0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FERNANDA CRISTINA STENGER DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA POR CLAE INDICATIVA DE ESTABILIDADE DO CLORIDRATO DE METFORMINA EM COMPRIMIDOS E ESTUDO DE CITOTOXICIDADE DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO Itajaí 2011 1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS FERNANDA CRISTINA STENGER DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA POR CLAE INDICATIVA DE ESTABILIDADE DO CLORIDRATO DE METFORMINA EM COMPRIMIDOS E ESTUDO DE CITOTOXICIDADE DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientadora: Profa. Dra. Tania Mari Bellé Bresolin Co-Orientador: Prof. Dr. Rogério Corrêa Itajaí, Fevereiro de 2011 2 DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA POR CLAE INDICATIVA DE ESTABILIDADE DO CLORIDRATO DE METFORMINA EM COMPRIMIDOS E ESTUDO DE CITOTOXICIDADE DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO FERNANDA CRISTINA STENGER ‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.’ ____________________________________ Tania Mari Bellé Bresolin, Dra. Orientador __________________________________________________________ Tania Mari Bellé Bresolin, Dra. Coordenador do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores: ______________________________________ Profa. Dra. Tania Mari Bellé Bresolin (UNIVALI) Presidente ______________________________________ Prof. Dr. Rogério Corrêa (UNIVALI) Co-orientador ______________________________________ Prof. Dr. Rivaldo Niero (UNIVALI) Membro ______________________________________ Profa. Dra. Simone Gonçalves Cardoso (UFSC) Membro Itajaí (SC), 28 de fevereiro de 2011 3 AGRADECIMENTOS Agradecimento especial aos meus pais Ediles Vedana Stenger e Nilton Moraes Stenger, por todo apoio financeiro e emocional, a meus irmãos Marina Stenger e Felipe Stenger, ao amigo e namorado Rafael N. Moura por todo apoio emocional. Aos meus professores, Tania Mari Bellé Bresolin, pela orientação, toda ajuda e tempo incansavelmente dedicados, e Prof. Rogério Corrêa pela coorientação e auxilio prestado. Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu trabalho, ao Prof. Rilton Alves de Freitas por toda ajuda nos ensaios celulares e pela grande contribuição. Ao Prof. Theodoro Wagner pelas análises de GC-MS realizadas. Ao Prof. Clóvis Antonio Rodrigues pelo incentivo e colaboração. À farmacêutica do LAPAM, Luciana Cátia Block, por todo tempo dedicado a ensinar e auxilio prestados nas análises, à auxiliar Eliziane Ribas pela colaboração nas análises por CLAE e também à colega Talita G. Cesca pelo auxilio. À auxiliar de laboratório Sheila Linsmeyer pelo auxilio prestado nas análises de citotoxicidade e a Bruna Fenner pelo auxílio no laboratório de síntese orgânica. Ao auxiliar de laboratório Pedro Araldi de Mattos da central analítica, pelo auxilio nas análises por CLAE e ao Pedro Pablo Perez Netto da Central de RMN, pelas análises realizadas. Às minhas amigas, Agda Nascimento, Thais Tomio, Elisa Muller e Jaqueline Góes pelo companheirismo e apoio nesta caminhada. Às minhas colegas da Farmácia Marcelli Henriques, Beatris Kuffel e Daiane P. de Oliveira por todo apoio e incentivo. 4 DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA POR CLAE INDICATIVA DE ESTABILIDADE DO CLORIDRATO DE METFORMINA EM COMPRIMIDOS E ESTUDO DE CITOTOXICIDADE DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO FERNANDA CRISTINA STENGER Fevereiro de 2011 Orientadora: Profa. Dra. Tania Mari Bellé Bresolin Co-orientador: Prof. Dr. Rogério Corrêa Área de Concentração: Produtos naturais e substâncias sintéticas bioativas. Número de páginas: 123 O cloridrato de metformina é um dos fármacos mais amplamente utilizados no tratamento do diabetes, fazendo parte da Relação Nacional de Medicamentos (RENAME). O perfil de degradação do fármaco nas especialidades farmacêuticas pode apresentar diferença e não existem informações disponíveis sobre o grau de toxicidade dos produtos de degradação. Portanto, o objetivo deste trabalho foi desenvolver e validar métodos de doseamento do cloridrato de metformina por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) verificando se as metodologias são indicativas da estabilidade do fármaco, a fim de comparar o perfil de degradação do fármaco isolado e em comprimidos (medicamento de referência, similar e genérico) e qualificar os produtos de degradação analisando a citotoxicidade. Um método farmacopeico (BRITISH PHARMACOPEIA, 2008) foi adaptado com modificação na composição da fase móvel e, após testes de degradação forçada empregando hidrólise ácida (HCl 1M, 6 h em refluxo), alcalina (NaOH 0,1 M, 24 h), neutra (39 h refluxo), oxidante (H2O2 32 %, 48 h) e fotolítica (254 nm, 3,5 h de exposição) a fim de proporcionar ao menos 10 % de degradação. O método alternativo utilizando par iônico foi desenvolvido com coluna C18, fase móvel composta de heptanosulfonato de sódio 10 mM, pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:8:17), fluxo de 1 mL/min, 30°C e detecção em 210 nm, o qual foi validado de acordo com a ANVISA. Observou-se, o aparecimento de produtos de degradação do cloridrato de metformina com boa resolução cromatográfica em ambos os métodos, mostrando serem seletivos e indicativos da estabilidade do fármaco. O método de par iônico foi validado com sucesso, apresentando linearidade na faixa de 5 - 50 µg/mL, com boa precisão (CV < 3,0% intra-dia e interdias), exatidão (recuperação de 100 ± 2,0%) sensibilidade (LD e LQ de 1,47 e 4,90 µg/mL, respectivamente) e robusto frente a pequenas variações de temperatura (29-31°C). Os medicamentos genéricos , similar e de referência apresentaram perfil de degradação semelhante entre si, porém, com menor intensidade do que o fármaco isolado. No estudo de citotoxicidade do fármaco degradado nas diferentes condições selecionadas, empregando células L929, não foi observada citoxicidade, tampouco das especialidades farmacêuticas degradadas por hidrólise ácida. Palavras – chave: Cloridrato de metformina, CLAE, Validação analítica, Produtos de degradação, citotoxicidade. 5 DEVELOPMENT AND ANALYTICAL VALIDATION OF HPLC STABILITY INDICATING METHODS FOR METFORMIN HYDROCHLORIDE IN TABLETS AND CYTOTOXICITY OF THEIR DEGRADATION PRODUCTS FERNANDA CRISTINA STENGER February 2011 Supervisor: Professor. Dr. Tania Mari Bellé Bresolin Co-supervisor: Prof. Dr. Rogério Corrêa Area of Concentration: Natural and synthetic bioactive substances. Number of pages: 123 Metformin hydrochloride is one of the most widely used drugs for the treatment of diabetes, and is part of the National List of Pharmaceuticals (RENAME). The drug degradation profile in pharmaceuticals may be different, and there is no information available on the degree of toxicity of all their degradation products. Therefore, the objective of this work was to develop and validate methods for determining metformin hydrochloride by high performance liquid chromatography (HPLC), verifying whether the methods are indicative of drug stability, in order to compare the degradation profile of the isolated drug and the tablet form (reference, generic and similar) and qualify the degradation products by analyzing their cytotoxicity. The pharmacopeial method was adapted with changes in mobile phase composition, following forced drug degradation tests using acid (1 M HCl, 6 h reflux), alkali (0.1 M NaOH, 24 h) neutral (39 h reflux), oxidant (32 % H2O2 48 h) and photolytic (254 nm, 3.5 h of exposure) hydrolysis to provide at least 10% of drug degradation. An alternative method was developed using ion pair with C18 column, mobile phase containing 10 mM sodium heptanosulfonato, pH 3.0: acetonitrile: methanol (75:8:17), flow 1 mL/min, 30°C and detection at 210 nm, which was val idated according to ANVISA. Various degradation products of metformin hydrochloride were observed, with good chromatographic resolution for both methods, showing that they are selective, and indicative of drug stability. The ion pair method was successfully validated, showing linearity in the range 50 to 50 µg/mL with good precision (CV < 3.0% intra-day and interday), accuracy (recovery 100 ± 2.0 %) sensitivity (LD and LQ of 1.47 and 4.9 mg/mL, respectively) and robustness to small variations in temperature (29 - 31 °C). The degradation profile of the reference, generic and similar medicines were very similar to each other, but with less intensity than the drug alone. In the study of cytotoxicity of the degraded drug, under different forced conditions, using L929 cells, no cytotoxicity was observed, and the same was true for the medicines degraded by acid hydrolysis. Key words: Metformin hydrochloride, HPLC, Analytical validation, degradation products, cytotoxicity 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para degradação em condições oxidativas (BRASIL, 2009)...................................... 31 Figura 2 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para degradação em condições neutras (BRASIL, 2009).......................................... 32 Figura 3 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para degradação em condições ácidas ou alcalinas (BRASIL, 2009)........................ 32 Figura 4 - Figura esquemática do processo envolvendo agente formador de pareamento iônico de característica aniônica e amostra ionizada catiônica em 37 CLAE.................................................................................................................. Figura 5 – Estrutura molecular do Cloridrato de metformina............................. 47 Figura 6 - Estrutura molecular das impurezas especificadas do Cloridrato de metformina.......................................................................................................... 49 Figura 7 – Cromatogramas relativos ao ensaio de doseamento: (a) cloridrato de metformina 25 µg/mL (b) mistura de cloridrato de metformina, cianoguanidina e melamina, em 25 µg/mL empregando coluna Luna SCX ®, tampão fosfato de potássio 150 mM pH 3,0:metanol 95:05, fluxo de 1 mL/min, a 30 °C, com detecção em 218 nm.................... ................................................ 73 Figura 8 - Cromatograma de Análise de degradação do fármaco a 25 µg/mL em água: (a) cloridrato de metformina 20 µg/mL; (b) degradação ácida; (c) degradação básica; (d) degradação neutra, (e) degradação oxidativa e (f) degradação por fotólise. Condições cromatográficas conforme Figura 7.......... 75 Figura 9 – Cromatograma de degradação do Glifage ®: (a) amostra sem degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f) 80 fotólise. Condições cromatográficas conforme Figura 7..................................... Figura 10 – Cromatogramas de degradação do Glucoformin ®: (a) amostra sem degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e 82 (f) fotólise. Condições cromatográficas conforme Figura 7................................ Figura 11 – Cromatogramas de degradação do Genérico ®: (a) amostra sem degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f) fotólise. Condições cromatográficas conforme Figura 7..................................... 83 7 Figura 12 – Desenho esquemático das placas de CCD utilizando: fase móvel CH3Cl:MeOH:Ac. Acético nas proporções: (a) 63,63:31,80:5,45; (b) 50:42,5:75; (c) 64,81:32,40:2,77. M = metformina padrão; D = diciandiamida; Me = melamina; A = amostra degradada por hidrólise ácida;N = amostra degradada por hidrólise neutra; O = amostra degradada por oxidação............. 86 Figura 13 – Desenho esquemático das placas de cromatografia em camada delgada da amostra ácida utilizando como fase móvel (a) CH3Cl:MeOH:Ac. Acético 63,63:31,80:5,45 (b) CH3Cl:MeOH:Ac. Acético 50:50 (c) diclorometano:MeOH 50:50 e revelador ninhidrina 5%...................................... 87 Figura 14 – (a) Desenho representativo da CCP do cloridrato de metformina degradado em meio ácido; (b) desenho representativo da recromatografia em CCD das bandas encontradas em (a) usando fase móvel diclorometano:metanol 50:50 e revelador ninhidrina 5%.................................... 88 Figura 15 – Desenho representativo da CCD obtida com as frações eluídas da coluna flash na qual foi aplicada a fração 5. Fase móvel 88 Diclorometano:metanol 50:50, revelador ninhidrina 5%..................................... Figura 16 – Espectro de RMN1 da fração 6 da CCP......................................... 89 Figura 17 - Espectro de RMN1 da subfração 3 da fração 5 da CCP................ 90 Figura 18 – Desenho representativo da CCD obtida com a fração 6 eluída da CCP, solvente hex:act etila 30:70, reveladas em câmara UV, 254nm............... Figura 19 - 91 Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após degradação ácida, detecção em 204 nm, a 30°C , 1 mL/min, fase móvel composta de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b) A:B:C (75:10:15); c) A:B:C (75:15:10)................................................................ 93 Figura 20 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após degradação ácida, detecção em 204 nm, a 35°C , 1 mL/min, fase móvel composta de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b) A:B:C (75:10:15); c) A:B:C (75:15:10)................................................................ Figura 21 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após degradação ácida, detecção em 204 nm, a 40°C , 1 mL/min, fase móvel 94 8 composta de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b) 95 A:B:C (75:10:15); c) A:B:C (75:15:10)................................................................ Figura 22 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20 µg/mL) na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:10:15 v/v), 1 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura, detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Water.................................................................................................................. 97 Figura 23 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20 µg/mL) na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:10:15 v/v), 0,8 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura, detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters................................................................................................................ 97 Figura 24 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20 µg/mL) na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:8:17 v/v), 1 mL/min fluxo e 30º C temperatura, detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters................................................................................................................ 98 Figura 25 – Cromatogramas de análise diciandiamida (Di), melamina (Me) e cloridrato de metformina (CM) (20 µg/mL) nas condições cromatográficas 99 citadas na Figura 24............................................................................................. Figura 26 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise ácida (HCl 1 M 6 h refluxo), a 25 µg/mL: (a) Cloridrato de metformina (cromatógrafo Shimadzu); (b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 18, no cromatógrafo Waters................................................... 100 Figura 27 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise básica (NaOH 0,1 M 24 h T.A.), a 25 µg/mL: (a) Cloridrato de metformina; (b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters............................................................................... Figura 28 - Cromatogramas de análise das especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise neutra (39 h refluxo), a 25 µg/mL: (a) Glifage®, (b) 101 9 Glucoformin®, (c) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 102 24, no cromatógrafo Waters............................................................................... Figura 29 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das especialidades farmacêuticas submetidos a oxidação (H2O2 48 h T. A.), a 25 µg/mL: (a) Cloridrato de metformina; (b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d) Genérico,nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters.......................................................................................... 103 Figura 30 - Cromatogramas de análise da comprimidos submetidos à Fotólise (3,5 h exposição a luz UV), a 25 µg/mL: (a) Glifage®, (b) Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters............................................................................... 104 Figura 31 - Gráfico de linearidade do cloridrato de metformina por CLAE em pareamento iônico com fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:8:17 v/v), 1 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura, detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters................................................................................................................ 107 Figura 32- Análise microscópica celular. a - células coradas com brometo de etídio e diacetato de fluorisceína. b - células sem corante. c - células coradas com corante Giemsa. 1 - condição ácida, 2 - condição básica, 3 - condição neutra, 4 - condição oxidante, 5 - Fotólise, 6 – Metformina padrão, 7 – Controle positivo (Triton X100®), 8 - Controle negativo (tampão PBS)............. 112 Figura 33 – a) Gráfico de viabilidade celular na análise de citotoxicidade dos produtos de degradação das especialidades farmacêuticas submetida a degradação ácida; b) Análise microcópica ds células coradas com diacetato de fluorisceina e brometo de etídio 1:100, onde: A) Glifage® degradada em meio ácido, B) Glucoformin® degradada em meio ácido, C) Genérico degradada em meio ácido, D) Controle negativo tampao PBS e E) controle positivo Triton X 100®........................................................................................ 113 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Limites permitidos para impurezas..................................................... 30 Tabela 2 - Resultado do doseamento dos medicamentos Glifage ®, Glucoformin ® e genérico Medley........................................................................ 74 Tabela 3 – Porcentagens de degradação do cloridrato de metformina nas diferentes condições de degradação selecionadas (ácida, base, oxidante, 77 neutra e fotolítica)................................................................................................. Tabela 4 - Porcentagens de degradação do fármaco e comprimidos................ 84 Tabela 5 – Parâmetros cromatográficos da análise por CLAE em pareamento iônico do cloridrato de metformina após degradação ácida, nas diferentes temperaturas testadas.......................................................................................... 96 Tabela 6 - Comparação dos percentuais de degradação do cloridrato de metformina e especialidades farmacêuticas e entre os métodos por CLAE.................................................................................................................... 105 Tabela 7 - Ensaio de exatidão do método por CLAE de pareamento iônico, por análise de recuperação do padrão cloridrato de metformina............................... Tabela 8 - 108 Ensaio de Precisão do método por CLAE de pareamento iônico.................................................................................................................... 109 Tabela 9 - Ensaio de Robustez com variação e temperatura e fluxo da fase móvel.................................................................................................................... 110 Tabela 10 – Viabilidade celular em L929 do cloridrato de metformina antes e após sofrer diferentes condições de degradação................................................ 112 11 LISTA DE QUADRO Quadro 1 - Condições de estresse sugeridas para medicamentos genéricos ou similares por ocasião da solicitação de registro, pós-registro ou renovação 33 de registro junto à ANVISA.................................................................................. Quadro 2 - Limites de notificação para impurezas.............................................. 34 Quadro 3 - Limites de identificação para impureza............................................ 34 Quadro 4 - Limites de qualificação para impurezas............................................ 34 Quadro 5 - Ensaios necessários para a validação do método analítico, segundo sua finalidade........................................................................................ 38 Quadro 6 - Limites porcentuais do teor do analito que devem estar contidos no intervalo de linearidade para alguns métodos analíticos................................ 40 Quadro 7 - Fatores que devem ser considerados na determinação da robustez do método analítico............................................................................... 44 Quadro 8 - Métodos analíticos para o doseamento da metformina por CLAE... 54 Quadro 9 – Condições cromatográficas testadas durante desenvolvimento da metodologia de análise do cloridrato de metformina e seus produtos de 64 degradação.......................................................................................................... Quadro 10 - Análise fatorial da variação entre temperatura, e proporção de fase móvel orgânica no método por CLAE de pareamento iônico....................... 66 Quadro 11 – Ensaio de Exatidão por recuperação do padrão............................ 68 12 LISTA DE ABREVIATURA ACN = acetonitrila Act = acetato ANVISA = Agência Nacional de Vigilância Sanitária CCD = cromatografia em camada delgada CCP= cromatografia em camada preparativa CG = Cromatografia gasosa CG-MS = Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas CLAE = Cromatografia Líquida de Alta Eficiência CH3Cl = clorofórmio CV = coeficiente de variação DMSO = dimetil sulfóxido DP = desvio padrão DPR = desvio padrão relativo EMEA = European Medicines Agency FDA = Food and Drug Administration Hex = hexano HILIC= Cromatografia Líquida de Interação Hidrofílica ICH = International Comission on Harmonization LAPAM = Laboratório de Produção e Análise de Medicamentos LD = Limite de detecção LQ = Limite de quantificação MeOH = Metanol MIE= Métodos indicadores de estabilidade MS = Espectrometria de massas MTT = Brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil )-2,5-difenil-2H-tetrazólio PBS = tampão fosfato de sódio Rf = fator de retenção RMN = ressonância magnética nuclear T. A. = temperatura ambiente USP = United States Pharmacopoeia UV = ultravioleta TDI= Ingestão Diária Total 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 16 2 OBJETIVOS...................................................................................................... 18 2.1 Objetivo geral................................................................................................. 18 2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 18 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 19 3.1 Estabilidade de fármacos e medicamentos.................................................... 19 3.1.1 Fatores que influenciam a estabilidade de Fármacos e medicamentos...................................................................................................... 22 3.2 Estudo de estabilidade.................................................................................. 26 3.3 Método Indicativo de Estabilidade.................................................................. 28 3.4 Impurezas e produtos de degradação............................................................ 29 3.4.1 Solventes residuais..................................................................................... 