Ano I - Número 10 20 de junho a 3 de julho /2005 Formas de amar dividem jovens Fotos: Ricardo Lima Os estudantes da Faculdade de Fisioterapia Vivian Aiello Bonfin e Augusto Von Zuben 'ficaram' muitas vezes e decidiram namorar sério MURAL A professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) Vera Santana Luz defendeu tese sobre Ordem e Origem em Lina Bo Bardi. Vera conta, na coluna, um pouco da história de Lina, pautada pelo amor por Pietro Bardi, um marchand com ideologia política e estilo de vida diferentes da arquiteta, mas que não impediram que o casal vivesse junto por 52 anos. Página 07 Gorros e cachecóis dão o tom do inverno A estação mais fria do ano começa no dia 21 de junho, mas as baixas temperaturas registradas nos últimos meses mudaram o cenário na Universidade. Os acessórios coloridos compõem o visual dos mais 'antenados' com a tendência da moda outono/inverno. Embora garanta um estilo ao visual, as peças não previnem a infecção de ouvido, mas protegem a garganta. Página 04 Historiador afirma que Lula repete FHC Na avaliação do professor da Universidade de São Paulo (USP) Osvaldo Coggiola o governo Lula garante a continuidade de políticas precedentes, que priorizam o capital estrangeiro e a burguesia. Coggiola defende uma esquerda revolucionária como alternativa política e compara a economia do País a uma bolha que pode estourar a qualquer momento. O professor participou, no dia 6 de junho, da Semana de História sobre o tema Perspectiva da Esquerda no Brasil e na América Latina, promovida pela Faculdade de História, do Centro de Ciências Humanas (CCH), quando avaliou como graves as denúncias de corrupção envolvendo o governo Lula. Página 04 Pedalando pelo sonho A ciclista e estudante da Faculdade de Direito Gabriela Pires Barbosa teria de escolher entre os estudos e o esporte. A Bolsa Estímulo ao Atleta, programa da PUCCampinas que beneficia 25 esportistas, permitiu que ela continuasse se dedicando aos dois sonhos de sua vida. A estudante Mariana Cunha esbanja elegância com os acessórios da moda A moçada sofre com o dilema entre manter relacionamentos tradicionais ou aderir às 'ficadinhas' sem compromisso. Alguns casais trocam alianças com apenas duas semanas de namoro, compartilham a senha de e-mails confiantes na transparência e só vão para as baladas juntos. Outros rompem, provocando nos ex-namorados uma resistência aos relacionamentos éticos. As preocupações com os estudos e o mercado de trabalho também influenciam a vida amorosa, segundo o psicoterapeuta Hipólito Carretoni Filho. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os brasileiros estão casando mais tarde. Página 05 Página 06 Osvaldo Coggiola: economia é uma bolha 02 20 de junho a 3 de julho /2005 Jornal da PUC-Campinas Editorial Um jornal aberto à comunidade N esta 10ª edição, a última do semestre, é oportuno refletir sobre a trajetória do Jornal da PUC-Campinas (JP), desde o seu lançamento em fevereiro deste ano até o presente. O propósito da linha editorial tem sido de procurar integrar os públicos internos pela divulgação de fatos jornalísticos, de dentro e de fora dos campi, que permeiam as várias esferas da Universidade e da sociedade. Portanto, uma opção pela diversidade. Já na edição inaugural, o JP mostrou a que veio, franqueando seus espaços para as diferentes opiniões de alunos, professores e funcionários. Na ocasião, um dos assuntos publicados foi a Reforma Universitária proposta pelo governo federal. A esse respeito, concedi entrevista na qual enfatizei que uma das nossas principais preocupações - compreendida na implementação do Plano Estratégico Institucional (PEs) - é oferecer pesquisa, ensino e extensão com qualidade. Falei sobre o cuidado e carinho com que estudamos a implantação da carreira docente. E, no tocante especificamente à Reforma, deixei evidente minha opinião de que o governo federal deve estar vigilante no seu papel de zelar pela qualidade do Ensino Superior, mas que não pode adotar excessiva regulamentação que leve ao engessamento das instituições universitárias. O segundo número do jornal, ainda em fevereiro, trouxe as importantes palavras do arcebispo Dom Bruno Gamberini, grão- chanceler da PUC-Campinas, sobre a participação da comunidade universitária na Campanha da Fraternidade e sobre outras ações importantes para a sociedade. Edições subseqüentes repercutiram entre o público interno o Programa Universidade para Todos (ProUni), as novas conquistas femininas e a polêmica Lei de Biossegurança. Duas edições destacaram questões conflituosas envolvendo nossos alunos. E, logo nas edições seguintes, assuntos que divulgaram a imagem altamente positiva da Universidade para todo o País: o evento nacional sobre crime organizado e direitos humanos, a boa avaliação de nossos cursos no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), nossos avanços nas pesquisas, entre outros. Na penúltima edição, foi colocada em evidência a produção cultural nos campi. E nesta, a derradeira do semestre, as velhas questões ideológicas que pontuam a política nacional. Assim sendo, este editorial, face aos resultados obtidos pelo JP ao longo do semestre, reafirma o que anunciamos no editorial da primeira edição: "Universidade é diversidade". Portanto, no segundo semestre, os espaços do jornal continuarão franqueados à pluralidade social e cultural que caracterizam nosso meio universitário e a sociedade brasileira. Boas férias para todos! Reitor da PUC-Campinas Padre José Benedito de Almeida David SBI amplia base de dados Sistema de Bibliotecas e Informação disponibiliza, gratuitamente, um acervo com mais de 40 mil títulos Agenda Ricardo Lima 27/06 A 07/07 Período para pré-matrícula e matrícula acadêmica dos alunos de pós-graduação 30/06 Encerramento das atividades acadêmicas 01 a 30/07 O Sistema de Bibliotecas e Informação (SBI) da PUC-Campinas disponibiliza, desde maio, quatro novas bases de dados on-line de acesso restrito para pesquisa, além da ampliação da participação da Universidade no Consórcio