Universidade Federal de São João del-Rei Coordenadoria do Curso de Química Emprego de Polímeros Impressos (Molecularmente ou Ionicamente) Visando o Desenvolvimento de Sensores Eletroquímicos para a Determinação de Analitos de Interesse Farmacêutico e Ambiental Malena Karla Lombello Coelho São João del-Rei – 2016 EMPREGO DE POLÍMEROS IMPRESSOS (MOLECULARMENTE OU IONICAMENTE) VISANDO O DESENVOLVIMENTO DE SENSORES ELETROQUÍMICOS PARA A DETERMINAÇÃO DE ANALITOS DE INTERESSE FARMACÊUTICO E AMBIENTAL Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado no 2º semestre do ano de 2016 ao Curso de Química, Grau Acadêmico Bacharelado, da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Química. Autor: Malena Karla Lombello Coelho Docente Orientador: Doutor Arnaldo César Pereira Modalidade do Trabalho: Revisão Bibliográfica São João del-Rei – 2016 RESUMO: Desenvolver métodos analíticos cada vez mais seletivos e sensíveis, de respostas rápidas, precisas e eficientes é de grande relevância em diferentes áreas do conhecimento. Neste ponto, as técnicas analíticas desempenham um papel fundamental, pois apresentam algumas características vantajosas, como custo moderado, elevada sensibilidade e seletividade, resposta rápida, entre outras. Eletrodos quimicamente modificados são eletrodos com espécies quimicamente ativas, resultantes da imobilização de um agente modificador sobre a superfície de um eletrodo base, buscando pré-estabelecer e controlar a natureza físico-química da interface eletrodo-solução como meio de alterar a reatividade e seletividade do sensor base. A modificação dos eletrodos pode ser feita de diferentes formas e com diferentes materiais. Uma nova alternativa na modificação de eletrodos que merece destaque é a partir do emprego de Polímeros Impressos Molecularmente (MIP) e Polímeros Impressos com Íons (IIP). Tanto os MIPs como os IIPs têm atraído considerável atenção nas ultimas décadas, pois aparecem como uma ferramenta promissora para o desenvolvimento de sistemas com reconhecimento biomimético semelhante aos sistemas específicos, como por exemplo, antígeno-anticorpo. As vantagens deles em relação aos materiais biológicos incluem o preparo fácil e de baixo custo e o armazenamento simples que acontece muitas vezes à temperatura ambiente por longos períodos de tempo. Esses eletrodos modificados com MIP ou IIP são ótimas alternativas para a determinação de substâncias de interesse farmacêutico, medicinal, ambiental, entre outros, devido as suas características como seletividade, sensibilidade, baixo custo e portabilidade. As técnicas mais utilizadas para análises quantitativas de substâncias farmacêuticas, medicinais, ambientais, entre outras são as cromatográficas, as quais são muito importantes em função de suas facilidades em efetuar as separações, identificar e quantificar as espécies presentes nas amostras. Em contrapartida os sensores modificados com MIP ou IIP apresentam vantagens em relação às técnicas e aos modificadores convencionais principalmente pelas seletividade, custo moderado, portabilidade, respostas rápidas, possibilidade de miniaturização do sistema e de análises de matrizes complexas. Assim, o objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica avaliando a aplicação de sensores modificados com MIP e IIP em amostras farmacêuticas e ambientais e o progresso dessa metodologia analítica nos dias atuais. SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................................1 1.1.Eletrodos Quimicamente Modificados................................................................................1 1.2.Polímeros Impressos Molecularmente (MIP)......................................................................3 1.3.Polímeros Impressos com Íons (IIP)...................................................................................6 1.3.1.Polímeros Orgânicos Impressos com Íons......................................................................7 1.3.2.Polímeros Inorgânicos Impressos com Íons....................................................................8 1.3.3.Polímeros Hibridos Orgânicos-Inorgânicos Impressos com Íons....................................8 1.4.Imobilização do MIP ou IIP em Diferentes Transdutores...................................................8 1.4.1.Imobilização por Oclusão................................................................................................9 1.4.2.Polimerização de Filmes Sobre a Superfície do Transdutor...........................................9 1.4.2.1.Polimerização Direta do MIIP ou IIP Sobre o Transdutor.............................................9 1.4.2.2.Polimerização in situ.....................................................................................................9 1.4.3.Imobilização do MIIP ou IIP em Compósitos.................................................................10 2.OBJETIVO...........................................................................................................................10 3.APLICAÇÃO DOS SENSORES BIOMIMÉTICOS...............................................................10 3.1. Uso dos Polímeros Impressos Molecularmente (MIP) no Desenvolvimento de Sensores Biomiméticos .........................................................................................................................11 3.1.1. Aplicação de Sensores Biomiméticos na Determinação de Fármacos......................11 3.2.Uso dos Polímeros Impressos com Íon (IIP) no Desenvolvimento de Sensores Biomiméticos..........................................................................................................................18 3.2.1. Aplicação de Sensores Biomiméticos na Determinação de Metais Pesados.............19 4.CONCLUSÃO......................................................................................................................26 5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................26 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 1. INTRODUÇÃO Nos últimos tempos, desenvolver métodos analíticos cada vez mais seletivos e sensíveis, de respostas rápidas, precisas e eficientes é de grande relevância em diferentes áreas do conhecimento, abrangendo os setores ambientais, farmacêuticos, alimentício, entre outros. Neste ponto, as técnicas analíticas desempenham um papel fundamental.1 Entre essas técnicas, as técnicas eletroquímicas merecem destaque devido a algumas características vantajosas, como custo moderado, portabilidade, elevada sensibilidade e seletividade, resposta rápida, possibilidade de miniaturização do sistema e de análise de matrizes complexas.2,3 Os sensores eletroquímicos são dispositivos que permitem a coleta de dados e a obtenção de informações com uma mínima manipulação do sistema em estudo, além disso eles possuem características que os distinguem de métodos instrumentais de grande porte, pois permitem a obtenção de informações in situ e em tempo real, além da portabilidade, da possibilidade de miniaturização e do baixo custo.3,4 Dessa forma, os sensores podem ser aplicados com alta sensibilidade e seletividade em amostras ambientais, biológicas e de interesse industrial.5 Apesar dessas características, os sensores apresentam algumas limitações em seu emprego as quais estão associadas a problemas de sensibilidade, estabilidade, entre outras. Dessa forma, pensando na melhoria dos sensores eletroquímicos surgiram os eletrodos quimicamente modificados (EQM).6 Essa denominação foi introduzida por Murray e colaboradores na década de 1970, para nomear eletrodos modificados com espécies quimicamente ativas, imobilizadas