3 contedo geografia 1 bim 2 ano 2016

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EEEP Paulo Petrola – Prof.ª Vânia Schaffer – Geografia
3º Conteúdo - 1º Bimestre - 2º Ano
Geopolítica Atual: Um mundo em construção.
Blog: http://geoschaffer.blogspot.com
CONTEXTO: O século XX e o Novo Século
[...] Minha impressão é que o século americano
baseou-se sobretudo na esmagadora predominância,
no dinamismo e na dimensão da economia
americana. Ela é de uma ordem de grandeza
incomparável com a das outras nações capitalistas.
Não podemos esquecer que, já na década de 1920,
os Estados Unidos respondiam por 40% de toda a
capacidade industrial do mundo. Eles perderam parte
dessa vantagem com a Grande Depressão, mas
recuperaram sua posição após a Segunda Guerra
Mundial, a tal ponto que, em certa época, a
economia americana era equivalente a metade do
poderio econômico de todos os outros países
somados.
Esta é uma situação que, na minha opinião, tende a
acabar. Em termos demográficos, os Estados Unidos
serão relativamente menores, e mesmo hoje
respondem por uma parcela menor da capacidade
produtiva mundial. Evidentemente, eles ainda
controlam grande parte da economia global, tanto
em termos políticos como pela hegemonia do modelo
americano de negócios e organização empresarial. A
despeito disso, duvido muito que os Estados Unidos
possam continuar a ser a locomotiva produtiva do
mundo, pelo menos da maneira como o foram em
grande parte do século XX. O mesmo se deu com a
Grã-Bretanha que, em determinado momento de sua
história, deixou de ser a principal potência
capitalista, pois não era grande o suficiente para
manter essa posição. Com a industrialização
generalizada de vastas áreas do mundo, a força
relativa da economia americana, enquanto sistema
produtivo, tenderá a declinar.
O outro fator que explica o século americano foi a
hegemonia cultural dos Estados Unidos, em especial
na cultura popular. Esta última tem mais
possibilidade de se perpetuar, pois foi reforçada pelo
papel cada vez mais importante da língua inglesa e
pela difusão da informática, cuja língua franca é o
inglês e que está bastante concentrada nos Estados
Unidos. Portanto, essa hegemonia certamente irá
prosseguir.
No entanto, a hegemonia cultural tem seus limites.
Basta pensar no domínio exercido pela Itália no
campo da música durante os séculos XVII e XVIII.
Ele era total, mesmo não estando fundamentado no
poderio político, militar ou econômico. Mas também
acabou por desaparecer. Outro exemplo foi a
hegemonia cultural britânica no século XIX.
Praticamente todos os esportes hoje conhecidos no
mundo foram inventados e praticados primeiro na
Grã-Bretanha. A moda masculina originou-se na
Inglaterra. Hoje as pessoas ainda jogam futebol em
todas as partes do mundo, e os homens se vestem
à maneira inglesa, ainda que a Grã-Bretanha não
esteja mais na liderança tanto no futebol como na
moda.
Hobsbawm, Eric. O Novo Século. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000. P. 54-56.
Questões para discursão:
1. Quando o autor faz referência ao século
americano está se referindo a qual século? Cite
alguns elementos que reforçam esta observação.
2. De acordo com o texto
e com seus
conhecimentos, quais razões justificam o declínio
dessa hegemonia?
3. Qual é o motivo que faz o autor acreditar que a
hegemonia cultural deverá permanecer por um longo
período?
3.1- O Contexto da Nova Ordem Mundial
A partir dos anos 1990, com o fim da Guerra Fria,
diversas circunstâncias políticas e econômicas
determinaram novas orientações às questões
internacionais e às relações entre os países: a queda
do socialismo; o fim da União Soviética; o processo
de democratização dos países da Europa Oriental; a
reunificação da Alemanha; e os conflitos étnicos
responsáveis por guerras civis.
Nesse contexto, os Estados Unidos ampliaram
expressivamente sua hegemonia. No entanto,
surgiram também outras potências econômicas,
como Japão, União Europeia (liderada pela
Alemanha) e China.