de Periódicos Eletrônicos (Copere) do Portal da Pesquisa. De qualquer computador da Universidade, alunos e professores podem acessar, gratuitamente, o acervo de mais de 40 mil títulos entre periódicos e livros completos. Esse acer- Diretora Rosa Vivona Oliveira: PUC-Campinas oferece 31 bases vo pode ser acessado de fora da Universidade pelos alunos de Ensino a Distância. Segundo a diretora do SBI, Rosa Machinery (ACM). Já a Safari Tech Books oferece acesMaria Vivona Bertolini Oliveira, entre as universidades so ao texto integral de 100 livros na área da Tecnologia particulares, a PUC-Campinas é a que possui o maior da Informação, com o diferencial de que os títulos disnúmero de bases de dados. poníveis podem ser trocados conforme solicitação dos A assinatura da Universidade com a Science Direct professores. A participação da PUC-Campinas no Copere torna disponível 546 títulos em texto completo nas áreas foi incrementada com mais oito bases de dados eletrôde Ciência da Computação, Engenharia e Gestão. A base nicas, totalizando 31 bases que permitem o acesso a mais de dados American Chemical Society (ACS) oferece um de 40 mil títulos em diversas áreas do conhecimento. "A sistema de busca de artigos publicados em mais de 30 partir de agora, em um simples clique, o nosso aluno títulos de periódicos em texto completo na área de tem acesso a um verdadeiro arsenal tecnocientífico para Química. Alunos e professores da Ciência da Computação pesquisa", avaliou a diretora . têm disponíveis 93 títulos de periódicos acessando a base >> Serviço de dados bibliográficos Association for Computing www.puc-campinas.edu.br/biblioteca/novas_bases.asp Férias letivas 15/07 Data-limite para destrancamento de matrícula e retorno à graduação e pós-graduação 18 a 26/07 Matrícula acadêmica dos alunos de graduação, matrícula nas Práticas de Formação e pedidos de dispensa de disciplina e enriquecimento curricular 26 a 28/07 Pré-matrícula e matrícula acadêmica para os destrancamentos e retornos autorizados na graduação e pós-graduação stricto sensu 26 a 29/07 Período para realização da Colação de Grau 01/08 Início das aulas do 2° semestre letivo CORREÇÃO - Diferente do que foi publicado na última edição, o sorteio das promoções aconteceu no dia 14 de junho e não 14 de julho. O funcionário e guitarista da Banda The Riders Francisco José Marinelli toca há 20 anos e não há 35. Notas Afapucc promove viagem para Socorro Conheça os livros do Vestibular 2006 A Associação dos Funcionários Administrativos da PUC-Campinas (Afapucc) promove uma viagem para o Hotel Fazenda Portal do Sol, em Socorro, destinada aos funcionários e familiares. A viagem ocorre nos dias 10 e 11 de setembro. Os pacotes incluem hospedagem, transporte, pensão completa (sábado) e meia pensão (domingo). Crianças até 7 anos estão isentas e as demais pagam de acordo com a faixa etária. O pacote para sócios custa R$ 160,00 e para não-sócios, R$ 170,00. As inscrições podem ser feitas até 8 de agosto. Informações: (19) 3735-5808 e 3735-5871. A Coordenadoria do Ingresso Discente da PUC-Campinas divulgou no dia 9 de junho os livros selecionados para a prova de Literatura Brasileira do Vestibular 2006. As inscrições acontecem de 1º de setembro a 10 de outubro de 2005 e as provas ocorrerão nos dias 2 e 3 de dezembro de 2005. A Rosa do Povo (Carlos Drummond de Andrade), Libertinagem (Manuel Bandeira) , Manuelzão e Miguilim (Guimarães Rosa), Memórias de um Sargento de Milícias (Manuel Antônio de Almeida), O Cortiço (Aluísio de Azevedo) e Várias Histórias (Machado de Assis) compõem a literatura indicada pela Universidade. Informações: (19) 3756-7100. Expediente Reitor- Padre José Benedito de Almeida David; Vice-rreitor - Padre Wilson Denadai; Conselho Editorial - Ciça Toledo, Wagner José de Mello e Domenico Feliciello; Coordenador de Departamento de Comunicação - Wagner José de Mello; Coordenador do Setor de Jornalismo - Aderval Borges; Editora - Eunice Gomes (MTB 21.390); Redatores - Du Paulino, Eunice Gomes, Aderval Borges e Fábio Guzzo; Revisão - Luiz Antonio Razera; Fotografia - Ricardo Lima; Tratamento de Fotos - Marcelo Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte Gráfica Digital; Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas, Rodovia D. Pedro I, km 136, Parque mail: [email protected] das Universidades. Telefones: (19) 3756-7147 e 3756-7674. E-m 03 Jornal da PUC-Campinas 20 de junho a 3 de julho /2005 Opinião Transformar é preciso e possível Enildo Pessoa Q uando pensamos na evolução da família humana, chamam a atenção duas questões básicas: o modo de produção sempre esteve em conformidade com os interesses dos grupos dominantes e em todas as épocas que constituem o período denominado civilização, o ser humano exerceu a função de meio no processo de construção de riqueza. Foi assim no escravismo, quando os interesses dos senhores de escravo constituíam o referencial maior no andamento da sociedade, também no feudalismo, quando os interesses dos senhores feudais orientavam o encaminhamento da vida social e, agora, no capitalismo, em que a prioridade dos interesses do capitalista (busca incessante da mais-valia) fundamenta a economia mercantil. O mais importante, o processo produtivo, baseado na interdependência entre forças produtivas (meios de produção e força de trabalho) e relações sociais (decorrentes das relações de produção), tende a fazer surgir uma nova realidade, superior à existente, pelo menos em dois sentidos: gera uma maior possibilidade de atender as necessidades materiais, imprescindíveis Espaço leitor Qual sua opinião sobre o Jornal da PUC-Campinas? Quer sugerir uma pauta? Divulgar o que você está fazendo? Participe! Mande uma mensagem para a redação. @ [email protected] BANDA Como faço para participar do Jornal da PUC-Campinas! Sou de Jacutinga, em Minas Gerais. Tenho uma banda que está na estrada há mais de três anos. Temos um CD, lançado no dia 12 de março desse ano. José Augusto Grassi, estudante da Faculdade de Engenharia de Computação