(Zea mays L.) E DE SORGO (Sorghum vulgare, Pers.)

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ALMEIDA, J. C. de C., et al.
AVALIAÇÃO DAS SILAGENS DE CULTIVARES DE MILHO (Zea
mays L.) E DE SORGO (Sorghum vulgare, Pers.) CULTIVADOS EM
QUATRO DENSIDADES DE SEMEADURA1
JOÃO CARLOS DE CARVALHO ALMEIDA2
RICARDO ANDRADE REIS3
LUIS ROBERTO DE ANDRADE RODRIGUES3
DOMINGOS FORNASIERI FILHO3
1- Parte da tese de doutorado do primeiro autor, apresentada à FCAV/UNESP, para obtenção do título de Doutor em Zootecnia
2- Professor Assistente-UFRRJ/IZ/DNAP-23851-970-Seropédica, RJ [email protected]
RESUMO: ALMEIDA, J. C. de C.; REIS, R. A.; RODRIGUES, L. R. de A.; FORNASIERI FILHO, D. Avaliação
das silagens de cultivares de milho (Zea mays L.) e de sorgo (Sorghum vulgare, Pers.) cultivados em
quatro densidades de semeadura. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica,
RJ: EDUR, v.23, n.1, p. 47-57, jan. - jun., 2003. Avaliou-se na UNESP/Jaboticabal os efeitos de quatro densidades de semeadura de dois cultivares de milho, AG-5011 e C-805 (50, 60, 70 e 80 mil plantas/ha) e de um
cultivar de sorgo, BR-700 (120, 150, 180 e 210 mil plantas/ha) sobre a composição química, digestibilidade e
características da fermentação das suas silagens. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados,
em esquema fatorial: 3 cultivares, 4 densidades com 4 repetições. As silagens dos cultivares de milho de
sorgo diferiram entre si com relação aos conteúdos de MS, PB, EE, MM, conteúdo de energia bruta e valores
de digestibilidade. Os valores de pH e o perfil dos ácidos orgânicos indicaram fermentação adequada das
silagens. A silagem de sorgo cultivar BR 700 apresentou teores mais elevados de constituintes da parede
celular e de N-FDN e N-FDA, quando comparado às silagens dos cultivares de milho. Os teores de N-NH3
diferiram entre os cultivares, sendo o menor valor observado na silagem de sorgo. Os valores de N-NH3/NT
das silagens apresentaram-se abaixo dos teores máximos indicadores de processo de fermentação inadequada, sendo registrado menores teores de NH3 na silagem de sorgo. Observou-se valores de pH mais alto
e mais baixo conteúdo de ácido lático na silagem de sorgo, comparado as de milho. Em relação a densidade
de semeadura, não foi observado efeito sobre os conteúdos de MS, EE, fração fibrosa, ácidos orgânicos,
N-FDN, N-FDA e valores de pH das silagens. Por outro lado, registrou-se decréscimo nos teores de PB, MM
e na digestibilidade das silagens em resposta ao aumento na densidade de semeadura.
Palavras-chave: composição química, digestibilidade, milho, silagem, sorgo.
ABSTRACT: ALMEIDA, J. C. de C.; REIS, R. A.; RODRIGUES, L. R. de A.; FORNASIERI FILHO, D. Cultivars
silage evaluation of the corn (Zea mays L.) and sorghum (Sorghum vulgare, Pers.) sowing in different
density. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v.23, n.1, p. 47-57,
jan. - jun., 2003. This experiment was carried-out at the FCAV-UNESP to evaluate the effects of four sowing
densities of two corn cultivars, C-805 and AG-5011 (50; 60; 70; and 80 thousands plants/ha) and one sorghum
cultivar, BR-700 (120; 150; 180; and 210 thousands plants/ha) on the chemical composition, digestibility and
fermentation characteristics of the silages. It was used a randomized block design, in a factorial schedule, 3
cultivars and 4 sowing density with 4 replications. The corn, and sorghum silages presented different dry matter (DM), crude protein (CP), ether extract (EE), mineral matter (MM), and gross energy (GE), and digestibility
values. The pH values, and the organic acid content indicated a good fermentation process of all silages. The
sorghum silage had higher cell wall content, and neutral detergent insoluble nitrogen (NDIN) and acid detergent
insoluble nitrogen (ADIN) compared to the corn silage. It was observed different ammoniacal nitrogen (N-NH3)
content of the silages. The sorghum silage showed the lowest N-NH3 content. The N-NH3/TN relation of the
silages indicated a good fermentation condition of the different plants. It was observed a highest pH value, and
a lowest latic acid content on sorghum silage compared to the corn silages. The sowing density did not affected
the DM, EE, cell wall content, organic acid, NDIN, ADIN contents, and pH values of the silages. However, the
ash and CP contents, and the digestibility values decreased due to sowing density elevation.