Apesar
da
supremacia
norte-americana,
circunstâncias econômicas ocasionadas pela grande
crise mundial iniciada em 2007 e ações e
intervenções políticas desastrosas de combate ao
terrorismo não legitimaram a almejada liderança
absoluta pretendida pelos Estados Unidos.
3.2- A ascensão japonesa e alemã
Durante a Guerra Fria, liderada pelos Estados Unidos
e pela União Soviética, outros países direcionaram
seus investimentos e desenvolvimento tecnológico
principalmente
às
atividades
econômicas.
Conquistaram, assim, fatias expressivas no mercado
internacional e obtiveram ganhos de produtividade
superiores aos dos Estados Unidos. Os que tiveram
maior crescimento, na segunda metade do século
XX, foram justamente os dois grandes derrotados
na Segunda Guerra Mundial: o Japão e a exAlemanha Ocidental.
No início da década de 1950, o Produto Nacional
Bruto (PNB) dos Estados Unidos era superior ao do
conjunto de países da Europa Ocidental e do Japão.
Durante a Guerra Fria, a Alemanha e o Japão
atingiram taxas de crescimento superiores às taxas
da economia estadunidense. O Japão foi beneficiado
pela ajuda econômica para a reconstrução do pósguerra, denominado Plano Colombo, e pela Guerra
da Coreia, que criou um mercado de abastecimento
de produtos e serviços às bases norte-americanas:
fornecimento de uniformes, alimentos, reparos de
equipamentos e outros. A partir da década de 1970,
adotou uma estratégia agressiva no cenário
econômico mundial que consolidou sua hegemonia
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na região do Pacífico, especialmente no Sudeste
Asiático, e abriu caminho para ampliar sua agenda
comercial com os Estados Unidos. Acreditava-se que
o Japão, em pouco tempo, seria capaz de superar o
poder econômico dos EUA, no entanto, a partir do
início da década de 1990, diminuiu substancialmente
suas taxas de crescimento e foi superado pela
economia chinesa em 2010, passando de segunda à
terceira posição na economia mundial.
Com o fim da Guerra Fria, o país adotou uma nova
postura internacional e engajou-se em operações de
paz promovidas pelas Nações Unidas. Atualmente
postula assento permanente no Conselho de
Segurança da ONU, apesar da oposição chinesa.
Nesse novo contexto, ampliou seu orçamento para
fins militares. Em 2011 possuía o sexto orçamento
militar do mundo.
A Alemanha foi beneficiada pelo Plano Marshall e
pelo sucesso do Mercado Comum Europeu, atual
União Europeia. Em 1990, com a reunificação, o país
reafirmou-se como a maior potência da Europa,
restabeleceu e fortaleceu suas relações com os
países que formavam o bloco socialista do Leste
Europeu, por meio da expansão das empresas
alemãs e da ampliação dos intercâmbios comerciais e
financeiros. Apesar dos elevados custos da
reunificação - cerca de um trilhão de dólares -, a
economia alemã acabou beneficiada pela ampliação
do mercado consumidor.
No final da década de 1990 a Alemanha se envolveu
no conflito dos Bálcãs (lutas ocorridas na exIugoslávia). Antecipou-se no reconhecimento da
independência da Eslovênia e da Croácia e se
envolveu pela primeira vez em um conflito armado
desde a Segunda Guerra Mundial, ao colocar suas
tropas sob o comanda da Otan, em combate contra a
Sérvia. Em outra iniciativa militar externa, participou
das
tropas
internacionais
que
atuaram
no
Afeganistão. Essas ações militares no cenário
internacional, embora tímidas, estão associadas à
intenção do país em tornar-se membro permanente
do Conselho de Segurança da ONU. Em 2012, a
Alemanha possuía o nono orçamento militar e o
terceiro exportador de armas do planeta.
Apesar da retomada das ações militares da Alemanha
e do Japão, e do peso desses países no conjunto da
economia mundial, suas forças militares são
reduzidas se comparadas às das potências militares,
como Estados Unidos e Rússia, e também em relação
a França, Inglaterra e China. Por não possuírem ou
desenvolverem armas de destruição em massa, têm
fraco poder de dissuasão.
Observe a tabela com os países que detêm os
maiores arsenais nucleares.