em suas superfícies.7 1.1. Eletrodos Quimicamente Modificados Os EQM´s são eletrodos modificados com espécies quimicamente ativas, resultantes da imobilização de um agente modificador sobre a superfície de um eletrodo base, tendo como função pré-estabelecer e controlar a natureza físico-química da interface eletrodosolução para alterar a reatividade e seletividade do sensor base, proporcionando o desenvolvimento de eletrodos para vários propósitos e aplicações.7 Um eletrodo quimicamente modificado compõe-se de duas partes, o eletrodo base e uma camada do modificador químico. A escolha do eletrodo base é o principal ponto do trabalho, pois este deve apresentar características eletroquímicas apropriadas e ser 1 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 adequado para a imobilização do modificador na superfície. Entre os inúmeros materiais utilizados destacam-se o ouro, platina, carbono vítreo, fibras de carbono e pasta de carbono.7,8,9 Dessa forma os diversos materiais e a possibilidade de associá-los leva esses dispositivos a uma vasta gama de aplicações, como no controle de qualidade de medicamentos e no controle ambiental. O uso de camadas de agentes modificadores sobre a superfície do eletrodo base tem sido a principal forma de modificar a superfície de um eletrodo. Os métodos mais importantes para a introdução de um agente modificador sobre a superfície do eletrodo base consistem em adsorção, formação de compósitos, ligação covalente, recobrimento com membranas poliméricas e eletrodeposição.8,9 As principais características desses métodos encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Métodos de modificação da superfície de eletrodos. Métodos de modificação 8,9 Principais características Consiste na dissolução do agente modificador em um solvente apropriado e na exposição Adsorção (em geral por imersão) do eletrodo na solução. Apesar de ser um método simples, somente uma camada de modificador é obtida e a dessorção pode prejudicar a reprodutibilidade do sistema. É uma mistura de diferentes componentes (por exemplo orgânicos e inorgânicos) em que Formação de compósitos duas ou combinadas, mais substâncias passando a são apresentar propriedades únicas. Exemplos: eletrodo de pasta de carbono, grafite-epóxi, “screenprinted” e pastilhas. Incorporação de várias substâncias, de maneira estável, por meio da manipulação da Ligação covalente reatividade dos grupos funcionais existentes na superfície do eletrodo. É um método muito estável e reprodutivo. Entretanto, necessita de um tempo maior de realização e gera uma única camada 2 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 imobilizada. Tem como objetivo recobrir a superfície do eletrodo com Membranas poliméricas polímeros condutores ou permeáveis ao eletrólito suporte e à espécie eletroativa de interesse. Por meio da imobilização de policamadas da espécie ativa na superfície do eletrodo, ampliando assim a resposta eletroquímica. Ocorre pela deposição de uma espécie na superfície do eletrodo mediante a aplicação de um potencial apropriado. Por meio deste Eletrodeposição processo há a transferência de cargas na interface eletrodo/eletrólito, ocorrendo reações químicas em que os produtos são sólidos. O uso de EQM’s é uma área em grande expansão, principalmente no desenvolvimento de novos materiais e novos métodos de modificação da superfície dos eletrodos, como a utilização de cerâmicas, macromoléculas (DNA), polímeros impressos molecularmente (MIP) e polímeros impressos com íons (IIP),8,10 1.2. Polímeros Impressos Molecularmente (MIP) O conceito de impressão molecular surgiu a partir da teoria de Pauling, na qual um antígeno desempenharia o papel de molécula molde para moldar a cadeia polipeptídica de anticorpos, dando origem a configurações complementares altamente seletivas. A partir dessa teoria outros pesquisadores desenvolveram metodologias para a preparação de materiais adsorventes com afinidades específicas para algumas substâncias como Wulff e Sarhan em 1972, que sintetizaram um polímero orgânico enantiosseletivo para o ácido glicérico. Com a evolução dessas metodologias surgem os Polímeros Impressos Molecularmente (MIPs).11,12 Os MIPs são polímeros sintéticos formados por reações de polimerização na presença da molécula molde (MM), que gera cavidades no material sintetizado que são 3 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 específicas para essa molécula. Desse modo, após a retirada da MM, os polímeros passam a apresentar sítos vazios com a forma da MM.12 Este material tem atraído considerável atenção nas últimas décadas, pois aparecem como uma ferramenta promissora para o desenvolvimento de sistemas com reconhecimento biomimético semelhante ao de sistemas biológicos específicos como antígeno-anticorpo e/ou enzima-substrato. O termo sensor biomimético refere-se àqueles sensores nos quais os elementos biológicos, usados nos biossensores convencionais, são substituídos por compostos ou materiais que permitem interações de reconhecimento de forma seletiva para um determinado analito, de forma similar ao que ocorre com a substância biológica.11,13 Os sistemas biomiméticos possuem algumas vantagens em relação aos sistemas biológicos como simplicidade, baixo custo no preparo, armazenamento simples que muitas vezes pode acontecer em temperatura ambiente e por um longo período de tempo, capacidade de adsorção e reprodutibilidade no preparo do polímero.11,13 O uso desses Polímeros Impressos Molecularmente destaca-se pela sua grande seletividade, a qual é adquirida no decorrer da síntese do polímero devido a interações da molécula molde com os monômeros funcionais, formando as cavidades seletivas após a retirada da MM.13 Entre os passos para a síntese do MIP, o mais importante é determinar criteriosamente a escolha do monômero empregado e do analito de interesse, que devem interagir fortemente com a finalidade de formar um complexo estável. O monômero é que vai determinar o tipo de ligação nos sítios impressos do polímero. Sua escolha depende da natureza do analito e suas interações devem ser fortes o suficiente para formar os sítios de ligação, mas também fracas o suficiente para permitir a retirada da MM sem destruir as cavidades de reconhecimento formadas.11 Essa interação analito-monômero pode acontecer por meio de ligações covalentes, que possuem sítios mais seletivos, mas restringem a aplicabilidade dos MIPs para poucos analitos e apresenta certa dificuldade na retirada da MM devido à natureza dessas ligações, que são consideradas fortes, ou por meio de ligações não covalentes em que a quebra das interações para a retirada da MM é feita de forma simples e apresentam sítios menos seletivos, porém é a mais utilizada dada a maior flexibilidade de aplicação dos MIPs para diferentes analitos. Dentre os diversos monômeros que podem ser empregados na síntese, o mais utilizado é o ácido meta-acrílico (MAA). Além dele podemos citar ácido acrílico, ácido p-vinilbenzóico, ácido acrilamidossulfônico, amino metacrilaminada, 4-vinilpiridina, 2vinilpiridina e acrilamida, entre outros.1,11,13 4 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 Outro parâmetro importante que influencia a estabilidade da formação do complexo analito-monômero é o solvente, o qual deve solubilizar tanto a MM quanto os monômeros, mas não deve interferir na interação analito-monômero. Além disso, o solvente deve induzir a formação de poros que irão facilitar a difusão dos analitos aos sítios seletivos. Solventes com essas características são conhecidos como porogênicos.1,13 Por fim, a seletividade desses polímeros é também assegurada pelo emprego de reagentes que promovem ligações cruzadas no polímero, conferindo assim estabilidade térmica e mecânica ao complexo analito-monômero. Os reagentes de ligação cruzada mais utilizados são etileno glicol dimetacrilato (EGDMA), N,N’-metileno-bis-acrilamina e N,N’fenilendiacrilamida. Também é necessário adicionar no meio reacional um iniciador radicalar para dar início à reação de polimerização. Os mais empregados são 2,2’-azo-bis-isobutironitrila (AIBN) e azo-bis-dimetilvaleronitrila (ABDV).11,13 De forma geral, para a formação do MIP, realiza-se a polimerização do monômero, sendo o polímero formado ao redor do analito de interesse. Em seguida, a molécula molde é removida por dissolução ou evaporação, dependendo do tipo de analito, e então o sítio do MIP é exposto. Este sítio vai possuir a forma e o tamanho da molécula molde. 