29 3.4.2 Impureza inorgânica.................................................................................... 29 3.4.3 Impureza orgânica ...................................................................................... 29 3.5 Técnicas analíticas para análise de impurezas orgânicas............................. 34 3.5.1 Técnica de pareamento iônico por CLAE.................................................... 36 3.6 Validação de metodologia analítica................................................................ 37 3.6.1 Seletividade ................................................................................................ 39 3.6.2 Linearidade.................................................................................................. 39 3.6.3 Intervalo....................................................................................................... 40 3.6.4 Precisão...................................................................................................... 41 3.6.5 Limite de detecção...................................................................................... 41 3.6.6 Limite de quantificação................................................................................ 42 3.6.7 Exatidão...................................................................................................... 42 3.6.8 Robustez..................................................................................................... 43 3.7 Diabetes Mellitus............................................................................................ 44 3.7.1 Cloridrato de metformina............................................................................. 47 3.7.2 Métodos por CLAE para análise do cloridrato de metformina..................... 49 4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 56 4.1 Materiais......................................................................................................... 56 4.2 Equipamentos ............................................................................................... 57 4.3 Doseamento do cloridrato de metformina nas especialidades 14 farmacêuticas....................................................................................................... 58 4.4 Estabelecimento das condições de degradação do cloridrato de metformina .......................................................................................................... 60 4.4.1 Hidrólise ácida............................................................................................. 60 4.4.2 Hidrólise básica........................................................................................... 60 4.4.3 Degradação Neutra .................................................................................... 61 4.4.4 Degradação oxidante.................................................................................. 61 4.4.5 Fotólise........................................................................................................ 61 4.5 Caracterização do produtos de degradação.................................................. 62 4.5.1 Cromatografia em camada delgada (CCD)................................................. 62 4.5.2 Cromatografia em camada delgada preparativa (CCP).............................. 63 4.5.3 Ressonancia magnética nuclear (RMN)...................................................... 63 4.5.4 Coluna Flash............................................................................................... 63 4.5.5 Espectroscopia de massas (MS)................................................................. 63 4.6 Desenvolvimento de método alternativa para análise dos produtos de degradação por CLAE.......................................................................................... 64 4.7 Validação analítica......................................................................................... 66 4.7.1 Linearidade e intervalo................................................................................ 67 4.7.2 Exatidão...................................................................................................... 67 4.7.3 Seletividade................................................................................................. 68 4.7.4 Precisão...................................................................................................... 69 4.7.4.1 Repetibilidade........................................................................................... 69 4.7.4.2 Precisão intermediária.............................................................................. 69 4.7.5 Limite de detecção e quantificação............................................................. 70 4.7.6 Robustez .................................................................................................... 70 4.8 Ensaios de citotoxicidade............................................................................... 70 4.9 Análise estatística.......................................................................................... 71 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 73 5.1 Doseamento das Especialidades Farmacêuticas.......................................... 74 5.2 Teste de degradação forçada........................................................................ 74 5.3 Caracterização dos produtos de degradação................................................ 85 5.4 Desenvolvimento de Método alternativo para Doseamento do fármaco e análise dos produtos de degradação por CLAE................................................... 91 15 5.5 Validação do método de pareamento iônico por CLAE................................. 106 5.6 Citotoxicidade................................................................................................. 111 6 CONCLUSÃO................................................................................................... 115 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 117 16 1 INTRODUÇÃO Um dos requisitos básicos para a obtenção do registro de um medicamento perante o Ministério da Saúde é a realização do estudo de estabilidade, visto que a estabilidade é inerente ao produto e, em determinadas condições climáticas, pode sofrer algumas modificações (BRASIL, 2004; EMEA, 2004; KOPP, 2006). O estudo de estabilidade tem por objetivo determinar o prazo de validade dos medicamentos bem como acompanhar suas características físico-químicas durante seu armazenamento. Alguns fatores podem delimitar a estabilidade dos fármacos, bem como ser a causa principal da perda de atividade terapêutica, como umidade, calor, pH e luminosidade, os quais também podem acelerar o processo de degradação dos mesmos (ENEIDA, 2005; EMEA, 2004; FLORENCE; ATTWOOD, 2003). A instabilidade dos produtos farmacêuticos pode dar origem aos produtos de degradação. Estes devem ser notificados, identificados e/ou qualificados quanto ao grau de toxicidade, por ocasião do registro, pós-registro e renovação de registro de medicamentos junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), segundo o Informe Técnico n° 1, de 15 de julho de 2008 (BRA SIL, 2008). O estudo de estabilidade requer o emprego de metodologias analíticas validadas que sejam indicadoras de estabilidade (Métodos Indicadores de Estabilidade-MIE) do analito em estudo. Testes de degradação forçada do analito podem auxiliar no estabelecimento das vias de degradação, na identificação dos produtos de degradação e na avaliação da estabilidade intrínseca da molécula além de validar a capacidade do método analítico de ser indicativo da estabilidade da amostra em estudo. A natureza dos testes de degradação forçada ou de estresse irá depender das características individuais do fármaco e do tipo de forma farmacêutica envolvida (ICH, 2006). A fim de contribuir para o conhecimento da estabilidade do cloridrato de metformina, um dos fármacos mais prescritos mundialmente para o tratamento do Diabetes Tipo II e constante da Relação Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL, 2010a), este trabalho visou desenvolver e adaptar o método analítico por CLAE descrito na Farmacopeia Britânica (BRITISH PHARMACOPEIA, 2008), verificando se o mesmo é indicativo da estabilidade do fármaco, além de 17 desenvolver e validar um método alternativo, empregando coluna C18 e pareamento iônico. Em ambos os métodos foi comparado o perfil cromatográfico após a degradação forçada, em diferentes condições, do cloridrato de metformina (fármaco) e de diferentes especialidades farmacêuticas (referência: Glifage®, similar: Glucoformin® e genérico: Cloridrato de metformina, Medley), na forma de comprimidos de 500 mg. Além de qualificar seus produtos de degradação, analisando a citotoxicidade em células L929. 18 2 OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Desenvolver e validar metodologias analíticas por CLAE, indicativas da estabilidade do cloridrato de metformina, por meio de estudos de degradação forçada e comparar o perfil de degradação bem como a citotoxicidade dos produtos de degradação formados. 2.2. Objetivos Específicos • Selecionar as condições de degradação forçada do cloridrato de metformina; • Desenvolver e validar métodos analíticos por CLAE indicativos de estabilidade do cloridrato de metformina; • Analisar e comparar o perfil de degradação do fármaco isolado e das especialidades farmacêuticas (comprimidos de 500 mg: referência, genérico e similar), nas diferentes condições de estresse, por CLAE e CCD; • Comparar a citotoxicidade do cloridrato de metformina degradado nas diferentes condições de estresse e das especialidades farmacêuticas usando células L929. 19 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Estabilidade de fármacos e medicamentos Estabilidade de um produto farmacêutico é definida como a capacidade do mesmo em manter as mesmas características de quando fabricado, durante seu prazo de validade (ANSEL; LOYD; POPOVICH, 2005). Os fabricantes são os responsáveis por garantir que os medicamentos permaneçam inalterados e que os mesmos sejam seguros e eficazes. Para isso, realizam-se os testes de estabilidade, pois estes são uma maneira de conhecer o comportamento do fármaco ou medicamento durante seu tempo de utilização (EMEA, 2004), determinar o prazo de validade dos mesmos, e ainda determinar as condições ideais de armazenamento (EMEA, 2004; KOPP, 2006); Dependendo das condições climáticas às quais o produto é exposto, pode haver a formação de produtos de degradação, que necessitam ser analisados por métodos analíticos adequados para que possam ser identificados, quantificados e qualificados (KOPP, 2006). Além dos produtos de degradação, o fármaco pode apresentar outras impurezas, como as misturas racêmicas que podem ser geradas durante a sua síntese. Neste aspecto, é de suma importância a identificação e qualificação destas impurezas, que podem causar efeitos tóxicos, podendo colocar em risco a vida humana. Como exemplo de uma mistura racêmica muito conhecida pode-se citar a talidomida, gerada durante a síntese sem adequado monitoramento (SILVEIRA et al., 2001). A talidomida, fármaco sintetizado na Alemanha para tratamento de alergias, apresentou efeito sedativo e hipnótico, não apresentando efeitos colaterais nos estudos clínicos preliminares realizados. Os testes realizados em animais não demonstravam efeitos tóxicos, e os testes acerca de teratogenicidade, naquela época, restringiam-se a produtos como antineoplásicos, antimetabólicos, anabolizantes e sais de metais pesados (SILVEIRA et al., 2001). Este medicamento chegou a ser o mais vendido da década de 60, e era utilizado em gestantes como antiemético. Porém, com o tempo observou-se que os fetos apresentavam anomalias, como ausência de membros inferiores e superiores, 20 denominados focomelia e amelia. Sugeriu-se que um dos seus efeitos teratogênicos fosse devido à inibição da angiogênese, dificultando o perfeito desenvolvimento do feto (SILVEIRA et al., 2001). Depois de muitas investigações foi constatado que estes efeitos deviam-se à mistura racêmica gerada durante a síntese da talidomida, sendo que apenas um de seus isômeros era responsável pelos efeitos apresentados, a forma S. Porém, atualmente, sabe-se que ambos os isômeros (S e R) são capazes de gerar os efeitos teratogênicos, devido à capacidade de isomerização in vivo do centro quiral (BARREIRO; FERREIRA; COSTA, 1997). O termo isomerização refere-se à conversão do fármaco em seu isômero óptico ou geométrico, que geralmente apresenta atividades diferentes, e pode ser considerada uma forma de degradação, resultando na perda da atividade terapêutica. Nesta condição, pode-se citar a adrenalina que em soluções com baixo pH, tende a racemizar e formar o isômero menos ativo, a tetraciclina, que é isomerizada em 4-epi-tetraciclina, com atividade reduzida. A pilocarpina sofre catálise básica através da epimerização. Alguns fármacos como os ésteres de cefalosporinas, sofrem epimerização reversível (FLORENCE; ATTWOOD, 2003). Em alguns casos a mistura racêmica não necessariamente é considerada um risco aos seres humanos, como o caso do rabeprazol, que é comercializado na forma racêmica e não apresenta problemas. Mesmo assim é importante a identificação e quantificação, o qual somente é possível através da técnica de cromatografia quiral (GARCIA et al., 2008). Outro problema de estabilidade em fármacos que apresentam em sua estrutura grupos amina é a reação de Maillard. A reação ocorre entre o grupamento amina, com o grupo carbonila presente na sacarose ou em demais adjuvantes farmacotécnicos. Como exemplo cita-se o xarope de cloridrato de metoclopramida, onde foi evidenciada uma perda gradual no teor, com decomposição do fármaco (FREITAS; MAGALHÃES, 2005). Outro tipo de instabilidade farmacêutica é o aparecimento de impurezas, as quais podem ser geradas durante a produção, devido às incompatibilidades farmacotécnicas, armazenamento inadequado ou até mesmo presença de resíduo de produtos de limpeza, como no caso do antiretroviral mesilato de nelfinavir produzido pelo laboratório farmacêutico Roche, em que a matéria-prima produzida foi contaminada pelo produto de limpeza utilizado nos equipamentos. Análises 21 químicas detalhadas demonstraram a presença de ácido etil éster metasulfônico. Com isso, o medicamento foi retirado do mercado prejudicando a terapia de alguns pacientes que faziam o uso do mesmo (SIMÃO; SILVEIRA, 2007). Excipientes utilizados nas formulações podem também influenciar na degradação dos fármacos, seja por incompatibilidade farmacotécnica no momento da fabricação, seja por tempo de exposição. Pode ocorrer oxidação do fármaco causando a alteração da coloração do comprimido, ou até mesmo pode ocorrer à alteração irreversível do princípio ativo, como o caso da lactose que é incompatível com a neomicina e polimixina (BRANDÃO, 2007). A presença de íons ferro na formulação contendo ácido ascórbico o transforma em ascorbato de ferro, o qual é inativo, bem como o próprio ácido ascórbico, por ser um agente oxidante, está sujeito à redução estrutural (MACHADO, 2007). A preocupação com a estabilidade de fármacos e medicamentos é crescente, e os órgãos regulatórios vêm ampliando suas exigências na concessão do registro de medicamentos para comercialização nos diferentes países (ICH,1996a; 2006; BRASIL, 2004; 2008). O estabelecimento de normas regulatórias quanto à impurezas em novos fármacos tem sido constantemente discutido e atualizado por meio de guias internacionais, pelo ICH (International Conference on Harmonization of Technical Requirements) (EMEA 2004; ICH, 2006). No Brasil, a ANVISA publicou recentemente um Regulamento Técnico (BRASIL, 2008) exigindo a notificação, identificação e quantificação dos produtos de degradação para o registro e renovação de registros de todos os tipos de medicamentos (referência, genérico e similares), mesmo os já tradicionais. Este documento sugere as condições de teste de estresse aos quais os produtos devem ser submetidos, bem como determina os limites de identificação, quantificação e qualificação das impurezas para cada faixa de dose diária ingerida de fármaco. Neste documento a ANVISA colocou prazo até 31/05/2009 para que as empresas que não possuíssem método analítico validado para identificação e quantificação de produtos de degradação empregados em estudos de estabilidade apresentassem estes estudos para o registro, pós-registro e renovação de registro. As empresas deveriam apresentar relatório do estudo de estresse, acompanhado de sua análise crítica e ainda um cronograma de estudo que deveria contemplar o desenho do estudo de degradação e metodologia analítica que corresponda à 22 avaliação completa. Já para registros posteriores a 01/06/2009 somente seriam aceitos estudos de estabilidade contemplando este parâmetro, com estudo, relatório e conclusões completos (BRASIL, 2008). Diferente das exigências brasileiras, as normas internacionais exigem a quantificação e identificação dos produtos de degradação apenas para novas substâncias, excluindo ainda substâncias semi-sintéticas, peptídeos, oligonucleotídeos, material vegetal, animal e radiofármacos (FDA, 2003; EMEA 2004; ICH 2006). 3.1.1 Fatores que influenciam a estabilidade de fármacos e medicamentos A estabilidade pode ser dividida em cinco diferentes tipos: química, física, microbiológica, terapêutica e toxicológica (ANSEL; LOYD; POPOVICH, 2005). A estabilidade química é definida como a capacidade de manter integridade química (teor e produtos de degradação), indicados na embalagem. A física, de manter as características organolépticas e farmacotécnicas intactas. A microbiológica, de manter o produto livre de contaminação microbiana, e preservar a ação antimicrobiana quando existente. A terapêutica, de manter o efeito terapêutico inalterado e a toxicológica, de assegurar que não haja aumento da toxicidade (ANSEL; LOYD; POPOVICH, 2005). Alguns fatores podem afetar diretamente a estabilidade de fármacos e medicamentos, como a temperatura, umidade, luminosidade, gases atmosféricos, os quais são fatores extrínsecos ao produto. Já hidrólise, oxidação e fotólise, são fatores intrínsecos. E ainda há fatores inerentes à formulação, como polimorfismo, incompatibilidade, pH, tamanho da partícula, vaporização, processo de fabricação, material de embalagem e transporte (ENEIDA, 2005; EMEA, 2004; FLORENCE; ATTWOOD, 2003). A temperatura pode acelerar a velocidade de degradação dos produtos farmacêuticos, sendo o fator mais importante por não existir material de embalagem primário que proteja o produto de elevadas temperaturas. Toma-se cuidado com o local de armazenamento, que deve ser de acordo com as exigências do produto, por exemplo, acondicionar em temperatura ambiente, sob refrigeração ou congelamento (ENEIDA, 2005, KOMMANABOYINA; RHODES, 1999). De acordo com as condições climáticas as quais o produto é exposto, este pode apresentar um comportamento diferente, e ainda causar efeitos tóxicos devido 23 a possíveis produtos de degradação, que podem ser gerados durante a sua síntese ou armazenamento (KOPP, 2006). Estudos de degradação forçada com aumento de temperatura realizados com meropenem demonstraram uma drástica modificação na estrutura do seu anel βlactâmico, sendo explicado pela descarboxilação e aromatização do anel pirrolidona resultando num anel pirrólico, o que torna a molécula inespecífica diante do seu receptor (MENDEZ et al., 2008). Já a umidade, presente no ar, pode afetar a cinética de degradação dos produtos farmacêuticos, principalmente se associada à temperaturas elevadas. Como exemplos de substâncias susceptíveis à umidade citam-se o ácido retinóico, o ácido ascórbico, o ácido acetilsalicílico e o cloridrato de ranitidina (ENEIDA, 2005). A hidrólise pode ser gerada pelo simples contato do fármaco ou da formulação com umidade, ou mesmo com variações no pH da formulação. Muitos fármacos susceptíveis à hidrólise como os derivados de ácido carboxílico, ou éster, amida, lactona, lactama, imida ou carbamato (FLORENCE; ATTWOOD, 2003; YOSHIOKA; ESTELLA, 2000). A hidrólise de ésteres se dá pela reação bimolecular que envolve a quebra acil-oxigênio, como exemplo, a procaína, ácido acetilsalicílico, cocaína, fisostigmina, tetracaína e metildopa. Na hidrólise de amidas ocorre a quebra da ligação amida, como exemplo nos fármacos: cinchocaína, ergometrina, benzilpenicilina e clorafenicol. No anel lactama, considerada a decomposição do nitrazepam e clordiazepóxido, inclui penicilinas e cefalosporinas, como conseqüência a perda do efeito farmacológico (FLORENCE; ATTWOOD, 2003). O pH é um fator de influência direta nas formulações, sendo capaz de aumentar ou diminuir a velocidade das reações, como hidrólise e oxidação, pois ambas podem ser catalisadas por ácidos e/ou bases. Como exemplo, a buspirona não sobre efeito do ar e nem de da umidade, mas degrada-se em meio básico, formando vários produtos de degradação (YOSHIOKA; ESTELA, 2000). Em estudos de degradação forçada em meio alcalino utilizando o meropenem como fármaco, foi demonstrado a formação de apenas uma única impureza, provavelmente porque em meio alcalino os nucleófilos ataquem as ligações lactâmicas, desestabilizando o anel. Posteriormente estudos de citotoxicidade in vitro demonstraram que este produto de degradação apresentou-se tóxico reduzindo 24 a viabilidade celular em torno de 41,17 %, confirmando a importância de se conhecer, identificar e quantificar estes mesmos produtos (MENDEZ et al., 2008). Como exemplo de degradação em meio ácido tem-se o rabeprazol, por isso os comprimidos exigem um tipo de revestimento gastroresistente que os torne mais protegidos. O rabeprazol é instável e forma produtos de degradação quando exposto também à luz, ao aumento de temperatura e à condições oxidativas (GARCIA, 2008). Outro fator importante é a luminosidade, que em determinado comprimento de onda pode fornecer a energia necessária para que reações como oxidação e redução se iniciem. Ainda pode gerar outras instabilidades farmacêuticas como polimerização, rearranjo de anéis, ruptura de ligações, isomerização e racemização que podem tornar o fármaco não seguro para uso terapêutico (ENEIDA, 2005). Quando o fármaco é exposto à luz o fenômeno conhecido como fotólise pode ocorrer, devido à capacidade da molécula de absorver radiação, a qual pode atuar como principal reagente da reação fotoquímica e ou fotossensibilizador. Praticamente, todas as substâncias ativas (fármacos) são capazes de absorver luz UV e/ou luz visível (LACHMAN; LIEBERMEN; KANIG, 2001; MORIWAKI et al, 2001), devido à presença de grupos cromóforos nas estruturas químicas. Estudos como os de fotodegradação, onde se emprega a exposição do produto à determinada luminosidade por um determinado tempo são importantes e parte integrante dos estudos de estabilidade, pois podem permitir avaliar a perda da potência do fármaco e ainda geram efeitos adversos, mesmo com mínimas quantidade de produto tóxico formado (BREIER et al., 2008). Muitos produtos farmacêuticos são sensíveis à luz, como hidrocortisona, prednisolona, riboflavina, ácido ascórbico, tiazídicos e ácido fólico. O mecanismo é ainda desconhecido, mas sabe-se que em alguns casos vem acompanhado de despigmentação ou formação de pigmento tanto no próprio fármaco, como na solução em que este se encontra (FLORENCE; ATTWOOD, 2003). Outro fármaco susceptível ao processo de fotodegradação é a fexofenadina, anti-histamínico de segunda geração, análogo da histamina (BREIER; STEPPE; SCHAPOVAL, 2006). Quando submetido ao teste de fotoestabilidade apresentou dois principais produtos de degradação, identificados como um derivado isopropil e um derivado benzofenona (BREIER et al., 2008). 