Key words: chemical composition, corn, digestibility, silage, sorghum.
Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 23, n. 1, jan. - jun., 2003. p. 47-57.
Avaliação das silagens de ...
INTRODUÇÃO
O milho (Zea mayz L.) e o sorgo (Sorghum vulgare, Pers.) como recursos alimentícios têm sido amplamente utilizados
em todo o mundo na alimentação humana
e animal. Grandes áreas em vários países
são ocupadas com essas culturas para
produção de grãos e de silagem para a
alimentação animal. O potencial do milho
para a produção de forragem é evidenciado por sua alta produtividade. Situação
semelhante é observada na cultura do
sorgo (RESENDE, 1991). Porém, em
conseqüência de baixo nível tecnológico
utilizado nestas culturas, são observadas,
ainda, baixas produtividades, levando a
um alto custo de produção das silagens
e dos grãos.
Algumas instituições desenvolvem
trabalhos agronômicos de produção de
milho para silagem, sem contudo fazer
avaliações nas fases de ensilagem e
armazenamento e da sua utilização por
animais em produção. Outras instituições
desenvolvem trabalhos sobre ensilagem
e utilização da silagem de milho sem
no entanto, caracterizar a cultura usada
para a ensilagem. Tais observações, com
certeza, podem ser aplicadas à cultura do
sorgo. Contudo, ainda é baixo o nível de
integração entre as diferentes instituições
de pesquisa, e destas com as de extensão
(FERREIRA, 1990).
No entanto, as culturas do milho e do
sorgo podem oferecer grande contribuição
para a solução dos problemas decorrentes
da estacionalidade da produção forrageira.
Assim, se generaliza a recomendação de
utilização de cultivares de porte alto para
ensilagem, o que é freqüentemente associado com uma maior produção de matéria
seca. Embora sejam fontes importantes
de alimento volumoso, a busca de maior
eficiência e economia na alimentação
animal, têm feito com que os pecuaristas
atentem para os aspectos de valor energético e qualidade da forragem. Tradicionalmente, o produtor de milho tem procurado
aqueles cultivares que se distinguem por
tolerar situações adversas de solo e clima,
mesmo sabendo que potencialmente não
são os mais produtivos.
Com o desenvolvimento de novos
sistemas de produção e tendo em vista
atender também as peculiaridades das
regiões produtoras, os melhoristas têm
procurado plantas de menor porte, mais
precoces e mais eficientes fotossinteticamente. Deve-se considerar que cultivares
de milho apresentam ciclos de comprimentos variáveis, podendo ser classificados
como precoces e normais.
Comparativamente aos híbridos de
ciclo normal, os precoces tendem a apresentar produção de grãos por área superior, ou pelo menos igual, eventualmente
apresentando-se com produção inferior.
Para os produtores de grãos essa informação é suficiente, porém, para aqueles
que visam a produção de silagem, a participação percentual de grãos na massa
ensilada é de suma importância (SCHMID
et al.,1976; VIÉGAS e PEETEN, 1987).
Além da produção de grãos, a produção
total de MS pela cultura deve ser observada com cuidado e, esta é dependente
de três fatores: população de plantas; disponibilidade de água e nutrientes; e, potencial genético da planta para produção.
Populações de plantas excessivamente
grandes têm proporcionado silagens de
baixa qualidade (MUDSTOCK, 1978;
PIZARRO, 1978; FARIA, 1986; POZAR e
ZAGO, 1991; PAIVA et al., 1993).
O uso do sorgo para silagem no Brasil
começou com a introdução de variedades
de porte alto, com alta produtividade de
massa e normalmente com elevados
teores de açúcar. A cultura do sorgo para
silagem, de modo geral, tem apresentado
produções de MS mais elevadas que a do
milho, especialmente em condições marginais de cultivo, como aquelas de regiões
de solos de fertilidade natural mais baixa e
locais onde a ocorrência de estiagens longas são freqüentes. O desenvolvimento de
sistemas de macho esterilidade no sorgo
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permitiu a síntese de híbridos comerciais
dos tipos graníferos de porte baixo e híbridos mais apropriados para confecção
de silagem de alto valor nutritivo com boas
produtividades (ZAGO, 1991).