12,13 A formação do MIP está representada do esquema da Figura 1. Figura 1: Esquema geral de síntese do MIP. 13 5 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 Por todas suas características o MIP vem sendo muito utilizado para o desenvolvimento de sensores químicos, tornando-se muito promissor para aplicações em indústrias farmacêuticas, a que será retratado neste trabalho, entre outras. 1.3. Polímeros Impressos com Íons (IIP) Como citado anteriormente, o desenvolvimento de novos materiais tem se expandido para diversos campos do conhecimento e trazido grandes inovações em várias áreas. Neste sentido, o estudo de novos materiais pode auxiliar muito na Química Analítica, levando a aumento na seletividade e na sensibilidade dos métodos analíticos conhecidos. Desses novos materiais além do MIP podemos destacar os Polímeros Impressos com Íon, que também são materiais sintéticos com reconhecimento biomimético semelhante aos sistemas específicos enzima-substrato e/ou antígeno-anticorpo.14 Os IIPs apresentam as mesmas características dos MIPs, incluindo simplicidade e conveniência da síntese. A síntese dos Polímeros Impressos com Íon pode ser dividida em três partes. Primeiro ocorre a formação de um íon complexo entre o íon metálico de interesse (analito) e o monômero, seguida da polimerização do complexo, que pode ser observada no esquema da Figura 2. E por fim, ocorre a retirada do íon metálico ligado ao centro ativo do complexo. É importante destacar que a seletividade do polímero é baseada na individualidade do ligante (monômero) em relação ao íon, na geometria de coordenação do complexo, no número de coordenação dos íons, assim como no tamanho e na carga do íon.15,16 Convencionalmente, os IIPs são preparados pelo método denominado por polimerização em “bulk”, no qual a reação ocorre em sistema homogêneo. Esta reação é conduzida em frascos fechados contendo o íon metálico, o monômero, o solvente, o reagente de ligação cruzada e o iniciador radicalar, na ausência de oxigênio, sob aquecimento ou exposição à radiação UV. O sólido obtido no final da síntese é então triturado de maneira a permitir o acesso ao analito, para a remoção e religação deste. Apesar de ser o método mais comum, ele apresenta algumas desvantagens como partículas de tamanhos irregulares e elevado tempo reacional.14,17 Para tentar produzir polímeros com partículas de tamanho uniformes surgiram novos métodos de preparo, destacando-se a síntese por precipitação, na qual utiliza-se um volume superior de solvente porogênico (acima de cinco vezes em relação a polimerização em “bulk”), e a síntese por polimerização por suspensão, em que utiliza-se um agente 6 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 estabilizador cuja função é evitar a coagulação das gotas dos monômeros durante o processo.14,17 De modo geral, o processo de síntese dos IIPs é bem simples, de baixo custo e apresenta possibilidade de várias rotas sintéticas e aplicações, além de serem quimicamente resistentes podendo ser reutilizáveis.14 Figura 2: Representação da formação de íon complexo entre o metal e o ligante (monômero) durante a reação de polimerização do IIP. 14 1.3.1.Polímeros Orgânicos Impressos com Íons Os trabalhos iniciais desenvolvidos com IIPs foram executados empregando-se polímeros orgânicos como poli(etilenoimina), poli(vinilpiridina) e poli(acrilato) para o reconhecimento de metais pesados. Os IIPs orgânicos são empregados em extração em fase sólida, membranas de separação e em sensores para quantificação de íons metálicos.14,16 A síntese desses IIPs orgânicos pode ser classificada em quatro abordagens, fundamentadas na forma como os ligantes são imobilizados na matriz do polímero, sendo elas: a reticulação, a imobilização química, a impressão superficial e a síntese por aprisionamento de ligantes quelantes. Apesar desses polímeros apresentarem uma boa capacidade de ligação com os íons, eles não apresentam uma boa seletividade. Essa baixa seletividade está associada ao efeito de impressão pouco pronunciado, já que não há formação do complexo entre o íon metálico e o monômero antes da polimerização.14,16 7 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 1.3.2. Polímeros Inorgânicos Impressos com Íons Polímeros inorgânicos impressos com íons apresentam as mesmas finalidades que os polímeros orgânicos, isto é, estabelecer uma adsorção mais seletiva por um íon específico do que por outro íon presente na amostra. A síntese dos polímeros inorgânicos normalmente é feita por meio do processo sol-gel, utilizando-se tetraetoxissilano (TEOS) como agente reticulante responsável pela formação da rede polimérica.14,16 Os IIPs inorgânicos apresentam uma área superficial maior que os IIPs orgânicos e são estruturalmente porosos, além da alta afinidade e seletividade. Apesar disso, esses materiais apresentam uma baixa acessibilidade do analito alvo ao sítio de ligação devido aos microporos que compõem o material. Para superar essas limitações, surgiu um novo processo de síntese utilizando o processo sol-gel e surfactantes. A principal vantagem desses IIPs sintetizados com surfactantes é o controle dos parâmetros estruturais dos polímeros, como volume e tamanho dos poros.14 1.3.3. Polímeros Híbridos Orgânicos-Inorgânicos Impressos com Íons Esses materiais híbridos são preparados pela combinação de componentes orgânicos e inorgânicos, e apresentam um grande interesse em diversas aplicações, devido à combinação da versatilidade funcional dos compostos orgânicos com a vantagens da estabilidade térmica e robustez dos compostos inorgânicos. 14,16 Os materiais híbridos podem ser preparados de três modos: pela incorporação apenas física dos constituintes, por meio de ligações químicas entre os componentes orgânicos e inorgânicos e pela combinação dos dois tipos de interações, física e química. 14 1.4. Imobilização do MIP ou IIP em Diferentes Transdutores Na construção dos sensores biomiméticos é muito importante encontrar uma forma adequada de acoplar o material sintético, contendo o receptor seletivo, ao transdutor. Dessa forma, o modo como vai ocorrer o acoplamento do MIP ou do IIP ao transdutor dependerá da natureza física do transdutor. 