Mais um surto, mais uma epidemia - IBB

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Mais um surto, mais uma epidemia
Parte I: o ciclo começa de novo
Era um dia quente de agosto em uma pequena aldeia perto de Kikwit, Zaire, e Dr.
Mombutubwa tinha outro paciente que estava gravemente doente. Com uma nota de
resignação em sua voz, disse a enfermeira: "Eu não acho que ela vai resistir mais do que alguns
dias”. As manchas de sangue começaram a aparecer nos braços do paciente e seus olhos
estavam vermelhos e cheios de sangue. Desde que o surto começou no início de julho foram
principalmente mulheres que vieram para vê-lo com tal doença. Elas geralmente se queixavam
de sintomas de gripe (dor de cabeça, febre, dor muscular, dor de garganta), seguido de dor de
estômago, vômito e diarréia, que, por vezes, progredia para hematomas e hemorragia que ele
via em seu paciente atual. Ele sabia que havia pouco que pudesse ser feito.
Dr. Mombutubwa voltou seus pensamentos para como a vida em sua aldeia era quando não
estava sofrendo por epidemias. As mulheres ficavam na aldeia, cuidando da casa, preparando
a comida e cuidando dos filhos. Se a família tinha uma fazenda, era responsabilidade das
mulheres cuidar das colheitas, remover ervas daninhas e afastar roedores, pássaros e insetos
atraídos pelas culturas. Muitas vezes, as mulheres se reuniam para buscar água em um poço
local. Os homens dirigiam-se todas as manhãs para a floresta, facão na mão, para caçar
animais silvestres. Eles voltavam para casa à noite com sua presa pendurada nos ombros,
muitas vezes com sangue em suas mãos e corpo. Eles, então, procediam a destroçar a carcaça,
distribuindo a carne entre eles. Os homens ficavam especialmente eufóricos quando eles
voltavam com um macaco, cujas partes do corpo eram usadas em práticas xamânicas
tradicionais e eram vendidas por altos preços no mercado. Quando os morcegos eram
abundantes, os homens usavam espingardas para matá-los. Mulheres em idade fértil foram
proibidas de comer morcegos, mas elas ficavam felizes em remover as balas da espingarda à
mão para preparar a carne do morcego para o marido, filhos. Os animais eram assados no fogo
e todos festejavam. A vida continuava assim e todos na vila do Dr. Mombutubwa pareciam
felizes com suas vidas.
Nos anos que Dr. Mombutubwa praticou a medicina, ele já tinha visto alguns surtos desta
doença que mais uma vez ameaçava sua aldeia. Ele agora sabia que esta doença, chamada
Ebola, era causada por um vírus RNA, e que matava pessoas de forma rápida e dramática.
Depois de encontrar o Ebola várias vezes e de ter trabalhado com os colegas com o objetivo de
ajudar a deter a propagação da doença durante estes surtos, ele agora era um perito em
reconhecer os seus sintomas, diagnosticá-la apesar da semelhança dos seus sintomas com
outras doenças virais e de agir rapidamente para conter a epidemia. Dr. Mombutubwa viu pela
primeira vez um surto quando ele era um menino e sempre se questionou do porque da
rapidez com que a doença dizimou a sua aldeia e interrompeu a vida de muitos. Na época,
muitas pessoas morreram e os moradores ficaram com medo uns dos outros. Eles pararam de
trabalhar permanecendo dentro de suas casas e vida da aldeia sofreu uma grande alteração.
Outra alteração foi na rotina das mulheres que ao invés de cuidar das culturas de milho ou de
arroz e suas famílias, acabaram tendo que cuidar das preparações de limpeza para funerais em
que os parentes dos falecidos eram banhados e arrumados, preparando-os para a vida após a
morte. Quando a epidemia terminou, não restou qualquer vestígio da doença na aldeia; era
como se o vírus havia desaparecido. As pessoas voltaram para suas atividades diárias, mas as
grandes famílias agora tinham apenas alguns membros restantes, uma vez que muitos tinham
sucumbido à doença.
Perguntas:
1. Tendo em vista que os sintomas iniciais de Ebola são muito semelhantes aos da gripe, como
o Dr. Mombutubwa pode reconhecer e diagnosticar o vírus Ebola em seus pacientes com
sucesso? Como os colegas que o ajudam em épocas de epidemia e que têm acesso a
equipamentos mais especializados podem ser capaz de diagnosticar o Ebola?
2. Quais são os possíveis pontos de contato que permitem a transmissão de Ebola entre os
moradores durante a epidemia? Liste e discuta alguns fatores.
3. Que grupo está particularmente em risco de contrair o Ebola? Por que esse grupo estar em
maior risco de infecção? Que fatores (biológicos, ambientais e sociais) podem favorecer essa
distribuição do risco? Será que existe algum fator mais provável que seja permita que o Ebola
se propague?
4. O Dr. Mombutubwa pensa muito sobre a recorrência esporádica de epidemias de Ebola em
toda a sua vida. Que tipos de práticas sociais, biológicas ou fatores ambientais permitem que
um agente infeccioso desapareça e depois reapareça em uma data posterior?
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