Embora a silagem de sorgo seja altamente digestível, ela ainda apresenta
digestibilidade menor do que a da silagem
de milho, o que pode levar a um pior desempenho dos animais alimentados com
a mesma (BOIN e BIONDI, 1974; HART,
1990). As folhas de sorgo apresentam alta
digestibilidade, mas seus grãos devido
ao alto conteúdo de tanino apresentam
baixa digestibilidade. Caules com uma
alta proporção de parede celular são de
baixa digestibilidade. Portanto, o valor
nutritivo da silagem pode ser melhorado
com a diminuição da proporção de caules
na sua constituição. De maneira geral,
as silagens de sorgo, têm sido reputadas
como apresentando de 85 a 90% do valor
nutritivo da silagem de milho.
Atualmente tem-se procurado desenvolver híbridos que tenham um bom
equilíbrio entre colmo, folhas e panícula,
objetivando-se obter boas produtividades
com bom valor nutritivo (ZAGO, 1991).
O desempenho animal melhora com
o aumento no conteúdo de grãos na forragem, sendo que a maior porcentagem
de panículas, além de contribuir para o
aumento na qualidade da silagem, em
função do seu melhor valor nutritivo, tem
ainda uma participação muito grande na
elevação da porcentagem de matéria
seca da massa ensilada, em função do
seu menor conteúdo de água (ZAGO,
1991), melhorando assim a fermentação
dentro do silo.
O teor de MS por ocasião da ensilagem
influi grandemente sobre a natureza da
fermentação e a conservação da massa
ensilada. Segundo Mc Cullogh (1977) os
teores ideais de MS devem estar entre 2834%. O conteúdo de água da planta forrageira ensilada foi o fator mais importante
em determinar a qualidade da silagem
resultante, pois alto teor de umidade (75-
80% ou mais), correlacionou-se significativamente com características indesejáveis,
ou seja, ácido butírico e bases voláteis
(ARCHIBALD et al., 1960).
Neste sentido, tem-se que o valor do
pH, isoladamente não pode ser considerado como critério seguro para a avaliação
das fermentações, pois seu efeito inibidor
sobre as bactérias depende da velocidade
do declínio da concentração iônica e do
grau de umidade do meio (WOOLFORD,
1984, McDONALD et al., 1991, MUCK
& SHINNERS, 2001). Entende-se, afinal, que a qualidade das silagens pode
ser estimada por meio da concentração
de ácidos orgânicos, particularmente o
butírico, do nitrogênio amoniacal e, até
certo ponto, do pH (TOSI, 1973; ROTH e
UNDERSANDER, 1995, ROTZ e MUCK,
1994).
Neste sentido, o presente experimento
teve por objetivo avaliar a composição
química,o padrão de fermentação e digestibilidade das silagens de dois cultivares de milho (Zea mays L.) e um de sorgo
(Sorghum vulgare Pers.) cultivados em
quatro densidades de plantio.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi conduzido
no período de 12 de dezembro de 1997
a 23 de março de 1998 em uma área do
setor de Forragicultura pertencente ao
Departamento de Zootecnia da Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, Campus de
Jaboticabal, SP, localizada a 21º15’22”S
e 48º18’58”W a uma altitude média de
595m.
O clima da região predominante é o
do tipo Cwa, baseado na classificação climática de Köepeen, sendo descrito como
subtropical de estiagem no inverno (abril
a setembro) e concentração das chuvas
nos meses de verão (outubro a março),
sendo este período responsável por 80%
da precipitação anual. A precipitação mé-
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Avaliação das silagens de ...
Tabela 1. Análise química do solo da área experimental.
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo vermelho, fase
arenosa e antes da semeadura foi efetuada a análise química do solo da área
experimental (Tabela 1).
Foram avaliados dois cultivares de
milho: C-805: híbrido triplo, super-precoce,
de duplo propósito e AG-5011: híbrido
triplo, precoce, de duplo propósito, ambos
apresentando a característica de “stay
green”; e um cultivar de sorgo: BR-700, de
duplo propósito.