11 Caso o transdutor seja um eletrodo sólido, como por exemplo ouro e carbono vítreo, a imobilização pode ser dividida em dois grupos. O primeiro grupo envolve o encapsulamento do MIP ou IIP nas matrizes suportes e, posteriormente, o material é depositado sobre a superfície do transdutor. No segundo grupo, a imobilização do MIP ou IIP é feita a partir da formação de filmes sobre a superfície do eletrodo, sendo o mais empregado. Quando o transdutor apresenta características granulares, tendo como 8 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 exemplos grafite em pó e Nanotubo de Carbono, o material seletivo é simplesmente misturado com o material granulado formando um compósito.11,14 1.4.1.Imobilização por Oclusão Consiste no encapsulamento de partículas de MIP ou IIP nas matrizes suportes, como géis ou polímeros solúveis inertes, para a formação de membranas que podem ser fixadas na superfície do transdutor. Apesar da facilidade da imobilização, existem algumas desvantagens, entre elas as limitações difusionais, as ligações não específicas do analito que podem acontecer na matriz suporte e a diminuição da capacidade de ligação, devido ao bloqueio dos sítios específicos por parte do material usado como matriz suporte.11,14 1.4.2.Formação de Filmes Sobre a Superfície do Transdutor 1.4.2.1.Polimerização Direta do MIIP ou IIP Sobre o Transdutor O método mais utilizado na construção de sensores baseados em MIP ou IIP é o uso de filmes na superfície dos transdutores, sendo que há várias estratégias para obtenção desses filmes. Em todos esses procedimentos, a síntese do polímero é realizada sobre a superfície do transdutor. Esses filmes podem ser preparados por meio da polimerização de monômeros funcionais, seguindo processos parecidos com os usados na polimerização em “bulk”. Várias alternativas têm sido utilizadas para a obtenção dos filmes na superfície dos eletrodos, como a adição de quantidades pequenas da solução de polimerização sobre a superfície do transdutor e a imersão do transdutor em uma solução na qual a polimerização já tenha sido iniciada, entre outras.11,14 1.4.2.2. Polimerização in situ A síntese por polimerização in situ dos MIPs ou IIPs é frequentemente realizada pela eletropolimerização, sobre a superfície condutora, como por exemplo ouro e grafite. Esta técnica é de fácil condução, pois é realizada por sucessivas varreduras cíclicas de potencial em solução contendo o monômero funcional e a molécula molde, podendo resultar em filmes muito finos e com boa reprodutibilidade. Por esse processo ser realizado por eletropolimerização, sua aplicação é limitada para construção de sensores que possuam transdutores com superfícies condutoras, como os eletroquímicos.11,14 9 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 1.4.3.Imobilização de MIP ou IIP em Compósitos A imobilização de MIP ou IIP em compósitos constitui-se na formação de materiais compósitos à base de grafite em pó. O método para a construção de sensores usando este tipo de imobilização é o uso de pasta de carbono modificada, que possibilita a fácil incorporação de partículas de MIP ou IIP no desenvolvimento de sensores eletroquímicos. A principal vantagem desta imobilização é tornar o processo de limpeza destes sensores mais simples, desta forma, após cada uso, a superfície do sensor pode ser facilmente renovada por meio de um simples polimento mecânico da superfície. 11,14 2. OBJETIVO Esta monografia tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica, tendo como base artigos publicados em periódicos, sobre a aplicação de sensores modificados com MIP e IIP em amostras farmacêuticas, ambientais e o estado-da-arte dessa metodologia analítica. 3. APLICAÇÃO DOS SENSORES BIOMIMÉTICOS A determinação de espécies químicas em concentrações baixais (menores que µg/L) representa, até os dias atuais, um dos maiores desafios para a Química Analítica.14 Para tentar vencer esse desafio observou-se um aumento no desenvolvimento de sensores químicos, sendo que os mais utilizados são os biossensores, devido as suas características, como boa seletividade e possibilidade de serem portáteis, de pequeno tamanho e rápida resposta. No entanto, a principal desvantagem desses biossensores está associada à pouca estabilidade química e física, resultando em uma falta de estabilidade operacional e de armazenamento, por essas razões os receptores artificiais têm atraído crescente interesse.1,14 Como já mencionado, uma metodologia alternativa que envolve o uso de receptores artificiais é a de impressão molecular e a impressão de íons, que apresentam alta estabilidade e seletividade, sendo dessa forma uma ótima alternativa para o 1 desenvolvimento de sensores biomiméticos. Esses sensores biomiméticos podem ser utilizados em várias áreas, como no controle de qualidade de alimentos e de medicamentos e no controle ambiental, entre outros. 10 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 3.1. Uso dos Polímeros Impressos Molecularmente (MIP) no Desenvolvimento de Sensores Biomiméticos Wulff e Sarhan publicaram pela primeira vez um trabalho que fazia uso de MIP em Química Analítica, em 1972. Neste trabalho, eles descrevem a síntese do polímero com sítio seletivo para separação enantiomérica de racematos de açúcares.13 A partir disso, o MIP vem sendo amplamente empregado em preparo de amostras, em técnicas de separação, tais como, cromatografia líquida de alta eficiência, eletroforese capilar, entre outras, visando, principalmente, a separação de espécies enantioméricas.13 Os estudos utilizando MIP em associação com técnicas eletroanalíticas vêm crescendo nas últimas décadas, principalmente no desenvolvimento de sensores devido às características oferecidas por esse material, tais como boa seletividade e possibilidade de serem portáteis e sua rápida resposta.1,13 Por todas essas características, os MIPs tornamse promissores para a aplicação em várias áreas, como por exemplo, no controle de qualidade de indústrias farmacêuticas. 3.1.1. Aplicação de Sensores Biomiméticos na Determinação de Fármacos Nas indústrias farmacêuticas, o controle de qualidade dos medicamentos é muito importante, principalmente pelo aumento do seu consumo. Porém, foi somente na segunda metade do século XX que governos de vários países adotaram medidas mais eficazes de controle de qualidade dos medicamentos, por meio de legislações que estabelecem a responsabilidade pela qualidade do produto oferecido ao mercado e o monitoramento dos efeitos adversos e dos desvios de qualidade. 18 No Brasil, o órgão que estabelece e regulariza a legislação de controle de qualidade nas indústrias farmacêuticas é a ANVISA, por meio da Resolução RDC nº 17, de 16 de abril de 2010. Nesta resolução estão determinados os requisitos mínimos a serem seguidos na fabricação de medicamentos que envolvem desde a chegada da matéria prima nas indústrias, a produção dos medicamentos, os testes referentes à eficiência e formulação, as embalagens utilizadas e o transporte desses produtos.19 11 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 Além do controle de qualidade dos fármacos na indústria farmacêutica, é de extrema importância sua determinação em amostras biológicas como os fluidos biológicos, devido a problemas causados pelos fármacos no organismo humano, como por exemplo, alucinações, vômitos, inflamações e em casos mais extremos até a morte e para o acompanhamento da porcentagem de absorção do fármaco pelo organismo.20 Dessa forma, torna-se imprescindível o desenvolvimento de métodos analíticos eficazes e confiáveis para a quantificação de baixas quantidades de fármacos em amostras biológicas. Nesse sentido, pode-se destacar o uso de sensores desenvolvidos a partir dos polímeros impressos molecularmente, pois eles apresentam seletividade elevada, boa sensibilidade, preparo fácil e de baixo custo e armazenamento simples.13,21 Podemos destacar alguns trabalhos recentes nessa área como o de Gholivand e Karimiam22 que desenvolveram um sensor para ganciclovir (GCV) com base na eletropolimerização do MIP com nanopartículas de ouro sobre Nanotubos de Carbono de Paredes Múltiplas funcionalizado com grupos