fotografia infravermelho digital

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FOTOGRAFIA INFRAVERMELHO
DIGITAL
Romulo Lubachesky
A fotografia infravermelha foi criada antes da Segunda Guerra Mundial
e utilizada pelos alemães para identificar camuflagens artificiais dos
inimigos, mais tarde verificou-se o potencial dessas imagens na medicina e
na agricultura. Mas as fotos em infravermelho também podem ser usadas
como arte, pois nos mostram o mundo de uma forma diferente com
imagens exóticas e de beleza singular.
Espectro eletromagnético
Entre os sentidos humanos a
visão é o mais apurado, no
entanto está restrita a uma
pequena faixa de ondas
eletromagnéticas conhecida
como luz visível (Figura 1),
formado por radiações de
diferentes comprimentos de onda
que originam as cores (vermelho,
alaranjado, amarelo, verde, azul,
roxo e violeta).
<Ultravioleta
Infravermelho>
400
500
600
700
Comprimento de ondas em namometros (nm)
Figura 1. Espectro eletromagnético da
luz visível.
O comprimento de onda
compreendido entre 400 e 700
nm, capaz de estimular o olho e
produzir a sensação visual,
também é registrado pelas
películas fotográficas comuns e
pelos sensores fotossensíveis das
câmeras digitais.
A partir do vermelho, com
comprimentos de onda
progressivamente crescentes,
estão: os raios infravermelhos, as
ondas de radar e as microondas,
as ondas de televisão e as de
rádio. Ao lado do violeta, com
comprimentos de onda cada vez
menores estão: a radiação
ultravioleta, os raios X, os raios
gama e a radiação cósmica,
formando todo o espectro de
energia eletromagnética
conhecido.
O Infravermelho
Existem dois tipos de
infravermelho, o infravermelho
termal e o infravermelho próximo
(near infrared, NIR), também
conhecido como infravermelho de
reflexão. O infravermelho termal
só pode ser captado por câmeras
especiais e sensores de alguns
satélites orbitais, estes fazem
imagens baseadas nas diferenças
de temperatura dos alvos.
O infravermelho de reflexão é
emitido basicamente pelo sol e
lâmpadas incandescentes, sendo
refletido muito bem por alvos
como as plantas e absorvido por
outros como a água.
Para captar o NIR foram
desenvolvidos filmes fotográficos
sensíveis a essa
porção do
espectros, bem como filtros
capazes de boquear outras ondas
indesejáveis. A partir do ano de
1999, quase todas as câmeras
digitais também passaram a ser
sensíveis ao infravermelho de
reflexão, isso tem popularizado a
técnica que se tornou mais fácil e
barata.
Infravermelho e a fotografia digital
Os fabricantes de câmeras,
consideram a sensibilidade dos
seus sensores ao NIR um
problema, pois ele reduz a nitidez
e desloca as cores nas fotos
normais. Para solucionar isso foi
criado um conjunto de filtros, AntiAliasing (AA), e Hot Mirror (HM),
(Foto 1), que ficam na frente do
sensor, sendo o Hot Mirror
responsável por diminuir a
passagem do NIR, tornando
necessário o uso de exposições
maiores nas fotos IR e até mesmo
impossibilitando que algumas
câmeras sejam usadas.
eficientes a cada novo modelo,
por isso alguns sites na internet
ensinam como desmontar a
câmera e retirar esse conjunto de
filtros, no entanto isso só é
recomendado para câmeras que
irão ser usadas exclusivamente
para fotos IR, pois a retirada dos
filtros diminui em muito a
qualidade das fotos normais.
Para fotografia de alvos na
obscuridade, você terá que
fornecer a iluminação apropriada
de infravermelho distante usando
uma câmera equipada com fontes
de NIR, como a Sony Dsc-f707,
Dsc-f717 ou a Dsc-f828, que tem
seus filtros HM móveis .
Sua câmera é capaz de
captar o infravermelho de reflexão
se aparecer uma luz ao fotografar
o LED de um controle remoto em
uso (Foto 2).
Foto 1. Mount de uma NikonD70
mostrando o filtro AA.
Com a evolução das câmeras
os filtros AA e HM ficam mais
Foto 2. LED de um controle remoto
fotografado por uma Olympus C5050
Filtros infravermelho
Existem vários fabricantes
que produzem esses filtros, tais
como o Heliopan, o Tiffen, a Hoya
e a B+W com seus vários
modelos, cada um com uma faixa
própria de espectro bloqueado
(Tabela 1). O mais usado é o Hoya
IR R72 que transmite cerca de
90% de ondas com mais de ~720
nm, o que inclui os comprimentos
de onda do infravermelho
proximal, termal e maiores.