25 A degradação por exposição à luz pode levar à polimerização, que não é apenas gerada pela exposição á luz, mas também espontaneamente entre dois fármacos durante a estocagem, e pode desencadear processos alérgicos, como ocorre em soluções que contém ampicilina e penicilina (FLORENCE; ATTWOOD, 2003; NETO, 2006). Outra causa muito comum de degradação de fármacos é a oxidação. Sob influência do oxigênio atmosférico, as moléculas podem sofrer transformações, com o surgimento de grupos funcionais diferentes, fenômeno conhecido como autooxidação, gerando substâncias muitas vezes inativas ou tóxicas (ENEIDA, 2005). O processo de oxidação envolve a remoção do átomo eletropositivo (hidrogênio), radical elétron, ou adição de um átomo eletronegativo (oxigênio) ou radical. A maioria das reações de oxidação ocorre lentamente sob ação do oxigênio molecular, e irá continuar até que o radical livre seja destruído ou por uma reação secundária, que pode quebrar a cadeia (FLORENCE; ATTWOOD, 2003; SKOOG et al, 2006). As aminas, por exemplo, são compostos oxidáveis, por uma variedade de agentes oxidantes, inclusive pela ação do oxigênio do ar. Quando cíclicas são facilmente oxidadas, pelo fato do grupamento amino ser doador de elétrons, formando misturas complexas (SOLOMONS; 1996). Como exemplos de fármacos que sofrem ação oxidativa, têm-se a morfina, fenilefrina, e também as classes como catecolaminas, esteróides, antibióticos, vitaminas, óleos vegetais, compostos fenólicos e gorduras (FLORENCE; ATTWOOD, 2003). Como o oxigênio é o principal responsável pela reação de oxidação, uma alternativa para evitar o processo é o preenchimento total dos recipientes, ou a substituição de oxigênio por outro gás como o nitrogênio ou dióxido de carbono. Como o processo é um tanto complicado, tem-se a possibilidade de utilizar adjuvantes farmacotécnicos como antioxidantes, que irão estabilizar os radicais impedindo a degradação do fármaco. Pode-se utilizar como antioxidantes tocoferóis, hidroxianisol, butilado butil hidroxitolueno e galatos (FIGUEIREDO; LAPORTA, 2003; FLORENCE; ATTWOOD, 2003). Durante a etapa de desenvolvimento dos produtos é importante fazer um estudo prévio sobre o comportamento dos constituintes da formulação, para evitar que ocorram incompatibilidades farmacotécnicas, as quais são comuns de ocorrer 26 entre dois fármacos de uma mesma formulação, entre excipientes e entre excipientes e fármacos, comprometendo a estabilidade e qualidade da formulação. (YOSHIOKA; ESTELLA, 2000; KOPP, 2006). Além disso, algumas etapas durante o processo de fabricação também podem influenciar na degradação do fármaco, como por exemplo, a trituração, onde alguns fármacos podem liberar moléculas de água do seu interior e assim formar grumos, inviabilizando a utilização (ENEIDA, 2005). Uma das etapas mais importantes é a seleção do material de acondicionamento, que deve ser feita com muita atenção, pois as embalagens geralmente são fabricadas com plástico, e podem ter interação com muitos medicamentos, principalmente as formas farmacêuticas líquidas. As embalagens devem também ser bem fechadas para impermeabilizar o produto contra umidade, ar e ainda devem proteger da luz (ENEIDA, 2005). 3.2 Estudo de estabilidade Para a avaliação das condições de preservação de um medicamento faz-se necessário um estudo de estabilidade, que tem por objetivo acompanhar um produto durante todo o seu prazo de validade, analisando as mudanças ocorridas por exposição aos fatores intrínsecos e extrínsecos, como luminosidade, umidade, gases atmosféricos, composição e dosagem, incompatibilidade farmacotécnica, possível interação com material de embalagem, como também analisar se as condições de armazenamento estão adequadas (BRASIL, 2005). O estudo se aplica para prever, determinar ou acompanhar o prazo de validade de quaisquer produtos farmacêuticos que contenham fármacos bem conhecidos (BRASIL, 2005). Todos os produtos farmacêuticos (novos ou apenas diferentes) devem passar por testes de estabilidade para poderem ser registrados nos órgãos competentes que no caso do Brasil é a ANVISA. Entende-se por diferentes produtos farmacêuticos aqueles cuja substância ativa seja a mesma já existente, porém em concentrações, vias de administração, formas farmacêuticas e/ou com sistemas de liberação diferentes (ICH, 1996a; CANADA, 1998). 27 O estudo de estabilidade oficial divide-se em acelerado, de longa duração e de acompanhamento. No estudo de estabilidade acelerado, tem-se por objetivo acelerar a degradação química ou mudanças físicas de um produto em condições forçadas de armazenamento. Como a exposição deste produto a temperaturas de 40 ºC ± 2 ºC e umidade relativa de 75 % ± 5 % por um período de 6 meses. Com base neste estudo poderá ser concedido um prazo de validade provisório de 24 meses. O prazo de validade deverá ser confirmado com o estudo de longa duração, o qual deve ser realizado a 30 ºC ± 2 ºC e umidade relativa de 75 % ± 5 %, durante 12 meses ao menos para medicamentos no estado sólido (BRASIL, 2005). Ao mesmo tempo, o estudo de estabilidade de longa duração foi projetado para avaliar as características físicas, químicas e microbiológicas do produto durante seu prazo de validade. Os resultados confirmam o prazo de validade, que variam para cada classe referida e ainda estabelecem as condições ideais de armazenamento (BRASIL, 2005). Adicionalmente, há o estudo de estabilidade de acompanhamento, que auxilia na avaliação das características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas conforme os resultados obtidos nos estudos de longa duração (ICH, 2003, BRASIL, 2005). O estudo deve ser realizado utilizando as mesmas condições testadas nos estudos de longa duração, somente pode ser realizado se o produto não sofrer nenhuma alteração durante os estudos de longa duração. A amostragem preconizada são dois lotes anuais para indústrias que fabricam mais de quinze lotes por ano e um lote anual para as que produzem menos de quinze lotes por ano. Estes lotes recolhidos devem ser submetidos a todas as análises estipuladas no estudo de estabilidade (BRASIL, 2005). Em relação à frequência que os testes são realizados, no estudo de estabilidade acelerado, devem ser realizados todos os testes descritos nos compêndios oficiais, e a periodicidade deve ser de 0, 1, 2, 3 e 6 meses. O estudo de longa duração deve ser realizado em 0, 3, 6, 9, 12, 18 e 24 meses, e anualmente para estudo de acompanhamento e prazos de validade estendidos para mais de 24 meses (BRASIL, 2005; FDA, 2003). O estudo de estabilidade deve ser executado com o produto na sua embalagem final, ou se for a granel, os estudos devem demonstrar que as especificações do produto estão mantidas. Se a embalagem final apresenta barreira 28 para vapor, como ampola, seringa de vidro preenchida, tubo de alumínio fechado mecanicamente, não há necessidade de controle de umidade (BRASIL, 2005). 3.3 Método Indicativo de Estabilidade A fim de monitorar os estudos de estabilidade, é imprescindível empregar métodos indicadores de estabilidade (MIE), ou seja, métodos analíticos validados que sejam capazes de detectar alterações nas propriedades do fármaco e do produto farmacêutico, medindo os analitos sem interferência de produtos de degradação, impurezas do processo, excipientes ou outras impurezas potenciais (FDA, 2000). Desta forma pode-se evitar que produtos sejam erroneamente aprovados nos estudos, mesmo apresentando degradações não detectadas nem quantificadas pelo método, devido à problemas de sensibilidade e seletividade do mesmo. Como parte integrante tem o estudo de degradação forçada, regulamentado pelo ICH (2003), este estudo apresenta extrema importância, pois com ele tem-se a formação das impurezas, as quais auxiliam no desenvolvimento de um método que seja seletivo ao fármaco em estudo. Para desenvolver um método indicativo de estabilidade, requer primeiramente ter um conhecimento das características físico-químicas do fármaco, indicando a maneira como o método será conduzido, fase móvel à ser utilizada, pH, fase estacionária e definir as rotas de degradação deste fármaco. Se o fármaco não é conhecido parte se do inicio, fazendo os teste preliminares para selecionar as melhores condições de análise com base em tentativas (BAKSHI, SINGH, 2002). Com o método desenvolvido, as amostras degradadas e as impurezas isoladas, dá-se inicio a identificação destes produtos, que pode ser através de detectores acoplados ao próprio sistema de CLAE, como exemplo CLAE-MS, onde com base na massa molecular dos resíduos gerados durante a análise, deduz-se a estrutura molecular da impureza, ou a amostra degradada sofre um pré tratamento de maneira a separar a impureza, utilizando a técnica mais adequada de identificação e com base nisso define-se um padrão para esta impureza que será utilizada nas análises posteriores. E por fim faz-se a validação deste método. Portanto o uso de MIE aumenta a confiabilidade dos estudos de estabilidade, pois assegura a seletividade do método (BAKSHI, SINGH, 2002). 29 3.4 Impurezas e produtos de degradação Os produtos de degradação podem ser gerados durante síntese, produção ou armazenamento e são considerados impurezas (BRASIL, 2008). Segundo a International Conference on Harmonization of Technical Requirements for Registration of Pharmaceutical for Human Use (ICH), as impurezas que habitualmente podem acompanhar uma substância ativa dividem-se em 3 grupos: solventes residuais, impurezas inorgânicas e impurezas orgânicas (ICH, 2006). 3.4.1 Solventes Residuais Consiste em solventes orgânicos voláteis e são definidos como solventes utilizados para síntese de matérias primas, excipientes e especialidades farmacêuticas (ICH, 1997). A escolha do solvente é decisiva, podendo influenciar na rota sintética e no rendimento da substância, mas nem sempre se consegue remover completamente estes solventes pelas técnicas de produção (ICH, 1997). Os solventes são classificados conforme sua toxicidade. Dá-se preferência por utilizar os de classe 3, pois são os menos tóxicos, porém a utilização de solventes mais tóxicos (classe 1 e 2) se justifica avaliando o risco-benefício (ICH, 1997). A análise destes solventes residuais é feita através de técnicas cromatográficas, principalmente cromatografia gasosa (JACQ; DADIV; SANDRA, 2008) 3.4.2 Impurezas inorgânicas Resultam do processo de síntese dos fármacos e incluem reagentes, ligantes e catalisadores, metais pesados ou resíduos de outros metais e sais inorgânicos (COSTA, 2005; BRASIL, 2009). 3.4.3 Impurezas orgânicas São formadas durante a síntese, estocagem do produto ou durante o processo de fabricação da forma farmacêutica. Podem ser identificáveis ou não 30 identificáveis, voláteis ou não voláteis incluindo, matérias primas (de partida), produtos relacionados, produtos intermediários, produtos de degradação, reagentes ligantes e catalisadores (COSTA, 2005; ICH, 2006; BRASIL, 2009). No caso de novos fármacos, os estudos de impurezas devem ser conduzidos para caracterizar a estrutura das mesmas quando estas estiverem em níveis superiores aos limites de identificação (Tabela 1). Tais limites são calculados com base no fator resposta do detector (área) do produto de degradação em relação ao fator resposta do analito. Além disso, qualquer impureza que surja no estudo de estabilidade nas condições de estocagem recomendadas, em níveis superiores aos limites de identificação citados acima, também devem ser caracterizados. Quando a identificação da impureza não é possível deve ser apresentado um relatório demonstrando as tentativas experimentais realizadas, sem sucesso, por ocasião do registro do fármaco junto aos órgãos regulatórios. Se as impurezas estiverem em níveis iguais ou inferiores ao limite de identificação sua caracterização não é exigida (ICH, 2006). Tabela 1 - Limites permitidos para impurezas Dose máxima Limite reportado Diária ≥ 2 g/dia 0,05 % Limite para Limite para identificação qualificação 0,10 % ou 1 mg 0,15 % ou1 mg dia por dia <2 g/dia 0,03 % 0,05 % 0,05 % Fonte: ICH (2006). Segundo o ICH (2006) a qualificação consiste em determinar a segurança biológica de uma impureza individual ou de um conjunto de impurezas no nível especificado. Os níveis de impurezas presentes em um fármaco que já tenha sido adequadamente testado em estudos de segurança e/ou estudos clínicos podem ser considerados qualificados. Impurezas que sejam também metabólitos presentes em estudos em humanos e/ou animais, são geralmente consideradas qualificadas. As impurezas podem ser qualificadas juntas ou separadamente. A qualificação pode ser especialmente importante quando há evidências de que tais impurezas em certos fármacos ou classes terapêuticas tenham sido previamente associadas com reações 31 adversas em pacientes. No Brasil, é exigido das empresas fabricantes ou importadores de insumos farmacêuticos ativos (IFA), dentro do relatório do processo de fabricação, o perfil das impurezas orgânicas, inorgânicas e solventes residuais, além do relatório de estudo de estabilidade e fotoestabilidade, entre outros documentos, para o devido registro do IFA no país (BRASIL, 2009). Recentemente foi publicada uma consulta pública pela ANVISA (BRASIL, 2010b) que dispõe sobre o estudo de estabilidade de IFAs na qual são previstos testes de degradação forçada a fim de auxiliar na identificação dos prováveis produtos de degradação e os procedimentos analíticos a serem adotados nos estudos de estabilidade. Este documento postula que os métodos analíticos devem ser validados e indicadores da estabilidade do fármaco (MIE). Entre os testes de degradação forçada, devem ser incluídos os efeitos da temperatura, da umidade, da oxidação e da luz no IFA. Os testes devem também avaliar sua susceptibilidade à hidrólise em ampla faixa de valores de pH, principalmente se o insumo for utilizado em uma suspensão ou solução aquosa. São sugeridos fluxogramas para a tomada de decisão quanto às condições dos testes, conforme exposto nas Figuras 1, 2 e 3. Porém, não são estabelecidos os percentuais de degradação a serem alcançados nos testes, limitando-se ao termo “degradação suficiente”. Figura 1 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para degradação em condições oxidativas (BRASIL, 2010b). 32 Figura 2 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para degradação em condições neutras (BRASIL, 2010b). . Figura 3 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para degradação em condições ácidas ou alcalinas (BRASIL, 2010b). 33 No informe técnico nº 1 de 15 de julho de 2008 (BRASIL, 2008), o anexo do Guia para Realização de Estudo de Estabilidade (BRASIL, 2005), exige-se a apresentação dos estudos de estabilidade incluídos os testes de estresse de medicamentos genéricos ou similares por ocasião do registro, pós-registro e renovação de registro, acompanhado da análise crítica, desenho do estudo e metodologia analítica desenvolvida e validada indicativa de estabilidade, cujo Limite de Quantificação (LQ) seja menor do que a quantidade mínima de impureza encontrada. A normativa acima estabelece que, junto ao processo de solicitação de registro, o fabricante deve apresentar o resultado de identificação e quantificação de produtos de degradação, para os estudos de estabilidade acelerada e de longa duração, referente a 3 lotes. Nesta documentação, a empresa deve apresentar estudos iniciais, realizados com a forma farmacêutica, submetida à condições de estresse (Quadro 1), com o objetivo de promover 10 – 30 % de degradação. Na ausência total de degradação do composto, após 10 dias, o fármaco é considerado estável. Se a degradação for < 10 %, deve-se aumentar as condições de estresse. Quadro 1 - Condições de estresse sugeridas para medicamentos genéricos ou similares por ocasião da solicitação de registro, pós-registro ou renovação de registro junto à ANVISA Parâmetro Condição Aquecimento 60 °C Umidade 75 % UR ou mais Solução ácida HCl 0,1 M Solução básica NaOH 0,1 M Solução oxidativa H2O2 3 % Fotólica UV-B fluorescente Íons metálicos (opcional) Fe2+ ou Cu2+ 0,05 M FONTE: BRASIL, 2008. Já a análise crítica dos resultados dos testes deve ser realizado, conforme detalhado nos quadros 2 a 4, baseando-se na quantidade encontrada em relação à dose 34 máxima diária, se devem apenas ser notificadas, identificadas ou necessitam também serem qualificadas. Quadro 2 - Limites de notificação para impurezas Dose máxima Diária Limites =1g 0,1 % < 2 g/dia 0,05 % FONTE: BRASIL (2008). Quadro 3 - Limites de identificação para impurezas Dose máxima Diária Limites <1 mg 1,0 % ou 5 µg TDI (o que for menor) 1 mg – 10 mg 0,5% ou 20 µg TDI (o que for menor) > 10 mg – 2 g 0,2 % ou 3 mg TDI (o que for menor) >2g 0,10 % TDI= Ingestão Total Diária FONTE: BRASIL (2008) Quadro 4 - Limites de qualificação para impurezas Dose máxima Diária Limites <10 mg 1,0 % ou 50 µg TDI (o que for menor) 10 mg – 100 mg 0,5 % ou 200 µg TDI (o que for menor) > 100 mg – 2 g 0,2 % ou 3 mg TDI (o que for menor) >2g 0,15 % TDI= Ingestão Total Diária FONTE: BRASIL (2008) 3.5 Técnicas analíticas para análise de impurezas orgânicas Entre os métodos mais utilizados, cita-se a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), a cromatografia gasosa (CG) e a eletroforese capilar, acopladas a diferentes detectores (COSTA, 2005). 35 Para impurezas orgânicas, deve-se comparar sempre a um padrão de referência, porém, em muitos casos, as impurezas são desconhecidas, necessitando de degradação forçada do ativo para pré supor os produtos possivelmente formados. (COSTA, 2005). Os valores de impurezas quantificadas devem ser representados numericamente. Caso sejam menores que 1%, devem ser apresentadas em duas casas decimais, e caso sejam maiores que 1%, apresentar em uma casa decimal. Todas as impurezas que estiverem abaixo do LQ devem ser expressas em impurezas totais (ICH, 2006). Um critério de aceitação para limite de impurezas deve ser estabelecido de acordo com a segurança apresentada, que seja compatível com o processo de fabricação e com o LQ do método analítico (ICH, 2006). Os métodos analíticos são um meio de garantir a qualidade dos produtos comercializados, pois com eles é possível conhecer o comportamento do fármaco em tecidos biológicos, as concentrações atingidas deste no organismo, dosear o fármaco na forma farmacêutica produzida, ou uma associação de fármacos no mesmo medicamento, conhecer os seus produtos de degradação e até mesmo avaliar os efeitos que estes podem causar no organismo (RAFFIN et al., 2007; SILVA et al., 2006). Muitas vezes, essas metodologias são padronizadas e estão descritas em compêndios oficiais, como as farmacopeias, mas nem sempre são completos, ou não se adéquam às necessidades de um laboratório farmacêutico. Por exemplo, muitos medicamentos são comercializados na forma de associação, e, nos compêndios o doseamento de cada fármaco é indicado isoladamente, o que não é viável economicamente. Nestes casos, faz-se necessário o desenvolvimento de um método analítico para dosear os fármacos em uma única análise (RAFFIN et al., 2007; CAZEDEY et al., 2007; SILVA et al., 2006). A CLAE é uma das técnicas mais utilizadas para o estudo de múltiplos analitos em uma mesma amostra. O uso do detector DAD (photo diode array detector) é muito útil para comparar os perfis de absorção no UV e para estimar a pureza espectral dos picos cromatográficos (SNYDER; KIRKLAND; GLAJCH, 1997). 36 3.5.1 Técnica de pareamento iônico por CLAE Dentro do desenvolvimento de metodologias por CLAE, utilizando cromatografia de fase reversa para análise de fármacos, conta-se com o auxílio de técnicas como o pareamento iônico. Essa técnica é bastante similar às demais técnicas de cromatografia por CLAE, diferindo na fase móvel onde é utilizado um agente formador de par-iônico, que contenha um contra íon em relação à substância de interesse. A técnica é mais utilizada em análise de substâncias ionizáveis e altamente solúveis em água, as quais terão pouca interação com a fase reversa da coluna cromatográfica (DONATO; ZANOTTO; BERGOLD, 2004). Apesar de ter semelhança entre as demais técnicas utilizadas, é um pouco mais complexa devido ao equilíbrio entre o surfactante, analito e fase estacionária ser mais lento, além da técnica ser mais sensível a mudanças como pH da fase móvel, temperatura e concentração do surfactante (BASTOS, 2008). O efeito do pH pode influenciar diretamente na separação da amostra. Amostras básicas em baixo pH tendem a se ionizar mais, tendo uma retenção maior com o surfactante da fase móvel de carga oposta. Por outro lado, em amostras ácidas o pH mais alto propicia uma melhor separação pois encontra-se na forma dissociadas e interagem melhor com os surfactantes catiônicos (SNYDER; KIRKLAND; GLAJCH, 1997). Para substâncias catiônicas normalmente utilizam-se agentes surfactantes aniônicos, como sulfonatos de cadeias médias (hexano, heptano, octano), onde a parte da cadeia apolar vai interagir com a cadeia C18 da sílica, e a parte aniônica vai interagir com a parte ionizada da amostra em questão (Figura 4). Em amostras cujo analito seja de característica aniônica pode ser utilizado, como agente formador de par iônico, o tetrabutilamônio, tendo o mesmo principio de interação fase reversa e par iônico (JARDIM; COLLINS; GUIMARÃES, 2006). 37 Figura 4 – Representa o processo envolvendo o agente formador de pareamento iônico de característica aniônica e amostra ionizada catiônica em CLAE. Fonte: JARDIM; COLLINS; GUIMARÃES, 2006. Em amostras como ácidos e bases orgânicos, os quais são substâncias com tendência a se ionizar, recomenda-se a utilização desta técnica. Além de poderem ser utilizados como próprios reagentes de pareamento iônico por ter a capacidade de interagir formando complexos com o analito (DONATO; ZANOTTO; BERGOLD, 2004). O pareamento iônico apresenta a vantagem de separar uma mistura de compostos devido à diferença no grau de ionização de cada um, além de possibilitar a separação de substâncias altamente solúveis em água. Como exemplo de compostos separados pela técnica de pareamento iônico em cromatografia de fase reversa tem-se paracetamol, cloridrato de fenilefrina e maleato de carbinoxamina em formulação de comprimidos, vitaminas hidrossolúveis, como pantotenato de cálcio e nicotinamida dentre outras (BASTOS, 2008; DONG, 1988). Outro exemplo de utilização foi a quantificação de componentes de gentamicina em medicamentos de uso veterinário (PIETRO; CASS, 2007), e rivastigmina (RAO et al., 2005). 3.6 Validação de metodologia analítica A validação de uma metodologia é necessária para garantir que o método é apropriado à finalidade pretendida, ou seja, a determinação de modo qualitativo, 38 semi-quantitativo e quantitativo, tanto para fármacos isolados como para o produto farmacêutico que o contém (BRASIL, 2003; NBR ISO 9000, 2000). A validação se aplica a técnicas que utilizem CG e CLAE, métodos não cromatográficos, porém de doseamento, como titulometria, espectrofotometria UV, e ainda para testes imunológicos e microbiológicos (RIBANI et al., 2004). Para que a validação possa garantir que o método atenda às exigências analíticas e que apresente resultados confiáveis, ele deve apresentar especificidade, linearidade, intervalo, precisão, sensibilidade, limite de quantificação e identificação exatidão adequados à análise. A substância de referência deve ser oficializada pela farmacopeia, mas na ausência, admite-se o uso de padrões internos ou padrões de trabalho que tenham identidade e teor devidamente identificados (BRASIL, 2003; INMETRO, 2003). Para realização de testes de validação, os equipamentos devem todos estar calibrados e os analistas treinados. Os testes utilizados para validação analítica são divididos em 4 categorias, diferindo entre si por finalidade a que se destina: categoria I, testes quantitativos para determinação do princípio ativo em produtos farmacêuticos ou matérias-primas; categoria II, teste quantitativos ou ensaio limite para determinação de impurezas e produtos de degradação em produtos farmacêuticos e matérias-primas; categoria III, teste de performance (dissolução, liberação do ativo, dentre outros); categoria IV, teste de identificação (BRASIL, 2003). Ainda para cada categoria será exigido a realização dos parâmetros relacionados no Quadro 5. Quadro 5 - Ensaios necessários para a validação do método analítico, segundo sua finalidade Parâmetro Categoria I Categoria II Categoria Quantitativo Ensaio limite III Categoria IV Especificidade Sim Sim Sim * Sim Linearidade Sim Sim Não * Não Intervalo Sim Sim * * Não Repetibilidade Sim Sim Não Sim Não Intermediária ** ** Não ** Não Limite de detecção Não Não Sim * Não Limite de quantificação Não Sim Não * Não Exatidão Sim Sim * * Não Precisão 39 Continuação Quadro 5 Robustez Sim Sim Sim Não Não Onde: * pode ser necessário dependendo a natureza do teste especificado. ** se houver confirmação da reprodutibilidade não é necessário a confirmação da precisão intermediária (BRASIL, 2003). 