carboxílicos (NTCPM-COOH). O ganciclovir é um antiviral empregado no tratamento das infecções causadas pelo vírus da herpes, citomegalovírus, entre outros, e também é utilizado em pessoas com AIDS e em diálise. Para a fabricação deste sensor, primeiramente a suspensão de NTCPM-COOH foi depositada na superfície do eletrodo de carbono vítreo e, em seguida, o eletrodo já modificado com NTCPM-COOH foi imerso em uma solução tampão de fosfato pH 3, que continha o 2,2-Diaminodifenil Dissulfeto como monômero funcional, as nanopartículas de ouro e o GCV como molécula molde, realizando então a eletropolimerização, por meio da voltametria cíclica com o potencial variando de -1,0 até 1,0 V, com velocidade de varredura de 50 mV/s durante 10 ciclos. A retirada da molécula molde foi realizada por voltametria cíclica com o potencial variando de -1,0 até 1,0 V e velocidade de varredura de 100 mV/s até a obtenção de um voltamograma cíclico estável. A Figura 3 apresenta o esquema da síntese do MIP para GCV. A eletropolimerização do monômero funcional na superfície do eletrodo modificado com NTCPM-COOH ocorre por interações não covalentes e/ou covalentes entre unidades de amina, sulfeto, monômero funcional e matriz do polímero. As nanopartículas de ouro causaram um aumento na velocidade de transferência de elétrons devido a sua elevada condutividade e grande área superficial. O sensor proposto apresentou uma boa seletividade e sensibilidade, com faixa linear de 5,0x10-8 - 5,0x10-4 mol L-1 e um limite de detecção de 1,5x10-9 mol L-1. A seletividade do sensor foi demonstrada na realização de testes com os possíveis interferentes, como aciclovir, valaciclovir e cisteína entre outros, que não influenciaram nas medidas de GVC. Este sensor também foi avaliado na determinação de GVC em amostras reais de soro humano e apresentou uma boa recuperação de 96-103%. 12 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 22 Figura 3: Esquema da técnica de impressão do MIP para ganciclovir. Figura adaptada. Outro trabalho atual utilizando MIP para a determinação de fármacos é o do Alizadeh e Azizi23, que construíram um sensor para fluoxetina. A fluoxetina é um fármaco antidepressivo muito utilizado. Ele é amplamente prescrito e age inibindo a absorção de serotonina pelos neurônios no cérebro. A síntese do MIP foi realizada de acordo com o procedimento de precipitação simples, no qual foram utilizados como monômeros funcionais o ácido meta-acrílico (MAA) e o vinil benzeno, com a fluoxetina como molécula molde. Esses reagentes foram colocados em um balão de fundo redondo e a mistura foi deixada em contato por 10 minutos. Em seguida, foi adicionado o etileno glicol dimetacrilato (EGDMA) como reagente de ligação cruzada e 2,2’-azo-bis-isso-butironitrila (AIBN) como iniciador radicalar. O balão foi selado, a mistura foi purgada com nitrogênio durante 15 minutos e a polimerização realizou-se em banho de água a 60 ºC durante 24 h, sob agitação. O ácido meta-acrílico interage por meio de ligações de hidrogênio entre aminas 13 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 secundárias e centros de flúor da fluoxetina. Já o vinil benzeno participa do complexo via interações π-π que se encontram entre o anel benzênico da fluoxetina e do anel benzênico do vinil benzeno. O sensor apresentou uma boa seletividade, já que os testes realizados com possíveis interferentes, como oxazepam e clozapina, entre outros, não influenciaram no sinal da fluoxetina. Apresentou também boa faixa linear, de 6,0x10-9 – 1,0x10-7 mol L-1, e limite de detecção de 1,5x10-9 mol L-1. O sensor proposto apresentou uma boa recuperação da fluoxetina em amostras reais de plasma humano e de cápsulas de fluoxetina. Gohary e colaboradores24 desenvolveram um sensor utilizando um eletrodo de pasta de carbono modificado com MIP para a determinação de fanciclovir (FCV). FCV é uma pródroga antiviral, utilizada para tratamento de herpes tipos I e II, e aos vírus de varicela-zoster e Epstein-Barr. Nesse trabalho, os autores fizeram os estudos da otimização dos parâmetros experimentais da síntese do MIP a partir de estudos computacionais, otimizando a ligação entre o monômero e a molécula molde a partir da menor energia de ligação. Os resultados obtidos demonstram que o complexo formado entre o ácido meta-acrílico (monômero funcional) e o FCV é o mais estável e que a melhor razão entre eles é de 4:1. Além do ácido meta-acrílico, também foram utilizados o etileno glicol dimetacrilato, como reagente de ligação cruzada, e cloreto de metileno como solvente porogênico na síntese do MIP pela polimerização em “bulk”. O uso da pasta de carbono com o MIP ofereceu várias vantagens como a facilidade de preparação, os limites de detecção menores do que de outros trabalhos da literatura, uma vasta gama de concentrações utilizáveis e alta seletividade e estabilidade. O sensor proposto apresentou faixa linear de resposta de 2,5x10-6 – 1,0x10-3 mol L-1 e limite de detecção de 7,5x10-7 mol L-1. A seletividade do sensor foi examinada na presença de várias substâncias interferentes, e não apresentou mudanças na resposta da corrente para concentrações equimolares em relação ao analito e para concentrações 10 vezes maiores que as do analito. Mas, para concentrações 100 vezes maiores que o analito, houve interferência de duas substâncias, histidina e triptofano. No entanto, esse nível de concentração de histidina e triptofano é muito mais elevado do que os níveis normais encontrados em amostras biológicas, confirmando dessa forma que o sensor proposto pode ser utilizado para determinar FCV nessas amostras. O sensor proposto foi utilizado nas medidas de amostras reais do fármaco e apresentou uma boa recuperação, de 98,5 – 104,0%, apresentando também boa sensibilidade, seletividade e precisão. Torkashvand e colaboradores25 desenvolveram um sensor para determinação de ceftazidima (CFZ). A ceftazidima é um antibiótico betalactâmico do grupo das cefalosporinas de terceira geração. CFZ é amplamente utilizada no tratamento de infecções provocadas por micro-organismos Gram-positivos e Gram-negativos susceptíveis, como por exemplo, 14 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 infecções urinárias, faringites, sinusites, infecções respiratórias, infecções da pele, entre outras. Para a síntese do MIP foi utilizado como monômero funcional o ácido meta-acrílico (MAA), como reagente de ligação cruzada o N,N’-metileno-bis-acrilamina e como iniciador radicalar o persulfato de amônio. O sensor proposto foi construído a partir de um eletrodo de carbono vítreo. Primeiramente, foi gotejada sobre a superfície do eletrodo de trabalho uma suspensão de Nanotubo de Carbono de Paredes Múltiplas funcionalizado com grupos carboxílicos (NTCPM-C) e Dimetilformamida (DMF), e em seguida ocorreu a polimerização do MIP sobre a superfície já modificada pela suspensão. Nesse processo, a molécula de CFZ foi ligada aos grupos carboxílicos do Nanotubo de Carbono de Paredes Múltipla por meio de ligações covalentes entre COOH e NH2 do CFZ, mediante a imersão do eletrodo modificado NTCPM-C em solução de CFZ durante 4 h. Após a lavagem do eletrodo, o polímero foi criado em torno da molécula molde pela incubação do eletrodo em solução tampão fosfato (pH 3), que continha o monômero funcional, o reagente de ligação cruzada e o iniciador radicalar por 5 h em temperatura ambiente. Por último, dendritos de prata (AgDs) foram depositados sobre o eletrodo impresso por eletrodeposição potenciostática. Esse sensor apresentou boa sensibilidade e seletividade, com uma faixa linear de 2,0x10-9 – 5,0x10-7 mol L-1 e 5,0x10-7 – 7,0x10-6 mol L-1 e um limite de detecção de 5,5x10-10 mol L-1. A seletividade do sensor foi comprovada a partir de testes realizados com possíveis interferentes, como cefixima e cefepima, podendo concluir que os interferentes não influenciam nas análises de CFZ. O sensor proposto foi avaliado pela determinação de CFZ em amostras reais de soro humano e de formulação farmacêutica, tendo uma recuperação de 98 – 105%, comprovando que esse sensor pode ser utilizado para a determinação de CFZ em amostras de diferentes matrizes. Silva e colaboradores26 desenvolveram um sensor a partir da modificação de um eletrodo de carbono vítreo modificado com uma suspensão de MIP e Nanotubo de Carbono de Paredes Múltiplas (NTCPM) para a determinação de norfloxacino. Norfloxacino (NFX) é um antibiótico da classe das fluoroquinolonas de segunda geração. As fluoroquinolonas são agentes antibacterianos importantes desenvolvidos na década de 1980, sendo aplicadas na medicina humana e veterinária. O NFX é usado para infecções do trato urinário, infecções nas vias respiratórias, oculares e infecções de pele. O preparo do sensor foi feito a partir da formação de uma suspensão entre NTCPM e dimetilformamida (DMF), que foi depositada sobre a superfície do eletrodo de trabalho. Após a secagem da suspensão, o eletrodo foi imerso na solução de polimerização, que continha pirrol, NFX, e H2SO4, dando início à eletropolimerização do MIP, com a formação de um filme de polipirrol com sítios de ligação para NFX. O sensor proposto apresentou uma faixa linear de 1,0x10-7 – 8,0x10-6 mol L-1 e um limite de detecção de 4,6x10-8 mol L-1. O sensor também apresentou boa 15 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 reprodutibilidade, precisão, seletividade e fácil fabricação. Foram realizados testes com possíveis interferentes, como uréia, ácido ascórbico e glicose, que demonstram que não há alterações significativas na resposta da corrente de NFX, apenas a molécula de enrofloxacino apresentou uma possível interferência. O sensor apresentou uma boa recuperação para NFX em amostras reais de urina, comprovando sua eficiência e seletividade para este fármaco. Hosseini e Motaharian27 desenvolveram um sensor utilizando MIP enxertado na superfície de Nanotubo de Carbono de Paredes Múltiplas (NTCPM) funcionalizado para a determinação de diazepam (DZ). O diazepam é um medicamento do grupo dos benzodiazepinas, que produz efeito calmante e é utilizado para tratar ansiedade, síndrome de abstinência alcoólica, espasmos musculares e convulsões, entre outras. Para a síntese do material, primeiramente foi realizada a modificação do NTCPM pela sua funcionalização com o grupo vinilo (NTCPM-CH=CH2). Para a síntese do NTCPM-CH=CH2-MIP, o diazepam como molécula molde e o ácido meta-acrílico como monômero funcional foram dissolvidos em clorofórmio com agitação por 1 h. Em seguida, foram adicionados o etileno glicol dimetacrilato, como reagente de ligação cruzada, e o NTCPM-CH=CH2, deixando em banho de ultra-som por 30 minutos. Por último, foi adicionado o 2,2’-azo-bis-iso-butirontrila como iniciador radicalar, após a formação das partículas poliméricas, a molécula molde foi retirada por lavagem com metanol:ácido acético. Esse processo esta demonstrado na Figura 4. Em seguida, esse material sintetizado foi utilizado para preparar o sensor à base de pasta de carbono. Figura 4: Esquema da síntese do NTCPM-CH=CH2-MIP para diazepam. Figura adaptada. 27 16 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 Esse sensor apresentou boa sensibilidade, baixo limite de detecção, de 3,7x10-9 mol L-1, e uma boa faixa linear, de 8,0x10-9 – 1,0x10-6 mol L-1. A aplicação do sensor em amostras de diazepam em comprimidos e em soro humano apresentou uma boa recuperação, 91,7- 100,2% de DZ, comprovando que o sensor proposto pode ser utilizado na determinação DZ em amostras complexas. A seletividade do sensor foi avaliada pelo estudo de possíveis interferentes como ácido úrico, ácido ascórbico, lorazepam e oxazepam, entre outros, demonstrando que o desempenho do sensor desenvolvido não é afetado, provando a seletividade do sensor para o DZ. Outros trabalhos utilizando MIP como modificador para a determinação de fármacos são apresentados na Tabela 2, com os pontos principais de cada trabalho, destacando a polimerização utilizada na síntese do MIP, o principal reagente da síntese do MIP, o monômero funcional e as principais características de cada sensor proposto. Tabela 2: Trabalhos utilizando MIP para a determinação de fármacos. Analito Faixa Polimerização linear de utilizada na resposta síntese do MIP Monômero (síntese MIP) Outros Limite modificadores de utilizados detecção -1 Eletrodo Amostra Ref. Carbono Formulação 28 vítreo farmacêutica -1 (mol L ) (mol L ) Complexo Nanoparticulas de ouro Metronidazol -7 5,0x10 – 1,0x10 eletropolimerização -3 -9 Vinil benzeno e -7 ácido meta- 7,0x10 – 4,0x10 e Prometazina -7 4,0x10 – 7,0x10 Trimetoprim ascórbico -6 -6 1,0x10 1,2x10 -7 3,2x10 acrílico -9 eletropolimerização Pirrol Grafeno 1,3x10 -7 -4 -10 1,0x10 Polimerização por (AuNPs) precipitação 1,0x10 – 1,0x10 Ácido CobreMelamina Pasta de Soro carbono humano Carbono Urina 29 30 vítreo - eletropolimerização -8 Ofenilenodiamina e Comprimidos de vitamina - 3,6x10 -7 O-aminofenol Carbono C e suco de vítreo laranja 31 Soro humano e Sulfadiazina -7 2,0x10 – 1,0x10 -4 Polimerização por ácido meta- precipitação acrílico - 1,4x10 -7 Pasta de leite de vaca carbono Fluidos biológicos e 17 32 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 Rivastigmina -6 2,0x10 – 1,0x10 Sertralina -3 -6 1,0x10 – 1,0x10 -2 Polimerização por ácido meta- radicais livres acrílico Polimerização por ácido meta- precipitação acrílico - - 4,4x10 8,0x10 -7 -7 Pasta de formulação carbono farmacêutica Membrana Fluidos de PVC biológicos 33 34 Nanotubos de Carbono de Metimazol 0,5 – 6,0 Polimerização por ácido meta- Paredes 0,048 Carbono Formulação mg/L precipitação acrílico Múltiplas e mg/L vítreo farmacêutica 35 e urina Salen-Co* Formulação farmacêutica Sulfassalazina -8 1,0x10 – 1,0x10 -6 Polimerização por ácido meta- precipitação acrílico - 4,6x10 -9 Pasta de e soro carbono humano 36 Soro humano e Prometazina -7 5,0x10 – 1,0x10 Cafeína -1 -8 6,0x10 – 2,5x10 -5 Polimerização por Vinil-benzeno - 1,0x10 -7 precipitação Polimerização por ácido meta- precipitação acrílico - 1,5x10 -8 Membrana formulação de PVC farmacêutica Pasta de Amostra de carbono chá *Salen-Co ((R, R) - (-) - N, N-bis (3,5-di-terc-butil-salicilideno) -1,2-ciclo-hexanodiamina-acético- cobalto (III)). 3.2. Uso dos Polímeros Impressos com Íon (IIP) no Desenvolvimento de Sensores Biomiméticos Na década de 1970 foi publicado o primeiro trabalho desenvolvido com IIP, no qual Nishide e Deguchi utilizaram poli(vinil-piridina) para extração de íons metálicos (cobre, ferro, cobalto, zinco, níquel e mercúrio) em solução.39 A partir desse trabalho, houve um crescimento na utilização dos IIPs em várias áreas da Química Analítica, apresentando uma interessante aplicação comercial, como por exemplo na utilização como material extrator em fase sólida para determinação de metais em níveis traço, ou como material para separação de espécies coexistentes em matrizes complexas.14 A aplicação dos IIPs em sensores ainda precisa percorrer um longo caminho, pois os polímeros impressos com íons não são condutores em sua grande maioria, resultando em um dispositivo com baixo desempenho seletivo e baixa sensibilidade. Entretanto, a 18 37 38 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 associação de IIPs com nanopartículas metálicas ou materiais condutores eficientes, como Nanotubos de Carbono, melhoram o desempenho do dispositivo.14,40 Uma das principais utilizações dos IIPs é na determinação de íons metálicos, que tem sido realizada por diferentes tipos de sensores com transdução óptica, potenciométrica e voltamétrica. Dentre esses sensores, o voltamétrico apresenta-se como o mais favorável para a determinação de íons metálicos devido ao seu baixo custo, alta sensibilidade, facilidade de operação e pela possibilidade de ser portátil. 