protocolo municipal de atenção à hipertensão arterial

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SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
PROTOCOLO MUNICIPAL DE ATENÇÃO À
HIPERTENSÃO ARTERIAL
Colombo-PR
2012
2
EQUIPE GESTORA:
Prefeito Municipal
José Antônio Camargo
Secretária Municipal de Saúde
Ivonne Cecília Restrepo Solano
Diretora Administrativa da Secretaria Municipal de Saúde
Leise Carla D. Ferreira
Coordenadora Municipal de Atenção Básica
Valquíria Clecy Plucheg
Coordenadora de Saúde do Adulto e do Idoso
Rosana Aparecida Piler
3
EQUIPE TÉCNICA
Daniel Ignacio da Silva
Darci Martins Braga
Débora Almeida
Elaine Maschio Monteiro da Silva
Emanuelle S. B. Veronesi
Helvo Slomp Júnior
Juliana Bertolin Gonçalves
Lidiane Mendonça Gomes
Luciana Amaral
Osvaldo Tchaikovski Júnior
Rosane Padilha do Nascimento
Rubens Manso Vieira
4
SUMÁRIO
1.
2.
2.1.
2.2.
2.3.
2.4.
2.4.1.
2.4.2.
3.
4.
5.
5.1
5.2
6.
6.1.
6.1.1.
6.1.2.
6.2.
6.2.1.
6.2.2.
6.2.2.1.
6.2.2.2.
6.2.2.3.
6.2.2.4.
6.2.2.5.
6.2.3.
6.2.4.
6.2.5
6.2.6
7.
8.
8.1
8.2.
8.3.
8.4.
9.
9.1.
9.2.
INTRODUÇÃO..........………………..…………………….................
AVALIAÇÃO CLÍNICA DO HIPERTENSO ..................................
Anamnese ...........………………..……………………........................
Exame físico .…………………………………....................................
Técnica de aferição de Pressão Arterial.............................................
Exames complementares …………………………............................
Rotina laboratorial inicial ..................................................................
Exames complementares.....................................................................
DIAGNÓSTICO ..................................................................................
CLASSIFICAÇÃO E SEGUIMENTO .............................................
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO & DECISÃO TERAPÊUTICA..
Estratificação de risco.........................................................................
Decisão terapêutica..............................................................................
TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO PRIMÁRIA ......................
Tratamento não medicamentoso .......................................................
Alimentação ........................................................................................
Atividade física ...................................................................................
Tratamento medicamentoso ..............................................................
Princípios gerais ..................................................................................
Medicamentos anti-hipertensivos ......................................................
Diuréticos .............................................................................................
Inibidores da enzima conversora da angiotensina ...........................
Bloqueadores dos canais de cálcio .....................................................
Beta-bloqueadores adrenérgicos .......................................................
Alfa-adrenérgicos centrais ................................................................
Esquemas terapêuticos........................................................................
Ajustes no esquema terapêutico..........................................................
Interações medicamentosas..................................................................
Uso de AAS em baixas doses................................................................
PREVENÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL ...........................
SITUAÇÕES HIPERTENSIVAS ESPECIAIS ................................
Hipertensão refratária a tratamento e suspeita de Hipertensão
arterial Secundária..... .........................................................................
Hipertensão em idosos .........................................................................
Urgência e emergência hipertensivas ................................................
Hipertensão associada a diabete melittus...........................................
ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA MUNICIPAL DE
HIPERTENSÃO ARTERIAL ...........................................................
Atribuições da equipe multiprofissional na atenção à Hipertensão
Arterial ...............................................................................................
Cronograma de atendimento ao hipertenso.....................................
7
8
8
9
10
12
12
12
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16
16
17
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32
34
35
36
36
37
37
38
39
39
42
5
9.3.
9.4.
9.5.
9.6.
10.
11.
I.
II.
III.
IV.
Educação em Saúde e Atividade Física .............................................
Acolhimento do usuário no grupo de hipertensos.............................
Rotina do Programa de Hipertensão .................................................
Critérios de encaminhamentos ...........................................................
REFERÊNCIAS ..................................................................................
ANEXOS ..............................................................................................
Conteúdos em educação alimentar para o hipertenso .....................
Relação manguito / braço ....................................................................
Ficha de cadastro do Hiperdia ............................................................
Consulta e Atendimento de Enfermagem para HAS.......................
43
43
45
46
47
48
48
51
52
54
6
Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.
Friedrich Nietzsche
7
1. INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares lideram as causas de morte no Brasil, desde a
década de 1960, e sabidamente as doenças cérebro-vasculares, arteriais
coronarianas e de extremidades, e insuficiências cardíaca e renal, com suas
respectivas frequências de internações hospitalares, estão epidemiologicamente
correlacionadas à Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS (SBH, 2006).
Em 1998, no Brasil, a HAS respondeu por 46% das doenças
cardiovasculares (Brasil, 2001). Portanto, a hipertensão é causa de elevado custo
social na área da saúde, já que responde por cerca de 40% das mortes por acidente
vascular encefálico, e 25% daquelas por doença arterial coronariana (SBH, 2006).
Esse fato foi corroborado com as quedas nas mortalidades por doenças
cardiovasculares e arteriais coronariana, a partir de meados dos anos 1980, nos
grandes centros, quando foram incrementadas as ações coletivas de controle da
HAS (SBH, 2006). Mas a prevalência urbana da HAS no Brasil, utilizando-se o
critério PA 140/90, ainda é elevada, e varia de 22 a 44% (SBH, 2006).
Diante do exposto acima, faz-se necessário priorizar as políticas públicas
que visam reduzir a prevalência da HAS, e um protocolo como este, padronizando
condutas, objetiva racionalizar o custo da atenção à HAS no município. O que
aponta para os grandes objetivos gerais deste documento que são de incrementar o
grau de informação da população quanto à HAS, promover o acesso de todos os
hipertensos, mesmo que ainda sem diagnóstico, ao programa, e com
resolutividade, reduzindo assim complicações, internações e mortes relacionadas e
de capacitar as equipes de atenção básica do município quanto ao manejo,
tratamento, prevenção, promoção relacionadas à hipertensão arterial.
Ivonne Cecília Restrepo Solano
Secretária Municipal de Saúde
8
2. AVALIAÇÃO CLÍNICA DO HIPERTENSO
Objetivos da investigação clínico-laboratorial (SBH, 2006):
 Confirmar a elevação persistente níveis tensionais;
 Avaliar lesões de órgãos-alvo;
 Identificar fatores de risco cardiovascular;
 Diagnosticar doenças associadas
 Estabelecer a etiologia da HAS se houver.
2.1. Anamnese
1. Identificação: sexo, idade, raça, condição socioeconômica e grau de
escolaridade.
2. História atual: duração conhecida de hipertensão arterial e níveis de
pressão, adesão e reações adversas aos tratamentos prévios; sintomas de
doença arterial coronariana; sinais e sintomas sugestivos de insuficiência
cardíaca; doença vascular específica; insuficiência vascular de extremidades;
doença renal, diabete melitus, dislipidemia, indícios de hipertensão secundária,
gota e doença pulmonar obstrutiva crônica.
3. História pregressa: dislipidemia, doença arterial coronariana, insuficiência
cardíaca e diabetes melitus.
4. História familiar pregressa: acidente vascular encefálico, doença arterial
coronariana prematura (homens <55 anos, mulheres <65 anos); morte
prematura e súbita de familiares próximos.
5. Condições e hábitos de vida:
a) Perfil psicossocial: fatores ambientais e psicossociais, sintomas de
depressão, ansiedade e pânico e condições de tratamento.
b) Atividade física: sedentarismo.
c) Fatores de risco modificáveis: dislipidemia, tabagismo, obesidade,
sedentarismo, etilismo, hábitos alimentares incorretos.
9
d) Avaliação dietética, incluindo consumo de sal, bebidas alcoólicas, gordura
saturada e cafeína.
2.2. Exame físico
1) Sinais vitais: medição da pressão arterial e freqüência cardíaca.
2) Medidas antropométricas (ver nota de rodapé)
3) Inspeção: fácies e aspectos sugestivos de hipertensão secundária.
4) Pescoço: palpação e ausculta das artérias carótidas, verificação da presença
de estase venosa e palpação de tireóide.
5) Precórdio: ictus sugestivo de hipertrofia ou dilatação do ventrículo esquerdo,
arritmias; 3ª bulha, que sinaliza disfunção sistólica do ventrículo esquerdo; ou 4ª
bulha, que sinaliza presença de disfunção diastólica do ventrículo esquerdo,
hiperfonese de 2ª bulha em foco aórtico, além de sopros nos focos: mitral e
aórtico.
6) Pulmão: ausculta de estertores, roncos e sibilos.
7) Abdômen: massas abdominais indicativas de rins policísticos, hidronefrose,
tumores e aneurismas. Identificação de sopros abdominais na aorta e nas artérias
renais.
8) Extremidades: palpação de pulsos braquiais, radiais, femorais, tibiais
posteriores e pediosos. A diminuição da amplitude ou o retardo do pulso das
artérias femorais sugerem doença obstrutiva ou coartação de aorta. Avaliação de
eventual edema.
9) Exame neurológico sumário.
10) Fundo do olho: identificar estreitamento arteriolar, cruzamentos arteriovenosos
patológicos, hemorragias, exsudatos e papiledema.
1
1
1 Circunferências da cintura (C=no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca lateral) e do
quadril (Q=ao nível do trocânter maior) e cálculo da relação cintura/quadril (C/Q). Limite de normalidade:
mulheres: C= 88 cm e C/Q= 0,85; homens: C=102 cm e C/Q = 0,95. Obtenção de peso e altura e cálculo do
10
2.3 Técnica da aferição de Pressão arterial;
O método mais utilizado para a medição da pressão arterial é o
auscultatório indireto, com esfigmomanômetro, que pode ser aneróide (a ser
aferido a cada 6 meses) ou de coluna de mercúrio (de resultados mais confiáveis,
mas com risco ambiental). Aparelhos eletrônicos, embora eliminem a interferência
do examinador, devem ser testados e validados tecnicamente. Em cada consulta
devem ser realizadas pelo menos 2 medidas, primeiramente na posição sentada,
com intervalo de pelo menos 2 minutos entre elas; na primeira consulta medir
ambos os membros, e considerar o maior valor (SBH, 2006). Recomenda-se uma
rotina na técnica de aferição da pressão arterial (quadro 1).
