudo e aplicar
na prática, provocando, por
vezes, consequências que
resultam no surgimento de
uma gravidez”.
Afirmou estar preocupado
com a atitude de algumas famílias que optam pelo aborto
quando ocorre a gravidez precoce, ao invés de a prevenir, o
que, para além dos aspectos
éticos, sociais e o impacto na
vida da jovem, diminui a taxa
da mortalidade infantil.
Ao esclarecer que a gravidez precoce traz consequências de mudança de rotina da
vida das adolescentes, como o
abandono escolar, dependência financeira e dificuldades de arranjar emprego,
aconselhou as jovens a aderirem ao planeamento familiar,
tendo exortado os pais a continuar a pautar pelo diálogo
permanente, “com vista a evitarmos as gravidezes precoces”, sublinhou Tomás Lucas.
Jovens esclarecidos sobre
doenças transmissíveis
sexualmente
Serviços de saúde
desparasitam crianças
Jovens do bairro do Chingo, município do Sumbe, província
do Cuanza Sul, participaram este mês numa palestra sobre as doenças de transmissão sexual e as formas de contágio e prevenção.
A palestra teve como objectivo esclarecer os jovens sobre as vias de
prevenção para promoção da saúde sexual mais cuidada.
O chefe do centro do Chingo,Tomás Lucas, disse que as doenças
transmissíveis sexualmente devem ser evitadas, através do uso correcto de preservativo nas relações sexuais, entre outros métodos
preventivos.
O palestrante disse ser necessário que os jovens saibam como prevenir-se da sífilis,VIH/Sida, gonorreia e demais doenças transmitidas
por via sexual.
Aconselhou aos jovens a recorrer sempre a uma unidade sanitária
mais próxima quando sentirem um sintoma diferente nos seus órgãos sexuais e não fazerem automedicação.
Autoridades sanitárias
promovem campanha
sobre febre amarela
As autoridades sanitárias na província do Cuanza Sul iniciaram, este
mês, uma campanha de prevenção
contra a febre amarela, informou a
chefe do Departamento local da
Saúde Pública e Controlo de Endemias, Maria Lussinga.
A responsável referiu que, para além da
sensibilização nas unidades sanitárias,
igrejas, mercados informais e bairros periféricos, estão a proceder à fumigação
nos bairros com maiores focos de malá-
ria e a distribuir panfletos com informações necessárias sobre as formas de prevenção da doença.
Maria Lussinga disse que a campanha está
sendo dirigida por técnicos do sector
que alertam para o uso de mosquiteiros
impregnados e evitar recipientes e charcos com águas paradas.
Defendeu que o combate à febre amarela é também da responsabilidade de toda
a sociedade, pelo que “devemos estar informados sobre os cuidados a ter para
evitar a doença”.
Uma campanha de desparasitação de crianças em idade escolar
foi lançada este mês,no Sumbe,visando reduzir o número de infecções na província do Cuanza Sul.
Às crianças, entre os 5 aos 15 anos, foilhes administrado um remédio antiparasitário (Albendazol) utilizado no tratamento de infecções causadas por parasitas intestinais.
No acto de lançamento, a vice-governadora para o sector Político e Social, Maria de LourdesVeiga, referiu que
a desparasitação é uma prática que deve ser adoptada para a melhoria de vida
dos menores.
Esta acção, segundo a governante,
decorre dos compromissos assumidos
pelo Governo, sobretudo os direitos
humanos que garantem saúde e protecção social.
Acrescentou que nesta matéria o
Estado angolano compromete-se a
promover e garantir as medidas necessárias para assegurar a todos o direito
à assistência médica e sanitária.
Num curto pronunciamento,a chefe de Departamento da Saúde Pública
e Controlo de Endemias, Maria Lucinga,adiantou que todas as condições estão criadas para o êxito da campanha,
em que também serão abrangidas
crianças que se encontram fora do sistema de ensino.