NOTA DA REDAÇÃO - Grassi, publicamos uma matéria sobre o tema na última edição. O seu trabalho poderá ser divulgado em outra oportunidade. Se a banda realizar algum show em Campinas e região, envie para a redação um e-mail e nós divulgaremos na coluna Mural, destinada à programação cultural. Outro caminho é você se cadastrar no Banco de Talentos PUC-Campinas (www.puc-campinas.edu.br/servicos/momentocultural). para a conquista de vida digna para todos, e favorece o avanço das condições para que o ser humano entenda a sua potencialidade em exercer função ativa na construção de nova sociedade, com excelência de qualidade acima da existente. Com o capitalismo acontece uma profunda revolução social: o processo produtivo favorece o avanço da ciência, de forma notável, simultaneamente com sua metamorfose técnica. Criam-se crescentes condições, no mundo material e no mundo da consciência (espiritual), para que o ser humano possa pensar em uma nova sociedade, que será a mais avançada da história da família humana: passagem do "reino da necessidade para o reino da liberdade". A idolatria do capital tende a ser substituída pelo princípio que considera o ser humano o fundamento da vida social. ...a transformação somente ocorrerá com o avanço da consciência da necessidade histórica de nova época... Férias de Julho: até breve! As férias de julho estão chegando e a Universidade ficará sem cerca de 22 mil alunos dos cursos de graduação e pós-graduação, que constituem a maior parte dos leitores do Jornal da PUC-Campinas. Por este motivo, esta será a última edição deste primeiro semestre, que consideramos muito profícuo. Mas a equipe de jornalistas do Departamento de Comunicação não pára e estará trabalhando durante o mês de julho para que a recepção aos alunos, no início do segundo semestre, conte com uma edição especial. Agradecemos a todos que nos enviaram mensagens com críticas, elogios, sugestões e que participaram de nossas promoções. Acreditamos que no segundo semestre consigamos ampliar, ainda mais, nosso relacionamento com os leitores, afinando a cobertura jornalística com os interesses do público. Para isto, contamos com a crescente colaboração de professores, alunos e funcionários. Tenham boas férias com descanso, lazer, curtição e muita aventura. Um abraço, Eunice Gomes [email protected] (editora do Jornal da PUC-Campinas) As condições são cada vez mais favoráveis para que essa conquista possa acontecer, desde que se tenha presente a necessidade de transformação consciente e democrática, ou seja, pensada maduramente e conquistada pela maioria da sociedade. É diferente do que ocorreu com a passagem do feudalismo para o capitalismo. Nesse caso, as conquistas relacionadas às exigências do imediato (busca incessante do lucro) permitiam o avanço do novo sistema. Agora, a transformação somente ocorrerá com o avanço da consciência da necessidade histórica de nova época, em que o capital seja meio, ao invés de fim, e o ser humano constitua fim, ao invés de meio, invertendo-se as prioridades hoje existentes, atribuídas ao capital e ao ser humano. Essas reflexões, entretanto, dizem respeito às condições para que seja possível pensar em estágio superior do processo evolutivo da humanidade, acompanhando a própria tendência da história. Caminhar para a conquista da nova realidade exige a adoção de certos procedimentos, relacionados aos meios e prática, que devem, necessariamente, ser observados. Sem a pretensão de esgotar o tema, lembramos dois sistemas de referência. Primeiro a diminuição do desnível social, buscando-se supe- Galeria rar a pobreza, definida em função dos aspectos emprego, educação, saúde, habitação, alimentação, saneamento e transporte, tudo explicitado pelo Plano Local de Combate a Pobreza (PLCP), seguindo a Ciência da Planificação e tendo o município como referencial. Em segundo o trabalho conjunto da sociedade política (Executivo, Legislativo e Judiciário) com a sociedade civil (instituições que possam contribuir no combate à pobreza), considerando os níveis internacional, nacional, estadual, regional e municipal. Enfim, vivemos um momento de transformação. A realidade existente permite pensar em nova sociedade, que tenha por fundamento a vida e a liberdade. Enildo Pessoa, cientista político, escritor e professor aposentado da PUC-Campinas [email protected] COMO VOCÊ AVALIA O DESEMPENHO DA ESQUERDA BRASILEIRA NO COMANDO DO PAÍS? Alina Purvinis, professora da Faculdade de Psicologia Paulo de Tarso Cavassani, estudante de Faculdade de Direito "A esquerda não mudou a direção do governo e está agindo como a direita. As ações do governo Lula são as mesmas do governo anterior e não resultam nas ações esperadas pelos seus eleitores. Isso enfraquece a imagem do governo no Brasil e no exterior, colocando em risco sua reeleição". Fotos: Ricardo Lima "Que esquerda? As propostas tradicionais do PT foram abandonadas. O partido que está no poder agora não é o mesmo partido que lutava por uma condição social mais democrática no passado. O perfil da esquerda se desconfigurou." Vanessa Nunes, funcionária da Secretaria da Faculdade de Biologia "A esquerda, quando é situação, muda a direção do discurso e se comporta como direita. Antes, o discurso era composto por ideologias sociais que sempre foram esperadas pela população, mas, agora, esse discurso perdeu força e parte dessas ideologias foi abandonada. Isso criou um grande sentimento de decepção no eleitor." Somente as investigações DE uma CPI podem ESCLARECER Imagens até que PONTO o governo ESTÁ envolvido nesse MAR DE lama. ARTE NO CAMPUS I - A bailarina e universitária Ana Elise Freire participou da abertura do Fórum de Relações Públicas no Auditório Dom Gilberto. Esculturas produzidas por alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) estão expostas nos vãos dos prédios da Biblioteca Setorial e Praça de Alimentação. E estudantes do Centro de Linguagem e Comunicação (CLC) e da FAU aproveitaram os intervalos do período matutino para 'fazer um som' na