Jewish-Christian Relations Insights and Issues in the ongoing Jewish-Christian Dialogue Porat, Dina | 01.07.2007 O que faz um anti-semita? por Dina Porat No janeiro de 2005, uma definição internacional de trabalho de anti-semitismo foi aceita pela primeira vez desde o termo foi cunhado no passado século 19. Essa definição, aprovada em junho de 2005 numa conferencia em Córdoba, Espanha, é resultado de esforço conjunto na parte de duas instituições – um centro estabelecido em Viena pela União Européia para monitorar racismo e xenofobia e um centro em Varsóvia pela Organização para Seguridade e Cooperação na Europa (OSCE) para fortalecer as instituições de democracia e direitos humanos entre 55 países membros. E esta é a essência da definição internacional de trabalho de anti-semitismo: “Anti-semitismo é certa percepção de judeus, a qual pode ser expressa como ódio aos judeus. Manifestações retóricas e físicas de anti-semitismo estão direcionadas contra judeus e indivíduos não-judaicos e/ou propriedade, contra instituições judaicas de comunidade e facilidades religiosas.” No entanto, porque se precisava de uma definição internacional, prática, e porque organizações nãojudaicas investem esforços contínuos em discussões sobre essa formulação? Depois de tudo, não havia falta de definições diferentes de anti-semitismo desde que o termo foi cunhado primeiro faz 125 anos na Alemanha e elas podem ser encontradas em enciclopédia e dicionários, refletindo circunstâncias tanto temporais como geográficas. Longa lista de personalidades e instituições tentava definir o anti-semitismo e o judeu, sendo este tão odiado: Jean-Paul Sartre, que sarcasticamente definiu um anti-semitismo, acusando os judeus por qualquer tragédia como um homem que teme, não os judeus, mas sim a si mesmo e a necessidade de aceitar a sua responsabilidade. A Encyclopædia Britannica, que em 1966 já tão cedo definiu oposição a sionismo com anti-semitismo, mas cujo dicionário ainda exibe a “Jew Down” [Abater de Judeu”] como um verbo que significa insistir em pechinchar e decepção. A Enciclopédia Judaica, publicada nos Estados Unidos faz cerca de cem anos, inclui a descrição de judeus como sendo percebida por outros como povo avarento que estão tribal em natureza, faltos de tato e patriotismo e fugindo de trabalho duro. Ou a definição do professor Jacob Toury da Universidade de Tel Aviv que, na década dos 1970, descreveu anti-semitismo como manipulação de sentimentos contra uma figura não-realista por fins políticos. No entanto, o nosso foco aqui está, não nas definições de gente douta, mas sim em corporações internacionais e a percepção destas de anti-semitismo como problema que precisa ser fixado. É duro para crer, mas até as Nações Unidas, por exemplo, não defiram anti-semitismo ou racismo depois da Segunda Guerra Mundial; nenhuma organização internacional mencionou esses dois termos básicos nas convenções que foram formuladas e assinadas depois daquela guerra, mesmo embora racismo e anti-semitismo estivessem entre as causas primárias da sua eclosão. Várias convenções internacionais mencionam tolerância e direitos de minoria em termos muito gerais, indicando um desejo de esquecer o passado e não culpam pessoa ou regime específicos. Quando a Guerra Fria começou, os esforços dos EUA estavam direcionados à União Soviética e nesse empreendimento, até a contribuição de nazistas anteriores estava bem-vinda. A antiga primeira dama Eleanor Roosevelt, que encabeçou o grupo que pelos fins da década dos 1940 formulou a 1/3 Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana, alguns anos depois escreveu o prefácio à primeira edição do “Diário de Anne Frank” em inglês. Na introdução, faz nenhuma menção do fato de que Anne era judaica ou que ela era forçada a esconder-se de perseguições alemãs. Para quase 50 anos, do fim da Segunda Guerra Mundial até o início da década dos 1950, antisemitismo não está sendo mencionado, não sendo certamente definido nos documentos, convenções e sumários das conferências européias e internacionais. Desde a década dos 1990, com o colapso do bloco soviético, a reunificação da Alemanha e as ondas de imigrantes que começavam inundando os países industrializados, novas questões a respeito de definição e legislação em todas as matérias referentes a trabalho estrangeiro, procurantes de asilo político, imigrantes, a origem e os direitos destes o fizeram entrar na agenda. No mesmo tempo, expressões de anti-semitismo estavam sendo claramente vocalizadas pela extrema direita, que culpava os judeus por trazer para dentro estrangeiros aproveitando-se do trabalho destes; e pela esquerda que acuava os judeus de estarem por trás da expansão de globalização, por causa de eles serem proprietários de corporações gigantes e bancos internacionais; e pelos imigrantes, primariamente moslins, que não estavam sendo absorvidos pelos seus países hospedeiros e ocasionalmente ventilavam a sua frustração para as comunidades judaicas veteranas. Por isso, a década dos 1990 era enchida com conferências e iniciativas, cuja meta era fortalecer direitos humanos e promover a luta contra racismo. Numa conferência enorme (contando 5.000 participantes) organizada pelas Nações Unidas em Viena em 1993, uma decisão foi tomada e aprovada vários meses depois, declarando que anti-semitismo deve ser considerado como forma de racismo. Essa resolução foi descrita como “histórica” e considerada um grande cumprimento por instituições, como se esse fato não tivesse sido óbvio. Da mesma maneira, xenofobia, medo de estrangeiros, negrofobia (medo de pretos) e islamofobia (medo de moslins) foram também definidas como forma de racismo. No entanto, racismo e anti-semitismo mesmo não foram definidos nessa conferência. Até a conferência de Durban na África Sul de agosto de 2001, que corporações das Nações Unidas prepararam por mais que dois anos e que era proposta de ter sido a conferência mundial como a capital “W” contra racismo, se desviou do conjunto de agenda, tornando-se um fórum para sentimento anti-Israel e anti-semitismo. A conferência não resolveu nem um único dos muitos problemas e tensões experimentados por imigrantes. Anti-semitismo violento continuou crescendo, primeiramente paralelo a segunda intifada mas mais tarde, especialmente na Europa ocidental, também sem qualquer conexão com o Médio Oriente. A definição aprovada alguns dois anos antes reflete de fato a necessidade de diminuir tensões e alcançar uma forma de coexistência para a sociedade hospedeira européia, os imigrantes e as comunidades judaicas. Tenta ser uma ferramenta clara e prática que não seja acadêmica ou teórica, não discute os motivos de anti-semitismo e não tenta retratar os traços e imagens dum judeu ou a fenda entre dessas e a realidade. Alguém possa argüir com a aproximação atas de definição, que desconecta o motivo da ação e focalizar somente na ação e declaração. Até a fronteira entre liberdade de fala e incitamento precisa ser refinada e será difícil encontrar ou apresentar uma lei única, uniforme que vá endereçar todos os componentes. No entanto, isso marca um passo corajoso e um esforço para encontrar modos para lidar com atos de anti-semitismo. Se a definição será verdadeiramente capaz para servir como fundação sólida que permanece relevante na face duma intensificação de anti-semitismo e como elemento incluído nela chegar a ser de tom bom, somente o tempo vai contar. A professora Dina Porat é cabeça da Escola para Estudos Judaicos em Tel Aviv 2/3 Texto inglês Tradução: Pedro von Werden SJ – Rua Padre Remeter, 108 – Bairro Baú – 78.008-150 Cuiabá-MT –BRASIL – [email protected] 3/3 Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)