Durante o lançamento oficial, os
participantes tomaram conhecimento
sobre a administração do Albendozol,
as principais causas de parasitas, efeitos secundários, cuidados básicos, en-
tre outros assuntos.
Presenciaram o lançamento, membros do governo, representantes da
OMS, directores de escolas, chefes das
repartições municipais de educação e
da saúde, entre outros técnicos e convidados.
Também no Seles
Também no Seles, os serviços de saúde, com a participação das escolas, iniciaram este mês,a administração deAlbendazol a cerca de 44 mil crianças.
O responsável da repartição de Educação,Cambambe Eduardo,disse que o
“acto contribui também para ajudar no
processo de ensino e aprendizagem dos
alunos”. Os serviços de saúde disponibilizaram ao município do Seles cerca de
45.358 comprimidos deAlbendazol.
JSA Fevereiro 2016
publicidAde 15
16 congreSSoS
Fevereiro 2016 JSA
Com a participação de 1600 médicos provenientes de oito países
XI Congresso Internacional
dos Médicos em Angola ultrapassou
todas as expectativas
Realizaram-se 36 cursos pré-congresso com 700 participantes – um aumento
de 40 por cento em relação ao ano anterior
Realizou-se nos dias 26 e 27
de Janeiro de 2016,no Centro de Convenções deTalatona,em Luanda,o XI Congresso Internacional dos Médicos
emAngola,promovido e organizado pela Ordem dos
Médicos deAngola (ORMED),a IV Feira Internacional Médica Hospitalar,em
parceria com a Marketing
ForYou,e aAssembleia Geral
Ordinária da Comunidade
Médica de Língua Portuguesa,com o alto patrocínio do
Executivo angolano.
n A sessão solene de abertura
do Congresso foi presidida
pelo ministro da Saúde, José
Vieira Dias Van-Dúnem. Fizeram parte do presidium
desta sessão, o ministro Aldemiro Vaz da Conceição,
Director do Gabinete de
Quadros da Casa Civil do
Presidente da República, a
ministra da Família e Promoção da Mulher, Filomena
Delgado, a Ministra da Ciência e Tecnologia, Maria Cândida Pereira Teixeira, o Ministro do Ensino Superior,
Adão Gaspar Ferreira do
Nascimento, a Vice-Governadora para o Sector Político
e Social, Jovelina Imperial,
em representação do Governador da Província de Luanda, General Francisco Higino Lopes Carneiro.
Honraram o evento com
a sua presença deputados à
Assembleia Nacional, membros do Executivo, Bastonários e Presidentes das Ordens e associações profissionais nacionais e estrangeiras
do Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Macau, Portugal
e São Tomé e Príncipe, entidades eclesiásticas, reitores,
decanos das Faculdades de
Medicina, Directores Nacionais e Provinciais de Saúde,
directores de unidades de
saúde públicas e privadas,
bem como responsáveis pelo sector da saúde dos ministérios da Defesa e Interior.
O Congresso decorreu
sob o lema “Os Médicos e os
seus Contributos na Consolidação Social”.
Foram realizados 36 cursos pré-congresso com 700
participantes – um aumento
de 40 por cento em relação
ao ano passado – que abordaram temáticas teóricopráticas em áreas diversificadas da medicina.
Estiveram presentes no
Congresso 1.600 médicos
nacionais e estrangeiros. Os
convidados foram provenientes do Brasil, Cabo Verde, Cuba, Moçambique, Macau, Portugal e São Tomé e
Príncipe.
Papel crucial dos médicos
No discurso de boas-vindas
ao Congresso, o Bastonário
Pinto de Sousa agradeceu o
alto patrocínio do Executivo,
a presença dos convidados,
moderadores, palestrantes e
conferencistas, endereçando ainda uma palavra de
apreço à comunicação social
e à participação das empresas neste evento. Face ao lema do Congresso, enfatizou
a necessidade de prosseguir
o esforço de todos os actores
na defesa do desenvolvimento e consolidação social,
onde o papel dos médicos se
deve direccionar rumo às
exigências nacionais, de
acordo com os objectivos da
ORMED, da Política Nacional de Saúde e do seu instrumento operativo, o PNDS
2012-2025.