Há técnicas especiais de medição da pressão arterial, como a residencial
(MRPA) e a ambulatorial (MAPA), sendo que esta última afere a PA durante 24
horas (SBH, 2006).
Vários fatores, incluindo a técnica de aferição, podem variar os valores
aferidos de pressão arterial em até 15 mmhg, e dentre eles exemplificamos:
posição de dorso, braço e cotovelo; hiato auscultatório; tamanho do manguito e
calibragem do manômetro; ansiedade por parte do paciente ou uso prévio de
substâncias (café, medicamentos, álcool); etc (adaptado de Curitiba, 2004).
Quadro 1. Técnica de aferição da pressão arterial (SBH, 2006).
1)
Explicar o procedimento ao paciente, orientando que não fale, deixando-o descansar por
5 a 10 minutos em ambiente calmo, com temperatura agradável. Promover relaxamento
para atenuar o efeito do avental branco.
2)
Certificar-se de que o paciente não está com a bexiga cheia, não praticou exercícios
físicos há 60-90 minutos, não ingeriu bebidas alcoólicas (café, alimentos) ou fumou até
30 minutos e não está com as pernas cruzadas.
3)
Utilizar manguito de tamanho adequado ao braço do paciente, cerca de 2 a 3 cm acima da
índice de massa corporal (IMC=peso (kg) /altura x altura(m). Sobrepeso= 25<= IMC < 30 kg/m2 e Obesidade=
>= 30 kg/m2.
11
fossa ante-cubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. A largura da
bolsa de borracha deve corresponder a 40% da circunferência do braço, e o seu
comprimento o envolver em pelo menos 80%.
4)
Manter o braço do paciente na altura do coração, livre de roupas, com a palma da mão
voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido.
5)
Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do mostrador do
manômetro aneróide.
6)
Palpar o pulso radial e inflar o manguito até o seu desaparecimento, para se calcular a
estimativa do nível da pressão sistólica; desinflar rapidamente e aguardar um minuto
antes de inflar novamente.
7)
Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria braquial na fossa
ante-cubital, evitando compressão excessiva.
8)
Inflar rapidamente, de 10 em 10 mmHg, até ultrapassar de 20 a 30 mmHg, o nível
estimado de pressão sistólica. Proceder a deflação, com velocidade constante inicial de 2
a 4 mmHg por segundo; após a identificação do som que determina a pressão sistólica,
aumentar a velocidade para 5 a 6 mmHg para evitar congestão venosa e desconforto para
o paciente.
9)
Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (fase I de
Korotkoff), seguido de batidas regulares que se intensificam com o aumento da
velocidade de deflação. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase
V de Korotkoff). Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar
seu desaparecimento, e depois proceder à deflação rápida e completa. Quando os
batimentos persistirem até o nível zero, determinando a pressão diastólica no abafamento
dos sons (fase IV de Korotkoff), deve-se anotar os valores da sistólica/diastólica/zero.
10)
Registrar os valores das pressões sistólica e diastólica, completando com a posição do
paciente, o tamanho do manguito e o braço em que foi feita a medida. Não arredondar os
valores de pressão arterial para dígitos terminados em zero ou cinco.
11)
Esperar 2 minutos antes de realizar novas medidas.
12)
O paciente deve ser informado sobre os valores obtidos da pressão arterial e a possível
necessidade de acompanhamento.
12
2.4. Exames complementares
2.4.1. Rotina de exames iniciais
Tabela 1. Rotina inicial em HAS conforme V Diretrizes de Hipertensão Arterial (SBH, 2006)
Exame
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Glicemia de jejum
Colesterol total**
HDL**
Triglicerídeos**
Creatinina sérica
Potássio sérico
Análise de urina
8.
Eletrocardiograma
convencional
Valores ótimos
(mg/dl)
80 – 100
< 200
40 – 60
< 150
0,8 – 1,2
3,5 – 5,0
Sem proteinúria ou
hematúria
Para diagnóstico e/ou monitoração de...
DM*
Dislipidemia e RCV*
Dislipidemia e RCV*
Dislipidemia
Função renal
Função renal, hiperaldosteronismo e uso de diuréticos.
Função renal
Repercussões miocárdicas
Normal
* DM = diabetes melitus; RCV = risco cardiovascular.
** Pode-se calcular o LDL-colesterol quando a dosagem de triglicerídeos for <
400 mg/dl, pela fórmula (onde LDL = LDL-colesterol; HDL = HDLcolesterol e TG = triglicerídeos):
TG
LDL = CT – HDL –
5
Estes exames iniciais poderão ser solicitados pelo médico e enfermeiro da equipe
de Saúde.
2.4.2. Exames complementares
1)
Pesquisa de Microalbuminúria – pacientes hipertensos e
diabéticos com síndrome metabólica e hipertensos com três ou mais
fatores de risco.
2)
Teste oral de tolerância à glicose – paciente com glicemia de
jejum entre 100 e 125 mg/DL
3)
Em hipertensos estágio 1 e 2 sem hipertrofia ventricular esquerda
ao ECG, mas com três ou mais fatores de risco, considerar o emprego do
ecocardiograma para detecção de hipertrofia ventricular esquerda.
4)
Para hipertensos com suspeita clínica de insuficiência cardíaca
considerar a utilização do ecocardiograma para avaliação da função
sistólica e diastólica. (SBH, 2006)
5)
Conforme critérios médicos: RX de tórax, proteinúria de 24
horas, hemograma, cálcio sérico, ácido úrico e TSH (Brasil, 2001)
13
3. DIAGNÓSTICO
A medida da pressão arterial por profissionais de saúde devidamente
habilitados e treinados é, sem dúvida, o elemento-chave para o diagnóstico de
Hipertensão Arterial, quando forem confirmados valores iguais ou superiores a
140 mmhg de PA sistólica e/ou 90 mmhg de PA diastólica (ver item 2.2).
A possibilidade de diagnóstico falso-positivo de HAS, como por exemplo,
a “hipertensão do avental branco”, recomenda-se cautela ao se rotular um paciente
como “hipertenso”, pois tal conduta pode acarretar danos pessoais e sociais. (SBH,
2006).
14
4. CLASSIFICAÇÃO E SEGUIMENTO
A hipertensão arterial é classificada de acordo com os níveis
tensionais, para pacientes com 18 anos de idade ou mais (tabela 2)
Tabela 2. Classificação da HAS* (adaptado de SBH, 2006)
ESTÁGIO
PAS (MMHG)
PAD (MMHG)
PA ótima
< 120
< 80
PA normal
< 130
< 85
PA limítrofe
130-139
85-89
HAS leve (estágio I)
140-159
90-99
HAS moderada (estágio II)
160-179
100-109
HAS grave (estágio III)
Hipertensão sistólica isolada
< 90
* O valor mais alto de sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro
hipertensivo. Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias
diferentes, a maior deve ser utilizada para a classificação do estágio
hipertensivo.
É importante o estabelecimento de critérios para o seguimento clínico do
paciente hipertenso. Deve ser programado para o mesmo, um cronograma de
reavaliações, de acordo com os níveis tensionais (tabela 3).
Tabela 3. Critérios para seguimento clínico* do paciente hipertenso (SBH,
2006).
PA (mmhg) **
Sistólica
Diastólica
Reavaliação em …
< 130
< 85
1 ano
130-139
85-89
6 meses ***
140-159
90-99
2 meses ***
160-179
100-109
1 mês ***
1 semana ***
(ou intervenção imediata)
* Modificar o esquema de seguimento de acordo com a condição clínica do paciente.
** Se as pressões sistólica ou diastólica forem de estágios diferentes, o seguimento recomendado
deve ser definido pelo maior nível pressórico.
*** Considerar a intervenção de acordo com a situação clínica do paciente (fatores de risco maiores,
co-morbidades e danos em órgãos-alvo); avaliar pressão arterial no intervalo de 30 a 60 dias.
15
5. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO & DECISÃO TERAPÊUTICA
Para a tomada de decisão terapêutica, depois de confirmada a elevação dos
níveis tensionais, é necessário estratificar o risco individual do paciente. O
primeiro componente para tal é a presença de um ou mais fatores maiores de risco
(quadros 2 e 3).
Em seguida, avalia-se a ocorrência de lesão em órgãos-alvo ou doenças
cardiovasculares (DCV) diagnosticadas (quadro 4).
Quadro 2. Fatores de risco maiores para HAS (adaptado de SBH, 2006).
1.
FATORES MAIORES DE RISCO
Tabagismo
2.
Dislipidemias
3.
Diabetes melittus
4.
Nefropatia
4.
Idade acima de 60 anos
5.
História familiar de DCV em: - mulheres < 65 anos e
homens < 55 anos
Quadro 3. Outros fatores de risco para HAS (adaptado
de SBH, 2006).
Outros fatores de risco
1.
Relação cintura/quadril aumentada
2.
Circunferência da cintura aumentada
3.
Microalbuminúria
4.
Glicemia de jejum alterada
5.
Hiperuricemia
16
Quadro 4. Lesões em órgãos-alvo e doenças cardiovasculares
associadas a HAS (adaptado de SBH, 2006).
Lesões em órgãos-alvo e DCV
1. Doenças cardíacas:
• Hipertrofia do ventrículo esquerdo
• Angina do peito ou infarto agudo do miocárdio prévios
• Revascularização miocárdica prévia
• Insuficiência cardíaca
2. Episódio isquêmico ou acidente vascular cerebral
3. Nefropatia hipertensiva
4. Doença vascular arterial periférica
5. Retinopatia hipertensiva
5.1 Estratificação de risco
Quadro 5. Estratificação do risco individual do paciente hipertenso: risco cardiovascular
adicional de acordo com os níveis da pressão arterial e a presença de fatores de risco, lesões
de órgãos alvo e doença cardiovascular. ( SBH, 2006)
Fatores de Risco
Sem fatores de risco
1 a 2 fatores de risco
3 ou mais fatores de
risco ou lesões de
órgãos-alvo
ou
diabetes melitus
Doença
cardiovascular
Normal
Limítrofe
Sem risco adicional
Risco Baixo
Risco Baixo
Pressão arterial
HAS 1
HAS 2
Risco Baixo
Risco Médio
Risco Médio
Risco Médio
Risco Médio
Risco Alto
Risco Alto
Risco Alto
Risco Alto
Risco muito
Alto
Risco muito
Alto
Risco muito
Alto
HAS 3
Risco Alto
Risco muito
Alto
Risco muito
Alto
Risco muito
Alto
5.2 Decisão terapêutica
Quadro 6. Decisão terapêutica da HAS segundo o risco cardiovascular ( SBH, 2006)
Categoria de risco
Estratégia
Sem risco adicional
Tratamento não-medicamentoso isolado.