Wratten
B+W
Hoya
#25
090
25A
#29
091
Tiffen
580nm
600nm
#70
#89B
640nm
092
87
093
740nm
780nm
#87B
#87A
680nm
R72
#87
#87C
Limite
inferior
820nm
Rm90
Tabela 1. Principais filtros infravermelho.
Falsa cor
Como o infravermelho é
invisível para nós, a maneira
encontrada para enxergarmos
essas imagens é a falsa cor,
alterando o balanço de branco na
câmera obtém-se diferentes tons
(Foto 3).
Foto 3. Quatro diferentes tons obtidos
com a mesma câmera Olympus C 730.
880nm
Exposição
A iluminação afeta
diretamente a qualidade das fotos,
as melhores imagens são
adquiridas com máxima
iluminação solar e céu limpo.
Como esse tipo de foto requer
longas exposições (Foto 4 e 5), é
necessário o uso de um apoio
para câmera, um tripé ou algo que
funcione como um, por exemplo
um banco ou um muro. Somente
câmeras com o filtro HM móvel ou
removido conseguem exposições
superiores a ~1/30 em iso normal
(iso 100).
Foto 4. Foto IR com abertura f 9.5 e
velocidade 1/3 segundos.
Com um pouco de paciência
é possível fazer fotos de assuntos
móvies mesmo em tempos de
exposição baixos (Foto 6).
Foto 6. Foto IR de uma Capivara com
abertura f 3,2 e velocidade 1/4 s.
O NIR sofre deslocamentos
no vidro ótico das lentes diferentes
dos que acontecem na luz visível,
isso altera o plano de foco.
Algumas lentes mostram a
compensação que deve ser feita
para fotos NIR em foco infinito.
No entanto, a melhor maneira
de corrigir o foco é usar aberturas
do diafragma intermediárias,
aumentando assim a amplitude do
campo de foco juntamente com a
agudez das fotos, visto que as
lentes são mais nítidas nessas
condições.
Foto 5. Fotovisível com abertura f 9.5 e
velocidade 1/350 segundos.
Também é possível explorar a
longa exposição para dar efeito de
movimento aos alvos (Foto 7).
Foto 7. Efeito de movimento em tartarugas
nadando, abertura f 2,8 e velocidade 1s.
Tratamento digital posterior
Cada modelo de câmera
responde de forma diferente ao
NIR em cada sensor RGB
(vermelho, verde e azul), isso
também se aplica a cada balanço
de branco da câmera, permitindo
a manipulação dos canais RGB no
computador, tratamento que era
impossível nas fotos em tons de
cinza adquiridas pela maioria dos
filmes infravermelhos.
Devido à alta taxa de reflexão
do NIR na maioria dos alvos e ao
Original
fato das câmeras digitais normais
não serem projetadas para o
infravermelho, a maioria das fotos
terão o contraste muito baixo,
sendo necessário seu aumento
em editores de imagens no
computador. A forma mais eficaz
de se obter bons resultados na
alteração do contraste no
computador é equalizar os
histogramas de formas diferentes
nos canais RGB (Figura 2).
Convencional
Diferencial
Figura 2. Exemplo de contraste em foto IR obtida direto da câmera Nikon D70
(Original), aumento simples de contraste (Convencional), e aumento de contraste em
cada canal RGB (Diferencial), com seus respectivos histogramas.
Após ter equalizado o
contraste da sua foto você poderá
tomar diversos caminhos,
dependendo dos tons de saída
configurados na câmera a foto
pode ser agradável sem outras
alterações. O mais usual é
converter a foto para tons de
cinza. Mas pode-se ainda optar
pela recombinação dos canais
RGB
gerando outras três
combinações de cores. Cada
fotógrafo de IR tende a
desenvolver seu próprio estilo de
edição.
Combinações mais complexas entre fotos NIR e fotos visíveis também
são possíveis e mostram resultados ainda mais surpreendentes, com no
mínimo seis novas opções de combinações (Fotos 8 e 9).
Foto 8. Combinação do canal R e G de
uma foto visível com o canal B de uma
foto NIR.
Foto 9. Canal R de uma foto NIR
substituindo o canal R de uma foto visível.
A fotografia infravermelho é uma técnica que depende de muitas
variáveis, isso a torna extremamente interessante e envolvente, pois cada
pequena alteração na forma de obter ou tratar as imagens mostrará
resultados particulares.
Foto infravermelho do Jardim Botânico de Porto Alegre - RS.
Todas as fotos e o texto são de autoria e propriedade de Romulo
Lubachesky, copyright 2003.
Contato fone 0(51) 3318-3664 ou e-mail [email protected]
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