Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem

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Trabalho 364
REPRESENTAÇÕES SOCIAS DE UNIVERSITÁRIOS ACERCA DA PROMOÇÃO
DA SAÚDE E DA PREVENÇÃO DE DST/HIV/AIDS
Gláucia Alexandre Formozo*
Tadeu Lessa da Costa**
Rosemeire Belisário de Oliveira Moreira ***
Rithyenne Henriques Quadros da Rocha****
Priscila Oliveira da Conceição *****
Introdução: Um dos problemas mais comuns da saúde pública, não somente no Brasil, mas em todo o
mundo, são as doenças sexualmente transmissíveis (DST), as quais englobam, dentre outras: a sífilis; o
cancro mole; a herpes genital; a donovanose; o linfogranuloma venéreo; a infecção gonocócica; o Vírus
do Papiloma Humano (HPV)/condiloma acuminado; o vírus T-linfotrópico humano (HTLV); a
tricomoníase; a vaginose bacteriana; a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV); e a
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Dentre elas, a aids ganha destaque devido a sua
magnitude, evolução e caráter pandêmico. Especificamente no que diz respeito à aids, cabe salientar que
o seu surgimento não resultou em mudanças somente no campo da saúde 1, mas esta é responsável por
importantes alterações em diversos âmbitos, dentre eles o social, principalmente por relacionar o
comportamento sexual à doença. Assim, são necessários esforços a fim de combater a disseminação do
HIV/AIDS, possibilitando o alcance da melhor qualidade de vida para as pessoas. Considerando que as
pessoas desenvolvem suas práticas sociais com base nas percepções construídas no cotidiano, este estudo
objetiva conhecer as percepções, informações e atitudes de universitários acerca de questões relacionadas
à promoção da saúde e à prevenção de DST/HIV/AIDS. Metodologia: Trata-se de um estudo quantiqualitativo, descritivo e exploratório. O seu cenário foi uma universidade pública localizada na cidade de
Macaé/RJ e seus sujeitos foram 113 universitários matriculados nos cursos de graduação oferecidos por
esta universidade. Para a coleta dos dados foi empregado formulário com questões abertas e fechadas. A
análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva e inferencial. Cabe ressaltar que o projeto
“guarda-chuva” ao qual o presente estudo encontra-se vinculado foi encaminhado para análise e aprovado
em Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN)/Hospital Escola
São Francisco de Assis (HESFA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob o número de
parecer/protocolo 071/2010. Resultados: A maioria dos sujeitos era do sexo feminino (73,45%), sendo
que a maior parte encontrava-se cursando o 2° e o 3° períodos de seus cursos de graduação. Entre os
cursos, as representações no levantamento são as seguintes: Medicina (33,63%); Enfermagem (27,43%);
Nutrição (19,47%); Química (7,96%); Farmácia (6,19%); e Biologia (5,31%). A maior parte dos sujeitos
tinha parceiro fixo ou não tinha parceiro (54,87%), sendo a maioria católicos (45,30%), com renda
familiar predominante entre 05 a 10 salários mínimos e, com a única ocupação atual, a de estudante
(97,39%). No que concerne ao conhecimento específico sobre DST/HIV/AIDS, quando perguntados se já
ouviram, alguma vez, falar sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis, a maioria respondeu que
afirmativamente. Em relação aos tipos de DST conhecidas, os dados apresentam destaque para:
HIV/AIDS (24,19%); e sífilis (19,96%). Além disso, emergiram outras doenças como: donovanose
(15,46%); herpes (11,22%); condiloma acuminado (9,68%); e hepatites virais (8,95%). Ainda, foram
mencionadas como sendo doenças sexualmente transmissíveis algumas que não têm transmissão sexual
Enfermeira. Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mestre em
Enfermagem pela UERJ. Professora Assistente do Curso de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) – Campus Macaé. E-mail: [email protected]
**
Enfermeiro. Doutorando em Psicologia Social pela UERJ, Mestre em Enfermagem pela UERJ. Professor Assistente do
Curso de Enfermagem e Obstetrícia da UFRJ – Campus Macaé.
***
Preceptora do Projeto “Promoção da Saúde e Prevenção de HIV/AIDS e DST no âmbito da Estratégia de Saúde da Família:
uma abordagem dialógica”. Enfermeira do Programa de Saúde da Família de Macaé-RJ.
****
Graduanda do 3° período do curso de Enfermagem e Obstetrícia da UFRJ-Campus Macaé. Bolsista PIBEX/UFRJ.