A semeadura foi efetuado manualmente, nas densidades definitivas de cada
tratamento, nos dias 11 e 12 de dezembro
de 1997. As densidades populacionais
foram de 50, 60, 70 e 80 mil plantas/ha e
120, 150, 180 e 210 mil plantas/ha, respectivamente para o milho e o sorgo.
As duas culturas receberam a aplicação
de 400 Kg/ha da mistura 4-25-15 + BR 12
na semeadura, e duas coberturas cada
uma com 100 Kg de N/ha na forma de uréia
e de sulfato de amônio aos 25 e aos 45 dias
após a semeadura, respectivamente.
Foram efetuadas duas capinas na
área nos dias 8 e 26 de janeiro de 1998,
imediatamente antes das adubações em
coberturas com o nitrogênio.
As parcelas experimentais foram constituídas por 8 linhas de 4 m de comprimento
cada, com espaçamento de 1,0 m entre
linhas. A área útil da parcela foi constituída
pelas quatro linhas internas, excluindo-se
0,5 m em cada extremidade totalizando 12
m2 de área útil por parcela.
A ensilagem dos cultivares foi efetuada
nos dias 17, 18 e 23 de março de 1998,
para os cultivares C-805, Ag-5011 e BR700, respectivamente, quando as plantas
apresentavam os grãos no estádio leitoso-
farináceo a farináceo. O ponto de corte
da forragem foi determinado visualmente,
procurando-se aproximá-lo do estádio de
grão pastoso-farináceo, sendo cada cultivar colhido e ensilado no mesmo dia.
A forragem contida na área útil da
parcela foi colhida, picada em partículas
de 5 a 20 mm, sendo esse material bem
misturado, do qual retirou-se uma amostra
que foi pesada, seca a 65ºC em estufa de
circulação forçada de ar por 48h, pesada
novamente e desintegrada em moinho
tipo “Willey”. Uma outra parte foi ensilada
em silos de PVC com 300mm de altura
e 150mm de diâmetro. Estes silos foram
armazenados em uma sala do laboratório
de forragicultura.
Após um período de 90 dias de fermentação, os silos foram abertos, e a seguir
tomou-se uma amostra da qual extraiu-se,
através de uma prensa hidráulica, o suco
para as determinações de N-NH3 (PRESTON, 1986), pH e ácidos orgânicos (ácido
láctico, ácido butírico, ácido acético, ácido
propiônico). O pH foi determinado por
leitura direta (peagâmetro marca ORION
modelo 710A). Os ácidos orgânicos foram
determinados por cromatografia gasosa,
utilizando-se um cromatógrafo marca VARIAN, modelo 2440, equipado com detector
de ionização de chama, com coluna de
vidro com 2m de comprimento, 2mm de
diâmetro interno, empacotada com cromosorb 101, 80-100 mesh, temperatura
da coluna: 200ºC, temperatura do detetor: 240ºC, temperatura do injetor: 215ºC,
segundo Wilson (1971).
Uma outra amostra foi pesada, levada à
estufa de circulação forçada de ar a 65ºC
por 48h e pesada novamente para a determinação do conteúdo de MS da silagem e
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ALMEIDA, J. C. de C., et al.
desintegrada em moinho tipo “Willey” para
as análises químicas.
A composição química da silagem foi
avaliada mediante as seguintes análises
químicas: proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA), celulose,
hemicelulose, lignina (LIG), matéria mineral (MM), energia bruta (EB), nitrogênio
ligado a FDN (N-FDN), nitrogênio ligado a
FDA (N-FDA) de acordo com Silva (1998)
e digestibilidade verdadeira “in vitro” da
matéria seca (DVIVMS) segundo Van
Soest (1994).
O modelo estatístico adotado para
análise foi um fatorial com 3 cultivares e 4
densidades, com 4 repetições. As médias
foram comparadas pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade, através do
pacote estatístico SAS (1990).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As silagens dos cultivares de milho e de
sorgo avaliados diferiram (P < 0,05) entre
si com relação às variáveis %MS, %PB,
%EE, %MM e conteúdo de energia bruta
Tabela 2. Composição química (% MS) e conteúdo de energia bruta (Kcal/kg) das silagens de híbridos de
milho (AG 5011, C 805) e de sorgo (BR 700) semeados em diferentes densidades.
