Instituto Superior Técnico Departamento de Engenharia Química e Biológica Química Orgânica QUÍMICA ORGÂNICA https://fenix.ist.utl.pt/disciplinas/qo3/2008-2009/2-semestre ACETATOS AULAS TEÓRICAS Parte II Mestrado integrado em Engenharia Biomédica Mestrado integrado em Engenharia do Ambiente Licenciatura Bolonha em Engenharia de Materiais Docente responsável: Dulce Elisabete Bornes Teixeira Pereira Simão ([email protected]) 2º Semestre 2008/2009 1 Índice Parte I Reactividade de ligações Π 3 Reactividade de compostos aromáticos 23 Reactividade de compostos de carbonilo 40 2 3 4 5 6 7 Regra de Markovnikov: O protão do ácido HX adiciona-se ao átomo de carbonoda dupla que tem mais átomos de hidrogénio ligados. c Numa adição iónica de um reagente assimétrico, a uma ligação dupla, a parte positiva liga-se ao C da dupla que origina o C+ mais estável. 8 9 10 11 12 Reacções de polimerização Polímeros são moléculas grandes formadas pela repetição de unidades mais pequenas monómeros. Polímeros naturais: polissacáridos, polipeptídeos e proteínas Polímeros sintéticos: de adição ou de condensação. Polímero de adição: X Y + n H2C X CH2 C C Y n Polímeros vinílicos Monómero H2 C H2C CH2 CH Polímero * H2 C H2 C * H2 C H C CH3 H2C CH n * * Nome Utilizações polietileno Filmes para embalagens polipropileno CH3 n * H2 C H C * Sacos de plástico poliestireno Esferovite poli(cloreto de vinilo) (PVC) Persianas, tubagens n H2C CH Cl * H2 C H C Cl * n 13 Polímeros vinílicos Monómero H2C Polímero CH C H2 C * H C N * C N Nome Utilizações poliacrilonitrilo (Orlon, Acrilan) Tanques e depósitos poliacetato de vinilo Tintas e adesivos poliacrilamida Espessante n CH3 H2C C CH3 H2 C * C OCCH3 OCCH3 O O H2C n CH H2 C * H C * CNH2 CNH2 O O n Polímeros vinílicos Monómero H2C Polímero CH * H2 C * CH2 * F 2C CF2 viseiras e n CF2 H2 C F2 C H2 C F2 C F2 C Utilizações polimetacrilato de metilo “vidraças” (Perspex, plexiglas) O O H2C H C OCCH3 OCCH3 F 2C Nome n F2 C politetrafluoroetileno Teflon * * n Isolante térmico Polietilenotetrafluoretileno ET-FE Revestimento de edifícios 14 Polimerização de alcenos 1. Catiónica Intermediário H H H X H H E E X H Carbocatião 2. Radicalar Nu H H H X H H Nu X H Carbono radicalar 3. Aniónica H H H X H H R R X H Carbanião Polimerização catiónica: catalizada por H2SO4 H3C H3C C CH2 50% H2SO4 H3C 100º CH3 C (CH3)2C CH2 (CH3)3C CH2C(CH3)2 + (CH3)3CCH H + CH3 CH3 (CH3)3CCH2C CH2 C(CH3)2 DÍMEROS C H2 C(C H 3 ) 2 H+, 200º CH3 H H2C C C H3 C H3 CH2 C C H2 n-1 Poli-(2-metilpropeno) (poli-isobutileno) Agente de limpeza dos derrames de petróleo 15 Polimerização catiónica: catalizada por H2SO4 Mecanismo: (CH3)3CH C(CH3)2 + H CH3 H3 C C CH2C etc. C CH2C CH3 CH3 CH3 CH2 C CH3 CH3 H2 C C CH2 C CH3 C(CH3)2 CH3 C CH3 CH2 C CH3 CH3 CH2 CH3 CH3 H 3C CH3 C H 3C CH2 dímero CH3 H 3C CH3 + CH2 C CH3 CH3 CH3 CH3 H2 C C(CH3)2 CH3 Polimerização radicalar H2C CH2 Traços de O2 Y ou Peróxidos 100ºC, 15000 psi z CH2CH2 Mecanismo: Iniciação: .