Risco adicional baixo
Tratamento não-medicamentoso isolado por até 6 meses. Se não
atingir a meta, associar tratamento medicamentoso.
Risco adicional médio
Tratamento não-medicamentoso + medicamentoso.
Risco adicional alto
Tratamento não-medicamentoso + medicamentoso.
Risco adicional muito alto
Tratamento não-medicamentoso + medicamentoso.
17
6. TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO PRIMÁRIA
Embora os baixos níveis tensionais tenham suas justificativas hoje como
meta principal do tratamento da hipertensão arterial (Brasil, 2001), o objetivo
primordial do mesmo é, na verdade, a redução da morbi-letalidade cardiovascular,
e não somente dos níveis pressóricos, para o que são utilizadas medidas não
medicamentosas em geral, associadas ou não a fármacos anti-hipertensivos (SBH,
2006). Devem ser respeitado as características individuais e a qualidade de vida do
paciente (Brasil, 2001).
Os níveis tensionais serão considerados estáveis quando atingirem a meta
de PAS < 140 e/ou PAD < 90 mmHg para a maioria dos pacientes, e PAS < 130
e/ou PAD < 85 mmHg para pacientes com alto risco cardiovascular, doenças
associadas, como o diabetes, ou lesões em órgãos-alvo (nefro ou retinopatia,
acometimento cérebro-vascular, e outros) (SBH, 2006; Curitiba, 2004).
As ações de educação em saúde, voltadas a grupos de pacientes, são de
primordial importância para a adesão ao tratamento e o alcance das metas, e
deverão ser conduzidas por equipe multidisciplinar (SBH, 2006), dado que a
hipertensão arterial é uma doença crônica e, em geral, assintomática, o que
dificulta a aderência ao tratamento (Brasil, 2001).
6.1. Tratamento não medicamentoso (mudança de estilo de vida)
O tratamento não medicamentoso deve sempre ser instituído, e envolve um
processo de reeducação no que se refere a: alimentação, atividade física, hábitos
de vida, relação quantitativa e qualitativa entre trabalho e lazer, etc, ou seja: tratase de mudança de estilo de vida.
6.2. Alimentação
Mesmo que em 90% dos casos de hipertensão não haja uma causa
identificável, existem vários fatores associados ao seu desenvolvimento, e o
excesso de peso é um deles. Ele é responsável pelo aumento de 2 a 6 vezes do
risco de hipertensão. Os hipertensos com excesso de peso devem adotar programas
18
de redução de peso. Mesmo a redução de 5% a 10% do peso inicial já é capaz de
produzir uma redução na pressão arterial. (SBH, 2006)
É recomendado aos usuários hipertensos, uma dieta equilibrada, constituída pela
ingestão de frutas, verduras, derivados de leite desnatado, e alimentos com
quantidade reduzida de gorduras saturadas e colesterol. Devendo ser necessário
haver cuidados especiais com a ingestão de sódio e álcool pelos pacientes.
O sódio é encontrado naturalmente em quase todos os alimentos que são
ingeridos, mesmo que sem a adição de sal na preparação e ainda que não tenha
sabor salgado. Esta pequena quantidade de sódio é capaz de suprir as necessidades
diárias do organismo. (Costa, 2006)
É indicada a ingestão de até 6g/dia de sal (duas colheres de chá rasas ou 4g, além
das 2g de sal já presentes nos alimentos naturais), sendo recomendado que se dê
preferência aos temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola, salsa e
cebolinha, ao invés dos industrializados.
A ingestão de potássio também é prescrita. O potássio é uma fonte mineral
cujas propriedades têm efeitos favoráveis em relação à redução da pressão. Ele é
encontrado principalmente em frutas, legumes e vegetais de cor verde-escura. A
dieta rica em vegetais e frutas contém 2 a 4g de potássio por dia e pode ser útil na
redução da pressão e na prevenção da hipertensão arterial. (Costa,2006).
2
A relação entre o alto consumo de bebida alcoólica e a elevação da pressão
arterial tem sido estudada em várias pesquisas. Algumas delas já demonstraram
que a redução da ingestão de álcool pode reduzir a pressão arterial naquelas
pessoas
que
consomem
grandes
quantidades
de
bebidas
alcoólicas. É
recomendado aos homens que a ingestão diária não deve ultrapassar 2 taças de
vinho; sendo para as mulheres, homens de baixo peso ou pessoas obesas, esses
lores reduzidos para a metade. O plano ideal mesmo seria o abandono do consumo
de álcool.
2
O índice de massa corporal (peso/altura2) deve ser inferior a 25 kg/m2 e a
circunferência da cintura inferior a 102 cm para homens, e 88 cm para mulheres. (SBH, 2006)
19
A dieta do hipertenso deve conter baixo teor de gordura, principalmente saturadas,
baixo teor de colesterol e sódio e elevado teor de potássio e fibras. Importante
também é que a dieta seja acompanhada de hábitos de vida saudáveis: prática de
atividade física regular, abandono do tabagismo, ingestão moderada de bebidas
alcoólicas, controle do estresse e manutenção do tratamento medicamentoso,
quando houver. (Costa, 2006)
Quadro 7 : Recomendações nutricionais gerais aos pacientes hipertensos
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
Diminuir o peso ou manter o peso adequado.
Diminuir o uso de sal no preparo dos alimentos, não colocar o saleiro na mesa. Preferir os
temperos naturais, substituindo-os por temperos naturais como salsinha, cebolinha, orégano,
cebola, alho, cheiro verde, limão, pimentão, tomate, colorau, açafrão.
Utilizar bebidas que substituem o café
Consumir água ( 2 litros por dia), sucos de todas as frutas, chá de erva- doce, capim santo, hortelã,
erva cidreira, camomila.
Evitar bebidas alcoólicas, café, chá preto e chá mate.
Evitar o tabagismo que não é uma causa direta da hipertensão, mas as pessoas que têm hipertensão
e fumam correm o maior risco de desenvolver complicações. (adaptado de Costa, 2006)
Tabela 4: Indicações para redução do consumo de gorduras saturadas e/ou colesterol
(adaptado de Costa, 2006)
ALIMENTOS
INDICADO
CONTRA-INDICADOS
Peixes, carnes, aves sem a pele,
Carnes gordurosas, vísceras (fígado, coração),
CARNES
carnes magras. Retire toda a
embutidos (lingüiça, paio, salsichas), frios
gordura visível.
(mortadela, presunto, salame), frutos do mar,
camarão.
Leites derivados Leite e iogurte
. Leite e iogurte integrais, queijos amarelos,
LATICINIOS
desnatado, queijo branco ou ricota. cremosos.
Clara, de ovo. Receita: 2 claras = 1 Gema do ovo
OVOS
ovo.
Frutas e verduras frescas.
Verduras na manteiga
FRUTAS E
VEDURAS
Massas de bolo sem gema de ovo,
Massas de bolo com gema de ovo, sorvete com
DOCES
sorvete e doces de frutas.
leite, doces com chocolate, coco, creme
chantilly.
Pães, cereais e grãos: Pães pobres
. Pães com recheio, manteiga, croissants,
PAES E
em gorduras, cereais integrais
bolachas, massas com gema de ovo, molhos com
MASSAS
(aveia, trigo e farelo), massas sem
creme de leite ou maionese.
gema de ovo, ervilha, feijão, grãode-bico, batata, arroz, mandioca.
Margarinas, óleos vegetais
Frituras, manteiga, óleo de coco e de dendê,
OLEOS E
(girassol, milho, soja, canola e
maionese, gordura animal (toucinho, banha),
GORDURAS
azeite de oliva).
molhos com creme de leite.
20
6.1.2. Atividade física
A prática regular de exercícios físicos é recomendada para a população em
geral e principalmente para os hipertensos, inclusive aqueles sob tratamento
medicamentoso, porque reduz a pressão arterial. Antes de iniciarem programas
regulares de exercício físico, os hipertensos devem ser submetidos a avaliação
clínica. (SBH, 2006)
Quadro 8: Recomendações de atividade física. (SBH, 2006)
Atividades físicas recomendadas
Recomendação populacional
Todo adulto deve realizar pelo menos 30 minutos de atividades físicas moderadas de forma contínua ou
acumuladas em pelo menos 5 dias da semana.
Recomendação individual
 Fazer exercícios físicos aeróbicos (caminhada, corrida, ciclismo, dança, natação);
 Exercitar-se de 3 a 5 vezes por semana;
 Exercitar-se por, pelo menos, 30 minutos (para emagrecer, fazer 60 minutos);
 Realizar exercício em intensidade moderada, estabelecida:
a) Pela respiração: sem ficar ofegante (conseguir frases compridas sem interrupção)
b) Pelo cansaço subjetivo: sentir-se moderadamente cansado no exercício;
c) Pela frequência cardíaca (FC) medida durante o exercício (forma mais precisa), que deve de manter
dentro da faixa de frequência cardíaca de treinamento (FC treino), cujo cálculo é feito da seguinte forma:
FC treino = (FC máxima – FC repouso) x % + FC repouso, em que FC máxima: deve ser
preferencialmente estabelecida em teste ergométrico máximo. Na sua impossibilidade, pode-se usar a
fórmula:
FC máxima = 220 – idade, exceto em indivíduos em uso de betabloqueadores e/ou inibidores de canais de
cálcio não diidropiridínicos.
FC repouso: medida após 5 minutos de repouso deitado.
%: são utilizadas duas porcentagens, uma para o limite inferior e outra para o superior da faixa de
treinamento. Assim para sedentários: 50% e 70%; para condicionados: 60% e 80%, respectivamente.
Realizar também exercícios resistidos (musculação). No caso dos hipertensos, estes devem ser feitos com
sobrecarga de até 50% a 60% de 1 repetição máxima ( 1 RM = carga máxima que se consegue levantar uma
única vez) e o exercício deve ser interrompido quando a velocidade de movimento diminuir (antes da fadiga
concêntrica, momento que o indivíduo não consegue mais realizar o movimento).
