Pelourinho tem assassinatos, mas não contabiliza seus crimes

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Bahia
–
Pelourinho
assassinatos,
mas
contabiliza seus crimes
Principal
área
turística
de
Salvador
vive
tem
não
“apagão”
de
estatísticas sobre violência, tornando mais difícil arranjar
solução para o problema.
Guia turístico orienta grupo no Pelourinho na
tarde desta sexta-feira (22). Ao fundo, a praça
do Reggae, local onde um homem foi morto no
último dia 15.
O poder público na Bahia desconhece quantos crimes ocorrem no
Pelourinho, coração do centro histórico de Salvador e
patrimônio cultural da humanidade desde 1985. Ainda assim,
autoridades policiais dizem que o problema na região é a
“sensação de insegurança”, e não violência real.
Essenciais ao planejamento em segurança pública, as
estatísticas criminais são de difícil acesso no Pelourinho
porque a área não coincide com as bases territoriais das
delegacias da Polícia Civil e do batalhão da Polícia Militar
responsáveis pela região. A Deltur (Delegacia de Proteção do
Turista) e a 1ª Delegacia de Salvador, que recebem as
ocorrências do Pelourinho, abrangem áreas maiores do que a do
centro histórico, e o mesmo ocorre com o 18º Batalhão da PM.
O resultado é um descompasso entre os fatos e as declarações
de autoridades policiais. “Aqui você não vai encontrar
homicídio. O que eventualmente ocorre são furtos”, afirmou ao
iG, no último dia 7, a delegada Maritta Souza, titular da
Deltur, sediada no Pelourinho. Uma semana depois, no dia 15,
um homem de 21 anos foi morto a tiros na praça do Reggae, bem
no largo do Pelourinho, ponto principal do local.
O Pelô está esquecido pelo poder público. Aqui quando dá 18h
eu vou embora, vivo amedrontado”, diz artista plástico.
Descobriu-se dias depois que a vítima era um traficante preso
por tentar assaltar uma turista e liberado em abril pela
Justiça. O assassino, segundo a polícia, é um morador de rua e
usuário de drogas que cometera o crime – e matou a pessoa
errada – por R$ 25. Em outro episódio recente de violência no
Pelourinho, em 29 de maio, uma suposta briga de traficantes
durante um ensaio do Olodum deixou um morto e quatro feridos.
Sem números para atestar declarações e verificar a evolução da
criminalidade na região, policiais e até comerciantes
sustentam, contudo, que o problema da área é a “sensação de
insegurança”, alimentada pela repercussão maior de delitos
cometidos no Pelourinho.
“O Pelourinho é uma área segura. Temos 12 câmeras em
funcionamento e 35 policiais para patrulhar uma praça, três
ruas e uma ladeira, que é a área do local”, disse o tenentecoronel José Jorge Nascimento, comandante do 18º Batalhão.
Sobre os registros de crimes, afirmou que teriam que ser
objeto de levantamento específico. O mesmo respondeu a
delegada Souza, da Deltur. “Fazemos estatísticas para
alimentar o banco de dados da polícia, não da imprensa.”
Para Lenner Cunha, presidente da Acopelô (Associação de
Comerciantes do Pelourinho), a reputação do Pelourinho como
local inseguro é alimentada pela mídia, que, segundo ele,
costuma atribuir ao local crimes que ocorrem no entorno, e até
por gerentes de hotéis que aconselham turistas a não levar
dinheiro para a área. “Mais do que violência real, é uma
sensação de insegurança”, afirmou. O dirigente vê como mais
graves outros problemas do Pelourinho, como a sustentabilidade
comercial das lojas e perdas em preservação do patrimônio.
Mas há opiniões diferentes entre os próprios lojistas. “O Pelô
está esquecido pelo poder público. Aqui quando dá 18h eu vou
embora, vivo amedrontado”, disse o artista plástico José Maria
Sousa, dono de atelier no Pelourinho e há 20 anos na região.
Escalado pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia para
coordenar ações para o centro histórico, o superintendente de
Gestão Integrada da pasta, André Barreto, reconhece o problema
da falta de estatísticas criminais sobre o Pelourinho e diz
que o governo Jaques Wagner (PT) busca resolvê-lo.
“Há uma série de dados estatísticos que
acompanhar, como delitos específicos
histórico. Estamos criando uma poligonal
registros criminais da secretaria) para
precisamos produzir e
ocorridos no centro
dentro do sistema (de
que possamos extrair
as ocorrências dentro daquele território”, disse.
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