Avaliação da Qualidade do ar na Câmara dos Deputados

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brasíliamédica
Artigo Original
Avaliação
da qualidade do ar interno
na câmara dos deputados
Eurico de Aguiar,1 Weliton D. Araújo2 e Ana Eudóxia Lima Rocha3
resumo
Objetivo. Avaliar o nível de qualidade do ar interno e externo, em diferentes locais da Câmara dos Deputados,
em Brasília.
Método. Os dados foram obtidos em abril e maio de 2008. Foi usado um amostrador de um estágio, com 400
orifícios, capaz de aspirar 28,3 litros de ar em dez minutos, sobre placa de ágar com 90 mm de diâmetro.
Resultados. Os resultados encontrados, com relação à contaminação por fungos, estiveram abaixo de 390
unidades formadoras de colônias (ufc) por metro cúbico de ar, ou seja, dentro dos limites propostos pelo Ministério
da Saúde.
Conclusão. Apesar de os resultados terem sido satisfatórios, o trabalho mostra a importância do monitoramento
microbiológico em ambientes climatizados artificialmente, com o intuito de manter um nível adequado de saúde
ambiental e que não represente risco inaceitável para a saúde das pessoas. Ressalta ainda a necessidade de
avaliar o nível de contaminação bacteriana, além do teor de fungos, especialmente em áreas hospitalares ou de
grande circulação de pessoas.
Palavras-chave. Qualidade do ar interno; poluição do ar em ambientes fechados; fungo; ar condicionado.
ABSTRACT
indoor air quality evaluation in the chamber of deputies
Objective. To evaluate both internal and external air quality at different locations within the Chamber of Deputies
of the Brazilian National Congress in Brasilia.
Methods. Data were obtained in April and May of 2008. A single stage sampler with 400 orifices capable of
aspirating 28.3 liters of air through a 90 mm circumference agar plate in ten minutes was used.
Results. The study found that the measured fungal contamination, below 390 cfu/m3 of air, was within safe limits
as proposed by the Ministry of Health.
Conclusion. Although the instant survey results are considered satisfactory, this paper demonstrates the
importance of microbial monitoring and surveillance within climate controlled environments. The proposal is to
maintain air quality levels in such a way that they do not carry unacceptable health risks. The article still stands
out the necessity of evaluating the bacterial contamination beyond fungus, mainly in hospitals or areas with great
circulation of peasants.
Key words. Indoor air quality; indoor air pollution; fungus; air conditioner.
Introdução
relação entre contaminação ambiental e doenças ficou estabelecida desde que o médico
italiano Bernardino Ramazzini publicou, no início
do século XVIII, o livro “Discurso sobre as doenças dos artesãos”, no qual determinou os riscos
A
para a saúde de 42 grupos de trabalhadores, desde
mineiros de carvão até cirurgiões.1
Em 1855, John Snow publicou o livro On the
mode of communication of cholera, em que estabeleceu pela primeira vez a relação entre água
contaminada e doenças infecciosas.1
Trabalho realizado no Departamento Médico da Câmara dos Deputados, Brasília, Distrito Federal.
1
Médico, patologista clínico. Correspondência. Laboratório de Análises Clínicas, DEMED, anexo III, Câmara dos Deputados, Esplanada dos Ministérios,
CEP: 70160900, Brasília, DF. Telefone: (61) 3216 7923. Internet: [email protected]
2
Farmacêutico-bioquímico.
3
Farmacêutica-bioquímica.