+ Y H2C CH2 Y n . CH2CH2 Propagação: Y . CH2CH2 + H2C CH2 . YCH2CH2CH2CH2 Y CH2CH2 . CH2CH2 16 Terminação: 2 Y . CH CH C H2C H2 2 Y( C H 2 C H 2 ) C H 2 C H 3 n + 2 n Y C H2C H2 . CH CH 2 n 2 Y( C H 2 C H 2 )mC H + Y C H2C H2 . m C H2C H2 Y( C H 2 C H 2 ) n Polímero linear Y(CH2CH2) CH CH2 Y(CH2CH2) CH2 (C H 2 ) 4 ( C H 2 C H 2 ) Y m . CH CH2 .CH CH2 CH2 CH2 H C H2 CH3 2 A cadeia passa a crescer aqui e resulta num polímero ramificado. Polimerização aniónica O iniciador é um anião, geralmente um nucleófilo forte O intermediário é um carbanião Só ocorre se o carbanião estiver estabilizado por ressonância (com grupos atractores de electrões) Mecanismo: H2 C CH C H2 C N CH NO2 H2C CH H2C CH OCCH3 O 17 Dienos conjugados ● Os dienos conjugados estão estabilizados por ressonância 18 19 Polimerização de Dienos ● Terpenos: classe de compostos naturais cuja unidade estrutural é o isopreno CH3 Isopreno (2-metil-1,3-butadieno) Exemplos de terpenos: Geraniol Mirceno Vitamina A Cânfora Esqualeno Limoneno 20 Polimerização do 1,3-butadieno: R R R Conformação SYN R R Conformação ANTI Polimerização - 1,2 R n R n Polimerização - 1,4 cis R R n n Polimerização - 1,4 trans R n R * 21 Polimerização do isopreno Borracha Natural A polimerização do isopreno dá predominantemente polimerização 1,4 (cis ou trans) Elástica n Cis 1,4-poli-isopreno Poli-isopreno cis Polimerização do isopreno Guta-percha Rígida n Poli-isopreno trans Guta-percha 22 2 formas de ressonância equivalentes → Muito estável Composto Aromático Nuvem Π cíclica (Sistema cíclico conjugado) Plano 4n+2 electrões Π (n=0,1,2…) 6 e- Π (n=1) 23 Outros Compostos Aromáticos Policíclicos Naftaleno 10 e- Π Antraceno Benzoantraceno presente no fumo do tabaco n=2 Grafite Futeboleno Anião ciclopentadienilo 6 e- Π, n=1 é aromático Ciclo-octatetraeno 8 e- Π não é aromático Piridina 6 e- Π, n=1 é aromático N N N 24 Furano 6 e- Π, n=1 é aromático Benzotiofeno 10 e- Π, n=2 é aromático N N N N H N Pirimidina 6 e- Π, n=1 é aromático Triazole 6 e- Π, n=1 é aromático Benzenos substituídos NO2 NH2 Nitrobenzeno Anilina O C OH Ácido benzóico OH CH3 Fenol O C H Benzaldeído Tolueno O C CH3 Acetofenona 25 Reacções de substituição electrófila aromática O benzeno tal como os compostos aromáticos em geral são pouco reactivos devido à sua grande estabilidade. Não dá reacções de ADIÇÃO típicas dos alcenos H H H H R Br Mecanismo geral de substituição electrófila aromática: E + H E E H E H Lento Rápido E +H Catião arénio - Não é aromático Diagrama de Energia para a Substituição Electrófila Aromática Energia Coordenada reaccional O passo lento é a formação do carbocatião 26 Nitração NO2 + HNO3 H2SO4 + H 2O Nitrobenzeno Mecanismo: O O H O HO S O H HO N HO S O O H O O H O O O N H O H2O N O N O O Ião nitrónio (E+) O O O H O N O N H O O H