3.6.1 Seletividade O método é considerado seletivo se ele é capaz de detectar o fármaco em presença de outras substâncias como impurezas, produtos de degradação e excipientes (INMETRO, 2003). Esta é uma das características imprescindíveis para métodos que sejam utilizados em estudos de estabilidade. Tais métodos devem demonstrar serem do tipo MIE para os fármacos estudados. No caso de testes de identificação (qualitativos), o teste deve ter a capacidade de distinguir o fármaco de demais compostos com estruturas parecidas, comparando o fármaco com um padrão, e os demais componentes com estrutura relacionada, comparados aos seus padrões de substâncias relacionadas (BRUCE; MINKKINEN; RIEKKOLA, 1998). Em análises quantitativas como teor de impurezas, o resultado pode ser obtido adicionando certa quantidade de impureza ao fármaco, demonstrando que não sofre interferência nos resultados quando comparado com amostras não contaminadas. Na ausência de tais impurezas estas comparações devem incluir amostras armazenadas sob condições de estresse, como oxidação, luz, calor, umidade e hidrolise ácido/base em comparação com amostras não degradadas (BRASIL, 2003). Outro detalhe importante é que deve garantir a pureza dos picos cromatográficos (quando se tratarem de técnicas cromatográficas), acoplando ao sistema um tipo de detector que seja possível identificar que o pico pertence a apenas um composto, como o detector tipo DAD ou de espectrometria de massas (MS). A utilização da análise de pureza do pico torna-se interessante de maneira a demonstrar que o pico refere-se a um único composto (BRASIL, 2003). 3.6.2 Linearidade Significa dizer que a metodologia é capaz de apresentar resultados diretamente proporcionais à concentração do analito na amostra, dentro do intervalo 40 especificado. A recomendação é que o teste seja realizado com, no mínimo, 5 concentrações diferentes do analito (ICH, 2005; BRASIL, 2003). Após a análise, são confeccionados os gráficos de linearidade. Se houver relação linear visual, os dados devem ser tratados com análises estatísticas, que irão determinar o coeficiente de correlação (r), cujo valor mínimo aceitável é de 0,99, a intersecção com eixo y, coeficiente angular, soma residual dos quadrados mínimos da regressão linear e desvio padrão relativo. Como critério de aceitação estipulado é um (r) de no mínimo 0,99 (INMETRO, 2003; BRASIL, 2003). 3.6.3 Intervalo O intervalo é determinado entre os limites de identificação inferior e superior de um método analítico. O limite inferior pode ser definido pelo limite de quantificação, enquanto que o limite superior depende da resposta do equipamento (INMETRO, 2003). Geralmente o intervalo de análise estipulado é derivado do estudo de linearidade, e estabelecido pela confirmação de que o método apresenta exatidão, precisão e linearidade adequados quando aplicado a amostra que se apresente dentro do intervalo especificado (BRASIL, 2003). O Quadro 6 relaciona os limites porcentuais do teor do analito que devem estar contidos no intervalo de linearidade para alguns métodos analíticos. Quadro 6 - Limites porcentuais do teor do analito que devem estar contidos no intervalo de linearidade para alguns métodos analíticos. Ensaio Determinação Alcance quantitativa do De 80 % a 120 % da concentração teórica do teste analito em matérias-primas ou em formas farmacêuticas Determinação de impurezas Do nível de impureza esperado até 120 % do limite máximo especificado. Quando apresentarem importância toxicológica ou efeitos farmacológicos inesperados, os limites de quantificação e detecção devem ser adequados quantidades de impurezas a serem controladas Uniformidade de conteúdo De 70 % a 130 % da concentração teórica do teste às 41 Continuação Quadro 6 Ensaio de dissolução De ± 20 % sobre o valor especificado para o intervalo. Caso a especificação para a dissolução envolva mais que um tempo, o alcance do método deve incluir –20 % sobre o menor valor e + 20 % sobre o maior valor. (BRASIL, 2003) 3.6.4 Precisão É a avaliação da proximidade dos resultados com amostragens múltiplas de uma mesma amostra. A precisão é dividida em três níveis: repetibilidade, precisão intermediária e reprodutibilidade (INMETRO, 2003). Repetibilidade ou precisão intra-corrida, é a concordância entre os resultados dentro de um curto período com o mesmo analista e mesmos equipamentos. Neste teste devem ser realizados no mínimo 9 determinações, sendo tréplica de três concentrações diferentes (alta, média e baixa) ou no mínimo 6 determinações a 100% da concentração teste (BRASIL, 2003). Precisão intermediária ou precisão inter-corridas, seria a concordância dos resultados dentro do mesmo laboratório em análises realizadas por analistas, dias e/ou equipamentos diferentes. Recomenda-se, no mínimo dois dias de análise com analistas diferentes (BRASIL, 2003; ICH, 2005) Já a reprodutibilidade ou precisão inter-laboratorial, refere-se resultados relacionados com análises em laboratórios diferentes, como estudo colaborativo, geralmente utilizados para padronização de metodologia, como inclusão em compêndios oficiais (BRASIL, 2003; BRUCE; MINKKINEN; RIEKKOLA, 1998). A precisão de um método analítico pode ser expressa com os dados de desvio padrão e desvio padrão relativo (DPR) ou coeficiente de variação (CV), onde o CV aceitável encontra-se abaixo de 5 % (BRASIL, 2003; INMETRO, 2003). 3.6.5 Limite de detecção É a menor quantidade de analito detectada, presente na amostra, não necessariamente quantificado. O limite de detecção (LD) é avaliado por uma solução de concentração conhecida e decrescente até um menor nível detectável. Para 42 métodos qualitativos a detecção pode ser feita visualmente até a menor concentração capaz de ser detectada visualmente (BRASIL, 2003; ICH, 2005). Para métodos instrumentais como CLAE, CG, o limite de detecção pode ser estimado pela concentração correspondente a um pico três vezes maior que o ruído na linha de base. Outro modo seria utilizando a equação 1 (BRASIL, 2003): LD : DP α x 3 Equação 1 IC onde LD: limite de detecção; DP α: desvio padrão do intercepto com o eixo y ou coeficiente linear, de no mínimo, três curvas de calibração construídas contendo concentrações do fármaco próximas ao limite de quantificação. Ou pode ser obtido a partir da curva de calibração proveniente da análise de um número apropriado de amostras do branco; IC: inclinação da curva de calibração ou coeficiente angular. 3.6.6 Limite de quantificação É a menor quantidade que pode ser determinada com precisão e exatidão aceitáveis para as condições experimentais estabelecidas. É aplicável principalmente para detecção de impurezas, produtos de degradação de fármacos ou produtos farmacêuticos, é expresso em concentração (p/v, p/p, ppm). Assim como limite de detecção, é utilizada uma solução com concentrações decrescentes ate o menor nível determinável com precisão e exatidão que produzam um pico dez vezes maior que o ruído de linha base ou pode ser calculado pela equação 2 (BRASIL, 2003). LQ : DP α x 10 Equação 2 IC onde LQ: limite de detecção 3.6.7 Exatidão É a proximidade dos valores obtidos aos valores reais. Para fármacos podese utilizar um padrão de referência, ou comparar os resultados obtidos na metodologia que está sendo validada com resultados obtidos de uma metodologia com a exatidão conhecida (BRUCE; MINKKINEN; RIEKKOLA, 1998; BRASIL, 2003). 43 Para forma farmacêutica, é analisada uma amostra em que uma quantidade de fármaco é adicionada a uma mistura dos componentes do medicamento (placebo contaminado), porém, quando nem todos os componentes do medicamento estão disponíveis, se aceita a utilização do método de adição de padrão em quantidades conhecidas a uma amostra de medicamento (ICH, 2005; BRASIL, 2003). Para análise de impurezas, tem-se a adição das impurezas ou dos produtos de degradação ao medicamento. Caso não estejam disponíveis, pode-se realizar outro método bem caracterizado a fim de estimar a exatidão (BRASIL, 2003). A exatidão é calculada como a porcentagem de recuperação do analito adicionado em concentração conhecida, conforme a Equação 3 (BRASIL, 2003): Exatidão = Concentração média experimental x 100 Equação 3 Concentração teórica A exatidão deve ser realizada após o teste de linearidade e especificidade do mesmo, com no mínimo nove determinações, ou seja, tréplica de três concentrações diferentes alta, média e baixa (BRASIL, 2003). 3.6.8 Robustez Definida como a capacidade do método resistir a pequenas e deliberadas variações que possam ocorrer nos parâmetros analisados, o que indica a confiança durante o uso normal (INMETRO, 2003). Em análises utilizando métodos cromatográficos, recomenda-se que sejam variados o pH da fase móvel, a composição ou concentração da fase móvel, diferentes colunas ou lotes diferentes do mesmo fabricante, temperatura do forno, e fluxo da fase móvel. No quadro abaixo estão descritos alguns dos parâmetros que devem ser avaliados para a robustez da metodologia (BRASIL, 2003). 44 Quadro 7 - Fatores que devem ser considerados na determinação da robustez do método analítico. ·Estabilidade Preparo das Amostras das soluções analíticas ·Tempo de extração ·Variação Espectrofotometria do pH da solução ·Temperatura ·Diferentes fabricantes de solventes ·Variação ·Variação Cromatografia Líquida ·Diferentes do na lotes pH da composição fase da fase móvel móvel ou fabricantes de colunas ou fabricantes de colunas ·Temperatura ·Fluxo da fase móvel ·Diferentes Cromatografia Gasosa lotes ·Temperatura ·Velocidade do gás de arraste (BRASIL, 2003) 3.7 Diabetes Mellitus O Diabetes Melitus é uma patologia de fatores etiológicos múltiplos, caracterizada principalmente por uma diminuição ou por ausência na produção de insulina pelas ilhotas pancreáticas, podendo ser acompanhada pelo comprometimento da ação da mesma no organismo devido à diminuição da sensibilidade dos receptores celulares (KATZUNG, 2006). Classificada em quatro categorias: tipo 1 ou diabetes insulinodependente, tipo 2 ou diabetes não insulinodependente, tipo 3 (pacientes que contem diabetes do tipo 1 e tipo 2 associadas) e tipo 4 ou diabetes gestacional (BEERS; BERKOW, 1999; KATZUNG, 2006). O Diabetes tipo 1 pode ocorrer em qualquer idade. Porém, é mais comum ser diagnosticado na infância ou adolescência e é responsável por 10 a 15 % dos casos de diabetes e caracteriza-se por hiperglicemia, aonde o pâncreas não produz ou produz quantidades insuficientes de insulina. Cerca de 80 % dos portadores de diabetes tipo 1 apresentam auto-imunidade contra estas células β-pancreáticas (MERCK SHARP & DONE, 2010; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2010). 45 No Diabetes do tipo 2, geralmente diagnosticada a partir dos 30 anos de idade, podendo ocorrer também em crianças e adolescentes, é caracterizada por hiperglicemia, além de resistência celular à insulina. Este tipo de diabetes comumente está associada à obesidade, especialmente na porção abdominal do corpo, devido à hiperinsulinemia resultante, que pode levar também à hipertensão e doença arterial coronariana (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2010). Em outras etiologias, como doenças não pancreática, terapias farmacológicas que possam elevar a glicemia pode-se classificar como diabetes do tipo 3. Algumas mulheres em sua primeira gestação podem apresentar um aumento anormal de glicose sanguínea, denominado de diabetes gestacional, onde os hormônios placentários produzidos criam uma resistência a insulina, que se acentua no último trimestre da gestação (KATZUNG, 2006). O diagnóstico de diabetes quase sempre é feito em pacientes que realizam exames rotineiros, pois na maioria dos casos a hiperglicemia é assintomática. A hiperglicemia, quando sintomática, pode vir acompanhada de sintomas como glicosúria, diurese osmótica que leva a desidratação, poliúria, polidipsia e perda de peso. Pode causar, também, visão borrada, fadiga, náusea e propensão a infecções. Em mulheres com diabetes tipo 2 geralmente se associa com coceira devido à candidíase vaginal (BEERS; BERKOW, 1999; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2010). Devido a longos períodos de hiperglicemia mal controlada, algumas complicações podem ser observadas, como retinopatias, acompanhada de hemorragias ou descolamento da retina; doenças macrovasculares, como aterosclerose; deterioração cutânea e infecções; doenças vasculares periféricas graves, que podem levar à amputação de membros, em geral inferiores, e nefropatia evidenciada por albuminúria (MERCK SHARP & DONE, 2010). Ainda outras complicações, como polineuropatias simétrica, distal e predominantemente sensorial, caracterizada por adormecimento, formigamento e parestesias nas extremidades, dores intensas, profundas e debilitantes, perda da sensibilidade do tornozelo, que dificulta a percepção de traumas. Riscos de infecções ficam aumentados devido à diminuição da imunidade celular causada por hiperglicemia aguda e deficiências circulatórias, que podem acarretar em úlceras indolores, que muitas vezes leva à amputação (BEERS; BERKOW, 1999). 46 A patologia já virou pandemia, e está em crescimento acentuado, principalmente em países desenvolvidos, pois a qualidade de vida está alterada, modificando a alimentação, propiciando o aparecimento da obesidade, hábitos de vida rotineiros que causam o estresse, envelhecimento populacional e histórico de diabetes na família (LEAL, 2010). Esta doença silenciosa representa uma preocupação na saúde pública mundial, tendo em vista que 35 milhões de pessoas nas Américas apresentavam esta doença no ano de 2000, com perspectiva de triplicar esta incidência na faixa etária de 45 – 64 anos e duplicar na faixa de 20 – 44 anos e mais de 65 anos, até 2025 (KING et al., 1998; SARTORELI; FRANCO, 2003). Segundo a OMS (organização mundial da saúde), 220 milhões de pessoas são portadoras da patologia no mundo, e esta é responsável por 5 % das mortes. No Brasil, a prevalência desta em 2009 foi de 6,4 % na faixa etária de 20 – 79 anos, afetando 258 milhões de pessoas. Estima-se que até o ano de 2030, 439 milhões de pessoas serão portadoras da patologia (SHAW; SICREE; ZIMMET, 2009). Nos Estados Unidos da América a prevalência de diabetes na faixa etária de 20 anos de idade foi de 1,9 milhões de pessoas em 2010, sendo que 18,8 milhões de casos diagnosticados e 79 milhões de pacientes encontram-se na faixa de prediabéticos (NATIONAL DIABETES FACT SHEET, 2011). O aumento da incidência desta patologia vem associado ao aumento da expectativa de vida, bem como ao aumento do sobrepeso e da obesidade. Esta patologia também é responsável pelo maior número de internações devido às complicações graves causadas e que necessitam de cuidados médicos integrais (SARTORELI; FRANCO, 2003). No tratamento do diabetes a terapia medicamentosa é fundamental, além de reeducação alimentar e práticas de exercícios físicos. Como terapia medicamentosa emprega-se, principalmente, a insulina, utilizada com o objetivo de controlar os pulsos de glicemia após as refeições em todos os tipos de diabetes, mas principalmente no tipo 1 ou insulinodependente (MERCK SHARP & DONE, 2010). Além da insulina, existem classes de medicamentos hipoglicemiantes, as quais auxiliam no aumento da secreção de insulina por estímulo direto no pâncreas, como exemplo as sulfoniluréias (glibenclamida, tolbutamida, clorpromamida, glimepirida, glipizida e tolazamida). Já as meglitinidas, como a repaglinida, que não atua diretamente na hexocitose da insulina e derivados da D-fenilalanina, como 47 nateglinida que também exerce efeito sobre a secreção da insulina (BEERS; BERKOW, 1999; KATZUNG, 2006). Enquanto os fármacos distintos acima atuam aumentando os níveis plasmáticos de insulina, outros aumentam a sensibilidade dos receptores celulares a ação da insulina, como as classes farmacológicas das tiazolidinodionas (pioglitazona, rosiglitazona), e as biguanidas cuja principal representante é a metformina (KATZUNG, 2006). 3.7.1 Cloridrato de metformina O cloridrato de metformina é conhecido como cloridrato de 1,1dimetilbiguanida (figura 5). Apresenta-se na forma de cristais brancos, solúveis em água, pouco solúveis em álcool e praticamente insolúveis em acetona, cloreto de metileno, éter e clorofórmio. É comercializado também na forma de pclorofenoxiacetato e pamoato de metformina. O teor de matéria-prima seca na forma de cloridrato é de 98,5 a 101,0 %, com ponto de fusão na faixa de 222 ºC a 226 ºC (FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008; O´NEIL et al., 2006; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008) Figura 5 - Estrutura molecular do cloridrato de metformina Pertencente à classe das biguanidas, a metformina tem tempo de meia vida de 1,5 – 3 h, não exibe ligação com proteínas plasmáticas e nem é metabolizada pelo fígado, sendo excretado na urina sob a forma inalterada. Os mecanismos de ação propostos são vários como (a) estimulação da glicólise nos tecidos e remoção do plasma, (b) redução da gliconeogênese hepática e renal, (c) redução da absorção da glicose pelo trato gastrointestinal, (d) redução dos níveis plasmáticos de glucagon, e ainda, além de hipoglicemiante, pode ser utilizado no tratamento de ovário policístico (KATZUNG, 2006; O´NEIL et al., 2006). O fármaco é prescrito quando a terapia com insulina é ineficaz, e sendo um agente poupador de insulina, não aumenta o peso corporal, não provoca 48 hipoglicemia, apresentando vantagens em relação às demais classes de hipoglicemiantes. O esquema de administração varia de 500 mg a 2,55 g ao dia, ajustando para a menor dosagem eficaz (BEERS; BERKOW, 1999; KATZUNG, 2006). Como efeitos colaterais apresenta: desconfortos gastrointestinais, como anorexia, náusea, vômito, desconforto abdominal, diarréia, freqüente em 20 % dos pacientes, que podem ser evitados se administrar junto com as refeições. Sendo contra-indicada em pacientes com doença renal, alcoolismo, hepatopatia ou predisposição a anorexia tecidual (BEERS; BERKOW, 1999; KATZUNG, 2006). Este fármaco tem sido recentemente redescoberto devido à sua capacidade de inibir significativamente o crescimento de linhagens celulares de câncer ovariano e potencializar a quimioterapia (GOTIEB et al., 2008; RATTAN et al., 2011) e está sendo submetido a testes clínicos de Fase II combinado com quimioterapia em câncer de pâncreas (UNIVERSITY OF AMSTERDAM, 2011). Na maioria dos fármacos, em condições inadequadas de armazenamento, pode ocorrer a degradação e, consequentemente, a formação de impurezas. No caso do cloridrato de metformina (Figura 5), as impurezas (Figura 6) são cianoguanidina (A), 4,6-diamino-1,3,5-triazino-2-il)guanidina (B), N,N-dimetil-1,3,5triazino-2,4,6-triamina (C), 1,3,5-triazino-2,4,6-triamino ou melamina (D), 1- metilbiguanida (E) e N-metilmetenamida (FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008). A cianoguanidina (A) também chamada diciandiamida, é um dímero de cianamida e um intermediário da síntese do cloridrato de metformina e da melamina (D), a qual é um trímero da cianoguanidina (ALI et al., 2008). 49 NH2 N NH2 N N H2N NH H2N CN N NH H2N HN NH (A) N N N CH3 CH3 NH2 (B) (C) NH2 N H2N N N NH NH2 H2N (D) NH NH NH CH3 (E) Figura 6 - Estrutura molecular das impurezas especificadas do cloridrato de metformina O limite máximo permitido para a impureza especificada (A) é de 0,01 %. Para as demais substâncias relacionadas detectáveis o limite permitido é de 0,02 %, ou no máximo a área do pico obtido no cromatograma da solução padrão melamina (D). Quanto a metais pesados, é permitido no máximo 10 ppm ou 0,001 %, a perda por dessecação deve ser de, no máximo, 0,5 % e as cinzas sulfatadas de no máximo 0,1 % (FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008). Quanto às formas farmacêuticas, o cloridrato de metformina está disponível na forma de comprimido, nas dosagens de 500 mg, 850 mg e 1000 mg . O medicamento de referência é o Glifage®. Além deste, o laboratório Merck comercializa o Glifage XR® (comprimidos de ação prolongada) (CAETANO, 2008). Até 2011 havia 64 especialidades farmacêuticas comercializadas no Brasil com as doses acima citadas do referido fármaco (ANVISA, 2011). 