D1, D2, D3 e D4, representam as densidades de 50, 60, 70 e 80 mil plantas/ha e 120, 150, 180 e 210 mil plantas/ha para milho e sorgo, respectivamente.
Médias seguidas de mesmas letras nas colunas, não diferem (P > 0,05) pelo teste de Tukey.
*Valores relativos à planta inteira antes da ensilagem.
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Avaliação das silagens de ...
Os valores de MS se apresentaram
adequados para o processo de fermentação no cultivar C-805, sendo este superior
(P<0,05) às demais silagens avaliadas.
Observou-se valores de coeficiente de correlação entre a %MS das plantas inteiras e
a %MS das silagens de 0,61 (P< 0,0001).
Não foram detectadas diferenças significativas para essa variável nas diferentes
densidades de semeadura.
Os valores de PB diferiram (P<0,05)
entre os cultivares de milho e de sorgo,
registrando-se teor mais elevado (7,8%)
para a silagem do AG 5011 (Tabela 2).
Observou-se, para os cultivares de milho,
redução nesses valores, quando se comparou os teores de PB da planta inteira e
das silagens. O coeficiente de correlação
entre a %PB na planta inteira e aquele obtido na silagem foi de 0,81 (P<0,0001). As
densidades de semeadura causaram efeito
significativo sobre essa variável, ocorrendo
redução com o aumento da densidade de
semeadura. Estes resultados estão de
acordo com as observações de Mudstock
(1978), Pizarro (1978), Faria (1986), Pozar
e Zago (1991) e de Paiva et al. (1993) que
registraram que as populações de plantas
excessivamente grandes têm proporcionado silagens de baixa qualidade.
Os valores de %EE dos cultivares de
milho não diferiram entre si, mas foram
superiores ao registrado na silagem de
sorgo, por outro lado, as densidades de
semeadura testadas não causaram efeito
significativo sobre essa variável.
Os teores de cinzas das silagens diferiram (P<0,05) entre os cultivares as
densidades de semeadura avaliadas.
Os valores de EB (Tabela 02) não diferiram (P > 0,05) entre os cultivares C-805 de
milho, e BR-700, de sorgo, sendo superior
(P<0,05) ao valor observado na silagem do
cultivar AG-5011 de milho, observando-se
ainda que as densidades de semeadura
testadas não causaram efeito sobre essa
variável.
Os valores dos constituintes da parede
celular (FDN, FDA, hemicelulose, celulose
e lignina) das silagens avaliadas (Tabela
2) foram mais altos (P < 0,05) na silagem
de sorgo. Em relação as densidades de
semeadura não se observou efeito significativo sobre os componentes da fração
fibrosa das silagens.
De maneira geral, os conteúdos dos
componentes da fração fibrosa das silagens dos cultivares avaliados seguiram
a mesma tendência daqueles obtidos na
planta inteira que lhes deu origem. Porém,
registrou-se diminuição nos valores de
FDN, FDA, HEM, CEL e LIG nas silagens
comparado com a planta inteira (Tabela 2).
Oshima e Mc Donald (1978), Mc Donald et
al. (1991) afirmaram que a atividade enzimática pode resultar na hidrólise de amido
e hemicelulose, produzindo monossacarídeos, os quais proporcionariam açúcar
adicional disponível para a fermentação
láctica. Além desta aspecto, tem-se que
a acidez oriunda da fermentação pode
resultar em decréscimo nos conteúdos de
FDN das silagens em decorrência da hidrólise ácida da hemicelulose (WOOLFORD,
1984, ROTZ e MUCK, 1994).
Os valores de pH (Tabela 3) das silagens do cultivar AG-5011, de milho, e
BR-700, de sorgo, não diferiram entre si,
mas foram maiores (P<0,05) do observado
na silagem do cultivar de milho C-805. Há
que se considerar, que os valores de pH
observados são adequados para conservação da forragem, estando na faixa de 3,8 a
4,2, citada por Tosi (1972) e Roth e Undersander (1995) e Muck e Shinners (2001)
como a ideal para uma boa conservação.
As densidades de semeadura avaliadas
não causaram efeito significativo sobre os
valores de pH das silagens.