14 3.2.1. Aplicação de Sensores Biomiméticos na Determinação de Metais pesados Os metais pesados possuem características próprias como aparência brilhante, boa condutividade, número atômico superior a 20, densidade maior que 5 g/cm3, tóxicidade em baixas concentrações, entre outras. 41 Esses metais acumulam-se no ambiente podendo interromper o crescimento das plantas e afetar a vida animal. A contaminação por metais pesados representa um enorme risco à saúde publica, pois são difíceis de serem eliminados e acumulam-se no organismo.42 As manifestações desses efeitos tóxicos podem distribuir-se por todo o organismo, afetando vários órgãos, alterando processos bioquímicos, organelas e membranas celulares. Em contato com o organismo, esses metais acabam atraindo duas substâncias essenciais do corpo, proteínas e enzimas. Unindo a algumas delas e impedindo seu funcionamento, o que pode levar à morte. Eles também podem se ligar às paredes celulares, dificultando o transporte de nutrientes.42,43 Muitos metais são essenciais para o crescimento dos organismos, desde as bactérias até o ser humano. O organismo necessita de pequenas quantidades de alguns metais, como o cobre que ajuda a absorver vitamina C. Porém, esses mesmos metais em concentrações altas são tóxicos para o organismo. 42,43 A atividade industrial tem contribuído muito para um aumento significativo nas concentrações de íons metálicos em águas, representando uma importante fonte de contaminação dos corpos aquáticos, principalmente quando consideramos que tais íons podem ser disseminados via cadeia alimentar. 43 No Brasil, apenas uma pequena parte de todo o resíduo industrial perigoso gerado recebe o tratamento adequado, conforme estimativa da Associação Brasileira de Empresas 19 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais (ABETRE). O restante é depositado indevidamente em lixões ou descartados em cursos de água sem qualquer tipo de tratamento. 43 Dessa forma, a determinação de metais pesados é muito importante para a saúde dos animais, dos seres humanos e das plantas. Com isso, o desenvolvimento de sensores altamente sensíveis e seletivos é de grande importância na área ambiental e da saúde pública. Alguns trabalhos recentes tiveram como objetivo desenvolver sensores biomiméticos para a determinação de metais pesados em amostras ambientais. Como exemplo, o trabalho de Ghanei-Motlagh44 e colaboradores que sintetizaram um polímero impresso com íon para determinação de mercúrio na superfície do óxido de grafeno reduzido (RGO). A determinação de mercúrio em amostras de alimento, água ou mesmo biológicas é de grande importância, pois a exposição mesmo em doses baixas pode levar a graves problemas do sistema nervoso central e danos a órgãos vitais. Primeiramente, foi realizada a síntese do RGO, a partir da redução do oxido de grafeno. Em seguida foi realizada a polimerização do IIP pelo método de impressão em superfície. O primeiro passo da síntese do RGO-IIP foi a diluição do mercúrio como molécula molde e DDBHCT como agente quelante em acetonitrila, sendo que a solução foi agitada durante 1 h para a formação do complexo. Foi então adicionada a mistura o RGO, o ácido meta-acrílico (MAA) como monômero funcional, o etileno glicol dimetacrilato (EGDMA) como reagente de ligação cruzada e o persulfato de amônio como iniciador radicalar. A solução resultante foi misturada durante 15 min e foi utilizado o N2 gasoso para remover o oxigênio, deixando a solução em banho de água a 60 ºC por 24 h. Na Figura 5 está representada a síntese do IIP para mercúrio. Após a polimerização, foi formada uma suspensão do RGO-IIP com Nafion que foi depositada sobre a superfície do eletrodo de carbono vítreo. O processo eletroquímico baseou-se na acumulação de íons Hg2+ na superfície de um eletrodo de carbono vítreo modificado com RGO-IIP. Esse sensor apresentou boa faixa linear, de 3,5x10-10 – 4,0x10-7 mol L-1 e limite de detecção de 9,9x10-11 mol L-1, sendo um resultado muito bom, pois está abaixo do permitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de 2,0 mg/L (9,9x10-6 mol L-1) de mercúrio em água potável. O sensor também apresentou uma boa resposta nos testes realizados com amostras reais de água e não sofreu interferência significativa de espécies comuns, tais como Ni(II), Cd(II), Mn(II), Fe(II), Co(II), Pb(II), Cu( II), Zn(II) e Ag(I). 20 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 Figura 5: Polimerização do IIP para mercúrio sobre a superfície do oxido de grafeno reduzido. Figura 44 adaptada. Outro trabalho utilizando IIP para a determinação de metal pesado é o de Prasad e 45 Fatma , que desenvolveram um polímero impresso com íon utilizando a biomassa de algas verdes-azuis como monômero e reagente de ligação cruzada e como iniciador radicalar o 2,2’-azo-bis-isso-butironitrila (AIBN). Foi utilizado juntamente com o IIP sintetizado um lápis de grafite para a formação do sensor (alga-OMNiIIP/PGE) para a determinação de cobre. No processo de formação do sensor, primeiramente foi sintetizado o monômero, a partir da mistura entre a alga verde-azul, a trietilamina e o cloreto de acriloíla sob agitação constante a 0 ºC por uma hora. O produto formado juntamente com a molécula molde e o iniciador radicalar foram utilizados para a síntese do alga-OMNiIIP, por polimerização por radicais livres, que está representado pelo esquema da Figura 6. A determinação de cobre é muito importante, pois o cobre é um nutriente essencial, sendo necessário para o bom funcionamento de sistemas de enzimas. Além disso, algumas pessoas sofrem reações fisiológicas adversas devido ao acumulo excessivo de cobre no fígado, cérebro e nos olhos. O sensor proposto apresentou boa faixa linear, de 1,3x10-10 – 1,2x10-7 mol L-1 e baixo limite 21 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 de detecção, de 2,8x10-11 mol L-1. O alga-OMNiIIP/PGE apresentou bons resultados de recuperação de Cu2+ em amostras de água, solo, farmacêutica e soro sanguíneo humano, na faixa de 96,0 – 103,4% de recuperação. Esse sensor apresentou uma boa seletividade visto que os possíveis interferentes [Cd(II), dopamina, ácido ascórbico, Mg(II), Fe(III), Hg(II), Mn(II), Pb(II), Zn(II), Co(II) e Ni(II)] não influenciaram nas análises de cobre(II). Figura 6: Polimerização do Alga-OMNiIIP para a determinação de cobre II. Figura adaptda. 