Invocou a grande prioridade nacional em termos de
saúde: a promoção da saúde
e a prevenção da doença
sem esquecer a necessidade
de prosseguir o desenvolvi-
mento da medicina de precisão, e também o papel da investigação. O Sr. Bastonário
frisou que a atenção à saúde
materna e infantil continua a
ser um desígnio nacional,
constitucionalmente consagrado, o qual exige uma visão sistémica e integrada da
Saúde. Referiu que o Dia do
Médico deve ser lembrado
porque estes se dedicam às
grandes causas da Saúde e
da Doença.
O Bastonário defendeu
ainda que cabe aos médicos,
pela sua posição nas relações com os seus doentes, as
instituições onde trabalham,
a comunidade e a comunicação social, um papel crucial na consolidação e ampliação da cidadania activa,
factores que motivaram a escolha do lema do XI Congresso.
A saúde e o desenvolvimento humano e económico
Por sua vez, o Ministro da
Saúde, José Vieira Dias VanDúnem, no discurso de
abertura, lembrou que a saúde é, hoje, um bem da responsabilidade de todos e,
em particular, dos sectores
sociais e económicos. “É um
bem necessário a cada um
de nós e deve estar ao alcance de todos para o desenvolvimento progressivo do
país”, referiu. Fazendo alusão ao lema do evento “Os
médicos e os seus contributos na consolidação social”,
o ministro fez questão de relembrar a ligação que existe
entre a saúde e o desenvolvimento humano e económico, capaz de ser um polo integrador e aglutinador da
coesão social, além de que os
médicos, sem esquecer todos os outros profissionais
da saúde, contribuem diariamente com o seu trabalho
para o desenvolvimento e
progresso económico do
país.
Afirmou ainda que passados 40 anos da criação do
Serviço Nacional de Saúde
(SNS), os médicos podem
orgulhar-se da sua participação na construção social do
país, que, ao longo destes
anos, foi realizada com as
pessoas e com todos os profissionais que trabalham no
SNS.
José Van-Dúnem fez
questão também de salientar que “mesmo tendo consciência das deficiências do
SNS, ainda não ultrapassadas, ao longo destas quatro
décadas, o serviço e os seus
profissionais têm tentado
responder às necessidades
da população com profundo
respeito pela dignidade de
cada um. O que o Serviço
Nacional de Saúde tem de
mais belo e sublime é a solidariedade. Este valor tem
que estar sempre presente
independentemente das dificuldades e desafios que se
nos colocam”, disse.
O ministro lembrou que a
actual conjuntura económica que o país enfrenta obrigou a ajustar os programas e
planos delineados e imprimir um maior rigor na gestão
dos meios ao dispor, de maneira a que se possam proteger os ganhos já alcançados,
centrando esforços e prioridades, de forma a garantir e
preservar o essencial, para
que este período de contenção não implique reduções
na qualidade dos serviços ou
no acesso dos utentes à promoção, à prevenção e ao tratamento adequado e gratuito no serviço público.
Vigilância epidemiológica
e laboratorial
Na sua intervenção, José
Van-Dúnem realçou que
“este momento também se
JSa Fevereiro 2016
Raio X
Monitores e Ventiladores Mecânicos
Equipamentos para o Bloco Operatório
Equipamento Post Mortem
Equipamentos para Investigação Forense
Materiais e Reagentes de Laboratório
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18 congreSSoS
pode traduzir numa oportunidade para repensarmos
no financiamento do sector
da saúde para a sua sustentabilidade”.