PAÍS
EUA
RÚSSIA
REINO UNIDO
FRANÇA
CHINA
TOTAL DE OGIVAS
8.000
10.000
225
300
240
ÍNDIA
PAQUISTÃO
ISRAEL
CORREIA DO NORTE
3.3- China: novo
mundial
80 – 100
90 – 110
80
DESCONHECIDO
protagonista no cenário
Um dos acontecimentos mais importantes das
últimas décadas foi o surgimento de mais uma
potência na Ásia: a China. Esse país detém arsenal
nuclear, é a terceira economia do mundo, faz parte
do Conselho de Segurança da ONU e dispõe do
segundo orçamento militar do planeta, com mais de
200 armas nucleares disponíveis. Abriga, ainda, o
maior contingente populacional do globo - mais de
1,3 bilhão de habitantes -, o que lhe garante grande
potencial de mercado e a formação da maior força
armada do mundo - mais de 2,3 milhões de pessoas.
Com esses superlativos e a presença cada vez mais
marcante no cenário internacional, a China é vista
como o país capaz de romper a supremacia norteamericana no século XXI.
No entanto, a China tem pendências em diversas
questões internas para assegurar a manutenção de
sua
unidade
territorial:
movimentos
pela
independência nas regiões autônomas do Tibet, da
Mongólia Interior e Xinjiang-Uigur. As pendências
externas mais imediatas relacionam-se à disputa das
Ilhas Spratly e à reincorporação de Taiwan. As Ilhas
Spratly, um conjunto de mais de 100 formações de
corais no mar da China Meridional, estão no meio da
rota de grande circulação de navios mercantes e
abrigam reservas de gás e petróleo. Elas são
reivindicadas por seis países que ali mantêm bases
militares: China, Vietnã, Filipinas, Brunei,
Taiwan e Malásia. A pretensão da China de
reincorporar Taiwan ao restante do país é outro
ponto de grande tensão. Importante polo econômico
asiático, Taiwan separou-se da China em 1949 e
pretende seguir independente, no que conta com
apoio dos Estados Unidos.
3.3.1- China e relações internacionais
Em 1996, a China patrocinou a formação da
Organização de Cooperação de Xangai com o
objetivo de reforçar a cooperação econômica entre os
países-membros e combater o tráfico de drogas, o
terrorismo e o separatismo. A organização delineia a
possibilidade de formação de uma organização
militar
ampla
de
defesa
e
de
segurança
multinacional, capaz de contrabalançar a influência
da Otan e dos Estados Unidos na Ásia Central. A
Organização conta ainda com países observadores
(sem direito a voto ou interferência nas decisões
políticas) e parceiros de diálogo (países que
compartilham valores semelhantes aos dos paísesmembros).
Nas últimas décadas, as relações internacionais da
China com o resto do mundo ampliaram-se. Os
chineses estreitaram os laços econômicos e políticos
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com diversos países, tanto com os que absorvem
suas exportações como com aqueles de quem
importam energia e matérias-primas. O país
estreitou laços com o Irã, mantendo investimentos
na área de exploração de gás natural. Faz, assim,
percurso inverso ao dos Estados Unidos, que
romperam relações diplomáticas com o Irã desde
1980, e ao da União Europeia, que defende na ONU a
manutenção de sanções econômicas ao país.
A China é o maior importador de petróleo do Sudão e
apoia
abertamente
o
governo
desse
país,
responsável pelo massacre de mais de 300 mil
pessoas na região de Darfur e cujo presidente teve
mandato de prisão expedido em 2009 pelo Tribunal
Penal Internacional (TPI). Outros países da África
recebem atenção especial na agenda internacional
chinesa, particularmente Angola.
Os países da África exportam petróleo, ferro, cobre e
algodão e atraíram investimentos de várias empresas
chinesas, principalmente a Petro China, hoje uma
das maiores empresas petrolíferas do mundo. A
China, além de ampliar suas exportações para o
continente, tem realizado investimentos em meios de
transporte, usinas de energia e sistemas de
telecomunicações.
Interesses econômicos fazem com que grandes
potências como a
3.4- A Rússia na nova ordem geopolítica
Com o colapso da URSS, as transformações na
ordem mundial e, a partir da década de 1990, o fim
da Guerra Fria, a Rússia passou a participar de uma
nova agenda internacional tanto no campo político
como militar. Atualmente, o país exige maior
participação no contexto internacional e busca
afirmar-se como potência.