N O NO2 +N +H O Sulfonação SO3H + + H2SO4 (fumante) H2 O Ácido benzenosulfónico H2SO4 fumante é H2SO4 enriquecido com SO3 Mecanismo: O O H O + S O O H O S O O S S H O O O O (E+) OH O Equilíbrios reversíveis, neste caso, o que não acontece nas outras SEA. S O 27 Acilação de Friedel-Crafts O O C AlCl3 C H3C HCl CH3 Cl Cloreto de acetilo O O O C H 3C C O O C AlCl3 CH3 CH3C CH3 OH Anidrido acético Mecanismo: O AlCl3 C H3 C Cl O O C C AlCl4 H3C H3 C O +C O 3HC C O Catião acilo (E+) AlCl3 AlCl3(CH3COO) CH3 R R O C H C O H C R O H C O R O C +H R Cetona 28 Efeitos de orientação e Reactividade Grupos Activantes e Desactivantes A Nitração do tolueno é 25 vezes mais rápida que a do benzeno CH3 CH3 CH3 CH3 NO2 HNO3 H2SO4 + + NO2 NO2 62% Orto 33% Para 5% Meta A Nitração do nitrobenzeno é 104 vezes mais lenta que a do benzeno NO2 NO2 HNO3 H2SO4 NO2 NO2 NO2 + + NO2 NO2 93% Meta 6% Orto 1% Para A SEA tem carbocatiões como intermediários, logo os carbocatiões mais estáveis originam maior rendimento dos produtos provenientes desses carbocatiões. S S S S S S dador de e( +R ou +I ) Estabiliza o carbocatião Aumenta a velocidade da reacção Efeito maior se S estiver em Orto ou Para ( mais activante) S atractor de e( -R ou -I ) Destabiliza o carbocatião Diminui a velocidade da reacção Efeito maior se S estiver em Orto ou Para ( mais desactivante) 29 Grupos +R (doadores de e- por ressonância) -NH2, -NR2, -OH, -OR, -OGrupos +I (doadores de e- por indução) -R: -CH3, -CH2CH3, -C(CH3)3 Grupos -R (atractores de e- por ressonância) -NO2, -SO3H, -COOH, -COOR, -CHO, -C=OR Grupos -I (atractores de e- por indução) -CF3, -N+(CH3)3 Grupos +R e -I (doadores de e- por ressonância mas atractores por indução) -F, -Cl, -Br, -I Grupos +R e +I tornam o composto mais reactivo que o benzeno Grupos -R e -I tornam o composto menos reactivo que o benzeno Grupos +R e -I tornam o composto menos reactivo que o benzeno NO2 + HNO3 H2SO4 50ºC desactivante NO 2 NO 2 NO 2 + HNO 3 fum. H2 SO 4 fum. H 2 SO 4 100ºC NO 2 HNO 3 fum. 5 dias 100ºC O 2N NO 2 (HNO3 fumante é ác. nítrico enriquecido em NO2) (H2SO4 fumante é ác. sulfúrico enriquecido em SO3) 30 Efeitos dos substituintes na Orientação Grupos Meta-directores -NO2 é -R e -I NO2 -NO2 é desactivante Reacção 104 vezes mais lenta que a do benzeno NO 2 O N Ataque em ORTO NO2 NO2 O NO2 H N O HSO4- NO2 H NO2 O NO2 H NO2 NO2 NO2 -H+ 6% Instável Ataque em META NO2 O NO2 NO2 NO2 NO2 N O -H+ H H H NO2 NO2 NO2 93% NO2 HSO4- Ataque em PARA NO2 NO2 NO2 NO2 NO2 1% -H+ O N O H NO2 H NO2 Instável H NO2 HSO4 - NO2 31 Grupos Orto-Para directores -CH3 é +I CH3 -CH3 é activante Reacção 25 vezes mais rápida que a do benzeno CH3 O N Ataque em ORTO CH3 CH3 O CH3 H N O CH3 HSO4- H NO2 O CH3 H NO2 NO2 -H+ NO2 59% Estável Ataque em META CH3 O CH3 CH3 CH3 CH3 N O -H+ H H H NO2 NO2 NO2 4% NO2 HSO4- Ataque em PARA CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 -H+ 37% O N O H NO2 H NO2 Estável H NO2 HSO4- NO2 32 Grupos Orto-Para directores -OH é +R OH -OH é activante Reacção 103 vezes mais rápida que a do benzeno OH O N O Ataque em ORTO HSO4OH OH O OH OH H N O OH H NO2 OH H NO2 H NO2 NO2 NO2 -H+ 55% Muito estável Ataque em META O OH OH OH OH OH N O -H+ H H H NO2 NO2 NO2 <1% NO2 HSO4- Ataque em PARA OH OH OH OH OH OH -H+ 45% O N O H NO2 H NO2 H NO2 Muito estável H NO2 HSO4- NO2 33 Conclusões: Grupos atractores de e- (-R ou –I) são Desactivantes e Meta-directores Grupos doadores de e- (+R ou +I) são Activantes e Orto-Para-directores Halogénios (+R e -I) são Desactivantes e Orto-Para-directores A Acilação de Friedel-Crafts não ocorre em anéis desactivados: NO2 O C H3 C H3C Cl AlCl3 NÃO REAGE O O C H3C ClH AlCl3 NÃO REAGE 34 Acoplamento diazóico As aminas podem ser oxidadas a sais de diazónio pelo ácido nitroso NaNO2 HCl HNO2 NaCl N NH2 N HNO2 Cl NaCl Sal de Diazónio Os sais de diazónio são electrófilos fracos e podem atacar anéis aromáticos activados: anilinas ou fenóis (ou de preferência fenolatos) N N HO N N N N N N N N H OH HO H HO H Corante Azo HO N N HO -H H 35 Anéis aromáticos activados: anilinas ou fenóis (ou fenolatos) H 3C N CH3 OH O -H N N CH3 N N N N H3C CH3 CH3 “Butter yellow” (cor da margarina) N NH2 N HNO2 N H3C SO3H CH3 SO3H CH3 HO3S N N N CH3 Alaranjado de metilo 36 Resinas fenol-formaldeído Polímero sintético ( Resoles) por SEA. Utiliza-se o fenol com catálise básica ⇒ fenolato Todas as posições orto-para estão activadas. O formaldeído é o electrófilo e está em excesso. OH O O -H O C H H C H H O O O HOH2C C H CH2OH H CH2OH OH OH H2 C HOH2C H2 C CH2OH OH CH2OH CH2 Resole (exemplo) CH2OH CH2OH OH 37 Reacções de Substituição Nucleófila Aromática (SNAr) + Nu Cl A reacção não se pode dar por um mecanismo SN2 Mecanismo de Adição-eliminação: X X + Nu X Nu X Nu Nu Nu +X adição eliminação O anião só é estável se existirem grupos que estabilizem por ressonância em orto ou para em relação ao grupo rejeitado. X X + Nu X Nu X X Nu Nu Nu Nu NO2 +X NO2 N O NO2 N O O NO2 O Mais um contributor A substituição nucleófila em cloroarenos é uma via sintética para a produção de herbicidas Cl Cl Cl Cl 1. Na+OH– 2. H+, H2O Cl Cl O Cl H O Cl CH2C H2O, ∆ Cl OCH2COOH Cl Cl OH Ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético (2,4,5-T) 38 O Agent Orange é uma mistura 1:1 de: OCH2COOH Cl + Cl Ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) Cl OCH2COOH Cl Cl Ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético (2,4,5-T) Foi usado como desfolhante na guerra do Vietname e durante o seu fabrico: Cl OH Cl OH 500-600ºC 2 Cl O Cl Cl O Cl 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina (2,3,7,8-TCDD) 100000 vezes mais tóxica do que o cianeto carcinogénica deformações nos fetos Outros clorofenóis tóxicos: OH OH OH Cl Cl Cl Cl Cl CH2 Cl Cl Cl Cl Cl Cl