*****
Graduanda do 2° período do curso de Enfermagem e Obstetrícia da UFRJ-Campus Macaé. Bolsista PIBEX/UFRJ.
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como: a conjuntivite; e o câncer de útero. Em relação aos modos de prevenção das Doenças Sexualmente
Transmissíveis relatados pelos sujeitos, predominou o uso da camisinha nas relações sexuais (41,57%),
seguido por evitar compartilhamento de agulhas e seringas (20,22%). Além disso, mesmo que com
presença quantitativamente pouco elevada entre as respostas dos sujeitos, deve-se salientar a presença de
comportamentos de prevenção sem relação com modos corretos de transmissão das doenças sexualmente
transmissíveis, como o de evitar transfusão sanguínea. O percentual de sujeitos que relatou já ter
participado de atividades educativas quanto às DST/HIV/AIDS foi de 68,14%. No que concerne à
principal fonte de informação sobre HIV/AIDS, foi visualizado destaque para a televisão (30,97%),
porém, é citada, adicionalmente, a internet como fonte por 23,89% dos graduandos e cursos por 15,04%
dos mesmos. Quando abordados sobre o que seria o HIV, as principais associações pelos graduandos
foram: DST (18,24%); vírus da aids (16,98%); vírus (11,95%); e uma doença que não tem cura (8,81%).
Por sua vez, quando abordados sobre o que seria a aids, as principais associações pelos graduandos
foram: uma DST (21,29%); doença causada pelo HIV (11,61%); Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (10,97%); e doença que atinge o sistema imunológico (9,03%). No que diz respeito às atitudes
diante de pessoas com HIV/AIDS, 81,91% referiram que não mudariam nada em relação a estas pessoas.
Porém, em contradição com tal resultado, 46,81% apontaram que teriam receio em compartilhar os
mesmos utensílios domésticos com pessoas infectadas pelo HIV; 73,4% afirmaram que não considerariam
as pessoas com HIV/AIDS como pessoas “normais como as outras”; e 25,13% referiram que não
utilizariam os mesmos sanitários que estas pessoas. Isto permite afirmar que o universo consensual das
representações sociais tem na dimensão das atitudes um importante componente, indicando o
posicionamento do sujeito ou de um grupo social diante de um determinado objeto 2. Neste caso, mesmo o
conhecimento biomédico depreendido pelos graduandos não gerou, necessariamente, mudança no
posicionamento diante das pessoas com HIV/AIDS. Assim, a maior parte dos sujeitos referiu que utiliza
preservativo em todas as relações sexuais (32,74%) e 30,97% apontaram a utilização na maioria de suas
relações sexuais. Este aspecto vai ao encontro de outros estudos que envolvem populações mais jovens,
no Brasil3. Além disso, este fato pode estar associado, também, ao da maioria dos graduandos referirem
não ter parceiro ou não ter parceiro fixo, como evidenciado em outros estudos 4. No que concerne à
testagem sorológica para HIV, a maioria dos graduandos nunca a realizou (76,11%), o que pode estar
relacionado à maior frequência de utilização do preservativo nas relações sexuais ou à própria faixa etária
predominante no grupo. Conclusão: Considerando os dados advindos deste estudo, foi possível concluir
que, no decorrer da epidemia de HIV/AIDS, houve alguma evolução no conhecimento, atitude e práticas
diante das DST/HIV/AIDS, porém ainda persistem importantes permanências ligadas a elementos do
início da epidemia, os quais contribuem para o aumento da vulnerabilidade social e individual a estes
agravos à saúde. Desta forma, é necessário ter em vista estes componentes do imaginário social no
delineamento de ações educativas extensionistas de modo mais dialógico, pois cada grupo tem suas
características próprias, relacionadas às suas histórias e manifestações culturais, devendo ser respeitadas
no processo de troca e construção de conhecimentos.
Referências:
1- Galvão J. AIDS no Brasil: a agenda de construção de uma epidemia. Rio de Janeiro: ABIA; São Paulo:
Ed.34; 2000.
2- Moscovici S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes; 2003.
3- Martins LB et al. Fatores associados ao uso de preservativo masculino e ao conhecimento sobre
DST/AIDS em adolescentes de escolas públicas e privadas do Município de São Paulo, Brasil. Cad.
Saúde Pública 2006 fev; 22(2):32-6.
4- Apostolidis T. Representations sociales et triangulation: une application en psychologie sociale de la
sante. Psic.: Teor. e Pesq. 2006 ago; 22(2):15-8.
Descritores: promoção da saúde; doenças sexualmente transmissíveis; estudantes.
Área Temática: Processo de cuidar em Saúde e Enfermagem
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