Ainda na sua alocução, o
Ministro da Saúde lembrou
as principais preocupações
em relação à saúde dos angolanos, afirmando que,
neste momento, a prioridade centra-se na vigilância
epidemiológica e laboratorial, onde todos devem estar
capacitados e mobilizados
para detectar, notificar e responder precocemente ao
surgimento de doenças novas e reemergentes, como a
febre-amarela, a dengue, a
chikungunya, o ébola e o Zika vírus, detectado recentemente no Brasil. “Neste domínio não deve haver falhas” advertiu o Senhor Ministro. O débil saneamento
que se verifica em algumas
capitais provinciais, particularmente em Luanda, é em
boa parte responsável pelos
surtos que se verificam, pelo
que a magnitude dos problemas impõe uma resposta
multissectorial onde os parceiros, a sociedade civil e as
igrejas deverão ter um papel
fundamental, advogou.
Apesar dos constrangimentos identificados, o Senhor Ministro apontou os
avanços positivos a que se
tem assistido na área da saúde pública e de assistência,
nomeadamente a erradicação da poliomielite, a introdução de novas vacinas no
calendário nacional, nomeadamente a Pentavalente, Pneumo-13 e a Rotavírus,
o acompanhamento e o tratamento de pessoas com
VIH e Sida e a optimização
da expansão do Programa
de Prevenção Vertical em
todo o país, além da consolidação e manutenção da
proximidade do Serviço Nacional de Saúde às populações a nível municipal.
Para terminar, José VanDúnem lembrou à plateia
que é nos momentos mais
difíceis que se revela o engenho e a arte dos actores sociais. “A coesão social no
nosso País passa inelutavelmente por um povo com
saúde e esperança. Cabenos na nossa trincheira, darmos a garantia de que essa
esperança e a saúde do nosso povo não vacilarão.” Finalmente, incentivou a Ordem dos Médicos a dedicar
o melhor dos seus esforços e
das aptidões dos seus membros a dar respostas firmes
aos desafios com que estamos confrontados, por forma a que os angolanos continuem a confiar na nossa
capacidade de os manter
saudáveis e confiantes no
futuro.
Fevereiro 2016 JSA
JSA Fevereiro 2016
publicidAde 19
20 congreSSoS
Fevereiro 2016 JSA
Resultados do inquérito
aos congressistas
Resultados do inquérito aos
expositores e patrocinadores
92
78
50
36
19
A totalidade dos congressistas afirmou que o principal objectivo de participação foi assistir à conferência/actualizar conhecimentos. Os objectivos seguintes foram conviver com colegas (para 47% dos
congressistas) e conhecer as novidades na feira Médica Hospitalar (para 42% dos congressistas).
28
Para cerca de 92% dos expositores, a principal razão para a sua participação foi promover a imagem
da empresa/marca. Segue-se a identificação de novos clientes (78%) e o acolhimento dos clientes habituais (50%).
2
48
47
3
A quase totalidade dos congressistas afirmaram que os seus objectivos de participação foram
todos (48%) ou quase todos (47%) atingidos.
Cerca de 95 % dos expositores consideraram que os objectivos foram todos
ou quase todos atingidos.
A esmagadora maioria dos participantes considerou o programa/ temas interessantes (56%)
e muito interessantes (43%).
Metade dos expositores consideraram a organização boa. Cerca de um quarto acharam-na
muito boa (8%) e excelente (16%). O outro quarto (cerca de 24%) considerou-a razoável.
Cerca de três quartos dos congressistas afirmaram prever participar na
próxima edição em 2017.Ainda assim, há
que preparar um bom programa na próxima edição, e promovê-lo fortemente.
23
77
A maioria das empresas (cerca de
dois terços) prevê participar na próxima
edição em 2017. Nenhuma afirmou não
querer voltar a participar.
26
74
publicidAde 21
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22 INDÚSTRIA
Fevereiro 2016 JSA
Tratamento da insónia
BIAL apresenta fármaco
que favorece a conciliação do sono
Farmacêuticos e técnicos de farmácia vão participar
numa apresentação que a técnica Joana Palmela, da
farmacêutica BIAL, vai realizar no próximo dia 17 de
Março, no hotel Baía, em Luanda, denominada "Noites
sem sono - O tratamento da insónia”, a propósito do
Dormidina – um fármaco que favorece a conciliação do
sono.