O perfil dos ácidos orgânicos das silagens (Tabela 3) avaliados no presente
trabalho, de maneira geral, se apresentou
adequado, dentro dos limites apresentados
por Toth et al. (1956), Tosi (1972), Roth e
Undersander (1995), embora Andrigueto
et al. (1985) tenham afirmado que porcentagens de ácido acético maiores que
0,8% sejam indicadoras de alterações
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Tabela 3. Valores de pH, de ácidos orgânicos (% MS) das silagens de híbridos de milho (AG 5011, C 805) e
de sorgo (BR 700) semeados em diferentes densidades.
D1, D2, D3 e D4, representam as densidades de 50, 60, 70 e 80 mil plantas/ha e 120, 150, 180 e 210 mil plantas/ha para milho e sorgo, respectivamente.
Médias seguidas de mesmas letras nas colunas, não diferem (P > 0,05) pelo teste de Tukey.
indesejáveis ocorridas durante o processo
fermentativo.
Não foram observadas diferenças
significativas entre cultivares e entre
densidades de semeadura em relação ao
conteúdo de ácido butírico, sendo que os
valores obtidos encontraram-se abaixo do
limite máximo de 0,10% proposto por Tosi
(1972) e Roth e Undersander (1995) como
indicativo de silagem de boa qualidade.
Os valores de ácido lático das silagens de milho (Tabela 3) encontraram-se
dentro dos limites propostos por Roth e
Undersander (1995) e por Muck e Shinners
(2001) como sendo indicadores de uma
boa fermentação. Não foram observados
efeitos das densidades de semeadura
sobre essa variável. Porém, a interação
significativa entre cultivares e densidades
de semeadura ocasionou as variações
observadas, resultando para a silagem de
sorgo valores de ácido lático (3,8%) aquém
do desejado. Tal fato pode ser resultado
do baixo conteúdo de MS da forragem de
sorgo observado no momento da colheita,
o que pode ter afetado negativamente o
processo de fermentação (ROTZ e MUCK,
1994, MUCK e SHINNERS, 2001).
Os valores de ácido acético das silagens dos cultivares avaliados se apre-
sentaram dentro dos limites considerados
indicadores de boa fermentação (MC DONALD et al., 1991, ROTZ e MUCK, 1994),
sendo que o cultivar AG-5011, de milho, e
BR-700, de sorgo, não diferiram entre si,
mas diferiram (P<0,05) significativamente
do cultivar C-805, de milho, o qual apresentou menor teor (1,0 %). Vale ressaltar que
este cultivar apresentou maiores valores
de MS no momento da colheita, o que pode
ter permitido maior fermentação acética
na fase inicial de fermentação (WOOLFORD, 1984, Mc DONALD et al., 1991).
Não foram observados efeitos (P > 0,05)
das densidades de semeadura sobre essa
variável, porém a interação significativa entre cultivares e densidades de semeadura
ocasionou as variações observadas.
Os valores de ácido propiônico (Tabela
3) das silagens dos cultivares avaliados
se apresentaram acima dos limites considerados indicadores de boa fermentação
(WOOLFORD, 1984, McDONALD et al.,
1991), sendo que o cultivar AG-5011, de
milho, e BR-700, de sorgo, não diferiram
entre si, mas diferiram (P<0,05) significativamente do cultivar C-805, de milho. Não
foram observados efeitos das densidades
de semeadura sobre essa variável.
Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 23, n. 1, jan. - jun., 2003. p. 47-57.
Avaliação das silagens de ...
Os valores de N-FDN das silagens
(Tabela 4) não diferiram entre os cultivares
de milho, mas foram inferiores ao observado nas silagens de sorgo. Enquanto os
de N-FDA observados diferiram (P<0,05)
entre todos os cultivares avaliados no
presente trabalho, sendo que os cultivares
de milho apresentaram valores inferiores
ao sorgo.
Tabela 4. Valores de compostos nitrogenados e de digestibilidade das silagens de híbridos de milho (AG 5011,
C 805) e de sorgo (BR 700) semeados em diferentes densidades.
D1, D2, D3 e D4, representam as densidades de 50, 60, 70 e 80 mil plantas/ha e 120, 150, 180 e 210 mil plantas/ha para milho e sorgo, respectivamente.
Médias seguidas de mesmas letras nas colunas, não diferem (P > 0,05) pelo teste de Tukey.