Apesar de enfrentar uma etapa difícil de transição da
economia
centralmente
planejada
para
uma
economia de mercado – capitalista -, às voltas com
crises econômico-financeiras, aumento da pobreza e
da corrupção, concentração de renda e guerras
separatistas, em finais da década de 1990 a Rússia
passou a integrar o G-8. É a segunda potência
nuclear do planeta, e em seu imenso território dispõe
de grandes reservas minerais, inclusive petróleo.
Além disso, mantém relações de cooperação com o
Irã - país importante no contexto geopolítico do
Oriente Médio - para a construção de reatores
nucleares, acordos militares com a índia e, desde
julho de 2001, quando assinou um acordo de
amizade, busca estreitar relações políticas com a
China.
Em maio de 2002, com a criação do Conselho OtanRússia, o país passou a participar das discussões ao
lado dos países-membros da Otan em assuntos de
interesse mútuo, como a definição de estratégias
político-militares a serem aplicadas no controle da
proliferação de armas nucleares e no combate ao
terrorismo.
A Rússia também acertou com os Estados Unidos
acordos para a redução de armas nucleares
estratégicas. No entanto, mesmo com os cortes,
ambos os países ainda dispõem de armamento
nuclear capaz de destruir o planeta.
A criação do Conselho Otan-Rússia ocorreu após o
aval russo à intervenção armada norte-americana no
Afeganistão, em 2001. Essa intervenção foi
considerada o primeiro embate dos Estados Unidos
com base nos princípios que seriam consolidados
posteriormente
na
Doutrina
Bush
(da
qual
trataremos à frente) e justificada pela necessidade
de combater o terrorismo internacional. Em
contrapartida, a Rússia não foi reprovada pela
violenta repressão empreendida ao movimento
separatista na Chechênia, uma república islâmica
que faz parte da Federação Russa.
A Rússia, no entanto, se posicionou contra a
intervenção militar no Iraque e contra os avanços da
política intervencionista dos Estados Unidos.
Em 2008, tropas russas entraram em conflito com a
Geórgia ao apoiar a luta pela independência da
Ossétia do Sul e da AbKásia, repúblicas autônomas
controladas pelo Estado georgiano. A Geórgia nos
últimos anos se aproximou dos Estados Unidos e é
candidata a integrar a Otan.
No mesmo ano, outra questão confrontou a Rússia e
os Estados Unidos: a intenção de o governo norteamericano construir um
sistema de defesa
antimísseis na Polônia apoiado por um sistema de
radares na República Tcheca. Apesar de os Estados
Unidos sustentarem que o sistema estaria voltado ao
bloqueio de uma suposta ameaça dos mísseis do Irã
ao continente europeu, a Rússia via o projeto como
uma ameaça à sua segurança e como uma forma de
neutralizar seu poder de fogo. Depois de
advertências russas e negociações com o governo de
Barack Obama, os Estados Unidos proclamaram, em
2009, a desistência do escudo antimísseis e a
reformulação dos planos de defesa para o país.
3.5- A supremacia norte-americana
Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de
25% de toda a produção de bens e geração de
serviços no mundo, ou seja, um quinto do PIB
mundial (15,09 trilhões de dólares em 2011), índice
superior à soma do PIB dos outros três países mais
ricos do mundo (Japão, China e Alemanha).
Em 2012, 5 das 10 maiores empresas do mundo em
valor de mercado eram norte-americanas. Com cerca
de apenas 4,5% da população do planeta, os norteamericanos consomem 18,5% da energia gerada no
mundo, considerando todas as fontes energéticas.
Eles respondem também por cerca de 13% das
importações mundiais.
Vários países, inclusive alguns desenvolvidos,
dependem dos Estados Unidos, em termos de
comércio exterior. O Japão, por exemplo, a terceira
maior economia do mundo (PIB de aproximadamente
5,6 trilhões de dólares, em 2011), realiza cerca de
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15% das suas exportações para o mercado norteamericano.