21
6.2. Tratamento medicamentoso
O objetivo primordial do tratamento da Hipertensão arterial é a redução da
morbidade e da mortalidade cardiovasculares. Assim, os anti-hipertensivos devem
não só reduzir a pressão arterial, mas também os eventos cardiovasculares fatais e
não fatais. (SBH, 2006)
6.2.1. Princípios gerais
As características importantes dos anti-hipertensivos são:
 Ser eficaz por via oral;
 Ser bem tolerado;
 Permitir a administração em menor número possível de tomadas, com
preferência para dose única diária;
 Ser iniciado com as menores doses efetivas preconizadas para cada
situação clínica, podendo ser aumentadas gradativamente, pois quanto
maior a dose, maiores serão as possibilidades de efeitos adversos;
 Ser considerado em associação para os pacientes com hipertensão
estágio 2 e 3 que, na maioria das vezes, não respondem à monoterapia.
 Ser utilizado por um período mínimo de 4 semanas, salvo em situações
especiais, para aumento de doses, substituição da monoterapia ou
mudanças das associações em uso;
 Considerar as condições socioeconômicas do paciente ao prescrever.
(adaptado de SBH, 2006)
22
6.2.2. Medicamentos anti-hipertensivos
Os medicamentos anti-hipertensivos são classificados de acordo com a
tabela 5.
Tabela 5. Classes de anti-hipertensivos para uso clínico.
Diuréticos
Inibidores adrenérgicos
Bloqueadores dos canais de cálcio
Inibidores da ECA
Bloqueadores do receptor AT1 da angiotensina II
Vasodilatadores diretos
Opção terapêutica:
Qualquer medicamento dos grupos anti-hipertensivos( Tabela 5) com
exceção dos vasos dilatadores de ação direta( D), pode ser utilizado para o
controle da pressão arterial em monoterapia inicial, especialmente para pacientes
com hipertensão em estágio I que não responderam às medidas não
medicamentosas. Para pacientes em estágios II e III, pode-se o uso de associações.
(SBH, 2006)
As principais classes de medicamentos anti-hipertensivos, de que dispomos
hoje na rede municipal, são (tabela 6):
Tabela 6. Medicamentos disponíveis no Programa de Hipertensão de Colombo. 2012
Anti-hipertensivo
Hidroclorotiazida
Furosemida
Propranolol
Captopril
Anlodipino
(besilato)
Metildopa
Atenolol
Classificação
Diurético tiazídico
Diurético de alça
Beta-bloqueador
IECA
Bloqueador dos canais
de Ca++
Alfa-agonista
Bloqueador
Beta
Adrenérgico
Enalapril (maleato) IECA
Espironolactona
Diurético Poupador K+
Sinvastatina
Hipercolesterolemico
Tomadas por dia
DOSE
Mín.
12,5
20
40
25
2,5
Máx.
50
240
240
150
10
1
1-2
2-3
2-3
1
250
25
1.500
100
2-3
1-2
5
25
10
40
100
80
1-2
1-2
1
23
Quaisquer das drogas acima podem ser prescritas como monoterapia inicial
para indivíduos que não responderam às medidas não farmacológicas (SBH,
2006). O Programa Municipal de Hipertensão Arterial de Colombo conta hoje com
12 medicamentos anti-hipertensivos (tabela 6). Medicações disponíveis somente
nas Farmácias Municipais: Carvedilol (betabloqueador) 3,125mg e 6,25mg,
Losartana Potássica (bloqueador AT1) 50mg. Não são disponíveis na rede, outras
classes de drogas anti-hipertensivas, como antagonistas do receptor AT1 da
angiotensina II ou vasodilatadores diretos, e por isso omitiremos essas drogas do
presente texto.
6.2.2.1. Diuréticos
Mecanismo de ação: Relaciona-se inicialmente aos seus efeitos diuréticos e
natriuréticos, com diminuição do volume extracelular. Ocasionando redução
persistente da resistência vascular periférica. Como efeitos colaterais podem
acarretar hipocalemia, hipomagnesemia, hiperuricemia e, transitoriamente,
hipertrigliceridemia e intolerância à glicose (SBH, 2006). São contra-indicados
para pacientes com hipersensibilidade à droga ou lupus eritematoso sistêmico
(Curitiba, 2004).
Tiazídicos (clortalidona, hidroclorotiazida). São drogas prescritas em
uma única tomada diária, sendo as preferidas em baixas doses como antihipertensivos e bem indicadas para pacientes idosos (HA sistólica isolada) e
portadores de hipervolemia e insuficiência cardíaca. Reduzem a incidência de
eventos cérebro-vasculares e de cardiopatia isquêmica. Não são bem indicados
para pacientes portadores de hiperuricemia e diabetes, exceto sob estrita
supervisão. Apresentam risco de hipocalemia, e as principais reações adversas são
náuseas, vômitos, astenia, anorexia, reações cutâneas e disfunção sexual (Hardman
et al., 1996 ; Rang & Dale, 1998; SBH, 2006; JNC VII, 2003). O representante em
nosso programa municipal é a hidroclorotiazida, na dose diária de 12,5 a 50 mg, e
24
não há evidência de melhor efeito anti-hipertensivo com a utilização de doses
elevadas, que aumentam a incidência de reações adversas (SBH, 2006; JNC 7,
2003). Precauções: hepatopatias e nefropatias, atopia, diabetes mellitus; interações
medicamentosas: digitálicos, corticosteróide, lítio (Curitiba, 2004).
Diuréticos de alça (furosemida). Reservados para casos de HAS associada
a insuficiência cardíaca ou renal, com creatinina sérica > 2,5 mg/dl ou clearence de
creatinina < 30 ml/min (SBH, 2006). Podem apresentar risco de hipocalemia,
hipocalcemia, hiponatremia e hiperglicemia, devendo ser empregados com cautela
em pacientes diabéticos ou com desequilíbrio hidroeletrolítico (Curitiba, 2004). A
rede municipal dispõe de furosemida comprimidos de 40 mg.
Diuréticos
poupadores
de
potássio
(amilorida,
triantereno,
espironolactona). Pouco potentes, mas fazem boas associações com os tiazídicos
para a prevenção da hipocalemia medicamentosa, embora alguns autores não
recomendem a sua associação com inibidores da ECA. Podem apresentar risco de
hipercalemia (Hardman et al., 1996 ; Rang & Dale, 1998; SBH, 2002). Não fazem
parte da padronização municipal, até o presente momento.
6.2.2.2. Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA)
Mecanismo de ação: Os inibidores da enzima conversora da angiotensina
(IECA) bloqueiam a conversão de angiotensina I em angiotensina II, reduzindo
então os efeitos vasoconstritores periféricos desse mediador e promovendo a
queda da pressão arterial em indivíduos normais, e especialmente naqueles
portadores de hipertensão arterial ou usuários de diuréticos (Hardman et al., 1996 ;
Rang & Dale, 1998; SBH, 2006). Os IECA não alteram o débito cardíaco, sendo
considerados bons anti-hipertensivos, e, além de úteis na prevenção secundária do
acidente vascular encefálico, ainda reduzem a morbi-letalidade de pacientes...
(SBH, 2006):
25

Hipertensos em geral;

Portadores de insuficiência cardíaca;

Com alto risco de doença aterosclerótica;

Que apresentaram um infarto agudo do miocárdio, especialmente
naqueles com baixa fração de ejeção.
Os efeitos colaterais e reações adversas relatados são: tosse seca, alteração
de paladar, hipotensão postural em associações com diuréticos, linfopenia,
hipercalemia e aumento da creatinina sérica em pacientes com insuficiência renal
crônica e, mais raramente, hipersensibilidade cutânea. Os IECA são contraindicados na gestação, e não devem ser associados a diuréticos poupadores de K+,
por inibirem a aldosterona e promoverem a retenção desse cátion (Hardman et al.,
1996 ; Rang & Dale, 1998; SBH, 2006).
O captopril é o IECA padronizado no programa municipal de Colombo, e
apresenta doses iniciais de 6,25 a 25 mg a cada 8 - 12 horas, com máximo de 150
mg/dia. O enalapril teria algumas vantagens, como não possuir o grupamento
sulfidrila, o que minimiza a interferência dos alimentos na absorção, além de ser
uma pró-droga, cujo composto ativo (enalaprilato) possui T1/2 de 11 horas.
6.2.2.3. Bloqueadores dos canais de cálcio
Mecanismo de ação: Os antagonistas dos canais de cálcio inibem a entrada
de Ca++ no citosol do músculo liso vascular, reduzindo o tônus e promovendo a
vasodilatação, com queda da resistência vascular periférica e efeito antihipertensivo. Também minimizam a força de contração das células miocárdicas
(indicação como anti-taquiarrítmico), e, de acordo com afinidade celular, dividemse em: afins ao músculo liso vascular (nifedipina, amlodipina, nimodipina); afins
ao miocárdio (verapamil 80mg ou 120mg); e afins a ambos: diltiazem. São, em
geral, administrados em 2 tomadas ao dia. O efeito vasodilatados justifica sua
26
indicação também em casos de isquemia coronariana, e outras isquemias
(Hardman et al., 1996 ; Rang & Dale, 1998).
São
anti-hipertensivos
eficazes,
e
reduzem
a
morbi-letalidade
cardiovascular em idosos. Deve-se dar preferência para drogas de longa duração
de ação, já que o uso sublingual da nifedipina de curta duração ocasiona uma
redução drástica dos níveis tensionais, gerando reflexo simpático e maior risco de
acidente cérebro-vascular (SBH, 2006).
Reações adversas e efeitos colaterais: cefaléia, rubor cutâneo, edema prétibial, taquicardia (reflexo simpático, com drogas de curta ação), constipação
(verapamil), e, mais raramente, hipertrofia gengival. Os antagonistas de Ca++ são
contra-indicados em pacientes com insuficiência cardíaca (Hardman et al., 1996 ;
Rang & Dale, 1998; SBH, 2006).