Os maiores valores de N-FDN, e N-FDA
observados na silagem de sorgo (Tabela
4) podem estar relacionados com o menor
conteúdo de MS apresentado pela mesma
(Tabela 3), bem como com um pior padrão
de fermentação, resultando em menor
teor de ácido lático (Tabela 3), que pode
ter promovido aquecimento da silagem
acarretando incremento na complexação
de N com a fração fibrosa da forragem
(WOLFORD, 1984, ROTZ e MUCK, 1994,
MUCK e SHINNERS, 2001).
Os valores de N-FDN/NT e de NFDA/
NT foram mais alto (Tabela 4) para as silagens de sorgo (P<0,05). Cumpre salientar
que os valores de N-FDA/NT das silagens
ficaram aquém do desejado, uma vez que
Roth e Undersander (1995) propuseram
valores inferiores a 12%.
As densidades de semeadura não
afetaram ( P > 0, 05) as variáveis N-FDN,
N-FDA e N-NH3 e nem as relações N-NH3/
NT, N-FDN/NT e N-FDA/NT das silagens
avaliadas (Tabela 4).
Os valores de N-NH 3 das silagens
Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 23, n. 1, jan. - jun., 2003. p. 47-57.
ALMEIDA, J. C. de C., et al.
(Tabela 4) diferiram (P<0,05) entre os
cultivares avaliados, sendo o menor valor
observado na silagem de sorgo. Os valores
de N-NH3/NT (Tabela 4) apresentaram-se
abaixo dos valores máximos propostos por
Toth et al. (1956) e Roth e Undersander
(1995), como sendo indicadores de uma
boa fermentação. Não houveram diferenças entre as silagens de milho (P > 0,05),
quanto aos valores de N-NH3/NT, mas
a silagem de sorgo apresentou a menor
relação (2,4).
A digestibilidade “in vitro” das silagens
de milho (Tabela 4) foram superiores (P <
0,05) às da de sorgo, sendo observado coeficiente de correlação entre a %DVIVMS
obtido para a planta inteira antes de ensilar
e nas silagens de 0,78 (P<0,0001).
É importante salientar, que os valores
de digestibilidade “in vitro” apresentados
(Tabela 4) foram obtidos pela técnica
descrita por Van Soest (1994) na qual de
determina os valores de FDN do resíduo
remanescente após a digestão “in vitro”.
Com este procedimento, tem-se o resíduo da parede celular indigestível, o que
acarreta valores mais altos de digestibilidade, ou seja 12,9 pontos percentuais,
comparado com a técnica convencional
de avaliação de digestibilidade ïn vitro”
proposta por Tilley e Terry, descrita por
Silva (1998).
A menor digestibilidade da silagem do
cultivar de sorgo pode estar relacionada
à sua fração fibrosa, a qual apresentou
teores mais elevados (Tabela 2) comparado aos valores observados nos cultivares
de milho. Todavia, pode-se considerar os
valores observados como satisfatórios,
sendo que estes dados concordam com
os de Boin e Biondi (1974) e Hart (1990)
que afirmaram que apesar da silagem de
sorgo apresentar uma boa digestibilidade,
ela é menor do que aquela apresentada por
silagens de milho.
As densidades de semeadura causaram
efeito significativo sobre essa variável,
ocorrendo redução com o aumento da densidade de semeadura. Em relação a den-
sidade de semeadura, Mudstock (1978),
Pizarro (1978), Faria (1986), Pozar e Zago
(1991) e Paiva et al. (1993) afirmam que
as populações de plantas excessivamente
grandes têm proporcionado silagens de
baixa qualidade.
CONCLUSÕES
Nas condições em que foi desenvolvido
o presente trabalho, pode-se concluir
que:
1. As plantas avaliadas apresentaram
condições apropriadas para o processo
de fermentação, quando se comparou os
valores de nitrogênio amoniacal, pH e de
ácidos orgânicos;
2. O cultivar de sorgo propiciou silagem
com maiores conteúdos de parede celular, menores valores de proteína bruta e
de digestibilidade “in vitro” verdadeira da
matéria seca, comparado aos cultivares
de milho;
3. O aumento na densidade de semeadura
acarretou decréscimo nos teores de proteína e na digestibilidade da silagens de
milho e de sorgo; e,
4. O uso do ponto de colheita preconizado como parâmetro de determinação
do momento de colheita nos híbridos de
milho com a característica de “stay green”
no colmo, pode resultar em silagens com
teores de MS inferiores ao desejado.
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