Agência Experimental de Publicidade e Propaganda. É a galera esbanjando arte na Universidade. Luiz Inácio Lula da Silva, em agosto de 2000, defendendo a instalação da CPI da Corrupção no governo de Fernando Henrique Cardoso 04 20 de junho a 3 de julho /2005 Entrevista Eunice Gomes [email protected] Jornal da PUC-Campinas ESQUERDA VOLVER! cracia sindical, em gestora dos negócios capitalistas e do Estado. O PT é a pequena burguesia que lutou contra a Ditadura Militar em nome de um programa democrático e que abandonou a perspectiva de uma revolução. Jornal da PUC-Campinas - Como o senhor avalia a esquerda brasileira no poder? Osvaldo Coggiola - A esquerda que nós temos, ou melhor, a que nós tínhamos, está no poder. O PT tem diversas correnJP - Como o senhor avalia as recentes denúntes, mas a majoritária exerce o poder. Ela Historiador da USP afirma que o governo cias de corrupção? O senhor acredita que está preenchendo um papel, assim como presidente Lula conseguirá se reeleger? nos outros países latino-americanos nos Lula garante a continuidade de políticas oCoggiola - Estamos vivendo um possível quais a esquerda chegou ao governo, de precedentes, que priorizam o capital 'Lulagate' (alusão ao Watergate, escândalo no dar continuidade aos contratos estabeleEstados Unidos que resultou na renúncia do cidos com o capital estrangeiro em uma estrangeiro e a burguesia, e presidente Richard Nixon) com as denúnconjuntura política na qual a direita já não defende uma esquerda revolucionária cias de corrupção, que são muito fortes. poderia continuar exercendo o poder. Para Até o momento não se vê alternativa ao no País como alternativa política isto o PT deu garantias, antes de chegar Lula. Vamos ver para onde vai este ao poder, quando assinou uma carta de 'Lulagate'. Antes das denúncias, as pesquisas indicacompromisso com o Fundo Monetário Internacional A economia do País é uma bolha prestes a vam que o Lula venceria no primeiro turno. Agora, (FMI) e divulgou uma carta à população compromeestourar. O governo do presidente Luiz teríamos um segundo turno. tendo-se com a continuidade das políticas vigentes. Inácio Lula da Silva foi eleito para reconsCom o Lula e outros líderes nos países vizinhos, o tituir o ciclo capitalista e atender aos anseios JP - Então, o senhor diria que o presidente Lula é o que se vê é uma continuidade, em alguns casos até da burguesia. O cenário político da América melhor que temos? um aprofundamento das políticas precedentes. Latina está mudando para a esquerda. Estas Coggiola - Melhor que temos não. Mas do ponto de opiniões são do professor do Departamento vista da classe dominante, que é a que governa o País JP - Por que a direita já não podia ficar mais no goverde História da Universidade de São Paulo e escolhe os políticos, sim. Não há uma alternativa no? Então não foi uma conquista da esquerda e sim (USP) Osvaldo Coggiola. Ele participou no revolucionária, por enquanto, dos explorados. Há apenas uma troca de agentes políticos? O fim de um dia 6 de junho, no Campus I, da Semana de uma forte disputa política e a mídia está dividida. Se ciclo? História sobre o tema Perspectiva da não saírem com todo o apoio da mídia, o 'Lulagate' e Coggiola - Há uma crise mundial do capitalismo e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) não dão uma crise do Estado na América Latina. No caso da Esquerda no Brasil e na América Latina, em nada. Argentina, trata-se de uma situação que afetou a pró- promovida pela Faculdade de História, do pria existência do Estado. Na Bolívia, crise mais pro- Centro de Ciências Humanas (CCH). O JP - Se a antiga esquerda agora é situação, quem é a funda atualmente, um princípio da dissolução do argentino, radicado há 22 anos no Brasil, concedeu uma entrevista ao Jornal da PUCesquerda no País? Estado. A esquerda aparece como uma alternativa porCoggiola - Uma verdadeira esquerda passa pelos movique a direita, tradicional e histórica, levou à dissolu- Campinas, na qual defendeu a candidatura mentos sociais e pelos partidos que estão fora do PT, ção do Estado e ao início da dissolução do capitalis- da senadora Heloísa Helena, expulsa do como PSTU e PSOL. Passa também dentro do PT mo na América Latina. A esquerda, nesse quadro de Partido dos Trabalhadores (PT), para as próximas eleições presidenciais. por correntes de esquerda e por formações sindicais. crise, aparece como uma garantia de recomposição do capitalismo. O discurso com o qual Néstor Kirchner Ricardo Lima subiu na Argentina, com apoio da esquerda, foi de puras miragens. Através de alguns mecanis'queremos reconstruir a burguesia nacional'. Esta pasmos, a crise chega ao Brasil. Toda a econosou a não existir porque o circuito do capitalismo deimia depende da contratação de empréstixou de existir. Não se comprava e não se vendia nada mos de curto prazo no mercado mundial, na Argentina em dezembro de 2001. favorecidos por altas taxas de juros existentes no País, as maiores do planeta. Isto serve JP - Mas nesta época não era este o cenário brasileiro... para manter o fluxo artificial de capitais e o Coggiola - Não era, mas se aproximava porque o endiequilíbrio fiscal das contas do Estado. vidamento da economia brasileira era maior que o da Aparentemente a economia está bem, mas Argentina. O Brasil ia em direção do calote. Se tivesbasta que alguns especuladores dêem sinal se uma fuga de capital, como na Argentina e no México de alarme e explode, como uma bolha. (1995), teríamos um calote em dimensões monuTeremos uma fuga de capital monumental mentais no Brasil. e o calote. A JP - O presidente Lula também assumiu com a proposta da reconstituição da burguesia brasileira? Coggiola - Sim, com toda a clareza. Sobretudo com a garantia de continuidade do ciclo econômico precedente para evitar que se chegasse a um calote. Na verdade, o Lula subiu com a única garantia de que o Brasil não chegasse na mesma situação da Argentina. Procede uma série de reformas que têm como objetivo reconstituir o ciclo capitalista e garantir