BAURU, domingo, 5 de março de 2017 19 REGIONAL Produto é considerado fertilizante Engenheiro agrônomo Luciano Brugnari, que acompanha o uso de babosa em estufas, diz que as plantas ficam mais resistentes após as aplicações AURÉLIO ALONSO O engenheiro agrônomo Luciano Brugnari é um dos entusiastas do uso da babosa na agricultura na região de Santa Cruz do Rio Pardo. Ele vem acompanhando o uso do produto, principalmente em hortaliças, onde a resposta é mais rápida do que na cultura agrícola de larga escala. Ao JC, ele explica que o produto natural tem respaldo técnico. A fórmula foi desenvolvida por um químico que decidiu vendê-la a Magno Alves por estar mais perto de centro de produção agrícola. A babosa é uma planta que apenas quatro espécies COLA A planta tem um componente químico que ajuda a fixar os nutrientes, segundo o agronôno Luciano Brugnari são seguras para uso em seres humanos, dentre as quais destacam-se a Aloe arborensis e a Aloe barbadensis Miller, sendo esta última reconhecida como a espécie de maior concentração de nutrientes no gel da folha, de acordo com a wikipédia. Brugnari explica que a babosa é uma planta que tem mais de 200 elementos químicos que vão desde micro a macro nutrientes. Além de tudo isso, o vegetal tem 18 dos 20 aminoácidos essenciais para a planta. “Somente isso já é o suficiente para ter uma resposta considerável para o uso na agricultura”, ressalta. O engenheiro agrônomo destaca que por ser uma planta com muita reserva de água - 98% de base de água - e ter aloína, um elemento que consegue fixar nutriente na planta. A aloína é um composto obtido a partir do suco (não do gel) das folhas interiores e secas do Aloe vera (babosa), é um poderoso laxante. “A aloína é como se fosse uma cola. Esse elemento é muito usado na in- De acordo com a wikipédia, “Aloés” vem do romano aloé, através do japonês aloes, que é o primitivo de aloe. “Babosa” vem do substantivo cordial “baboso”, numa referência à resina produzida pela planta. dústria para cosmético e medicamento,” cita. A babosa tem conseguido resultados satisfatórios na agricultura, porque quando ela é aplicada também ajuda a reduzir a temperatura interna das plantas. “Temos um clima tropical que mais tende ao calor do que ao clima ameno. A babosa consegue reduzir a temperatura da planta. Em estufa, onde a temperatura é um pouco fora daquilo que a planta necessita, isso é muito importante.” O engenheiro agrônomo cita que nas estufas onde acompanhou a aplicação do produto no distrito Caporanga, município de Santa Cruz do Rio Pardo, constatou a redução do uso de defensivo. “A planta quando recebe algum nutriente, ela assimila melhor e aceita esses nutrientes. Ela consegue criar uma autodefesa me- lhor, superior ao que recebe com tratamento químico. O uso de defensivo químico resolve o problema de imediato, mas por curto prazo. Por quê? Ele acaba agredindo a planta de uma certa forma. Se você está doente e toma um medicamento para dor de cabeça às vezes esse remédio agredi o estômago”, compara. Ele explica que o produto é um poderoso nutriente Produtores de soja também fazem experimentos Um setor que sempre testa inovações é o plantador de soja. A safra deste ano tem sido considerada boa na região de Santa Cruz do Rio Pardo. Os produtores rurais Leandro Logulho, Edmur Pedroso Silva e Andrew Rodrigues admitem que a babosa vai bem num tipo de cultura agrícola que precisa produzir em larga escala. A Aloe vera tem sido usado em experimentos e também tem sido comparada com outros tipos de defensivos. Leandro Logulho contou ao JC que é um produto natural. “É uma tendência de se buscar um produto natural. Nunca existiu um que não seria de origem química. O Aloe vera produz todos os elementos e usei na safra de soja. A planta ficou forte. Fiz uma comparação ao aplicar outro produto em área uma ao lado da outra. A de babosa atendeu as expectativas”, contou. O segundo produto testado foi de origem industrial, de alta tecnologia. Logulho contou que até brincou com Magno Alves fazendo uma comparação com o futebol que ele iria colocar um concorrente forte, do tipo colocar para jogar contra o time do Barcelona. “O produto (à base de babosa) deu um resultado mais visível. Da planta é extraída produtos naturais que têm no dia a dia e feita com uma composição equilibrada. Isso funciona bem”, contou o produtor. Logulho destaca que a fórmula espanta a mosca branca. Inicialmente começou numa pequena área e posteriormente aplicou em 160 alqueires na região de aplicado nas plantas que as deixam mais resistentes às pragas, mas não se trata de fungicida. Além da região de Santa Cruz do Rio Pardo, onde tem mais de 40 experimentos em vários tipos de culturas agrícolas, há testes no Paraná e Góias. “Na minha opinião esse produto natural vai pegar sim, já conheço o trabalho faz tempo e tem respaldo técnico de pesquisador”, finaliza. Aurélio Alonso Jornal Debate Leandro Logullo comparou com outro produto e aprovou Edmur Pedroso da Silva é produtor de soja em Santa Cruz Santa Cruz do Rio Pardo, Timburi e Ipaussu. “O custo é interessante. Só para efeito comparativo a base de babosa custa 40% a menos do que o químico. O interessante que é natural.” lhora. Foi uma surpresa”, contou. A produção dele é de 170 sacas por alqueire, mas neste ano a estimativa é de aumento de 15%. Ele planta em suas propriedades em Santa Cruz, Ipaussu e O produtor de soja Edmur Pedroso da Silva admite que inicialmente aplicou em 10 alqueires, mas depois estendeu para 120 alqueires. “Após 30 dias já foi visível perceber na planta uma me- agora em Itaberá, adquirida recentemente. Andrew Rodrigues, da Agrícola e Pecuária Esperança, aplicou em um alqueire e meio. Ele tem áreas em Santa Cruz e Bataguaçu (MS).