Recebido em 19-6-2008. Aceito em 16-7-2008
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Restou, no entanto, esclarecer a real importância do ar ambiente, apesar de vários trabalhos
recentes enfatizarem que a poluição ambiental é
fator relevante na morbidade e mortalidade causadas por doenças cardiorrespiratórias.2-5
Com a evolução da arquitetura e da tecnologia,
passou-se de edificações simples, com poucos
andares e grandes janelas, que propiciavam boa
iluminação e ventilação natural, para novo tipo
de estrutura, usada principalmente em edifícios
públicos a partir da década de 1960.6
Novos prédios foram construídos com dependência de sistemas mecânicos e elétricos para controlar o ambiente interno. Com o intuito de obter
maior eficiência nos aparelhos de refrigeração e
aquecimento, com mais economia de energia, os
edifícios foram construídos com melhor vedação
térmica e, daí, surgiram os prédios selados.6,7
Assim, passou-se de um período de ventilação
e iluminação oriundas da natureza, para outro de
construções com janelas fechadas, farta utilização
de lâmpadas e dotadas de sistemas centralizados
de ar condicionado e controle artificial de luz,
temperatura e umidade.6 Em conseqüência, desde a década de 1970, trabalhadores de centenas
de modernos edifícios nos Estados Unidos e na
Europa passaram a relatar uma gama variável de
queixas relativas a doenças, como dor de cabeça,
irritação nos olhos, coriza, irritação ou dor de
garganta, fadiga, letargia e problemas para manter
a concentração no trabalho.6
Essas queixas levaram à definição, pela Organização Mundial de Saúde, da “síndrome do
edifício doente”, como decorrência de edificações
fechadas, sem ventilação natural, que propiciam
condições ideais para a propagação de diversos
microrganismos.6-8
Além disso, diversos estudos têm mostrado
que a imunidade aos fungos mediada pela IgE
é comum entre pacientes com rinite alérgica,
além de poder desencadear quadros de asma
brônquica.8 Suspeita-se ainda que a sensibilidade
aos fungos pode estar ligada a episódios graves
e potencialmente fatais de asma, e as maiores
fontes de alérgenos biológicos são usualmente
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encontradas na poeira dos carpetes, sofás e dutos
de ar condicionado.9-11
Por outro aspecto, um exemplo da virulência
dos micróbios que podem se desenvolver em ambientes fechados é a legionelose, doença causada
pela Legionella pneumophila, bactéria que se
desenvolve preferencialmente nos compartimentos de resfriamento de sistemas de ventilação
centralizados,6,12 cuja relevância ainda é subestimada em nosso país.13
Como conseqüência da primeira epidemia de
legionelose, ocorrida nos Estados Unidos durante
o verão de 1976, surgiu nova consciência da importância do controle dos sistemas mecânicos de
ventilação dos edifícios modernos. Passou-se a
dar maior importância à qualidade do ar interno,
na busca para evitar a concentração de agentes
contaminantes no interior dos edifícios.14
Além disso, diversos estudos têm revelado que
o ar interior pode apresentar seres contaminantes
em concentrações bem maiores que o ar exterior,
dependendo do nível de umidade dos edifícios
e da qualidade de manutenção dos sistemas de
ventilação.7,9,14,15
Um dos mecanismos usualmente aplicados
para melhorar a pureza do ar interno em relação
ao ar externo é o sistemas de filtros para remoção
da maior parte da poeira do ar externo. No entanto,
esses filtros acoplados a sistemas de ar condicionado podem servir para fixação e crescimento de
ampla variedade de microrganismos, caso não
sejam limpos ou trocados regularmente.16,17
Isso é especialmente relevante em algumas
áreas ou unidades hospitalares que mantêm pacientes imunocomprometidos, como as de terapia
intensiva, as de oncologia e as de transplantados.
Nesses casos, tanto a doença básica como o tratamento expõem o paciente a risco de infecções
oportunistas, como as causadas por fungos anemófilos, ou potencialmente patogênicos ou, ainda, por
bactérias multirresistentes, comuns em ambientes
hospitalares.16,18,19 Se não houver manutenção adequada dos sistemas mecânicos de ventilação, os
edifícios podem se tornar sérias fontes de doenças,
especialmente as de transmissão aérea. Assim,
qualidade do ar interno
torna-se fundamental o monitoramento microbiológico dos sistemas de ar condicionado, que
forneça dados objetivos para apoiar a adequada
manutenção desses equipamentos.
Mesmo sendo comum em países como os
Estados Unidos da América, Canadá e da Europa
ocidental, esse tipo de controle ainda é raro de ser
realizado em nosso país.7,15,17,20 Preocupado com
esse problema, o Ministério da Saúde aprovou
em 1998 a Portaria n.º 3.253, que apresentou regulamento técnico com medidas básicas referentes
aos procedimentos para garantir a qualidade do ar
de interiores e prevenção contra doenças em ocupantes de ambientes climatizados.21 Em seguida o
Ministério publicou, em 2000, a Resolução n.º 176,
que estabeleceu orientação técnica sobre padrões
referenciais de qualidade do ar interior (QAI) em
ambientes climatizados artificialmente de uso
público e coletivo, em complemento à Portaria n.º
3.253.21 Segundo essa Resolução, o valor máximo
recomendável para contaminação microbiológica
do ar interior deve ser inferior a 750 ufc/m3 de
fungos, e a relação I/E (interno/externo), isto é,
número de unidades formadoras de colônias no
ambiente interno em relação ao número de unidades no externo, deve ser menor que 1,5.