o cumprimento dos contratos com o pagamento das dívidas externa e interna. Com o compromisso de privatizar a Previdência Social, ou seja, criar novos campos de investimentos capazes de garantir o novo ciclo de acumulação de capital. Portanto, a esquerda está com sérios problemas. Vivemos uma situação de retrocesso absoluto das perspectivas das forças produtivas nacionais. JP - E os bons indicadores econômicos exibidos pela equipe do governo federal? Coggiola - O Produto Interno Bruto (PIB) inclui todas as operações econômicas, inclusive as especulativas no mercado financeiro. Então você pode ter um crescimento do PIB, mas sem um crescimento da força produtiva nacional. A Argentina, antes do calote, tinha um crescimento do PIB que chegava perto de 10% anual. Aqui estão festejando 4% ou 5% por ano. São dados puramente de caráter conjuntural. O desemprego continua crescendo. Portanto são miragens, JP - Dá para prever quando seria essa crise? Coggiola - Essas crises dependem de uma situação volátil do ponto vista financeiro. Tivemos a crise de 94 no México, em 97 na Ásia, em 98 na Rússia e em 2001 na Argentina. Nenhuma delas era previsível sequer dois meses antes. Na escala mundial, temos uma situação extremamente frágil. A economia mais forte, a dos Estados Unidos, dá sinal de fraqueza com déficits fiscal e comercial que não param de crescer. Se o Brasil ou outro país é a bola da vez , não se sabe. JP- Retomando à política, qual é a diferença entre os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva? Coggiola - Do ponto de vista dos interesses de classe representados no Estado existe uma continuidade. Do ponto de vista dos agentes políticos existe uma mudança. O PSDB era uma espécie de partido orgânico da burguesia. Já o PT recruta o pessoal político na pequena burguesia e é composto também por exlíderes sindicais, que perderam contato com as bases de origem. As ideologias políticas em nome das quais as alianças se produzem têm um papel secundário. O importante são as forças de classe que estão presentes. O PT aparece como uma forte tentativa de transformar esta pequena burguesia, associada a uma buro- Há todo um debate político em torno de uma alternativa autenticamente de esquerda. Porém uma estrutura política para esta esquerda revolucionária não existe. Por isto não aparece no cenário político. Mas há sondagens que indicam a senadora Heloísa Helena como uma alternativa da esquerda com cerca de 5% dos votos. O quadro político na América Latina está mudando, e mudando para a esquerda. A direita não aparece como alternativa política. JP - Qual é o ponto positivo do governo Lula? Coggiola - O governo Lula está obrigando os trabalhadores a pensarem que não basta ter um partido. É necessário ter um partido revolucionário dos trabalhadores. 05 Jornal da PUC-Campinas 20 de junho a 3 de julho /2005 Fotos: Ricardo Lima Comportamento R O M A O Á T S E R A NO Histórias de casais tradicionais se misturam com outras realidades pontuadas pela busca da liberdade, pela dedicação aos estudos e pela preocupação com o mercado de trabalho E Fábio Guzzo [email protected] Juliana Cotrim e Leandro Ramiro Eunice Gomes [email protected] de namoro moderno. Tem de ter fidelidade. Como não estou com meu namorado durante a semana, procuro não sair nas baladas", garantiu Adriana, que exibe na contracapa do caderno uma fotografia do amado. O amor à primeira vista, que muitos acreditam ser apenas argumento de novela das seis, tem espaço garantido entre os universitários. A aluna da Faculdade de Nutrição Juliana Cotrim é noiva do primeiro namorado, o estudante de Engenharia Elétrica Leandro Gama Ramiro. "Logo na segunda semana de namoro, colocamos alianças de compromisso. Neste ano nós dois entramos na Universidade e ficamos noivos", comentou. Eles compartilham quase tudo, até as senhas de e-mail. Carretoni orienta os casais a procurar mais estabilidade. "Não tenham pressa. Procurem conhecer a si mesmos e os parceiros, amadureçam antes de assumir um compromisso. Não quero dizer para 'ficar' com todos e sim usar a liberdade de forma saudável". Na Faculdade de Fisioterapia há um casal que seguiu esses conselhos. Desde 2003, quando passaram na Em relacionamentos amorosos, a juventude vive um dilema entre o liberalismo e a tradição. Ao mesmo tempo em que querem 'ficar' com diferentes parceiros e sem compromisso, os jovens desejam também um namoro estável e com base na fidelidade. Esta é a avaliação do professor da Faculdade de Psicologia da PUC-Campinas Hipólito Carretoni Filho, que há 31 anos atua na área de terapia de casais. Exemplos que ratificam este diagnóstico são facilmente detectados nos corredores dos campi. Casais que puseram alianças na segunda semana de namoro, garotos e garotas que sofrem com as amarras de namoros sérios em tempo de estudo e curtição, idas e vindas pontuam os relacionamentos. Os conflitos entre casais estão presentes também entre os que têm longos anos de convivência, mas a maturidade e a flexibilidade estão a favor deles. Se as dúvidas amorosas persistem e as preocupações com o mercado de trabalho aumentam, o melhor é adiar as decisões mais sérias. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que as pessoas estão fazendo exatamente isto. O relatório de 2004 apontou que a idade média do casamento civil no País aumentou. Em 2001 o brasileiro se casava com 28,2 anos em média. No ano seguinte, a idade subiu para 28,5 e chegou a 28,9 em 2003. "Credito este aumento à competitividade no mundo do trabalho. Os jovens preferem se preparar a ro à mod para o mercado e casar no namo lidade a st o p a Adriana om juras de fide depois", explicou Carretoni. antiga c e ro o m O aluno da Faculdade de tre o na o n e r ta p o d gun ve de Merten teudos, ficou com o se Arquitetura e Urbanismo FreUniversidade, Vivian Aiello Bonfin e os est derick Merten exemplifica a inAugusto Von Zuben 'ficaram' várias vezes. Saviani Rey entre dois amores: terpretação da pesquisa. Merten terminou um relacionamento de dois "Foi bom porque a gente se conheceu bem, a família e a biblioteca anos para se dedicar aos estudos ."Minha namorada reclamava que eu antes de assumir o compromisso de namonão tinha tempo para ela e me colocou contra a parede. Depois de pensar ro, há dez meses", comentou Von Zuben. Mas toda regra tem exceções, uns três meses, optei pela faculdade. Hoje, minha amante é a Arquitetura, que nesse caso é ilustrada pelo aluno da Faculdade de Ciências não quero compromisso com mais ninguém", brincou Merten. Farmacêuticas Hítalo Camargo . "Antes de começar a namorar, a gente Depois de uma frustração amorosa, na qual foi traída pelo namorado, a se conheceu bastante. Mesmo assim, em três anos de namoro, já termiestudante da Faculdade de Nutrição, que prefere não se identificar, decinamos três vezes", afirmou. diu pelo egoísmo. "Nos meus últimos relacionamentos os garotos tinham Nos casais mais maduros, a natureza dos problemas muda e atinge a compromisso. Não estava nem aí. Ninguém pensa na gente. Por que penconvivência entre os parceiros. A biblioteca do professor da Faculdade de sar nos outros?", desabafou. Jornalismo Luiz Roberto Saviani Rey, cujo acervo é constituído por cenEmbora a liberação comportamental promovida a partir da década de sestenas de livros e milhares de exemplares de jornais, foi motivo de conflito senta tenha provocado muitas mudanças e conquistas, principalmente para entre ele e a mulher, casados há 30 anos. "A biblioteca chegou a ocupar um as mulheres, a cultura ocidental continua valorizando a monogamia e a quarto inteiro de minha casa. Minha mulher ficava tão brava que chegou fidelidade. "Por mais que os jovens afirmem que querem relacionamentos a jogar parte dos jornais no lixo. Em 1999, decidi transferir a biblioteca para liberais, a questão da fidelidade é essencial", observou o psicólogo. A aluoutra residência no Jardim Flamboyant. No começo da semana, quando a na da Faculdade de Ciências Farmacêuticas Adriana Salvador, que namo- minha atividade acadêmica é mais intensa, fico lá, e na quinta-feira volto ra há quase dois anos, exige fidelidade. "Para mim, não existe essa história para o convívio da família", revelou Saviani. 20 de junho a 3 de julho /2005 06 Jornal da PUC-Campinas Esporte & Cultura Bolsa Atleta alimenta sonhos Fotos: Ricardo Lima A Universidade beneficia 25 alunos de diferentes cursos que participam de competições esportivas S Fábio Guzzo [email protected] e não fosse esta bolsa, teria de optar entre a faculdade e o ciclismo. Meu pai não teria dinheiro para pagar todas as despesas do esporte e da graduação". A ciclista e aluna da Faculdade de Direito Gabriela Pires Barbosa se refere à Bolsa Estímulo ao Atleta, programa da PUC-Campinas que desde 2002 concede 25 bolsas a estudantes representativos em suas modalidades esportivas. Neste ano, as bolsas foram distribuídas para 13 modalidades e entre A vice-campeã paulista 2003, Gabriela Pires Barbosa, é uma das contempladas pelo programa dez cursos de graduação. De acordo com a diretora da Faculdade de Educação Física (Faefi), Márcia Cândida Universidade em competições nacionais e internacionais. "O atleta vesGozzi, as bolsas são concedidas aos alunos filiados às federações esporti- te roupas com a logomarca da Universidade. Eles contam com a infravas que apresentem bons resultados. "Além de valorizar o esporte no meio estrutura da Faefi e a orientação dos professores". universitário, o programa fornece um estímulo para que atletas de elite A aluna da Faculdade de Odontologia Vanessa Paolieri Gianinni foi continuem treinando enquanto cursam a graduação", detalhou Márcia. uma das duas triatletas selecionadas neste ano. Décima colocada no Vice-campeã paulista da prova feminina de contra-relógio na catego- Mundial de Triátlon, realizado ano passado em Portugal, Vanessa recebe ria júnior em 2003 e vice-campeã interestadual da prova de resistência no a bolsa desde 2003. "Como o curso de Odontologia é integral e exige dediano passado, Gabriela participa do programa desde 2004. Única ciclista a cação, queria desistir do triátlon. Quando soube da bolsa, optei por conreceber a bolsa nesse ano, ela destacou o fato de o programa não limitar a ciliar o esporte e o curso", comentou Vanessa. Para semanalmente nadar procura por apoio de outras empresas e instituições. "A bolsa não exige 25 quilômetros, correr outros 60 e pedalar mais 250 quilômetros, Vanessa exclusividade e permite que se procurem outros patrocínios. Tenho apoio acorda às 4h30. "Antes de ir para o Campus II, pedalo na Lagoa do Taquaral. da Prefeitura de Campinas e de uma academia", afirmou Gabriela. Há Depois das aulas, vou a uma academia nadar e correr", detalhou Vanessa. dois anos, ela pedala quase todos os dias uma hora e meia na Lagoa do Taquaral e na Rodovia Adhemar de Barros. "Também faço treino de resis- >> Serviço Valor da Bolsa Estímulo ao Atleta - R$ 315,54 tência no Campus I, na ladeira em frente à Reitoria", comentou. Seleção - fevereiro e março A diretora da Faefi lembrou também que o projeto divulga o nome da Informações: (19) 3756-7141 e [email protected] A breguice histórica de Mário Lúcio PUC-Campinas sedia Cole Calça cor-de-rosa, casaco xadrez, óculos escuros e anéis extravagantes. Sim, ele esteve aqui! Mário Lúcio, o famoso cantor da banda Mário Lúcio e Los Lúcios, sucesso em Campinas e região nos anos 80 e 90, esteve na PUC-Campinas para participar da aula de Estética da Comunicação, ministrada pelo professor João Baptista Almeida Jr. na Faculdade de Jornalismo. O grupo pop brega teve um início inusitado. Marcelo do Canto, autor do personagem Mário Lúcio, trabalhava como garçom durante sua graduação em Jornalismo na PUCCampinas. Quando ele conseguiu seu primeiro emprego como jornalista no Diário do Povo, decidiu se despedir do restaurante fazendo um show diferente. Travestiu-se de Mário Lúcio e convidou os músicos Ricardo (tecladista) e Deni (baterista) para participarem da apresentação. O inesperado aconteceu: a banda estourou e fez mais de 400 shows até 