3.7.2 Métodos por CLAE para análise do cloridrato de metformina A maior parte dos estudos com metformina envolve análise do fármaco em amostras biológicas. Um dos métodos desenvolvidos com objetivos de fazer o doseamento plasmático dos níveis de metformina foi descrito por Vesterqvist, 50 Nabbie e Swanson (1998). A amostra de plasma contendo cloridrato de metformina foi injetada no sistema cromatográfico (CLAE) utilizando uma coluna de troca iônica preparativa e fase móvel fosfato de amônio 0,05 M. Posteriormente, outra coluna de troca iônica analítica com fase móvel de fosfato de amônio 0,4 M foi empregada e a metformina eluiu em 5 min. Após a validação da metodologia, os autores concluíram que o método é robusto, rápido e sensível para doseamento de metformina em plasma sanguíneo. Outro método foi desenvolvido por Porta et al. (2008), para análise do fármaco em plasma e objetivava a aplicação em ensaios de farmacocinética e bioequivalência. Foi empregada coluna MetaSil com grupos fenil ligados; fase móvel composta de tampão fosfato 0,02 M pH 7,0 com acetonitrila (50:50 v/v) em fluxo de 1mL/min; temperatura do forno de 40 ºC e detecção em 236 nm. O método foi validadeo e os autores argumentam sobre sua aplicação em ensaios de bioequivalência, avaliação biológica e estudos de farmacocinética. Ainda com objetivo de doseamento do cloridrato de metformina em plasma humano, foi utilizado como fase estacionária uma coluna de sílica C18 end capped (Inertsil ODS-2, 250 x 4,6 mm, 5 µm) e fase móvel constituída de metanol:água (65:35 v/v), com fluxo de 1mL/min, na temperatura ambiente. Como resultado a metformina teve tempo de retenção de 15 minutos. A metodologia apresentou precisão e exatidão para dosagem plasmática de metformina (TACHE et al., 2001). Zarghi et al. (2003) utilizaram uma coluna µBondapak C18 (150 x 4,6 mm, 4 µm), fase móvel composta de acetonitrila: tampão dodecil sulfato de sódio 0,01 M e fosfato dihidrogenado 0,01 M (pH 5,1) 40:60 (v/v), com detecção em 235 nm. Os autores argumentaram que o método apresentou boa sensibilidade, seletividade e precisão, podendo ser utilizado para estudos de farmacocinética utilizando o cloridrato de metformina. Este método apresenta a desvantagem do fármaco eluir em 3,4 min, muito próximo ao volume morto, dificultando a separação das impurezas que eluam previamente ao fármaco. Existem ainda metodologias desenvolvidas para doseamento simultâneo do cloridrato de metformina e outros fármacos, como descrito por Georgita et al. (2007), onde há a eluição do cloridrato de metformina e glibenclamida na mesma amostra (plasma). Utilizando coluna Zorbax® CN (150 x 4,6 mm, 5 µm), com pré-coluna Phenomenex® C18 (2 x 4 mm), fase móvel contendo 50 % de solução de acetato de amônio 0,01 M, pH ajustado para 3,5 com ácido acético e 50 % de acetonitrila, 51 volume de injeção de 50 µL, fluxo de 1 mL/min e temperatura do forno de 25 ºC, e como detector do tipo espectrômetro de massas. As amostras foram contaminadas com dois produtos de degradação, um de cada fármaco e submetidas à análise. Os autores concluíram que a metodologia foi validada e que poderia ser utilizada em estudos de bioequivalência de amostras que contivessem mistura de metformina e glibenclamida. Nos compêndios oficiais, o método preconizado para o doseamento da matéria-prima de cloridrato de metformina é a titulação. A metodologia por CLAE é indicada apenas para ensaios de substâncias relacionadas, ou seja, análise das substâncias provenientes do processo de degradação do fármaco, as quais são consideradas impurezas (FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008). Nas Farmacopeias Portuguesa, Britânica e Americana, para a matéria-prima de cloridrato de metfomina, no item relativo à quantificação das substâncias relacionadas recomenda-se o emprego de uma solução padrão do cloridrato de metformina (5 mg/mL), solução padrão do cloridrato de metformina diluída (5 µg/mL), uma solução da impureza (cianoguanidina-A) na concentração de 1 µg/mL e uma solução de resolução (mistura de metformina e melamina) nas concentrações de 5 µg/mL e 2 µg/mL, respectivamente. O tempo de corrida deve ser duas vezes o tempo de retenção do cloridrato de metformina (FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008). Como fase estacionária, as farmacopeias recomendam utilizar sílica gel porosa ligada quimicamente à grupo ácido benzenossulfônico (0,25 m x 4,6 mm, 5 µm). Para a impureza cianoguanidina padroniza-se como fase móvel uma solução de dihidrogenofosfato de amônio (17 g/L), com pH ajustado para 3,0 com ácido fosfórico, fluxo de 1 mL/min e volume de injeção de 20 µL (FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008) A Farmacopeia Americana recomenda como fase estacionária, sílica porosa ligada a grupos de troca iônica, ácidos fortes (0,25 m x 4,6 mm, 10 µm), denominada L9. A fase móvel é a mesma da farmacopeia britânica, o fluxo pode ser variável de 1,0 a 1,7 mL/min e o volume de injeção de 20 µL (UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008). 52 Para análise de teor do cloridrato de metformina em comprimidos, o método preconizado é a técnica de espectrofotometria no UV (BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008). Nos ensaios de substância relacionada, nos comprimidos, procede-se da mesma forma que para a matéria-prima, segundo a Farmacopeia Americana (UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008). A farmacopeia britânica (BRITISH PHARMACOPEIA, 2008) no ensaio de substâncias relacionadas, mais especificamente para presença de cianoguanidina (A), a solução é preparada com os comprimidos do cloridrato de metformina (5 mg/mL) e uma solução com padrão de cianoguanidina (1 µg/mL), comparando-se os cromatogramas das duas soluções. A área de qualquer impureza com tempo de retenção diferente da cianoguanidina não deve ser maior que o pico correspondente à cianoguanidina (0,02 %) (BRITISH PHARMACOPEIA, 2008). Neste caso específico de pesquisa de cianoguanidina em comprimidos, utiliza-se outro sistema de eluente, e a coluna cromatográfica recomentada possui outras dimensões. O sistema eluente emprega solução de ortofosfato de amônio dihidrogenado 1,7 %, com pH ajustado para 3,0 com ácido ortofosfórico, fluxo de 1 mL/min, utilizando como fase estacionária a sílica gel porosa com grupos benzenosulfônico ligados, porém, com 12,5 cm de comprimento por 4,6 mm de espessura e partículas de 5 µm (Partisphere 5 µm SCX) (BRITISH PHARMACOPEIA, 2008). Recentemente foi publicado o resultado de um desenvolvimento e validação de método de quantificação do cloridrato de metformina, utilizando testes de degradação forçada. Porém, as condições de degradação aplicada à matéria-prima não foram especificadas, sendo apenas citada a realização de estresse químico com ácido, base, agente oxidante, e estresse físico com luz e calor, sem detalhar o tempo de contato, a temperatura, as concentrações dos agentes degradantes e a metodologia utilizada (SAKALGAONKAR; MIRGANE; ARBAD, 2008). As condições cromatográficas aplicadas no referido estudo foram fase estacionária Inertisil ODS 3V (250 mm x 4,6 mm, 5 µm), fase móvel composta de uma mistura de acetonitrila e tampão (25 mM de fosfato de potássio dibásico 7:93 e 5 mM de hexano sulfônico sal sódico) 7:93, pH ajustado para 3,0 com ácido fosfórico, fluxo de 1 mL/min, volume de injeção 20 µL, e comprimento de onda 218 nm. As amostras do padrão cloridrato de metformina e as amostras do cloridrato de 53 metformina submetidas ao processo de degradação forçado foram diluídas até uma concentração de 25 ppm. Os autores não observaram nenhum produto de degradação formado nas condições utilizadas, com contradições nas análises da linearidade do método (SAKALGAONKAR; MIRGANE; ARBAD, 2008). O trabalho citado contradiz as monografias farmacopeicas, pois algumas das estruturas dos possíveis produtos de degradação e impurezas deste fármaco já são conhecidas e elucidadas, e podem ser geradas por processo de degradação ou até mesmo ser resíduos da síntese em laboratório, como a diciandiamida, a qual é a substância de partida na síntese da metformina (BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008; SHALMASHI, 2008). Ali e colaboradores (2008) desenvolveram e validaram um MIE seletivo para o cloridrato de metformina, cianoguanidina e melamina, além dos produtos de degradação gerados em diferentes condições de degradação, empregando cromatografia líquida de interação hidrofílica (HILIC) em CLAE. O método baseou-se na interação hidrofílica dos analitos com a sílica da fase estacionária. Riwari (2009) validou um método MIE por CLAE em fase reversa, empregando como fase móvel tampão fosfato e metanol (21:79 v/v), porém somente demonstrou a separação do cloridrato de metformina da impureza cianoguanidina, sem a realização de testes de degradação forçada. Bhamare et al. (2011) demonstraram a validação de um Método MIE por CLAE-UV para a associação do cloridrato de metformina e fenofibrato, usando uma coluna de fase reversa (Inertsil® ODS). Neste método, como a fase móvel continha apenas água acidificada e acetonitrila, o cloridrato de metformina eluiu muito próximo ao volume morto. Os autores aplicaram condições de degradação a fim de demonstrar a seletividade do método, na presença dos dois fármacos. Porém, não demonstraram a eluição das impurezas especificadas pelas farmacopéias, que provavelmente eluiriam antes do cloridrato de metformina, devido à polaridade elevada destas substâncias. Os métodos discutidos acima para o doseamento do cloridrato de metformina na literatura estão resumidos no Quadro 8 abaixo: 54 Quadro 8 - Métodos analíticos para o doseamento da metformina por CLAE Fase móvel Fosfato de amônio 0,4 M Acetonitrila:dodecil sulfato de sódio 0,01 M e fosfato de sódio dihidrogenado 0,01 M,pH 5,1, (40:60 v/v) Água:metanol (65:35 v/v) Tampão fosfato 0,02 M: acetonitrila pH 7,0 (50:50 v/v) acetato de amônio 0,01 M, pH 3,5 com ácido acético: acetonitrila (50:50 v/v) Fosfato de amônio 17 g/L pH 3,0 com ac. fosfórico (ensaio para substâncias relacionadas) Acetonitrila: tampão (25 mM de fosfato de potássio dibásico e 5 mM de sal sódico de ácido sulfônico hexano) pH 3,0 com ácido Fosfórico (7:93 v/v) Fosfato de amônio a 17 g/L pH 3,0 com ac. Fosfórico (ensaio para substâncias relacionadas) ortofosfato diidrogenado de amônio 1,7 % pH 3.0 (teor de cianoguanidina em comprimidos) Fosfato de amônio monobásico pH 3,0 Fosfato de sódio hidrogenado 25 mM pH 3,0: acetonitrila (84:16 v/v) Fosfato de amônio diidrogenado 0,01 mM pH 5.0 Acetonitrila: água em pH 3 com ác. Ortofosfórico (70:30 v/v) Tipo de coluna Temp. (°C) Nc Sistema de detecção (nm) UV/232 Referência Nc UV/235 2 C18 endcapped Inertsil ODS-2 (250 x 4,6mm) MetaSil-fenil (150 x 4,6mm) T.A. UV/280 3 40 UV/236 4 Zorbax CN (150 x 4,6 mm, 5 µm), com pré-coluna Phenomenex C18 (2 x 4 mm) Gel de Sílica poroso de forma irregular com grupos benzenosulfônicos (5 micrometros) 4,6 x 250 mm 25 Espectrometria de massas 5 Nc UV/218 6 Sílica C18 endcapped Inertsil ODS-3V (250 x 4,6 mm) 25 UV/218 7 Gel de Sílica poroso de forma irregular com grupos benzenosulfônicos (10 µm) 4,6 x 250 mm ou (5 µm) 4,6 x 125 mm Gel de Sílica poroso de forma irregular com grupos benzenosulfônicos 12,5 cm x 4 mm (Partisphere 5 µm SCX) Spherisorb SCX L9 4,6 x 250 mm (revestida com ácidos fortes trocadores de cátions) Coluna HILIC – Si 250 x 4,6 mm Waters, 5 µm Nc UV/218 8 Nc UV/218 8 Nc UV/218 9 T. A. UV/ 218 10 T. A. UV/232 11 30°C UV/250 12 Coluna de extração tipo troca-iônica (7,5 x 4,6 mm), com uma válvula de troca e coluna analítica de troca iônica (250 x 4,6 mm). C18 150 x 4.6 mm µbondapak Nova-pack silica 4 µm, 150 x 3,9 mm Inertsil® ODS 1 Nc: não consta; T.A.: Temperatura Ambiente; 1) Vesterqvist; Nabbie; Swanson (1998); 2) Zarghi et al. (2003);3) Tache et al. (2001); 4) Porta et al. (2008); 5) Georgita et al. (2007); 6) Farmacopeia Portuguêsa (2005); 7) Sakalgaonkar; Mirgane; Arbad (2008); 8) British Pharmacopeia (2008); 9) United States Pharmacopeia (2008); 10) Ali et al. (2008); 11) Riwani (2009); 12) Bhamare et al. (2011). 55 Apesar do grande número de metodologias desenvolvidas para o fármaco em questão, poucas podem ser consideradas MIE. Entre aquelas que cumprem este requisito, há o emprego de colunas especiais, como é o caso dos métodos farmacopeicos e o uso da HILIC. Nos métodos que empregaram colunas mais comuns, de fase reversa, não há uma clara demonstração da separação de mais de um produto de degradação do fármaco. Tampouco há informação sobre a influência de diferentes fabricantes e excipientes no perfil de degradação do cloridrato de metformina, e dados de qualificação quanto à citotoxicidade dos produtos degradados. 56 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Materiais • Acetato de etila PA, marca Isofar • Acetonitrila grau HPLC, marca J. T. Baker • Ácido acético PA, marca Nuclear • Ácido ortofosfórico, marca Merck • Água ultrapura grau HPLC • Anfotericina B, marca Fungizona, GIBCO • Brometo de etídio, marca Sigma Aldrich • Clorofórmio PA, marca Vetec • Cloridrato de metformina SQR; 98,2 % teor (procedência China, Lote 20051129) • Diacetato de fluoresceína, marca Sigma Aldrich • Diciandiamida PA, marca Sigma Aldrich • Diclorometano PA, marca Isofar • Dimetilsulfóxido PA, marca nuclear • Dodecilsulfato de sódio marca Tedia • Fosfato de potássio, marca Synth • Fosfato de potássio monobásico, marca Synth • Fosfato de sódio dibásico, marca Synth • Fosfato de sódio monobásico, marca Synth • Glifage® 500 mg, laboratório merck , lote BR18409 • Glucoformin® 500mg, laboratório Novo Nordisk , lote LVM70304 • H2O2 PA, marca Isofar • HCl PA ,marca Biotec • Heptanossulfonato de sódio ,marca Vetec • Hexano Grau HPLC, marca Isofar • L-glutamina • Melamina PA, marca Sigma Aldrich • Metanol Grau HPLC, marca J. T. Baker • Metanol PA, marca Vetec 57 • MTT PA, marca Sigma • NaOH PA, marca Isofar • Octanossulfonato de sódio PA, marca Vetec • Placas cromatográficas de sílica gel 60 F254, marca Merck® • Placa cromatográficas de sílica gel (2 mm x 20 cm), marca Merck® • Permanganato de potássio PA, marca Dinamica • Pool de antibióticos (Neomicina, Estreptomicina e penicilina,) marca GIBCO • Sílica gel em pó (0,04 – 0,06 mm), marca Merck® • Soro fetal bovino, marca GIBCO 4.2 Equipamentos • Balança analítica Mettler Toledo modelo AG 204 • Balança Micro analítica Shimadzu modelo AVW2220D • Banho de ultrassom cleaner • Bomba vácuo Marconi modelo 2107V6200TFEZI • Capela de fluxo laminar Pachane, modelo 400 • Câmara de UV Dist modelo DVIRUV • Cromatógrafo (Shimadzu modelo LC-10AD LC system) consistindo de uma bomba binária (LC10AD) e um detector tipo DAD - photo diode array Shimadzu (SPD-M10A), com injetor automático (SIL-10A) e software Class VP (version 5.33) • Cromatógrafo (Waters modelo 600 pump) com detector tipo DAD (2996), injetor automático (717 plus) e um degaseificador in line (degasser AF) e software Millennium Empower • Cromatógrafo (Shimadzu, modelo GCMS-QP2010S) tipo GC-MS com Detector de Massas (QP-2010, composto por: Analisador de Íons tipo Quadrupólo com pré-quadrupólo em aço inox), Fonte de Ionização tipo Impacto de elétrons (EI);com Software GCMSsolution, versão 2.53SU1; Auto injetor AOC-20i para GCMS-QP2010S e Detector de Ionização de Chama (FID), modelo FID-2010. • Câmara de UV Dist Modelo DVIRUV 300 58 • Estufa de CO2 Ultrasafe Biosystem modelo FTF 212UV • Espectrômetro supercondutor de RMN Multinuclear com Transformada de Fourier modelo AC300F MHz para observar 1H/13C equipado com imã supercondutor BC 47/50, marca Bruker • Leitor de microplaca ASYS modelo Expert plus UV • Liofilizador (Thermo Savant, VLP 200) com bomba de vácuo (Thermo Savant, VPOF 110) • Microscópio de fluorescência invertida olympus modelo CKX 41 • pHgâmetro Digimed modelo DM 20 • Rotaevaporador Tecnal TE- 211 • Ulrapurificador Easy Pure LE, modelo D 738 4.3 Doseamento do cloridrato de metformina nas especialidades farmacêuticas Inicialmente foi realizado o doseamento de três especialidades farmacêuticas contendo cloridrato de metformina: o medicamento referência, Glifage® 500 mg cujo fabricante é o laboratório Merck Sharp & Done, o genérico, do laboratório Medley e o similar Glucoformin®, do laboratório Novo Nordisk, utilizando método por CLAE previamente desenvolvido e validado pelo UNIVALI-LAPAM (Laboratório de Produção e Análise de Medicamentos). O referido método foi adaptado da Farmacopeia Britânica (BRITISH PHARMACOPEIA, 2008), a qual não utiliza solvente orgânico na fase móvel (Quadro 8). Este método (LAPAM) consiste no uso de uma coluna especial de fase ligada (SCX C18 com grupo benzenossulfônico ligados). A coluna empregada foi do modelo Luna® (Phenomenex) com diâmetro de 4,6 mm e comprimento de 100 mm e tamanho de partícula 5 µm. Como fase móvel foi utilizada uma solução tampão fosfato de potássio monobásico 150 mM e metanol 95:5 (v/v), pH 3,0 acidificado com ácido fosfórico, fluxo de 1 mL/min, temperatura do forno de 30 ºC, volume de injeção de 20 µl e detecção em 218 nm. O método utilizado foi empregado tanto para o doseamento das especialidades farmacêuticas quanto para selecionar as condições de estresse do fármaco cloridrato de metformina, para posterior degradação das especialidades farmacêuticas. Na validação deste método por CLAE, pelo UNIVALI-LAPAM 59 (comunicação pessoal baseada no relatório de validação analítica RVA 08), foi previamente determinada a linearidade na faixa de 20 – 200 µg/mL (r2 de 0,9996), sua exatidão (% de recuperação nos níveis de 80, 100 e 120 µg/mL) com recuperação média de 101,5 % (CV de 1,30 %), precisão (CV da repetibilidade 0,93 % e da precisão intermediaria de 0,66 %), e robustez quanto à variação de ± 10 % no fluxo da fase móvel e na temperatura (CV máximo de 0,37 %), sendo considerado validado de acordo com as normas oficiais (BRASIL, 2003). Porém a seletividade deste método não havia sido determinada, afim de verificar se o método é tipo MIE. No doseamento dos comprimidos, a solução amostra foi preparada pesandose 20 comprimidos, triturando e pesando o equivalente a 100 mg de cloridrato de metformina em um balão volumétrico de 100 mL. A solução foi sonicada por 5 min, com 50 mL de água purificada, completando o volume com o mesmo solvente . Após a solução foi filtrada com papel filtro tarja preta, descartando os 20 mL iniciais. Foram transferidos 5 mL e diluídos para balão de 50 mL com água purificada, obtendo concentração teórica final de 100 µg/mL. As amostras foram preparadas em triplicata e cada triplicata foi injetada em duplicata, totalizando 6 análises. A solução padrão (SP) foi preparada pesando-se o equivalente a 100 mg de cloridrato de metformina SQR (Substância Química de Referência), em um balão volumétrico de 100 mL. A solução foi sonicada por 5 min, com 50 mL de água purificada, completando o volume com o mesmo solvente e após, filtrada com papel filtro qualitativo, descartando os 20 mL iniciais. 5 mL foi transferido e diluídos para balão de 50 mL com água purificada, obtendo concentração final de 100 µg/mL. Como solução de resolução foi utilizado 1 mL da solução de melamina 100 µg/mL com 5 mL da SP em balão de 50 mL, completando o volume com água purificada. Após filtração, em filtro de membrana de celulose regenerada com diâmetro de poro de 0,45 µm, 20 µL das soluções padrão (quintuplicata), amostra e solução de resolução foram injetadas no cromatógrafo com auxílio de injetor automático. O cálculo de doseamento dos comprimidos foi realizado utilizando a equação 4: % = Aa x Mp x Pot x Mc Xap x Ma x 25 Equação 4 60 Onde: Aa: Área do pico principal (média duplicata) obtido no cromatograma da Solução Amostra; Mp: Massa do padrão (mg); Pot: Potência (teor) do padrão (%); Mc: Massa da amostra (mg) correspondente a 100mg de metformina cloridrato; Xap: média das áreas pico principal obtido solução amostra; Ma: Massa da amostra (mg). 4.4 Estabelecimento das condições de degradação do cloridrato de metformina Inicialmente o fármaco foi submetido a teste de degradação forçado nas condições ácida, básica, neutra, oxidante e fotolítica, a fim de se obter 10 – 30 % de degradação (BRASIL, 2008). Posteriormente foi analisada por CLAE pelo método previamente validado pelo UNIVALI-LAPAM, descrito no item 4.3, Os parâmetros avaliados foram: percentual de degradação do fármaco, aparecimento de picos suplementares (com absorção na faixa do UV) e resolução em relação ao fármaco. Após serem estabelecidas as condições de degradação para o fármaco isolado, de forma a visualizar o aparecimento de picos suplementares nos cromatogramas com detecção em 218 nm ou 232 nm, o protocolo selecionado foi repetido com as três formulações comerciais do cloridrato de metformina 500 mg (Glifage®, Glucoformin® e Genérico Medley). Neste caso empregou-se uma quantidade de pó equivalente a 12,5 mg de cloridrato de metformina em balão volumétrico de 25 mL (concentração teórica de 500 µg/mL). 4.4.1 Hidrólise ácida Uma solução do fármaco na concentração final de 500 µg/mL foi preparada com HCl 1 M (volume final 25 mL) e submetida à refluxo por 1, 2, 3, 4, 6 e 14 h. A condição de 6 h sob refluxo foi repetida com as três formulações comerciais. 4.4.2 Hidrólise básica Uma solução do fármaco na concentração final de 500 µg/mL foi preparada com solução de NaOH 1 M, 0,1 M e 0,01 M (volume final 25 mL) e deixada em refluxo por 30 min (para as três concentrações), 1, 2, 4 h (para 1 M). Foi testado, também, o solvente NaOH 0,1 M sob agitação em temperatura ambiente (T.A.), por 61 24 e 48 h. A condição de NaOH 0,1 M sob agitação em T. A., por 24 h, foi repetida com as formulações comerciais. 4.4.3 Hidrólise Neutra Uma solução do fármaco de concentração final de 500 µg/mL foi preparada com água ultrapura, mantida sob refluxo por 1, 2, 4, 14, 24, 36 e 39 h. A condição de 39 h foi repetida com as formulações comerciais. 4.4.4 Degradação oxidativa Foram testados dois agentes oxidantes. Uma solução de concentração de 500 µg/mL do fármaco foi preparada com uma solução de peróxido de hidrogênio (H2O2) 3 %, mesma concentração de fármaco, sob refluxo, nos tempos de 6, 12 e 24 h. Como não houve degradação significativa foram preparadas amostra com H2O2 10 % e 32 % (500 µg/mL do fármaco), deixados agitando à temperatura ambiente por 24 e 48h. A condição de H2O2 32 % por 48 h sob agitação a temperatura ambiente foi repetida com as formulações comerciais. 4.4.5 Fotólise Neste teste foram testadas duas condições. Primeiramente o pó foi colocado em um vidro relógio e deixado em exposição à luz ambiente por 24 h. Na segunda condição uma solução aquosa do fármaco na concentração de 500 µg/mL em água, foi colocada em placas de Petri (volume final 25 mL) e deixado em exposição sob uma lâmpada UV em comprimento de onda 254 nm por 3,5 h, sendo esta última condição repetida com as formulações comerciais. Para monitorar as condições de degradação, após os testes, as soluções foram diluídas até uma concentração teórica de 25 µg/mL com água e analisadas por CLAE, utilizando uma solução aquosa de cloridrato de metformina (padrão secundário) a 25 µg/mL recentemente preparada. Como referência para a estimativa do percentual de degradação. Foi analisada também a resolução dos picos suplementares que surgiram nos cromatogramas em relação ao pico do analito. 62 4.5 Caracterização dos produtos de degradação Embora não fosse um objetivo deste projeto, foram realizadas algumas tentativas de isolamento e caracterização dos produtos de degradação, empregando Cromatografia em camada delgada (CCD), Cromatografia em camada preparativa (CCP), Cromatografia em coluna tipo Flash e análise por RMN H1 e CG-MS. As amostras degradadas nas condições selecionadas foram primeiramente secas utilizando fluxo de nitrogênio comprimido com as soluções mergulhadas em tubos de ensaio com tampa de rosca em banho maria a 60 ºC, sendo redissolvidas em metanol antes da aplicação nas cromatoplacas. Posteriormente foi testada a secagem em liofilizador e em roetaevaporador (aquecidas a uma temperatura de 85 ºC, sob vácuo). 4.5.1 Cromatografia em camada delgada Para as análise em CCD foram empregadas placas cromatográficas de sílica gel 60 F254 (Merck®). Foram testadas as seguintes fases móveis: MeOH:CH3Cl (50:50) – (60:40) – (40:60) – (45:55) – (80:20), MeOH:Hex:Ác. Acético (2:1:1gota), Acetato de etila:Acetona:MeOH:H2O (25:8:3:1), Butanol:Ác Acético: H2O (4:1:5), MeOH:Ác. Acético (97:3) - (70:30) - (93:7) – (50:50), H2O:MeOH:(NH4)2SO4 (2:1:0,5% p/v), Hex:Act Etila (7:1), Act etila:Ác. Acético (80:20) – (90:10), , MeOH:Ác. Acético: H2O (1:1:1), MeOH:NH4OH 10% e 20%, CH3Cl:Ác. Acético: H2O (50:42,5:7,5%) – (50:42,5:7,5%) – (65:35:4), Butanol:Acetona: H2O (6:3:1), Act. Etila:Acetona: MeOH: H2O (25:8:3:1), CH3Cl:MeOH:Ác. Acético (20:80:4 gotas) – (60,75:32,71:6,54) – (65,42:28,04:6,54) – (62,5:31,25:6,25) – (53,84:36,88:5,73) – (48,78:42,58:8,54) – (59,83:34,19:5,98) – (70:30:3 gotas) – (70:30:5 gotas) (63,63:31,80:5,45) – (64,81:32,40:2,77), Act etila:Ác. Acético (80:20), Act etila:Acetona (10:90), Act Etila: Acetona: Ác acético (60:32:8), Diclorometano:MeOH (50:50) – (60:40) – (40:60). Como solução reveladora foi utilizada ninhidrina 5 %, em metanol 50 % (em água, borrifando na placa e revelando com aquecimento à 110 ºC. 63 4.5.2 Cromatografia em camada delgada preparativa Prosseguiu-se com a análise da amostra submetida à degradação ácida, empregando o método em CCP, utilizando placa de sílica gel (2 mm x 20 cm), e como fase móvel uma mistura de Diclorometano:MeOH (50:50). 4.5.3 Ressonância magnética nuclear Uma das bandas obtidas na CCP (número 6), aparentemente pura, foi analisada por RMN H1. A banda 5 que continha dois compostos co-eluindo foi submetida a uma posterior cromatografia em coluna, com fase estacionária sílica gel (0,04 – 0,06 mm), em seringa de 20 mL, e como fase móvel utilizou-se 40 mL dos seguintes sistema de solventes, CH3Cl 100 %, CH3Cl:MeOH 50:50 e MeOH 100%. As subfrações obtidas foram recromatografadas em CCD, e a sub-banda 3 oriunda da banda 5 anterior também foi analisada por RMN H1, em metanol deuterado. 