45 Bai e colaboradores46 desenvolveram um sensor à base de IIP e grafeno para a determinação de paládio. O paládio é um material importante para as tecnologias modernas como na fabricação de automóveis, sendo utilizado nos catalisadores para reduzir as emissões de gases poluentes. Mas, apesar dos benefícios que esses catalisadores apresentam, eles liberam elementos altamente tóxicos, como o paládio, que estão sendo 22 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 encontrados em concentrações altas em matrizes ambientais, como solo e plantas. Dessa forma, a determinação de paládio é muito importante para a saúde e para o meio ambiente. Nesse trabalho, foi utilizado um eletrodo de carbono vítreo modificado com grafeno e IIP. O IIP foi sintetizado a partir da técnica de polimerização in situ sobre a superfície do eletrodo de carbono vítreo já modificado com grafeno, utilizando 2-propenil-uréia como monômero funcional, etileno glicol dimetacrilato (EGDMA) como reagente de ligação cruzada e 2,2’azo-bis-iso-butironitrla (AIBN) como iniciador radicalar. Esse sensor apresentou boa recuperação de paládio em amostras de catalisadores automotivos e de plantas, em uma faixa de 99,2 – 106,5%, além de não sofrer interferência significativa de possíveis interferentes, como Zn(II), Co(II), Mg(II), Ni(II), Cu(II), Mn(II), Fe(III), Cd(II), entre outros. O sensor desenvolvido também apresentou baixo limite de detecção, 6,4x10-9 mol L-1 e boa faixa linear, de 2,0x10-8 – 2,0x10-4 mol L-1. Behnia e colaboradores47 desenvolveram um sensor utilizando IIP para a determinação zinco. O zinco é um elemento traço essencial para os seres humanos, animais e plantas, sendo vital para muitas funções biológicas e desempenhando um papel importante em mais de 300 enzimas no corpo humano. Mas, um aumento na dose de zinco pode causar reações gastrointestinais, incluindo náuseas, vômitos e cólicas. Desse modo, a determinação de zinco em amostras de soro de sangue, cabelo, água, solo e alimento são de grande importância. O sensor proposto apresentou boa faixa linear, de 5,0x10-10 – 1,0x10-8 M, e baixo limite de detecção, 5,0x10-10 mol L-1. A síntese do IPP foi realizada por polimerização térmica, utilizando como monômero funcional o estireno, como reagente de ligação cruzada o etileno glicol dimetacrilato (EGDMA) e 2,2’-azo-bis-iso-butironitrila (AIBN) como iniciador radicalar. O polímero sintetizado foi disperso em Náfion e em seguida depositado sobre a superfície de um eletrodo de carbono vítreo. Foram realizados testes com interferentes como Ni, Co, Cd e Cu, e o sensor não sofre interferência significativa. Os testes em amostras de água apresentaram boa recuperação de zinco, demostrando que o sensor proposto é bem eficiente. Outros trabalhos que utilizam IIP como modificador para a determinação de metais pesados podem ser vistos na Tabela 3, em que encontram-se os principais pontos de cada trabalho, destacando a polimerização utilizada na síntese do IIP, o principal reagente da síntese, o monômero funcional e as principais características de cada sensor proposto. 23 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 Tabela 3: Alguns trabalhos dos últimos seis anos utilizando IIP como modificador. Íon Faixa linear Monômero Polimerização Limite de de resposta utilizado na utilizada na detecção síntese do síntese do IIP -1 (mol L ) Eletrodo -9 4- Polimerização Pasta de -7 Vinilpiridina por carbono 2,5x10 5,0x10 Amostra -1 Ref. -10 48 -8 49 -10 50 -10 51 (mol L ) modificador IIP Mercúrio Outro - Água 5,2x10 - Águas 2,3x10 precipitação Cobre -8 7,0x10 -6 1,0x10 e -6 1,0x10 1,0x10 Chumbo 4- Polimerização Pasta de Vinilpiridina em bulk carbono -4 -9 ácido meta- Polimerização Pasta de -7 acrílico por carbono 1,0x10 8,1x10 residuais e Acrilamida - Água 6,0x10 - Água 5,2x10 5,4x10 -9 52 precipitação Cádmio -9 4- Polimerização Pasta de -7 Vinilpiridina por carbono ácido meta- Polimerização Pasta de Nanotubo de Cabelo e acrílico em bulk carbono Carbono de água 1,0x10 5,0x10 precipitação Cobre -8 3,1x10 1,9x10 -6 Paredes Múltiplas Európio -7 4- Polimerização Pasta de -5 Vinilpiridina em suspensão carbono 5,0x10 3,0x10 - Agua 1,5x10 -7 53 5,0x10 -9 54 1,0x10 -10 55 e ácido meta-acrílico Mercúrio -8 ácido meta- Polimerização Carbono Nanotubo de Solo e -4 acrílico por vítreo Carbono de água 1,0x10 7,0x10 precipitação Paredes Múltiplas Chumbo -10 3,0x10 - Ditizona -9 1,0x10 e Polimerização Pasta de por carbono - Batom e água precipitação -8 1,0x10 1,0x10 Prata -6 -9 ácido meta- Polimerização Pasta de -7 acrílico por carbono 2,8x10 8,5x10 - Água 9,0x10 -10 56 - Água 3,0x10 -11 57 precipitação Chumbo -10 1,0x10 -8 1,0x10 e -8 1,0x10 - 4Vinilpiridina Polimerização Pasta de por carbono precipitação 24 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 1,0x10 Paládio -5 -11 1,0x10 -9 1,0x10 e 4- Polimerização Pasta de Vinilpiridina por carbono -9 1,0x10 1,0x10 -8 1,2x10 Solo e 3,0x10 -12 58 -9 59 -10 60 -6 61 água precipitação -6 1,5x10 – Tálio - ácido meta- Polimerização Pasta de Nanotubo de Cabelo e acrílico em Bulk carbono Paredes água -6 3,7x10 Múltiplas Mercúrio 5,0x10 -10 - Ditizona -8 1,0x10 e Polimerização Pasta de térmica carbono - Água 1,0x10 - Água 2,0x10 Água 12,0x10 -10 62 Água 3,07x10 -10 63 -8 8,0x10 2,0x10 Cobre -6 -6 1,0x10 1,0x10 ácido acrílico -1 Polimerização Membrana por de PVC precipitação Prata -9 4- Polimerização Pasta de Nanotubo de -7 Vinilpiridina em Bulk carbono Carbono de 0,5x10 2,8x10 Paredes Múltiplas Urânio -9 FP(percursor Polimerização Pasta de -7 funcional por processo carbono sintetizado)* sol-gel 2,0x10 3,0x10 - *FP- sintetizado pela reação entre 3-aminoquinolina(AQ) e 3-isocianato propil trimetoxisilano (ICTMS). A partir desta revisão, podemos verificar e de certa forma contribuir com importantes informações sobre o emprego desses novos materiais no desenvolvimento de sensores biomiméticos visando à determinação de fármacos e de amostras ambientais, podendo ser uma ótima alternativa para suplementar os métodos existentes com este propósito. Pois apresentam a possibilidade de análise rápida, de baixo custo, sensível e altamente seletiva, que pode ser feita tanto em laboratório quanto no local de produção ou em áreas ambientais por serem dispositivos que possuem uma construção fácil. Dessa forma, a utilização desses novos materiais, MIP e IIP, como modificador é uma boa alternativa na modificação de sensores, e sua utilização pode ser explorada para novos analitos e para outras técnicas, por exemplo, as cromatográficas, extração em fase sólida, entre outras. 25 Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ - 2016 4. CONCLUSÃO Com este trabalho foi possível verificar que o desenvolvimento de sensores empregando a tecnologia de polímeros impressos molecularmente e ionicamente contribui muito nos avanços no controle de qualidade de medicamentos e no controle ambiental. Assim sendo, esta tecnologia apresenta-se como uma ferramenta promissora para o desenvolvimento de sensores químicos principalmente por possuírem um reconhecimento biomimético semelhante aos sistemas antígeno-anticorpo e/ou enzima-substrato. Os sensores produzidos a partir dos MPs e IIPs apresentam algumas vantagens em relação a outros modificadores, como o preparo fácil e de baixo custo, alta estabilidade e principalmente a elevada seletividade. De forma geral, esses sensores modificados com MIP e IIP podem ser aplicados em varias áreas, destacando o uso no controle de medicamentos e em análises ambientais, pois eles proporcionam análises mais rápidas, mais seletivas, com uma ampla faixa linear de trabalho e baixos limites de detecção, o que é de grande importância nessas áreas. Pode-se concluir então que as tecnologias de polímeros impressos molecularmente e ionicamente oferecem uma nova ferramenta na procura de sensores químicos mais seletivos, estáveis e sensíveis, e que eles podem ser uma alternativa viável quando comparados com outros modificadores e com outras técnicas convencionais como as cromatográficas. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- TARLEY, C. R. T.; SOTOMAYOR, M. D. P. T.; KUBOTA, L. T. Química Nova, v. 28, p. 1087, 2005. 2- SHADJOU, N.; HASANZADEH, M.; SAGHATFOROUSH, L.; MEHDIZADEH, R.; JOUYBAN, A. Electrochimica Acta, v. 58, p.336, 2011. 3- LOWINSOHN, D.; BERTOTTI, M. 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