contribuições da psicomotricidade na superação de

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CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NA SUPERAÇÃO DE
DIFICULDADES ESCOLARES REFERENTES A LEITURA E
ESCRITA.
Eduardo Oliveira Sanches (DTP/UEM)
Andrey Amorim Sargi (G – Educação Física/UEM)
Felippe Hakaru Hirayama (G – Educação Física/UEM)
Minicurso
INTRODUÇÃO
O projeto de extensão intitulado “Apoio Pedagógico para crianças e adolescentes com
dificuldades escolares” – PROPAE/UEM atende alunos das séries iniciais do Ensino
Fundamental que apresentam queixas de baixo desempenho escolar nas áreas de leitura e
escrita e matemática básica. Adotamos no ano letivo de 2012 a Psicomotricidade como
estratégia de mediação junto ao público-alvo atendido, com vistas à superação de dificuldades
específicas de atenção, de coordenação e de socialização. Para tanto contamos com a
colaboração de acadêmicos do curso de Educação Física que desenvolvem atividades como
jogos. A Psicomotricidade estuda o ser humano em seus aspectos motores, psíquicos e
afetivos, visando o desenvolvimento de movimentos específicos e contribui nas atividades de
reabilitação favorecendo uma prática cotidiana consciente. A presente proposta se apresenta
como uma alternativa na modalidade de reforço escolar, geralmente circunscrita ao espaço de
sala de aula. Entendemos que a criança é mais que um ser dividido em partes; ela é inteira,
uma unidade, uma pessoa indivisível. Nesse sentido, a adoção da Psicomotricidade como
estratégia de mediação justifica-se nesse projeto. Como resultado do atendimento até então
realizado, já foi possível observar uma melhora na interação social do grupo atendido,
especialmente no estabelecimento de relações sociais mais afetivas e marcadas pelo respeito
mútuo e ainda, no aumento da atenção em atividades convencionais de leitura e escrita e de
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matemática. De forma mais pontual, registrou-se melhor desempenho nas atividades de
coordenação motora, lateralidade e equilíbrio.
DESENVOLVIMENTO
Na proposta desta oficina, partimos das idéias da ciência da psicomotricidade, que
estuda o ser humano em seus aspectos motores fazendo relação com seu estado emocional e o
meio em que habita, ou seja, na evolução ou desenvolvimento de movimentos no contexto das
experiências vividas pelo individuo.
Por meio desse estudo entendemos que para se compreender as dificuldades de
aprendizagem não seria oportuno basear-se apenas em uma abordagem cognitivista da
aprendizagem, pois o ser humano tem no movimento corporal inúmeras possibilidades de
conhecer a si e ao mundo. Fonseca (1983, p.13), importante estudioso da psicomotricidade,
cita que “a originalidade peculiar do movimento não caracteriza como mecanismo psíquico ou
fisiológico, como consciente ou inconsciente; ele traduz e projeta no mundo a ação relativa a
um seu jeito”. Assim ao questionarmos as dificuldades de aprendizagem partimos dessa
característica humana e das possibilidades formativas que a mediação de atividades com o
foco da psicomotricidade pode trazer ao debate deste tema.
Um importante recorte que fazemos em nossa proposta é a de que a psicomotricidade
como ciência trouxe avanços e contribuições que podem auxiliar os indivíduos na adaptação
as ações cotidianas. Entre elas destacamos as práticas motoras que fundamentam a
experiência infantil e servem de suporte para o trabalho do pedagogo no que tange a
aprendizagem da leitura e escrita. A partir dessa idéia, abordaremos conteúdos sobre a
educação inclusiva e a utilização de elementos da psicomotricidade pelos profissionais da
educação junto a crianças que apresentem queixas escolares referentes a tais aspectos.
Tem-se como ponto de partida a compreensão de que a mediação, segundo a
concepção de Vigotsky (1991), seja o principio metodológico do trabalho educacional
realizado nessa proposta, bem como no lúdico o recurso utilizado como vetor dos processos
que propomos.
Conhecimentos da psicomotricidade são utilizados como estratégia à mediação
proposta em nossas ações no PROPAE. Assim, concordamos com Aguiar (2004) na obra
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“Educação Inclusiva: jogos para o ensino de conceitos” no qual busca vincular o trabalho
psicomotor à aquisição de habilidades e aprendizagem por meio de atividades lúdicas.