6.2.2.4. Beta-bloqueadores adrenérgicos
Mecanismo de ação
-bloqueadores não seletivos, como o propranolol
da padronização municipal, reduzem o inotropismo e cronotropismo cardíacos,
minimizando assim o débito cardíaco (incluindo trabalho cardíaco e consumo de
O2), especialmente no esforço, o que alivia a dor anginosa. Também inibem a
liberação de renina nas células justaglomerulares, sendo este talvez o seu principal
mecanismo anti-hipertensivo. Reduzem as catecolaminas nas sinapses e readaptam
os barorreceptores. Os
-bloqueadores são indicados para hipertensos com
taquiarritmias cardíacas, angina de peito e infarto do miocárdio, bem como em
descargas adrenérgicas do hipertireoidismo e da ansiedade. Reduzem a morbiletalidade cardiovascular, mas são menos eficazes em pacientes idosos (Hardman
et al., 1996 ; Rang & Dale, 1998; SBH, 2006). Constituem-se na primeira opção
para HAS associada a doença arterial coronariana e arritmias cardíacas, sendo
úteis em pacientes hipertensos com cefaléia de origem vascular, para os quais se
evita antagonistas do cálcio (SBH, 2006).
27
-bloqueadores não seletivos: labetalol (
por vezes empregado na hipertensão gestacional), nadolol, timolol (tratamento do
-bloqueadores não seletivos, como oxprenolol, alprenalol e
pindolol, possuem também efeito agonista parcial com redução do tônus
simpático, sendo indicados para pacientes com baixa reserva cardíaca. Hoje
dispõe-
-
1,
como o atenolol e o metoprolol
(Hardman et al., 1996 ; Rang & Dale, 1998).
Efeitos colaterais e reações adversas: bradicardia e distúrbio de condução
átrio-ventricular; descompensação de insuficiência cardíaca; broncoespasmo em
2)
; fadiga; má percepção do
reflexo simpático após uma hipoglicemia, em diabéticos; extremidades frias
2);
discreta hipotensão postural e do exercício; disfunção sexual;
efeitos centrais, como insônia, pesadelos e depressão (Hardman et al., 1996 ; Rang
& Dale, 1998; SBH, 2006). Podem acarretar, de forma dose-dependente e ainda
sem impacto clínico definido, intolerância à glicose, hipertrigliceridemia e queda
do HDL-colesterol, além de efeito rebote após a sua suspensão. Contra-indicações:
doenças pulmonares obstrutivas crônicas e bloqueio átrio-ventricular de II e III
graus, sendo recomendada cautela em pacientes com insuficiência arterial
periférica. (SBH, 2006).
6.2.2.5. AIfa-adrenérgicos centrais
Mecanismo de ação: Os agonistas adrenérgicos α2 apresentam dissociação
ação-efeito, pois agem pré e pós-sinapticamente, sendo o efeito pré-sináptico
inibitório. Possuem efeito central, atuando como falsos neurotransmissores. Ou
seja, embora agonistas, o efeito final é anti-adrenérgico. A indicação clínica
primária dessas drogas (metildopa, clonidina) é no tratamento da hipertensão
arterial sistêmica, hoje com uso restrito por apresentarem vários efeitos colaterais.
A clonidina reduz o tônus simpático, tem boa disponibilidade oral após cerca de 2
horas, com meia-vida média de 12 horas. O alfametildopa é a outra droga
28
padronizada no programa municipal, e tem como principal indicação, a DHEG (
Doença hipertensiva específica na gestação) Reações adversas: sedação
(sonolência e fadiga), hipotensão postural, xerostomia, disfunção sexual,
bradicardia, galactorréia, anemia hemolítica e hepatopatia (contra-indicadas em
hepatopatas) (Hardman et al., 1996 ; Rang & Dale, 1998; SBH, 2006).
6.2.3. Esquemas terapêuticos
Monoterapia
Estágio 1
Associação de AntiHipertensivos
Diurético
Betabloqueador
Inibidor de ECA
Bloqueadores dos canais de cálcio
Bloqueadores do receptores AT1
Classes distintas em baixas doses,
Principalmente para estágios 2 e 3.
RESPOSTA INADEQUADA OU EFEITOS ADVERSOS
Aumentar a
dose
Substituir a
monoterapia
Adicionar o
segundo
anti
hipertensivo
Aumentar a
dose de
associação
RESPOSTA INADEQUADA
Adicionar outros anti-hipertensivos
Trocar a
associação
Adicionar o
terceiro anti
hipertensivo
29
Tabela 7. Classes de anti-hipertensivos recomendadas segundo condições clínicas associadas
à hipertensão arterial (adaptado de JNC VII, 2003).
Doenças associadas
à HAS
Diabetes mellitus
Tiazídico
IECA
-Bloq
Bloq Ca++
Insuficiência
cardíaca
coronariana
Pós-IAM
AVE recorrente
Insuficiência renal
crônica
* Onde: IECA = inibidores da enzima de conversão da angiotensina; -Bloq
= bloqueadores beta-adrenérgicos; Bloq Ca++ = bloqueadores dos canais de
cálcio; IAM = infarto agudo do miocárdio; AVE = acidente vascular
encefálico.
As associações de classes medicamentosas mais eficazes são mostradas na
figura 1 (adaptado de SBH, 2006).
O insucesso na associação medicamentosa anti-hipertensiva deverá levar a
uma de 2 opções: primeiramente, i) elevar a dose das drogas do esquema, e, se
necessário, ii) acrescentar a terceira droga (SBH, 2006).
Observação: sempre que o paciente utilizar outras drogas, além dos antihipertensivos, observar as respectivas interações medicamentosas.
Associações medicamentosas eficazes no tratamento da hipertensão
arterial (os traços entre as classes de drogas indicam as associações
30
mais freqüentes). IECA = inibidores da enzima de conversão da
angiotensina; Bloq Ca++ = bloqueadores dos canais de cálcio. Foram
omitidos os antagonistas AT1 da angiotensina, por não constarem da
padronização municipal.
6.2.4 Ajustes no esquema terapêutico
Toda alteração ou adequação a ser feita no esquema terapêutico, quando
não se consegue atingir a contento as metas do tratamento, deve ser criteriosa e
cumprir antes algumas etapas. Primeiramente, faz-se necessário identificar as
causas de falha terapêutica (quadro 6), sendo que dentre elas a principal é a
descontinuidade voluntária do tratamento por não adesão do paciente, e
obviamente a simples substituição de medicamento não resolverá o problema.
Quadro 9. Causas de falha terapêutica no tratamento da HAS (adaptado de
Curitiba, 2004 & Hardman et al., 1996).
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Descontinuidade voluntária do tratamento por não adesão do paciente (é a
principal causa!).
Aferição inadequada da pressão arterial, hipertensão do avental branco e
pseudo-hipertensão (sistólica) do idoso.
Uso incorreto da medicação por parte do paciente por falta de
compreensão do esquema.
Dificuldades de adesão à mudança de estilo de vida: paciente continua a
usar sal e outros alimentos em excesso, tabagismo, bebidas alcoólicas,
sedentarismo, etc.
Medicamento (s) incorreto (s), doses muito baixas, associação inadequada
para o caso.
Interações medicamentosas ou com alimentos, uso concomitante de drogas
hipertensoras (esteróides, antiinflamatórios, drogas com ação adrenérgica).
Insuficiência renal ou outra causa não diagnosticada de hipertensão
secundária.
Outras causas também freqüentes, e que igualmente não indicam a alteração
a priori do plano terapêutico, mas primeiramente o incremento das medidas
31
educativas, seriam aquelas relativas à aferição da PA (técnica e equipo), ao estilo
de vida e à falta de compreensão do esquema terapêutico por parte do paciente
(quadro 6).
Após longo tempo de controle adequado dos níveis tensionais, pode-se
tentar a redução gradual das doses dos medicamentos em uso (SBH, 2006).
32
6.2.5 Interações medicamentosas
Tabela 8. Anti-hipertensivos: interações medicamentosas. (SBH, 2006).
ANTIMEDICAMENTOS
HIPERTENSIVOS
DIURÉTICOS
Tiazídicos e de alça
Digitálicos
Antiinflamatórios
Intoxicação
esteróides
Hipoglicemiantes orais
não-esteróides
Lítio
Poupadores de K+
EFEITOS
digitálica
por
e Antagonizam o efeito diurético
hipopotassemia
Efeito diminuído pelos tiazídicos
Aumento dos níveis séricos do lítio
Suplementos de K+ e inibidores de Hiperpotassemia
ECA
INIBIDORES ADRENÉRGICOS
Ação central
Antidepressivos tricíclicos
Redução do efeito anti-hipertensivo
Betabloqueadores
Insulina e hipoglicemiantes orais
Redução dos sinais de hipoglicemia e
Amiodarona quinidina
Cimetidina
Bradicardia
bloqueio
glicose de
Reduz ada mobilização
depuração da
hepática
Cocaína
Vasoconstritores nasais
Potencializam o efeito da cocaína
propranolol
e metoprolol
Facilitam
o aumento
da pressão pelos
Diltiazem, verapamil
Dipiridamol
Antiinflamatórios
esteróides
Diltiazem,
verapamil,
não-esteróides
Bradicardia, depressão sinusal
vasoconstritores nasais
Bradicardia
e atrioventricular
Antagonizam o efeito hipotensor
Beta- Hipotensão
bloqueadores e medicamentos de
ação central
e
33
INIBIDORES DE ECA
Suplementos
e
diuréticos Hiperpotassemia
Ciclosporina
poupadores de K+esteróides e
Antiinflamatórios
Aumentos do níveis de ciclosporina
Antagonizam o efeito hipotensor
Lítio
Antiácidos
Diminuição da depuração do lítio
Reduzem a biodisponibilidade
não-esteróides
captopril
do
BLOQUEADORES DOS CANAIS DE Ca++
Digoxina
Verapamil e diltiazem aumentam os
Bloqueadores de H2
Aumentam os níveis dos bloqueadores
níveis de digoxina
Aumento do nível de ciclosporina, a
dos canais de cálcio
Níveis aumentados com verapamil
exceção de anlodipino e felodipino
Hipotensão
Ciclosporina
Teofilina, prazosina
Moxonidina
BLOQUEADORES DO RECEPTOR AT1
Moxonidina
Hipotensão com losartana
34
6.2.6 Uso de AAS em baixas doses
O uso de 75 a 162 mg/dia de ácido acetilsalisílico (média de 100 mg/dia)
como antiagregante plaquetário previne eventos cardiovasculares em hipertensos e
diabéticos que já portam doenças cardiovasculares (prevenção secundária), bem
como naqueles que ainda não as apresentam (prevenção primária) (Curitiba,
2004). As indicações e contra-indicações para tal medida podem ser consultadas
no quadro 7.