As normas internacionais são semelhantes às
nossas, com algumas mais rígidas, como a do Canadá e da Organização Mundial da Saúde (500 ufc/
m3) e outras mais brandas como a da United States
Occupational Safety and Health Administration
(USOSHA), que estabelece níveis aceitáveis de até
1.000 ufc/m3.21 A norma brasileira recomenda que
o monitoramento microbiano tenha periodicidade
semestral, mas não fixa parâmetros para a contaminação bacteriana e apenas para fungos viáveis.
Este trabalho tem o objetivo de avaliar os sistemas de ar condicionado da Câmara dos Deputados,
mediante o estudo da qualidade do ar em vários
ambientes da sua estrutura.
Métodos
No período de 22 de abril a 13 de maio de
2008 foram feitas diversas coletas de amostras
de ar interno e de ar externo nas dependências
da Câmara dos Deputados em Brasília. As áreas
internas da instituição são atendidas por sistema
de ar condicionado central, cuja manutenção fica
sob a responsabilidade de engenheiros do seu
Departamento Técnico (DETEC).
Para a coleta das amostras, utilizou-se um
amostrador, marca SKC, modelo Standard BioStage, de um estágio, com quatrocentos orifícios,
capaz de aspirar 28,3 litros em dez minutos por
amostra, sobre uma placa de ágar com 90 mm de
diâmetro,22,23 colocado a uma altura de 1,5 metro
do solo, de acordo com a Norma Técnica 001 da
Resolução do Ministério de Saúde n.º 176.21
Para o isolamento de bactérias, foram utilizadas placas de ágar-sangue de carneiro a 5%, marca
Bio Mèrieux e, para o isolamento de fungos, foram
usadas placas de ágar Sabouraud dextrose a 4%,
marca Plast Labor, devidamente certificadas e
no prazo de validade. As placas foram incubadas
em temperatura média de 35ºC, por dois dias,
nas culturas bacterianas, e em temperatura média
de 25ºC, por sete dias, nas culturas de fungos.
A identificação bacteriana foi feita apenas para
grupos de bactérias (cocos Gram-positivos, bacilos Gram-positivos), utilizadas como parâmetro
a morfologia dos microrganismos e respectivas
características pela coloração de Gram.12,20.
O método empregado na identificação dos
fungos, como gênero, consistiu inicialmente na
observação das características macroscópicas
das colônias e na observação de características
microscópicas, coradas com a solução de azul-delactofenol, procurando-se identificar as características taxonômicas dos micélios vegetativos e das
estruturas de reprodução.10,12,15,18,20,23 O número de
colônias de fungos e de bactérias foi determinado
em metros cúbicos de ar.21
A análise estatística consistiu de estudo das
médias de cada variável (número de bactérias e
de fungos por local, por turno), de variância, teste
F, teste de Duncan e teste de Dunnet.
Resultados
A tabela 1 apresenta a média das concentrações
de bactérias e de fungos por metro cúbico obtiBrasília Med 2008;45(2):85-91
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das durante o período de realização da pesquisa,
com relação à contaminação do ar interno e do
ar externo em diferentes locais da instituição. O
plenário foi o local interno onde se encontraram
as menores médias de teor bacteriano. O centro
cirúrgico apresentou as menores médias de teor
de fungos.
A figura 1 apresenta a distribuição relativa
das médias de concentrações de bactérias e de
fungos por metro cúbico nas diferentes áreas
da instituição no período analisado. Pode-se
verificar que, no refeitório, foram encontradas
as maiores médias, tanto de bactérias como de
fungos. O ar externo, coletado nos estacionamentos, apresentou a menor média de concentração
de bactérias, apesar do nível intermediário de teor
de fungos, maior do que o obtido no plenário,
no centro cirúrgico e na sala de endoscopia do
Departamento Médico.
A tabela 2 apresenta a relação obtida em cada
local da pesquisa entre o ar interno e o externo
das médias encontradas do número de fungos
por metro cúbico. As relações entre as médias do
número de fungos por metro cúbico do ar interno
e externo (I/E) encontradas na sala de coleta do
laboratório (1,44) e no refeitório (1,49) foram
mais elevadas.