1999, quando a carreira jornalística o impediu de continuar na estrada da fama. Mas há controvérsias sobre este assunto. Fontes garantem que foi a 'dona encrenca' quem encurtou a carreira do cantor. Ele nega categoricamente esta versão. Desde então, o público cativo não pára de O jornalista Marcelo do Canto (acima) e sua cara-metade solicitar a volta da banda. Para minimizar esses apelos, Mário Lúcio tenta se apresentar pelo menos um vez ao ano. O astro pop brega está negociando com a Universidade um show para o próximo semestre. Quem nunca viu, prepare-se para se divertir, quem já conhece, matará saudades. Aguardem! Pela primeira vez em 25 anos, a PUCCampinas será uma das sedes do Congresso de Leitura do Brasil (Cole), que ocorre de 5 a 8 de julho. Organizado pela Associação de Leitura do Brasil (ALB), o Cole promove 400 palestras e 1.462 comunicações orais de pesquisas desenvolvidas por acadêmicos. Realizado bianualmente, a 15ª edição do congresso, cujo tema é Pensem nas Crianças Mudas Telepáticas, está divida em 15 seminários. Em salas do Campus I ocorrerão integralmente três seminários sobre Educação e Matemática; Leitura e Produção no Ensino Superior e Mídia, Educação e Leitura. Os outros seminários serão na Unicamp. De acordo com a coordenadora do Seminário Mídia, Educação e Leitura, Maria Inês Ghilardi Lucena, professora da Faculdade de Letras da PUC-Campinas, o congresso reúne especialistas do Brasil e do mundo. "Eles devem apresentar novas pesquisas sobre o caráter crítico dos leitores", afirmou Maria Inês. Segundo pesquisa da Câmara Brasileira do Livro, o brasileiro lê 1,8 livro por ano. O País está atrás de países como a Colômbia, com 2,4 livros. A França é uma das que lideram o ranking com 7 livros. >> Serviço Inscrições: www.alb.com.br/novocole.php 07 Jornal da PUC-Campinas MURAL 20 de junho a 3 de julho /2005 Fotos: Ricardo Lima Reprodução Vera Santana Luz Quando os opostos se amam Pietro Bardi e Lina Bo Bardi O Aderval Borges [email protected] s dois se conheceram em Roma, nos anos 40. Pietro Maria Bardi era marchand e tinha o sonho de criar um museu. Lina Bo trabalhava com desenho industrial. Veio a guerra e apoiaram tendências opostas: ele o fascismo e ela, a resistência. Mas nada abalou a relação entre os dois. Até a morte de Lina, em 1992, os Bardi viveram em harmonia, apesar das diferenças. Cada qual a seu modo, ambos foram idealistas. Em 1946 vieram para o Brasil, a convite do empresário das comunicações Assis Chateaubriand, para montar o Museu de Arte de São Paulo (Masp), em São Paulo. Enquanto Pietro cuidava da aquisição do acervo, Lina se dedicava ao projeto da obra. Em 1968, o museu foi inaugurado. No Brasil, cada um tinha sua tribo. Ele era da bur- guesia e ela das rodas esquerdistas. Mas ambos eram estranhos aos respectivos meios. Para Pietro, o dinheiro só tinha uma função: adquirir obras. O comportamento despojado de Lina não causava boa impressão entre seus pares comunistas. Tinham-na como colega de percurso, mas com ressalvas. Não entendiam como podia ser marxista e, ao mesmo tempo, debochar do sectarismo dos movimentos sociais. Lina fez muito mais que política e arquitetura no Brasil. Ajudou a formar uma geração de artistas brilhantes, entre eles os baianos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Glauber Rocha, Rogério Duarte e o paulista José Celso Martinez Corrêa. A professora da Faculdade Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas Vera Santana Luz defendeu, em 2004, tese de doutorado sobre o tema Ordem e Origem em Lina Bo Bardi. Confira algumas declarações da professora sobre a arquiteta. Tecnologia e cultura popular "A obra de Lina está dentro de um conceito evolutivo da arquitetura, mas também se fundamenta em um conceito de origem. Ao mesmo tempo que defendia a arquitetura industrial, baseada na alta tecnologia, ela também se interessava por construções populares." Arquitetura para ser usada "Suas obras não eram planejadas para serem contempladas. Pensava na utilidade de cada uma delas. Todos seus prédios são agradáveis, com grande fluência de público. Veja o caso do Masp. Os grandes vãos são destinados para várias atividades e as pessoas que circulam por dentro do museu nem se dão conta de que se trata de um espaço particular." Influências diversas "Lina não separava a arquitetura de outras atividades. Envolveu-se com teatro, música, cinema e cultura popular. No fim da vida, teve a preocupação de criar um núcleo de arquitetos mais jovens, para que seu trabalho tivesse continuidade. Fizeram parte desse núcleo Marcelo Ferraz, Marcelo Suzuki e André Vainer." Para conhecer Lina e Pietro Bardi "Entre os principais projetos de Lina no Brasil estão a Casa de Vidro (onde morava com Pietro, transformada no Instituto Lina Bo e P.M. Bardi), de 1950, o Museu de Arte de São Paulo, de 1968, o Sesc Fábrica da Pompéia, de 1977, o Centro Histórico da Bahia, de 1986, e o Palácio das Indústrias - Prefeitura de São Paulo, de 1992. Sobre a própria obra, ela dizia: 'Meu projeto mais importante foi uma capelinha miserável em Uberlândia (MG), feita sem dinheiro pelos padres franciscanos'. >> Serviço O Instituto Lina Bo e P.M. Bardi é aberto a visitações. Informações (11) 3744-9902 e www.institutobardi.com.br Intervenções artísticas A artista plástica Sylvia Focas Awards 2005 classificados No dia 13 de junho, na sala 803 do prédio H-1 do Campus I, com toda pompa de uma noite de gala hollywoodiana, alunos da Faculdade de Jornalismo premiaram em 20 categorias as nove peças apresentadas durante o primeiro semestre deste ano na disciplina Expressão na Comunicação. O evento, batizado de Focas Awards 2005, foi concebido pelos alunos e pelo professor da disciplina, Paulo Afonso Coelho. Furegatti integra o Ateliê Aberto - produções contemporâneas, de Campinas. Ela trabalha com intervenções no meio urbano. Elege um espaço e faz um projeto de evento, levando em conta o histórico do local, sua utilização, características físicas e o público que o freqüenta. Seu último trabalho