Quadro 10. Indicações e contra-indicações para baixas doses de AAS em HAS
(adaptado de Curitiba, 2004).
4)
INDICAÇÕES PARA AAS
Hipertensos com mais de 15% de risco cardiovascular (prevenção
primária)
Diabéticos com mais de 40 anos e/ou fatores de risco cardiovascular
associados (prevenção primária)
Hipertensos com doença cardiovascular estabelecida (prevenção
secundária)
Diabéticos com doença cardiovascular estabelecida (prevenção secundária)
1)
2)
3)
4)
5)
CONTRA-INDICAÇÕES PARA AAS
HAS não controlada (risco de AVE hemorrágico)
Idade < 21 anos (risco de Síndrome de Reye)
Alergia a aspirina
Doença hepática ou terapia anticoagulante concomitante
Uso concomitante de AINEs (risco de hemorragia digestiva)
1)
2)
3)
35
7. PREVENÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
A Hipertensão arterial, principal fator de risco de morte entre as doenças
não transmissíveis, mostra relação direta e positiva com o risco cardiovascular.
Entretanto, apesar dos progressos na prevenção, no diagnóstico, no tratamento e
no controle, ainda é importante problema de saúde pública.
Devem ser metas dos profissionais de saúde a identificação precoce e a
abordagem adequada dos fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão
arterial, principalmente na população de alto risco. Entre as medidas preventivas,
destacam-se a adoção de hábitos alimentares saudáveis, a prática de atividade
física e o abandono do tabagismo. (SBH, 2006)
36
8. SITUAÇÕES HIPERTENSIVAS ESPECIAIS
Em geral, situações hipertensivas especiais cursam com outras patologias, e
serão contempladas em protocolos específicos de rotinas no município. Vamos
citar apenas as mais comuns.
8.1. Hipertensão refratária ao tratamento, e suspeita de Hipertensão Arterial
Secundária.
A primeira medida a ser tomada pela equipe será a busca por causas de
falha terapêutica (item 6.2.2.3), antes de confirmar a ocorrência de uma HAS
refratária. Uma das causas mais comuns de insucesso é a terapia diurética
inadequada, causando sobrecarga de volume (Curitiba, 2004).
Suspeitar de Hipertensão Arterial Secundária, e proceder aos devidos
encaminhamentos a especialistas, sempre que (adaptado de SBH, 2002):
 A hipertensão iniciar antes dos 30 ou após os 50 anos;
 Estiver diante de um quadro de HAS grave (estágio 3) e/ou refratária
ao tratamento;
 Encontrar a tríade do feocromocitoma: palpitações, sudorese e
cefaléia em crises;
 O paciente utilizar fármacos e drogas que possam elevar a PA;
 Observar fácies ou biotipo de doenças que cursam com hipertensão;
nefropatia, hipertireoidismo, acromegalia, síndrome de Cushing;
 Perceber presença de massas ou sopros abdominais;
 Perceber assimetria de pulsos femorais;
 Houver aumento de creatinina sérica;
 Houver hipopotassemia espontânea (< 3,0 mEq/l);
 Houver achados anormais no exame de urina (proteinúria ou
hematúria).
37
8.2. Hipertensão em idosos
No Brasil 65% dos indivíduos com mais de 60 anos é portador de
hipertensão arterial, sendo que hipertensão no idoso apresenta tendências
diferenciadas, como a hipertensão sistólica isolada, os bons resultados da dieta
hipossódica e a melhora dos níveis cognitivos com a compensação clínica da HAS.
Para essa população se aplicam todas as recomendações terapêuticas acima, exceto
que a redução dos níveis tensionais deverá ser levada a termo de forma gradual,
nunca intempestiva. Os diuréticos tiazídicos são a classe de primeira escolha para
a população idosa, sendo os antagonistas do cálcio de ação prolongada os de
segunda escolha (adaptado de SBH, 2002) e, como já visto nesse manual, os betabloqueadores, especialmente o propranolol da padronização municipal, não
apresentam muitas vantagens nessa faixa etária, em comparação com as classes já
citadas.
8.3. Urgência e emergência hipertensivas
Há casos em que o paciente sofre aumento súbito dos níveis tensionais. Na
avaliação do paciente, deve-se primeiramente confirmar a descompensação da
hipertensão, e em seguida instituir a conduta adequada. Casos pouco sintomáticos,
sem risco à vida, são considerados urgência hipertensiva, e podem ser manejados
ambulatorialmente. Casos que cursem com sintomas de lesões em órgãos-alvo –
como insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico, angina instável ou
infarto agudo do miocárdio – devem ser considerados emergência hipertensiva, e
imediatamente encaminhados para o devido cuidado hospitalar (adaptado de
Curitiba, 2004). Nesse atendimento a equipe deve investigar as causas de falha
terapêutica (item 6.2.2.3). O atendimento a esses casos constará de protocolos de
urgência / emergência dos Prontos Atendimentos municipais, mas a recomendação
é o emprego de captopril 25 mg ou furosemida (Brasil, 2001). Ver tabela 08.
38
Tabela 9: Medicamentos indicados para uso oral nas urgências hipertensivas. (SBH, 2006)
Medicamentos
Dose
Início
Ação
Duração
Captopril
6,25-25mg VO
(repetir em 1h se
necessário
15-30 min
3-5 h
Clonidina
0,1-0,2 mg VO h/h
30-60 min
6-85 h
Efeitos adversos
Hipotensão, hiperpotassemia,
insuficiência renal, estenose
bilateral de artéria renal ou rim
único com estenose de artéria
renal.
Hipotensão postural, sonolência,
boca seca
8.4. Hipertensão associada à diabete melitus
Dada a frequência das 2 patologias (HAS e DM) na população geral, bem
como da associação de ambas em um mesmo paciente, o Ministério da Saúde
recomenda, na atenção básica, o seguimento conjunto dessas doenças, pois ambas
possuem em comum (adaptado de Brasil, 2001b):
 Etiopatogenia: presença de resistência insulínica, resistência vascular
periférica aumentada e disfunção endotelial;
 São facilmente diagnosticadas na população, embora de natureza
assintomática;
 Fatores de risco em comum: obesidade, dislipidemia e sedentarismo;
 Cronicidade: trata-se de doenças incuráveis, necessitando controle
rigoroso e acompanhamento multidisciplinar constante, eficaz e
permanente, para evitar complicações;
 Complicações crônicas severas, que podem ser evitadas quando
precocemente identificadas, e adequadamente tratadas;
 Importância do tratamento não medicamentoso: mudanças propostas
no estilo e hábitos de vida (MEV) são semelhantes;
 Dificuldade na adesão ao tratamento, dada a necessidade de
participação ativa do indivíduo na mudança nos hábitos de vida;
 Alguns medicamentos em comum.
Ver protocolo municipal de diabete mellitus.
39
9. ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA MUNICIPAL DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL
Inicialmente é mister projetar a estimativa de hipertensos na área de
abrangência da unidade de saúde (UBS ou PSF). Para tal, recomenda-se seguir a
seguinte seqüência (Brasil, 2001):
1.
Levantar a população total da área de abrangência;
2.
Estimar a quantidade de adultos nessa população (49%);
3.
Estimar a quantidade de hipertensos nessa população adulta
(20%);
4.
Estimar a quantidade de casos de gravidade leve (70%),
moderada (15%), grave (8%) e com HA sistólica isolada (7%), dentre os
hipertensos estimados.
Todas as ações da unidade serão programadas com base nesses números.
Deverão ser quantificadas, também, as taxas de cobertura e de abandono do
programa, além das taxas de internação por crises hipertensivas, AVE, etc (Brasil,
2001).
9.1. Atribuições da equipe multiprofissional na atenção à Hipertensão
Arterial
Cada profissional da equipe multidisciplinar tem as suas atribuições e
responsabilidades na organização do programa municipal de hipertensão arterial
(adaptado de Curitiba, 2004), sendo algumas delas comuns a todos, como
atividades educacionais e assistenciais, encaminhamentos, pesquisa, etc (Brasil,
2001).
 Médico. Responsável por realizar as consultas médicas do programa,
mas também participar da capacitação da equipe de saúde e das ações
educativas junto à comunidade, além de participar ativamente das
40
discussões estratégicas para o bom andamento do programa. Os
componentes da consulta médica encontram-se no quadro 11.
 Enfermeiro. Responsável por realizar as consultas de enfermagem do
programa, a capacitação da equipe de saúde e ações educativas junto à
comunidade, além de supervisionar os profissionais técnicos e auxiliares
de enfermagem e agentes comunitários de saúde e participar ativamente
das discussões estratégicas para o bom andamento do programa. Os
componentes da consulta de enfermagem encontram-se no quadro 11.
 Técnico e Auxiliar de Enfermagem. Responsáveis pelo agendamento
dos atendimentos de enfermagem do hipertenso, bem como suas
consultas médicas e de enfermagem, no caso de quadro estabilizado ou
compensado. Os componentes do atendimento de enfermagem
encontram-se no quadro 11.
 Agente Comunitário de Saúde (ACS). Responsável pelo rastreamento de
possíveis hipertensos ou indivíduos com alto risco cardiovascular na
área de abrangência da unidade, para os quais deverá ser marcada uma
consulta de enfermagem. Deverá orientar todos os usuários acima de
25(20) anos de idade a, pelo menos a cada 6 meses, ir até a US ou outro
serviço para aferir a PA; e este valor deve ser informado ao ACS, que
passará esta informação à sua ficha, e posteriormente aos demais
membros da equipe. Também monitora a adesão de pacientes já
inseridos no programa, e participa ativamente das ações educativas
junto à comunidade e das discussões estratégicas para o bom andamento
do programa. Registrar em sua ficha de acompanhamento o diagnóstico
de HAS e ATUALIZAR os dados ( DADOS DA FOLHA 1 DO SIAB)
e DM. Verificar o comparecimento do paciente às consultas na unidade.
O instrumento de ação do ACS é a visita domiciliar, bem como a
participação nas atividades educacionais e físicas de grupo.
41
Idealmente,
outros
profissionais
poderão
fazer
parte
da
equipe
multiprofissional de atenção ao hipertenso: nutricionistas, professores de educação
física, psicólogos, farmacêuticos, odontólogos, assistentes sociais e assistentes
administrativos (SBH, 2006).