Discussão
Os fungos são organismos eucarióticos, com
cerca de 250 mil espécies, cujos principais grupos
taxonômicos compreendem os zigomicetos, os
ascomicetos, os basidiomicetos e os deuteromicetos. Das espécies conhecidas, apenas cerca de
Tabela 1. Monitoramento microbiológico da qualidade do ar interno e externo na Câmara dos Deputados
Local
Número
Período de coletas
Média bactérias/m3*
Grupo
bactérias†
Média
fungos/m3 ‡
Grupo de fungos§
Plenário
6
22/4 a 5/5
71,3
CGP, BGP
114,2
PEN, ACRE, RHOD,CAN,
ASP, SYNC, VERT, RHIZ,
MYC,GEO,ALT,FUS
Centro cirúrgico
5
22/4 a 5/5
88,6
CGP, BGP
103,4
PEN, CAN, ASP, SYNC,
VERT, MYC, GEO, ALT, FUS,
GEO, CURV
Sala de endoscopia
5
22/4 a 5/5
103,2
CGP, BGP, DGN
110,2
PEN, ALT, ASP, CHAE, GIO,
CURV, CAN, FUS, GEO,
RHOD
II
PEN, ASP, CLA, ALT, OOS,
CAN, MYC, FUS, RHIZ, GEO,
RHOD
Sala de coleta no
laboratório
4
22/4 a 5/5
345,5 CGP, BGP
376,2
Refeitório
6
5/5 a 13/5
587,2II
CGP, BGP
388,8¶
PEN, ASP, FUS, CAN, GEO,
GRA, CURV, MYC, ALT,
MUC, ACRE, CHRY, ABS
Estacionamento I, II e III
3
5/5
43
CGP, BGP
261,2¶
PEN, MYC, CURV, ALT, GEO,
RHOD, FUS, ASP, GEO,
CAN, VER
¶
*Média de bactérias por metro cúbico de ar. †CGP: cocos Gram-positivos; BGP: bacilos Gram-positivos; DGN: diplococos Gram-negativos
‡
Média de fungos por metro cúbico de ar.
§
PEN: Penicillium; ASP: Aspergillus; SYNC: Syncephalastrum; ALT: Alternaria; FUS: Fusarium; RHOD: Rhodotorulla; CAN: Candida; GEO: Geotrichum;
MYC: Mycelia; VERT: Verticillium; RHIZ: Rhizopus; ACRE: Acremonium; CURV: Curvularia; CHAE: Chaetomium; OOS: Oospora; GRA: Graphium ; MUC:
Mucor; CHRY: Crysosporium; ABS Absidia; GIO: Giocladium; CLA: Cladosporium
II
p < 0,05 Vs plenário, centro cirúrgico, sala de endoscopia e estacionamento. ¶ p < 0,05 Vs plenário, centro cirúrgico, sala de endoscopia e estacionamento
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Figura 1. Distribuição relativa da concentração de bactérias e de fungos em diferentes locais da Câmara dos Deputados
150 são consideradas como patógenos humanos
primários.25
Os fungos contaminantes do ar fazem parte,
principalmente, do grupo dos ascomicetos, que
produzem esporos assexuados chamados conídios.
Entre esses, está a maioria dos fungos alergênicos
dos gêneros Alternaria, Aspergillus, Fusarium e
Penicillium.9
Os esporos dos fungos encontrados no meio
externo se infiltram nos ambientes internos especialmente através de portas, janelas e sistemas
mecânicos de ventilação. Ao encontrar umidade
necessária, esses esporos germinam e se transformam em fungos com micélio germinativo, que
vão dar origem a novos esporos e daí a novo ciclo
reprodutivo.9
Além de causar doenças por ação direta, alguns
fungos produzem micotoxinas, como aflatoxinas,
fumonisinas, tricotecenos e ocratoxinas, que podem desenvolver alguns tipos de câncer, como o
carcinoma hepatocelular, e até nefropatias. Essas
toxinas são produzidas, principalmente, pelos
mesmos fungos encontrados no meio ambiente,
espécies dos gêneros Aspergillus, Fusarium e
Penicillium.26
Por causa desses problemas, passou-se a dar
maior ênfase à saúde ambiental, que tem como um
de seus objetivos a prevenção dos danos à saúde,
Tabela 2. Média do número de fungos por metro cúbico, encontrados no ar interno e externo em locais da Câmara dos Deputados e a
relação entre elas.