hexaclorofenol (germicida) 2,3,4,5,6-pentaclorofenol (fungicida) Usado na preservação da madeira, origina dioxinas ao ser queimada As dioxinas mais tóxicas são as que têm todas as posições β substituídas e não têm as posições α substituídas. Cl Cl O Cl Cl O Cl muito tóxica Cl Cl O Cl Cl O Cl Cl Cl pouco tóxica 39 Aldeídos e Cetonas cinamaldeído (canela) Propanona acetona Vanilina (Baunilha) 4-(4-Hidroxifenil)-butan-2-ona (framboesa) 40 H Aldeídos e Cetonas R C C O R R Aldeído H Cetona H C H C O H O O δ+ C H δ- O H O carbonilo é polar e tem carácter electrófilo. R R δ+ δ- δ+ δ- C O C H O R Átomo de C mais electrófilo Átomo de C menos electrófilo Reactividade do grupo carbonilo E+ (Ataque por electrófilos) O C C Nü (Ataque por nucleófilos) O átomo de oxigénio tem propriedades básicas: O OH + C H3C H C H3C CH3 Adições iónicas ao grupo carbonilo: OδCδ+ + δ+ X δ- Y CH3 OX C Y 41 116 Mecanismos de adição à ligação C=O de aldeídos e cetonas: 1 - Adição nucleófila-protonação 2 - Protonação electrófila-adição 1- Adição nucleófila - protonação C ..O .. C Nu ..O.. .. H2O C + OH HO Nu Nu Os nucleófilos muito fortes seguem geralmente este mecanismo Exemplos: Formação de ciano-hidrinas O CN C O CN +H CN HO C H3C CH3 O CN +H C H3C CH3 H3C CN O HO CH3 CN 42 2- Protonação electrófila - adição .. ..O C + C H ..O .. ..O C H Nu H OH C Nu Mecanismo seguido na adição de nucleófilos fracos Exemplos: Formação de hidratos O H H C O C H H3C H O C H H3C H3C C H3C H H hidrato de aldeído O H OH HO -H C H H3C OH2 HO H Formação de hemiacetais O H H C H3C H H3C H O O C C H H3C H O HO CH2CH3 -H H H3C OCH2CH3 HO C C H 3C H H hemiacetal CH3CH2OH A adição ao carbonilo de aldeídos e cetonas é reversível. Os produtos são pouco estáveis. Os produtos só são estáveis se forem cíclicos (hidratos de carbono) O OH H HO H O 43 Oxidação de aldeídos Os aldeídos são facilmente oxidáveis a ácidos carboxílicos O O H OH O2 Benzaldeído Ácido benzóico O O O2 OH O2 (Leveduras) (Leveduras) H Etanol Ácido acético Não isolável Vinho OH Vinagre Ácidos carboxílicos e derivados H O O O OH Ácido fórmico Formigas H3C OH Ácido acético Fermentação O OH OH Ácido propiónico Ácido butírico Queijo suiço Manteiga rançosa O Ácido capróico (C6) OH O Ácido caprílico (C8) Ácido cáprico (C10) Gorduras animais OH O OH 44 O OH Ácido palmítico (C16) O OH Ácido esteárico (C18) Origem vegetal Ácidos de cadeia longa são ao chamados ácidos gordos Os ácidos carboxílicos e as amidas formam dímeros, devido à formação de pontes de hidrogénio intermoleculares. O R H O C C O H R 2 pontes de H O Têm por isso maiores pontos de ebulição e são solúveis em água. H3C O O O C C C OH H3C O H3C O Têm propriedades ácidas devido à elevada estabilidade da base conjugada (anião carboxilato) 45 Em meio básico os sais são extremamente solúveis em água: O OH OH O O Cadeia alifática apolar H2O Extremidade polar Sabões são sais