Quadro 11. Componentes de cada tipo de atendimento ao paciente hipertenso (adaptado de
Curitiba, 2004).
COMPONENTES DA ATENÇÃO AO HIPERTENSO
Consulta médica
 Anamnese, exame físico e exames complementares.
 Confirmação do diagnóstico de HAS
 Estratificação do risco individual e identificação de
comorbidades
 Admissão do paciente hipertenso no programa
 Decisão fármaco-terapêutica e prescrição
 Início das medidas não medicamentosas: orientações
higieno-dietéticas, encaminhamento para atividade física.
 Estabelecimento das metas e plano terapêutico
 Acompanhamento clínico rigoroso
 Encaminhamentos para outros especialistas e outros
profissionais, quando necessário.
Consulta de
Enfermagem
 Avaliação dos dados obtidos no atendimento de
enfermagem
 Avaliação de metas, estratégia e adesão terapêutica.
 Solicitação de exames de rotina
 Estratificação do risco individual e identificação de
comorbidades
 Orientações sobre os medicamentos já prescritos e
demais medidas terapêuticas não medicamentosas
 Encaminhamento de urgências / emergências
hipertensivas a serviço de Pronto Atendimento
 Agendamento de atendimentos e consultas
Atendimento de
Enfermagem
 Aferição dos dados vitais: altura, peso, frequência
cardíaca e peso
 Medida de circunferência abdominal
 Avaliação da situação vacinal
 Questionário sobre o andamento do tratamento,
dificuldades, medicamentos, intercorrências.
 Orientações sobre os hábitos de vida e fatores de risco
 Encaminhamento às atividades físicas e educativas
 Marcação das devidas consultas
42
9.2. Cronograma de atendimento ao hipertenso
De acordo com a tabela 3 (ver item 4), indivíduos com níveis tensionais
limítrofes deverão ser orientados e sua PA aferida a cada 6 meses, enquanto que
hipertensos leves deverão fazê-lo a cada 2 meses, moderados mensalmente e
severos semanalmente. Na tabela 7 vemos a freqüência recomendada para os
atendimentos ao hipertenso com a doença compensada, enquanto que pacientes
com quadro descompensado deverão ter a sua consulta médica ou de enfermagem
imediatamente agendada.
Tabela 10. Cronograma de atendimento para o paciente hipertenso (adaptado
de Curitiba, 2004).
RISCO
Atendimento de
CONSULTA
enfermagem
Enfermagem
Médica
Baixo e médio
Trimestral
Anual
Anual
Alto e muito alto
Mensal
Trimestral
* Os 3 procedimentos acima devem ser intercalados entre si.
Trimestral
43
9.3. Educação em Saúde e Atividade Física
Reuniões de Educação em Saúde. Encontros com os pacientes do programa,
de forma geral ou fracionada, com frequência a ser discutida pela equipe, para
discussões relativas aos temas saúde & doença, hipertensão arterial, diabetes
melitus, dislipidemias, risco cardiovascular, condições e hábitos de vida, etc.
Poderão ser vinculadas à dispensação de medicamentos programáticos. Incluem-se
nessas reuniões membros não hipertensos da comunidade, bem como escolares, no
sentido de prevenção da HAS (item 7).
Grupos de Atividade Física. Após supervisão médica, os pacientes serão
encaminhados a grupos de atividade física como caminhada (organizada pela
unidade de saúde) ou dança, lazer, etc (organizadas pelos centros de convivência
de idosos). Não é recomendada a dispensação medicamentosa vinculada a esta
atividade.
Ambas as atividades terão a participação de toda a equipe de saúde, de
acordo com as atribuições de cada membro, e deverão ser submetidas a
acompanhamento constante nas reuniões de equipe.
9.4. Acolhimento do usuário no grupo de hipertensos
 Quando o médico optar por incluir um paciente no grupo de
hipertensos, deve comunicar à (ao) enfermeira (o) da equipe (PSF ou
UBS) para que a (o) mesma (o) efetive essa inclusão;
 Somente devem ser inclusos no Programa Municipal de Hipertensão,
usuários
que
apresentarem
receituário
atualizado
emitido
por
profissional médico credenciado ou não ao SUS – desde que o usuário
seja residente no Município de Colombo.
 A decisão de inclusão no grupo de hipertenso deve ser feita pela
equipe
após a confirmação
do diagnóstico
médico
mediante
acompanhamento prévio diário da PA, de pelo menos uma semana antes
da próxima consulta médica;
44
 O enfermeiro coordenador da equipe (PSF ou UBS) é o responsável
por administrar o grupo de hipertensos;
 A solicitação da rotina básica de exames laboratoriais pode ser feita
pelo médico ou pelo profissional enfermeiro (na consulta de
enfermagem no momento do cadastro no HIPERDIA). O retorno do
paciente com os resultados de exames em consulta médica será
agendado ou marcado conforme livre demanda;
 A consulta de enfermagem constará de entrevista com o usuário
sobre seus dados pessoais, documentos, endereço, dados clínicos,
fatores de risco e co-morbidade, e orientações sobre o tratamento
proposto, devendo ser registrado no prontuário, todos os dados clínicos
e orientações gerais, assim como todas as consultas realizadas. Na
inclusão em grupo o profissional enfermeiro informará ao paciente toda
rotina do programa;
 Na 1ª consulta de Enfermagem o profissional enfermeiro deve dispor
de cópias do: “DICAS AO HIPERTENSO PARA UMA BOA
ALIMENTAÇÃO” e “ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E NATURAL
PARA O CONTROLE DA HIPERTENSÃO” (anexo deste protocolo),
para fornecer e ler junto com o paciente, orientando-o.
 Os exames considerados “para situações especiais” (citadas neste
protocolo)
serão solicitados pelo profissional médico após a
apresentação da primeira rotina e avaliação.
 Após diagnóstico e cadastro no programa, o usuário deverá ter sua
HAS classificada pelo médico, conforme este protocolo, em leve,
moderada, grave ou HA sistólica isolada, além de caracterização do
risco individual, o que determinará o intervalo de consultas médicas e de
enfermagem, conforme este protocolo.
 Será confeccionada uma carteirinha (disponível no CDM) com o
nome da unidade de saúde, usuário, no do cadastro, prontuário
45
(individual – UBS e da família – PSF), medicamentos prescritos, data,
hora, valor das PA aferidas, datas das reuniões e última consulta médica,
conforme sugestão em Anexo.
9.5. Rotina do Programa de Hipertensão

O usuário deverá participar das reuniões mensais que serão
programadas e realizadas pela equipe da unidade de saúde, ou obter a
medicação na Unidade de Saúde (pacientes dispensados); se houver 3
faltas consecutivas – ou 5 intermitentes – durante o ano, o paciente será
temporariamente excluído do programa, após busca ativa mal sucedida
realizada pela equipe.

Estarão dispensados de participar das reuniões os usuários que
comprovem trabalho durante o período das reuniões, os acamados e os
portadores de deficiência, sendo que estes deverão retirar a medicação
na unidade de saúde na data marcada pela equipe da unidade, podendo
esta retirada ser feita por um representante (não obrigatório).

O usuário poderá participar das atividades de condicionamento
físico (caminhadas, aulas de ginásticas, partidas esportivas), conforme
cada serviço e de acordo com este protocolo.

O usuário deverá mensurar regularmente a sua pressão arterial
conforme a orientação da equipe de saúde da Unidade.

Os usuários cadastrados deverão ter sua participação controlada por
um documento de controle interno da Unidade de Saúde, onde consta o
nome do usuário, número do prontuário, quantidade de medicação
utilizada mensalmente e presenças nas reuniões, conforme sugestão de
modelo em Anexo.
46
9.6. Critérios para encaminhamentos (referência e contra-referência)
Em algumas situações haverá necessidade de uma consulta especializada
em unidades secundárias ou terciárias de referência, recomendada para as
seguintes situações (Brasil, 2001):
 HA resistente, grave ou acelerada;
 Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC);
 Insuficiência Renal Crônica (IRC);
 Suspeita de HA secundária;
 HA em gestantes;
 HA em crianças e adolescentes;
 Edema Agudo de Pulmão prévio
 Complicações oculares;
 Lesões vasculares das extremidades, incluindo o pé diabético;
 AVE prévio com déficit sensitivo e/ou motor;
 Infarto Agudo do Miocárdio prévio;
 Diabéticos de difícil controle, e para rastreamento de complicações
crônicas, a critério médico.
47
10. REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Área técnica de
diabetes e hipertensão arterial. Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes
mellitus (DM): Protocolo. Brasília, 2001.
Costa, R. P., Terapia Nutricional da Hipertensão Arterial, Nutrição profissional,
São Paulo: Racine, Ano II – Setembro/Outubro de 2006, número 9, pág. 18-24.
Curitiba. Protocolo de Atenção à Hipertensão Arterial Sistêmica. Secretaria
Municipal de Saúde, Centro de Informações em Saúde, 2004.
Hardman JG Ed. et al. Goodman & Gilman Bases farmacológicas da terapêutica.
9a. Ed, Cap. 19, MacGraw-Hill, Rio de Janeiro, 1996.
JNC 7. National High Blood Pressure Education Program. The seventh reporth of
the Joint National Committee on detection, evaluation, and treatment of high blood
pressure. JAMA, 289, 2560-72, 2003.
Rang. HP; Dale, MM; Ritter, JM. Farmacologia. 5a. Ed., Ed. Guanabara Koogan,
Rio de Janeiro, p. 1-854, 1998.
Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), Sociedade Brasileira de Cardiologia,
Sociedade Brasileira de Nefrologia - V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
Arterial – Revista da Sociedade Brasileira de Hipertensão, São Paulo: Best Point
Editora, volume 9, no. 4, 2006.
48
11. ANEXOS
I. Conteúdos em educação alimentar para o hipertenso
Tabela 11. Dicas para melhorar sua alimentação (Serviço de Nutrição – SMS Colombo).
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
9)
10)
11)
12)
13)
14)
15)
16)
DICAS AO HIPERTENSO
PARA UMA BOA ALIMENTAÇÃO
O consumo reduzido de sal é recomendado para toda a família, inclusive para as
crianças. Retire o saleiro da mesa.
Evite o uso de antiácidos como bicarbonato de sódio.
Verifique o rótulo dos alimentos e observe a presença e quantidade de sódio.
Ao usar adoçante, evite os ciclamatos e sacarinas, porque contêm sódio.