ocorreu no dia 11 de junho, num gramado da Unicamp. Ela reproduziu no local, com cal, um desenho de um ícone do Capitólio Romano, em uma área livre de mais de 60 metros. Participaram do projeto 17 alunos da Faculdade de Artes Plásticas da Unicamp. O evento teve apresentações de outros artistas e até um avião sobrevoou o local para que fossem tiradas fotos aéreas. "Tenho a idéia de fazer uma intervenção no Campus I da PUC-Campinas. Para isso, estou à disposição do pessoal que queira compartilhar", afirmou. Informações: [email protected]. > > Imagens O ceramista Daniel Soares organiza em julho uma mostra de fotografias artesanais no Bar e Restaurante Seo Quim, à Rua Heitor Penteado, 1173, no Distrito de Joaquim Egídio. Informações: (19) 8153-3050 e [email protected] CURSOS Aulas Particulares (19) 3296-5663 [email protected] MORADIA Aluga-se apartamento para moças Próximo à PUC-Central (19) 3231-4842 TRANSPORTE Transporte Universitário Sorocaba - Campus I (Diurno e Noturno) (15) 9116-7391 e (15) 9115-3026 SERVIÇOS Professor de AutoCAD (19) 8151-8991 MORADIA Alugo apartamento Próximo à PUC-Central (11) 2132-2467 e (11) 6292-1558 TRANSPORTE Expresso Poppi Ltda (19) 3212-2335 e www.expressopoppi.com.br As ofertas acima são de responsabilidade dos anunciantes Suavidade trágicaO inglês Nick Drake (1948-1974) compunha canções com letras estranhas, que falavam de diferentes países e culturas, recheadas com o imaginário psicodélico da época, e as cantava com voz suave e intimista. Nasceu na Índia, onde seu pai servia como engenheiro. A família viveu por vários países. Na Inglaterra, o tímido Drake lançou três álbuns, que não emplacaram. Com o fracasso do último, Pink Moon, de 1972, desistiu da carreira. Em 1974, morreu de uma overdose de antidepressivos. A partir de 1976, Drake foi descoberto pelo grande público, seus discos venderam milhares de cópias e ele se tornou mais um mito do rock-and-roll. Confira os ganhadores do último sorteio, que devem retirar seus prêmios até 5 de julho no Departamento de Comunicação, localizado no Prédio da Pastoral I (Campus I), das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 16h30. FICTÍCIOS Grasiele Cristina Fernandes (Proad) Fabiana de Cássia Fernandes Cuculi (CGDRH) Daniele Martins (CGDRH) Thiago Marinho Jean Papayannopulos (Celi) Dalva Marçal dos Santos (Centro Cirúrgico HMCP) ISOBEL Aguinaldo Silva (CCSA) Telma Cruz Bianco (CID) Luciana Batemarco de Oliveira (Laboratório de Química) Victor Saccardi (Faculdade de Biologia) Mônica Cardoso (Faculdade de Fonoaudiologia) REVENGE Regina Amaral Costa Azevedo (Laboratório de Química) Isaias Silva Pinto (Faculdade de Jornalismo) Ana Rita Goldoni (Faculdade de Relações Públicas) Silvana Teixeira (Gerência de Operações) Valdecir Batista da Costa (Análise de Sistemas) 08 20 de junho a 3 de julho /2005 Jornal da PUC-Campinas Fotos: Ricardo Lima Moda Acessórios, antes usados apenas pelos avôs e netinhos, conquistam os jovens e anunciam a chegada do inverno nos campi; médica atesta a eficácia da proteção do pescoço, mas o mesmo não acontece com os ouvidos Bárbara Bento: garota propaganda dos produtos da mãe no Campus II A funcionária Mônica Cardoso Os universitários Tito Naville e Rafael Diego Madona Vaz O GORROS e CACHECÓIS A estudante Renata Scocate Du Paulino [email protected] O inverno começa no dia 21 de junho, mas o friozinho dos últimos meses já mudou o visual da galera. Gorros e cachecóis deixam os guarda-roupas e as vitrines e dão um tom colorido nos campi da Universidade. As peças, antes usadas apenas pelos avôs e netinhos, consolidam a tendência na nova estação e até rende negócios para a mãe da estudante da Faculdade de Fisioterapia Bárbara Alessandra Bento. Ela começou a desfilar as peças confeccionadas pela mãe no Campus II. As colegas gostaram e Bárbara apostou no charme e na sofisticação dos acessórios para comercializar o produto. Vestida a caráter para encarar as baixas temperaturas, a aluna da Faculdade de Jornalismo Mariana Cunha assumiu que adota os gorros e as toucas independentemente da estação. "Não uso só porque é moda, acho que tem a ver com minha personalidade. Me sinto bem, tanto que no verão também uso toucas de crochê." Gorros e toucas fazem parte do estilo da funcionária do Campus I e aluna da Faculdade de Fonoaudiologia Mônica Cardoso, que compartilha da mesma opinião de Mariana, e considera o acessório indispensável. Mais prática, a futura nutricionista Marcela Baruco usa o gorro porque tem frio na orelha mesmo. Manter a cabeça quente, no sentido literal da palavra, é a opção dos rapazes. Os alunos das faculdades de Economia e Administração Tito Naville e Rafael Diego Madona Vaz, respectivamente, elegeram o gorro como peça fundamental para enfrentar o frio. Naville confessa que tem gorros de várias cores para combinar com a aquecem a moçada roupa. Para Vaz, além de incrementar o visual, o acessório serve para proteção. A proteção também é a justificativa da aluna de Faculdade de Psicologia Renata Testa para adotar o cachecol como seu companheiro de inverno e acertou na escolha. A otorrinolaringologista do Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) da PUC-Campinas Rosana Ribeiro revelou que a imunidade do corpo cai quando sentimos frio, por isso as inflamações de garganta são tão comuns nessa época do ano. Ela esclareceu que a circulação sangüínea é muito intensa no pescoço, o que faz com que seja uma das regiões mais quentes do corpo e o cachecol ajuda a manter a temperatura prevenindo infecções. Já as toucas e gorros não têm prevenção comprovada. "As dores de ouvido no inverno são causadas pela contratura muscular devido ao frio e não pela exposição dessa área às baixas temperaturas", explicou Rosana. Alheia aos benefícios do pescoço aquecido, a aluna da Faculdade de Jornalismo Renata Scocate exibe seu cachecol colorido que contrasta com o cinza da estação. Ela disse que só usa o acessório quando está bastante frio. "Estou até aprendendo a fazer!", gabou-se. (Colaborou Maísa Urbano)