ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIMUTAGÊNICA DA PLANTA MEDICINAL BABOSA (Aloe vera L.). Elisângela Düsman; Rosinete Gonçalves Mariucci; Veronica Elisa Pimenta Vicentini. RESUMO As plantas foram por quase toda a história a maior e mais importante fonte de substâncias medicamentosas para aliviar e curar os males humanos. É provável que todas as expectativas de cura para os problemas de saúde, que afetam os humanos, se concentrem nas plantas. Ano após ano, cientistas encontram na natureza, substâncias que amenizam dores, curam doenças e melhoram a qualidade de vida da população. Os medicamentos fitoterápicos são aqueles medicamentos farmacêuticos obtidos por processos tecnologicamente adequados, empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. A utilização de plantas na arte de curar é uma forma de tratamento com origem muito antiga, relacionada aos primórdios da medicina e fundamentada no acúmulo de informações através de sucessivas gerações. Ao longo dos séculos, produtos de origem vegetal constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças. Entretanto, existe o mito de que por ser fitoterápico não causam problemas, o que é um grande engano, pois esse fitoterápico necessita de uma avaliação profunda, e o seu uso indiscriminado pode causar danos à saúde. Além disso, ainda existem muitas plantas que não foram bem estudadas e que não se conhece amplamente seus efeitos. Assim, para servir de embasamento científico para o uso seguro, foi estudada neste trabalho a possível ação antimutagênica de um medicamento fitoterápico muito utilizado pela população, a Babosa (Aloe vera L.), que já demonstrou resultados negativos quanto a mutagenicidade. Os organismos estão expostos a um número crescente de agentes que provocam alterações em seu material genético, ou seja, geram mutações. Mutação é toda alteração do material genético de uma célula que não resulta de segregação ou recombinação, e quando não é letal para a própria célula, ela pode propagar-se pelo corpo em crescimento (mutação somática) ou transmitir-se às gerações seguintes (mutação germinativa). Ela pode ser espontânea ou induzida por agentes físicos, químicos ou biológicos; incidindo sobre células somáticas, podendo levar a um processo carcinogênico no próprio indivíduo. Se ocorrer em células germinativas, pode produzir doenças ou malformações nas gerações futuras. Tendo em vista a grande preocupação em torno dos danos provocados por mutágenos no material genético, tornou-se necessário encontrar uma maneira de combatê-los. Os agentes antimutagênicos são supressores de mutagênese celular e os mecanismos de antimutagenicidade são desmutagênese e bioantimutagênese. Na desmutagênese, os agentes protetores atuam diretamente sobre os compostos que induzem mutações no DNA, inativando-os química ou enzimaticamente e na bioantimutagênese, os antimutagênicos atuam sobre o processo que leva a indução de mutações, ou no reparo das lesões causadas no DNA. A Babosa (Aloe vera L.), família Liliaceae, é utilizada externamente como hidratante, antiinflamatória, analgésica, protetora da pele contra os raios UV do sol e dos agentes que criam as manchas senis, cicatrizante e curativa nos mais diversos casos de queimaduras e alergias, protetora e ativadora do sistema imunológico, antibiótica e anti-envelhecimento da pele. Internamente a Babosa é utilizada como auxiliar nos casos de artrites, redutora e controladora da pressão sangüínea e dos batimentos cardíacos, redutora do colesterol, calcificadora dos ossos, reguladora da acidez do sistema gastrointestinal, hipoglicemiante e imunoestimulante. Além disso, ela é utilizada no combate do câncer e da Aids. Para avaliar a atividade antimutagênica da Babosa (BA), coletada no Horto Didático da UEM, na concentração de 95,04mg/1mL água mineral, deixada “over night”, em relação ao clastogênico ciclofosfamida, foi utilizado como sistema-teste as células de medula óssea de ratos Wistar (Rattus norvegicus) tratados in vivo, via gavagem, em dose única por 24h. Foi feito um controle, administrando 1mL de H2O/100g peso corpóreo (p.c.) via gavagem, e um tratamento administrando ciclofosfamida, na concentração de 1,5mg/1mL H2O/100g p.c., via intraperitoneal. Os outros grupos foram tratados com 1mL de solução de BA/100g p.c., simultaneamente, duas horas antes (pré-tratamento) e duas horas após (pós-tratamento) à administração da solução de ciclofosfamida. Foram utilizados 6 ratos (3 machos e 3 fêmeas) para cada grupo controle e tratamento, a partir dos quais foram analisadas 100 metáfases por animal para verificação de aberrações cromossômicas, totalizando 600 metáfases por grupo. Para o cálculo do índice mitótico foram contadas 10.000 células por grupo. O teste estatístico do Qui-quadrado (µ=0,05) mostrou que os três tipos de tratamentos testados, simultâneo, pré-tratamento e pós-tratamento, não induziram uma diferença, estatisticamente significativa, em relação aos índices mitóticos, mostrando que estes tratamentos não apresentaram atividade citotóxica. Em relação ao percentual de alterações cromossômicas, o teste do Qui-quadrado, mostrou que os três tratamentos reduziram significativamente estes níveis em relação ao percentual obtido para o tratamento apenas com ciclofosfamida. Entretanto, o percentual de alterações cromossômicas obtido para os tratamentos se mostrou estatisticamente significativo diferente, quando comparado com o resultado do controle, feito com água. Isto indica que a Babosa protege as células dos efeitos do clastogênico ciclofosfamida, ou seja, algum ou alguns compostos presentes na solução da Babosa, possivelmente, devem ter conseguido desativar, inibir ou reparar grande parte do efeito clastogênico desta, mesmo esta ação protetora não tendo atingido o nível do controle feito com água. Assim, a Babosa teve ação como desmutagênica, no pré-tratamento e tratamento simultâneo, e bioantimutagênica, no pós-tratamento. Os resultados são indicadores de consumo mais seguro da planta Babosa, sem efeitos citotóxicos e com potencial de antimutagenicidade. Indicando a sua avaliação como agente coadjuvante para a cura e tratamento de determinadas enfermidades, objetivando minimizar os efeitos colaterais advindos desses tratamentos. Palavras-chave: Fitoterápico; Babosa; Antimutagênese.