OBS.: Posição atualizada
economias mundiais.
das
dez
maiores
tudo o que o mundo consome, boa parte sem
envolver processos de reciclagem, reutilização ou
reaproveitamento, o que gera grande quantidade de
lixo e poluentes.
A história da política externa norte-americana
tampouco é uma referência positiva. É marcada por
invasões, guerras e deposição de governos em
diversos países. Essa liderança geopolítica, que em
diversos momentos dispensou a diplomacia, implica
vultosos
gastos em pesquisa,
produção
de
armamentos e manutenção de forças militares.
3.5.1- A política externa norte-americana e a
geopolítica mundial
Do ponto de vista geopolítico, a ordem mundial
inaugurada após a Guerra Fria passou a ser
comandada pelos interesses dos Estados Unidos,
respaldados por sua incontestável supremacia
militar. O país iniciou o século XXI como
superpotência absoluta. A forma como a hegemonia
foi implementada foi denominada pax americana
(é um termo latino referindo-se a hegemonia norteamericana no mundo. Também indica o período de
relativa paz entre as potências ocidentais e outras
grandes potências do fim da Segunda Guerra Mundial
em 1945, coincidindo com a atual dominação
econômica e militar dos Estados Unidos da América,
em estreita colaboração com a ONU.), em alusão a
Os Estados Unidos exercem a supremacia econômica,
apesar de contrabalançada por centros econômicos
como a União Europeia, o Japão, os Brics e outros. A
preponderância norte-americana é muito maior
quando se considera também o aspecto políticomilitar. O país atingiu posição privilegiada em termos
de capacidade bélica, graças ao desenvolvimento da
tecnologia militar.
Destaca-se pelo uso de satélites artificiais e radares,
poderosa frota de porta-aviões (cada qual com
poderio superior ao da maior parte dos exércitos do
planeta), submarinos nucleares e bem equipada
força aérea, que inclui aviões não detectáveis por
radar. O orçamento militar anual dos Estados Unidos
é quase a metade dos gastos militares do mundo.
Essa supremacia é manifestada até mesmo nas
decisões tomadas pela ONU (e pelos países que a
integram), que com frequência age para atender aos
interesses
norte-americanos,
e
nas
políticas
estabelecidas pelos organismos internacionais, como
o FMI e o Banco Mundial.
Apesar da supremacia dos Estados Unidos, não se
pode considerar o desenvolvimento norte-americano
- ou seja, o modo de vida de sua população e a
maneira como atingiram tão amplo poder político
internacional - um modelo a ser seguido. Os Estados
Unidos gastam sozinhos aproximadamente 25% de
Pax Romana, adotada pelo imperador de Roma,
Otávio Augusto, de 29 a.C. a 180 d.C. A partir de
então, a política externa norte americana foi
marcada pelo unilateralismo. Os Estados Unidos
tomaram medidas que, independentemente das
posições e necessidades de outros países, visam
atender a seus interesses e manter sua supremacia,
como, por exemplo:
• recusaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, por
considerar que ele restringiria seu desenvolvimento
econômico;
• retiraram-se da conferência mundial contra a
discriminação e o racismo, realizada na África do Sul,
em 2001;
• não assinaram os termos para a criação do Tribunal
Penal Internacional;
• aumentaram o protecionismo comercial de alguns
produtos agrícolas e industriais, prejudicando as
exportações de vários países, inclusive do Brasil;
• lançaram uma ofensiva militar contra o Iraque,
junto com o Reino Unido, sem a aprovação da ONU
para derrubar o governo de Saddam Hussein.
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pretexto de eliminar terroristas lá instalados,
principalmente Osama Bin Laden, líder do grupo
islâmico Al Qaeda, acusado de ter planejado o
ataque. Depois de derrubar o governo afegão,
liderado por religiosos islâmicos radicais ligados ao
Talibã, ocuparam o país.
No entanto, no caso da guerra contra o Iraque, em
2003, não havia nenhuma evidência de que o país
constituísse uma ameaça aos Estados Unidos ou a
qualquer outro país do Oriente Médio. As alegações
de que o governo iraquiano estava ligado à Al Qaeda,
financiava grupos terroristas e tinha em seu arsenal
militar armas de destruição em massa foram
reconhecidas, posteriormente, como falsas pelo
próprio governo norte-americano.