Dormir mal, ou em quantidade insuficiente, tornou-se
uma queixa de saúde pública prevalente que leva muitos utentes a procurarem ajuda junto dos profissionais
de saúde, nomeadamente junto do farmacêutico.
A insónia define-se como uma inadequada qualidade
do sono que se descrita como a dificuldade em adormecer ou manter o sono, despertares precoces pela manha
e sono não reparador. Em alguns casos existe uma combinação destas queixas e com frequência surgem sintomas diurnos associados - sonolência, cansaço, fadiga,
falta de energia, falta de memória, dificuldades na atenção e concentração e irritabilidade.
Vários estudos epidemiológicos referem que um terço
da população em geral apresenta sintomas de insónia e
que 9% a 21% dos indivíduos investigados referem um
transtorno de insónia com consequências graves no seu
dia-a-dia.
Antiepilético de última geração disponível
para pacientes angolanos
n No
final de 2015, a BIAL
lançou em Angola, o antiepilético da ZEBINIX® (acetato
de eslicarbazepina). Este medicamento para a epilepsia, o
primeiro fármaco de patente
e investigação da BIAL é já
comercializado na Europa,
em mercados como a Alemanha, Reino Unido, Espanha, França, Itália e Portugal,
e também nos Estados Unidos.
Para o CEO do grupo
BIAL, António Portela, o lançamento deste antiepilético
em Angola “tem um significado especial pois é o primeiro mercado africano onde estamos a comercializar um
produto que resulta da nossa
investigação própria e que é
o coroar de muitos anos de
pesquisa, investimento, e dedicação de toda uma equipa.
BIAL está presente em Angola desde os anos 80, e podermos oferecer aos pacientes
angolanos uma solução inovadora para enfrentar a epilepsia é, de facto, o concretizar da missão de BIAL de estar ao serviço da saúde”.
O responsável de BIAL em
Angola, Nuno Cardoso, garante, por sua vez, que “queremos dar continuidade ao
trabalho que temos desenvolvido a nível mundial, em
que Angola é uma das nossas
prioridades. Com o lançamento de ZEBINIX® reforçamos o nosso portfólio no
país, o qual é constituído por
25 medicamentos que contribuem para a qualidade de
vida das pessoas e dos pacientes”.
Aprovado em 2009 pela
Comissão Europeia como terapêutica adjuvante em
doentes adultos com crises
epiléticas parciais, com ou
sem generalização secundária, o ZEBINIX® é administrado oralmente e apresenta a
vantagem para os doentes de
ser um fármaco de toma única diária.
O desenvolvimento deste
medicamento para a epilepsia envolveu 15 anos de investigação e um investimento superior a 300 milhões de
euros. Na Europa, o acetato
de eslicarbazepina está à
venda desde 2009; no continente norte-mericano foi
aprovado em 2013 pela Food
and Drug Administration
(FDA) e é comercialização
desde abril de 2014.
Acerca da Epilepsia
A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns, afetando, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo.
A epilepsia é caracterizada por descargas anormais neuronais transitórias que podem originar crises convulsivas. Clinicamente manifestam-se como
convulsões que, dependendo do tipo, podem ser limitadas a uma parte ou envolver globalmente todo o
corpo. Os doentes podem igualmente experimentar
sensações anormais, alterações de comportamento
e de consciência.
A epilepsia pode surgir em qualquer grupo etário
ou estrato social, atingindo igualmente os dois sexos.
Existem, no entanto, dois picos com maior incidência, que são na infância e terceira idade.
O médico Manuel Sobrinho, da Clínica Girrassol,
apresentou uma comunicação sobre a epilepsia e
seus tratamentos
JSA Fevereiro 2016
publicidAde 23
24 OSTEOPOROSE
Fevereiro 2016 JSA
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