4.5.4 Coluna Flash Em paralelo foi preparada uma coluna tipo Flash com a amostra degradada na condição de degradação ácida. Para esta coluna foi utilizada sílica gel em pó (0,04 – 0,06 mm) a qual foi empacotada com CH3Cl e eluída com um sistema de solvente CH3Cl:MeOH 50:50, auxiliado por um sistema de pressão positiva acoplado ao sistema cromatográfico fechado. As frações obtidas foram monitoras por CCD e eluidas no mesmo sistema solvente. 4.5.5 Espectroscopia de massas Todas as condições de degradação (ácida, básica, neutra, oxidante e fotólise) em solução de 25 µg/mL foram submetidas à injeção direta no GC-MS QP 2010S, utilizando o sistema de injeção direta na fonte de íons a 30 ºC, aquecida a 40 ºC/min até 70 ºC, permanecendo por 2 min e em seguida, aquecida 70 ºC/min até 350 ºC, permanecendo por 10 min nesta condição (tempo de análise 10 min) na tentativa de elucidar as estruturas dos compostos gerados pela degradação. Porém, devido à impossibilidade de análise de tantos compostos em mistura (dados não mostrados), foi realizada outra CCP nas mesmas condições acima citadas, utilizando a amostra degradada em condição ácida, para posterior análise por GC-MS. 64 4.6 Desenvolvimento de método alternativo para análise dos produtos de degradação por CLAE Na tentativa de buscar um método alternativo, indicador de estabilidade (MIE) para o cloridrato de metformina, adequado às necessidades e que fosse acessível aos laboratórios analíticos, foram testadas outras condições, empregando colunas de fase reversa, com diferentes fases móveis. As colunas cromatográficas, fases móveis e demais condições testadas estão descritas no Quadro 9. Quadro 9 – Condições cromatográficas testadas durante desenvolvimento da metodologia de análise do cloridrato de metformina e seus produtos de degradação. Condição Coluna Cromatográfica Fase móvel Fluxo pH 1 sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm Dodecil sulfato de sódio 1 mM e fosfato de sódio monobásico 10 mM, e metanol (40:60 - 45:55 - 60:40 75:25 - 80:20 v/v) 0,8; 0,6 e 0,5 5,5 2 sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm Fosfato de sódio monobásico e dibásico 25 mM 50 ppm de ácido octanossulfônico: metanol (70:30 80:20 - 95:05 - 98:02 v/v) 0,8; 0,6 e 7,5 3 sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm Fosfato de sódio monobásico e dibásico 25 mM 100 ppm de ácido octanossulfônico: metanol (95:05 v/v) 0,5 5,5 4 sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm Fosfato de sódio monobásico e dibásico 25 mM 100 ppm de ácido octanossulfônico:acetonitrila (96:04 v/v) 0,5 7,6 5 sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm Tampão fosfato de sódio monobásico e dibásico 25 mM:metanol: acetonitrila (95: 2,5: 2,5 - 95: 4:1 95:4,5:0,5 v/v) 0,5 7,5 6 sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm Água acidificada com ácido perclórico:acetonitrila (50:50 - 80:20 95:05 v/v) 0,5 3,0 mL/min 0,5 65 Continuação Quadro 9 7 sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm Água acidificada com ácido perclórico: metanol (95:05 v/v) 0,5 3,0 8 sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm Tampão fosfato de sódio monobásico e dibásico 50 mM: metanol e acetonitrila (90:7,5:1,5 – 95:3,5:1,5 v/v) 0,5 7,5 9 sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm Tampão fosfato de sódio monobásico e dibásico 50 mM: acetonitrila (95:05 93:07 v/v) 0,5 7,5 10 Synergi Hydro RP80A , Phenomenex ®, 150 x 4,6 mm Tampão fosfato de sódio monobásico e dibásico 50 mM:acetonitrila (93:07, 95:05 v/v) 0,5, 0,6 e 0,8 7,5 11 XBridge®, 4,6 x150 mm 5 µm Tampão fosfato de sódio monobásico e dodecilsulfato de sódio com e metanol (45:55: 50:50) 0,8 5,5 12 XBridge®, 4,6 x150 mm 5 µm Água acidificada com ácido perclórico:acetonitrila em gradiente de 5 – 100 % 0,8 2,5 13 XBridge®, 4,6 x150 mm 5 µm Tampão fosfato 0,1 M com 50 ppm de trietilamina:metanol (40:60 - 50:50 – 70:30 – 90:10) 0,8 5,5 Comprimento de onda de detecção: 232 nm; temperatura de 30 °C Paralelamente foi desenvolvido um método que emprega a metodologia de pareamento iônico, em coluna C18, adaptado da análise do hidrogeno tartarato de rivastigmina (RAO et al., 2005), um fármaco bastante hidrofílico e com características básicas, semelhantes ao cloridrato de metformina. Para este método foi utilizado uma coluna de sílica ODS C18 (Luna®, Phenomenex®, 250 x 4,6 mm, 5 µm), monitorando-se em 210 e 232 nm. Foram testados os fluxos de 0,8 e 1,0 mL/min, nas temperaturas de 30, 35 e 40 °C. Fixouse o valor de pH da fase móvel em 3,0 (com ácido ortofosfórico PA), o fluxo em 1,0 mL/min, e a proporção de fase aquosa da fase móvel (heptanossulfonato 10 mM) em 75 %, foi realizada uma otimização do método em um planejamento fatorial 32 66 variando a temperatura e a proporção dos dois solventes orgânicos (acetonitrila e metanol), como mostra o quadro 10. Quadro 10 - Análise fatorial da variação entre temperatura, e proporção de fase móvel orgânica no método por CLAE de pareamento iônico Condição Temperatura fase móvel ACN:MeOH (v/v) 5:20 1 30 ºC 10:15 15:10 5:20 2 35 ºC 10:15 15:10 5:20 3 40 ºC 10:15 15:10 A solução padrão de cloridrato de metformina utilizada em todas as análises foi dissolvida em água ultrapura, na concentração de 20 µg/mL e injetado um volume de 20 µL. A amostra do medicamento referência Glifage® degradada (20 µg/mL) em meio ácida foi injetada nas condições acima durante a fase de desenvolvimento do método, a fim de selecionar a condição que proporcionasse um tempo de análise adequado, boa resolução entre o analito e os produtos de degradação e a reprodutibilidade das áreas e tempos de retenção. 4.7 Validação analítica Após definição de um método alternativo adequado para análise da metformina e seus produtos de degradação prosseguiu-se com a validação do método. Para a validação foram realizados os testes de linearidade, precisão, exatidão, seletividade, intervalo, limite de detecção e quantificação, e robustez 67 (BRASIL, 2003). Tais parâmetros foram determinados tendo em vista a aplicação do método como sendo de categoria I (emprego no doseamento do fármaco de comprimidos) e na categoria II (emprego do método para detectar e quantificar impurezas). 4.7.1 Linearidade e intervalo Para análise da linearidade do método desenvolvido foram selecionadas sete concentrações crescentes do cloridrato de metformina SP (5, 10, 15, 20, 30, 40 e 50 µg/mL) em água ultrapura grau I, sendo que cada concentração foi preparada em triplicata e analisada por CLAE em duplicata (totalizando 6 análises de cada concentração). Foram elaboradas duas curvas analíticas em dois dias diferentes, com ensaios independentes. Posteriormente foram analisados os dados de média, desvio padrão, coeficiente de variação (CV) para cada nível de concentração e realizada a regressão linear, em software Excel 3,0. Obteve-se o coeficiente de correlação de Pearson (r), a equação da reta, a significância da regressão e análise dos resíduos (BRASIL, 2003). 4.7.2 Exatidão A exatidão foi realizada pelo ensaio de recuperação do cloridrato de metformina SP, onde concentrações descritas no quadro 11 foram adicionadas à solução amostra (comprimidos de Glifage 500 mg) de concentração conhecida. A solução amostra foi preparada pesando o equivalente a 10 comprimidos de 500 mg do medicamento referência Glifage® e triturado em gral de porcelana. Desta mistura foi pesado cerca de 5,27 mg do pó, (equivalente a 5,0 mg do fármaco), transferido para um balão de 50 mL, acrescentado cerca de 25 mL de água ultrapura e sonicado por 5 min. Após, foi completado o volume com água (concentração teórica de 100 µg/mL). A solução padrão foi preparada pesando-se 25 mg do cloridrato de metformina SP e dissolvido em água, em balão de 25 mL (concentração de 1 mg/mL). O ensaio foi realizado em três níveis de concentração 15, 25 e 35 µg/mL, cada uma das concentrações foi preparada e analisada em triplicata (Quadro 11). 68 Quadro 11 – Ensaio de Exatidão por recuperação do padrão Balão 10 mL Volume (mL) da solução Volume (mL) da solução Concentração amostra 100 µg/mL padrão a 1000 µg/mL teórica (µg/mL) 1 0,5 0,1 15 2 0,5 0,2 25 3 0,5 0,3 35 4 0,5 -- -- 5 -- 0,2 20 Para análise da recuperação do padrão foi utilizada a Equação 3 (ítem 3.5.7), onde a concentração teórica representa 100 % e o valor obtido pela concentração adicionada deve estar entre 100 ± 2 % (GREEN, 1996). 4.7.3 Seletividade Utilizando o ensaio de exatidão com a recuperação do padrão, avaliou-se a interferência dos excipientes na análise do cloridrato de metformina, através do cálculo de regra de três abaixo: ACCM ---------------- 100 % ACPCM -------------- X % Interferência: 100 – X % Onde: ACCM: Área do cromatograma referente ao cloridrato de metformina SP (20 µg/mL) – balão 5; ACPCM: Área do cromatograma referente ao balão 2 com adição do cloridrato de metformina (20 µg/mL), após descontar a área relativa ao pico da solução amostra (balão 4). A seletividade do método também foi avaliada pela resolução entre os picos de melamina e cloridrato de metformina (UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008), bem como entre os picos de impurezas na amostra degradada por hidrólise ácida. Outro parâmetro relativo à seletividade do método foi a estimativa de pureza espectral do pico referente ao cloridrato de metformina, pelo detector DAD, antes e após os testes de degradação forçada, avaliando se o método é do tipo MIE. 69 4.7.4 Precisão 4.7.4.1 Repetibilidade A repetibilidade foi avaliada com três concentrações diferentes de amostra preparadas em triplicata, com injeção em quadruplicata. Estas amostras foram preparadas pelo mesmo analista no mesmo dia. Triturou-se 10 comprimidos de cloridrato de metformina 500 mg (Glifage ®) e pesou-se o equivalente a 10, 20 e 30 mg de cloridrato de metformina, completando volume com água em balão de 100 mL. Uma alíquota de 1 mL de cada solução foi diluída com água em balão de 10 mL, totalizando concentrações de 10, 20 e 30 µg/mL. Uma solução do padrão foi preparada na concentração de 500 µg/mL e 1 mL foi transferido em balão volumétrico de 25 mL, para obter solução cuja concentração final de 20 µg/mL e analisada em triplicata. Para verificar a adequabilidade do método preparou-se a solução de resolução pesando-se 10,0 mg de melamina e transferindo-se para balão volumétrico de 100 mL, sonicado até dissolução. Transferiu-se então 0,5 mL dessa solução e 1 mL da solução padrão (500 µg/mL) para um balão volumétrico de 25 mL e completou-se com água, cujas concentrações finais dos dois analitos foi de 20 µg/mL. As amostras foram filtradas em membrana de 45 µm e injetadas no cromatógrafo. Foram calculadas as médias, desvio-padrão e coeficiente de variação para cada nível de concentração. 4.7.4.2 Precisão intermediária A precisão intermediária foi avaliada com três diferentes concentrações de amostra preparadas e analisadas, cada uma em triplicata. Estas amostras foram preparadas pelo mesmo analista em 2 dias diferentes, conforme descrito no teste de repetibilidade descrita anteriormente. 70 4.7.5 Limite de detecção e quantificação O LD e o LQ foram estimados através do cálculo da equações 1 e 2, descritos nos itens 3.5.5 e 3.5.6, respectivamente. Os dados foram obtidos no ensaio de linearidade. 4.7.6 Robustez Para avaliar a robustez do método foram realizadas pequenas e deliberadas variações na temperatura do forno (29, 30 e 31 °C) e no fluxo da fase móvel (0,9; 1,0 e 1,1 mL/min). A solução padrão de cloridrato de metformina a 20 µg/mL e a solução da amostra Glifage®, submetida à degradação por hidrólise ácida foram empregadas para a análise da robustez do método, injetada em sextuplicata, em cada condição, calculando-se o teor do fármaco. 4.8 Ensaios de citotoxicidade O ensaio foi realizado no Laboratório de Farmacologia in vitro, com orientação do Prof. Dr. Rilton Alves de Souza. Para o estudo foi utilizada a linhagem celular L292, pertencente à família dos fibroblastos. As células foram plaqueadas na quantidade de 20.000 células por poço, em placa de 96 poços, e deixadas em estufa com 5 % de concentração de CO2, na temperatura de 37 ºC, com meio de cultura adequado acrescido de soro fetal bovino, antibiótico e antifúngico, deixados em contato com as células por 24 h antes do experimento. O meio de cultivo celular foi renovado e posteriormente foram aplicados 20 uL de cada amostra diluindo-se para concentrações de 100, 10, 1 e 0,1 µg/mL preparadas conforme descrito abaixo. Amostras do fármaco degradadas nas diferentes condições (500 µg/mL) foram submetidas a processo de secagem utilizando o liofilizador. Posteriormente foi utilizado o rotaevaporador. As amostras das especialidades farmacêuticas (500 µg/mL) foram aquecidas a uma temperatura de 85 ºC, sob vácuo, solubilizadas em metanol, evaporando o metanol em capela, com secador térmico. 71 O pó restante foi pesado e dissolvido em tampão salino fosfato PBS isento de cálcio e magnésio, pH 7,45, na concentração inicial de 1000 µg/mL. Após a análise do pH das amostras, já em fluxo laminar, estas foram filtradas em membrana esterilizante, e diluídas em tampão PBS, nas diluições de 1000, 100, 10, 1 µg/mL, antes de serem aplicadas nos poços contendo as células. Como controle positivo foi utilizado o detergente TritonX 100® e como controle negativo, o próprio tampão fosfato. As células permaneceram em estufa de CO2 por mais 24 h. Para análise de viabilidade celular, após 20 h de exposição, foram adicionados 20 µL do sal de tetrazólio MTT (sal de brometo metil tetrazólio; 5 mg/mL preparada em tampão PBS) e deixada em estufa até completar 24 h. Posteriormente foi removido todo o meio de cultivo e adicionado 200 µL de dimetilssufóxido para solubilizar os cristais de formazam. As placas foram lidas em leitor de microplaca com luz UV no comprimento de onda de 570 a 620 nm e a viabilidade celular foi calculada (equação 5). Viabilidade (%) = (Abs amostra / Abs controle negativo) x 100 Equação 5 Onde: Abs = absorbância O teste de microscopia foi realizado como forma de análise de citotoxicidade observando possíveis mudanças no formato celular. As células foram fixadas com metanol gelado e deixadas em contato por 10 min. Foi removido o metanol e adicionado uma mistura de diacetato de fluoresceína e brometo de etídio 1:100, incubados por 10 min a T. A., o sobrenadante removido e lavado duas vezes com tampão PBS e posteriormente lidas em microscópio de fluorescência invertida. 4.9 Análise estatística A análise de dados dos resultados gerados por CLAE foi realizada pelo programa Excel, utilizando dados como média, desvio padrão e coeficiente de variação ou desvio padrão relativo (%), analise de regressão, teste T e Anova como teste a posteriori. 72 Nos testes de citotoxicidade celular foi utilizado o programa Prisma e como teste a posteriori o teste de Dounett. 73 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Utilizando o método desenvolvido e validado no UNIVALI – LAPAM, empregando coluna SCX, o cloridrato de metformina eluiu em cerca de 8,0 min e as principais impurezas, cianoguanidina e melamina, em 1,5 e 2,8 min, respectivamente (Figura 7), demonstrando uma boa resolução entre estes compostos, com boa simetria (T) dos picos (T = 1,27), com tempo total de corrida de 15 min. 30 30 mAU 20 20 10 0 mAU 40 40 10 50 0 50 a 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 800 Minutes 800 700 b 500 500 mAU 400 400 300 300 200 200 100 100 0 mAU 600 600 0 700 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Minutes Figura 7 – Cromatogramas relativos ao ensaio de doseamento: (a) cloridrato de metformina 25 µg/mL (b) mistura de cloridrato de metformina, cianoguanidina e melamina, em 25 µg/mL empregando coluna Luna SCX ®, tampão fosfato de potássio 150 mM pH 3,0:metanol 95:05, fluxo de 1 mL/min, a 30 °C, com detecção em 218 nm. 74 Os cromatogramas referentes às formulações comerciais apresentaram o mesmo perfil do fármaco isolado (dados não mostrados). Como os cromatogramas das especialidades farmacêuticas ficaram muito semelhantes, o método demonstrou ter boa reprodutibilidade e também seletividade para a separação das duas principais impurezas do fármaco, a cianoguanidina e a melamina (Figura 7b). 5.1 Doseamento das Especialidades Farmacêuticas Empregando o método previamente desenvolvido e validado pelo UNIVALILAPAM, as especialidades farmacêuticas empregada neste trabalho foram analisadas quanto ao teor médio. De acordo com a tabela 2, os medicamentos analisados apresentaram teor do cloridrato de metformina dentro de 90 – 110 %, e o CV ficou abaixo de 1,5 % demonstrando estarem de acordo com o especificado pela farmacopeia britânica (BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008). Tabela 2 - Resultado do doseamento dos medicamentos Glifage ®, Glucoformin ® e genérico Medley. Teor (%) CV (%) Referência-Glifage® 98,60 0,37 Similar - Glucoformin® 100,10 0,20 Genérico - Medley 101,00 1,40 Entre grupos 1,24 5.2 Teste de degradação forçada Com auxílio desta mesma metodologia citada acima foram selecionadas as condições de degradação do cloridrato de metformina, inicialmente com o fármaco isolado (Figura 8). Observou-se que o método por CLAE é seletivo para o analito, com boa resolução entre este e as demais impurezas que surgiram nas diferentes condições de estresse avaliados (Figura 8) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 50 40 0 m AU m AU 30 10 10 40 30 20 m AU 20 20 50 20 10 30 30 60 b 10 0 40 40 0 60 a 0 15 1 2 3 4 5 6 7 Minutes 8 9 10 11 12 13 14 15 Minutes 8 8 8 8 6 4 m AU mAU 2 0 -2 -4 0 0 -2 -2 0 2 0 2 4 -2 4 6 -4 6 4 d 6 m AU 2 c mAU 0 70 50 m AU 50 70 75 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 Minutes 7 8 Minutes 13 14 15 9 10 11 12 13 14 15 5 5 0 m AU 20 25 15 25 e 0 -5 -10 6 12 m AU m AU 10 10 m AU 5 0 -5 -5 5 11 10 0 4 10 15 5 3 9 20 -1 0 15 15 10 2 8 Minutes e 1 7 -5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Minutes Figura 8 - Cromatograma de análise de degradação do fármaco a 25 µg/mL em água: (a) cloridrato de metformina (20 µg/mL); (b) degradação ácida(HCl 1 M 6 h refluxo); (c) degradação básica (NaOH 0,1 M 24 h T. A.); (d) degradação neutra (água 39 h refluxo); (e) degradação oxidativa (H2O2 32% 48 h T.A.) e (f) degradação por fotólise (água 3,5 h câmara fechada 254 nm). Condições cromatográficas conforme Figura 7. 76 Na hidrólise ácida surgiram 3 picos adicionais (2,5, 4,0 e 5,5 min de tempo de retenção) após o tempo morto (t0), que foi de 1,3 min, e a área do pico do fármaco diminui, indicando sua degradação na condição selecionada (Figura 8b). Na hidrólise básica, a área do pico do fármaco também diminuiu e surgiu um pico adicional em 4,8 min (Figura 8c). Já na hidrólise neutra foi observada uma diminuição da área do analito e somente um pico adicional, em cerca de 2,0 min (Figura 8d). Na degradação por oxidação, além da diminuição da área do pico do analito, surgiram 3 picos adicionais em 3,0, 4,0 e 5,5 min, na exposição à luz UV houve uma pequena diminuição do pico do analito e surgiram 2 picos adicionais, em 4,0 e 5,5 min. Verificou-se que, em 3 das condições aplicadas, surgiram os picos em 4,0 e 5,5 min, sugerindo tratar-se dos mesmos produtos de degradação. As amostras degradadas também foram analisadas por CCD item 5.3. Em relação às condições de degradação, na condição ácida, o refluxo com tempos superiores a 6 h resultou em um elevado percentual de degradação. Por isso o tempo ideal de exposição determinado para esta condição foi de 6h em refluxo com HCl 1 M. Na degradação básica, inicialmente utilizou-se refluxo, o qual através do emprego do calor acelera a velocidade das reações, e juntamente com concentrações mais altas de NaOH, proporcionavam, elevados percentuais de degradação. Desta forma a condição selecionada foi de 24 h sob agitação mecânica, na temperatura ambiente com NaOH 0,1 M. A condição de degradação neutra, utilizando apenas água, necessitou maior tempo de exposição, com uso de calor para que houvesse degradação do fármaco, e a condição selecionada foi 39 h em refluxo. A condição oxidante, com emprego de calor em altas concentrações de peróxido de hidrogênio proporcionou um percentual muito elevado de degradação do fármaco. Optou-se pelo emprego da maior concentração de H2O2 (32 %), tempo de exposição do fármaco necessitou de 48 h com agitação mecânica em temperatura ambiente. Na fotólise foi selecionado 3,5 h de exposição à luz ultravioleta (254 nm) com amostra diluída em água, pois a exposição na forma sólida não resultou em degradação nas condições avaliadas. 77 Quanto às características físicas das amostras, enquanto o cloridrato de metformina apresenta-se como um pó branco, cristalino, a amostra degradada em condição ácida após terem sido secas pelo processo de liofilização, apresentou-se como um sólido de coloração amarelada, altamente higroscópicas. Na condição básica apresentou-se branca e higroscópica.Já nas demais condições apresentaram com pó branco, fino. De modo geral as porcentagens de degradação do fármaco isolado (Tabela 3), nas condições de degradação selecionadas, foram maiores do que o recomendado de 10 – 30 % (BRASIL, 2008). Optou-se pelo uso de condições de degradação mais drásticas no fármaco isolado tendo em vista o possível efeito “protetor” dos excipientes nas especialidades farmacêuticas e a observação de um maior número de impurezas nos cromatogramas, assegurando que o método analítico empregado fosse indicativo da estabilidade do fármaco. Tabela 3 – Porcentagens de degradação do cloridrato de metformina nas diferentes condições de degradação selecionadas (ácida, base, oxidante, neutra e fotolítica). Condição de degradação Índice de pureza do a Porcentagem de pico de metformina degradação Metformina padrão 1.00000 0 Ácido (HCl 1 M, 6 h em refluxo) 1.00000 5,74 % Base (0,1 M em agitação T.A. por 24 h) 0.99968 84,50 % Neutra (39 h refluxo com água ultrapura) 0.99959 88,99 % Oxidante (48 h agitação T. A. H2O2 32 %) 0.99993 72,12 % Fotólise (3,5 h exposição Luz UV) 0.99999 28,12 % a estimado pelo detector DAD Com base nos cromatogramas e análise da porcentagem de degradação denota-se que houve a degradação do cloridrato de metformina quando submetido às condições selecionadas, com aparecimento de impurezas, contrariando os resultados previamente publicados por Sakalgaonkar; Mirgane e Arbad (2008) que não observaram picos suplementares nos cromatogramas da amostra degradada. O interesse em estudar os produtos de degradação é auxiliar na exigência de qualificação das impurezas nas especialidades farmacêuticas e no desenvolvimento de um método analítico que seja indicador de estabilidade do fármaco (método MIE). 