Nesse contexto, nos utilizamos dos conhecimentos da psicomotricidade, visando
contribuir no desenvolvimento das funções mentais mais complexas que envolvem o controle
voluntário do comportamento. Elementos tais como percepção, atenção, memória, estão
potencialmente presentes no ser humano desde o seu nascimento e se constituem nas relações
sociais. Concepções como noção espaço temporal, lateralidade, equilíbrio, entre outras, são
considerados pré-requisitos à aprendizagem e são aprendidos de modo relacional, ou seja, na
interação de um individuo com o outro no cotidiano das vivências estabelecidas.
Nesse sentido, conforme Tezani (2006), as funções psicológicas superiores só se
organizam por meio da mediação. O conceito de mediação se define em um processo de
intervenção entre um elemento intermediário em uma relação. Esse elemento, segundo a
autora, é dividido em dois elementos básicos, o instrumento e o signo: “o instrumento, que
tem a função de regular as ações sobre os objetos e o signo, que regula as ações sobre o
psiquismo humano” (TEZANI, 2006, p. 3)
Para Vigotsky (1991) a aprendizagem ocorre por meio de uma ação mediada. A
mediação se realiza no que o autor chama de desenvolvimento proximal. Para ele, existem
níveis de desenvolvimento, sendo eles: o potencial, proximal e real. O potencial se refere à
capacidade de realizar tarefas com a ajuda de outras pessoas mais capazes. O real se refere à
capacidade que o individuo tem de realizar tarefas sozinhos. A proximal está entre esses dois
níveis, do potencial ao real. Assim, é função do educador é de ser mediador na zona de
desenvolvimento proximal contribuindo para o desenvolvimento das funções psicológicas
superiores. Dessa forma, na situação de jogo, é papel do mediador fazer a seleção dos
estímulos segundo as necessidades objetiva e subjetiva que as crianças encaminhadas ao
PROPAE apresentam no inicio das atividades.
Parte-se do principio de que a ação lúdica por meio do jogo possibilita à criação de um
espaço oportuno a aprendizagem descrita por Vigotsky no conceito de zona de
desenvolvimento proximal. O jogo, devido ao seu caráter lúdico, proporciona situações
facilitadoras da aprendizagem, nas quais a criança tem a possibilidade de colaborar no
decorrer das atividades, despertando sua espontaneidade e tornando a intervenção mais
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prazerosa. Nesse sentido, o jogo propicia saltos no processo de aprendizagem e
desenvolvimento do individuo.
Na perspectiva histórica cultural, o jogo é considerado como um fenômeno
historicamente construído e desenvolverá na criança funções psicológicas superiores que
repercutirá na sua vivência em sociedade, como também, nos processos educacionais
experimentados pela criança.
Com ele, o individuo começa a adquirir motivação,
habilidades e atitudes necessárias para sua interação social, assim como o desenvolvimento da
capacidade de leitura e escrita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após revisão teórica utilizada para construção dessa proposta e da mediação realizada
junto às crianças beneficiarias do PROPAE, entendemos que depois da incorporação das
experiências lúdicas pelas crianças, ela passa a expressar intencionalmente conteúdos
subjetivos por meio do movimento, abrangendo afeto, cognição, angústias, aprendizado,
enfim.
Ao utilizar jogos psicomotores e atividades de caráter lúdico obtivemos resultados
importantes, pois com o trabalho desenvolvido notou-se significativos avanços referentes à
construção da corporeidade, convivência e interação em grupo e enriquecimento do repertório
motor vinculado as queixas escolares evidenciadas na anamnese do inicio do trabalho com o
grupo. Tais avanços repercutiram no contexto do convívio escolar e familiar, no
desenvolvimento atenção voluntaria e, por conseqüência, no desenvolvimento das atividades
em sala de aula.
Crianças que no inicio do trabalho se mostravam retraídas e de conduta agressiva, hoje
são marcadas pelo respeito e interação com os demais, principalmente conhecendo e
convivendo com as diferenças.
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REFERÊNCIAS
AGUIAR, João Serapião de. Educação Inclusiva: Jogos para o ensino de conceitos. 2. ed.
Campinas: Papirus, 2004.
FONSECA, Vítor da. Psicomotricidade. 1ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
VIGOTSKY. L. V. A Formação Social da Mente: O desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
TEZANI, Taís Cristina Rodrigues. O jogo e os processos de aprendizagem e
desenvolvimento: aspectos cognitivos e afestivos. Marília: Educação em Revista. Vol. 7, n.
1-2, 2006. Disponível em: www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/educacaoemrevista
Acesso em: 10 nov. 2011
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