alcalinos dos ácidos de cadeia linear entre C12 e C18. As cadeias orientam-se por forma a formar pequenas esferas (micelas) Interior da micela é constituído pelas cadeias alifáticas e a superfície polar, é constituída pelos grupos carboxilato, o que permite a solubilidade em água. Matérias orgânicas como gorduras e óleos Micela solubilizam-se no interior das micelas, sendo removidas dos locais onde se encontravam. Gordura Sabão Gordura solubilizada no interior da micela 46 Reactividade do grupo carbonilo em ácidos carboxílicos e derivados Sofrem reacções de substituição no C do grupo carboxílico Reage com nucleófilos δ+ R O C H Reage com electrófilos O δ- O mecanismo é de Adição-Eliminação: R O O H O + C H Nu R L L C C R Nu Nu + L H Intermediário tetraédrico Via mais importante para a formação de derivados dos ácidos carboxílicos. A reacção de substituição (adição-eliminação) é catalizada por ácido ou base: 1 - Mecanismo geral com catálise básica: O O R C + Nu R L C O L R Nu C + L Nu Só ocorre se L- for um bom grupo de saída. 2 - Mecanismo geral com catálise ácida (mais frequente): 1. Protonação O R C + L H O + R C H L 47 2. Adição-eliminação O R C H O H O H + NuH R C L R L C LH R Nu Nu H H O + C LH Nu 3. Desprotonação O R C H O R Nu + C + H Nu δ- Quanto mais electronegativo for L, mais electrófilo C é o átomo de carbono, logo maior a reactividade. O > C H3C Cl O O C C H3C O O > CH3 R δ+ O ≥ C H3C O OR O >> > C H3C L NH2 C H3C OH Reactividade (C mais electrófilo) Cloretos de ácido originam reacções violentas. Ácidos carboxílicos são pouco reactivos. Exemplos de reacções de substituição com catálise ácida 1 - Hidrólises O R C X + H2O O H+ R C OH + HX X = halogénio, OC=OR, OR, NH2, NR3, Reactividade (C mais electrófilo) A catálise ácida é necessária porque a água é um nucleófilo fraco. 48 1.1 – Hidrólise de cloretos de ácido H O H 3C O H Cl H 3C H OH H 2O Cl O HCl H 3C H O Cl H 3C OH O -H H3 C OH H No caso de cloretos de ácidos, a reacção é muito rápida e por vezes não precisa de catálise ácida (o substracto é muito reactivo). Há a libertação de HCl que serve de catalizador. 1.2 – Hidrólise de ésteres Exemplos de ésteres: Wintergrass 49 Hidrólise de ésteres (mecanismo): Catálise ácida H O H3C O H OCH3 H3C OH H2O H3C OCH3 H O OCH3 H H OH OH HCl H3C H O OCH3 H3C HO H O -H CH3OH H3C OCH3 O -H OH H3C OH H Catálise básica: Saponificação O O Na C R C OH OR' O R HO O OR' C OR' R OH HOR' C R O Na As gorduras são compostas por lípidos, que são ésteres de ácidos gordos. O OH Ácido esteárico (C18) O OR Estearato (Lípido) A hidrólise básica de gorduras origina sais de ácidos gordos: sabões 50 As margarinas são gorduras sólidas que derivam de ácidos saturados com C12 a C18 As ceras são gorduras sólidas que derivam de ácidos saturados com C24 a C28 Os óleos são gorduras líquidas que derivam de ácidos gordos com ligações duplas chamadas