Uma visão positiva da educação brasileira Tradicionalmente, os textos que abordam assunto “Educação” a partir do ponto de vista político, são extremamente radicais, pessimistas e pouco empreendedores em relação à educação. Apresentam problemas que são seculares mais falham em apontar soluções. A constituição federal e também a LDB apresentam o consenso de que a educação é um direito de todo brasileiro e um dever da família e do estado. No meu entendimento, não cabe aqui muito questionamento a não ser criar os mecanismos necessários para que se cumpra a lei. O conceito de educação é muito amplo, é muito polêmico e muda conforme as pressões e evoluções da sociedade. As leis que regulamentam o assunto apontam as diretrizes, mas de maneira superficial, de maneira que na prática os municípios tem a liberdade de fazer as suas adequações e a dificuldade de interpretar as diretrizes quando se fala em educação de qualidade. A mudança da educação acontece com a participação efetiva dos pais responsáveis e neste segmento temos que reconhecer a evolução. Vou utilizar um exemplo: eu tenho 51 anos, se perguntasse aos meus colegas contemporâneos de sala de aula o grau de escolaridade dos nossos avós provavelmente seria a maioria analfabetos ou no máximo primário. Se a pergunta fosse para os nossos pais a resposta provavelmente seria o primário e poderia aparecer até algum com nível superior. Se hoje analisasse o grau de escolaridade desses colegas provavelmente metade deles devem ter curso superior e em relação aos nossos filhos a quase totalidade deve estar na faculdade. Eu sei que isso não é a realidade do Brasil, mas essa evolução acontece em todos os estados brasileiros e se considerarmos quanto mais é instruído um pai maior é seu compromisso e a sua participação na formação educacional dos seus filhos, temos que reconhecer que a cada dia há pais mais participativos e que contribuem para a melhoria da qualidade da educação. As pessoas não estudam simplesmente para poder aprender, fator que estimula a aprendizagem são as oportunidades reais que vemos na sociedade. Se nós compararmos as oportunidades existentes a cem anos atrás por exemplo e as oportunidades de hoje, vamos perceber que houve uma evolução na quantidade de vagas por pessoas mais qualificadas durante este período. Acredito que a educação tende a melhorar também por isso, pois a cada dia que passa temos necessidades reais de pessoas mais qualificadas. Nossa escola já foi muito engessada, inclusive não tem muito tempo em que nós deixamos de ter um pacote pedagógico expedido em época passada pelo governo militar. É contraditório falar em democracia em um governo ditador com todas as decisões centralizadas e tratando toda a diversidade e a desigualdade brasileira de maneira igual. A partir da queda do governo militar, iniciamos um processo lento de prática da democracia e as instituições, principalmente as públicas estão com uma agenda positiva de ampliação das práticas democráticas; falo isso referindo especificamente às escolas que neste momento apresentam maior participação dos pais, inclusive na constituição dos conselhos escolares. Também por esse motivo, entendo que a escola ganhou mais parceiros pra melhoria da qualidade do ensino, inclusive no nosso município temos eleição em todas as unidades escolares para o cargo de gestor, para os membros do conselho escolar e para os membros dos grêmios mirins. Com o surgimento do piso salarial dos professores em nível federal foi recomendado também que aqueles municípios que não tivessem o plano de salário e de valorização dos professores o fizessem como parte desse avanço da educação e também em função de verbas específicas oferecidas pelo FUNDEB como perfil de atendimento através de uma política que diminuiu substancialmente as diferenças entre municípios e todo Estado brasileiro. Embora fizesse parte da constituição de 1988, somente a partir de 2009, portanto 21 anos depois, tivemos a materialização de um plano de valorização dos profissionais da educação. Recentemente foi aprovado no congresso nacional em primeira instância recursos na ordem de 10% do PIB para a educação a ser incorporado até 2020. Hoje esses recursos são da ordem de 5,1% do PIB. Isso significa que teremos nos próximos 10 anos o dobro de recursos para serem aplicados na melhoria da qualidade da educação brasileira. Portanto, a partir de alguns argumentos contundentes que aqui foram apresentados, me reservo ao direito de não concordar com a visão pessimista que é apresentada na maioria dos textos, que abordam o assunto educação. Inclusive acho que deve aumentar a quantidade de educadores que vão apresentar reflexões contemporâneas de uma visão mais positiva da educação brasileira.