78 O método tem que demonstrar ser seletivo para análise do fármaco. Para isso conta-se com o auxilio da análise do índice de pureza, onde neste caso todos os picos referentes ao cloridrato de metformina nos cromatogramas das amostras degradadas, apresentaram valores próximos a 1,0 (Tabela 3), indicando ser puros, com ausência de co-eluição. Portanto, o método demonstrou ser do tipo MIE, onde impurezas não afetam a seletividade do método. Um método de eletroforese capilar desenvolvido e validado por Hamdam, Jaber e Abushoffa (2010) foi empregado na análise do cloridrato de metformina submetido às condições de degradação neutra (água), ácida (HCl 0,1 M), básica (NaOH 0,1 M), oxidativa (H2O2 10 %), todas sob refluxo a 80 °C por 6 h e fotolít ica (exposição a 254 nm por 24 h). Os autores demonstraram uma degradação superior do fármaco na condição básica, porém, nas demais condições, não foi observada degradação das amostras. Em um método desenvolvido por Ali et al. (2008), utilizando a técnica de HILIC, os autores submeteram o cloridrato de metformina à degradação ácida com HCl 0,1 N aquecidas a 80 ºC e observaram uma degradação de 12,9 % após 5 h e de 43,1 % após 8 h, com o surgimento de 2 picos adjacentes, com eluição anterior ao pico do fármaco. Na degradação básica com NaOH 0,1 N, aquecida a 80 ºC, analisando em vários tempos até 5 h, os autores observam que o fármaco degrada com muita intensidade em pouco tempo, degradando 17,6 % em apenas 10 min. Surgiram vários picos suplementares no cromatograma da amostra degradada e um pico extra com eluição em 2,5 min, após o pico da cianoguanidina, mostrou aumento gradativo com o tempo de exposição ao agente alcalino. Na degradação neutra com aquecimento a 80 ºC por 10 h, não houve o aparecimento de picos extras, tampouco a degradação do fármaco. Na degradação oxidativa em H2O2 3 % sob aquecimento a 80 ºC por 5 h, restaram 77,5 % do fármaco e surgiram 3 picos suplementares. Na degradação fotolítica (exposição a lâmpada UV por 30 dias) surgiu um pico com tempo de retenção semelhante à cianoguanidina e o teor do fármaco ficou em 93,97 %. No presente trabalho, optou-se por não empregar calor na degradação alcalina, portanto, foi necessário um tempo maior de exposição ao NaOH 0,1 M para resultar em degradação do fármaco (24 h) onde observou-se a presença de somente um pico suplementar. Provavelmente, a presença do calor, empregado nos trabalhos supracitados tenha acelerado o processo de degradação do fármaco e propiciado o 79 surgimento de outros produtos de degradação. No caso da degradação ácida, foi utilizado uma concentração 10x superior de HCl, o que proporcionou uma leve degradação do fármaco e o surgimento de 3 picos extras no cromatograma após o t0 (Figura 8b) e na CCD (Figura 12c), sendo a condição que proporcionou degradação menos intensa na amostra, semelhante ao encontrado por Ali et al. (2008), porém com mais picos extras. Na condição neutra também foi observado picos extras, porém houve uma intensa degradação, provavelmente, devido ao tempo 4 vezes superior ao empregado por Ali et al. (2008). A condição oxidante, no presente trabalho foi empregado uma concentração e um tempo superior de exposição ao agente oxidante, sem emprego de calor e o resultado foi semelhante em termos de percentual de degradação do fármaco e do surgimento de 3 picos extras, em relação ao trabalho dos referidos autores. Na exposição à luz UV, no presente trabalho houve maior degradação (28,12 %) e o surgimento de um pico extra, porém, os referidos autores empregaram um tempo de exposição cerca de 10x superior e também observaram um pico extra, coincidindo com o tempo de retenção da cianoguanidina. Verificou-se que houve degradação significativa do fármaco nas condições selecionadas, as mesmas condições de degradação foram aplicadas nas especialidades farmacêuticas, Glifage®, Glucoformin® e genérico Medley conforme figuras 9, 10 e 11. 80 14 d 14 14 10 10 8 8 8 8 m AU 6 m AU m AU 4 6 6 6 4 4 2 2 2 2 0 0 0 0 -2 -2 -2 -4 -4 -4 -6 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Minutes 0 4 m AU 12 10 10 -2 12 12 -4 c b 12 14 a -6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Minutes e f Figura 9 - Cromatogramas de degradação do Glifage®: (a) amostra sem degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f) fotólise. Condições cromatográficas idem Figura 7. Como pode ser observado, especialidade Glifage®, mostrou um perfil de degradação similar ao apresentado pelo fármaco (figuras 8 e 9); porém, com menor intensidade. Na hidrólise ácida (figura 9b), somente 2 picos adicionais foram 81 observados, frente a 3 picos apresentados na degradação do fármaco isolado (figura 8b). Na hidrólise básica (figura 9c) da especialidade farmacêutica não surgiu o pico adicional, como observado para o fármaco (figura 8c). O perfil do cromatograma da amostra submetida à oxidação (figura 9e) somente 1 pico adicional (em 3,0 min) foi observado nesta especialidade, enquanto haviam 3 picos no fármaco isolado (figura 8e). Na fotólise desta amostra (figura 9f), não foram observados picos suplementares, enquanto o fármaco isolado apresentou 2 picos suplementares após exposto à luz UV (figura 8f). O analito presente na especialidade farmacêutica sofreu menor grau de degradação com o surgimento de menor quantidade de produtos de degradação, quando submetido aos testes de estresse em relação ao fármaco isolado. Na figura 10 está apresentado o perfil cromatográfico da especialidade Glucoformin®, o qual apresentou perfil cromatográfico idêntico ao da especialidade Glifage® após degradação (Figura 9) e ao Genérico Medley (Figura 11). 45 50 b 15 15 10 10 5 0 0 -5 -5 10 10 0 20 m AU 35 30 25 m AU m AU 20 20 40 25 30 30 30 m AU 20 35 40 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Minutes 25 Minutes 35 25 3 4 5 6 7 8 9 mAU 5 5 0 -5 10 0 -5 0 0 -5 5 2 30 25 15 m A1 U0 20 5 25 10 1 30 20 15 35 d mAU 1 0 m A1U5 20 20 15 c 0 40 5 40 a 0 50 45 82 -5 10 11 12 13 14 15 0 1 2 3 4 5 6 7 Minutes 8 9 50 mAU 40 30 mAU 2m0 A U 10 -20 0 -1 0 -10 10 0 -1 0 30 20 1 0m A U 0 0 5 6 7 8 15 50 20 10 4 14 30 20 3 12 13 40 30 2 11 f 40 -2 0 40 e 1 10 Minutes 9 10 11 12 13 14 15 Minutes 0 -10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Minutes Figura 10 - Cromatogramas de degradação do Glucoformin®: (a) amostra sem degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f) fotólise. Condições cromatográficas idem Figura 7. 40 40 40 35 50 50 40 83 0 0 -5 -5 10 mAU 0 30 25 m AU mAU 20 15 10 5 5 30 10 m AU 20 15 10 20 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 15 1 2 3 4 5 6 7 2 .5 2.5 0 .0 0.0 -2.5 -5.0 7 15 8 9 1 0 .0 1 2 .5 1 5 .0 1 7 .5 17.5 15.0 d 10.0 7.5 2.5 0.0 -2.5 -5.0 5.0 0 10 11 12 13 14 15 12.5 mAU mAU 5 .0 5.0 -5 .0 -2 .5 7.5 6 14 5 .0m A U7 .5 10.0 5 12 13 2 .5 15.0 12.5 4 11 0 .0 c 3 10 -2 .5 17.5 2 9 -5 .0 7m.5A U 1 0 .0 1 2 .5 1 5 .0 1 7 .5 2 0 .0 20.0 1 8 Minutes Minutes 0 30 25 30 0 a 35 b 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Minutes 50 Minutes 50 f 10 10 -10 0 -20 10 -2 0 0 mAU 0 0 40 20 -1 0 30 30 20 10 m AU 20 30 30 0 40 mAU m 2 0A U 40 -1 0 40 e 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 0 -10 1 2 Minutes 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Minutes Figura 11 - Cromatogramas de degradação do medicamento Genérico: (a) amostra sem degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f) fotólise. Condições cromatográficas idem Figura 7. Com base nas áreas dos cromatogramas, foi calculado o percentual de degradação do cloridato de metformina (Tabela 4). Como pode ser observado, a 84 degradação do fármaco e das especialidades mostraram diferenças tanto no número e área dos picos (Figuras 8-11) quanto no percentual de degradação do analito (Tabela 4). Tabela 4 - Porcentagens de degradação do fármaco e comprimidos Condição de degradação Amostra Porcentagem média de degradação Reagente e Tempo de contato Ácida Cloridrato de metformina 5,7 HCl 1 M 6 h em refluxo Glifage 6,6 Glucoformin 16,1 Genérico 20,6 Cloridrato de metformina 84,5 Glifage 75,5 Glucoformin 53,5 Genérico 57,7 Cloridrato de metformina 89,0 Glifage 84,9 Glucoformin 29,6 Genérico 55,6 Cloridrato de metformina 72,1 Glifage 27,1 Glucoformin 20,9 Genérico 20,9 Cloridrato de metformina 28,1 Glifage 11,4 Glucoformin 1,5 Genérico 11,4 Básica Neutra Oxidante Fotólise NaOH 0,1 M 24 h Temp ambiente Água 39 h refluxo H2O2 32 % 48 h temp ambiente Água exposição 3 h em câmara UV 254 nm Exceto na condição ácida, nas demais, houve uma maior degradação do analito no fármaco isolado do que nas especialidades farmacêuticas. Provavelmente, a diferença encontrada deve-se à presença e à variedade de 85 excipientes nas formulações, as quais dispões de agentes umectantes, opacificantes, polímeros utilizados no revestimento, lubrificantes, antiumectantes, aglutinantes e desagregantes, como adjuvantes farmacotécnicos, os quais não estão presentes em todas as formulações, e suas concentrações não estão descritas pelos fabricantes. As formulações não dispõem de antioxidantes ou estabilizantes, além de diferirem nos processos de fabricação, uma vez que não pertencem ao mesmo fabricante, podendo ser uma das causas na variabilidade nos perfis de degradação. O método farmacopeico, adaptado pelo UNIVALI-LAPAM, mostrou ser do tipo MIE para as 3 especialidades farmacêuticas, permitindo selecionar as condições de degradação do fármaco para posterior desenvolvimento de um método alternativo por CLAE e análise de citotoxicidade do fármaco e das especialidades farmacêuticas degradadas. 5.3 Caracterização dos produtos de degradação Para realizar a CCD preparativa foram utilizadas diferentes fases móveis, a fim de obter a melhor condição para a separação dos compostos presentes. As fases móveis que apresentaram melhores resultados, após revelação das cromatoplacas por solução de ninhidrina 5 %, com auxílio da chapa de aquecimento, estão representadas na figura 12. Também revelou-se as placas por UV 254 nm, porém, devido à baixa absorbância do cloridrato de metformina, que absorve mais em 218 – 232 nm, e das substâncias geradas durante o processo de degradação, que absorvem no UV, houve necessidade da revelação química. 86 (a) (b) (c) Figura 12 – Desenho esquemático das placas de CCD utilizando: fase móvel CH3Cl:MeOH:Ac. Acético nas proporções: (a) 63,63:31,80:5,45; (b) 50:42,5:75; (c) 64,81:32,40:2,77. M = metformina padrão; D = diciandiamida; Me = melamina,; A = amostra degradada por hidrólise ácida;N = amostra degradada por hidrólise neutra; O = amostra degradada por oxidação. As condições de degradação básica e fotolítica também foram analisadas por CCD, porém, não apresentaram resultados satisfatórios, de maneira que não houve separação entre os produtos gerados no processo de degradação (dados não mostrados). A melhor fase móvel foi a da condição c, na qual apresentou uma boa resolução entre os compostos, mostrando 3 bandas na amostra degradada na condição ácida, além do analito. Comparando a análise por CLAE (Figura 8) e por CCD (Figura 12), apareceram o mesmo número de bandas ou picos adicionais na condição de degradação ácida, confirmando o número de produtos de degradação nesta condição. Já na degradação por oxidação, a CCD (Figura 12a) mostra apenas 2 bandas adicionais, enquanto a CLAE (Figura 8e) surgiram 3 picos. Na hidrólise neutra não foram observados picos adicionais na CCD. Por outro lado na amostra havia 1 pico adicional, considerando-se a maior sensibilidade da CLAE, por isso os resultados são relativamente semelhantes. Devido ao surgimento de um maior número de compostos gerados durante as condições de degradação optou-se por dar continuidade aos demais experimentos somente com a condição de degradação ácida. Foram então testadas outras fases móveis como CH3Cl:MeOH 50:50 e diclorometano: Metanol 50:50 (Figura 13). 87 (a) (b) (c) Figura 13 – Desenho esquemático das placas de cromatografia em camada delgada da amostra ácida utilizando como fase móvel (a) CH3Cl:MeOH:Ac. Acético 63,63:31,80:5,45 (b) CH3Cl:MeOH 50:50 (c) diclorometano:MeOH 50:50 e revelador ninhidrina 5 %. Com a fase móvel da condição c (Figura 13) foram repetidas várias placas idênticas mostrando-se reprodutível. Utilizando esta fase móvel foi realizada uma CCP(Figura 14) porém a separação não foi tão eficiente e houve o aparecimento de bandas suplementares, pois os compostos gerados no processo de degradação provavelmente apresentam polaridades muito semelhantes uma vez que são considerados derivados da mesma substância que á o cloridrato de metformina. Na placa de CCP (Figura 14a) uma maior quantidade de amostra degradada em meio ácido foi aplicada e houve o aparecimento de seis bandas cromatográfica ao invés de quatro anteriormente descritas. As substâncias então ficaram com Rf muito próximo. Todas as bandas de número 6 foram removidas da placa e dissolvidas em 20 mL de metanol, seguida pela filtração em papel filtro, evaporação e recromatografadas em CCD, usando a mesma fase móvel diclorometano:MeOH 50:50 (Figura 14b). 88 (a) (b) Figura 14 – (a) Desenho representativo da CCP do cloridrato de metfromina degradado em meio ácido; (b) desenho representativo da recromatografia em CCD das bandas encontradas em (a) usando a fase móvel diclorometano: metanol 50:50 e revelador ninhidrina 5 %. A placa realizada com as bandas extraídas CCP demonstrou baixa resolução dos compostos derivados com polaridades muito semelhantes. A única banda que aparentemente estava pura foi à banda seis que anteriormente não estava presente nas placas de CCD, provavelmente por apresentar-se em quantidades menores no monitoramento por CCD Selecionou-se a banda 6 para análise por RMN H1 e a banda 5 onde havia aparentemente dois compostos foi submetida a coluna cromatográfica sob pressão (tipo flash) e obteve-se três frações 1 - clorofórmio, 2 – CH3Cl:MeOH 50:50 e 3metanólica, (Figura 15) onde a fração metanólica apresentou apenas um composto e também foi analisada também por RMN H1. Figura 15 – Desenho representativo da CCD obtida com as frações eluídas da coluna flash na qual foi aplicada a fração 5. Fase móvel Diclorometano:metanol 50:50, revelador ninhidrina 5 %. 89 Nenhuma das fases móveis testadas em CCD foi eficaz na separação das substâncias geradas durante a degradação ácida. Provavelmente devido à similaridade estrutural entre os produtos de degradação, e à elevada polaridade dos mesmos, além da presença do HCl o qual pode interagir com as substâncias. Adicionalmente as substâncias formadas durante a hidrólise ácida podem ter sido geradas pelo emprego do calor associado ao ácido que possibilitou a formação de pelo menos 4 substâncias como observado na Figura 13a. A análise de RMN H1 representadas nas figuras 16 e 17 não possibilitaram concluir qual composto se refere às substâncias isoladas, necessitando realizar mais análises como RMN C13, espectrometria de massas e espectroscopia de infravermelho. Esta última, apesar de evidenciar apenas os tipos de grupos químicos presente no composto poderia informar se o composto é cíclico apresentando anéis aromáticos ou alicíclico, complementando as demais análises. Figura 16 – Espectro de RMN H1 da fração 6 da CCP. 90 Figura 17 - Espectro de RMN H1 da subfração 3 da fração 5 da CCP Analisou-se então todas as condições de degradação (ácida, base, neutra, oxidante e fotolítica) por injeção direta no GC-MS. Devido a presença de muitas substâncias, não foi possível concluir sobre a natureza dos compostos presentes, por apresentar uma quantidade muito grande de fragmentos moleculares nos espectros gerados (dados não mostrados). A CCP foi repetida e foi extraída, novamente, a banda 6 referida acima. Esta foi analisada em CCD utilizando-se como fase móvel diclorometano:metanol 50:50. A CCD indicou que a banda estava aparentemente pura. Na análise por MS, sugeriu-se que esta banda extraída da CCD preparativa não continha apenas um composto, o que foi confirmado pela repetição de uma cromatoplaca de CCD, utilizando sistema eluente Hexano: acetato de etila 30:70, onde houve a separação daquela banda inicialmente isolada em mais três bandas, com valores de Rf bem diferentes conforme figura 18. 91 Figura 18 – Desenho representativo da CCD obtida com a fração 6 eluída da CCP, solvente hex:act etila 30:70, reveladas em câmara UV, 254 nm. Constatou-se, com base nos cromatogramas gerados por CLAE que, devido à semelhança no tempo de retenção, coloração após revelar, espectro de UV, Rf e nos fragmentos moleculares referentes ao cloridrato de metformina, que em todas as amostras degradadas havia quantidades consideráveis do fármaco não degradado, conforme já observado por CLAE. Houve dificuldade em separar compostos que podem ser derivados do cloridrato de metformina, ou ainda produtos que sofreram várias etapas de degradação nas condições selecionadas dos testes, pois existe uma semelhança muito grande de polaridade. Devido ao baixo rendimento da CCP, gerando pouca quantidade de material para análise não foi possível uma posterior utilização da banda 6 para nova análise e este estudo necessita ser complementado. 5.4 Desenvolvimento de Método alternativo para Doseamento do fármaco e análise dos produtos de degradação por CLAE Muitas tentativas foram executadas afim de desenvolver uma metodologia que empregasse uma coluna comum, tipo C18, e fases móveis de uso habitual em laboratórios, conforme demonstrado no quadro 9 (dados não mostrados). Mediante a elevada hidrofilicidade e basicidade do analito e das impurezas presentes nas amostras degradadas, não se obteve uma adequada interação dos analitos com a fase estacionária em fase reversa, o que resultou em picos distorcidos com assimetria inaceitável, bem como afetou a reprodutibilidade do sistema. 92 A dificuldade no desenvolvimento dos métodos cromatográficos se deve, provavelmente à característica químicas do cloridrato de metformina, cujo é constituído basicamente por grupamentos aminas e amidas, os quais apresentam tendência a se ionizarem. Em valores de pH de fase móvel alcalino (pH 7,5), próximos ao limite de pH tolerado pelas colunas cromatográficas (pH 8,0), o composto apresenta-se em estado parcial de ionização próximo ao seu pKa de 12,4 (LAUDO JANUMET, 2010), o que explicaria as diferenças obtidas nos tempos de retenção em cada cromatograma em algumas das condições testadas (KROMIDAS, 2005). Diante destas dificuldades, optou-se então pelo emprego da metodologia de pareamento iônico, utilizando o heptanossulfonato de sódio, baseado no método de análise do hidrogeno tartarato de rivastigmina (RAO et al., 2005). Entre todos os métodos testados, o método empregando o sistema de pareamento iônico foi o mais adequado. A fase móvel consistiu de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C). Na otimização deste método foram testadas 3 temperaturas diferentes e 3 proporções de B e C (quadro 10). Um cromatograma representativo de cada condição testada neste método está apresentado nas figuras 19, 20 e 21. A amostra utilizada para o desenvolvimento do método alternativo foi o Glifage® degradado em meio ácido que havia apresentado mais picos adicionais, detectado pelo método adaptado da Farmacopeia Britânica e previamente validado pelo UNIVALI-LAPAM (Figuras 8, 9-11). 50 93 40 50 40 m AU 20 20 10 10 0 0 -10 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 m AU 30 30 -10 a 30 100 Minutes 80 b 100 m AU 40 60 80 20 0 -20 20 0 40 m AU 60 -20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 90 Minutes 70 80 c 90 80 m AU 30 40 50 60 70 60 40 m AU 50 20 20 10 10 0 0 -10 30 -10 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Minutes Figura 19 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após degradação ácida, detecção em 204 nm, a 30°C , 1 mL/min, fase móvel composta de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b) A:B:C (75:10:15); c) A:B:C (75:15:10), Coluna sílica ODS C 18 (Luna® Phenomenex 250 x 4,6 mm, 5 µm). O t0 neste sistema cromatográfico foi de 2,4 min e o número de picos suplementares foi maior, visualizando-se, ao menos, 4 picos com tempo de retenção 94 que variaram de acordo com a proporção dos solventes orgânicos na fase móvel (Figura 19). mAU 20 20 10 10 0 -10 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 mAU 30 30 0 40 -10 40 a 30 Minutes 20 0 mAU 60 mAU 40 40 -20 60 20 80 0 80 b -20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 80 60 60 mAU 40 40 20 0 -20 80 20 100 0 c 0 mAU 100 Minutes -20 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Minutes Figura 20 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após degradação ácida, detecção em 204 nm, a 35°C , 1 mL/min, fase móvel composta de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b) A:B:C (75:10:15); c) A:B:C (75:15:10), Coluna sílica ODS C 18 (Luna® Phenomenex 250 x 4,6 mm, 5 µm). 70 95 70 40 40 mAU 30 30 20 20 10 10 0 -10 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 mAU 50 50 0 60 -10 60 a 30 80 Minutes 80 50 50 mAU 30 40 40 20 20 10 10 0 -10 -20 30 0 mAU 60 60 0 70 -10 70 b -20 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 100 Minutes 100 mAU 40 40 20 20 0 0 mAU 80 60 60 -20 80 0 c -20 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Minutes Figura 21 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após degradação ácida, detecção em 204 nm, a 40°C , 1 mL/min, fase móvel composta de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b) A:B:C (75:10:15); c) A:B:C (75:15:10), Coluna sílica ODS C 18 (Luna® Phenomenex 250 x 4,6 mm, 5 µm). 96 Nestes cromatogramas foram avaliados dados de resolução entre os picos do cloridrato de metformina e seu pico vizinho, assimetria do pico correspondente ao analito, tempo de retenção e aspecto do cromatograma. Analisando primeiramente a influência da temperatura nos cromatogramas, à medida que aumenta a temperatura tem-se uma diminuição do tempo de retenção do fármaco, aumento da assimetria e diminuição da resolução entre os picos cromatográficos. Como exemplo a condição de fase móvel 75:10:15 (hetpanossulfonato:ACN:MeOH) demonstradas na tabela 5. Tabela 5 – Parâmetros cromatográficos da análise por CLAE em pareamento iônico do cloridrato de metformina após degradação ácida, nas diferentes temperaturas testadas Temperatura ºC Tempo de retenção Assimetria Resolução (min) 30 24,705 1,16 4,31 35 21,317 1,20 2,88 40 16,917 1,28 0 Analisando a variação das proporções de fase móvel nestes três níveis (75:05:20; 75:10:15; 7515:10 heptanossulfonato:ACN:MeOH), observa-se que a medida que aumenta a proporção de acetonitrila, tem-se a diminuição do tempo de retenção do pico correspondente ao cloridrato de metformina, bem como a diminuição da resolução entre os picos e a co-eluição de alguns picos. A assimetria entre os picos, nestas proporções, não foi alterada significativamente. Dentre todas as condições testadas, a temperatura que apresentou os melhores resultados foi a de 30 ºC, com tempos de retenção adequados em todas as análises, sem distorções nos picos cromatográficos. A proporção que apresentou melhor resolução entre os picos foi de 75:10:15 para fase móvel heptanossulfonato:ACN:MeOH, pH 3,0 e fluxo de 1,0 mL/min. Esta condição então foi adotada como a condição inicial para prosseguir com a otimização do método. Neste sistema eluente, o cloridrato de metformina apresentou um tempo de retenção adequado (15 min), boa resolução com relação ao pico vizinho (R = 2,08) e boa reprodutibilidade nos tempos de retenção (dados não mostrados). 97 Como a amostra foi armazenada em geladeira, provavelmente possa ter ocorrido alterações em sua composição, com degradação suplementar, mesmo armazenada em geladeira e diluída com água. Este fato pode justificar a diferença no perfil cromatográfico da amostra com os dois métodos (Figura 8b e 13b) A condição selecionada foi repetida em outro cromatógrafo (Waters), como forma de demonstrar a robustez do método e o resultado está apresentado na Figura 22. Observa-se a reprodutibilidade no tempo de retenção do pico correspondente ao cloridrato de metformina. Figura 22 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20 µg/mL) na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:10:15 v/v), 1 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura, detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters. Na tentativa de melhorar a resolução do pico adjacente ao cloridrato de metformina, que diminuiu neste cromatógrafo, o fluxo para 0,8 mL/min (Figura 23). No entanto não houve uma melhora significativa e o tempo de retenção ficou em 19,5 min, prolongando excessivamente a corrida. Figura 23 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20 µg/mL) na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:10:15 v/v), 0,8 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura, detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters. 98 Na sequência foi alterada novamente a proporção de acetonitrila na fase móvel, utilizando: heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol 75: 8:17 (v/v) retornando ao fluxo de 1 mL/min fluxo e mantendo 30 ºC (Figura 24). Nesta condição, a resolução entre o pico do fármaco e o pico vizinho melhorou, apresentando uma assimetria adequada. Figura 24 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20 µg/mL) na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:8:17 v/v), 1 mL/min fluxo e 30º C temperatura, detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters. Tendo em vista a otimização deste método, foi analisada a mistura de diciandiamida, melamina e cloridrato de metformina para verificar a separação entre os compostos (Figura 25). 