Utilize temperos naturais, como tomate, cebola, alho, cheiro verde, orégano e louro. Eles
podem diminuir a necessidade de sal no alimento.
Procure fazer de quatro a seis refeições ao dia, incluindo os diferentes grupos de
alimentos, em horários regulares (café da manhã, colação, almoço, lanche, jantar e ceia).
Evite as frituras, os alimentos industrializados, os salgadinhos, as lanchonetes.
Dê preferência aos alimentos frescos, como frutas, legumes e verduras.
Beba no mínimo dois litros de líquidos por dia, água sem gás, sucos ou refrescos, porém
fora das refeições.
Coma alimentos ricos em potássio, caso esteja usando medicamento diurético (feijão,
ervilha, folhas verde-escuras, banana, melão, laranja, frutas secas, cenoura, beterraba,
etc).
Controle seu peso, pois a obesidade faz a pressão subir.
Faça atividade física regularmente, a caminhada pode ajudar, consulte o seu médico.
O stress pode agravar a hipertensão, desta forma, procure no dia a dia uma atividade de
relaxamento que lhe dê prazer. Bom humor faz bem a saúde.
Não tome remédios sem receita e não interrompa sua medicação sem orientação médica.
Reduza a ingestão de bebidas alcoólicas, pois o excesso faz a pressão arterial subir.
Não fume. O cigarro aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
49
Tabela 12. Alimentação saudável e natural para o controle da hipertensão (Serviço de
Nutrição – SMS Colombo)..
Tipos de
Alimentos
Cereais e
preparações à
base de cereais
Vegetal C
Recomendados
Arroz, macarrão, cuscuz, angu,
farinhas, torrada, biscoito d’água.
Batata inglesa, batata doce, inhame,
aipim, cará.
Frutas, legumes e Todos, em especial aqueles ricos em
verduras
potássio: banana, laranja, abacaxi,
melão, vegetais verde-escuros,
cenoura, tomate, abóbora.
Leguminosas
Feijão preto, mulatinho, branco,
lentilha, ervilha seca, grão de bico.
Carnes em geral e Carne de boi magra: coxão mole,
derivados
coxão duro, patinho, lagarto, alcatra,
filé, pá, músculo.
Aves
Frango, peru, chester (sem pele)
Peixes
Peixes frescos: sardinha, pescada,
merluza, linguado, pargo, corvina,
anchova.
Leite e derivados Queijo (sem sal) branco, ricota,
cottage, leite e iogurte desnatados.
Molhos e
temperos
Bebidas
Gorduras
Tipos de
preparações
Não recomendados
“macarrão instantâneo”, pães
salgados, pão de queijo, biscoitos
salgadinhos e recheados.
Batata frita, aipim frito.
Frutas em calda, vegetais em conserva
(milho, palmito, ervilha), sopas
industrializadas (pacote).
Feijão com carnes salgadas, feijoada,
feijão enlatado.
Bacon, presunto, carne seca, salsichas,
lingüiça, paio, salame, carnes salgadas
e defumadas, mortadela.
Patê, salsicha, lingüiça.
Frutos do mar, bacalhau, aliche,
sardinha enlatada, atum enalatado,
mulato velho.
Queijo prato, muzzarela, parmesão,
catupiry, provolone, requeijão,
sorvetes.
Ervas e temperos naturais: alho,
Azeite de dendê, temperos prontos,
cebola, louro, orégano, hortelã,
shyo, mostarda, molho de tomate
coentro, alecrim, cheiro verde,
pronto, ketchup, molho inglês,
vinagre, limão.
pimenta, caldos de carne e de frango.
Água, refrescos, sucos de frutas, chás Refrigerantes, café, chá preto, mate,
naturais e água de coco (rica em
guaraná natural, sucos artificiais e de
potássio).
pacote e bebidas alcoólicas.
Óleo de soja, de milho, de girassol ou Maionese, banha, manteiga e
de canola, azeite.
margarina com sal, gordura
hidrogenada, gordura de coco.
Assados, grelhados, no vapor,
Frituras, preparações com molhos
ensopados, cozidos, refogados.
gordurosos.
Quadro 12 - quantidade de sal e potássio contida em certos
alimentos
(composição química dos alimentos por 100 gramas)
NÃO-RECOMENDADOS
Alimentos
Sal (g)
Potássio
(mg)
10,8
200
Carne-de-sol
14,3
603
Bacalhau
Salgado
2,6
236
Bacon
defumado
3,8
501
Caviar
2,5
303
Manteiga
com sal
4,8
337
Presunto
cozido
2,9
268
Lingüiça porco
1,6
Batata Chips
3,0
Picles
1,8
130
Pizza
3,0
Azeitona
3,1
66
Queijo
Camembert
3,0
82
Queijo
Roquefort
5,3
376
Salame
2,5
235
Salsicha
COM MODERAÇÃO
Alimentos
Sal (g)
Potássio
(mg)
1,5
17
Maionese
1,0
121
Macarronada
1,0
53
Requeijão
1,5
141
Pão francês
0,3
128
Ovo
0,3
393
Doce de leite
RECOMENDADOS
Alimentos
Sal (g)
Potássio
(mg)
112
Carne
0,3
magra
Peixe
0,3
182
Cream
0,3
35
Cracker
Fígado
0,3
248
Galinha
0,3
211
Gelatina
0,4
42
Ricota
0,5
64
Queijo0,7
153
Minas
Peru
0,3
288
Maçã
64
Mamão
0,1
212
Manga
76
Maracujá
0,1
360
Mel de
34
abelha
Melancia
42
Melão
0,2
429
Morango
0,1
155
Óleo de
4
soja
Pepino
0,1
76
Pêra
0,1
132
Pêssego
0,1
121
Pimentão
0,1
154
verde
Quiabo
0,1
31
0,2
Rabanete
383
Repolho
0,1
161
209
Tomate
0,1
188
Uva branca
0,1
50
51
II. Relação manguito / braço
Tabela 13. Dimensões aceitáveis – em centímetros – da bolsa de
borracha para braços de diferentes tamanhos (adaptado de SBH,
2006).
Denominação do
CircunLargura do
Comprimento
manguito
ferência
manguito
da bolsa
do braço
Recém-nascido
3
6
Criança
6-15
5
15
Infantil
16-21
8
21
Adulto pequeno
22-26
10
24
Adulto
27-34
13
30
Adulto grande
35-44
16
38
Coxa
45-52
20
42
52
III . Ficha de cadastro do Hiperdia
53
5
3
54
IV – Consulta e Atendimento de Enfermagem para HAS
A Assistência de enfermagem ao adulto portador de hipertensão arterial deve estar voltada
à prevenção de complicações cardiovasculares, manutenção de níveis pressóricos normais,
avaliando e controlando os fatores de risco para complicações.
O serviço de saúde deve oferecer agendamento prévio para os atendimentos individuais ou
em grupo, para monitoramento das condições de saúde, segundo projeto terapêutico individual e
coletivo elaborado pela sua equipe de referência.
CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA O PACIENTE HIPERTENSO
Ao enfermeiro:
- Histórico de enfermagem
a. Identificação do cliente (dados sócio-econômicos, ocupação,
moradia, lazer e religião)
b. Antecedentes familiares e pessoais (agravos à saúde)
c. Medicações em uso (investigando efeitos colaterais)
d. Hábitos alimentares
e. Hábitos de vida (tabagismo, alcoolismo, drogadição, sono e repouso,
higiene e eliminações)
f. Queixas atuais (alergias, taquicardia, tontura, dor pré-cordial,
dispnéia, cefaléia, câimbras, zumbido nos ouvidos, escotomas,
parestesias, impotência sexual, citologia oncótica e queixas
ginecológicas para mulheres)
g. Percepção do cliente frente à patologia
h. Exame físico:
� Dados antropométricos
� PA sentado e deitado
� Pulso radial e carotídeo
� Rubor facial
� Alterações de visão
5
4
55
� Ingurgitamento jugular e tireóideo
� Pele (integridade, turgor, coloração e manchas)
� Tórax (ausculta cardiopulmonar)
� Abdome
� MMSS e MMII (edema, pulso pedioso e lesões)
- Levantamento de problemas/ diagnósticos de enfermagem conforme CIPESC ®
PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM
- Orientações higieno-dietéticas, hábitos de vida, medicações em uso e ao programa de
acompanhamento
- Solicitação de exames previstos no protocolo (pagina 12)
- Fornecer a medicação em uso se necessário
• Prescrição padrão de enfermagem para o paciente hipertenso de baixo e médio risco
1. Promover um ambiente tranqüilo e estabelecer uma relação vínculo, respeitando a privacidade
do paciente.
2. Realizar a escuta ampliada e registrar no prontuário.
3. Verificar PA sentado, em pé e deitado, pulsos (radial e pedioso), freqüência respiratória e peso.
4. Verificar presença de edema de pálpebras, MMSS e II e rubor facial.
5. Registrar o medicamento em uso (tipo, dosagem, quantidade, horários).
Caso o paciente refira alterações, adaptações, reações ao uso do medicamento, solicitar avaliação
médica ou do enfermeiro.
6. Verificar se o paciente mantém dieta prescrita pelo médico, enfermeiro e/ou nutricionista.
7. Verificar o uso de bebidas alcóolicas e/ ou tabagismo.
8. Checar e estimular a execução de atividades físicas, que tenham sido liberadas pelo médico.
9. Inquirir sobre qualidade de vida do paciente e sintomas associados a hipertensão (palpitação,
tonturas, dor pré cordial, dispnéia, cefaléia, zumbidos nos ouvidos, câimbras, escotomas,
parestesias, impotência sexual, sangramentos e alterações do sono).
10. Apresentar recursos disponíveis da comunidade, a fim de melhorar a qualidade de vida (teatro,
aulas, grupos interativos).
11. Agendar grupos para orientação e discussão da patologia com o enfermeiro.
12. Solicitar avaliação conjunta do enfermeiro ou médico em casos de queixas ou sintomas.
5
5
56
13. Incluir outras intervenções de acordo com os diagnósticos encontrados na CIPESC ®.
• ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM
Ao auxiliar e/ou tecnico de enfermagem:
- Ouvir o relato do paciente (queixas e dúvidas)
- Executar prescrições médicas e de enfermagem (padrão ou individual, conforme projeto
terapêutico estabelecido).
5
6
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