Média ar interno
Média ar externo
Relação I/E*
Plenário
114,2
261
0,43
Centro cirúrgico
103,4
261
0,39
Sala de endoscopia
110,2
261
0,42
Sala de coleta
376,2
261
1,44†
Refeitório
388,8
261
1,49†
Local
*† Relação entre a média do número de fungos por metro cúbico do ar interno e externo.
p < 0,05 Vs plenário, centro cirúrgico e sala de endoscopia
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Eurico de Aguiar e cols.
causados por contaminantes presentes no meio
ambiente, fazendo que os níveis dessas exposições
sejam mantidos em patamares que não constituam
risco inaceitável à saúde do ser humano.14,26
Neste estudo, identificaram-se diversos tipos de
fungos, considerados contaminantes habituais do
meio ambiente externo e interno, como elementos
dos gêneros Penicillium, Aspergillus, Fusarium,
Alternaria, Geotrichum, Mucor, Rhizopus, Curvularia, Rhodotorulla, Candida entre outros.10,18,20
Em pessoas com algum tipo de imunodepressão
alguns desses fungos podem causar vários tipos
de infecções oportunistas, como aspergilose pulmonar, ceratite ou micetoma por Fusarium spp. ou
mesmo fungemia por Penicillium marneffei, como
pode ocorrer em pacientes aidéticos.24
Em nenhum local foram encontrados níveis de
contaminação do ar interno em valores iguais ou
superiores a 390 ufc/m3, ou seja, bem inferiores
ao limite de 750 ufc/m3 proposto pelo Ministério
da Saúde.
A relação I/E, também ficou abaixo do limite
do Ministério, apesar de que no refeitório essa
relação ficou bem próxima.1,5
A análise estatística demonstrou que locais
como plenário, centro cirúrgico e sala de endoscopia não apresentaram diferenças significativas
entre si, tanto para o número de bactérias como
para o de fungos. Já no refeitório, manhã e tarde,
e na sala de coleta, pela manhã, houve diferenças
significativas em relação ao ambiente externo
quanto ao número de bactérias. Esses foram os
locais que apresentaram as maiores médias. Com
relação ao número de fungos, não houve variação
significativa entre os ambientes internos pesquisados nem entre os turnos manhã e tarde.
Apesar de, no trabalho, terem sido encontrados
níveis aceitáveis de contaminação por fungos, ele
evidencia a importância desse tipo de monitoramento, por fornecer dados objetivos de como estão
os níveis de contaminação ambiental.
Somente por meio de estudo continuado como
esse é que se poderá subsidiar de maneira correta
o trabalho de manutenção dos equipamentos de
ventilação mecânica dos edifícios, a fim de con90
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tribuir efetivamente para alcançar melhorias na
saúde ambiental, especialmente ao se tratar de
áreas onde estejam pessoas com quadros alérgicos
ou com algum tipo de comprometimento de seu
sistema imunitário.
Outra conclusão que se pode extrair desse
trabalho é que a Portaria do Ministério da Saúde
também deveria contemplar o estudo da contaminação bacteriana, desde que nem sempre são os
fungos os microrganismos mais envolvidos em
agravos ou infecções oportunistas, especialmente
quando se lida com ambientes hospitalares ou de
áreas com grande circulação de pessoas.
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publicação médica
Qualidade em ambientes com ar condicionado
bsbm
brasíliamédica
Este estudo visou a descrição, análise e avaliação dos agravos à saúde em trabalhadores
expostos sob condições específicas por prolongado período à ambientes pelo sistema de ar condicionado. A identificação desses agravos foi feita por meio de entrevista dirigida, realizada com 61
trabalhadores expostos por mais de doze dias consecutivos, na Plataforma de Garoupa.
Foi feito estudo microbiológico, levantamento dos agentes químicos e monitoramento físico
ambiental do campo de estudo. Contatou-se significativa incidência de sintomas relacionados com
o trato respirátorio e alterações cutâneas nos trabalhadores pesquisados. Os estudos microbiólogicos e o monitoramento ambiental, associados à incidência de agravos à saúde dos trabalhadores
estudados, revelam que a qualidade do ar ambiental apresentou-se comprometida pelos fatores de
riscos detectados, com influência direta sobre o organismo dos trabalhadores expostos por longo
tempo, tendo como consequência, o absenteísmo e a queda do rendimento laboral.
Esse estudo foi motivado pelos levantamentos feitos no períodos de 1.º de janeiro a 31 de de
julho de 1992.
Fonte: Porto CA. Qualidade em ambientes com ar condicionado. SOS saude ocup. segur; 30(182)1995.
Brasília Med 2008;45(2):85-91
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