99 Figura 25 – Cromatogramas de análise diciandiamida , melamina e cloridrato de metformina (MTF) (20 µg/mL) nas condições cromatográficas citadas na Figura 24. Fazendo uma comparação entre os perfis de absorção nos cromatogramas das figuras 24 e 25 pode-se observar que umas das impurezas geradas (pico 1 da figura 24) durante o processo de degradação em meio ácido exibe um perfil de absorção semelhante à diciandiamida, com mesmo tempo de retenção (3,5 min), sugerindo ser a mesma substância. Já os demais picos exibiram perfis diferentes. Apesar do segundo pico da figura 24 apresentar tempos de retenção semelhante à impureza melamina não parece tratar-se deste composto. Neste método, houve uma boa separação entre as principais impurezas conhecidas do cloridrato de metformina, bem como em relação aos produtos de degradação desconhecidos, formados na condição de hidrólise ácida selecionada para a especialidade farmacêutica. Foram analisadas também as demais especialidades farmacêuticas degradadas em todas as condições de degradação (ácido, base, neutra, oxido e fotolítica), a fim de comparar, neste método, o percentual e o perfil de degradação das amostras, comprovando se o método é indicativo da estabilidade do fármaco nas diferentes amostras. Comparando o Cloridrato de metformina degradado em meio ácido e analisados no cromatógrafos Shimadzu e Waters, nas mesmas condições cromatográficas (Figura 26), foi possivel observar alterações nos tempos de 100 retenção, possivelmente provenientes dos equipamentos, O perfil cromatográfico desta amostra analisada no método anterior (Figura 8b) apresentava 3 picos adicionais enquanto a mesma amostra analisada com o método alternativo (Figura 26a), apresenta mais picos adicionais,porém, a resolução do pico do analito e suas impurezas é adequada em ambos os equipamentos e métodos. As especialidades farmacêuticas degradadas em meio ácido apresentaram perfil cromatográfico semelhante, com menor intensidade de degradação, em relação ao fármaco, como 1 0 0 já havia sido observado anteriormente (Figuras 9b-11b). 8 0 100 a m A U 4 0 6 0 80 2 0 0 -2 0 20 0 40 m A U 60 -20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Minutes AU 0,030 b 0,020 0,010 0,000 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 0,030 AU 22,00 24,00 26,00 28,00 18,376 0,040 20,00 30,00 c 0,020 0,010 0,000 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 0,030 AU 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 18,452 2,00 30,00 d 0,020 0,010 0,000 2,00 4,00 Figura 26 - 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise ácida (HCl 1 M 6 h refluxo), a 25 µg/mL: (a) Cloridrato de metformina (cromatógrafo Shimadzu); (b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters. 18,212 101 AU 0,030 a 0,020 0,010 0,000 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 0,030 AU 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 18,119 0,040 18,00 30,00 b 0,020 0,010 0,000 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 0,030 AU 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 18,177 0,040 18,00 30,00 c 0,020 0,010 0,000 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 d Figura 27 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise básica (NaOH 0,1 M 24 h T.A.), a 25 µg/mL: (a) Cloridrato de metformina; (b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters. O perfil de degradação do fármaco após degradação básica (Figura 27a) apresentou picos adicionais discretos diferindo da análise realizada com o método baseado na Farmacopeia Britânica onde apresentou somente um pico adicional mais evidente (Figura 8c). Já os comprimidos tratados sob mesma condição 102 apresentaram perfil semelhante entre si (Figura 27c-27d) e em relação à análise anterior (Figuras 9c-11c), sem picos adicionais, somente com uma diminuição da área do pico do analito. Provavelmente os produtos de degradação formados nesta condição não absorvem no UV. 18,285 0,030 a AU 0,020 0,010 0,000 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 0,030 AU 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 b 1 8 ,3 5 9 2,00 0,020 0,010 0,000 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 0,030 AU 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 18,416 2,00 30,00 c 0,020 0,010 0,000 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes Figura 28 - Cromatogramas de análise das 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise neutra (39 h refluxo), a 25 µg/mL: (a) Glifage®, (b) Glucoformin®, (c) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters. As especialidades degradadas na condição neutra (Figura 28), demostraram um perfil de degradação semelhante entre si, porém o Glifage® apresenta mais picos adicionais (Figura 28a), semelhante ao perfil observado nesta mesma amostra, com o método adaptado da Farmacopeia Britânica (Figura 9d), enquanto as outras 103 duas especialidades (28b e 28c) não apresentaram picos adicionais após o t0, de modo similar ao observado no método anterior (Figuras 10d e 11d). 0,08 a 18,420 0,06 AU 0,04 0,02 0,00 -0,02 -0,04 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 0,10 b 0,08 18,286 0,06 AU 0,04 0,02 0,00 -0,02 -0,04 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 0,10 c 0,08 18,315 AU 0,06 0,04 0,02 0,00 -0,02 -0,04 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 2,875 2,00 0,10 d 23,683 0,02 18,340 AU 7,459 0,04 10,836 0,06 9,963 8,250 0,08 30,00 0,00 -0,02 -0,04 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 Figura 29 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das especialidades farmacêuticas submetidos a oxidação (H2O2 48 h T. A.), a 25 µg/mL: (a) Cloridrato de metformina; (b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d) Genérico,nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters. 104 Todas as amostras degradadas, foram armazenadas em geladeira por 6 meses, e mesmo diluídas podem ter continuado a sofrer degradação em algumas condições, evidenciada pelo aparecimento de mais picos, especialmente na amostra sob oxidação (Figura 29) em relação à mesma amostra analisada anteriormente no método adaptado da Farmacopeia Britânica (Figura 8e, 9e-11e). Houve o aparecimento de 2 picos suplementares, sendo um com tempo de retenção superior ao do analito nas amostras armazenadas. Porém, ambos os métodos apresentaram boa resolução entre o analito e suas impurezas 18,347 0,050 AU 0,040 a 0,030 0,020 0,010 0,000 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 18,378 2,00 b AU 0,04 30,00 0,02 0,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 18,378 2,00 c AU 0,04 30,00 0,02 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Minutes 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 Figura 30 - Cromatogramas de análise da comprimidos submetidos à Fotólise (3,5 h exposição a luz UV), a 25 µg/mL: (a) Glifage®, (b) Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters. As especialidades farmacêuticas apresentaram semelhante perfil cromatográfico com um único pico adicional quando submetidos a fotólise (Figura 105 30). A mesma amostra recém preparada e analisada no método anterior não havia apresentado picos adicionais (Figuras 9f-11f), podendo ter sofrido degradação posterior durante armazenamento. O tempo de retenção deste pico é similar ao da diciandiamida, com boa resolução em relação ao analito. A fim de comparar as porcentagens de degradação das especialidades farmacêuticas, foi analisada a área do pico do analito, em comparação do analito recém preparado sob mesmas condições cromatográficas(Tabela 6). As porcentagens de degradação obtidas em outro cromatografo (Waters), utilizando o método de pareamento iônico, de modo geral, ficaram superiores aquelas anteriormente obtidas pelo método desenvolvido no LAPAM-UNIVALI, possivelmente devido às alterações das amostras. Tabela 6 - Comparação dos percentuais de degradação do cloridrato de metformina e especialidades farmacêuticas e entre os métodos por CLAE Condição de degradação Ácida Básica Amostra Porcentagem média de degradação Reagente e Tempo de contato Método Lapam Porcentagem média de degradação Método pareamento iônico Cloridrato de metformina 5,7 nd HCl 1 M 6 h em refluxo Glifage 6,6 40,1 Glucoformin 16,1 27,9 Genérico 20,6 35,0 Cloridrato de metformina 84,5 nd Glifage 75,5 13,2 Glucoformin 53,5 9,8 Genérico 57,7 16,0 NaOH 0,1 M 24 h Temp ambiente 106 Continuação Tabela 6 Neutra Oxidante Fotólise Cloridrato de metformina 89,0 nd Glifage 84,9 48,4 Glucoformin 29,6 31,9 Genérico 55,6 31,2 Cloridrato de metformina 72,1 nd Glifage 27,1 72,3 Glucoformin 20,9 91,2 Genérico 20,9 78,9 Cloridrato de metformina 28,1 nd Glifage 11,4 3,0 Glucoformin 1,5 nd Genérico 11,4 4,0 Água 39 h refluxo H2O2 32 % 48 h temp ambiente Água exposição 3h em câmara UV 254 nm nd =não determinado Com base nos resultados obtidos, ambos os métodos são indicativos de estabilidade, capazes de detectar compostos com absorção no UV nos comprimentos de onda de 204 a 390nm (capacidade do detector tipo DAD), e que mesmo na presença das impurezas os métodos são seletivos e propiciam o doseamento do fármaco, podendo ser empregados no estudo de estabilidade das especialidades farmacêuticas. Portanto, o método alternativo desenvolvido foi submetido à validação analítica. 5.5 Validação do método de pareamento iônico por CLAE Nos ensaios de linearidade realizados foram construídas duas curvas de calibração,em dois dias diferentes, nos níveis de 5 – 20 µg/mL. Os dados foram reunidos e plotados em um gráfico de dispersão (Figura 31). 107 4500000 4000000 3500000 3000000 2500000 2000000 1500000 1000000 500000 0 0 10 20 30 40 50 60 Figura 31 - Gráfico de linearidade do cloridrato de metformina por CLAE em pareamento iônico com fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:8:17 v/v), 1 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura, detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters. O método mostrou linearidade adequada na faixa de concentração testada, apresentando a equação de reta y = 78070,61x -38313,4 e r = 0,9995, valor aceitável de acordo com normas nacionais e internacionais (BRASIL, 2003, ICH, 2005). Na análise de regressão, os valores de Fcalculado (6061,6) e Fcrítico (6,6.10-9), demonstram que a regressão linear foi significativa. A análise dos resíduos demonstrou haver pouca dispersão e de forma aleatória em toda a faixa de concentração estudada (dados não mostrados). O LD calculado baseado na equação 1 foi de 1,47 µg/mL e o LQ de 4,90 µg/mL (equação 2), demonstrando a sensibilidade do método. No ensaio de exatidão a recuperação média do padrão nos níveis de concentração 10, 20 e 30 µg/mL estão demonstrados na tabela 7. 108 Tabela 7 - Ensaio de exatidão do método por CLAE de pareamento iônico, por análise de recuperação do padrão cloridrato de metformina Nível de concentração Conc. padrão adicionado Conc. média padrão recuperada (µg/ml) ± (DP) % de recuperação médio ± (DP) CV (µg/ml) Baixa 10,00 10,18 (0,22) 101,77 (2,02) 1,99 Média 20,00 20,18 (0,38) 100,88 (1,93) 1,91 Alta 30,00 30,82 (0,25) 102,76 (0,83) 0,86 101,78 (1,81) 1,78 Recuperação média (%) DP = desvio padrão; CV = coeficiente de variação Os dados acima demonstraram que o método apresenta exatidão adequada com valores de recuperação média de 100 ± 2 % e o CV abaixo de 2 % (GREEN, 1996). O método demonstrou-se seletivo, pois apresentou uma interferência de 0,88% na presença dos excipientes do comprimido, quando comparado com o fármaco isolado, calculado de acordo com o descrito no item 4.7.3 (Seletividade). Também foi evidenciado nos cromatogramas da mistura do analito com as impurezas comerciais (Figura 26) e das amostras degradadas (Figuras 27-31), uma boa separação das impurezas em relação ao pico principal referente ao cloridrato de metformina e ainda pelo elevado índice de pureza do pico do analito estimado pelo PDA (Tabela 2) nas amostras degradadas. A precisão do método avaliada pela repetibilidade (intra-dia) e precisão intermediária (inter-dias), analisando a amostra Glifage®, está demonstrados na tabela 8. 109 Tabela 8 - Ensaio de Precisão do método por CLAE de pareamento iônico, Precisão Conc teórica Conc prática Teor CV (µ µg/mL) (µ µg/mL) (%) 10 10,03 99,78 2,68 20 19,83 99,13 1,26 30 30,00 100,00 2,46 10 10,11 101,01 2,40 20 19,78 98,91 1,40 30 29,67 98,90 1,66 10 9,73 97,31 3,83 20 19,65 98,25 1,23 30 29,40 98,00 1,20 99,66 2,28 1º dia 2º dia 3º dia Teor Médio CV = coeficiente de variação Como pode ser observado as nas análises realizadas em três dias consecutivos, demonstraram a precisão de método, apresentando um teor médio dentro do preconizado (90 – 110 %) e um CV médio dentro do especificado de 5 % tanto para repetibilidade quanto para precisão intermediária (BRASIL, 2003). Na robustez foi analisado o efeito de pequenas variações de fluxo e temperatura (± 1 %) do método na área, teor e tempo de retenção do fármaco nas amostras, cujos resultados estão demonstrados na tabela 9. 110 Tabela 9 - Ensaio de robustez com variação de temperatura e fluxo da fase móvel Parâmetro Área (CV) Tempo de retenção Teor (CV) (min) (CV) Temperatura (ºC) 29 1347528 (1,39) 18,04 (0,18) 100,31 (1,39) 30 1345413 (1,04) 17,87 (0,29) 100,16 (1,04) 31 1336971 (1,38) 17,30 (0,10) 99,53 (1,38) CV 1,25 1,74 2,09 Fcal/Fcrit 0,63/3,68 8,18/3,68 653,16/3,68 0,9 1515592 (3,06) 17,87 (0,29) 100 (3,06) 1,0 1345413 (1,03) 21,43 (0,18) 100 (1,03) 1,1 1252330 (1,15) 16,99 (0,08) 100 (1,15) CV 8,94 15,61 10,59 Fcal/Fcrit 125,66/3,68 389,38/3,68 22898,31/3,68 Fluxo (mL/min) Nos dados de CV da robustez em todas as análises da variação de temperatura os valores apresentados ficaram dentro do preconizado em até 5 % (BRASIL, 2003). O método demostrou ser robusto em relação à pequenas e deliberadas alterações no fluxo (Tabela 9). Mesmo quando o Fcalc ficou superior ao Fcrit, o CV ficou próximo de 2% para esta variação em todas os parâmetros cromatográficos analisados. Por outro lado, o método de cromatografia de par iônico é significativamente afetado pela temperatura, mesmo em pequenas alterações, como mostrado pelo CV > 5% e Fcalc >> Fcrit (Tabela 9). Uma alteração na seletividade e no espaçamento de bandas neste tipo de método são esperados já que dois ou mais distintos processos contribuem para a retenção da amostra: troca iônica e/ou 111 processos de fase reversa, ionização do tampão e analito, e adsorção do reagente de par iônico. Portanto, para a reprodutibilidade da separação neste tipo de método, é importante termostatizar a coluna (Snyder; Kirkland; Glajch, 1997). 5.6 Citotoxicidade Nas análises de citotoxicidade medindo a absorbância de cristais de formazam dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO), todas as concentrações testadas (0,1; 1; 10 e 100 µg/mL) apresentaram os mesmos resultados. Portanto, optou-se por apresentar os resultados da absorção em UV da maior concentração (100 µg/mL) de fármaco degrado em condição ácida, básica, neutra, oxidante e fotólise (Tabela 10). Tabela 10 – Viabilidade celular em L929 do cloridrato de metformina antes e após as diferentes condições de degradação Amostra Absorbância Viabilidade (%) (CV %) Ácida 1,083 91,52 (14,95) Básica 1,099 92,90 (10,99) Neutra 1,096 92,59 (16,38) Oxidante 1,210 102,25 (13,89) Fotólise 1,034 87,41 (12,73) Cloridrato de metformina 1,006 85,05 (9,03) Controle + 0,096 7,45 (2,14) Controle - 1,183 100,00 (0,11) controle negativo = tampão fosfato ; controle positivo = Triton X 100® O controle positivo (detergente Triton X 100®) conforme esperado, reduziu drasticamente o percentual de viabilidade celular (7 %), enquanto que o cloridrato de metformina e seus produtos de degradação, submetidas às diferentes condições de degradação, não afetaram significativamente a viabilidade celular. Não houve diferença destas amostras e do controle negativo tampão fosfato em que a viabilidade celular ficou em 100 %, indicando ausência de citotoxicidade (Tabela 10). 112 Para evidenciar o resultado apresentado, foi realizada a microscopia óptica para análise da morfologia celular e vitalidade celular conforme figura 32. Figura 32- Análise microscópica celular. a - células coradas com brometo de etídio e diacetato de fluorisceína. b - células sem corante. c - células coradas com corante Giemsa. 1 - condição ácida, 2 - condição básica, 3 - condição neutra, 4 - condição oxidante, 5 - Fotólise, 6 – Metformina padrão, 7 – Controle positivo (Triton X100®), 8 - Controle negativo (tampão PBS). Com base em todos os testes realizados pode-se concluir que nenhuma das condições de degradação aplicadas à amostra de metformina apresentou toxicidade celular, e quando comparado com o controle negativo observou-se que as células mantém seu formato original e núcleo integro (Figura 32). Se o controle positivo for analisado observa-se que as células estão em pequena quantidade, o formato está diferenciado, e a microscopia invertida de fluorescência demonstrou que as células já não mais apresentam o núcleo bem delimitado confirmando a toxicidade do mesmo. O ensaio foi repetido com as especialidades farmacêuticas degradadas na condição ácida e os resultados estão expostos na figura 33. 113 a b Figura 33 – a) Gráfico de viabilidade celular na análise de citotoxicidade dos produtos de degradação das especialidades farmacêuticas submetida a degradação ácida; b) Análise microcópica ds células coradas com diacetato de fluorisceina e brometo de etídio 1:100, onde: A) Glifage® degradada em meio ácido, B) Glucoformin® degradada em meio ácido, C) Genérico degradada em meio ácido, D) Controle negativo tampao PBS e E) controle positivo Triton X 100®. As amostras foram analisadas em quatro níveis de concentração. No entanto foram apresentadas apenas os resultados obtidos na concentração de 100 µg/mL devido ao fato de nenhuma das amostras degradadas apresentarem citotoxicidade, pois a viabilidade celular foi muito próxima aos valores obtidos pelo controle negativo. Na análise de microscopia de fluorescência invertida observou-se que as células mantiveram-se íntegras,e com citoplasma bem delimitado, evidenciando a ausência de dano celular (Figura 33). Muitos estudos acerca da toxicidade da melamina estão relatados, pois é uma substância que apresenta perigo se ingerida, inalada ou absorvida pela pele, além de ser uma substância comprovadamente cancerígena. Faz parte da composição de plásticos e pode ser liberada pelo aquecimento deste em contato com os alimentos 114 (BRADLEY, 2009; EFSA, 2010). A dose letal estipulada (DL 50) é de mais de 3 kg de peso corporal. A ingestão diária total (TDI), segundo a European Food Safety Authority (EFSA), é de 0,2 mg/kg (EFSA, 2010). A melamina sozinha não apresenta tanto risco em nível sistêmico, mas é capaz de se associar com outras substâncias formando complexos, como, por exemplo, com o ácido úrico, formando cristais que podem causar danos renais (EFSA, 2010). Um estudo com alimentos de origem animal foi realizado com a melamina e um análogo, o ácido cianúrico. Isolados, nenhuma destas substâncias apresentaram toxicidade, porém, em associação, que ocorre em alimentos como o leite em pó e rações animais, pode formar complexos e causar o dano renal (PUSCHNER et al., 2007). Estudos em ratos demonstram que a cianoguanidina (diciandiamida) também apresenta efeito toxico quando administrada, com aumento da uréia sérica, migração de eosinófilos para epitélio tubular renal, concluindo que num nível de 10% na dieta é inequivocadamente tóxico (MATSUSHIMA et al., 1991). Segundo a resolução que regulamenta a fabricação de recipientes plásticos, a cianoguanidina faz parte da lista positiva para utilização como reticulante para fabricação de elastômeros (BRASIL, 2001). Os resultados apresentados nos ensaios de citotoxicidade sugerem que os produtos gerados durante o processo de degradação provavelmente não se referem à melamina, evidenciados pelos cromatogramas anteriormente apresentados (Figuras 25 e 26) onde nenhum dos espectros de absorção se iguala ao desta substância. A diciandiamida, se presente, parece estar em concentrações abaixo do considerado tóxico no modelo utilizado. Nos níveis de concentração presente nas amostras degradadas, os produtos de degradação não apresentaram citotoxicidade, sendo portanto, qualificados nas amostras estudadas. 115 6 CONCLUSÃO As condições de degradação forçada selecionadas para o cloridrato de metformina, que proporcionaram o aparecimento de picos suplementares nos cromatogramas foram: 6 h em refluxo, com HCl 1 M (condição ácida); 24 h em agitação à temperatura ambiente, com NaOH 0,1 M (condição básica); 48 h em agitação à temperatura ambiente, com H2O2 32 % (condição oxidante); 39 h sob refluxo com água ultrapura (condição neutra) e 3,5 h de exposição em câmara de UV, comprimento de onda 254 nm (fotólise); Os métodos alternativos utilizados na tentativa de isolamentos das substancias geradas durante o processo de degradação não foram suficientes para isolar e identificar as impurezas, necessitando de metodologias complementares; O método por CLAE adaptado da Farmacopeia Britânica (2008) mostrou ser indicativo da estabilidade do cloridrato de metformina, com boa resolução entre o fármaco e seus produtos de degradação que absorvem no UV; Foi desenvolvido com sucesso um método por CLAE, baseado em pareamento iônico, o qual é indicativo de estabilidade do fármaco, com linearidade na faixa de 5 - 50 µg/mL (r > 0,999), com LD e LQ de 1,47 e 4,90 µg/mL, respectivamente, com boa exatidão (recuperação de 100 ± 2,0%) e precisão (CV < 3,0% nos ensaios intra-dia e inter-dias), com boa seletividade (resolução adequado do pico do analito em relação às impurezas comercias e aos produtos de degradação gerados nas amostras e elevado índice de pureza do pico do analito pelo PDA) e indicativo da estabilidade do fármaco. O método apresentou ser robusto frente à pequenas variações no fluxo da fase móvel, porém, a temperatura deve ser monitorada para a reprodutibilidade da separação. Portanto o método foi considerado validado. As especialidades farmacêuticas apresentaram perfis de degradação semelhantes ao do fármaco isolado, porém com menor intensidade, provavelmente devido ao efeito protetor dos excipientes; A oxidação das especialidades farmacêuticas foi a condição de degradação que proporcionou o aparecimento de mais picos suplementares nos cromatograma, pelo método de pareamento iônico; 116 Os compostos gerados durante a degradação do fármaco nas diferentes condições de degradação e das especialidades após degradação em meio ácido, não apresentaram citotoxicidade in vitro frente às células L 929. 117 REFERÊNCIAS ADAMS, A. I. H.; GOSMANN, G.; SCHNEIDER, P. H.; BERGOLD, A. M. LC stability of voriconazole and structural elucidation of its major degradation product. 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