As intervenções militares no Afeganistão e no Iraque
foram alicerçadas por uma nova política, que justifica
a ação dos Estados Unidos, independentemente da
aprovação da ONU: a doutrina da guerra preventiva.
Para muitos analistas, o ataque de 11 de setembro
criou condições favoráveis e serviu de pretexto para
que os Estados Unidos atuassem no mundo de
acordo com seus próprios interesses econômicos,
impondo sua presença e domínio a regiões
estratégicas do planeta.
Além das ofensivas militares no Afeganistão e no
Iraque, outras reações do governo dos Estados
Unidos aos atentados terroristas provocaram
mudanças internas e externas. Por exemplo:
• a definição do chamado "eixo do mal", composto
por Coreia do Norte, Irã e Iraque, países que, na
visão norte-americana, apoiavam o terrorismo
internacional;
• o estabelecimento da Doutrina Bush;
• a aprovação de leis de restrição aos direitos civis,
como a permissão para "grampear" telefones e
prender
estrangeiros
suspeitos
por
tempo
indeterminado.
3.5.2- Ocupações e intervenções no século XXI
Os Estados Unidos reagiram ao atentado terrorista
de 11 de setembro de 2001 invadindo o Afeganistão.
Em outubro daquele ano, atacaram o país com o
Na tentativa de evitar ataques semelhantes, alguns
países da Europa Ocidental também passaram a
controlar com maior rigor o fluxo de imigrantes.
Além disso, tornaram-se mais comuns ações que
violam os direitos civis individuais, como o uso de
câmeras, o rastreamento de mensagens eletrônicas,
a escuta de ligações telefônicas etc.
O governo de Barack Obama, que assumiu o poder
em 2009, anunciou o fim da Doutrina Bush e a
adoção de medidas baseadas no princípio universal
dos direitos humanos e legitimadas pelo direito
internacional. Após duas décadas de unilateralismo desde o final da Guerra Fria - os Estados Unidos
terminaram a primeira década do século XXI com
dois grandes desafios: solucionar uma crise
econômica cuja dimensão só não era maior que a
ocorrida em 1929 e resgatar parte do prestígio no
cenário
internacional,
profundamente
abalado,
principalmente pela adoção de uma política avessa a
soluções diplomáticas.
Apesar de sinalizar mudanças em relação ao governo
anterior, Barack Obama manteve algumas políticas
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na agenda internacional norte-americana. São
exemplos a manutenção da guerra contra o
terrorismo, a ampliação da presença militar no
Afeganistão e a permanência de tropas no Iraque
pelo menos até o final de 2011.
O combate ao terrorismo não é uma estratégia
exclusiva dos Estados Unidos. Aprovada pelo
Conselho de Segurança e pela Assembleia Geral da
ONU, foi acatada pela maioria dos Estados e validada
pelo governo Obama. O que se questiona são os
instrumentos utilizados para a implementação dessa
estratégia, e que servem como pretexto para atender
a interesses econômicos e ações de ocupação
territorial dos Estados Unidos.
Além disso, a prioridade na luta contra o terrorismo,
internacionalmente validada, merece uma reflexão.
Nesse tipo de combate não ocorre o enfrentamento
direto, pois o terrorismo não é visível, não tem
endereço e possui ramificações internacionais. Esse
combate não mantém compromisso com as leis
internacionais nem com qualquer convenção de
guerra. Portanto, privilegiar esse tipo de combate e
perseguir prováveis inimigos significa colocar o
mundo em estado de guerra permanente. No
primeiro ano de mandato, o governo Obama
determinou o fechamento de prisões que os Estados
Unidos mantêm em suas bases militares no exterior entre elas a de Guantánamo, em Cuba - e proibiu o
uso
de
tortura
em
interrogatórios,
prática
comprovada durante o governo Bush.
A nova política externa norte-americana aponta para
o declínio do unilateralismo. Indica que o país irá
reforçar seu poder de influência ideológica e cultural
combinando soluções diplomáticas e ações militares,
quando estas forem necessárias; e irá exercer
pressão através de medidas de sanção e embargo
econômicos.
Continuará mantendo a sua hegemonia, embora não
absoluta, que só será legítima com o apoio de outras
potências.
Anotações:
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