de gorduras insaturadas. Variação do pf com o número de insaturações: CH3(CH2) 7 Oleico pf = 13ºC (CH2) 7COOH C C H H CH 3(CH 2)5 Linoleico pf = -5ºC C C CH3CH 2 H C C C C C H HH H H H (CH2)7COOH CH2 CH2 C C H H H Linolénico pf = -16ºC (CH 2)7COOH CH 2 C Os ésteres dos ácidos gordos com o glicerol são os triglicéridos H H O CH2 OH CH2 OH CH2 OH + Ácido oleico 3 moles glicerol CH2 O C(CH2)7 CH2 OR CH2 OR C C CH2)7CH3 Triglicérido componente do azeite CH3 CH3 + ácidos gordos saturados HO Colesterol ésteres sólidos depósitos nas artérias 51 1.3 – Hidrólise de anidridos O O O H2O OH H O O OH 1.4 – Hidrólise de amidas O O NH2 OH H2O NH3 H Ambas seguem o mecanismo geral da hidrólise com catálise ácida 2 – Esterificação (formação de ésteres) 2.1 – Esterificação de ácidos O O HO H3 C CH2CH3 H2 O OH H 3C Mecanismo: O O OH OH OH HO CH2CH3 H3C OH H3C OH O H3CH2C O OCH2CH3 H H H3C H H H H3C O OH2 CH2CH3 O H H3C OCH2CH3 H3C OCH2CH3 É a reacção inversa da hidrólise dos ésteres. 52 Poliésteres Polímero de condensação. Esterificação entre um diácido e um diol. Poli(terftalato de etileno) ou Terilene Policarbonatos São poliésteres do ácido carbónico HO O O C C H3CO OH OCH3 Ácido carbónico Carbonato dimetílico CH3 C HO O OH C Cl CH3 CH3 O C CH3 Merlon Cl Fosgénio O 2HCl O C n 53 2.2 – Esterificação de anidridos e cloretos de ácido Os anidridos e cloretos de ácido reagem mais rapidamente que os ácidos carboxílicos. Reacção com alcoóis: O H3C RC C O O + Cl CR CH3 CH3 CH3CHCH2OH CH3COCH2CHCH3 + HCl O + R'O H RC O OH + RC O O As lactonas são ésteres cíclicos. O HO OH O R' O H H2O O δ-caprolactona Ácido δ-hidróxicapróico 3 – Formação de amidas Os cloretos de ácido reagem muito facilmente com aminas para originar amidas. O O H2N H3C CH3 H HCl Cl H3C NHCH2 Lactamas são amidas cíclicas. O H2N O OH H2O NH δ-caprolactama A Penicilina contém um anel um anel de lactama 54 Poliamidas Reacção entre um cloreto diácido e uma diamina. Nylon Proteínas São poliamidas naturais. As unidades monoméricas são α-aminoácidos As proteínas são constituídas por sequências de aminoácidos A lã e a seda são fibras de origem animal constituídas por proteínas. (lã queratina e seda fibroína) 55 Poliureias Ureia Polímero de condensação. São poliamidas do ácido carbónico. H2 N R NH2 + Fosgénio Poliuretano Polímero de condensação. Um uretano é um éster-amida do ácido carbónico. São muito importantes industrialmente. 56 4 – Formação de anidridos 4.1 – Por pirólise de ácidos carboxílicos O COOH CH2 CH2 C CH2 300ºC CH2 COOH O + H2 O C O Ác. succínico Anidrido succínico 4.2 – A partir de cloretos de ácido. O CH3CH2CH2COH O + O O ClCCH2CH2CH3 CH3CH2CH2COCCH2CH2CH3 + HCl O 5 – Formação de cloretos de ácido Preparam-se a partir de ácidos carboxílicos e reagentes inorgânicos: PCl5, PCl3, SOCl2 O O CH 3CH 2CH 2COH ClSCl O C 3 O CH 3CH 2CH 2CCl + SO 2 + HCl O OH PBr3 C Br + H3PO 3 57